Você está na página 1de 200

GESTÃO DO

SISTEMA ÚNICO
DA ASSISTÊNCIA
SOCIAL E O
TRABALHO COM
FAMÍLIAS

Professora Esp. Andressa Bareta


Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Professora Esp. Priscila de Almeida Souza
Professora Esp. Silviane Del Conte Curi

GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincof
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Design Educacional
Distância; BARETA, Andressa; CUNHA, Maria Cristina Araújo de Camila Zaguini Silva
Brito; SOUZA, Priscila de Almeida; CURI, Silviane Del Conte.
Iconograia
Gestão do Sistema Único da Assistência Social e o tra-balho Amanda Peçanha dos Santos
com famílias. Andressa Bareta;Maria Cristina Araújo de Brito Ana Carolina Martins Prado
Cunha; Priscila de Almeida Souza; Silviane Del Conte Curi.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2019. Projeto Gráico
200 p. Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
“Graduação - EaD”.
Arte Capa
1. Gestão. 2. Sistema Único . 3. Assistência Social 4. EaD. I. Título. Arthur Cantareli Silva

ISBN 978-85-459-0149-5
Editoração
CDD - 22 ed. 360 Humberto Garcia da Silva
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Revisão Textual
Yara Martins Dias
Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário Simone Morais Limonta
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Ilustração
Bruno Pardinho
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desaio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eiciência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que izermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando proissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por im, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou proissional, nos transformamos e, consequente-
Diretoria de
mente, transformamos também a sociedade na qual
Planejamento de Ensino
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desaios que surgem no mundo contem-
porâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Diretoria Operacional
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
de Ensino
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação proissional, desenvolvendo
competências e habilidades, e aplicando conceitos
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e proissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser
apenas geográica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES

Professora Esp. Andressa Bareta


Bacharel em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina (2010),
Especialista em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Londrina (2012),
pós-graduanda em Docência no Ensino Superior no Centro Universitário de
Maringá – Unicesumar. Professora Mediadora do Curso de Serviço Social da
Unicesumar. Tem experiência na área de Serviço Social com ênfase na Política
de Assistência Social e no Envelhecimento Humano.

Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha


Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas (1985),
Especialista em Administração de Recursos Humanos pela Universidade
Federal da Paraíba (1990), Mestre em Gerontologia Social pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (2003). Experiência docente na área de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, gestão de processos acadêmicos,
consultora em assuntos educacionais, coordenadora do curso de Serviço
Social do Centro Universitário de Maringá – Unicesumar.

Professora Esp. Priscila de Almeida Souza


Bacharel em Serviço Social pela Uningá - Faculdade Ingá (2011), Especialista
em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Maringá (2014). Professora
Mediadora da graduação EaD em Serviço Social do Unicesumar - Maringá.
Assistente Social no órgão gestor da Política de Assistência Social do
município de Floresta-PR. Secretária executiva do Conselho Municipal de
Assistência Social de Floresta-PR. Secretária executiva do Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente de Floresta-PR.

Professora Esp. Silviane Del Conte Curi


Bacharel em Serviço Social pelo Centro Universitário de Maringá (2007),
e Especialista em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal (2009).
Atualmente, atua na assessoria e consultoria em serviço social - Inpar Soluções
Empresariais, Humanas e Sociais Ltda, na Associação Maringaense de Apoio e
Reintegração de Adolescentes - Amaras/Recanto Mundo Jovem, docente na
Unicesumar e credenciada para Trabalho técnico social pela Caixa Econômica
Federal. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Serviço
Social da Saúde e em Processos de Gestão Jurídica e Contábil do Terceiro
Setor, atuando, principalmente, nos seguintes temas: cidadania e direitos;
responsabilidade social; empreendedorismo e inovação social; organizações
não governamentais, gestão terceiro setor e projetos sociais.
APRESENTAÇÃO
GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA
SOCIAL E O TRABALHO COM FAMÍLIAS

SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) acadêmico(a), é com imensa satisfação que lhe apresentamos o material, parte
integrante da disciplina de Gestão do Sistema Único da Assistência Social - SUAS e o
trabalho com famílias, desenvolvido por docentes do Curso de Serviço Social.
O objetivo primordial desta disciplina é trazer, à luz do conhecimento acadêmico, infor-
mações sobre a origem, a Gestão e o Desenvolvimento do Sistema Único da Assistên-
cia Social, enquanto processo de construção da cidadania e garantia de direitos sociais.
Aliando, a essa discussão, os papéis desempenhados pela equipe multiproissional no
espaço de intervenção do SUAS e como é realizado o trabalho social com as famílias
atendidas pelo Sistema.
Organizamos este livro pensando em você, caro(a) estudante, para que possa acom-
panhar o processo de construção do Sistema, até o ponto de sua efetivação junto às
famílias referenciadas nos serviços. São muitas informações, programas, projetos e ser-
viços listados, sugerimos que, no decorrer das suas leituras, além dos materiais disponi-
bilizados, busque agregar conhecimentos, faça pesquisas, anote dúvidas, visto que não
daremos conta de esgotar a gama de informações sobre o assunto em estudo.
Na primeira unidade deste livro, abordaremos o tema: Gestão e Desenvolvimento do
SUAS: Eixos Estruturantes, apresentando - lhes a estrutura administrativa do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS e suas atribuições básicas. Co-
nhecendo tal estrutura, passaremos a estudar a construção histórica do Sistema Único
da Assistência Social - SUAS, sua organização, sua composição, o próprio Sistema, bem
como a contribuição das Conferências Nacionais de Assistência Social na construção,
consolidação e aperfeiçoamento do SUAS.
A partir da segunda unidade, saberemos sobre os Instrumentos utilizados para a Gestão
do Sistema Único de Assistência Social, tratando do Plano e do Orçamento da Assistên-
cia Social, da Gestão da Informação, monitoramento e avaliação do SUAS, do Relatório
Anual de Gestão e da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação - SAGI . A Gestão
da Informação, Monitoramento e avaliação do SUAS faz uso de ferramentas especíicas
do sistema para agregar as informações, compilar os dados, gerenciar e emitir os re-
latórios, avaliar os resultados e produzir subsídios para tomada de novas decisões ou
medidas corretivas para obter melhores resultados à população beneiciária do SUAS.
Todos os instrumentos e as ferramentas utilizados no SUAS pautam as ações para garan-
tir direitos socioassistenciais e proteção social a indivíduos e a famílias. As ações que são
propostas como atividades, programas, planos e projetos são desenvolvidas e executa-
das por proissionais especíicos a cada nível de proteção social. Nesse sentido, tratemos
a discussão, na Unidade III, a base conceitual de Trabalho Social e como esse trabalho
social é desenvolvido no âmbito SUAS. Contemplando a listagem dos proissionais ne-
cessários aos níveis de proteção básica e especial, a equipe de referência exigida pela
legislação concernente, em equipamentos públicos e/ou privados. Abordaremos, em
alguns tópicos, a origem de recursos para inanciamento dessas equipes de referência.
APRESENTAÇÃO

Os proissionais que venham a compor as equipes de atendimento e referência do


SUAS nos equipamentos públicos e privados têm garantido pela Política Nacional
de Capacitação do SUAS o nivelamento dos conhecimentos para que a padroniza-
ção dos serviços atendam às demandas sociais com a mesma qualidade em todo
território nacional.
A capacitação dos proissionais pauta-se nas atribuições especíicas de cada função,
diante disso, apresentaremos, sinteticamente, as incumbências dos proissionais do
SUAS que compõem os Serviços de Proteção Social Básica e dos proissionais do
SUAS que compõem os Serviços de Proteção social Especial de Média e Alta Com-
plexidade. Listaremos um compilado básico com algumas legislações sociais que
o proissional precisa conhecer para desenvolver suas atribuições com sucesso no
atendimento e encaminhamento da demanda.
Nas Unidades IV e V, a discussão será norteada pelo trabalho social realizado pela
equipe de atendimento da rede socioassistencial, com as famílias nos serviços de
proteção social básica e nos serviços de proteção social especial de média e alta
complexidade da Política Nacional de Assistência Social. Abordaremos o conceito
de vulnerabilidade social e de família, pois são essenciais ao exercício proissional
do trabalho em rede com as famílias na perspectiva do SUAS.
Trataremos do trabalho da equipe técnica no atendimento social com as famílias,
bem como o atendimento em rede, como mecanismo de proteção social e garantia
de acesso a direitos e serviços, e como a equipe de referência atua no acompanha-
mento às famílias em situação de vulnerabilidade.
Sejam bem vindos a mais esta etapa na construção do conhecimento proissional!
09
SUMÁRIO

UNIDADE I
GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES

15 Introdução

16 Gestão e Desenvolvimento do Suas: Eixos Estruturantes

16 Ministério do Desenvolvimento Social Agrário - Espaço na Estrutura


Administrativa

20 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS:


Atribuições

24 Construção Histórica e Organização Básica do Sistema Único da


Assistência Social

28 Composição do Sistema Único da Assistência Social

30 Conferências Nacionais de Assistência Social

35 O Sistema Único de Assistência Social

37 Considerações Finais

UNIDADE II
GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO

49 Introdução

50 Instrumentos de Gestão do Suas

61 Ferramentas de Informação, Monitoramento e Avaliação do Suas

70 O Relatório Anual de Gestão

70 SAGI – Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação

72 Considerações Finais
SUMÁRIO

UNIDADE III
GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS

79 Introdução

80 O Trabalho Social

81 Trabalho Social No Suas

85 Equipes de Referência

87 Equipes de Referência em Equipamentos Públicos e Privados, no Âmbito


do Suas

93 Política Nacional de Capacitação

96 Financiamento das Equipes de Referência

99 Atribuições dos Proissionais do Suas nos Serviços de Proteção Social


Básica

104 Atribuições dos Proissionais do suas nos Serviços de Proteção Social


Especial de Média e Alta Complexidade

109 Conhecimento Básico Legal Essencial aos Proissionais do SUAS

112 Considerações Finais

UNIDADE IV
TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS
NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL DE MÉDIA E ALTA
COMPLEXIDADE

127 Introdução

128 Serviço Social e o Trabalho Com Famílias em Situação de Vulnerabilidade


Social

129 Conceito de Família


11
SUMÁRIO

134 Vulnerabilidade Social

140 Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica e Especial de


Média e Alta Complexidade da Política de Assistência Social

155 Considerações Finais

UNIDADE V

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS.

163 Introdução

164 O Trabalho da Equipe Técnica para o Atendimento com ss Famílias

166 O Atendimento em Rede para a Garantia de Direitos e Acesso aos Serviços.

167 O Trabalho em Rede Dentro da Perspectiva do suas

170 A Referência e Contrarreferência como Instrumento de Acompanhamento


às Famílias em Situação de Vulnerabilidade Social.

171 O Trabalho Social com as Famílias

176 Considerações Finais

181 Conclusão
183 Referências
194 Gabarito
Professora Esp. Silviane Del Conte Curi

I
GESTÃO E

UNIDADE
DESENVOLVIMENTO
DO SUAS: EIXOS
ESTRUTURANTES

Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer a construção histórica e a formatação básica da estrutura
organizacional do SUAS.
■ Compreender o espaço ocupado pelo Sistema Único de Assistência
Social na estrutura administrativa de governo.
■ Identiicar a responsabilidade das Conferências Nacionais de
Assistência Social na criação e manutenção do SUAS.
■ Avaliar o papel do SUAS.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS -
espaço na estrutura administrativa
■ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS
- atribuições
■ Construção histórica e organização básica do Sistema Único da
Assistência Social
■ Composição do Sistema Único da Assistência Social
■ Conferências Nacionais de Assistência Social
■ O Sistema Único de Assistência Social
15

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, conversaremos a respeito do processo de cons-


trução e desenvolvimento do Sistema Único de Assistência Social - SUAS e sobre
as bases históricas, sociais e legislações que o direcionam desde a sua gênese.
Com base nas notas do Ministério do Desenvolvimento Social introduzido agrário
este ano 2015, online, o SUAS “é um sistema público, não contributivo, descen-
tralizado [...]”, um valioso instrumento de gestão, monitoramento e avaliação, na
defesa dos direitos sociais. Estrutura-se a partir da Lei Orgânica da Assistência
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Social, datada de 07 de dezembro de 1993, com vistas à reorganização gradativa


dos serviços ofertados no âmbito da assistência social.
No ano de 1997, foi promulgada a primeira versão da Norma Operacional
Básica da Assistência Social, que foi editada, em 1998, por meio da Resolução/
MDS nº 207, de 16 de dezembro de 1998, republicada em 16 de abril de 1999,
recebendo o nome de NOB2, a “Norma Operacional Básica e Sistemática de
Financiamento da Assistência Social”. Entre seus objetivos, pretendia atender
à necessidade de disciplinar os luxos e os procedimentos, visando efetivar o
modelo de gestão proposto pela LOAS, com a operacionalização do Sistema
Descentralizado e Participativo da Assistência Social, que passa a se solidiicar,
com a aprovação da primeira versão da Política Nacional de Assistência Social,
em 1998, e que, em 2004, teve a PNAS editada e a Norma Operacional Básica -
NOB/SUAS no ano seguinte.
O SUAS tem sua operacionalização regulada pela Norma Operacional para
que as ações dos serviços de proteção social básica e especial aconteçam de forma
padronizada. Por ser um sistema descentralizado, tem sua gestão nas instâncias
de governo, separadamente, respeitando especiicidades territorializadas. Iremos
conhecer mais a fundo o processo de construção histórica desse sistema, a partir
do próximo item, compreendendo a forma como está organizado e sua aplica-
bilidade na garantia dos direitos. Boa leitura!

Introdução
16 UNIDADE I

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS


ESTRUTURANTES

Para que possamos compre-


ender o processo de gestão e
desenvolvimento do SUAS,
é necessário discutir sobre
as suas bases, suas estrutu-
ras históricas, legais e sociais,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que perpassam não somente
esses componentes, mas
toda a gama de ações que
movimentam a sociedade
brasileira, desde a gênese dos movimentos sociais que reivindicaram e reivindi-
cam a garantia de direitos humanos, sociais e constitucionais até a construção
de um sistema para garantir a proteção social de indivíduos e famílias.
Para tal estudo, iniciaremos a discussão pautando-nos na construção histó-
rica e na formatação básica da estrutura organizacional do SUAS, sua composição
e sua origem, mas não sem antes conhecer o órgão que coordena o sistema, o
MDS, e sua posição na estrutura de Estado.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL


E AGRÁRIO - MDS - ESPAÇO NA ESTRUTURA
ADMINISTRATIVA

O MDS foi criado, em janeiro do ano de 2004, com o objetivo de promover a


inclusão social, a segurança alimentar, a assistência integral e uma renda mínima
às famílias em situação de pobreza. Para compreendermos a posição ocupada
pelo MDS na estrutura governamental, iremos visualizar suas bases, conhecendo
a origem de um ministério.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


17

Pautada na legislação brasileira, a pessoa que ocupar a função de Presidente


da República, por meio de lei especial, tem o poder de criar, modiicar a estru-
tura e extinguir ministérios, secretarias ou órgãos da administração pública. Essa
atribuição é exercida quando são necessários arranjos e rearranjos institucionais
na organização pública, visando o cumprimento de sua missão.
A ordem da estrutura da organização pública, no Poder Executivo Federal,
projeta - se no intuito de fortalecer estratégias, de se ajustar aos sistemas de ges-
tão, com vistas ao sucesso das ações do Estado, e atua com base nos princípios
constitucionais da Administração pública, conforme o art. 37 da CF/88, de lega-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eiciência. Nessa estrutura, os


ministérios, num total de 26 (até o mês de abril de 2015), integram a cúpula admi-
nistrativa e hierarquicamente são subordinados diretamente à Presidência da
República, tendo autonomia técnica, inanceira e administrativa para planejar e
executar ações nas suas áreas de competência. Incluindo, entre esses, o Ministério
do Desenvolvimento Social e Agrário - MDS, que é responsável pela coordenação
da Política Nacional da Assistência Social - PNAS, e um de nossos focos de estudo.
Cabe aos Ministérios criar normas, acompanhar e avaliar programas fede-
rais, estabelecer estratégias, diretrizes e prioridades na aplicação dos recursos
públicos. O Ministro de cada pasta é res-
ponsável pela coordenação e supervisão dos
órgãos e entidades da administração federal
na sua área, e é escolhido pelo(a) Presidente
da República.
Cada ministério tem, atrelado a si, secre-
tarias, que são responsáveis por estimular
o compartilhamento das responsabilidades
entre Estado e sociedade, e sua atuação está
fundamentada na garantia do princípio cons-
titucional da participação social, enquanto
airmação da democracia. Constroem os
espaços de participação da sociedade na ela-
boração das políticas públicas, conhecidos
como conselhos de gestão pública.

Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário - MDS - Espaço na Estrutura Administrativa


18 UNIDADE I

Com base nas informações publicizadas por órgão governamental, atual-


mente, as secretarias diretamente atreladas à Presidência da República são em
número de 10 (dez), sendo elas: a Secretaria Geral; a Secretaria de Comunicação
Social; a Secretaria de Assuntos Estratégicos; a Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República; a Secretaria de Relações Institucionais; a Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres; a Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial; a Secretaria Especial de Direitos Humanos; a
Secretaria Especial de Portos; a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, cada
uma com sua atribuição especíica a sua área de competência e atuação.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quanto aos conselhos de gestão pública, que são em um total de 24 (vinte
e quatro), cabe-lhes propor diretrizes, tomar decisões concernentes às polí-
ticas ou cuidar da gestão dos programas. Alguns têm, em sua composição, a
participação de diversos segmentos vinculados a sua área, assim como dos inte-
grantes da administração pública de diferentes esferas de governo. Dentre esse
total de Conselhos de gestão pública, a área de trabalho do proissional de ser-
viço social utiliza mais frequentemente as matérias do Conselho de Defesa dos
Direitos da Pessoa Humana; do Conselho de Recursos da Previdência Social; do
Conselho Nacional da Juventude; do Conselho Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional; do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente;
e do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso.
O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS não está vinculado à ges-
tão pública, mas ao MDS. Foi instituído pela Lei Orgânica da Assistência Social,
a LOAS (Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993), e trata-se de um órgão de deli-
beração colegiada, cujos membros são nomeados pela Presidência da República.
Sua composição é paritária, com 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes,
sendo 9 (nove) representantes governamentais e 9 (nove) representantes da socie-
dade civil, escolhidos em foro próprio, sob iscalização do Ministério Público
Federal. Seu presidente é eleito entre seus membros, com mandato de 1 (um)
ano, e conta com uma Secretária Executiva, subordinada ao Poder Executivo,
por meio do MDS.
Esse conselho tem a atribuição de aprovar a Política Nacional de Assistência
Social, assim como a de normatizar as ações e regular a prestação de serviços de
natureza pública e privada no campo da assistência social. Também lhe é pertinente

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


19

zelar pela correta efetivação do SUAS, convocar ordinariamente a Conferência


Nacional de Assistência Social, bem como apreciar e aprovar a proposta orçamen-
tária da Assistência Social a ser encaminhada ao MDS. Todas as suas decisões, as
contas e as prestações de contas do Fundo Nacional de Assistência Social - FNAS
devem obrigatoriamente ser publicadas em órgão oicial de imprensa.
Antes de passarmos ao próximo tópico, apresento - lhe a Resolução CNAS
nº 207, de 16 de dezembro de 1998, que aprovou a primeira versão da Política
Nacional de Assistência Social - PNAS e a Norma Operacional Básica da
Assistência Social - NOB2.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL CONSELHO NACIONAL DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL
REVOLUÇÃO N.° 207, 16 DE DEZEMBRO DE 1998. (REPUBLICA EM 16/04/99)
Aprova a Política Nacional de Assistência Social - PNAS e a Norma Operacional
Básica da Assistência Social -NOB2
Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, em Reunião Plenária, realizada
nos dias 15 e 16 de dezembro de 1998, dentro das competências e das atribui-
ções conferidas pelo artigo 18, inciso I, II e V, da Lei n.° 8.742, de 7 de dezembro
de 1993,
Resolve:
Artigo 1° - Aprovar por unanimidade a Política Nacional de Assistência Social -
PNAS e a Norma Operacional Básica da Assistência Social - NB2;
Artigo 2° - apresentar as seguintes recomendações referentes à PNAS e à NOB2,
que constituem os anexos I e II, da presente resolução.
I. Que sejam encaminhadas ao Senhor Ministro da Previdência e Assistência
para, através de portaria, legitimar e divulgar a PNAS e a NOB2, recomen-
dando o envio à Câmara de Política social da Presidência da República para
conhecimento e providências cabíveis;
II. que sejam amplamente divulgadas na imprensa nacional;
III. que os órgãos Gestores e Conselhos de assistência publicizem as informações
contidas nos referidos documentos;
IV. que o Plano Nacional de Capacitação de Conselheiros e Gestores da Assistên-
cia Social Priorize em sua qualiicação o conteúdo dos documentos;
V. que seja atualizado o marco situacional da Política Nacional de Assistên-
cia Social, com os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio
- PNAD/97 e com o novo Plano Plurianual de 1999, tão logo estejam disponí-
veis.

Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário - MDS - Espaço na Estrutura Administrativa


20 UNIDADE I

Artigo 3° - Os textos da Polícia Nacional de Assistência Social e Norma Operacio-


nal Básico da Assistência Social serão impressos e distribuídos.
Artigo 4° - Esta Resolução entre em vigor na data de sua publicação.
*Republica do Original do D.O de 18 de dezembro de 1998, seção I página 368.
GILSON ASSIS DAYRELL
Presidente do CNAS
FONTE: Brasil (1998, online).

Para a assistência social, com base nas lutas e conquistas da Constituição


Federal de 1988, pudemos confirmar que as garantias sociais previstas na

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Carta Magna iniciaram sua construção, ainda em 1988, com a promulgação da
Política Nacional de Assistência Social, pelo Ministério de Previdência e
Assistência e Conselho Nacional de Assistência Social. Atualmente, tais
legislações são construídas a partir dos Conselhos, como já vimos, mas são
estruturadas e imple-mentadas pelo MDS.
No próximo tópico, conheceremos a estrutura do MDS, identificando suas
5 (cinco) secretarias vinculadas, assim como as atribuições e as competências.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E


AGRÁRIO – MDS: ATRIBUIÇÕES

O MDS tem, em sua estrutura organizacional, 5 (cinco) secretarias, sendo


elas: a Secretaria Nacional de Renda e Cidadania; a Secretaria Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional; a Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão
da Informação; a Secretaria Extraordinária para Superação da Extrema Pobreza
(conta com diretoria de programas e gerencia de projetos); a Secretaria Nacional
de Assistência Social.
A Secretaria Nacional de Renda e Cidadania - SENARC que conta com 4
(quatro) departamentos, por ser responsável pela implementação da Política
Nacional de Renda e Cidadania, promove a transferência direta de renda a famí-
lias em situação de vulnerabilidade econômica, condições de pobreza e extrema

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


21

pobreza no âmbito do território nacional. A gestão do Programa Bolsa Família


também é missão dessa secretaria, assim como a gestão do Cadastro Único,
sistema de coleta de dados das condições socioeconômicas para os progra-
mas governamentais. São Departamentos dessa secretaria, o Departamento de
Operação; o Departamento de Benefícios; o Departamento de Cadastro Único;
o Departamento de Condicionalidades.
Já a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - SESAN é
composta por 3 (três) departamentos: o Departamento de Fomento à produção e
estruturação produtiva; o Departamento de Apoio à aquisição e à Comercialização
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

da Produção Familiar e o Departamento de Estruturação e Integração dos Sistemas


Públicos Agro alimentares. Essa secretaria tem suas ações pautadas em eixos de
atuação, que visam o apoio à produção, à comercialização e ao consumo.
O primeiro eixo fomenta a produção de alimentos, seu autoconsumo, bem
como a organização e a inclusão de sistemas produtivos pela população rural.
O eixo da comercialização garante a aquisição dos alimentos produzidos no pri-
meiro eixo, pelo poder público, destinando a produção ao público da assistência
social atendido em organizações da rede socioassistencial. Já o de consumo desen-
volve ações de educação alimentar e nutricional inclusive em zona urbana, por
meio de restaurantes populares, cozinhas comunitárias e banco de alimentos.
Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) - trata-se de
um órgão técnico-administrativo, responsável pelas ações de gestão da informação,
monitoramento, avaliação e capacitação das políticas e programas do Ministério.
Desenvolve atividades para que o MDS possa conhecer o público-alvo de suas
políticas e programas, e busca, por meio do monitoramento e da avaliação dos pro-
gramas, indicar melhores caminhos para o desenvolvimento e implementação de
ações. Tem a missão de minimizar os esforços e ampliar a possibilidade de resul-
tados positivos do esforço governamental, na área deste Ministério, para que as
equipes técnicas e gestores das três esferas de governo envolvidos em políticas de
desenvolvimento social tenham condições de aprimorar os programas e as ações.
Essa secretaria desenvolve e utiliza instrumentos de informação por meio de
sistemas e dados organizados, disponibilizados em painéis de monitoramento,
em pesquisas de avaliação de impacto e resultados e em estudos técnicos espe-
cíicos, muitos, ainda, são distribuídos em publicações eletrônicas e impressas.

Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário – MDS: Atribuições


22 UNIDADE I

Realiza, também, capacitações e cursos de formação proissional. É composta


por equipe multidisciplinar, formada por sociólogos, antropólogos, economis-
tas, estatísticos, educadores, cientistas políticos, proissionais de informática,
engenheiros, proissionais de saúde, educação e psicologia. Os técnicos traba-
lham nos quatro departamentos da SAGI, em conteúdos e missões distintos, mas
inter-relacionados. Para que todas as suas atividades já listadas sejam desem-
penhadas com qualidade, essa Secretaria conta com 4 (quatro) departamentos,
conforme segue: o Departamento de Gestão da informação; o Departamento de
Monitoramento; o Departamento de Avaliação; o Departamento de Formação e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
disseminação. Conversaremos, ainda mais adiante, a respeito dessa Secretaria.
A Secretaria Extraordinária para Superação da Extrema Pobreza coordena
e gere as ações do Plano Brasil Sem Miséria, articulando e mobilizando governo
federal, estados e municípios com o intuito de extinguir a extrema pobreza no país,
por meio de propostas regionalizadas pautadas na garantia de renda, inclusão pro-
dutiva e acesso a serviços públicos para as pessoas em situação de pauperização.
A Secretaria Nacional de Assistência Social - SNAS é o órgão do MDS respon-
sável pela gestão da Política Nacional de Assistência Social, com a meta prioritária
de consolidar o direito à assistência social em todo o território brasileiro e de
melhor execução de suas tarefas. As atribuições da SNAS foram estabelecidas
pelo art. 19, da LOAS, e, algumas dessas atribuições, ela desenvolve em parce-
ria com uma outra secretaria do MDS, a Secretaria de Avaliação da Gestão da
Informação – SAGI. Juntas, executam as funções de regular, coinanciar, acompa-
nhar as ações implementadas pelos entes federados, avaliar, monitorar e promover
a capacitação dos recursos humanos dos estados e municípios, além de prestar
assessoramento técnico a estados e municípios.
Entretanto se faz necessário registrar que as ações da SNAS são desenvolvi-
das associadas às outras secretarias do MDS, a de Renda e Cidadania- SENARC,
a de Segurança Alimentar e Nutricional - SESAN e à Secretaria de Articulação
Institucional e Parcerias - SAIP e que os beneiciários dos Programas Bolsa
Família e Segurança Alimentar e Nutricional, comumente, são públicos priori-
tários dos serviços de proteção da assistência social brasileira.
O organograma do MDS, com suas Secretarias, está apresentado abaixo, para
que você possa visualizar a estrutura que lhe apresentamos em texto.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


23
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

fonte: Brasil (2012, online).

Com base na imagem do organograma, podemos perceber que o Conselho


Nacional de Assistência Social está diretamente vinculado ao MDS e
pratica-mente equiparado na hierarquia de gestão desse ministério.
Agora que já estamos familiarizados com a organização funcional do
MDS, da SNAS e sabemos quem coordena a gestão da PNAS, podemos
avançar nossa discussão sobre o SUAS, no próximo item.

O Ministério da Justiça foi o primeiro a ser criado no Brasil. Sua origem re-
monta à Secretaria de Estado de Negócios da Justiça, instituída pelo prínci-
pe regente D. Pedro, em julho de 1822.
Conheça mais no link: <http://www.justica.gov.br>. Acesso em: 6 ago. 2015.
Fonte: Netto (2013, online).

Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário – MDS: Atribuições


24 UNIDADE I

CONSTRUÇÃO HISTÓRICA E ORGANIZAÇÃO BÁSICA


DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Caro(a) aluno(a), daremos sequência aos nossos estudos sobre o SUAS.


Com base na Constituição Federal Brasileira de 1988, marco legal sem pre-
cedentes na direção da consolidação dos direitos de cidadania, são pautadas as
origens do SUAS, que trás em seu Art. 195 a discussão sobre o inanciamento
da seguridade social - saúde, assistência social e previdência.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na constituição de 1988, colocou-se, pela primeira vez na nossa histó-
ria, a consagração de um projeto de sociedade democrática, reconhe-
cendo-se a vinculação necessária entre regime democrático e direitos
sociais (NETTO, Anais da II Conferência Nacional de Assistência So-
cial, p. 22)

No que tange à saúde e à assistência social, os critérios de transferência de recur-


sos, para organizações públicas e privadas, estão dispostos no § 10 do mesmo
artigo, que menciona um Sistema Único de Saúde e “ações” de assistência social,
todavia a Carta Magna não faz menção a um sistema para a assistência social,
uma vez que a organização de sistema especíico para a área social somente foi
criado alguns anos depois, por meio da Lei n° 8742/1993, a Lei Orgânica da
Assistência Social- LOAS.
Para compreendermos as origens do Sistema Único da Assistência Social -
SUAS, estudaremos um pouco mais de perto a LOAS, discutindo, a seguir, alguns
artigos da referida legislação.
Essa Lei organiza todas as ações da assistência social e, com base em seus
princípios e diretrizes, em seu Capítulo III, sob o título “Da organização e da
gestão”, cria, legalmente, o Sistema Único da Assistência Social - SUAS, sob o
seguinte enunciado:
Art. 6o  A gestão das ações na área de assistência social ica or-
ganizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo,
denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os
seguintes objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


25

I - consolidar a gestão compartilhada, o coinanciamento e a coope-


ração técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, ope-
ram a proteção social não contributiva;  (Incluído pela Lei nº 12.435,
de 2011)

II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos


e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C; (Incluído pela
Lei nº 12.435, de 2011)
III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organiza-
ção, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social;

IV - deinir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

municipais; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na as-


sistência social; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e (Incluído
pela Lei nº 12.435, de 2011)

VII - aiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos. (In-


cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) (BRASIL, 1993).

As principais diretrizes de organização desse sistema estão alinhadas aos Artigos


203 e 204 da Constituição Federal de 1988, no primeiro, garantindo acesso à
assistência social “a quem dela necessitar, independentemente de contribuição
à seguridade social” e, no seguinte, quando estabelece, em seus incisos, seu dire-
cionamento quanto às questões da descentralização político-administrativa e
da “participação popular, por meio de organizações representativas, na formu-
lação das políticas e no controle das ações em todos os níveis”. A LOAS, ainda,
acrescenta a essas determinações constituintes “a responsabilidade do Estado na
condução da política de assistência social em cada esfera de governo”. Os prin-
cípios, as diretrizes e os objetivos da LOAS, em consonância com a legislação
federal, buscam a garantia dos direitos assegurados e a melhor forma de execu-
ção das ações para efetivá-los.
Para a consolidação da assistência social, pretendeu-se, por meio de normas
e leis, construir todo o arcabouço para a organização e gestão de ações em prol
da superação das demandas sociais. Nesse aspecto, o texto do art. 6º da LOAS
remete à criação do Sistema Único da Assistência Social, quando airma que,

Construção Histórica e Organização Básica do Sistema Único da Assistência Social


26 UNIDADE I

A gestão das ações na área de assistência social ica organizada sob a


forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Siste-
ma Único de Assistência Social (SUAS), [...] (Redação dada pela Lei nº
12.435, de 2011) (BRASIL, 2011)

As sementes do Sistema Único da Assistência Social - SUAS foram lançadas em


solo fértil e passam a ser regadas pelos saberes proissionais, técnicos e da socie-
dade civil, orientadas pelas legislações e normativas. Visa proteger “à família,
à maternidade, à adolescência e à velhice e como base de organização, o ter-
ritório” (LOAS - Art. 6º, § 1 ), tendo suas medidas organizadas em tipos de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
proteção social, a proteção social básica e a proteção social especial (de média e
alta complexidade), conforme o nível de vulnerabilidade e risco social a que está
submetido o indivíduo e/ou a família, será preventiva ou reconstrutiva. Essas
proteções com base na lei,
[...] serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, di-
retamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de
assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especiicidades de
cada ação (BRASIL, 1993).

Esse vínculo dos entes públicos e das organizações de assistência social ocorre por
meio de cadastros, que devem atender critérios documentais e, essencialmente,
às exigências quanto aos serviços que são ofertados a cada parcela da popula-
ção. Porém, para a manutenção desses cadastros, a avaliação se dá no controle,
no acompanhamento e na avaliação das propostas e execução delas. A criação
do sistema organiza o serviço no intuito de tornar o atendimento e a prestação
de serviços ágil, efetivo, eicaz e eiciente.
Não se trata de, apenas, um sistema de informação e controle informatizado,
mas de um sistema integrado de ações, planos e projetos para atendimento às
demandas sociais. As informações que são coletadas por ele são utilizadas para
monitoramento, controle da avaliação dos programas, projetos e serviços da
área da assistência social, gerando relatórios e dados suicientes para alteração
ou intensiicação de ações, quando e se necessário. Os órgãos de controle e a
população têm acesso a tais informações para conhecer onde e como os recursos
estão sendo aplicados, e se a aplicação desses recursos está conforme o planejado.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


27

Para que as entidades de assistência social prestem os serviços pertinentes


à assistência social e façam jus à celebração de convênios com órgãos públi-
cos, necessitam terem sua vinculação ao SUAS reconhecidas pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e agrário - MDS, atendendo a requisitos da tipiicação
dos serviçoes socio assistênciais e demais legislação pertinentes a organização da
sociedade civil. Entre eles, ter inscrição no Conselho Municipal de Assistência
Social ou do Distrito Federal. A inscrição de projetos ou da entidade nos respec-
tivos conselhos locais garante que a execução de ações, projetos e serviços estejam
em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social e legis-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lações posteriores pertinentes.


A LOAS determina que seja garantido o acesso à celebração de convênios,
contratos, acordos ou ajustes com o poder público, para a execução de serviços,
programas, projetos e ações de assistência social, somente àquelas vinculadas ao
SUAS. (Art. 6o-B, § 3o ) O Art. 10 delimita que a União, os Estados, os Municípios
e o Distrito Federal podem celebrar convênios com entidades e organizações,
desde que as propostas estejam alinhadas aos Planos de Assistência Social apro-
vados pelos Conselhos de cada esfera, respectivamente. Tais celebrações, do ente
público com a esfera privada, proporcionam, à sociedade, a execução de ações
preventivas, protetivas e paliativas no âmbito da assistência social, na direção da
garantia de direitos. Asseguram à esfera privada, na igura das organizações não
governamentais, a elaboração e a execução de projetos e atividades em comple-
mentaridade ao Estado.
Para compreendermos o funcionamento do SUAS, no que concerne ao inan-
ciamento, faz - se necessário conhecer a sua composição e atribuições, conforme
veremos no próximo item.
Sugerimos a leitura complementar sobre os Fundos de Assistência Social,
que agregará o conhecimento necessário para compreensão das origens de inan-
ciamento por esfera de governo, das ações, dos programas, projetos, atividades
e das equipes de trabalhadores que compõem o SUAS.

Construção Histórica e Organização Básica do Sistema Único da Assistência Social


28 UNIDADE I

COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA


SOCIAL

A composição do SUAS é
formada pelos entes fede-
rativos nas três esferas de
governo, seus respectivos
Conselhos de Assistência
Social e por entidades e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
organizações de assistên-
cia social enquadradas na
legislação vigente. A coor-
denação da Política Nacional
de Assistência Social é dele-
gada ao Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e ixar as respectivas Políticas de
Assistência Social cabe, respectivamente, a cada esfera de governo, executando
as ações de forma articulada.
Os artigos de 12 a 15 da LOAS estabelecem as competências de cada esfera
de governo e do Distrito Federal, o coinanciamento, a gestão descentralizada dos
serviços, programas, projetos e benefícios e, ainda, o monitoramento e a avaliação
da política de assistência social. O art. 16 deine que as instâncias deliberativas
do SUAS são de caráter permanente, devem funcionar regularmente, visando
acompanhar, controlar e avaliar a política de assistência social. Para ser parti-
cipativo, conforme art. 6º determina, ainda, que sua composição seja paritária
entre governo e sociedade civil. Essas instâncias deliberativas são compostas por:
I - o Conselho Nacional de Assistência Social;

II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social;

III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;


IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social. (BRASIL, 1993).

O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS é composto por 18 membros


e respectivos suplentes, cujo mandato é de 2 (dois) anos, sendo permitida uma

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


29

recondução pelo mesmo período. O presidente será eleito entre seus membros,
para mandato de 1 (um) ano, tendo uma recondução permitida por igual período.
Os Conselhos, em cada esfera de governo, estão vinculados ao órgão gestor de
assistência social, cabendo a ele a responsabilidade de garantir as condições para
seu funcionamento, tais como infraestrutura, recursos humanos e inanceiros,
esses últimos, inclusive, nas despesas com passagens e diárias dos conselheiros,
se estiverem no exercício das suas atribuições. Cabendo aos
[...] Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16, com com-
petência para acompanhar a execução da política de assistência social,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em consonância com as


diretrizes das conferências nacionais, estaduais, distrital e municipais,
de acordo com seu âmbito de atuação. [...](BRASIL, 1993).

E “deverão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito Federal


e pelos Municípios, mediante lei especíica.” (BRASIL, 1993).
A lei determinou um total de 14 atribuições a esse Conselho, entre elas, a
de normatizar, regular, acompanhar e iscalizar a prestação dos serviços públi-
cos e privados no âmbito da assistência social, bem como aprovar os critérios
de transferência dos recursos para os Estados, Municípios e Distrito Federal,
acompanhando e avaliando a gestão dos recursos. Tornou-o responsável, tam-
bém, pela convocação ordinária das Conferências Nacionais, periodicamente.
Conhecemos, neste tópico, as bases do Conselho de Assistência Social e
como ele se faz representar nas respectivas esferas de governo. Tivemos a opor-
tunidade de conhecer sobre o espaço que ocupa e como se organiza inanceira e
estruturalmente, pautado nas responsabilidades do órgão gestor. Também lista-
mos suas atribuições essenciais, conhecimento básico necessário à discussão do
próximo tópico, que trata das Conferências de Assistência Social e como estão
articuladas com esse Conselho. O espaço democrático de discussão, articulação
e avaliação se concretiza nas Conferências de Assistência Social, que acontecem
bianualmente, em cada esfera de governo, com base na representatividade do
governo e sociedade civil. É amplo e se fortalece a partir das estratégias de orga-
nização e reorganização das propostas e diretrizes estabelecidas para a Política
de Assistência Social, repensando as ações, com vistas a sua estruturação e con-
solidação, enquanto garantia de acesso e direitos sociais.

Composição do Sistema Único da Assistência Social


30 UNIDADE I

Conheceremos, a seguir, os caminhos percorridos pela assistência social nos


espaços democráticos de discussão, até culminar na IV Conferência Nacional
de Assistência Social, quando foi criado o Sistema Único da Assistência Social
- SUAS, que é o tema central da nossa discussão nesta disciplina. Apresentar as
discussões e temas das Conferências Nacionais de Assistência Social é de extrema
relevância para que acompanhemos o processo de consolidação da assistência
social, enquanto sistema, conforme estudaremos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sobre a utilização dos recursos com contratação de recursos humanos
Há uma possibilidade de utilização dos recursos oriundos dos contratos,
convênios, programas, projetos e ações de assistência social no pagamen-
to de proissionais? Como? Qual seria sua origem? Com a avaliação de que
órgão?

CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

O espaço de participação
social democrática no âmbito
da assistência social se con-
solida a partir da I Conferência
Nacional, que aconteceu de 20 a 23
de novembro de 1995, na cidade de Brasília, e teve por
objetivo avaliar a situação da Assistência Social, visando
propostas de concretização e aperfeiçoamento do Sistema
Único da Assistência Social, de forma participativa e des-
centralizada, tendo por tema a assistência social como direito
do cidadão e dever do Estado.
A Portaria nº 4.251 de 24, de novembro de 1997, convocou a II Conferência,
tendo sido realizada no período de 9 a 12 de dezembro de 1997, em Brasília. Essa

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


31

Conferência teve como tema geral “O Sistema Descentralizado e participativo


da Assistência Social - Construindo a Inclusão - Universalizando Direitos”
e, de acordo com o Conferencista José Paulo Netto, em seu discurso de aber-
tura, construir a inclusão e universalizar direitos está “diretamente vinculado
ao projeto de construir uma sociedade democrática em nosso País.” Com base
nos anais do referido evento, o conferencista, ainda, complementa a discussão
sobre a construção dessa sociedade democrática, desvinculando-a do regime
político democrático:
Não devemos e não podemos identiicar a vigência de um regime polí-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tico democrático com a existência de uma sociedade democrática. [...]


Mas a democracia política, ainda quando por sua inteira efetividade, o
que não é o nosso caso, não é um valor para ser apreciado em si mes-
mo, é um instrumento estratégico para viabilizar a democratização da
sociedade e do Estado. Uma sociedade democrática é mais, muito mais
que o Estado de direito democrático, uma sociedade democrática é
aquela em que, contando-se com o indispensável suporte da democra-
cia política, todos e cada um de seus membros dispõem de condições
reais de construir sua autonomia pessoal sem os agravantes da exclusão
social (Anais II Conferência, p. 20).

Pautados nessa discussão, percebemos que a democracia deve ser exercida,


inclusive, no âmbito da autonomia individual, com base na criação de condições
concretas para efetivação dos direitos sociais, de forma participativa.
Em 30 de março de 2001, o CNAS, por meio da Portaria nº 909, convoca a
III Conferência Nacional de Assistência Social, para ser realizada entre os dias
4 e 7 de dezembro de 2001, e deine como tema central de discussão a “Política
de Assistência Social: Uma trajetória de Avanços e Desaios”. Essa conferên-
cia teve discussão pautada em 3 painéis. O grupo do primeiro painel reletiu
sobre a “Avaliação do Controle Social nos Oito anos da LOAS”, sendo tradu-
zido em deliberações acerca do papel político dos conselhos, da participação
dos conselhos na elaboração dos planos de assistência social e no controle dos
recursos, bem como na garantia de acesso à participação dos usuários nas con-
ferências realizadas nos três níveis de governo. Deliberou sobre a necessidade de
investimento na criação e fortalecimento de instituições de usuários das políti-
cas sociais que fortalecessem a articulação entre os Conselhos de Assistência e
outros Conselhos de Direitos.

Conferências Nacionais de Assistência Social


32 UNIDADE I

Em 12 de agosto de 2003, a Portaria nº 262 do Ministério de Estado da


Assistência Social, publicada no Diário Oicial da União - DOU, entre outras
providências, convocou, extraordinariamente, a IV Conferência Nacional de
Assistência Social que ocorreu entre 7 e 10 de dezembro do mesmo ano, na cidade
de Brasília. Essa portaria determinou, além da convocação, a data, o local, ins-
tituiu comissão organizadora e deiniu, como tema geral, a “Assistência Social
como Política de Inclusão: uma Nova Agenda para a cidadania - LOAS 10
anos”, tendo por inalidade avaliar a situação da assistência social, visando encon-
trar novas diretrizes para o seu aperfeiçoamento.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A comissão organizadora, com base na determinação do art. 4º da referida
Portaria, teve os seguintes representantes:
I. Presidente do CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social;
II. Vice- Presidente do CNAS; e
III. Representantes Governamentais:

■ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;


■ Ministério da Saúde;
■ Ministério do Trabalho e Emprego; e
■ FONSEAS - Fórum Nacional de Secretários(as) de Estado da Assis-
tência Social.
IV. Representantes da sociedade Civil:
■ Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua - MNMM;
■ Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente - AMENCAR;
■ Conselho Federal de Serviço Social - CFESS; e,
■ Central Única dos Trabalhadores.
V. Secretário Executivo do CNAS. (Portaria nº 262,
2003).

Como sistematização do trabalho realizado durante a IV


Conferência, foi elaborado um relatório, visando socializar
para a sociedade, integralmente, os conteúdos produzidos
pelos 1.053 participantes ali presentes, visto que se tratou de
um passo importante na “sedimentação dos novos termos da

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


33

Política Nacional de Assistência Social no Brasil” e “tradução concreta da Lei


Orgânica da Assistência Social - LOAS” (Relatório da IV Conferência Nacional
de Assistência Social, p.7).
Teve, por subtemas, a Assistência Social: conceber a política para realizar o
direito; Gestão e organização - planejar localmente para descentralizar e demo-
cratizar o direito; Financiamento - assegurar recursos para garantir a política;
Mobilização e Participação como estratégia para fortalecer o controle social.
Com base na discussão de descentralização e democratização do direito,
essa Conferência traz como contribuição essencial, para nossa discussão,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a criação do SUAS, sistema público, não contributivo, que organiza, entre os


seus participantes, a gestão dos serviços socioassistenciais no Brasil. Utiliza
recursos e esforços dos três níveis de governo para execução e inancia-
mento da PNAS, com base
nas legislações previstas
vigentes nessas esferas, que
conheceremos mais deta-
lhadamente discutindo em
item posteriormente.
A realização da V
Conferência Nacional de
Assistência Social, em
dezembro do ano de 2005,
foi pautada na proposta de
consolidação de um plano com metas e estratégias que visassem à imple-
mentação da Política Nacional de Assistência Social nos 10 anos seguintes.
Nesse evento, foi irmado o pacto em favor de um mutirão nacional para
a construção do recém-criado Sistema Único da Assistência Social, além
de deliberar sobre as metas de gestão de recursos humanos da assistência
social; metas de gestão do SUAS; metas de inanciamento; sobre as metas
de controle social.
O tema geral da VI Conferência Nacional de Assistência Social, realizada no
mês dezembro do ano de 2007, foi Compromissos e Responsabilidades para
assegurar Proteção Social pelo SUAS.

Conferências Nacionais de Assistência Social


34 UNIDADE I

No mês de dezembro de 2009, com o tema geral: Participação e Controle Social no


SUAS, ocorreu a VII Conferência Nacional de Assistência Social, objetivando
uma discussão norteadora da democratização do SUAS, proporcionando o acesso de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
indivíduos e famílias aos serviços, projetos, programas e benefícios socioassistenciais
no Brasil. As suas deliberações contribuíram para a discussão sobre cofinanciamento
dos governos estaduais e federal aos municípios que possuíssem CRAS.
A VIII Conferência Nacional de Assistência Social aconteceu em dezembro
do ano de 2011, tendo como tema: Avançando na Consolidação do Sistema
Único da Assistência Social com a valorização dos trabalhadores e a quali-
ficação da gestão dos serviços, programas, projetos e benefícios, discutindo
estratégias para a estruturação da gestão do trabalho no SUAS, assim como o reor-
denamento e a qualificação dos serviços socioassistenciais, entre outros subtemas.
Quanto à IX Conferência Nacional de Assistência Social, que aconteceu em
dezembro de 2013, teve como tema A Gestão e o Financiamento na efetiva-
ção do SUAS, utilizando e criando, durante as discussões, instrumentais para a
avaliação local do SUAS e para o Registro e Sistematização das Conferencias
Municipais de Assistência Social. Os informes oriundos dessa Conferência,
orientam a questão da participação popular e da organização das Conferências
Estaduais e Municipais de assistência social.
Já para o ano de 2015, em 09 de fevereiro, a Ministra de Estado do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, em conjunto com o Presidente,
convocou a X Conferência Nacional de Assistência Social realizado na data pre-
visto no período de 07 a 10 de dezembro do corrente ano, tendo como tema:
Consolidar o SUAS de vez rumo a 2026. Todo o material sobre as Conferências,
você pode acessar no site do MDS, na aba CNAS.
Conversamos, superficialmente, sobre as conferências nacionais para que
tivesse condições de visualizar o contexto de mobilização dos profissionais da rede

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


35

socioassistencial e, principalmente, para que percebesse o quanto SUAS está pre-


sente em, praticamente, todas as discussões desses eventos, haja vista que se trata
do instrumento que busca auxiliar no processo de monitoramento, avaliação e con-
trole dos programas, projetos e serviços das assistência social, com o foco de que as
análises pautem novas propostas, que promovam a garantia e a defesa dos direitos
socioassistenciais à população em situação de vulnerabilidade social e econômica,
em regime de prevenção de situação de pobreza ou mesmo de extinção dessa con-
dição de vida.
No próximo item, vamos conhecer o que é o SUAS, seus objetivos e impactos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

resultantes de sua implantação até o momento. E trazemos, na leitura complemen-


tar, a base ética com os compromissos assumidos pelas categorias proissionais,
em prol dos direitos socioassistenciais, vale a leitura!

O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Como já vimos anteriormente, o SUAS foi criado em um contexto de mobiliza-


ção democrática com base na Constituição Federal de 1988, teve contribuição
legal na LOAS e se solidiicou a partir de deliberação da IV Conferência
Nacional de Assistência Social. Concretizou sua operacionalização, em 2005,
com a Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS na ten-
tativa de constituir um modelo de gestão que integrasse os entes federativos
e consolidasse o sistema de forma descentralizada e participativa. Visa regu-
lar e organizar as ações de assistência social, assim como o Sistema Único
da Saúde - SUS, realiza com as ações da área de saúde. Para a concretização
dessa tarefa, o planejamento deve acontecer de forma articulada nos níveis
de governo, com base em princípios e diretrizes comuns, mesmo quando res-
peitando a diversidade em todas as suas representações, tais como territorial,
cultural, entre outras.
Trata-se de um sistema coordenado pelo MDS, em que o poder público, nos
três níveis, e a sociedade civil participam, diretamente, do processo de gestão

O Sistema Único de Assistência Social


36 UNIDADE I

compartilhada. Esse sistema,


que foi deinido por meio da
PNAS, organiza e apresenta
as ações da assistência social,
articulando e provendo as
ações em níveis de prote-
ção, conforme o quadro ao
lado, que foi elaborado pelo
Fonte: Brasil (2015, online).
Ministério para apresentação

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do Sistema, sobre algumas de suas características.
A Proteção Social Básica atua no âmbito da prevenção de riscos sociais e pes-
soais, garantindo programas, projetos, serviços e benefícios a pessoas expostas à
situação de vulnerabilidade social. Já a Proteção Social Especial visa atendimento
de pessoas já em situação de risco, muitas vezes, com direitos violados. A Proteção
Social Especial, para garantir amplidão no atendimento, subdivide - se em pro-
teção social especial de média e alta complexidade, conforme o nível de risco da
situação vivenciada pela pessoa ou família.
O SUAS, para contribuir na superação das situações de risco e vulnerabili-
dade, organiza e articula a oferta de serviços, programas, projetos e benefícios
assistenciais. A criação do sistema, além de pretender organizar os serviços
socioassistenciais, também se deu na intenção de superar alguns impasses na imple-
mentação da política pública
de assistência social, na
garantia dos direitos sociais
e, entre seus problemas,
destacamos os fatos de que
não possuía regulação sui-
ciente dos serviços, de não
haver deinição das atribui-
ções e competências dos três
níveis de governo quanto à
gestão e ao inanciamento,
Fonte: Brasil (online).
e de ausência de processos

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


37

continuados de capacitação e de política de recursos humanos. Na busca por


superar os entraves iniciais de implantação da política nacional de assistência
social, foram estabelecidas as bases de organização do SUAS, conforme dispos-
tas, no quadro elaborado pelo próprio MDS, a ao lado:
Os conceitos e as bases de organização do SUAS são pautados nas legisla-
ções sociais e pretendem garantir o atendimento das famílias e indivíduos em
situação de risco ou vulnerabilidade, proteger e prevenir contra tais situações.
Durante a discussão deste tópico pudemos conhecer o que é o SUAS e quais
seus objetivos. Entretanto precisamos saber um pouco mais a respeito deste sis-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tema, para que, com condições técnicas termos uma noção gradual sobre seus
instrumentos de gestão, informação, monitoramento e avaliação, conforme vere-
mos à partir da próxima unidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, pudemos conhecer a estrutura básica do Sistema Único da Assistência


Social, a forma como se organiza, distribui as funções e como estão dispostos os
órgãos dentro do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Pautando-se nessa estrutura funcional, tivemos a oportunidade de verii-
car o espaço que o SUAS ocupa na máquina administrativa e algumas de suas
funcionalidades. Tivemos a oportunidade, também, de conhecer as atribuições
do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o MDS e qual
sua relação com o Sistema Único de Assistência Social na garantia dos direitos
socioassistenciais.
Conhecemos a origem da Política Nacional da Assistência Social, bem
como relembramos a importância da participação popular para a proposição
de mudanças legais e sociais no decurso da história, quando conhecemos sobre
as Conferências Nacionais de Assistência Social enquanto espaço de proposição
e deliberação social, no decorrer dos últimos anos, e quanto elas contribuíram e
têm contribuído para a criação, manutenção e aperfeiçoamento do SUAS.

Considerações Finais
38 UNIDADE I

Apresentamos, ainda, sobre a composição, características, conceitos e bases


organizacionais do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, e sobre seu papel
na defesa e garantia de direitos sociais da população, principalmente, aquelas
sujeitas a situações de risco e/ou vulnerabilidade social.
Aliar tais conhecimentos históricos e sociais ao seu estudo, propiciará para
você condições de perceber com mais clareza como se desenvolveu o Sistema até
hoje. Compreenderá quais as perspectivas de melhoria possíveis, e como você,
futuro proissional, poderá participar da história do SUAS na garantia e defesa
dos direitos e no âmbito da proteção social.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Contamos com você, para acompanhar-nos na próxima unidade e para estu-
darmos sobre os instrumentos de gestão do SUAS.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES


39

1. Na estrutura organizacional do Ministério de Desenvolvimento Social e Comba-


te à Fome, existem 5 (cinco) secretarias vinculadas a ele. Quais são?
2. O artigo 6º da LOAS se remete à criação do Sistema Único da Assistência Social,
deinindo como:
a. Sistema organizado e participativo.
b. Sistema preventivo de vulnerabilidades.
c. Sistema pautado na proteção social de alta complexidade.
3. Quais as atribuições do Conselho Nacional de Assistência Social?
Fundos da Assistência Social
O Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) foi regulamentado pelo  Decreto nº
1.605/95. Seus recursos são aplicados no pagamento do Benefício de Prestação Conti-
nuada (BPC); no apoio técnico e inanceiro aos serviços e programas de assistência so-
cial aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); no atendimento
de ações socioassistenciais de caráter emergencial, em conjunto com o Distrito Fede-
ral, os estados e os municípios; na capacitação de recursos humanos e no desenvolvi-
mento de estudos e pesquisas relativos à área de assistência social.
As receitas do FNAS podem ser compostas por recursos da União; eventuais doações
de pessoas jurídicas ou pessoas físicas; contribuição social dos empregadores; recur-
sos provenientes de concursos, sorteios e loterias, no âmbito do Governo Federal;
receitas de aplicações inanceiras de recursos do Fundo; receitas provenientes da alie-
nação de bens móveis da União, no âmbito da assistência social e transferências de
outros fundos.
Responsável pela coordenação da PNAS, o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS) é o órgão gestor do FNAS, sob orientação, acompanhamento
e iscalização do CNAS.
Nesse mesmo formato, o Fundo de Assistência Social do Distrito Federal (FAS/DF), os
Fundos Estaduais de Assistência Social (Feas) e os Fundos Municipais de Assistência
Social (Fmas) são geridos pelos órgãos responsáveis pela assistência social nessas es-
feras de governo, sob orientação e iscalização dos respectivos conselhos estaduais e
municipais de assistência social.
Todo fundo público deve ser instituído mediante autorização legislativa, conforme
estabelece o Art. 167 da Constituição Federal. Para se organizar um fundo e colocá-lo
em funcionamento, é necessário observar alguns aspectos, como o marco legal (a lei
de criação do fundo que pode ser abrangente ou sintética; neste segundo caso, deve
ser regulamentada por decreto); a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
(CNPJ), por se tratar de órgão constituído como unidade gestora de orçamento; o es-
tabelecimento do ordenador de despesas; entre outros.
Outro aspecto de fundamental importância é a contabilidade do fundo, que deve ser
feita por meio de contas especíicas e com prestação de contas separada do órgão ao
qual ele está vinculado (geralmente, as secretarias de assistência social). Instrumentos
de gestão como programação inanceira, luxo de caixa e demonstrativos contábeis
também devem ser instituídos, a im de subsidiar a boa aplicação dos recursos e efe-
tivar o controle da execução orçamentária e inanceira.
Para o bom funcionamento do fundo, deve-se observar, ainda, instrumentos de pla-
nejamento como o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e
a Lei Orçamentária Anual (LOA). Os subsídios para a execução podem ser encontrados
no Manual Técnico de Orçamento (MTO).
41

COMPROMISSOS ÉTICOS COM OS DIREITOS SÓCIO-ASSISTENCIAIS


A efetivação do decálogo de direitos sócio-assistenciais exige a pactuação de com-
promissos éticos a reger a dinâmica da política de assistência social entre gestores e
agentes institucionais governamentais e privados, sociedade civil organizada, usuários
e cidadãos:
1. A assistência social como política pública defende o protagonismo e o alcance da
autonomia de todos que a ela acorrem para o pleno reconhecimento e exercício de
sua cidadania.
2. A atenção prestada na rede sócio-assistencial deve romper com os princípios da be-
nesse e do favor e reconhecer a cidadania do usuário através de:
■ atenção digna, com qualidade, agilidade, privacidade, continuidade sem discrimi-
nação, nem atitude vexatória, com equidade, reconhecimento da vulnerabilidade e
da universalidade;
■ territorialização dos serviços tornando-os próximos à residência dos usuários;
■ respeito à diversidade cultural, de gênero e sexual dos usuários, aiançando-lhes
informações que sejam claras à sua cultura e forma de expressão;
■ acompanhamento individualizado de qualidade, favorecedor do desenvolvimento
da autonomia e da inserção social, adaptadas às características das necessidades e
submetidas ao consentimento claro do usuário;
■ atitude facilitadora para com o outro, de modo a estimular que ele seja apto a expri-
mir sua vontade de participar da decisão que lhe diz respeito;
■ implantação, descentralização e territorialização dos Centros de Referência de Assis-
tência Social – CRAS em todos os municípios e CREAS locais ou regionais, asseguran-
do o acesso da população que vive em áreas urbanas e rurais, reservas indígenas e
áreas de quilombolas e garantida a ampla divulgação dos direitos socioassistenciais;

3. Atenção na assistência social na perspectiva de direitos deve romper com ações par-
ciais, desqualiicadas, descontínuas e incompletas. Para tanto deve ser operada a:
■ completude de acesso às atenções de assistência social estabelecidas pela Consti-
tuição Federal e Lei Orgânica de Assistência Social, incluindo:
■ desde as atenções emergenciais e eventuais às continuadas, de modo qualiicado,
para assegurar a digna sobrevivência humana, restauração da autonomia, capacida-
de de convívio e protagonismo social;
■ atenção igualitária e equânime aos cidadãos e cidadãs das zonas urbana e rural aos
serviços, benefícios, programas e projetos dispondo de quadro técnico efetivo e
qualiicado;
■ acesso a serviços continuados, benefícios, programas e projetos sócio-assistenciais
com formação de rede de proteção social em todos os municípios, de acordo com a
demanda, operada por pessoal permanente, técnico e qualiicado e inanciamento;
■ garantia de proteção social universal e não contributiva a todos em vulnerabilidade
e risco através de benefícios, transferência de renda e prestação de serviços;

4. omo política de proteção social com ação preventiva, a assistência social resgata a
unidade familiar como núcleo básico de atenção cotidiana do indivíduo e seu desen-
volvimento afetivo, biológico, cultural, político, relacional e social, portanto zela por:
■ proteção social integral às famílias incluindo o apoio ao convívio familiar de todos
os a seus membros da infância à velhice, principalmente quando em vulnerabilda-
de, risco ou vitimização;
■ prover atenção ao indivíduo e sua família, respeitada sua autonomia e emancipação
de sua família;
■ convívio familiar e comunitário das crianças, jovens, adultos, idosos em situação de
risco, buscando prioritariamente o resgate dos laços familiares, genéticos ou adqui-
ridos na dinâmica de vida, às vivências institucionais;
■ garantia da segurança de acolhida, esgotadas as oportunidades do convívio fami-
liar, na perspectiva de restauração da autonomia, capacidade de convívio, protago-
nismo, o que exige a oferta de meios (inanceiros, materiais, humanos) para constru-
ção de alternativas à desinstitucionalização;
■ acesso a serviços e meios que resgatem e reforcem a autonomia familiar, principal-
mente quando a família vivenciar situação de risco;
■ atenção psicopedagógica e a ter acesso a novas e continuadas oportunidades de
sobrevivência digna e justa família sob vulnerabilidade ou risco social, ou sob ocor-
rência de situação de risco e vitimização de um ou mais de seus membros.

5. A assistência social deve ser operada através de uma rede de benefícios, serviços,
programas e projetos que devem manter relação de completude entre si e de interse-
torialidade com outras políticas sociais. Para tanto, deve alcançar:
■ a unidade da política de benefícios e de transferência de renda condicionada como
direito sócio assistencial incluindo, desde benefícios emergenciais, eventuais aos
continuados (ou por prazo determinado) e os de renda mínima familiar;
■ o acesso a benefícios e à transferência de renda condicionada, pautados na avalia-
ção social da necessidade, no vínculo técnico com o desenvolvimento de trabalho
social reconstrutor da autonomia socioeconômica e do protagonismo do cidadão e
de sua família;
43

■ completude em rede da proteção básica e especial a idosos e pessoas com deiciên-


cia com oportunidades de autonomia socioeconômica e convívio social;
■ o acesso à proteção social não contributiva a migrantes, imigrantes, itinerantes, ci-
dadãos de fronteiras, pessoas em situação de rua, ciganos, afrodescendentes, gru-
pos indígenas, minorias raciais, egressos do sistema prisional e apenados, doentes
crônicos, incluídas as pessoas com hiv/aids, dependentes de substâncias psicoativas
e outros;
■ a proteção social especial de assistência social que atenda às várias situações de
violação de direitos, combatendo e desenvolvendo ações preventivas ao abuso e à
exploração sexual na infância e na adolescência;
■ os serviços de proteção social especial de assistência social que desenvolvam de
modo articulado com a proteção básica, ações preventivas à violência e ao risco;
■ a proteção especial de assistência social eu aplique medidas sócio educativas em
meio aberto aos adolescentes com trabalho social junto a suas famílias e à comuni-
dade onde vivem;
■ a rede sócio assistencial que desenvolva de forma integrada na sociedade ação edu-
cativa de combate à violência e erradicação das vitimizações;
■ a integração da política de assistência social às demais políticas públicas, de modo
a aiançar o pleno direito de crianças, adolescentes, jovens, idosos e pessoas com
deiciência;
■ acesso à documentação civil gratuita, sem discriminação, a começar do registro de
nascimento como primeiro direito de reconhecimento do cidadão.

6. A assistência social defende a renda digna como direito de cada cidadão e de sua
família, promovendo o desenvolvimento de capacidades para geração de novas pos-
sibilidades de trabalho, renda e sustentabilidade familiar:
■ pelo acesso à política nacional de emprego e renda que garanta a provisão de con-
dições básicas e dignas de reprodução social do cidadão e sua família, objetivando
a inclusão da população vulnerabilizada, respeitando os aspectos culturais e regio-
nais;
■ pela ixação do cidadão e sua família no meio rural com capacitação e produção de
oportunidades de emprego e renda para pequenos agricultores.
■ pelo trabalho digno a partir das potencialidades individuais e grupais respeitadas as
situações em que a sobrevivência digna exige a continuidade de benefícios;
■ pelo desligamento gradual do usuário de programas de benefícios e transferência
de renda de modo a construir condições mais permanentes de sustentabilidade;
■ pela restauração de condições de trabalho e autonomia socioeconômica, quando
vítima de calamidades e situações emergenciais que aniquilam e reduzem a capaci-
dade produtiva do cidadão e de sua família;

7. A assistência social como política que deve assegurar direitos de cidadania deve ter
seu processo de gestão requaliicado, reestruturado e proissionalizado de modo a:
■ garantir que a proissionalização da gestão da assistência social mantenha pessoal
especializado através de equipe interproissional desde os CRAS;
■ inanciar pelo orçamento público a infraestrutura de trabalho, com oferta de espa-
ços dignos de atenção aos usuários e meios de comunicação e ferramentas de tra-
balho eicientes;
■ assegurar o co-inanciado dos benefícios eventuais pelos orçamentos estaduais;
■ assegurar à gestão municipal o co-inanciamento, pelos orçamentos dos Estados e
da União, de forma a garantir a infraestrutura e os recursos humanos para operação
da rede sócio assistencial;
■ que todos os municípios operem de forma proissional os benefícios, as transferên-
cias de renda, os serviços e os projetos de assistência social;
■ que a gestão de assistência social esteja preparada para realizar e manter a vigilân-
cia social territorializada de riscos e vulnerabilidades sociais.

8. A assistência social como política de gestão democrática e descentralizada deve ter


constituído os espaços para construção democrática de decisões, negociações e
exercício do controle social e defesa de direitos através de:
■ garantia de instalação adequada e funcionamento de Conselhos de Assistência So-
cial em todas as cidades, reconhecidos como instâncias legais de controle social,
com capacitação continuada de conselheiros e plena participação da sociedade ci-
vil, em especial dos usuários;
■ política de informação sobre os direitos e os serviços sócio assistenciais e divulga-
ção em todas as unidades de serviços e nos projetos de assistência social;
■ presença em todos os serviços da rede sócio assistencial de urnas para manifestação
dos usuários;
■ instalação de Ouvidorias de assistência social em todos os municípios, estados e no
âmbito federal da gestão do SUAS.
Fonte: Brasil (online).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Para obter informações a respeito da utilização dos recursos do SUAS, você pode acessar o link
disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/inanciamento>. Acessado em: 07 afo.
2015.

Sobre as Conferências Nacionais de Assistência Social


Você pode conhecer o documento inal de cada uma das Conferências Nacionais de Assistência
Social, no sitio eletrônico do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, na
aba, Conferências Nacionais. Nos links que o site lista, conforme quadro abaixo, disponibiliza as
Atas, Deliberações e outros documentos de todas as conferências realizadas e a realizar:

X Conferência Nacional de Assistência Social 07 a 10/12/2015


IX Conferência Nacional de Assistência Social 07 a 10/12/2013
VIII Conferência Nacional de Assistência Social 07 a 10/12/2011
VII Conferência Nacional de Assistência Social 30/11 a 03/12/2009
VI Conferência Nacional de Assistência Social 14 a 17/12/2007
V Conferência Nacional de Assistência Social 05 a 08/12/2005
IV Conferência Nacional de Assistência Social 07 a 10/12/2003
III Conferência Nacional de Assistência Social 04 a 07/12/2001
II Conferência Nacional de Assistência Social 09 a 12/12/1997
I Conferência Nacional de Assistência Social 20 a 23/11/1995

Fonte: Brasil – Conselho Nacional de Assistência Social (online).

Material Complementar
Professora Esp. Silviane Del Conte Curi

II
GESTÃO E

UNIDADE
DESENVOLVIMENTO DO
SUAS: INSTRUMENTOS DE
GESTÃO

Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer os instrumentos de gestão do SUAS, as origens e as bases
legais
■ Aprender sobre o papel do Plano de Assistência Social enquanto
ferramenta.
■ Perceber o aspecto relevante que o inanciamento ocupa na
concretização de uma política pública.
■ Reletir sobre a contribuição das ferramentas de informação,
monitoramento e avaliação do SUAS à Política Pública de Assistência
Social.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Instrumentos de Gestão do SUAS
■ Ferramentas de Informação, Monitoramento e Avaliação do SUAS
■ O Relatório Anual de Gestão
■ SAGI – Secretaria de avaliação e gestão da informação
49

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo a mais uma etapa na construção do seu conhe-
cimento. Estudamos, na unidade I, as origens do SUAS, as suas atribuições e
estrutura. Buscaremos, na unidade II, conhecer os instrumentos de Gestão e fer-
ramentas utilizadas pelo Sistema de Assistência Social para garantia de direitos e
proteção social, bem como os sistemas utilizados para reter, administrar e dispo-
nibilizar as informações e os dados coletados dos serviços e benefícios disponíveis
na assistência social, parte integrante da Política Nacional de Assistência Social.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A reduzida citação bibliográica utilizada se dá devido ao fato de estarmos nos


valendo de documentos legais que embasam a Política Nacional de Assistência
Social e o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, de forma mais imparcial
possível, para que cada acadêmico(a) que faça uso do material tenha condições
de fundamentar suas próprias avaliações acerca dos instrumentais disponíveis
e na proposição de novas alternativas para o desaios que ainda persistem, para
a garantia dos direitos sociais básicos. Muitas das informações disponibiliza-
das aqui são de origem de órgãos governamentais, bem como do próprio MDS.
Os instrumentos listados nesta unidade não se referem, apenas, à gestão,
como um instrumento administrativo, gerencial. Mas traz, para dentro do SUAS,
a Gestão de forma ampla, tratando da Gestão do Plano, do orçamento e da
Informação, monitoramento e avaliação com vista para produção de qualidade
nos serviços ofertados e na capacitação e qualiicação proissional.

Introdução
50 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO SUAS

Para tratarmos de instrumentos de gestão, vamos dar início a uma apresentação


sobre os papéis desenvolvidos pelos entes federados no que diz respeito à assis-
tência social. Alicerçados nas publicações do MDS, consideramos para o SUAS
quatro tipos de gestão, que ocorrem no âmbito da União, do Distrito Federal,
dos estados e dos municípios.
A gestão no âmbito da assistência social tem por objetivo contribuir na conso-
lidação dos direitos sociais, trata-se da administração das demandas advindas da
sociedade que expressam as necessidades da população. A formulação das políticas
públicas, a implementação da política social, dos programas e dos projetos de cunho
sócioassistencial são considerados os canais, os meios, de resposta às demandas sociais
(KAUCHAKJE, 2012, p. 22- 25). Nesse sentido, Kauchakje (2012, p. 26) conclui que,
Há uma íntima articulação entre as ações que visam assegurar direitos
sociais, tais como políticas públicas, programas, projetos e serviços so-
ciais destinados à população como um todo (universalidade) e a gru-
pos sociais especíicos (priorização social).

Essa articulação acontece já na distribuição das atribuições das esferas de governo,


situação em que cada uma assume seu papel na elaboração, coordenação, exe-
cução, monitoramento, avaliação dos planos, programas, projetos e serviços na
área da assistência social.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


51

Nesse sentido, compete a cada esfera realizar as atividades concernentes


as suas responsabilidades pactuadas. A cargo da União, cabe a formula-
ção, apoio, articulação e coordenação das ações, enquanto que os estados
estão incumbidos da gestão da assistência social em seu âmbito, com base
na NOB/SUAS.
Já para a gestão municipal, a habilitação ao SUAS pode acontecer por meio
de um dos três níveis, gestão inicial, básica e plena, cada nível deine a ampli-
tude das ações de assistência que o município irá assumir e cada nível amplia o
alcance da ação. Por exemplo, a gestão inicial é para os municípios que tenham
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

conselho em funcionamento, seus fundos e planos municipais de assistência


social criados e executem as ações da Proteção Social básica, com recursos pró-
prios, já no nível de gestão plena, gere totalmente as ações socioassistenciais.
Quando um município não se habilita, os recursos federais icam à disposição
da gestão estadual (MDS, 2015).
O SUAS conta, na sua metodologia de gestão, com instâncias de pactuação,
que recebem o nome de Comissão Intergestoras Tripartite - CIT e Comissão
Intergestora Bipartite - CIB. Tais comissões articulam nos três níveis de governo
as suas demandas, negociando questões operacionais e intercambiando infor-
mações para efetivação da descentralização prevista no modelo de gestão do
SUAS. As CITs articulam a organização e a gestão do sistema entre as três esfe-
ras, e as CIBs entre estados e municípios sempre considerando as deliberações
dos Conselhos de Assistência Social na respectiva esfera. As pactuações dei-
nidas são encaminhadas ao Conselho Estadual/Municipal e para CNAS para
registro e cientiicação.
Com base nisso, trataremos dos assuntos que envolvem os instrumentos de
gestão do SUAS, retomando a discussão sobre a participação, pois o “modelo
de organização institucional e distribuição de responsabilidades, e ao conjunto
de mecanismos jurídicos e políticos, instrumentos técnicos, ferramentas infor-
macionais e processos administrativos”, (MDS, 2015) está atrelado à questão
essencial de corresponsabilidades dos envolvidos, na execução, eiciência, ei-
cácia  e efetividade do conjunto de ações qualiicadas nos serviços, programas,
projetos, benefícios e transferências de renda.

Instrumentos de Gestão do Suas


52 UNIDADE II

A execução da tarefa de controle social deve reletir a participação e a coges-


tão do sistema, deinida a partilha do poder e a democratização de decisões,
estas necessitam ter suas determinações em esfera populacionais, possibi-
litando iscalização e controle pela população nas decisões e ações nos três
níveis de governo.  A aplicação dos princípios constitucionais, da legalidade,
impessoalidade, publicidade e eiciência, de gestão pública direta e indireta,
também pautam a gestão do SUAS no cumprimento do art. 6º da Lei Orgânica
da Assistência Social, de nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993, que deine os
objetivos do SUAS, seguem:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I. consolidar a gestão compartilhada, o coinanciamento e a coopera-
ção técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, ope-
ram a proteção social não contributiva; 
II. integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e
benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C; 
III. estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organiza-
ção, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência so-
cial;

IV. deinir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e


municipais; 

V. implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na as-


sistência social; 
VI. estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e 

VII. aiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos, (BRA-


SIL 1993).

Tais objetivos são alcançáveis, desde que sejam utilizados instrumentos de ges-
tão, enquanto ferramentas de planejamento, de ordem técnica e inanceira da
PNAS e do SUAS, nos três níveis de governo. Embora haja previsão constitu-
cional para a integração do planejamento e do orçamento público, na esfera da
PNAS, a NOB/SUAS - 2005 inclui outros instrumentos de gestão ao SUAS, iden-
tiicando-os como o Plano de Assistência Social, o Orçamento da Assistência
Social, a Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação, e o Relatório Anual

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


53

de Gestão, tendo como parâmetro o diagnóstico social e os eixos de proteção


social, básica e especial (NOB/SUAS, 2005). Nesse sentido,
A gestão do SUAS, portanto, está relacionada ao:

a. processo técnico e político por meio do qual as ações acima referidas


são formuladas e implementadas;

b. modelo de organização institucional e distribuição de responsabi-


lidades entre atores, instituições e unidades da federação quanto ao
processo de planejamento, inanciamento, execução, monitoramento e
avaliação da política pública;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

c. conjunto de mecanismos jurídicos e políticos, instrumentos técnicos,


ferramentas informacionais e processos administrativos, mobilizados
pelos diversos atores que atuam na área – gestores, técnicos, conselhei-
ros etc. – visando garantir a efetividade das ações e o seu controle pela
sociedade (BRASIL, 2005).

Os mecanismos, instrumentos e ferramentas listados embasam a formulação, a


implementação, o controle, o monitoramento e a avaliação das ações e das deci-
sões no processo de gestão compartilhada.
Com base no art. 6º da LOAS, texto incluído pela Lei 12.435, de 2011, no
“§ 2º  O Suas é composto pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de
assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social abrangi-
das por esta Lei". Uma equipe que transcende a base técnica e une, em desaio,
gestores, representações governamentais e da sociedade civil (nos espaços de
controle social - os conselhos), cada qual com sua parcela de responsabilidade
na garantia da efetividade da ação e no controle da aplicação dos recursos para
a sua implementação.
Considerando isso, iremos saber um pouco mais a respeito dos Instrumentos
de Gestão do SUAS, a saber: o Plano de Assistência Social, o Orçamento da
Assistência Social, a Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação
e o Relatório Anual de Gestão.
Convidamos-lhe para uma pesquisa mais atenta sobre os instrumentos de
gestão no livro O Sistema Único de Assistência Social no Brasil (SUAS): uma
realidade em movimento.

Instrumentos de Gestão do Suas


54 UNIDADE II

Instrumentos de gestão merecem uma atenção especial, por se tratar de fer-


ramentas administrativas que muitas vezes o proissional de serviço social
não tem o hábito de estudar cabe uma apreciação, pois precisamos ter acesso
a este conhecimento para fazer jus à uma boa gestão. Na assistência social,
cabe muito bem o conhecimento sobre administração e gestão, no âmbito
público e privado. No que se refere ao âmbito público, para agregar condições
de exercer sua função, seja qual for, pautando-se em condições concretas de
execução. Se, no âmbito privado, para fazer frente às demandas sociais, que
nos deparamos no cotidiano das associações sem ins lucrativos, que muito

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
carecem de proissionalizar-se, para manter-se ativas, e inclusive em empresas
de cunho comercial, pois todo espaço que haja um ser humano, é espaço de
intervenção do serviço social, para melhoria das condições de acesso a direi-
tos, e para melhoria das condições de trabalho e de vida.
Fonte: o autor.

O PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Como vimos, com base na


NOB/SUAS, o Plano de
Assistência Social é uma das
ferramentas de planejamento
técnico e inanceiro da PNAS
e do SUAS, é um instrumento
de gestão que organiza, regula
e norteia a execução físico e
inanceira da PNAS. Pautado
no princípio democrático e participativo, deve ser submetido à aprovação do res-
pectivo Conselho de Assistência Social e sua elaboração é de responsabilidade do
órgão gestor da política.  Esse instrumento deve ser capaz de propor estratégias de
intervenção na realidade social, política, econômica e cultural, eicazes e eicien-
tes, priorizando investimentos e aplicação de recursos que traduzam, na prática,
os objetivos estabelecidos pela relação de parceria e do compromisso social entre
o poder público e a sociedade civil, materializando-os.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


55

A Resolução nº182, de 20 de julho de 1999, “explicita procedimentos opera-


cionais proporcionando avanços no processo de municipalização das ações de
assistência social”, determina, em seu art. 1º, que os Planos de Assistência Social,
nos Estados e nos Municípios abranjam períodos regulares de governo, serão
plurianuais, construídos para o espaço temporal de 4 anos, sendo executado a
partir do segundo ano de mandato da gestão governamental que o elaborou e
concluído no primeiro ano da gestão seguinte. A Resolução prevê, ainda, que,
anualmente, os Planos de Assistência Social poderão receber ajustes necessários,
desde que aprovados pelos respectivos Conselhos de Assistência. Entretanto a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cada dois anos, os Estados estarão obrigados a realizar os ajustes nos seus planos,
com base nas alterações decorrentes da mudança de gestão municipal. Determina,
inclusive, que os Relatórios de Gestão serão sempre anuais.
A estrutura do Plano é composta por informações que justiiquem as inter-
venções propostas, conta com: a caracterização da rede de assistência; os objetivos
gerais e especíicos; as diretrizes e prioridades deliberadas; as ações estratégicas
correspondentes para sua implementação; as metas estabelecidas; os recursos
materiais, humanos e inanceiros disponíveis e necessários; os mecanismos e
fontes de inanciamento; a cobertura da rede prestadora de serviços; o monito-
ramento e avaliação; o espaço temporal de execução.
O Plano é um instrumento que faz parte de um processo, que só assumirá relevân-
cia política e seu papel democrático-participativo se tiver
condições reais de fomentar o debate sobre as ações
da área da assistência social. Precisa produzir dados
consistentes sobre as demandas sociais, com base
em questionamentos sobre o alcance
dessas ações. As ações propostas
e sua previsão orçamentária estão
garantidas nos artigos 203 e 204,
porém a exigência de instituição dos
planos nas esferas de governo está
descrita entre as condições de repasse
de recursos, do art.30 da LOAS/93.

Instrumentos de Gestão do Suas


56 UNIDADE II

O ORÇAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

O inanciamento da Política de Assistência Social tem sua deinição durante o


processo de planejamento da gestão nas três esferas de governo e se expressa
nos instrumentos de gestão orçamentária, o Orçamento Plurianual e anual.
Ferramentas que garantem o registro e a projeção das receitas de forma clara,
bem como a autorização dos limites de gastos em projetos e atividades propos-
tas pelo órgão gestor e aprovados pelos conselhos, tendo por base os princípios
legais orçamentários. A Assistência Social possui estreita relação com os docu-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mentos orçamentários, uma vez que se faz necessário conhecer os tramites para
solicitar e acessar recursos inanceiros a cada ação proposta na área. O docu-
mento conhecido como orçamento se desmembra em PPA (Plano Plurianual),
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e LOA (Lei Orçamentária Anual) e é
imprescindível para a concretização dos objetivos da PNAS.
A forma de inanciamento é um dos aspectos mais relevantes para a concreti-
zação de uma política pública, pois ela delineia como serão providos, distribuídos e
aplicados os recursos necessários para a sua execução, respeitando as diversidades
das regiões abrangidas. Nesse sentido, as políticas públicas de seguridade devem ser
inanciadas com a participação de toda a sociedade, com a utilização de recursos
oriundos dos orçamentos das três esferas de governo e das diversas contribuições
sociais. No que concerne à assistência social, o art. 24. da CF/88 atribui que é com-
petência da União, dos Estados e do Distrito Federal legislar concorrentemente,
inclusive, sobre o orçamento. E todo o processo de construção orçamentária, exe-
cução e prestação de contas deve ser transparente e acessível à sociedade.
Os recursos são alocados em seus respectivos orçamentos e repassados via
fundo. Os recursos federais para o coinanciamento da assistência social são alocados
no Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), no caso dos estados, municí-
pios e Distrito Federal, estes alocam em seus respectivos fundos, como unidades
orçamentárias. Quando da execução de serviços socioassistenciais de caráter conti-
nuado da PNAS, os recursos têm sua transferência automática e regular aos fundos
regionais e locais. Já para o apoio a projetos e programas de duração determinada,
os recursos têm sido repassados por meio de convênios e contratos de repasse.
Os contratos de repasse tem como agente inanceiro a Caixa Econômica Federal.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


57

O artigo 30-A, da LOAS/93, conirma a forma de transferência automática entre


os fundos de assistência social no SUAS, para o “coinanciamento dos serviços, pro-
gramas, projetos e benefícios eventuais, no que couber, e o aprimoramento da gestão
da política da assistência social”, desde que haja a alocação de recursos próprios
nesses fundos nas três esferas de governo. Enquanto que a NOB/SUAS “deine as
condições gerais, os mecanismos e os critérios de partilha para a transferência de
recursos federais para o Distrito Federal e os estados e municípios” (MDS/2015).
O controle e o acompanhamento dos serviços, programas, projetos e bene-
fícios cabe ao ente federado responsável pela utilização do recurso do respectivo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fundo, sem depender de ações do órgão repassador dos recursos. As informações


sobre a aplicação dos recursos advindos dos fundos de assistência social pode-
rão ser solicitadas pelos entes transferidores para análise e acompanhamento de
sua utilização (LOAS/93, artigos 30-B e 30-C).

Você pode se inscrever nos cursos da Escola Nacional de Administração Pú-


blica - ENAP e aprender muito sobre os instrumentos e processos de gestão
pública. A título de exemplo, segue a imagem da página de internet do curso a
distância, em Orçamento Público: conceitos básicos, que é o assunto de nossa
discussão mais recente.

Fonte: a autora.

Instrumentos de Gestão do Suas


58 UNIDADE II

A GESTÃO DA INFORMAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Considerando o fato de que


a informação é uma fer-
ramenta essencial para a
consolidação do SUAS, a
gestão dessas informações
organiza e compila os dados
disponíveis, subsidiando a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
política de assistência social
desde seu planejamento até
a avaliação de suas ações. A
gestão da informação pro-
duz condições estruturais
conforme a determinação
da NOB/SUAS/2005, efetivando-se nos termos da Rede SUAS.
A gestão de informação tem como objetivo produzir condições estruturais
para as operações de gestão, monitoramento e avaliação do SUAS, conforme a
determinação da NOB/SUAS – 2005. E, para que se cumpra, a avaliação tornou-
-se um desaio embasada no dever ético, na questão estratégica para proposição
e manutenção de políticas públicas, programas, projetos, serviços e benefícios,
sendo, dessa forma, essencial para a captação, a ordenação e a aplicação de recursos.
O monitoramento e o acompanhamento da proposição e execução de pro-
gramas, projetos, atividades e benefícios, estrategicamente, garante melhores
padrões de avaliação de execução, de desempenho e de resultados. Possibilita
alterações de curso de uma proposta durante sua execução para que se obtenham
os resultados esperados, superiores aos previstos, ou mesmo que garantam o
alcance dos resultados mínimos previstos, diante de intercorrências. Esse instru-
mento é imprescindível, pois tem a capacidade de detectar problemas ou desvios
no desempenho de uma ação, projeto ou programa, permitindo ações correti-
vas durante sua execução.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


59

Para que essa fase se concretize, é necessário que se construa um sistema


contendo as informações técnicas e operativas de cada parte do processo, acompa-
nhando toda a execução. A avaliação atribui valores para que se possa mensurar
o grau de eiciência, eicácia e efetividade de políticas, programas e projetos
sociais, identiicando os processos, acompanhando os resultados, comparando
desempenho e propondo novas alternativas. A avaliação sistemática é de grande
relevância para que uma política pública atenda às necessidades sociais e deve ser
um processo permanente, desde a gênese de uma proposta até após sua conclusão.
Uma proposta de avaliação participativa necessita ter em seu processo todos os
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

envolvidos, considerando beneiciários, gestores, parceiros, inanciadores, equipe


técnica e equipe executora. Promovendo a aprendizagem social e a relexão da
ação pelos atores envolvidos. Os parâmetros
de avaliação mais comuns são a eiciência,
que corresponde ao custo do projeto; a eicá-
cia, que mede se o projeto/ação foi capaz de
alcançar os objetivos e se efetuou as correções
necessárias, é uma medida da relação entre
os meios utilizados e os ins obtidos; a efeti-
vidade, que é medida pelas alterações reais
e signiicativas na vida dos beneiciários da
ação, pode ser mensurada, no comparativo
do antes e depois do projeto/ação/programa.
O valor usado para medir, avaliar e acom-
panhar a evolução e os resultados é dado pelos
Indicadores de avaliação. Esses indicadores
devem ser pautados nos objetivos e, para sua
deinição, precisam considerar a capacidade real desse indicador medir aquilo a
que se propôs, se a qualidade dos dados produzidos garante a construção de um
indicador, se é de fácil compreensão e se ele expressa as características essenciais e
as mudanças e resultados esperados. Ou seja, indicadores que garantam a validade,
a coniabilidade, a simplicidade, a seletividade, a sensibilidade e a especiicidade.

Instrumentos de Gestão do Suas


60 UNIDADE II

Essas informações/resultados fornecidos pelo indicador devem ser sólidos,


claros, os dados precisam, realmente, representar de forma clara a realidade posta,
sem gerar dúvidas posteriores. O indicador deve exempliicar claramente uma rea-
lidade social, permitindo sua comparação futura, para acompanhar as possíveis
mudanças nessa mesma realidade e para que os documentos e relatórios produ-
zidos expressem todos os pontos da realidade em que se efetuou a intervenção.
A alocação e a execução dos recursos inanceiros, atrelados às atividades
propostas, precisam ser claros à população, aos técnicos, à sociedade como um
todo, uma vez que conhece o seu processo de aplicação e o seu destino. E, no

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
processo de participação popular, cabe ao cidadão, iscalizar como o governo
aplica e deine suas diretrizes orçamentárias.
No que diz respeito aos contratos irmados entre entes públicos, ou mesmo
de entes públicos com entes privados, o Art. 70 da CF/88 atribui que a iscaliza-
ção contábil, inanceira, orçamentária, operacional e patrimonial, no que se refere
à legalidade, à legitimidade e à economicidade, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo e sistema interno de cada Poder. O seu
parágrafo único deine que:
Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens
e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária (CF/88).

No que concerne à gestão das ações e aplicação dos recursos, no âmbito do


SUAS, essas são negociadas e pactuadas nas Comissões Intergestores Bipartite
e Tripartite, mas tais procedimentos são acompanhados e aprovados pelos res-
pectivos Conselhos, com vistas ao controle social.
Abordamos, nesse tópico, os instrumentos de informação, monitoramento e
avaliação que precisam ser aliados e organizados sistematicamente, propiciando
à sociedade, aos executores e aos elaboradores da ação, da proposta, meios de
perceber caminhos de participação. A informação e o acesso a essa se faz essen-
cial para o exercício amplo da cidadania, conhecendo os caminhos percorridos
pelos recursos públicos no atendimento de demandas sociais.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


61

FERRAMENTAS DE INFORMAÇÃO, MONITORAMENTO


E AVALIAÇÃO DO SUAS

Conheceremos, nos tópicos a seguir, as ferramentas de informação, monito-


ramento e avaliação do Sistema Único da Assistência Social. Tais ferramentas
são responsáveis pela sistematização dos dados e produção de relatórios para o
acompanhamento do desenvolvimento e resultado das ações e atividades desen-
volvidas pela rede socioassistencial, garantindo, desse modo, uma avaliação
constante e redirecionamento das propostas, com base nos impactos produzi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dos no âmbito do SUAS.

REDE SUAS

O SUAS possui um sistema que auxilia na gestão, monitoramento e avaliação


das atividades, contando com parâmetros inanceiros e gerenciais, esse sistema
recebe o nome de REDE SUAS. Com base nas informações do MDS (2015), esse
sistema nasce da necessidade de ampliar a comunicação no âmbito das informa-
ções do SUAS e o acesso a dados no que diz respeito à implementação da PNAS,
atua como instrumento de gestão, organizando a produção, o armazenamento,
o processamento e a disseminação dos dados. Pautado nessas funções, oferece
suporte à operação, inanciamento e controle social do SUAS, contribuindo na
questão legal da transparência das ações e aplicação dos recursos, pautado na
gestão da informação, por ser um sistema composto por ferramentas de registro
e divulgação das informações sobre os programas, serviços e benefícios socioas-
sistenciais. Com base nas informações disponibilizadas no site do próprio MDS
(2015), “a Rede SUAS não se resume à informatização ou instalação de aplicati-
vos, mas airma-se também como uma cultura a ser disseminada na gestão do
controle social”. Tendo o Sistema Nacional de Informações do SUAS – Rede SUAS
a inalidade de organizar produção, armazenamento, processamento e a disse-
minação dos dados e da informação, disponibilizando-os na ótica da garantia
da cidadania. Esse sistema subsidia decisões, “à operacionalização, à gestão, ao
inanciamento e ao controle social do SUAS” (MDS, 2015).

Ferramentas de Informação, Monitoramento e Avaliação do Suas


62 UNIDADE II

Os sistemas que compõem a REDE SUAS estão apresentados na imagem abaixo:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: Brasil – Ministério do Desenvolvimento Social (online).

Dos sistemas componentes da REDE SUAS, cada qual tem uma funciona-
lidade e são disponibilizados para preenchimento de informações aos órgãos
públicos e Conselhos que tenham autorização prévia, com login e senha válidos.
O CadSUAS é o Sistema de Cadastro do SUAS, em funcionamento desde o ano
de 2008, e é abastecido com informações cadastrais da Rede Socioassistencial,
dos Órgãos Governamentais e Trabalhadores do SUAS, por meio de módulos
de preenchimento.
Para a Rede Socioassistencial, temos o Cadastro do CRAS, do CREAS e de
outras Unidades Públicas de atendimento social. No que diz respeito aos Órgãos
Governamentais, são efetuados o cadastro do Conselho Estadual/Municipal de
Assistência Social, o Cadastro do Fundo Estadual/Municipal de Assistência Social,
o Cadastro dos Governos Estaduais, o Cadastro de Prefeituras, o Cadastro do
Órgão Gestor, ou seja, da Secretaria Municipal/Estadual de Assistência Social, e
cadastra, também, outros entes, como Autarquias, Câmaras e Assembleias. Para
esses cadastros, é necessário login e senha e só pode ser preenchido por pes-
soas autorizadas.
Para Cadastrar os trabalhadores do SUAS, existe o cadastro de pessoa física
realizado pelo órgão gestor que, para acesso, preenche login e senha, informa

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


63

o quadro funcional, registrando os trabalhadores do SUAS. Já o resultado pode


ser visualizado/consultado por qualquer pessoa, sem a necessidade de login e
senha. A Consulta a parcelas pagas pode ser feita por qualquer cidadão, sem
necessidade de login e senha, basta acessar “Parcelas Pagas Público” e preen-
cher os campos de busca.
O SUASWEB é especíico para gestão do SUAS, trás informações sobre o
Plano de Ação, contemplando o planejamento das ações coinanciadas; sobre o
Demonstrativo Sintético de Execução Físico-Financeira (esse relatório é preen-
chido pelo gestor e aprovado pelo conselho, com login e senha individualizada),
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

com informações resumidas, prestando contas de um determinado período e res-


pectivos recursos utilizados; sobre a consulta a dados inanceiros, contas, repasses
e saldos dos entes públicos; sobre a consulta à base cadastral dos beneiciários
do Benefício de Prestação Continuada - BPC. Esse sistema realiza integração
com outros sistemas e bases de dados da Rede SUAS. Todo município deve ter
acesso para preenchimento do sistema.
O Benefício de Prestação Continuada - BPC tem um sistema de nome, BPC
na escola, que é alimentado pelo gestor com login e senha, e trata-se de um pro-
grama para acompanhamento e monitoramento do concretização do acesso e
permanência de crianças com deiciência na escola.
O GEO SUAS integra dados e mapas, um sistema de georreferenciamento
que, com seus relatórios e indicadores, subsidia as decisões no processo de ges-
tão da PNAS. Esse sistema pode ser acessado por qualquer cidadão para obter
informações sobre Unidades e Equipamentos, sobre a Matriz de Informações
Sociais que gerencia programas/ações e serviços conduzidos pelo MDS entre
outras ferramentas de acompanhamento, e não é exigido login e senha. Essa
ferramenta, por produzir relatórios e publicá-los, é componente do Sistema de
Informação do SUAS.
Aliado ao GEO SUAS, temos o INFO SUAS, sistema que, também, pro-
duz as informações e as disponibiliza à população, mas essas dizem respeito
aos repasses atuais e anteriores (de execução) de recursos inanceiros ao Fundo
Nacional de Assistência Social e aos Fundos Estaduais e Municipais de Assistência
Social. Conhecido como Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de
Assistência Social.

Ferramentas de Informação, Monitoramento e Avaliação do Suas


64 UNIDADE II

Para acompanhar e gerir o Projovem adolescente, a Rede SUAS tem o


SISJOVEM, que subsidia as tomadas de decisão dos gestores de assistência
social, das três esferas de governo, oferecendo informações detalhadas e conso-
lidadas sobre a execução do serviço.
Para administrar a implantação de uma Política de senhas para os sistemas
da Rede SUAS, foi criado um modelo descentralizado para acesso aos sistemas,
cuja deinição de parâmetros de acesso é deinida com base no peril deinido
pelo gestor e na esfera a que este está vinculado (gestores estaduais, municipais
e do Distrito Federal). Esse modelo de sistema responsável pela gestão do acesso

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a Rede SUAS é denominado SAA - Sistema de Autorização e Autenticação.
Na Rede SUAS, existem, ainda, outros sistemas vinculados. Os sistemas para
preenchimento e informações dos Termos de Aceite referentes aos programas
Brasil sem miséria; CapacitaSuas; Sispeti; Termo de Aceite 2013, e, inclusive, o
Plano de Ação e CNEAS dependem de cadastro prévio do gestor para emissão
de login e senha. Somente dessa forma, os campos para abastecimento das infor-
mações que comporão o relatório estarão disponíveis. Eles são instrumentos de
planejamento e acompanhamento.
O sistema comporta, também, a solicitação da Carteira do idoso, que é reali-
zada pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), desde que o idoso
já tenha seus dados inseridos no Cadastro Único e um número de NIS (Número
de Identiicação Social) válido.
No que se refere ao monitoramento e avaliação, o sistema possui alguns ins-
trumentos sistematizados que possibilitam a visualização de informações sobre
repasses de recursos na área da assistência social. Essas informações estão dis-
poníveis no ícone de sistema: Parcelas Pagas Público.
O acompanhamento e a gestão do Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos - SCFV, é efetuado por meio do SISC - Sistema de Informações do
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O preenchimento de infor-
mações referentes a esse serviço é de responsabilidade do gestor municipal de
assistência social, que acessa o sistema por meio da inserção do seu CPF. Todos
esses sistemas têm suas descrições e acessos no próprio site do MDS.
A percepção clara dos resultados obtidos pelos serviços de assistência social
é dada pelo monitoramento constante, que inluencia no direcionamento da

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


65

PNAS e seu aperfeiçoamento acontece de forma articulada entre o MDS, esta-


dos e municípios, com base no processo sistemático e informatizado de coleta e
análise de informações, por meio de questionários eletrônicos e um conjunto de
ferramentas de acesso e visualização das informações validadas, que estão dis-
poníveis no CENSO SUAS, que é alimentado pelos CRAS, desde o ano de 2007,
e pelos CREAS, desde 2008. Essa ferramenta é de uso restrito dos gestores nas
esferas de governo e pretende “priorizar a deinição de um processo sistemático
de monitoramento das unidades de prestação e organização dos serviços socio-
assistenciais” (MDS/CENSO SUAS, 2015) ofertados pelas unidades do SUAS,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

acompanhando continuamente essas unidades, no que se refere a equipamen-


tos e serviços.
Com base no Censo anual, é elaborado o diagnóstico e atualizado os equi-
pamentos de referência, CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e
CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), sobre a infra-
estrutura, serviços, recursos humanos, articulação e outras avaliações.

Para o exercício proissional do assistente social qual a importância do diag-


nóstico produzido pelos instrumentos de informação, monitoramento, con-
trole e avaliação do SUAS? E, para os beneiciários dos serviços, altera sua
realidade?

GESTÃO DESCENTRALIZADA

No que se refere à Gestão Descentralizada, ela ocorre por meio dos quatro tipos
de gestão do SUAS: da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios.
Sendo a União responsável pela formulação, apoio, articulação e coordenação
das ações, “com base nas propostas das Conferências Nacionais e as delibera-
ções e competências do Conselho Nacional de Assistência Social” (NOB/SUAS
2005). No caso da esfera Estadual, esta gere a assistência social no seu âmbito de

Ferramentas de Informação, Monitoramento e Avaliação do Suas


66 UNIDADE II

competência, sendo - lhe auferida entre as suas responsabilidades, a de organi-


zar, coordenar e monitorar o Sistema Estadual de Assistência Social, em todos os
seus aspectos, prestando apoio técnico aos municípios na estruturação, implan-
tação e avaliação dos programas, projetos, serviços socioassistenciais. Já para a
gestão dos municípios, ela comporta três níveis possíveis, inicial, básica e plena,
cada nível, gradativamente, assume responsabilidades sobre atendimento dos
requisitos mínimos do art. 30, da LOAS e seu parágrafo único e alocação e exe-
cução de recursos inanceiros próprios no Fundo de Assistência Social para as
ações de Proteção Social Básica.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O artigo 8º da NOB/SUAS/2012 (Norma Operacional Básica do Sistema
Único de Assistência Social, editada em 2012) deine parâmetro de fundamen-
tação do SUAS como sendo a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, e delimita “respectivas competências e responsabilida-
des comuns e especíicas, que são descritas nos parágrafos e artigos seguintes,
do referido documento” (MDS, 2015).

IGD-SUAS - ÍNDICE DE GESTÃO DESCENTRALIZADA DO SISTEMA


ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Esse instrumento mede a qualidade da “gestão descentralizada dos serviços,


programas, projetos e benefícios socioassistenciais, bem como da articulação
intersetorial no âmbito dos municípios, Distrito Federal e estados” (MDS, 2015).
Com base nos índices auferidos sobre os resultados obtidos, a União deine o
apoio inanceiro para o aprimoramento da gestão. Esse índice varia de 0 (zero)
a 1 (um), denotando a qualidade da gestão do SUAS, quanto maior o índice,
maior será o incentivo inanceiro, mas leva em conta o teto orçamentário e
inanceiro, não ultrapassando-o. Entretanto, para receber o IGDSUAS, devem
ter valor maior que 0,2.
A ferramenta possui dois meios para o repasse, o primeiro é o IGDSUAS-M
(Índice de Gestão Descentralizada dos Municípios), que deve ser aplicado aos
municípios e DF, já o IGDSUAS-E (Índice de Gestão Descentralizada dos Estados)
será aplicado aos Estados.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


67

Todavia, para estar apto a essa avaliação de índice, os Municípios, Distrito


Federal e Estados, precisam aderir e se habilitar ao SUAS, conforme a deinição
da NOB/SUAS. No caso dos municípios, a habilitação acontece em três níveis
de gestão: inicial, básica ou plena. Os Estados e DF devem elaborar o Plano do
Pacto de Aprimoramento da Gestão Estadual e do DF e sua Pactuação em CIB
ou em CIT para estarem habilitados.

VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A vigilância socioassistencial tem por objetivo produzir e sistematizar informa-


ções territorializadas sobre situações de vulnerabilidade e risco a que as famílias
e indivíduos estejam sujeitos, considerando todas as etapas da vida do cidadão.
Realiza, ainda, o acompanhamento dos padrões de oferta dos serviços. Trata-se
de uma ferramenta de gestão, inserida na área de gestão da informação que, com
o acompanhamento e análise de informações sobre a execução e resultados dos
programas sociais, subsidia planejamento, supervisão e execução dos serviços
socioassistenciais, pautando-se em dados e indicadores resultantes das análises
de dados do Cadastro Único de Programas Sociais. Com base nisso, sua estrutura
está dividida em dois eixos: o de Vigilância de Riscos e o de Vulnerabilidades e
Vigilância de Padrões e Serviços, que se articula para denotar violações da prote-
ção social e para caracterizar a rede de atendimento e proteção, que disponibiliza
os serviços (MDS/2015).
Para fazer frente as suas atribuições, essa ferramenta conta com instrumentos
que lhe fornecem os dados. Nesse sentido, são instrumentos de vigilância socio-
assistencial os prontuários; o protocolo de gestão integrada; o relatório mensal
de atendimento do CRAS, do CREAS e do Centro POP; o Censo SUAS que já
estudamos no início desta unidade.
O Registro Mensal de Atendimento – RMA “deine o conjunto de infor-
mações que devem ser coletadas, organizadas e armazenadas pelas unidades”,
mede a demanda e a qualidade do serviço ofertado pela rede de atendimento.
O Prontuário SUAS orienta os proissionais na organização das informa-
ções referentes ao acompanhamento das famílias e indivíduos referenciados

Ferramentas de Informação, Monitoramento e Avaliação do Suas


68 UNIDADE II

e atendidos em cada serviço. Documento que deve permanecer armazenado


organizadamente na unidade de atendimento, registra todo o processo de aten-
dimento, encaminhamento e retomadas de cada atendido e famílias, construindo
o histórico de vida (MDS, 2015).
O Protocolo de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências
de Renda no âmbito do SUAS deine as competências dos entes federados, nor-
teia os procedimentos de acompanhamento dos beneiciários pelos serviços e
determina o luxo de informações na identiicação das demandas dos territórios.
Esse instrumento possui ferramentas que auxiliam na sua operacionalização,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que são: o Sistema de Gestão de Condicionalidades do Programa Bolsa Família
(SICON) e o Sistema do Programa BPC na Escola.

GESTÃO DO TRABALHO

A gestão do trabalho e a educação permanente no âmbito do SUAS têm seus eixos


de atuação delimitados pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do
Sistema Único de Assistência Social (NOB/RH/SUAS). Consolida-se enquanto
instrumento potencializador da formação, qualiicação e regulação dos prois-
sionais do SUAS e tem como parâmetros:
Os princípios éticos para os seus trabalhadores; os princípios e diretri-
zes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS; as equipes
de referência; as diretrizes para a Política Nacional de Capacitação; as
diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salários; as di-
retrizes para entidades e organizações de assistência social; as diretrizes
para o coinanciamento da gestão do trabalho; as responsabilidades e
atribuições do gestor federal, estadual, do Distrito Federal e munici-
pal; as diretrizes nacionais para a instituição de mesas de negociação;
a organização do CADSUAS; e, o controle social da gestão do trabalho
(BRASIL, 2015, online).

A gestão do trabalho, nesse sentido, orienta se na busca e garantia de melho-res


condições de trabalho, renda e atendimento dos/pelos profissionais/serviços
nas esferas governamentais e não governamentais, pois a atuação
profissional é propulsora dos direitos sociais e isso se apresenta na qualidade
dos serviços ofertados aos usuários da assistência social.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


69

A maneira como o SUAS se organiza e executa suas ações são aperfeiçoa-


das e, posteriormente, mensuradas na sua efetividade, eicácia e eiciência por
meio dos instrumentos de informação que estudamos neste tópico. Conhecemos
qual a parcela de responsabilidade de cada esfera de governo no que se refere ao
inanciamento, organização e execução dos programas, projetos e atividades da
assistência social. Todas as informações produzidas, sistematizadas e organiza-
das relativas à execução das atividades, à aplicação dos recursos e à capacitação
da equipe que, quando agrupadas, fornecem o panorama de possibilidades e
necessidades da rede socioassistencial.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O resultado dessa incorporação de informações são dispostas em um relatório


anual, que relete os passos da gestão nos três níveis de governo, respectivamente,
no que diz respeito ao direcionamento inanceiro no período, que estudaremos
no próximo assunto.

O IGDSUAS foi instituído pela Lei nº 12.435/2011, que altera a Lei nº


8.742/1993 (LOAS), regulamentado pelo Decreto nº 7.636 de 07 de dezem-
bro de 2011, pela Portaria nº 337 de 15 de dezembro de 2011 e Portaria
nº 7, de 30 de janeiro de 2012. E, para que você possa compreender como
funciona a Política de senhas da Rede SUAS, consulte a Portaria SNAS nº 15,
de 17 de dezembro de 2010.
Fonte: Brasil (online).

Ferramentas de Informação, Monitoramento e Avaliação do Suas


70 UNIDADE II

O RELATÓRIO ANUAL DE GESTÃO

Nesse relatório, deve constar a aplicação dos recursos, da esfera de governo, por exer-
cício iscal (ano civil) e devem, obrigatoriamente, ser aprovados pelos respectivos
Conselhos de Assistência Social. Traz, de forma sintética, as informações sobre os
resultados obtidos das ações propostas em cada período. Essas informações demonstra-
tivas da execução anual das ações e resultados são divulgadas para garantir o processo
de participação, transparência e como indicador avaliativo da probidade dos gesto-
res do SUAS às instâncias formais do SUAS, aos órgãos de controle e à sociedade.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Trata-se de um instrumento de gestão que é alimentado pelo órgão gestor
e aprovado pelo respectivo Conselho de Assistência Social, que deverá realizar
o acompanhamento e a avaliação da aplicação desses recursos, legitimando o
documento junto ao MDS para garantir a continuidade de repasses e convênios
entre as respectivas esferas de governo.
As ferramentas de informação, monitoramento e avaliação, que tratamos nos
tópicos anteriores, aliadas aos Instrumentos de Gestão do SUAS, são de extrema
relevância para a correta leitura do relatório e consequente garantia e melhoria
da qualidade dos serviços. Traduzem, para os proissionais e para a sociedade,
todo o arcabouço de planos, programas, projetos, serviços e benefícios dispo-
nibilizados à população. Por tal razão, devem ser amplamente divulgados para
efetivar a garantia de acesso à transparência e informação.
Quem organiza tais informações é a SAGI - Secretaria de Avaliação e Gestão
da Informação.

SAGI – SECRETARIA DE AVALIAÇÃO E GESTÃO DA


INFORMAÇÃO

Como já comentamos na unidade I, a SAGI é componente do MDS, como uni-


dade técnica-administrativa. Essa Secretaria desenvolve ações e atividades de
gestão da informação, monitoramento, avaliação e capacitação das políticas e

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


71

programas do Ministério, possibilitando “conhecer o público-alvo, a lógica de


intervenção de seus programas, os problemas e boas práticas de implementação
de suas ações e, naturalmente os resultados e impactos” (MDS, 2015).
Essa Secretaria, com base nas ferramentas de informação que desenvolve,
subsidia técnicos e gestores na gestão diária e no aprimoramento dos progra-
mas e ações da área social. Também promove cursos de capacitação e formação,
visando disseminar as informações e conhecimento produzidos. As informa-
ções produzidas provêm dos formulários e relatórios que são preenchidos pelos
órgãos gestores e conselhos nas três esferas de governo e Distrito Federal, que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

após compiladas, compõem os Boletins Informacionais e Diagnósticos que são


disponibilizados para técnicos, gestores e sociedade.
Agregar informações sobre a execução das ações que integram o SUAS, seus
resultados e impactos é de responsabilidade dessa Secretaria. Mas as informações
idedignas à realidade devem ser subsidiadas por técnicos, gestores e conselhos
das três esferas de governo. Os proissionais responsáveis pelo preenchimento
desses formulários precisam ter ciência da imensa responsabilidade que assu-
mem quando iniciam o fornecimento das informações, pois delas decorrem as
decisões sobre novas ações ou encerramento de outras.
Desse modo, concluímos nesta unidade que é de vital importância que todos
os entes federados garantam o nivelamento básico das condições de gestão, de
informação, do fortalecimento dos Conselhos, da comunicação linear, da capa-
citação e cultura técnica voltada para o planejamento, com base em demandas
territorializadas, respeitando diferenças, conforme preconiza o art. 6º da LOAS,
quanto às ações ofertadas no âmbito do SUAS. Para que as ações sejam execu-
tadas de forma padronizada e por proissionais adequados, existem normativos
e regras a serem seguidas, que tratamos nas unidades, são documentos e orien-
tações que embasam a ação, a informação e a gestão do SUAS, no que se refere
à composição da equipe e capacitação permanente.
Conheceremos, na unidade III, sobre o trabalho social, o trabalho social
desenvolvido no âmbito do SUAS e os trabalhadores que executam as ações.

SAGI – Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação


72 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos mais uma etapa na sua formação. Nesta unidade, conhecemos um


pouco sobre o Plano de Assistência Social como ferramenta de gestão do SUAS e
conirmamos a relevância do proissional conhecer seu prazos e como se organiza
o plano, pois, no exercício proissional, fará uso desse instrumento por diver-
sas vezes, quando da sua elaboração, do acompanhamento das ações previstas e
executadas e na avaliação dessas.
O Plano de Assistência Social carrega consigo a necessidade de agregar sabe-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
res sobre o outro instrumento de Gestão que é o Orçamento. Documento legal,
imprescindível à concretização de uma política pública. Para tanto, faz se neces-
sário saber as origens do inanciamento das ações do SUAS.
Discutir sobre informação, sobre o monitoramento das ações e das infor-
mações de forma constante e sobre a avaliação dos planos, programas, projetos
e atividades no âmbito do SUAS nos trouxe luz a sua real importância na vida
das pessoas que utilizam os serviços da rede socioassistencial. Pois somente ali-
mentando o sistema com informações, relatórios e monitorando o trabalho se
pode avaliar resultados, mensurar a efetividade da Política de Assistência Social,
inclusive para propor novos rumos, novas atividades.
Podemos comparar antes e depois, veriicar resultados e impactos e divulgar
as práticas para que possam ser adequadas e remodeladas, conforme demanda e
peril territorial. Para tanto, faz se necessário que a prática proissional assuma
hábitos, disponha de tempo e recursos humanos suicientes para a sistemati-
zação de dados sobre os atendimentos, encaminhamentos e demandas da rede
socioassistencial para que então se produzam números reais das necessidades e
direitos violados a serem dizimados.
Para que possamos fazer uso dessas ferramentas, além de saber da sua exis-
tência, carecemos de conhecimento e capacitação. Falaremos um pouco sobre os
trabalhadores sociais e o papel destes no âmbito do SUAS na próxima unidade.
Agradeço a companhia!

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO


73

1. Considerando os estudos realizados e com base em kauchakje (2012, p. 22-25), o


que é a gestão no âmbito da assistência social e qual seu objetivo?
2. No que diz respeito à metodologia de gestão, existe no SUAS instâncias de pac-
tuação para deinição e deliberação das ações, que são:
a. CIT, SUAS e NOB.
b. CIB e CIT.
c. NOB e CNAS.
d. CIB e SAGI.
3. Quais são os quatro tipos de Gestão do SUAS?
4. No âmbito de gestão do SUAS, existem ferramentas utilizadas para a informação,
monitoramento e avaliação. Quais são?
O Departamento de Gestão da Informa- Por meio do aplicativo RONI (Registro de
ção (DGI) da SAGI atua na identiicação Oportunidades, Notícias e Inovações), dis-
das necessidades de informação no nível ponibilizado em 2013, é possível inscrever
estratégico e gerencial do MDS, propondo e qualquer nota de interesse de gestores das
desenvolvendo soluções para auxiliar a ges- políticas do MDS para divulgação pública.
tão dos programas e a tomada de decisão. Tal ferramenta tem sido utilizada por
Além disso, o DGI organiza e administra as gestores municipais para divulgar notas
bases de dados dos programas e ações do sobre cursos de qualiicação proissional e
Ministério e desenvolve ferramentas infor- vagas de empregos em suas regiões, assim
macionais para apoiar as atividades de como também pela SAGI e pela Secretaria
monitoramento e avaliação das outras secre- Extraordinária de Superação da Extrema
tarias do MDS. Nos últimos quatro anos, Pobreza (SESEP) para divulgar informa-
mais de 20 ferramentas ou aplicações foram ções sobre suas atividades. Iniciado em
desenvolvidas em parceria com as secreta- 2007 com a Secretaria Nacional de Assis-
rias inalísticas do Ministério. Para o Plano tência Social (SNAS), o Censo do Sistema
Brasil Sem Miséria (BSM), foram desenvolvi- Único da Assistência Social (SUAS) pas-
das ferramentas informacionais especíicas. sou por ampliação signiicativa do escopo
temático investigado nos últimos anos,
Os portais Brasil Sem Miséria no seu Municí- coletando dados de Centros-Pop, Entida-
pio/Estado trazem informações atualizadas des Assistenciais Conveniadas e Unidades
dos programas e ações dos eixos de Garan- de Acolhimento, além da estrutura de
tia de Renda, Acesso a Serviços Públicos e gestão municipal, estadual, conselhos e
Inclusão Produtiva, além de contar com equipamentos. Como desdobramento
vários relatórios de informação relaciona- do Censo foi desenvolvido e introduzido
dos ao Plano. O aplicativo IDV (Identiicação em 2012, o Registro Mensal de Atendi-
de Domicílios Vulneráveis) apresenta mentos, que permite o acompanhamento
mapas de pobreza com dados do Censo periódico dos atendimentos prestados em
Demográico (2010), permitindo localizar, cada um dos CRAS e Centros de Referência
dimensionar e caracterizar, em diferentes Especializada de Assistência Social (CREAS)
escalas, a população em extrema pobreza do país. Essa aplicação acabou criando as
e em outras situações de vulnerabilidade. condições técnicas e operacionais para a
O MOPS (Mapa de Oportunidades e Servi- introdução, ao inal de 2013, do Registro
ços Públicos) é uma aplicação que permite Individual de Atendimentos (RIA). Trata-se
localizar os endereços dos equipamentos de um Prontuário Eletrônico Simpliicado,
da rede socioassistencial, como Centros que permite o registro e armazenamento
de Referência da Assistência Social (CRAS), do histórico dos atendimentos prestados
equipamentos públicos de segurança ali- nas unidades do SUAS e dos encaminha-
mentar e nutricional, postos de saúde, mentos a outros serviços e programas
escolas, além de fornecer informações públicos para cada pessoa usuária, espe-
sobre oportunidades de trabalho e cursos cialmente as inscritas no Cadastro Único
de capacitação proissional. para Programas Sociais.
75

A ferramenta CECAD (Consulta, Seleção ações especíicas. Em 2014, a SAGI lançou o


e Extração de Informações do Cadastro Mapeamento SAN com a Secretaria Nacio-
Único) foi criada em parceria com a Secre- nal de Segurança Alimentar e Nutricional
taria Nacional de Renda da Cidadania (SESAN), que visa investigar os avanços e
(SENARC), em 2011, para permitir acesso desaios na estruturação do Sistema Nacio-
online pelos técnicos e gestores dos três nal de Segurança Alimentar e Nutricional
níveis de governo, aos blocos de informa- nos municípios médios e de grande porte
ções de indivíduos e famílias inscritas no no país, além dos estados. Com o PAA Data,
Cadastro Único. Também permite fazer introduzido em 2011, passou-se a disponi-
extrações de dados de famílias e indiví- bilizar publicamente os dados de produtos,
duos segundo critérios e variáveis deinidas produtores e instituições atendidas pelo
pelo usuário, de modo a atender às deman- Programa de Aquisição de Alimentos.
das de atendimento de públicos-alvo de
Fonte: Balanço online.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO


BRASIL (SUAS): UMA REALIDADE EM MOVIMENTO
Berenice Rojas Couto, Maria Carmelita Yazbek, Maria Ozanira
Silva e Silva e Raquel Raichelis.
Editora: Cortez
Sinopse: este livro apresenta os resultados de uma pesquisa
nacional realizada, entre os anos de 2005 a 2010 sobre
implantação e a gestão do SUAS, voltando seus estudos para a
Política Nacional de Assistência Social.

Caro(a) aluno(a), é relevante para a sua formação proissional que conheça algumas das Portarias
do MDS, que delimitam as responsabilidades sobre o apoio inanceiro para as ações no âmbito
do SUAS. Os recursos são aplicados de que forma? Entre elas, no que refere ao apoio inanceiro à
gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, temos
a Portaria nº 7, de 30 de janeiro de 2012, e a Portaria nº 337, de 15 de dezembro de 2011, para
apoio inanceiro da União a Estados, Distrito Federal e Municípios, destinado ao aprimoramento
dos serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social.
Portaria nº 7/2012, disponível em:
<http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/orientacoes-igdsuas-para-site/legislacao/Portaria%20
No%207%20de%2030%20de%20janeiro%20de%202012%20%20-%20IGD%20SUAS.pdf>. Acesso
em: 20 jul. 2015.

Portaria nº 33/2011, disponível em:


<http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/legislacao-2011/portarias/2011/Portaria_MDS_
No337_2011_IGDSUAS_1aParte.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015.

O MDS publicou um de seus cadernos de orientação, sob o título Planos de Assistência Social:
diretrizes para elaboração, no ano de 2008, foi o último instrumento publicado por esse órgão no
sentido de orientar a construção dos Planos de Assistência Social. Esse caderno está disponível
para leitura e download no link:
<http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia-social-snas/
cadernos/caderno-suas-volume-3-planos-de-assistencia-social-diretrizes-para-elaboracao/
Caderno%20SUAS%20Volume%203%20-%20Planos%20de%20Assistencia%20Social%20
Diretrizes%20para%20Elaboracao.pdf/download>. Acesso em: 20 jul. 2015.
Professora Esp. Silviane Del Conte Curi

III
GESTÃO E

UNIDADE
DESENVOLVIMENTO DO
SUAS: TRABALHADORES DO
SUAS

Objetivos de Aprendizagem
■ Entender trabalho social e como ele é desenvolvido no âmbito do
SUAS.
■ Conhecer a composição mínima da equipe de referência dos serviços
SUAS, as origens de recursos para seu inanciamento e a Política de
Capacitação dos trabalhadores do sistema.
■ Apresentar as atribuições dos proissionais do SUAS nos Serviços
CRAS e CREAS.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ O Trabalho Social
■ Trabalho Social no SUAS
■ Equipes de Referência
■ Equipes de Referência em equipamentos públicos e privados no
âmbito do SUAS
■ Política Nacional de Capacitação
■ Financiamento das Equipes de Referência
■ Atribuições dos proissionais do SUAS nos Serviços de Proteção Social
Básica
■ Atribuições dos proissionais do SUAS nos Serviços de Proteção Social
Especial de Média e Alta Complexidade
■ Conhecimento básico legal essencial ao proissional do SUAS
79

INTRODUÇÃO

Caros(a) alunos(a), prosseguimos com nossos estudos sobre o SUAS e todo o


seu aparato estrutural e legal. Nesse sentido, conheceremos um pouco sobre o
conceito de trabalho social. E, para dar início a essa discussão, falaremos sobre
as origens do Trabalho Social na sua gênese religiosa e de benevolência.
Abordaremos sobre o trabalho social no âmbito do SUAS e as normativas
e prerrogativas legais que instruem sua composição técnica. Para tratarmos do
tema “Trabalhadores do SUAS”, retomaremos, mais a frente, a discussão sobre a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Gestão do Trabalho e a Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação que


estudamos na unidade anterior.
Com base na NOB/SUAS 2012 e na Norma Operacional Básica de Recursos
Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS, 2006) que determinou os eixos a serem
contemplados na gestão do SUAS e na educação e capacitação permanente da
equipe de atendimento da REDE SUAS, conheceremos um pouco mais sobre o
“trabalho como instrumento capaz de atuar como política orientadora da gestão,
formação, qualiicação e regulação”, conforme orienta a citada norma.
Em continuidade ao processo de conhecer um pouco mais sobre os traba-
lhadores que compõem o SUAS, temos por base a Lei Federal 12.101/2009 que
delimitou o âmbito de atuação das organizações de saúde, assistência social e
educação, originando normativas, resoluções e decretos regulamentadores de
programas, projetos e atividades no âmbito de atuação do SUAS e, posterior-
mente, as respectivas equipes de proissionais. Traremos à discussão a Resolução
109/2009, conhecida como Tipiicação Nacional dos Serviços Socioassistenciais,
instrumento que caracteriza e padroniza os serviços da rede de atendimento.
Tais instrumentos legais direcionam as atividades concernentes a cada área,
deinindo o quadro funcional e equipe mínima para as ações de cada serviço da
Rede SUAS, seja no âmbito público ou privado.
Bons estudos!

Introdução
80 UNIDADE III

O TRABALHO SOCIAL

Historicamente, o trabalho
social teve suas bases pau-
tadas no voluntariado e na
ilantropia, por outro lado,
mantinha o mínimo e emer-
gencial de forma precária e,
muitas vezes, como instru-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mento de disciplina e ordem
social, minimizando os con-
litos sociais. Era executado
ilantropicamente de forma
descontinuada, pontual,
emergencial e sem regulamentação, por damas de caridade representantes da
sociedade mais abastada e pela Igreja Católica.
Tais ações garantiam uma visão parcial e fragmentada da realidade viven-
ciada pela família e pelo indivíduo e não avaliavam o contexto de cada demanda,
resolviam problemas imediatos, sem promover qualquer tipo de melhoria ou
transformação na vida dos envolvidos.
Para fazer frente às demandas oriundas das expressões da questão social,
o trabalho social recebe a intervenção técnica e proissional e, no campo da
assistência social, ao longo dos tempos, foi se reconstruindo e se constituindo
enquanto proissão, “[..] o Serviço Social desborda o acervo das suas protofor-
mas ao se desenvolver como um produto típico da divisão social (e técnica) do
trabalho da ordem monopólica” (NETTO, 2001, p. 79).
A realização do trabalho social executada por um dos proissionais da equipe
de referência, de um serviço especíico, deve estar pautada em conhecimento,
formação teórica, técnica, política e metodológica capaz de lhe fornecer meios
para compreender os processos e a realidade social em sua totalidade e com-
plexidade. Deve, ainda, tal trabalho estar vinculado a condições institucionais
adequadas à concretização da ação proposta. O proissional de serviço social,
em seu código de ética, assume o compromisso da defesa intransigente dos

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


81

direitos sociais. Para tal, em sua intervenção, deve proporcionar meios para o
fortalecimento da prática democrática e participativa, garantindo a construção
do protagonismo dos usuários dos seus serviços, vislumbra mudanças na vida
do sujeito e na sociedade.
Percebemos, neste tópico, que, historicamente, a concretização do trabalho
social, na esfera do serviço e da assistência social, está atrelada à formação pro-
issional, à capacitação permanente, à busca do conhecimento constante e da
valorização inclusive dos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social.
Conhecemos que o trabalho social teve suas origens caritativas, mas consolidou-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

-se proissionalmente no movimento de lutas sociais, ediicou o SUAS.

O proissional de serviço social, no exercício cotidiano, “visa a resgatar pes-


soas da situação e risco social e promovê-las, a gerar capital social, inclusão
e emancipação social” (OLIVEIRA, 2008, p.90).

Trabalho Social no SUAS

Voltando nossos olhos para a Gestão do Trabalho no SUAS, com base na NOB/
SUAS (2012), em seu artigo 109 e parágrafos, temos as ações que são relacionadas
à valorização do trabalhador e às ações de estruturação do processo de trabalho.
No que diz respeito à valorização do trabalhador, atua na “perspectiva da des-
precarização da relação e das condições de trabalho”, sendo elas, entre outras:
I. a realização de concurso público;

II. a instituição de avaliação de desempenho;

III. a instituição e implementação de Plano de capacitação e Educação


Permanente com certiicação;
IV. a adequação dos peris proissionais às necessidades do SUAS;

V. a instituição de Mesas de negociação;

Trabalho Social no SUAS


82 UNIDADE III

VI. a instituição de planos de cargos, carreira e salários (PCCS);

VII. a garantia de ambiente de trabalho saudável e seguro, em consonância


às normativas de segurança e saúde dos trabalhadores;
VIII. a instituição de observatórios de práticas proissionais (NOB/SUAS,
2012, artigo 109).

No que concerne à estruturação do processo de trabalho institucional, esse mesmo


artigo, no segundo parágrafo, prevê a construção de desenhos organizacionais,
a consolidação de processos de negociação do trabalho, a criação, manutenção
e utilização de sistemas de informação e de supervisão técnica. No âmbito do

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SUAS, a Norma designa que cabe a cada ente federativo constituir um setor ou
equipe para se responsabilizar pela gestão do trabalho, cujas despesas devem
estar previstas no orçamento e inanciamento da política de assistência social.
Entretanto as diretrizes para a gestão do trabalho tiveram suas diretrizes dei-
nidas anteriormente, em 2006, na aprovação da Norma Operacional Básica de
Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social - NOB -RH/SUAS,
que foi publicada em 2007, determinando entre as suas dimensões:
• conhecer os proissionais que atuam na assistência Social, caracterizan-
do suas expectativas de formação e capacitação para a construção do
SUAS; vislumbrar o desaio proposto, para estes proissionais, a partir
dos compromissos dos entes federativos com os princípios e diretrizes
da universalidade, equidade, descentralização político-administração,
intersetorialidade, e participação da população;

• propor estímulos e valorização desses trabalhadores;


• identiicar os pactos necessários entre os gestores, servidores, trabalha-
dores da rede socioassistencial, com base no compromisso da prestação
de serviços permanentes ao cidadão e da prestação de contas de sua
qualidade e resultados;

• uma política de gestão do trabalho que privilegie a qualiicação técni-


co-política desses agentes (NOB-RH/SUAS, 2006).

Essa normativa determinou que, diante do caráter público dos serviços socio-
assistenciais, é imprescindível que, para responsabilizar-se pela execução da
gestão do trabalho no SUAS, haja servidores públicos e que os cargos devem

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


83

ser criados por lei, garantindo a continuidade e qualidade da execução desses


serviços. Tais serviços se pautam em princípios éticos voltados para a atuação
dos trabalhadores da assistência social, que normatizam a ação proissional no
campo socioassistencial e devem ser considerados na elaboração, implantação
e implementação dos padrões, rotinas e protocolos especíicos. De acordo com
a NOB-RH/SUAS 2006, são princípios éticos orientadores da intervenção pro-
issional da área de assistência social:
a. Defesa intransigente dos direitos socioassistenciais;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b. Compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de


qualidade que garantam a oportunidade de convívio para o fortaleci-
mento de laços familiares e sociais;
c. Promoção aos usuários do acesso a informação, garantindo conhecer o
nome e a credencial de quem os atende;

d. Proteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo proissional,


preservando sua privacidade e opção e resgatando sua história de vida;

e. Compromisso em garantir atenção proissional direcionada para cons-


trução de projetos pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade;
f. Reconhecimento do direito dos usuários a ter acesso a benefícios e ren-
da e a programas de oportunidades para inserção proissional e social;

g. Incentivo aos usuários para que estes exerçam seu direito de participar
de fóruns, conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares de
produção;

h. Garantia do acesso da população a política de assistência social sem


discriminação de qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orienta-
ção sexual, classe social, ou outras), resguardados os critérios de elegi-
bilidade dos diferentes programas, projetos, serviços e benefícios;
i. Devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usu-
ários, no sentido de que estes possam usá-las para o fortalecimento de
seus interesses;

j. Contribuição para a criação de mecanismos que venham desburocra-


tizar a relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os
serviços prestados.

Trabalho Social no SUAS


84 UNIDADE III

A atuação de qualquer dos proissionais que componha a equipe de atendi-


mento na área da assistência social deve estar, obrigatoriamente, baseada nos
princípios éticos de atendimento deinidos pela NOB-RH/SUAS e por todas as
legislações pertinentes à área socioassistencial. Cabe lembrar que essa norma-
tiva não é especíica para o serviço social, mas à EQUIPE na sua totalidade, não
excluindo nenhum proissional da Unidade de atendimento.
Dessa forma, todos os trabalhadores precisam ter consciência de que execu-
tar uma tarefa em uma Unidade de Atendimento socioassistencial traz consigo
uma imensa responsabilidade no sentido de ampliar direitos, garantir acessos,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
empoderar pessoas. A atuação dos proissionais do SUAS enquanto mediadores
sociais está diretamente atrelada à prestação dos serviços ofertados no âmbito
do SUAS aos usuários das assistência social. Cabendo ao MDS desenvolver
ações que garantam a formação técnica, a elaboração de publicações técnicas, o
envio de boletins informativos, como ferramenta de capacitação técnica e pro-
issional, transparência das ações, de orientação proissional aos integrantes das
equipes do SUAS e de controle social. Para que se materialize a rede de prote-
ção e promoção social no território nacional a Gestão do trabalho no SUAS visa
à valorização do trabalhador (MDS, 2015).
Estudamos sobre as Normativas de 2006 e 2012 que orientam sobre a compo-
sição das equipes de atendimento no trabalho social no SUAS. Trazem a discussão
sobre o reconhecimento do trabalhador no âmbito do SUAS e requerem que haja
nos equipamentos de atendimento o número adequado de trabalhadores capaci-
tados e aptos para o desenvolvimento das ações previstas para a proteção social.
Esses trabalhadores em equipamentos públicos compõem as equipes de referência.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


85
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

EQUIPES DE REFERÊNCIA

A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único da


Assistência Social caracteriza o conceito de Equipes de referência, no âmbito do
SUAS, deinindo-o como aquelas que são compostas por “servidores efetivos,
que se responsabilizem pela organização e oferta de serviços, programas, proje-
tos e benefícios de proteção social básica e especial”. Para determinar a amplitude
do atendimento e caracterizar como proteção social básica ou especial, o SUAS
se baseia no diagnóstico do território, nas vulnerabilidades e riscos a que famí-
lias/indivíduos possam estar sujeitos. E o porte das equipes para atendimento
de tais demandas se delineia com base no número de famílias referenciadas em
um dado território, pelo tipo de atendimento necessário e nas aquisições que
devem ser garantidas aos usuários dos serviços.
Os serviços públicos de proteção social estão divididos por níveis de comple-
xidade. Temos a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial, esse último
nível se subdivide em Especial de Média e Especial de Alta Complexidade. O
MDS disponibiliza a lista dos serviços de cada nível de proteção, que foi padro-
nizada e detalhada em diversos aspectos de seu funcionamento e organização,
pela Tipiicação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (Res. nº 109/2009),
que segue:

Equipes de Referência
86 UNIDADE III

PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

1. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF


2. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

3. Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com


Deiciência e Idosas

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL


Média Complexidade

1. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
víduos – PAEFI

2. Serviço Especializado em Abordagem Social


3. Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de me-
dida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de
Serviços à Comunidade (PSC)

4. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deiciência,


Idosos(as) e suas Famílias

5. Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua


Alta Complexidade

6. Serviço de Acolhimento Institucional

7. Serviço de Acolhimento em República


8. Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora

9. Serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de


emergências (BRASIL, Resolução 109/2009).

A oferta dos serviços listados é responsabilidade dos equipamentos públicos, entre-


tanto alguns deles são disponibilizados, também, por associações sem ins lucrativos,
vinculadas e articuladas aos órgãos públicos que, em alguns casos, os adquire des-
sas instituições para ofertá-los à população. Nos equipamentos públicos ou nos
privados, existe uma equipe mínima de técnicos e proissionais que obrigatoria-
mente deve estar disponível para atendimento aos usuários da assistência social.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


87

EQUIPES DE REFERÊNCIA EM EQUIPAMENTOS


PÚBLICOS E PRIVADOS, NO ÂMBITO DO SUAS

No caso dos equipamentos públicos, os serviços do PAIF e PAEFI são prestados


exclusivamente pelas equipes de referência do CRAS e CREAS, respectiva-
mente. Para os serviços de Proteção Social Básica, somente em situações
em que os equipamentos públicos não tenham condições/recursos físicos ou
de pessoal é que o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
e o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Deiciência e Idosas poderão ser prestados por entidades de assistência


social, sob a condição de elas estarem referenciadas aos respectivos CRAS,
atuando de forma articulada, conjunta, padronizada e pautadas nas diretri-
zes, princípios e legislações pertinentes ao SUAS, garantindo, dessa forma,
que o atendimento das necessidades e proteção das famílias daquele territó-
rio de abrangência será de qualidade.
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, com base na
Tipiicação, possui serviços distintos, organizados por faixa etária e dispõe de
um Caderno de Orientações Técnicas para cada um deles que determina deta-
lhadamente a ação e todo recurso necessário a sua execução com qualidade,
inclusive as atribuições dos proissionais que compõem a equipe de atendi-
mento. A orientação deine que, no mínimo, cada um desses serviços disponha
de um técnico de referência do PAIF (nível superior) e um proissional com a
função de orientador social (nível médio), podendo opcionalmente agregar um
Facilitador de Oicinas.
Ainda nos referindo à Proteção Social Básica na esfera municipal gover-
namental, de acordo com o porte do referido município, essa Norma atribui a
composição mínima de equipe de referência para os serviços dos Centros de
Referência da Assistência Social - CRAS como sendo:

Equipes de Referência em Equipamentos Públicos e Privados, no Âmbito do Suas


88 UNIDADE III

MÉDIO, GRANDE,
PEQUENO PORTE I PEQUENO PORTE II
METRÓPOLE E DF
Até 2500 famílias referen- Até 3500 famílias referen- A cada 5000 famílias refe-
ciadas. ciadas. renciadas.
2 técnicos de nível supe- 3 técnicos de nível superior, 4 técnicos de nível superior,
rior, sendo um proissional sendo dois proissionais as- sendo dois proissionais
assistente social e outro, sistentes sociais e, preferen- assistentes sociais, um
preferencialmente, psicó- cialmente, um psicólogo. psicólogo e um proissional
logo. que compõe o SUAS.
2 técnicos de nível médio. 3 técnicos de nível médio. 4 técnicos de nível médio.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: NOB-RH/SUAS (2006).

A Norma decide, ainda, que tais equipes dos equipamentos públicos de CRAS
devem, obrigatoriamente, sempre ter em seu quadro um coordenador de “nível
superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de pro-
gramas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais” (NOB-RH/SUAS, 2006).
Ainda refletindo sobre os equipamentos públicos, no que se refere à Proteção
Social Especial de Média e Alta Complexidade, delibera que o Centro de
Referência Especializado da Assistência Social - CREAS, enquanto polo de refe-
rência, coordenador e articulador da proteção social especial de média e alta
complexidade, deve ter na composição de sua equipe técnica de referência os
seguintes profissionais (por tipo de habilitação do município):

MUNICÍPIOS EM GESTÃO PLENA E ESTADOS


MUNICÍPIOS EM GESTÃO INICIAL E BÁSICA
COM SERVIÇOS REGIONAIS
Capacidade de atendimento de 50 pesso- Capacidade de atendimento de 80 pesso-
as/indivíduos. as/indivíduos.
1 coordenador. 1 coordenador.
1 assistente social. 2 assistentes sociais.
1 psicólogo. 2 psicólogos.
1 advogado. 1 advogado.
2 proissionais de nível superior ou médio, 2 proissionais de nível superior ou médio
para abordagem dos usuários. para abordagem dos usuários.
1 auxiliar administrativo. 1 auxiliar administrativo.
Fonte: NOB-RH/SUAS (2006).

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


89

No que se refere aos serviços da rede de atendimento de Proteção Social


Especial de média e alta complexidade, a maior parte dos serviços deve assegurar
uma equipe especíica para atendimento direto e uma equipe de referência vin-
culada ao órgão gestor para atendimento psicossocial. O Serviço de Abordagem
Social deve ter assegurada uma equipe composta por, no mínimo, 3 prois-
sionais, sendo que, ao menos, um deles seja de nível superior. Essa equipe
mínima pode ser ampliada, com base em diagnóstico da realidade e demanda
socioterritoriais.
Ao Centro POP, serviço de atendimento à população em situação de rua,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

recomenda-se que, a cada 80 (oitenta) casos atendidos (famílias/indivíduos) por


mês, a equipe de referência seja composta por 1 coordenador(a), 2 assistentes
sociais, 2 psicólogos(as), 1 técnico de nível superior (com formação preferen-
cial em direito, pedagogia, antropologia, sociologia ou terapia ocupacional) e
2 auxiliares administrativos. Sob a avaliação do órgão gestor, na necessidade
de ampliação do atendimento e/ou serviços, poderão ser agregados outros
proissionais, tais como estagiários e facilitadores de oicina. Os Serviços de
Liberdade Assistida – LA, de Prestação de Serviços à Comunidade – PSC e
de Proteção Especial para Pessoas com Deiciência, Idosos(as) e suas famí-
lias são ofertados pelas Unidades de CREAS ou em Unidades Referenciadas
(públicas ou privadas credenciadas ao SUAS), dessa forma, fazendo uso da
mesma equipe de referência.
Nos serviços de atendimento para pequenos grupos na Proteção Social
Especial de Alta Complexidade, tais como abrigo institucional, casa-lar e casa
de passagem, a equipe de referência para atendimento direto deve ser composta
da seguinte forma:
Equipe para atendimento direto

PROFISSIONAL/
ESCOLARIDADE QUANTIDADE
FUNÇÃO
Coordenador Nível superior 1 proissional referenciado para até 20 usuários aco-
ou médio lhidos em, no máximo, 2 equipamentos.

Equipes de Referência em Equipamentos Públicos e Privados, no Âmbito do Suas


90 UNIDADE III

PROFISSIONAL/
ESCOLARIDADE QUANTIDADE
FUNÇÃO
Cuidador Nível médio 1 proissional para até 10 usuários por turno. A
e qualiicação quantidade de cuidador por usuário deverá ser au-
especíica mentada quando houver usuários que demandem
atenção especíica (com deiciência, com necessi-
dades especíicas de saúde, pessoas soropositivas,
idade inferior a um ano, pessoa idosa com grau de
dependência II ou III, dentre outros). Para tanto,
deverá ser adotada a seguinte relação: a) 1 cuidador
para cada 8 usuários, quando houver 1 usuário com

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
demandas especíicas; b) 1 cuidador para cada 6
usuários, quando houver 2 ou mais usuários com
demandas especíicas.
Auxiliar de Nível fun- 1 proissional para até 10 usuários por turno. A
Cuidador damental e quantidade de cuidador por usuário deverá ser au-
qualiicação mentada quando houver usuários que demandem
especíica atenção especíica (com deiciência, com necessi-
dades especíicas de saúde, pessoas soropositivas,
idade inferior a um ano, pessoa idosa com grau de
dependência II ou III, dentre outros). Para tanto,
deverá ser adotada a seguinte relação: a) 1 auxiliar
de cuidador para cada 8 usuários, quando houver 1
usuário com demandas especíicas; b) 1 auxiliar de
cuidador para cada 6 usuários, quando houver 2 ou
mais usuários com demandas especíicas.
Fonte: NOB-RH/SUAS (2006).

O órgão gestor, como já comentamos, deve disponibilizar equipe de referência


para atendimento psicossocial com as seguintes características:

PROFISSIONAL/
ESCOLARIDADE QUANTIDADE
FUNÇÃO
Assistente Nível superior 1 proissional para atendimento a, no máximo, 20 usuá-
Social rios acolhidos em até dois equipamentos da alta comple-
xidade para pequenos grupos.
Psicólogo Nível superior 1 proissional para atendimento a, no máximo, 20 usuá-
rios acolhidos em até dois equipamentos da alta comple-
xidade para pequenos grupos.
Fonte: NOB-RH/SUAS (2006).

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


91

O Programa Família Acolhedora é um serviço de acolhimento para amparo


a crianças e adolescentes que não tem estabelecido pela Norma uma equipe de
referência para atendimento direto, determinando, apenas, a equipe de referên-
cia para atendimento psicossocial, vinculada ao órgão gestor:

PROFISSIONAL/
ESCOLARIDADE QUANTIDADE
FUNÇÃO
Coordenador Nível superior 1 proissional referenciado para até 45 usuários
acolhidos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Assistente Nível superior 1 proissional para acompanhamento de até 15 fa-


Social mílias acolhedoras e atendimento até 15 famílias de
origem dos usuários atendidos nessa modalidade.
Psicólogo Nível superior 1 proissional para acompanhamento de até 15 fa-
mílias acolhedoras e atendimento a até 15 famílias
de origem dos usuários atendidos nessa modalida-
de.
Fonte: NOB-RH/SUAS (2006).

Outro serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade que tam-


bém não tem equipe de atendimento direto definida pela NOB-RH/SUAS
(2006), somente conta com equipe de referência para atendimento
psicossocial vincu-lada ao órgão gestor, é a República e deve contar com:

PROFISSIONAL/
ESCOLARIDADE QUANTIDADE
FUNÇÃO
Coordenador Nível superior 1 proissional referenciado para até 20 usuários.
Assistente Social Nível superior 1 proissional para atendimento a, no máximo, 20
usuários atendidos em até dois equipamentos.
Psicólogo Nível superior 1 proissional para atendimento a, no máximo, 20
usuários atendidos em até dois equipamentos.
Fonte: NOB-RH/SUAS (2006).

O Serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade prestado em


Instituições de Longa Permanência para Idosos - ILPI’s conta com definição
de equipe de referência para atendimento direto, devido ao seu caráter continu-
ado, devendo tal equipe estar composta pelos seguintes profissionais:

Equipes de Referência em Equipamentos Públicos e Privados, no Âmbito do Suas


92 UNIDADE III

PROFISSIONAL/FUNÇÃO ESCOLARIDADE
1 Coordenador Nível superior ou médio
Cuidadores Nível médio
1 Assistente Social Nível superior
1 Psicólogo Nível superior
1 Proissional para desenvolvimento de atividades Nível superior
socioculturais
Proissional de limpeza Nível fundamental
Proissional de alimentação Nível fundamental

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Proissional de lavanderia Nível fundamental
Fonte: NOB-RH/SUAS (2006).

Para o atendimento de pessoas com deficiência, com dependência, a


Proteção Social Especial conta com os Serviços de Acolhimento Institucional
em Residência Inclusiva que, com base nas especificidades de seus usuários,
determinarão a quantidade de cuidadores e auxiliares de cuidadores, tendo por
orientação que o mínimo seja de 1 cuidador e 1 auxiliar para cada 6 usuários.
Para o Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e
Emergências, não existe pré-definição de equipe de referência, mas deve con-
siderar que necessita de provisões humanas, materiais, técnicas, físicas, entre
outras, para responder a situações dessa natureza.
De acordo com a Norma, no caso de atendimento a comunidades tra-
dicionais, é definida uma composição de equipe diferenciada, com base na
especificidade de conhecimento exigida para o atendimento desses usuários,
sendo que
A composição das equipes de referência dos Estados para apoio a Mu-
nicípios com presença de povos e comunidades tradicionais (indíge-
nas, quilombolas, seringueiros, etc.) deve contar com proissionais com
curso superior, em nível de graduação concluído em ciências sociais
com habilitação em antropologia ou graduação concluída em qualquer
formação, acompanhada de especialização, mestrado e/ou doutorado
em antropologia (NOB-RH/SUAS, 2006).

As equipes de referência para cada serviço, ou unidade de atendimento


pública e excepcionalmente para as entidades de assistência social (nos casos
expressos já citados anteriormente), foram deinidas pela NOB-RH/SUAS,

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


93

no ano de 2006, e ratiicadas pela Resolução nº 109, de 11 de novembro de


2009, Tipiicação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, do Conselho
Nacional de Assistência Social, e orientações técnicas posteriores. Essa
Resolução deine uma matriz padronizada para os serviços socioassisten-
ciais, trazendo informações especíicas e detalhadas para a execução de cada
serviço no âmbito do SUAS.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

POLÍTICA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO

Para que a execução das


atividades que estuda-
mos na unidade anterior
esteja pautada em padrões
de qualidade e uniformes
em todos os equipamentos
da rede socioassistencial,
existe a previsão de capacitar
os trabalhadores do SUAS.
A proposta de capacitação
ganhou força a partir da VIII
Conferência Nacional de Assistência Social, cujo tema trazia a discussão com o
seguinte texto: “A consolidação do SUAS e a Valorização dos seus trabalhadores”.
Nessa ocasião, visando à qualiicação, foram deinidas as estratégias da Política
Nacional de Educação Permanente do SUAS - PNEP/SUAS.
A formulação desta Política Nacional de Educação Permanente do
SUAS, em um contexto que evidencia a necessidade de responder às
demandas de fortalecimento de uma ampla rede de proteção social no
Brasil, aponta a formação e o desenvolvimento dos atores da assistên-
cia social como uma das questões de fundamental importância para a
qualidade dos serviços ofertados à sociedade (BRASIL, 2015, online).

Política Nacional de Capacitação


94 UNIDADE III

Com base no texto da referida Política, ela é


[...] destinada aos trabalhadores do SUAS, com ensino fundamental,
médio e superior que atuam na rede socioassistencial governamental
e não governamental, assim como aos gestores e agentes de controle
social no exercício de suas competências e responsabilidades (MDS,
2013, p. 27).

Com o intuito de uniformizar a execução do trabalho e alinhar as competências


proissionais, a PNEP/SUAS deiniu seu objetivo geral, tendo por base “institucio-
nalizar a perspectiva político-pedagógica e a cultura da educação permanente”.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para tal, delimita princípios, diretrizes, instrumentos e estratégias para sua exe-
cução. Nesse sentido, são objetivos especíicos da PNEP/SUAS:
I. Desenvolver junto aos trabalhadores e conselheiros condições para
que possam distinguir e fortalecer a centralidade dos direitos socioas-
sistenciais do cidadão no processo de gestão e no desenvolvimento das
atenções em benefícios e serviços;

II. Desenvolver junto aos trabalhadores da Assistência Social as com-


petências e capacidades especíicas e compartilhadas requeridas para a
melhoria contínua da qualidade da gestão do SUAS e da oferta e provi-
mento dos serviços e benefícios socioassistenciais;

III. Desenvolver junto aos conselheiros de Assistência Social as compe-


tências e capacidades requeridas para a melhoria contínua da qualida-
de do controle social e da gestão participativa do SUAS;
IV. Instituir mecanismos institucionais que permitam descentralizar
para estados, municípios e Distrito Federal capacidades relacionadas
ao planejamento, oferta e implementação de ações de formação e ca-
pacitação;

V. Instituir mecanismos institucionais que permitam a participação dos


trabalhadores e dos usuários do SUAS, dos conselheiros de Assistência
Social e 11 das Instituições de Ensino que formam a Rede Nacional de
Capacitação e Educação Permanente do SUAS, nos processos de for-
mulação de diagnósticos de necessidades, planejamento e implementa-
ção das ações de formação e capacitação;

VI. Criar mecanismos que gerem aproximações entre as manifestações


dos usuários e o conteúdo das ações de capacitação e formação;
VII. Ofertar aos trabalhadores Percursos Formativos e ações de formação e
capacitação adequados às qualiicações proissionais requeridas pelo SUAS;

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


95

VIII. Ofertar aos conselheiros de Assistência Social Percursos Forma-


tivos e ações de formação e capacitação adequados às qualiicações re-
queridas ao exercício do controle social;

IX. Criar meios e mecanismos de ensino e aprendizagem que permitam


o aprendizado contínuo e permanente dos trabalhadores do SUAS nos
diferentes contextos e por meio da experiência no trabalho;
X. Criar meios e mecanismos institucionais que permitam articular o
universo do ensino, da pesquisa e da extensão ao universo da gestão e
do provimento dos serviços e benefícios socioassistenciais, de forma
a contribuir para o desenvolvimento das competências necessárias à
contínua e permanente melhoria da qualidade do SUAS.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

XI. Consolidar referências teóricas, técnicas e ético-políticas na Assis-


tência Social a partir da aproximação entre a gestão do SUAS, o pro-
vimento dos serviços e benefícios e instituições de ensino, pesquisa e
extensão, potencializando a produção, sistematização e disseminação
de conhecimentos (PNEP/SUAS/MDS, 2013, p. 27-29).

A PNEP/SUAS, em seus objetivos, traz clara a sua prioridade na garantia e defesa


dos direitos socioassistenciais, capacitando os trabalhadores do SUAS para for-
talecimento proissional próprio, dos usuários da rede socioassistencial e da
própria rede de atendimento. Tal formação necessita prover uma visão de totali-
dade acerca dos direitos, serviços e benefícios socioassistenciais. A ação conjunta,
sincronizada, do conjunto dos trabalhadores que atuam no SUAS é conhecida
como trabalho social, esse trabalho se organiza pautado na função da gestão e na
função do provimento dos serviços e benefícios socioassistenciais, que se arti-
culam e se completam no atendimento das demandas sociais.
A primeira função listada para se desenvolver solicita a mobilização do
trabalhador quanto à detenção e ao adequado uso de recursos teóricos, metodo-
lógicos e tecnológicos em cada nível da gestão. Pretende que se produzam meios
para o aperfeiçoamento dos luxos de informação e dos processos de tomada de
decisão, facilitando o acesso dos usuários a serviços e benefícios, assim como o
fortalecimento dos espaços de deliberação e gestão participativa.
A segunda função a que se refere e provimento de serviços e benefícios se baseia
nas relações sociais e intersubjetivas para que o proissional tenha condições de aná-
lise, relexão e adequação de suas práticas proissionais e processos de trabalho para
atendimento das demandas que se apresentam em cada espaço de atuação do SUAS.

Política Nacional de Capacitação


96 UNIDADE III

Nesse sentido,
[...] a Educação Permanente no SUAS deve buscar não apenas desen-
volver habilidades especíicas, mas problematizar os pressupostos e os
contextos dos processos de trabalho e das práticas proissionais real-
mente existentes. Via pela qual se buscará desenvolver a capacidade
crítica, a autonomia e a responsabilização das equipes de trabalho para
a construção de soluções compartilhadas, visando às mudanças neces-
sárias no contexto real das mencionadas práticas proissionais e proces-
sos de trabalho (PNEP/MDS, 2013, p. 30).

Tais deinições e diretrizes não se aplicam somente a equipamentos governamen-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tais, mas também aos não governamentais que compõem a rede socioassistencial,
uma vez que a garantia e a defesa intransigente dos direitos socioassistenciais
não se restringem a um ou a outro (PNEP/MDS, 2013, p.31).
Buscamos conhecer sobre a PNEP e percebemos que cada trabalhador da rede
SUAS deve ter claro os objetivos dos serviços e benefícios, bem como conhecer
a legislação básica de proteção ao direito do cidadão, no que se refere às garan-
tias socioassistenciais e à PNEP. Nesse sentido, capacita os proissionais para que
tenham acesso à informação e conhecimentos que pautem sua avaliação, aná-
lise e direcionamento das demandas para superação do problema apresentado
pela população beneiciária do SUAS.
Conheceremos, a seguir, a composição dos equipamentos da rede socioassis-
tencial, para podermos tratar da origem dos recursos que possibilitam tais ações.

FINANCIAMENTO DAS EQUIPES DE REFERÊNCIA

Para tratarmos da fonte de recurso e inan-


ciamento para pagamento de salários das
equipes de referência, falaremos de alguns
pontos determinantes estabelecidos legal-
mente. Conheceremos a composição da
equipe de atendimento da rede de Proteção

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


97

Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade e algu-


mas características das origens inanceiras.
Sendo o CRAS uma unidade pública estatal de base territorial e responsável
pela oferta do serviço de Proteção e Atendimento a Família (PAIF), não é permi-
tida a terceirização desse serviço, ele é responsabilidade de execução da gestão
municipal (MDS, 2015). A equipe de CRAS deve, obrigatoriamente, ser formada
por servidores efetivos, que tenham seu ingresso por meio de concurso público
ou teste seletivo, e se responsabilizarão pela organização e oferta dos serviços da
Unidade. A Portaria nº 442/2005, em seu artigo 1º, deine que o Piso básico seja
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

destinado exclusivamente ao custeio das ações de atendimento aos componentes


do núcleo familiar, ou seja, para serviços do PAIF e para ações que complemen-
tam o Programa Bolsa Família.
Os recursos utilizados para pagamento de ações do PAIF são originários do
Piso Básico e, com base na Controladoria Geral da União, os recursos repassa-
dos fundo a fundo têm o uso negado para o pagamento de locação de imóvel,
salários de funcionários públicos, recolhimento de encargos sociais (13º salá-
rio, férias, encargos patronais), rescisão contratual, vale-transporte/vale-refeição,
passagens e diárias, aquisição de bens e material permanente, construção ou
ampliação de imóveis. Porém a Resolução CNAS nº 33/2011 determina que
os Estados, DF e Municípios podem utilizar até 60% (sessenta por cento) dos
recursos designados para ações continuadas de assistência social, provenientes
do Fundo Nacional de Assistência Social para pagamento de proissionais que
integrem a equipe de referência do SUAS, e reiterando que tenham sido contra-
tados por meio de concurso ou teste seletivo.
Em síntese, podem ser incluídas, para uso do recurso do Piso Básico Fixo,
despesas em custeio designadas para a manutenção e para o inanciamento
de ações, serviços e atividades socioassistenciais de proteção básica. Para o
coinanciamento federal do serviço PAIF, as disposições legais que orientam,
estão descritas na Portaria nº 116, de 22 de outubro de 2013, e para o inan-
ciamento de proissionais do SUAS e serviços de proteção básica, tal como
o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, a descrição legal
da origem inanceira está prevista no art. 6º E, da LOAS - Lei Orgânica da
Assistência Social/1993.

Financiamento das Equipes de Referência


98 UNIDADE III

O repasse de recursos do Piso Básico pode ser bloqueado ou suspenso, nos


casos em que não haja observância das normativas do SUAS, ou em que não haja
oferta do PAIF de forma regular e continuada, ou mesmo nos casos em que o
CRAS não esteja em funcionamento regular e, inclusive, quando do não preen-
chimento do formulário do CENSO CRAS (Portaria 116/2013).
O coinanciamento federal dos serviços da proteção Social Especial (PSE) de
Alta Complexidade são pactuados na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e
deliberadas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). A transferên-
cia ocorre de forma regular e automática de fundo a fundo, ou seja, do Fundo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nacional de Assistência Social para os Fundos de Assistência Social Municipais,
estaduais ou do Distrito Federal, com base na Portaria 440/2005, art. 6º, e na
Portaria nº 460/2007, art. 3º.
Apresentamos de forma supericial algumas das fontes para o inanciamento
de recursos humanos no SUAS, para as atividades de proteção básica, no PAIF,
e a maneira como esse recurso é repassado, garantindo o desenvolvimento e
continuidade das ações, ou sua extinção quando da apuração de alguma irre-
gularidade na execução do serviço. É de suma importância que o proissional
conheça quais suas responsabilidades na execução e a fonte de recursos para
cada serviço, para que não incorra em irregularidades por desconhecimento.
Faz parte de suas atribuições, na prestação do serviço à rede socioassistencial,
ter consciência desses limites.

Ao proissional de serviço social, é essencial o conhecimento sobre fontes


de inanciamento e alocação de recursos públicos. Você conhece a lei de
Responsabilidade Fiscal? Sabia que ela impõe limites ao inanciamento de
recursos humanos, no que diz respeito à administração pública direta e in-
direta?
Fonte: a autora.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


99

ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DO SUAS NOS


SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

Listamos, na unidade anterior, basicamente, os serviços que compõem a Proteção


Social Básica (PSB) do SUAS. Desses, aqui, vamos conhecer as atribuições dos pro-
issionais do SUAS, daqueles que são executados pelo órgão público. Iniciaremos
pelos proissionais do CRAS e das atribuições básicas, considerando sua equipe
mínima de referência para atendimento à população usuária dos serviços socioa-
ssistenciais, visto que se, além do PAIF, programas, projetos e benefícios, houver
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

oferta direta de outros serviços de PSB, o número de proissionais deve ser


ampliado.
Com base nas informações do MDS (2015), os proissionais que compõem a
equipe técnica de referência do CRAS têm entre suas funções algumas que lhes
são comuns, que seguem:
1. Recepção e acolhimento de famílias, seus membros e indivíduos em
situação de vulnerabilidade social;

2. Oferta de procedimentos proissionais em defesa dos direitos humanos


e sociais daqueles relacionados às demandas de proteção social de As-
sistência Social;

3. Vigilância social: produção e sistematização de informações que possi-


bilitem a construção de indicadores e de índices territorializados das si-
tuações de vulnerabilidade e riscos que incidem sobre famílias/pessoas
nos diferentes ciclos de vida. Conhecimento das famílias referenciadas
e as beneiciárias do BPC – Benefício de Prestação Continuada e do
Programa Bolsa Família;
4. Acompanhamento familiar: em grupos de convivência, serviço socio-
educativo para familiares ou seus representantes; dos beneiciários do
Programa Bolsa Família, em especial das famílias que não estejam cum-
prindo as condicionalidades; das famílias com beneiciários do BPC;

5. Proteção pró-ativa por meio de visitas às famílias que estejam em situa-


ções de maior vulnerabilidade (como, por exemplo, as famílias que não
estão cumprindo as condicionalidades do PBF), ou risco;

Atribuições dos Proissionais do Suas nos Serviços de Proteção Social Básica


100 UNIDADE III

6. Encaminhamento para avaliação e inserção dos potenciais beneici-


ários do PBF no Cadastro Único e do BPC, na avaliação social e do
INSS; das famílias e indivíduos para a aquisição dos documentos civis
fundamentais para o exercício da cidadania; encaminhamento (com
acompanhamento) da população referenciada no território do CRAS
para serviços de Proteção Básica e de Proteção Social Especial, quando
for o caso;

7. Produção e divulgação de informações de modo a oferecer referências


para as famílias e indivíduos sobre os programas, projetos e serviços
socioassistenciais do SUAS, sobre o Bolsa Família e o BPC, sobre os
órgãos de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito local,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
municipal, do Distrito Federal, regional, da área metropolitana e ou da
micro-região do estado;
8. Apoio nas avaliações de revisão dos cadastros do Programa Bolsa Fa-
mília, BPC e demais benefícios.

Considerando o fato de que a equipe de referência deve contar com um coordena-


dor, cujo peril atenda aos requisitos de ser técnico de nível superior, concursado,
para fazer frente as suas atribuições, deve, obrigatoriamente, ter experiência em
gestão pública, em trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, servi-
ços e benefícios socioassistenciais. Deve, ainda, ter domínio da legislação referente
à Política Nacional de Assistência Social e direitos sociais. O conhecimento dos
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais é imprescindível,
além da necessidade de gerenciar a rede socioassistencial local. No que diz res-
peito a sua relação com a equipe, necessita ter experiência em coordenação de
equipes, ser hábil em comunicação, nas relações e negociação de conlitos. Em
resumo, carece ser um bom gestor. O MDS (2015) informa, em seu sítio eletrô-
nico, as atribuições do Coordenador do CRAS, sendo estas:
1. Articular, acompanhar e avaliar o processo de implantação do CRAS e
a implementação dos programas, serviços, projetos da proteção social
básica operacionalizadas nessa unidade;

2. Coordenar a execução, o monitoramento, o registro e a avaliação das


ações;
3. Acompanhar e avaliar os procedimentos para a garantia da referência e
contra-referência do CRAS;

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


101

4. Coordenar a execução das ações de forma a manter o diálogo e a par-


ticipação dos proissionais e das famílias, inseridas nos serviços oferta-
dos pelo CRAS e pela rede prestadora de serviços no território;

5. Deinir com a equipe de proissionais critérios de inclusão, acompa-


nhamento e desligamento das famílias;
6. Deinir com a equipe de proissionais o luxo de entrada, acompanha-
mento, monitoramento, avaliação e desligamento das famílias;

7. Deinir com a equipe técnica os meios e os ferramentais teórico-meto-


dológicos de trabalho social com famílias e os serviços socioeducativos
de convívio;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

8. Avaliar sistematicamente, com a equipe de referência dos CRAS, a ei-


cácia, eiciência e os impactos dos programas, serviços e projetos na
qualidade de vida dos usuários; 
9. Efetuar ações de mapeamento, articulação e potencialização da rede
socioassistencial e das demais políticas públicas no território de abran-
gência do CRAS;

10. Uma das funções principais do coordenador é articular as ações junto


à política de Assistência Social e às outras políticas públicas visando
fortalecimento da rede de serviços de Proteção Social Básica. Assim,
recomenda-se que seja um proissional com funções exclusivas. Se este
proissional tiver de articular e pensar estratégias para que a equipe
possa trabalhar bem, e ainda, trabalhar direto com as famílias haverá
uma sobrecarga de funções e, consequentemente, uma queda na quali-
dade dos serviços prestados, o que justiica a impossibilidade do coor-
denador ser da equipe técnica.

A gestão e organização das ações ofertadas pelo PAIF e a articulação da rede


de serviços socioassistenciais no território de abrangência do CRAS são de res-
ponsabilidade da pessoa que responde pela coordenação do CRAS e, para que
o serviço não seja precarizado, sugere-se que tal função seja ocupada por pro-
issional concursado.
A exigência proissional aos técnicos de nível médio é de que tenham expe-
riência atuando em programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais.
Quanto ao conhecimento, exige-se que tenham ciência da PNAS, noções básicas
sobre direitos humanos e sociais, da realidade do território de atuação do CRAS.
No que se refere às relações com equipe e usuários dos serviços, é necessário que

Atribuições dos Proissionais do Suas nos Serviços de Proteção Social Básica


102 UNIDADE III

sejam capazes de se sensibilizar com as questões sociais e tenham boa capaci-


dade relacional e de comunicação.
As orientações do serviço do CRAS disponibilizadas pelo MDS (2015) tra-
zem como atribuições dos técnicos de nível médio:
1. Recepção e oferta de informações às famílias usuárias do CRAS;

2. Apoio ao trabalho dos técnicos de nível superior da equipe de referên-


cia do CRAS;
3. Mediação dos processos grupais do serviço socioeducativo geracional,
sob orientação do técnico de referência do CRAS, identiicando e en-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
caminhando casos para o serviço socioeducativo para famílias ou para
acompanhamento individualizado;

4. Participação de reuniões sistemáticas de planejamento e avaliação do


processo de trabalho com a equipe de referência do CRAS;

5. Participação das atividades de capacitação da equipe de referência do


CRAS.

Aos proissionais de nível superior que compõem a equipe de referência do CRAS,


é necessário que tenham formação em serviço social, psicologia e/ou outra pro-
issão que compõe o SUAS (de acordo com o porte do município, considerando
a NOB-RH/SUAS). Assim como o coordenador, devem ter experiência de atua-
ção e/ou gestão em programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais,
conhecimento da legislação concernente à PNAS e aos direitos sociais, conheci-
mento da realidade do território, boa capacidade relacional, capacidade de escuta
das famílias, experiência de trabalho em grupos e atividades coletivas e em tra-
balho interdisciplinar. O peril descrito se faz imprescindível para a execução de
suas atribuições, que, em alguns pontos, são similares e complementares as de
outros componentes da equipe do CRAS, com base no fato de que os objetivos
são uniicados, sendo elas:
1. Acolhida, oferta de informações e realização de encaminhamentos às
famílias usuárias do CRAS;
2. Mediação dos processos grupais do serviço socioeducativo para famílias;
3. Realização de atendimento individualizado e visitas domiciliares as fa-
mílias referenciadas ao CRAS;

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


103

4. Desenvolvimento de atividades coletivas e comunitárias no território;

5. Assessoria aos serviços socioeducativos desenvolvidos no território;


6. Acompanhamento das famílias em descumprimento de condicionalidades;
7. Alimentação de sistema de informação, registro das ações desenvolvi-
das e planejamento do trabalho de forma coletiva;

8. Articulação de ações que potencializem as boas experiências no terri-


tório de abrangência (BRASIL, online).

Considerando que as determinações da LOAS, da PNAS, a NOB-RH/SUAS e o


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

fato de que as atribuições dos proissionais de nível superior são especíicas ao


atendimento psicossocial, pautadas em códigos de ética e conduta das respecti-
vas proissões, temos parâmetros de atuação rígidos para o serviço que deve ser
disponibilizado à população usuária da assistência social.
No que diz respeito à contratação de estagiários, para os equipamentos de
CRAS, existe a recomendação de que haja um convênio entre o órgão gestor da
Política de assistência social da respectiva esfera governamental com as institui-
ções de ensino superior, garantindo a supervisão técnica de proissional de nível
superior, de mesma categoria proissional, componente da equipe de referência.
Entretanto somente poderá acertar convênio para aceite de acadêmicos de nível
superior dos cursos de psicologia, serviço social ou outro curso que componha
o quadro de formação dos proissionais do SUAS (MDS, 2015).
Esses estagiários têm como atribuição acompanhar as atividades de progra-
mas, serviços e projetos no espaço do CRAS, junto com seu supervisor, ou, em
casos autorizados, executar sem a presença do supervisor.
Para o trabalho realizado junto a comunidades tradicionais e quilombolas, a
NOB-RH/SUAS deine que sejam capacitadas e orientadas por um antropólogo,
para que considere as especiicidades culturais e étnicas da população. Esse pro-
issional deve contribuir, inclusive, no planejamento, monitoramento e avaliação
dos serviços e ações, levando em conta que, para a legitimação do trabalho, deve
haver anuência e participação das lideranças da comunidade que esteja sendo
atendida. A equipe deve contar com proissional com graduação em ciências
sociais com habilitação em antropologia, se for de outro curso de graduação, que
a pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado) deve ser antropologia.

Atribuições dos Proissionais do Suas nos Serviços de Proteção Social Básica


104 UNIDADE III

Tratamos sobre alguns dos serviços da rede de atendimento socioassisten-


cial, apresentando, resumidamente, as determinações legais da NOB-RH/SUAS
e da LOAS, o peril que os proissionais da equipe técnica devem possuir para
fazer frente às demandas apresentadas pela população beneiciária dos serviços
de proteção social básica. Conheceremos, a seguir, sobre as atribuições desses
proissionais na rede de proteção social especial de média e alta complexidade.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DO SUAS NOS
SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA
E ALTA COMPLEXIDADE

Descreveremos as atribuições dos proissionais de alguns dos equipamentos


públicos dos serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade.
Com base no fato de que é essencial o vínculo dos proissionais que executam
os serviços de cada unidade, com a família e/ou indivíduo atendido, a qualiica-
ção dos proissionais é imprescindível. No que se refere ao Centro de Referência
Especializado de Assistência Social – CREAS, a Norma Operacional Básica de
Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social - NOB-RH/SUAS
(2006) deine que, ao ofertar os serviços socioassistenciais tipiicados na Resolução
do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS de nº 109 , do ano de 2009,
deverá ter garantido proissionais para coordenação e auxiliares administrativos.
A Resolução CNAS nº 17, do ano de 2011, determinou como proissionais
de referência do CREAS o psicólogo, o assistente social e o advogado, mas a
NOB-RH/SUAS acrescenta como parâmetro que, de acordo com a demanda de
atendimento e encaminhamento do serviço, estabelece-se os recursos humanos,
podendo agregar, também, os proissionais de outras áreas de formação de nível
superior ou médio (MDS, 2015).
A equipe técnica de atendimento do CREAS necessita de qualiicação técnica,
conhecimentos e habilidades com base nos serviços ofertados e nas atribuições
funcionais. Além do fato de que a complexidade das situações atendidas no

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


105

CREAS produzem nos trabalhadores impacto e diiculdades na realização do


acompanhamento especializados às famílias e/ou indivíduos. Cabendo, assim,
ao coordenador promover ações para integração da equipe e, ao órgão ges-
tor, planejar e desenvolver a capacitação continuada e a educação permanente,
inclusive adotando medidas preventivas de saúde e segurança dos trabalhado-
res (MDS, 2015).
O coordenador do CREAS, de acordo com a NOB-RH/SUAS (2006), deve
ter, no mínimo, nível superior, experiência na área social, em gestão pública
e coordenação de equipes. Ter conhecimento dos direitos socioassistenciais e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

legislações pertinentes a atender o público-alvo do serviço, conhecer a rede de


proteção socioassistencial, ter capacidade de mediação de conlitos, habilidade
para comunicação, ou seja, todas as funções de um bom gestor, uma vez que,
entre suas atribuições, deve articular, acompanhar, coordenar rotinas e processo
de trabalho do CREAS, conforme a NOB-RH/SUAS (2006).
No que diz respeito ao peril dos proissionais que ocuparão as funções de téc-
nico de nível superior, deverá ter formação em serviço social, psicologia e direito,
com conhecimento da legislação que embasa os direitos socioassistenciais e a pro-
teção no caso de violação de direitos. Deve conhecer a rede socioassistencial, as
políticas públicas disponíveis e os órgãos de defesa de direitos. Precisa ter base teó-
rica, habilidades e domínio metodológico para o trabalho social com famílias e
indivíduos em situação de risco pessoal e social, para os casos atendidos no CREAS.
O trabalho interdisciplinar executado por esses proissionais demanda experiência.
Esses proissionais terão entre suas atribuições a tarefa de:

■ Acolhida, escuta qualiicada, acompanhamento especializado e oferta


de informações e orientações;

■ Elaboração, junto com as famílias/indivíduos, do Plano de acompa-


nhamento Individual e/ou Familiar, considerando as especiicidades e
particularidades de cada um;
■ Realização de acompanhamento especializado, por meio de atendi-
mentos familiar, individuais e em grupo;

■ Realização de visitas domiciliares às famílias acompanhadas pelo CRE-


AS, quando necessário;

Atribuições dos Proissionais do SUAS nos Serviços de Proteção Social Especial


106 UNIDADE III

■ Realização de encaminhamentos monitorados para a rede socioassis-


tencial, demais políticas públicas setoriais e órgãos de defesa de direito;
- Trabalho em equipe interdisciplinar;

■ Orientação jurídico-social (advogado);


■ Alimentação de registros e sistemas de informação sobre as ações de-
senvolvidas; - Participação nas atividades de planejamento, monitora-
mento e avaliação dos processos de trabalho;

■ Participação das atividades de capacitação e formação continuada da


equipe do CREAS, reuniões de equipe, estudos de casos, e demais ati-
vidades correlatas;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Participação de reuniões para avaliação das ações e resultados atingidos
e para planejamento das ações a serem desenvolvidas; para a deinição
de luxos; instituição de rotina de atendimento e acompanhamento dos
usuários; organização dos encaminhamentos, luxos de informações e
procedimentos (BRASIL, 2015, online).

As tarefas desenvolvidas pelos proissionais de nível superior são de atendimento,


encaminhamento e acompanhamento do público-alvo do CREAS, buscando
garantir os direitos e proteger as pessoas e famílias atendidas.
Essa equipe para as ações complementares conta com o educador social,
que deve ter o nível médio completo, conhecimento básico sobre a legislação de
assistência social e das áreas especíicas de atendimento do equipamento, conhe-
cimento da realidade social do território e da rede de articulação do CREAS,
além da habilidade de se comunicar com o público-alvo e experiência em tra-
balho com famílias e indivíduos em situação de risco.
O educador social realiza a recepção e transmite informações às famílias do
CREAS, realiza a abordagem de rua e a busca ativa no território. Participa das
reuniões de equipe para planejar as atividades, avaliar os processos, luxos de
trabalho e resultados obtidos e participa de capacitações e processos de educa-
ção continuada (NOB-RH/SUAS, 2006).
O auxiliar administrativo também deve ter, no mínimo, o nível médio com-
pleto, conhecer as rotinas administrativas e a gestão de documentos e possuir
domínio de informática e internet, visto que presta apoio aos demais prois-
sionais no campo administrativo, auxilia na recepção aos usuários do serviço
e, assim como os outros proissionais, precisa estar sempre atualizado em seus

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


107

conhecimentos, participando de capacitações e de cursos de formação continu-


ada do CREAS (NOB-RH/SUAS, 2006).
Já para o serviço prestado pelo Centro POP, o peril do coordenador é similar
ao do CREAS, só diferencia, em relação ao seu público especíico de atendimento,
a população de rua, quando do conhecimento da legislação e conhecimentos e
experiências prévias no atendimento desse público, agregando-os ao peril.
Para a composição da equipe, faz-se imprescindível a priorização de
proissionais com peril e habilidades para o desenvolvimento do tra-
balho social com pessoas em situação de rua. O coordenador deverá,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

preferencialmente, exercer função exclusiva, tendo em vista o grau de


responsabilidade e desempenho de suas atribuições e desempenho de
suas atribuições no âmbito da Unidade (BRASIL, online).
Ainda com base na NOB-RH/SUAS (2006, online), suas atribuições são:
■ Articular, acompanhar e avaliar o processo de implantação do Centro
POP e seu (s) serviço (s), quando for o caso;
■ Coordenar as rotinas administrativas, os processos de trabalho e os re-
cursos humanos da Unidade;

■ Participar da elaboração, do acompanhamento, da implementação e


avaliação dos luxos e procedimentos adotados, visando garantir a efe-
tivação das articulações necessárias;

■ Coordenar a relação cotidiana entre o Centro POP e as demais Uni-


dades e serviços socioassistenciais, especialmente com os serviços de
acolhimento para população em situação de rua;
■ Coordenar o processo de articulação cotidiana com as demais políticas
públicas e órgãos de defesa de direitos, recorrendo ao apoio do órgão
gestor, sempre que necessário;

■ Deinir com a equipe, a dinâmica e os processos de trabalho a serem


desenvolvidos na Unidade;

■ Discutir com a equipe técnica, estratégias e ferramentas teórico-meto-


dológicas que possam qualiicar o trabalho;
■ Coordenar a execução das ações, assegurando diálogo e possibilidades
de participação dos proissionais e usuários;

■ Coordenar o acompanhamento do (s) serviço (s) ofertado, incluindo


o monitoramento dos registros de informações e a avaliação das ações
desenvolvidas;

Atribuições dos Proissionais do SUAS nos Serviços de Proteção Social Especial


108 UNIDADE III

■ Coordenar a alimentação dos registros de informação e monitorar o


envio regular de informações sobre a Unidade ao órgão gestor;

■ Identiicar as necessidades de ampliação do RH da Unidade ou capaci-


tação da equipe e informar ao órgão gestor de Assistência Social;
■ Contribuir para avaliação, por parte do órgão gestor, dos resultados
obtidos pelo Centro POP;

■ Participar das reuniões de planejamento promovidas pelo órgão gestor


de Assistência Social e representar a Unidade em outros espaços, quan-
do solicitado;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Coordenar os encaminhamentos à rede e seu acompanhamento.

É preciso considerar que atender o público-alvo dos serviços de Proteção Social


Especial demanda muito conhecimento, experiência e habilidades em lidar
com situações de risco vivenciadas pelos indivíduos e famílias. Nesse sentido,
as atribuições são de muita responsabilidade, pois atendem pessoas com víncu-
los fragilizados ou já rompidos.
Quanto à equipe do Centro POP, o peril e as atribuições são bem simi-
lares ao de outros serviços desse nível de proteção, agregando a necessidade
de conhecimento especíico e experiência em atendimento a pessoas em situ-
ação de rua.
As atribuições dos trabalhadores do SUAS na rede socioassistencial privada
é pautada na NOB-RH/SUAS, com base no serviço a que se propõe prestar e de
acordo com as Orientações Técnicas de cada serviço. Esse tema não se esgota
aqui e nem se esgotará, visto que o SUAS busca seu aperfeiçoamento constante
no atendimento das demandas sociais.
Caro(a) aluno(a), falamos sobre alguns serviços de Proteção Social Especial
de Média e Alta Complexidade em órgãos públicos, mas você pode ampliar seu
conhecimento sobre os outros tantos serviços que compõem essa rede de aten-
dimento listados no início desta unidade, e que, descreveremos na unidade IV,
isso lhe possibilitará optar por um campo de pesquisa e atuação proissional,
posteriormente.
Para lhe auxiliar neste caminho, segue, no próximo tópico, a síntese de algu-
mas legislações relativas à assistência social, que são necessárias ao exercício
proissional no âmbito do SUAS.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


109

CONHECIMENTO BÁSICO LEGAL ESSENCIAL AOS


PROFISSIONAIS DO SUAS

Citaremos resumidamente algumas legislações e normativas para pautar conhe-


cimento básico e algumas que são exigidas como conhecimento mínimo aos
proissionais dos Serviços de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial
de Média e Alta Complexidade e aos proissionais de atuação no âmbito do SUAS,
como instrumental de trabalho.
Ao exercício proissional, é imprescindível conhecer mais de perto a Carta
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Magna, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Na sequên-


cia, a Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da
Assistência Social, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)
e que foi alterada pela Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011.
Contemplar conhecimento sobre a Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990
- Estatuto da Criança e do Adolescente e suas alterações posteriores são essen-
ciais à defesa e garantia de direitos. Para a defesa dos direitos socioassistenciais,
contamos com a Política Nacional de Assistência Social -PNAS de 2004. Já para
proteção e defesa da pessoa idosa, temos a Política Nacional do Idoso, Lei nº
8.842, de 4 de janeiro de 1994, e o Estatuto do Idoso, Lei Federal nº 10741, de
1º de outubro de 2003.
Contamos com a Política Nacional da Pessoa com Deiciência que foi pro-
mulgada por meio da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, e regulamentada
pelo Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. No que se refere à pessoa
com deiciência, alguns estados e municípios têm legislações complementares
que precisamos conhecer quando da atuação nesses territórios.
Para operacionalizar a Política Nacional de Assistência Social, nos pautamos
na Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS, aprovada em
2005 e reeditada em 2012, devemos conhecer as duas edições. No ano de 2006,
foi aprovada a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos da Assistência
Social- NOB-RH/SUAS.
No que concerne à capacitação e formação continuada, a base é a PNEP/SUAS
- Política Nacional de Educação Permanente do Sistema Único de Assistência
Social, que foi instituída pela Resolução CNAS nº 4, de 13 de março de 2013.

Conhecimento Básico Legal Essencial aos Proissionais do SUAS


110 UNIDADE III

Com base nas orientações do MDS (BRASIL, 2015) para a atuação no âmbito
do CREAS, acrescente às já citadas legislações, as seguintes:
Plano nacional de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil
(2000);
Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Pro-
teção ao Trabalhador Adolescente (2004);
Classiicação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e saúde -
CIF. Organização Mundial de Saúde (2004);
Plano Nacional de Promoção e Defesa do Direito da Criança e Adoles-
centes à Convivência Familiar e Comunitária (2006);

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Lei Maria da Penha - Lei nº 11340 de 2006;
Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráico de Pessoas (2006);
Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher (2007);
Legislações referentes ao Benefício de Prestação Continuada (BPC):
Decreto nº 6214, de 26 de setembro de 2007;
Decreto nº 6564, de 12 de setembro de 2008 e Portaria MDS n° 44, de
25 de fevereiro de 2009;
Convenção sobre os Direitos das pessoas com Deiciência e seu Proto-
colo Facultativo (2008);
Orientações técnicas: Serviços de Acolhimento para crianças e adoles-
centes. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome, Con-
selho Nacional de Assistência Social, e Conselho Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente (2009);
SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (2009);
Protocolo de gestão integrada de serviços, benefícios e transferência de
renda no âmbito do SUAS (2009);
Tipiicação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução CNAS
nº 109, de 11 de novembro de 2009;
Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) (2009);
Orientações técnicas Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS) (2009);
Estatuto de Promoção da Igualdade Racial (2010);

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


111

Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras drogas. Decreto


nº 7179, de 20 de maio de 2010;
Legislações sobre o Cadastro Único para Programas Sociais e o Progra-
ma Bolsa Família;
Instrução Operacional SENARC/SNAS n° 07, de 22 de novembro de
2010. Orientações aos municípios e ao DF para a inclusão de pessoas
em situação de rua no Cadastro Único para Programas Sociais;
Cadernos de orientações técnicas sobre o PETI - Gestão e Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos (2010).

O proissional deve ter seu conhecimento sempre atualizado quanto às legisla-


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ções, às bases teóricas e metodológicas e às leis, decretos e portarias dos órgãos


vinculados ao tema. Ter clara a legislação e instrumentos éticos de sua formação
proissional, as leis especíicas relativas a benefícios sociais e a normas e orien-
tações técnicas de cada serviço. O proissional não deve se limitar ao mínimo
exigido, mas buscar conhecimento constante, ainal, o proissional de serviço
social, em muitas ocasiões, torna-se responsável pelo destino de pessoas, e tal
compromisso solicita um empenho ético, moral e proissional de grande vulto.
A próxima unidade tratará do trabalho proissional das equipes do SUAS,
como já descrevemos nas unidades anteriores, a composição mínima das equipes
de referência de alguns equipamentos, seu peril e atribuições, e conheceremos
sobre o desenvolvimento dessas tarefas.

Conhecimento Básico Legal Essencial aos Proissionais do SUAS


112 UNIDADE III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, abordamos as bases do trabalho social e como este, tomou corpo
no Sistema Único de Assistência Social - SUAS.
Pudemos reletir sobre como o exercício proissional assume compromissos
éticos e de capacitação constante, devido ao fato de atender demandas sociais,
que sempre vêm carregadas de necessidades humanas urgentes, e ao fato de ter-
mos que estar aptos à responsabilidade que é intervir na vida dessas pessoas.
Tratamos das legislações que pautam o trabalho no âmbito do SUAS e dos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
princípios e das diretrizes dessa ação, com base na Norma Operacional Básica
de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social, visto que é essa
Norma que orienta a composição da equipe de cada serviço/equipamento e deine
as atribuições dos trabalhadores.
Compreendemos as deinições do trabalho social no SUAS e qual o peril
do proissional que irá compor a equipe de referência da rede socioassistencial.
Apresentamos, com relação à equipe de referência, qual a equipe mínima que
um serviço deve dispor para atendimento da população.
Trouxemos uma breve discussão sobre as possibilidades de aplicação dos recur-
sos no que se refere a recursos humanos, visto que possui algumas limitações legais.
Conhecemos um pouco sobre a Política de capacitação desses trabalhado-
res, para que possam desempenhar com esmero suas atribuições nos serviços
socioassistenciais de Proteção Social Básica, no CRAS e nos serviços de Proteção
Social Especial de Média e Alta Complexidade, no CREAS. E deixamos algu-
mas legislações e normativas listadas, que devem pautar o conhecimento básico
do proissional, para que tenha condições reais de encaminhar o beneiciário da
Política de Assistência Social da melhor forma. Espero que iniciem a busca pela
capacitação constante, pois conhecimento não se esgota, ele deve ampliar sem-
pre, assim como os horizontes.

GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS


113

1. Com base nos estudos realizados nesta unidade, quais são as características
apontadas para o trabalho social na sua origem?
2. Sobre a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de
Assistência Social/2006, cite 3 (três) dos princípios éticos que pautam a interven-
ção proissional?
3. A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único da Assis-
tência Social caracteriza o conceito de Equipes de referência no âmbito do SUAS.
Deina-as.
4. Considerando as normativas de recursos humanos do SUAS, qual a equipe mí-
nima de referência que deve estar disponível em um serviço de proteção básica
do CRAS no âmbito municipal?
5. A atuação proissional no SUAS não deve estar pautada somente nos
conhecimentos individuais de cada proissional que compõe a equipe
de trabalho, mas precisa atender de maneira uniforme, com capacitação
permanente e ter seus trabalhadores valorizados. Essa proposta de capacitação
ganhou força na VIII Conferência Nacional de Assistência Social, ocasião em que
foram deinidas as estratégias da Política Nacional de Educação permanente do
SUAS. A quem é destinada a PNEP/SUAS?
COM BASE NO MATERIAL DISPONIBILIZADO PELO MDS, SEGUEM ALGUNS CON-
CEITOS QUE ENVOLVEM O SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL À
FAMÍLIA – PAIF
O que é o serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF)?
Consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a inalidade de for-
talecer a função protetiva da família, prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu
acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê
o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e
proativo. O serviço PAIF integra o nível de proteção social básica do SUAS. (Tipiicação
Nacional de Serviços Socioassistenciais).
Como surgiu o PAIF?
O PAIF foi concebido a partir do reconhecimento que as vulnerabilidades e riscos sociais,
que atingem as famílias, extrapolam a dimensão econômica, exigindo intervenções que
trabalhem aspectos objetivos e subjetivos relacionados à função protetiva da família e
ao direito à convivência familiar.  O PAIF teve como antecedentes o Programa Núcleo
de Apoio à Família (NAF - 2001), e o Plano Nacional de Atendimento Integrado à Família
(PNAIF- 2003). Em 2004, o MDS aprimorou essa proposta com a criação do Programa de
Atenção Integral à Família (PAIF).
Em 19 de maio de 2004, com o decreto 5.085 da Presidência da República, o PAIF tor-
nou-se “ação continuada da Assistência Social”, passando a integrar a rede de serviços
de ação continuada da Assistência Social inanciada pelo Governo Federal. Em 2009,
com a aprovação da Tipiicação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, o Programa
de Atenção Integral à Família passou a ser denominado Serviço de Proteção e Atendi-
mento Integral à Família, mas preservou a sigla PAIF. Esta mudança de nomenclatura
enfatiza o conceito de ação continuada, estabelecida em 2004, bem como corresponde
ao previsto no Art. 23 da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS. Nessa direção, o PAIF
concretiza a presença e responsabilidade do poder público e reairma a perspectiva dos
direitos sociais, constituindo-se em um dos principais serviços que compõem a rede
de proteção social de assistência social, que vem consolidando no país de modo des-
centralizado e universalizado, permitindo o enfrentamento da pobreza, da fome e da
desigualdade, assim como, a redução da incidência de riscos e vulnerabilidades sociais
que afetam famílias e seus membros.(Caderno de Orientações Técnicas do PAIF - vol. 1).
Qual concepção de família na Política Nacional de Assistência Social (PNAS)?
A família para a PNAS é o grupo de pessoas que se acham unidas por laços consanguí-
neos, afetivos e, ou de solidariedade. A família, independente dos formatos ou modelos
que assume, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade. Caracteriza-se
como um espaço contraditório, cuja dinâmica cotidiana de convivência é marcada por
conlitos e geralmente, também, por desigualdades, sendo a família a base fundamental
no âmbito da proteção social.
115

Como o PAIF é coinanciado pelo MDS?


Por meio do Piso Básico Fixo (PBF) com transferência do Fundo Nacional de Assistência
Social para o Fundo Municipal de Assistência Social. (Portaria 116/2013).
Como é calculado o valor do Piso Básico Fixo a ser repassado a municípios e DF?
Será calculado tendo como base um valor de referência, a ser pago por família referen-
ciada, observada a classiicação por porte dos municípios. (Portaria 116/2013).
Obs. Valor de referência em vigência R$ 2,40.
O PAIF constitui ação continuada?
Em 19 de maio de 2004, o PAIF –Serviço de Proteção e Atendimento à Família passou
a integrar a rede de serviços de ação continuada da Assistência Social inanciada pelo
Governo Federal, de acordo com o Decreto 5.085/2004.
A Portaria nº 116, que regulamenta o Piso Básico Fixo, estabelecido pela NOB/ SUAS, sua
composição e as ações inanciadas, deine as ações a serem ofertadas exclusivamente
pelos CRAS.
Como obter o coinanciamento federal para o serviço PAIF?
1. Estar de acordo com os critérios de elegibilidade pactuados na Comissão Inter-
gestores Tripartite (CIT) e aprovados no Conselho Nacional de Assistência Social
(CNAS), para as expansões dos serviços socioassistenciais.
2. Ter os requisitos mínimos, conforme prevê a nova NOB/SUAS, para que Estados, DF e
Municípios, recebam os recursos referentes ao coinanciamento federal, art. 30 da LOAS:
■ conselho de assistência social instituído e em funcionamento;
■ plano de assistência social elaborado e aprovado pelo conselho de assistência social;
■ fundo de assistência social criado em lei e implantado; e
■ alocação de recursos próprios no fundo de assistência social.
Qual é a diferença entre PAIF e CRAS?
PAIF e CRAS não são sinônimos.
O PAIF é o principal serviço da proteção social básica que desenvolve o trabalho social com
famílias. Foi reconhecido pelo governo federal como um serviço continuado de proteção
básica (Decreto nº 5.085/2004), passando a integrar a rede de serviços socioassistenciais.
O CRAS é a estrutura física onde o serviço PAIF é executado, sendo a unidade pública
estatal de referência da rede de proteção social básica.
Onde deve ser ofertado o PAIF?
O PAIF deve ser obrigatoriamente ofertado no CRAS. Não existe CRAS sem a oferta do PAIF.
Quais são os objetivos do PAIF?
Ofertar ações socioassistenciais de prestação continuada, por meio do trabalho social
com famílias em situação de vulnerabilidade social e tem como objetivos:
■ Fortalecer a função protetiva da família, contribuindo na melhoria da sua qualidade
de vida;
■ Prevenir a ruptura dos vínculos familiares e comunitários, possibilitando a supera-
ção de situações de fragilidade social vivenciadas;
■ Promover aquisições sociais e materiais às famílias, potencializando o protagonis-
mo e a autonomia das famílias e comunidades;
■ Promover o acesso a benefícios, programas de transferência de renda e serviços
socioassistenciais, contribuindo para a inserção das famílias na rede de proteção
social de assistência social;
■ Promover acesso aos demais serviços setoriais, contribuindo para o usufruto de direitos;
■ Apoiar famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitam de
cuidados, por meio da promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivên-
cias familiares.
Quem são os usuários do PAIF?
Constituem usuários do PAIF as famílias territorialmente referenciadas ao CRAS, em si-
tuação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, do precário ou nulo acesso aos
serviços públicos, da fragilização de vínculos de pertencimento e sociabilidade e/ou
qualquer outra situação de vulnerabilidade e risco social.
São prioridades as seguintes situações consideradas de maior vulnerabilidade social:
■ Famílias vivendo em territórios com nulo ou frágil acesso à saúde, à educação e aos
demais direitos, em especial famílias monoparentais cheiadas por mulheres, com
ilhos ou dependentes;
■ Famílias provenientes de outras regiões, sem núcleo familiar e comunitário local,
com restrita rede social e sem acesso a serviços e benefícios socioassistenciais;
■ Famílias recém-retiradas de seu território de origem, em função da implementação
de empreendimentos com impactos ambientais e sociais; Famílias com moradia
precária (sem instalações elétricas ou rede de esgoto, com espaço muito reduzido,
em áreas com risco de deslizamento, vivenciando situações declaradas de calami-
dade pública, dentre outras);
■ Famílias vivendo em territórios com conlitos fundiários (indígenas, quilombolas,
extrativistas, dentre outros);
■ Famílias pertencentes aos povos e comunidades tradicionais (indígenas, quilombo-
las, ciganos e outros);
117

■ Famílias ou indivíduos com vivência de discriminação (étnico-raciais e culturais,


etárias, de gênero, por orientação sexual, por deiciência e outras);
■ Famílias vivendo em contextos de extrema violência (áreas com forte presença do
crime organizado, tráico de drogas, dentre outros);
■ Famílias que enfrentam o desemprego, sem renda ou renda precária com diiculda-
des para prover o sustento dos seus membros;
■ Famílias com criança(s) e/ou adolescente(s) que ica(m) sozinho(s) em casa, ou sob o cui-
dado de outras crianças, ou passa(m) muito tempo na rua, na casa de vizinhos, devido à
ausência de serviços socioassistenciais, de educação, cultura, lazer e de apoio à família;
■ Família que entregou criança/adolescente em adoção;
■ Família com integrante que apresenta problemas de saúde que demandam do
grupo familiar proteção e/ou apoios e/ou cuidados especiais (transtornos mentais,
doenças crônicas etc).
Vale ressaltar que isso não signiica que todas as famílias residentes nos territórios de
abrangência dos CRAS e que vivenciam tais situações precisam ser obrigatoriamente
inseridas no PAIF. O atendimento pelo Serviço deve ser de total interesse e concordância
das famílias, precedido da análise da equipe técnica.
Quais são as seguranças aiançadas pela Política Nacional de Assistência Social?
a. segurança de acolhida - provida por meio de ofertas públicas de espaços e serviços
localizados prioritariamente em territórios de maior vulnerabilidade, com condi-
ções de escuta proissional qualiicada, informação, referência, concessão de bene-
fícios, de aquisições materiais, sociais e socioeducativas;
b. segurança social de renda - operada por meio de concessão de Benefícios de Pres-
tação Continuada da Assistência Social – BPC nos termos da lei, para cidadãos não
incluídos no sistema contributivo de proteção social que apresentem vulnerabilida-
des decorrentes do ciclo de vida e, ou, incapacidade para a vida independente e para
o trabalho; e concessão de auxílios inanceiros sob determinadas condicionalidades;
c. segurança de convívio familiar e comunitário - oferta pública de rede de serviços con-
tinuados que garantam oportunidades e ação proissional para: construção, restaura-
ção e fortalecimento de laços de pertencimento (de natureza geracional, intergeracio-
nal, familiar, de vizinhança e interesses comuns e societários); exercício capacitador e
qualiicador de vínculos sociais e de projetos pessoais e sociais de vida em sociedade;
d. segurança de desenvolvimento da autonomia individual, familiar e social - provisão es-
tatal de ações proissionais para o desenvolvimento de capacidades e habilidades para
o exercício do protagonismo, da cidadania; a conquista de maior grau de liberdade, res-
peito à dignidade humana, protagonismo e certezas de proteção social para o cidadão,
a família e a sociedade; a conquista de maior grau de independência pessoal e quali-
dade nos laços sociais para os cidadãos e cidadãs sob contingências e diiculdades; e
e. segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais - provisão de acesso estatal, em
caráter transitório, de auxílios em bens materiais e em dinheiro, denominados de
benefícios eventuais para indivíduos e famílias em risco e vulnerabilidades circuns-
tanciais e nos casos de calamidade pública.
Quais são os elementos de vulnerabilidade segundo a NOB-SUAS?
Dentre alguns dos elementos de vulnerabilidade, a NOBSUAS aponta questões relacio-
nadas à precariedade de infraestrutura; presença de crianças e adolescentes, idosos e
pessoas com deiciência em famílias com renda até meio salário mínimo, responsáveis
analfabetos ou com baixa escolaridade e mulheres chefes de famílias sem cônjuge, famí-
lias com responsáveis desempregados, família em situação de trabalho infantil ou com
presença de crianças e adolescentes em idade escolar obrigatória fora da escola, dentre
outros. Dessa forma, há uma série de indícios possíveis de serem obtidos a partir das
estatísticas nacionais que, combinados, podem representar situações agravadas de vul-
nerabilidade social e de reprodução da pobreza entre gerações.
Qual a deinição de trabalho social com famílias no âmbito do PAIF?
Conjunto de procedimentos a partir de pressupostos éticos, conhecimento teórico me-
todológico e técnico-operativo, com a inalidade de contribuir para a convivência, reco-
nhecimento de direitos e possibilidades de intervenção na vida social de um conjunto
de pessoas, unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade. (Caderno
de Orientações do PAIF – Vol. 2).  Reconhecer que as famílias são protagonistas de suas
histórias, mas que sofrem os impactos da realidade socioeconômica e cultural nas quais
estão inseridas, em especial as contradições do território.
Quais as ações que compõem o PAIF?
Podem ser de caráter individual ou coletivo.
■ Acolhida;
■ Oicinas com famílias;
■ Ações comunitárias;
■ Ações particularizadas;
■ Encaminhamentos.
(Caderno de Orientações do PAIF – Vol. 2).
Obs. Não é permitido utilizar o Piso Básico Fixo para o inanciamento de benefícios
eventuais. (Portaria 116/2013).
Como ter acesso às ações do PAIF?
São quatro as formas de acesso ao PAIF descritas pela Tipiicação. Destaca-se dentre tais
formas de acesso à busca ativa, pois é por meio dela que o PAIF consegue operaciona-
lizar de modo mais efetivo a sua função protetiva e preventiva nos territórios, visto que
119

é capaz de antecipar a ocorrência de situações de vulnerabilidade e risco social e não


somente reagir passivamente às demandas apresentadas pelas famílias. (Tipiicação Na-
cional de Serviços Socioassistenciais).
■ Por procura espontânea;
■ Por busca ativa;
■ Por encaminhamento da rede socioassistencial;
■ Por encaminhamento das demais políticas públicas.
Quais os elementos necessários para execução do serviço PAIF?
■ Ambiente físico;
■ Recursos materiais;
■ Recursos humanos; e
■ Trabalho social essencial ao serviço.
O que é a Acolhida?
É o processo de contato inicial do usuário com o PAIF e tem por objetivo instituir o vínculo
necessário entre as famílias usuárias e o PAIF para a continuidade do atendimento só-
cio-assistencial iniciado. A Acolhida ocorre em grande parte na recepção do CRAS.  Deve
ser cuidadosamente organizada, para se constituir referência para as famílias. A aco-
lhida é primordial na garantia de acesso da população ao SUAS e de compreensão da
assistência social como direito de cidadania.
Quais as diretrizes metodológicas para o trabalho social com famílias do PAIF?
■ Fortalecer a assistência social como direito social de cidadania;
■ Respeitar a heterogeneidade dos arranjos familiares e sua diversidade cultural;
■ Rejeitar concepções preconceituosas, que reforçam desigualdades no âmbito familiar;
■ Respeitar e preservar a conidencialidade das informações repassadas pelas famí-
lias no decorrer do trabalho social;
■ Utilizar e potencializar os recursos disponíveis das famílias no desenvolvimento do
trabalho social;
■ Utilizar ferramentas que contribuam para a inserção efetiva de todos os membros
da família no acompanhamento familiar.
É importante que as ações do PAIF sejam adequadas às experiências, situações, contextos
vividos pelas famílias. Portanto, ao implementá-las cabe reletir sobre o tipo de família a
que a ação se destina e se ela terá algum signiicado.
Fonte: Brasil - MDS (online).
O MDS descreve os serviços da Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade,
e para o acolhimento institucional, encaminha as seguintes deinições:
O que é o Serviço de Acolhimento Institucional?
O Serviço de Acolhimento Institucional é o acolhimento em diferentes tipos de equi-
pamentos, destinado a famílias e/ou indivíduos com vínculos familiares rompidos ou
fragilizados, a im de garantir proteção integral. A organização do serviço deverá garan-
tir privacidade, o respeito aos costumes, às tradições e à diversidade de: ciclos de vida,
arranjos, raça/etnia, gênero e orientação sexual.
O atendimento prestado deve ser personalizado e em pequenos grupos e favorecer o
convívio familiar e comunitário, bem como a utilização e serviços disponíveis na comu-
nidade local. As regras de gestão e de convivência deverão ser construídas de forma
participativa e coletiva, a im de assegurar a autonomia dos usuários, conforme peris.
Como este serviço deverá ser ofertado?
Para crianças e adolescentes: 
Acolhimento provisório e excepcional para crianças e adolescentes de ambos os sexos,
inclusive crianças e adolescentes com deiciência, sob medida de proteção e em situa-
ção de risco pessoal e social, cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporaria-
mente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção. As unidades não
devem distanciar-se excessivamente, do ponto de vista geográico e sócio-econômico,
da comunidade de origem das crianças e adolescentes atendidos.
Os grupos de crianças e adolescentes com vínculos de parentesco – irmãos, primos, etc.
– devem ser atendidos na mesma unidade. O acolhimento será feito até que seja possí-
vel o retorno à família de origem ou colocação em família substituta.
O serviço para crianças e adolescentes pode ser desenvolvido nas seguintes modalidades:
Atendimento em unidade residencial onde uma pessoa ou casal trabalha como educador/
cuidador residente, prestando cuidados a um grupo de até 10 crianças e/ou adolescentes.
Atendimento em unidade institucional semelhante a uma residência, destinada ao
atendimento de grupo de até 20 crianças e/ou adolescentes. Nessa unidade é indica-
do que os educadores/cuidadores trabalhem em turnos ixos diários, a im de garantir
estabilidade das tarefas de rotina diárias, referência e previsibilidade no contato com as
crianças e adolescentes. Poderá contar com espaço especíico para acolhimento imedia-
to e emergencial, com proissionais preparados para receber a criança/adolescente em
qualquer horário do dia ou da noite, enquanto se realiza um estudo diagnóstico de cada
situação para os encaminhamentos necessários.
Para adultos e famílias: 
Acolhimento provisório com estrutura para acolher com privacidade pessoas do mes-
mo sexo ou grupo familiar. É previsto para pessoas em situação de rua e desabrigo por
121

abandono, migração e ausência de residência. Deve estar distribuído no espaço urbano


de forma democrática, respeitando o direito de permanência na cidade com segurança,
igualdade de condições e acesso aos serviços públicos.
O serviço de acolhimento institucional para adultos e famílias pode ser desenvolvido
nas seguintes modalidades:
Atendimento em unidade institucional semelhante a uma residência com o limite máxi-
mo de 50 pessoas por unidade e de 4 pessoas por quarto.
Atendimento em unidade institucional de passagem para a oferta de acolhimento ime-
diato e emergencial, com proissionais preparados para receber usuários em qualquer
horário do dia ou da noite, enquanto se realiza um estudo diagnóstico detalhado de
cada situação para os encaminhamentos necessários.
Para jovens e adultos com deiciência: 
Acolhimento destinado a jovens e adultos com deiciência, cujos vínculos familiares es-
tejam rompidos ou fragilizados. É previsto para jovens e adultos com deiciência que
não dispõem de condições de auto-sustentabilidade ou que estejam em processo de
desligamento de instituições de longa permanência. 
Deve ser desenvolvido em residências exclusivas inseridas na comunidade, funcionar
em locais com estrutura física adequada e ter a inalidade de favorecer a construção
progressiva da autonomia, da inclusão social e comunitária e do desenvolvimento de
capacidades adaptativas para a vida diária.
Para idosos:
Acolhimento para idosos com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, independentes e/
ou com diversos graus de dependência. A natureza do acolhimento deverá ser provi-
sória e, excepcionalmente, de longa permanência quando esgotadas as possibilidades
de auto- sustento e convívio com os familiares. É previsto para idosos que não dispõem
de condições para permanecer com a família, com vivência de situações de violência e
negligência, em situação de rua e de abandono, com vínculos fragilizados ou rompidos.
O serviço de acolhimento institucional para idosos pode ser desenvolvido nas seguintes
modalidades:
Atendimento em unidade residencial onde grupos de até 10 idosos são acolhidos. Deve
contar com pessoal habilitado, treinado e supervisionado por equipe técnica capacitada
para auxiliar nas atividades da vida diária.
Atendimento em unidade institucional com característica domiciliar que acolhe idosos
com diferentes necessidades e graus de dependência. Deve assegurar a convivência
com familiares, amigos e pessoas de referência de forma contínua, bem como o acesso
às atividades culturais, educativas, lúdicas e de lazer na comunidade. A capacidade de
atendimento das unidades deve seguir as normas de Vigilância Sanitária, devendo ser
assegurado o atendimento de qualidade, personalizado, com até 4 idosos por quatro.
Quais as formas de acesso a este Serviço?
Crianças e Adolescentes:
■ Por determinação do Poder Judiciário.
■ Por requisição do Conselho Tutelar. Nesse caso, a autoridade competente deverá
ser comunicada, conforme previsto no Artigo 93 do Estatuto da Criança e do Ado-
lescente.
Adultos e Famílias:
■ Por encaminhamento de agentes institucionais de serviços em abordagem social;
■ Por encaminhamentos do CREAS ou demais serviços socioassistenciais, de outras
políticas públicas setoriais e de defesa de direitos;
■ Demanda espontânea.
Idosos, Mulheres em situação de violência e Pessoas com deiciência:
■ Por requisição de serviços de políticas públicas setoriais, CREAS, demais serviços
socioassistenciais, Ministério Público ou Poder Judiciário.
Quais as Unidades de Atendimento?
Crianças e Adolescentes:
■ Casa – Lar;
■ Abrigo Institucional.
Adultos e famílias:
■ Abrigo Institucional;
■ Casas de Passagem.
Mulheres em situação de violência:
■ Abrigo Institucional.
Jovens e adultos com deiciência:
■ Residências inclusivas.
123

Idosos:
■ Casa Lar;
■ Abrigo Institucional (Instituição de Longa Permanência para Idosos).
O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora organiza o amparo de crian-
ças e adolescentes, afastados da família por medida de proteção, em residên-
cia de famílias cadastradas. É previsto até que seja possível o retorno à famí-
lia de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para adoção.  O
serviço é o responsável por selecionar, capacitar, cadastrar e acompanhar as famílias
acolhedoras. O acompanhamento da equipe deve abranger a criança e/ou adoles-
cente acolhido e também sua família de origem, com vistas à reintegração familiar.
O serviço deverá ser organizado segundo os princípios, diretrizes e orientações do Esta-
tuto da Criança e do Adolescente e do documento Orientações Técnicas: Serviços de Acolhi-
mento para Crianças e Adolescentes. 
Fonte: MDS (online).
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/assistencia-social/
pse-protecao-social-especial/servicos-de-alta-complexidade/servico-de-acolhimento-institucio-
nal>. Acesso em: 20 jul. 2015.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O Ministério do Desenvolvimento Social disponibiliza material de estudo sobre as normativas e


orientações quanto ao trabalho socioassistencial. No que diz respeito à Norma Operacional Básica
de Recursos Humanos do SUAS, conta, em seu primeiro volume, com o tema Gestão do Trabalho no
âmbito do SUAS.
Gestão do Trabalho no âmbito do SUAS: Uma contribuição necessária para ressigniicar as
ofertas e consolidar o direito socioassistencial
Contribuição de autores que possuem expertises no tema da gestão do trabalho e que vêm
colaborando com a implantação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) no Brasil. Traz
importantes contribuições para a implementação da gestão do trabalho e da educação permanente na
assistência social. Vários autores - Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
Secretaria Nacional de Assistência; 2011. 176 p.; 23. ISBN: 978-85-60700-56-1 1. Gestão do Trabalho no
SUAS, Brasil. 2. Políticas públicas, Brasil. 3. Assistência social, Brasil.
O material encontra-se disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/
secretaria-nacional-de-assistencia-social-snas/livros/gestao-do-trabalho-no-ambito-do-suas/gestao-
do-trabalho-no-ambito-do-suas>. Acesso em 12 ago. 2015.

Para ter acesso a mais informações sobre a Gestão de Recursos Federais e de Recursos Municipais,
temos dois documentos em especíico, que tratam dos referido temas, e está disponível no endereço
da Controladoria Geral da União em: <www.cgu.gov.br>. No lado esquerdo da tela, clique em
Publicações e Orientações, depois, na página seguinte, selecione o item “Gestão de Recursos Federais
- Manual para os Agentes Municipais”, abaixo de Cartilhas e Manuais; no que se refere aos Recursos
municipais, selecione o item “Gestão de Recursos Federais - Manual para os Agentes Municipais”.

"A Constituição Federal de 1988 estabelece que a família tem especial proteção do Estado, assim como
assegura às crianças e aos adolescentes o direito à convivência familiar e comunitária. O consenso
a respeito da família como espaço privilegiado para o adequado desenvolvimento humano está
consagrado em documentos internacionais, como observado no preâmbulo da Convenção das Nações
Unidas sobre os direitos da Criança (20/11/1989), os Estados partes declararam-se "convencidos
de que a família, como elemento básico da sociedade e meio natural para o crescimento e o bem-
estar de todos os seus membros e em particular das crianças, deve receber a proteção e assistência
necessária para poder assumir plenamente suas responsabilidades na comunidade", cujos princípios
estão presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente". O consenso a respeito da família como
espaço privilegiado para o adequado desenvolvimento humano está consagrado em documentos
internacionais, como observado no preâmbulo da Convenção das Nações Unidas sobre os direitos da
Criança (20/11/1989), os Estados partes declararam-se "convencidos de que a família, como elemento
básico da sociedade e meio natural para o crescimento e o bem-estar de todos os seus membros
e em particular das crianças, deve receber a proteção e assistência necessária para poder assumir
plenamente suas responsabilidades na comunidade", cujos princípios estão presentes no Estatuto da
Criança e do Adolescente".
Conheça mais sobre a convivência familiar e comunitária no endereço disponível em: <http://www.
sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/programas/convivencia-familiar-e-comunitaria>. Acesso
em: 12 ago. 2015.
Conheça a Política Nacional de Educação Permanente do SUAS, no link disponível em: <http://
aplicacoes.mds.gov.br/snas/documentos/Politica-nacional-de-Educacao-permanente.pdf>. Acesso em:
12 ago. 2015.
Os cadernos e as cartilhas produzidas pelo Departamento de Proteção Social Especial são disponíveis
no Portal do MDS para consulta.
Cadernos disponíveis em: <www.mds.gov.br/gestaodainformacao/biblioteca/secretaria-nacional-de-
assistencia-social-snas/cadernos>. Acesso em: 21 jul. 2015.
Cartilhas disponíveis em: <www.mds.gov.br/gestaodainformacao/biblioteca/secretaria-nacional-de-
assistencia-social-snas/cartilhas>. Acesso em: 21 jul. 2015.
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Professora Esp. Andressa Bareta

IV
TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS

UNIDADE
E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA
PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL
DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE

Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer os Serviços ofertados pelo Sistema Único de
Assistência Social na proteção social básica e especial de média
e alta complexidade no atendimento às famílias em situação de
vulnerabilidade social.
■ Identiicar o trabalho do assistente social com as famílias
demandantes da Política Nacional de Assistência Social (SUAS).
■ Reconhecer os desaios do Serviço Social na contemporaneidade no
trabalho com famílias.
■ Estudar os conceitos de família e de vulnerabilidade, contribuindo
com o debate acerca da construção de caminhos que fortaleçam a
família.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Serviço Social e o Trabalho com Famílias em situação de
vulnerabilidade social
■ Conceito de Família
■ Vulnerabilidade Social
■ Os serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica e Especial de
Média e Alta Complexidade da Política de Assistência Social
127

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Dando continuidade aos estudos sobre a coniguração do SUAS, Sistema
Único de Assistência Social e sua interface com o Serviço Social, vamos apre-
sentar, nesta unidade, como se dá, nesse novo modelo de gestão, a execução dos
Serviços Socioassistenciais que tem como missão garantir o acesso da popula-
ção a uma Política de Assistência Social de qualidade. Por outro lado, também
signiica a união de esforços para a criação de uma grande parceria entre União,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Estados, Distrito Federal e Municípios para a construção de um sistema único


e especíico.
Para compreender a atuação do assistente social na execução dos Serviços
socioassistenciais, faz-se necessário conhecer a Resolução nº 145, de 15 de outubro
de 2004, do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, a qual estabelece que
a Proteção Social se divide em Básica e Especial de Média e Alta Complexidade,
com vistas a garantir a oferta das seguranças sociais e assegurar a responsabili-
dade do Estado na proteção social das famílias em situação de vulnerabilidade
e risco social.
Nesse sentido, temos como proposta reletir sobre o atendimento às famílias
demandantes da PNAS, com o objetivo de diminuir e/ou superar as vulnerabili-
dades a que estão submetidas. E, para essa discussão, tomamos como referência
as normativas legais sobre os recursos que o SUAS estabeleceu para o enfren-
tamento dessas vulnerabilidades circunscritas nas várias expressões da questão
social, dentre elas, a Tipiicação Nacional dos Serviços Socioassistenciais.
Esses Serviços são operacionalizados pelos assistentes sociais e demais téc-
nicos que compõem a equipe interdisciplinar do SUAS, os quais se coniguram
ainda como o grande desaio do trabalho social com as famílias em situação de
vulnerabilidade social.
Esperamos, desse modo, que os conteúdos aqui apresentados possam con-
tribuir com sua formação, de modo a diferenciá-lo na prática proissional.
Bons Estudos!

Introdução
128 UNIDADE IV

SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO COM FAMÍLIAS EM


SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL

O Serviço Social tem uma longa tradição histórica no processo de trabalho em


atenção às famílias e do aprofundamento da discussão teórico-metodológica e
ético-política como compromisso proissional com a referida demanda. Nesse
sentido, coadunamos com Neder (1996, p. 124):
Os assistentes sociais são os únicos proissionais que têm a família
como objeto privilegiado de intervenção durante toda sua trajetória

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
histórica, ao contrário de outras proissões que a privilegiam em alguns
momentos e, em outros, a tiram de cena.

Contudo, dada as transformações da família brasileira, muitos desaios, ainda,


são enfrentados cotidianamente pelos assistentes sociais que, embora tenham
domínio de todo arcabouço teórico, ainda assim exige-se cada vez mais do pro-
issional o aperfeiçoamento do processo de trabalho no trato com as famílias,
em virtude das expectativas sociais sobre sua função, suas tarefas e obrigações
no contexto contemporâneo. Ou seja, espera-se um mesmo padrão de funcio-
nalidade das famílias, independente do lugar em que estão localizadas na linha
da estratiicação social, padrão esse calcado em postulações culturais tradicio-
nais referentes aos papéis paterno e materno, principalmente (MIOTO, 2001).
São questões presentes no debate proissional acerca da temática. Na área da
criança e do adolescente, campo fértil de intervenção com famílias, Sant’ana (2000),
ao investigar a prática proissional de assistentes sociais em instituições públicas
e privadas, concluiu que a maioria dos assistentes sociais realiza uma interven-
ção pouco qualiicada e com ausência de referenciais teóricos e de postura crítica.
Para a autora, essa situação compromete a implantação do projeto ético-político
do Serviço Social, à medida que ele ica a cargo de uma minoria de vanguarda.
Na perspectiva da análise do discurso dos assistentes sociais no cotidiano
proissional, Guimarães (1996) observou a existência de quatro construções dis-
cursivas. A primeira, denominada de pré-construída, refere-se ao discurso pautado
na suposição do senso comum. A segunda, que é a linha de pensamento umbi-
licado, caracteriza-se pela permanência de um pensamento pré-estabelecido do
início ao inal da intervenção. A terceira, que a autora chamou de kit-discurso,

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
129

considera que o assistente social realiza a sua prática a partir dos dois procedimen-
tos anteriores, tornando a intervenção um ato altamente mecânico. Finalmente,
a quarta construção discursiva se caracteriza pela dicotomia entre ação e fala.
Ao discursarem sobre suas respectivas práticas, os assistentes sociais apre-
sentam tal distância entre ação e fala que, muitas vezes, se apresentam como
contraditórias, sem que, geralmente, as contradições sejam percebidas. Esse tipo
de análise demonstra a fragilidade do processo de intervenção.
Como airma Guerra (2000), é necessário resgatar a dimensão emancipa-
tória da instrumentalidade do exercício proissional, pois é por meio dela que a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

proissão poderá superar o seu caráter eminentemente operativo e manipulató-


rio dado pela condição histórica do surgimento da proissão.
Para Iamamoto (2011, p. 31), esse processo consolida a proissionalização
do Serviço Social à medida que:
O serviço social deixa de ser um instrumento de distribuição de ca-
ridade privada das classes dominantes, para se transformar, priorita-
riamente, em uma das engrenagens de execução da política social do
Estado e de setores empresariais.

Cabe aqui uma análise histórica e sociológica da concepção de família e da inter-


venção proissional frente ao desaio contemporâneo, então, vamos lá?

CONCEITO DE FAMÍLIA

O conceito de família vem, ao longo da história, sofrendo mudanças, devido


às transformações societárias motivadas pelo sistema econômico capitalista e,
mais precisamente, após a Revolução Industrial, quando muitas famílias deixa-
ram os campos agrícolas para viverem nos grandes centros urbanos. O maior
impacto se deu a partir do momento em que as mulheres também vão trabalhar
nas indústrias, até mesmo as crianças, iniciando, assim, a exploração da mão de
obra tanto de mulheres como de crianças. Esses acontecimentos representam as
transformações que coniguram a emergência da sociedade urbana industrial.

Conceito de Família
130 UNIDADE IV

À medida que a mulher é lançada no mercado de trabalho, ela deixa de


exercer o papel da igura feminina, responsabilizada a icar dentro de casa para
cuidar exclusivamente dos afazeres domésticos e da educação dos ilhos. Esse
quadro se intensiica com o movimento feminista na década de 1960, quando
a mulher inicia a sua emancipação social e sexual, que culmina com a possibi-
lidade da mulher fazer escolha pela maternidade, pois, nesse mesmo período,
difunde-se os anticoncepcionais que trazem outras consequências airmadas
por Sarti (2005, p. 21):
A partir da década de 1960, (…) em escala mundial, difundiu-se a pílula

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
anticoncepcional, que separou a sexualidade da reprodução e interferiu
decisivamente na sexualidade feminina. Esse fato criou as condições
materiais para que a mulher deixasse de ter sua vida e sua sexualidade
atadas à maternidade como um “destino”, recriou o mundo subjetivo
feminino e, aliado à expansão do feminismo, ampliou as possibilida-
des de atuação da mulher no mundo social. A pílula, associada a outro
fenômeno social, a saber, o trabalho remunerado da mulher, abalou os
alicerces familiares, e ambos inauguraram um processo de mudanças
substantivas na família.

Podemos, assim, identiicar que as mudan-


ças ocorreram de forma gradativa, sendo
possível compreender as transformações
sociais e familiares que se expressam nos
dias atuais.
É, ainda, signiicativo o número de
famílias monoparentais, termo utilizado
para denominar como responsáveis, o pai
e/ou a mãe. Essa constituição de família
pode ser denominada de “recompostas”
a partir do momento em que o responsá-
vel pela família venha a se casar ou viver
um concubinato (art. 1727- Código Civil
Brasileiro).

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
131

Os novos arranjos familiares vêm


ocorrendo, o que denota um novo olhar pro-
issional na intervenção junto às famílias.
Amaral (2001) airma que a família é
uma construção social que varia segundo as
épocas, permanecendo, no entanto, aquilo
que se chama de “sentimento de família”, que
se forma a partir de um emaranhado de emo-
ções e ações pessoais, familiares e culturais,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

compondo o universo do mundo familiar.


Os conceitos, porém, ampliam-se, assim
como pode ser observado na opinião de
outros autores, por exemplo, para Kaloustian & Ferrari (1994, p. 107),
A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência e
da proteção integral dos ilhos e demais membros, independentemente
do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família
que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao
desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha
um papel decisivo na educação formal e informal; em seu espaço que
são absorvidos os valores éticos e morais, e onde se aprofundam os
laços de solidariedade.

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social (1988), “a família é a


unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros indivíduos que com ela
possuam laços de parentesco, que forme um grupo doméstico, vivendo sob o
mesmo teto e mantendo sua economia pela contribuição de seus membros”
(BRASIL, 1999, p.66).
Vem crescendo internacionalmente a visão de que as unidades de atuação
“família e comunidade” são pontos importantes da estratégia de integração das
diversas políticas sociais. A escolha do ano de 1994 como Ano Internacional
da Família pela ONU relete esse movimento de priorização política da família
(CARVALHO, 1994, p. 34).

Conceito de Família
132 UNIDADE IV

Diante de tantas transformações sociais, faz-se necessário reletir nesse cená-


rio como se dá a intervenção proissional. Segundo Iamamoto e Lessa (2007),
analisar os espaços sócio ocupacionais do assistente social exige inscrever a rele-
xão no movimento histórico da sociedade brasileira e mundial, considerando
os processos sociopolíticos que condicionam o modo como o Serviço Social se
insere na sociedade capitalista madura, como um tipo de especialização do tra-
balho inscrito na divisão sócio técnica do trabalho, articulado aos processos de
produção e reprodução das relações sociais.
De acordo com Campos e Mioto (2003, p. 167), desde a instituição da Lei

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dos Pobres, havia a preocupação de “se tratar a família como a unidade, quando
se trata de agir em relação à miséria”. Desse modo, identiicamos que a interven-
ção proissional junto às famílias em situação de vulnerabilidade remonta desde
o surgimento da proissão.
Para Gomes e Pereira (2005), de fato, na sociedade brasileira, a crise do
Estado é resultante da diiculdade do país em acompanhar o desenvolvimento
do novo cenário econômico internacional, tornando-se incapaz de garantir o
crescimento econômico e solucionar questões sociais.
Diante da ausência de políticas de proteção social à população pauperizada,
em consequência do retraimento do Estado, a família é “chamada a responder
por esta deiciência sem receber condições
para tanto. O Estado reduz suas interven-
ções na área social e deposita na família uma
sobrecarrega que ela não consegue suportar
tendo em vista sua situação de vulnerabili-
dade socioeconômica” (GOMES; PEREIRA,
2006, p. 361).
Nesse cenário de refração do Estado,
podemos identiicar a intervenção pro-
issional do assistente social por meio das
demandas individuais e coletivas que surgem
cotidianamente nos espaços sócio-ocupacio-
nais como expressão da questão social e que demandam políticas públicas em
todos os setores da sociedade, a exemplo da educação, assistência social, habitação,

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
133

saneamento, saúde, transporte. E, nessa perspectiva de análise, reletimos em


Iamamoto (2011, p. 20), “a proissão não se caracteriza apenas como forma de
exercer a caridade, mas como forma de intervenção ideológica na vida da classe
trabalhadora”, que propõe uma concepção educativa, de modo que possa preve-
nir os problemas sociais, integrando a família operária na sociedade.
A autora traduz o desaio constante que consiste em encontrar estratégias e
outras formas de abordagem e interlocução para o enfrentamento dos problemas
familiares tão presentes na sociedade capitalista e, ao mesmo tempo, da respon-
sabilidade de como integrá-los na luta política dos diversos movimentos sociais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nesse sentido, concordamos com os estudos realizados por Mioto (2000)


que avalia o trabalho coletivo e individual com famílias. Esse trabalho tem se
manifestado no cotidiano dos serviços e consiste no protagonismo e emancipa-
ção das famílias face às transformações sociais ocorridas no sistema capitalista.
No Brasil, a Proteção Social tem maior ênfase e garantia com a aprovação
da Constituição de 1988, que vai constituir legalmente como função do Estado
prover a Proteção Social, que inicia com a consolidação e aprovação, em 1993,
da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Conforme a Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004, p. 31), “pro-
teção social deve garantir as seguintes seguranças: segurança de sobrevivência
(de rendimento e de autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência familiar”.
A compreensão da PNAS é que a responsabilidade maior da Assistência Social
é a proteção social da acolhida, de convívio ou vivência familiar.
A família passa a ser priorizada, bem como responsabilizada no âmbito da
Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004, p. 41), “(...) independente
dos formatos ou modelos que assume, é mediadora das relações entre os sujeitos
e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e
o privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida”; enquanto
cabe ao Estado subsidiar as famílias por meio de medidas socioeducativas e,
quando necessário, de repasse inanceiro. Cumprindo, assim, supericialmente,
o seu papel - da proteção social.
Agora que já reletimos sobre os vários conceitos de família e os desaios
para o Serviço Social do trabalho com famílias; vamos estudar o que é vulnera-
bilidade social.

Conceito de Família
134 UNIDADE IV

VULNERABILIDADE SOCIAL

A partir dos conceitos trabalhados sobre família, propomo-nos a reletir sobre


as vulnerabilidades sociais como uma das expressões da questão social e sobre
a sua interface com a proteção social.
A vulnerabilidade da família está, também, associada às políticas públicas,
que uma vez desassistidas pelo Estado, se veem impossibilitadas de responde-
rem às necessidades básicas de seus membros e, por conseguinte, aumentam a
sua condição de exclusão, de pobreza.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para aprofundar esse tema, foi necessária uma revisão literária e docu-
mental como recurso metodológico para discutir a questão social e a temática
da família. Assim, propomos discutir conceitualmente as categorias Exclusão,
Vulnerabilidade Social e Pobreza como expressões da Questão Social.
O conceito de vulne-
rabilidade social não tem
uma deinição única, sendo
que muitos autores que
dialogam sobre o tema o
compreendem como tendo
várias facetas. Dessa forma,
é possível observar entre
os estudiosos diversas teo-
rias, as quais estão dispostas
sobre diferentes percepções
de mundo.
A PNAS/2014 aborda essa temática, mas não aponta um conceito deinido,
indica, ao falar sobre a Proteção Social Básica, que as situações caracterizadas
como de vulnerabilidade social, geralmente, são decorrentes da pobreza, privação,
ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, tempestades
ou calamidades, fragilização dos vínculos afetivos e de pertencimento social
decorrentes de discriminações etárias, de gênero, relacionadas à sexualidade,
deiciência, entre outros, a que estão expostas famílias e indivíduos, diicultando,
assim, seu acesso aos direitos e exigindo proteção social do Estado.

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
135

Para compreender as dimensões de vulnerabilidade social expressas na


Política Nacional de Assistência Social, vamos explanar sobre o disposto nos
demais documentos oicias que abordam a temática, sendo eles: Os Cadernos
de Orientações Técnicas do PAIF (BRASIL, 2012), os estudos realizados pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioecônomicos – DIEESE
(2007, apud BRASIL, 2012), e discussões realizadas pelos autores Kaztmam (1999
apud BRASIL, 2012), e Marandola Junior e Hogan (2006 apud BRASIL, 2012).
Kaztmam (1999 apud BRASIL, 2012) aborda a questão da vulnerabilidade
social como sendo resultante de duas variáveis: a estrutura de oportunidade e a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

capacidade dos lugares. A estrutura de oportunidade é concebida por meio da


seguinte composição: mercado, sociedade e Estado. No que tange ao mercado,
ele é composto pelos empregos e a estrutura ocupacional. A sociedade é com-
posta pelo chamado “capital social”, que é entendido como as relações sociais
e de apoio mútuo, as quais são geradas a partir do princípio da reciprocidade,
ocorrendo, geralmente, em meio a grupos étnicos, na religião, na composição
familiar ou na comunidade. E, por im, o Estado, que representa as políticas de
bem-estar social e as estruturas de representações de demandas e direitos, como,
por exemplo, os conselhos de direitos.
No que diz respeito ao conceito de capacidades dos lugares, o autor destaca os
territórios como os espaços de sobrevivência, pois, neles, encontramos as possi-
bilidades de acesso a condições habitacionais, de saúde, sanitárias, de transporte,
entre outros serviços públicos, o que vai inluenciar diretamente no acesso à
informação e às oportunidades e, com isso, no acesso aos direitos da população.
Dessa forma, para o autor, os atores sociais estão inseridos em uma gama de
oportunidades e precariedades que se coniguram por meio do contexto histórico,
econômico e social que originam os diferentes tipos e graus de vulnerabilidade
social. Para que consigam superar as situações de vulnerabilidades vigentes, é
necessário uma interlocução igual entre a capacidade de gerenciamento das suas
opções, mas também da intermediação e da proteção da estatal.
Nos estudos realizados pelo DIEESE (apud, BRASIL, 2012), a vulnerabili-
dade deine a zona intermediária instável que conjuga a precariedade do trabalho,
a fragilidade dos suportes de proximidade e a falta de proteção social. Diante
disso, se ocorrer algo, como uma crise econômica, o aumento do desemprego

Vulnerabilidade Social
136 UNIDADE IV

ou a generalização do subemprego, a zona de vulnerabilidade aumenta substan-


cialmente. Nesse contexto:
A vulnerabilidade de um indivíduo, família ou grupos sociais refere
se à maior ou menor capacidade de controlar as forças que afetam seu
bem-estar, ou seja, a posse ou controle de ativos que constituem os
recursos requeridos para o aproveitamento das oportunidades propi-
ciadas pelo Estado, mercado ou sociedade: a) físicos - meios para o
bem-estar - moradia, bens mensuráveis, poupança, crédito; b) huma-
nos: trabalho, saúde, educação (capacidade física e qualiicação para
o trabalho); e c) sociais–redes de reciprocidade, coniança, contatos e
acessos à informação (BRASIL, 2012, p.12).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os estudos sobre vulne-
rabilidade social, na sua
maioria, apontam, tam-
bém, à ideia de risco frente
ao desemprego, à precarie-
dade do trabalho, à pobreza,
à falta de proteção social ou
acesso aos serviços públicos,
à fragilidade dos vínculos
familiares e sociais.

Para uma maior compreensão sobre os aspectos que perpassam a discussão


acerca da condição de vulnerabilidade social, o Departamento Intersindi-
cal de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE em pareceria com o
Ministério do Trabalho e Emprego e UNICAMP (2007) desenvolveram uma
pesquisa sobre os Aspectos Conceituais de Vulnerabilidade Social, na qual
foi identiicado que diversos autores apontaram para os limites do conceito
de exclusão social e buscaram avançar na discussão acerca do signiicado de
vulnerabilidade social.
Para aprofundar o conhecimento acerca do tema ora apresentado, saiba
mais em: <http://www3.mte.gov.br/observatorio/sumario_2009_TEXTOV1.
pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
137

Os estudos realizados por Marandola Junior e Hogan (2006 apud BRASIL,


2012) afirmam que “o termo vulnerabilidade é um conceito novo
utilizado para compor os estudos sobre pobreza, o qual tem relação com os
utilizados no passado, tais como: exclusão/inclusão, marginalidade,
apartheid, perife-rização, segregação, dependência, entre outros”. Os
autores afirmam, ainda, que o termo vulnerabilidade tem sido utilizado
para retratar a diminuição dos bens de cidadania, seja em função da
diminuição de renda ou da perda de capital social.
A partir do que foi apresentado até o momento, é possível observar que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

os documentos oficiais indicam que a condição de vulnerabilidade deve


conside-rar a situação das pessoas e famílias a partir de alguns elementos,
sendo eles: a inserção e estabilidade no mercado de trabalho, a debilidade de
suas relações sociais e, por fim, o grau de regularidade e de qualidade de
acesso aos serviços públicos ou outras formas de proteção social.
Sendo assim, identiicamos nos estudos sobre vulnerabilidade que exis-
tem várias formas de mensurar uma condição de vulnerabilidade social,
conforme descrito nos documentos oiciais. E, com o intuito de buscar apro-
fundar ainda mais a discussão acerca dessa temática, ampliamos os estudos
em diversos autores.
Desse modo, localizamos na obra Dinâmica dos processos de marginaliza-
ção: da vulnerabilidade à “desiliação”, de Castel (1997), na qual o autor discute
a existência de uma “zona de vulnerabilidade”, que é constituída por indivíduos
que se encontram numa dada zona de pobreza, que “a vulnerabilidade social é
uma zona intermediária instável que conjuga a precariedade do trabalho e a fra-
gilidade dos suportes de proximidade” (CASTEL,1997, p. 27).
Quando colocamos no centro do debate Famílias Vulneráveis e a Proteção
Social, reletimos sobre a necessidade de atenção pública, mais precisamente
da Política de Assistência Social Brasileira, dos seus avanços e limites com
vistas a avaliar se a proteção prevista é capaz de proporcionar autonomia
para as famílias na perspectiva de processo emancipatório ou se reforça
responsabilidades.
A maioria das discussões a respeito da vulnerabilidade social estava asso-
ciada à análise sobre o papel desempenhado pelas políticas sociais nos países

Vulnerabilidade Social
138 UNIDADE IV

desenvolvidos com regime


do Welfare State, período
que marca o contexto de
crise aberto a partir dos anos
70 nas economias capitalistas.
Dentre os vários estudos
sobre vulnerabilidade social, identiicamos as mais diversas condições inter-
mediárias que se traduzem nas situações extremas de inclusão e exclusão e que
vêm colaborar para o estudo dinâmico das desigualdades a partir dos indicado-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
res sociais que situam as zonas de risco.
Portanto, a noção conceitual de vulnerabilidade social tem sido adotada para
a construção de indicadores sociais mais amplos, não se restringindo à delimi-
tação de uma determinada linha de pobreza.
Um somatório de situações de precariedade, para além das precárias
condições socioeconômicas (como indicadores de renda e escolaridade
ruins) [...]. São considerados como elementos relevantes no entendi-
mento da privação social aspectos como a composição demográica das
famílias aí residentes, a exposição a situações de risco variadas (como
altas incidências de certos agravos à saúde, gravidez precoce, exposi-
ção à morte violenta, etc.), precárias condições gerais de vida e outros
indicadores (CENTRO DE ESTUDO DA METRÓPOLE, 2004, apud
YASBEK, 2008).

O termo vulnerabilidade social exprime várias situações de precariedade e não


apenas a de renda, como destaca Oliveira (apud YASBEK, 2008, p.19) “uma dei-
nição econômica de vulnerabilidade social
é insuiciente e incompleta, mas deve ser a
base material para o seu enquadramento
mais amplo”, incluindo, também, outras pre-
cariedades, que não se limitam a recursos
materiais, mas se inclui, assim, a fragiliza-
ção de vínculos afetivos, tanto os relacionais
como os de pertencimento, muitas vezes,
decorrentes das discriminações etárias, étni-
cas, de gênero, dentre outras.

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
139

Ainda de acordo com Yasbek (2008), vulneráveis são as pessoas ou grupos


que, por condições sociais, de classe, culturais, étnicas, políticas, econômicas,
educacionais e de saúde, distinguem-se por suas condições precárias de vida. O
que implica: suscetibilidade à exploração; restrição à liberdade; redução da auto-
nomia e da autodeterminação; redução de capacidades; fragilização de laços de
convivência; rupturas de vínculos e outras tantas situações que aumentam a pro-
babilidade de um resultado negativo na presença de risco.
Nesse aspecto, constatamos que os termos exclusão, vulnerabilidade, pobreza
e risco social estão intrinsicamente relacionados e se consideram tanto os aspectos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

objetivos, como restrição de renda, e relativos às condições de vida dos indiví-


duos, quanto os aspectos subjetivos, como a desvalorização social, a perda da
identidade, falência de vínculos comunitários, sociais e familiares, em que a
tônica do problema se dá pelo empobrecimento das relações sociais, econômi-
cas, culturais e das redes de solidariedade.

A exclusão social, a pobreza, a miséria e a falta de perspectiva de um projeto


existencial que vislumbre a possibilidade da melhoria da qualidade de vida
implica dizer que impõe a toda a família uma luta desumana e desigual pela
sobrevivência. A questão da centralidade da família pobre aparece no cená-
rio da sociedade burguesa como a face mais cruel da disparidade econômi-
ca e da desigualdade social
Fonte: Gomes e Pereira (2005, p.360).

De acordo com Fávero (2001), não estamos afirmando que situações que
levam à destituição do poder familiar, tais como violência doméstica,
negligên-cia, abandono e exploração do trabalho infantil, são fatores exclusivos
de famílias pobres, contudo a pobreza deixa as pessoas vulneráveis a tais
situações, com-preendendo essa pobreza como “um conjunto de ausências
relacionado à renda, educação, trabalho, moradia e rede familiar e social de
apoio” (FÁVERO, 2001, p. 79 apud AGUERA).

Vulnerabilidade Social
140 UNIDADE IV

Agora que já analisamos as discussões teóricas sobre os vários contextos


sociais que podem levar a família e/ou indivíduos a uma condição de exclusão
e de vulnerabilidade social, vamos apresentar os Serviços Socioassistenciais que
compõem a rede de proteção social básica e especial voltados ao atendimento
das famílias contempladas pelo Sistema Único de Assistência Social

OS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL DE
MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE DA POLÍTICA
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Prezado(a) aluno(a), neste tópico, vamos detalhar os serviços oferecidos em cada


um dos níveis de proteção social deinidos pela Política Nacional de Assistência
Social. Esses serviços foram citados a vocês no início da unidade III e, agora, iremos
apresentá-los de forma que você consiga mensurar a amplitude de cada um deles.
Conforme abordado ao longo do nosso livro, o SUAS é dividido em níveis
de complexidade no que tange a proteção social, sendo eles: a Proteção Social
Básica e a Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. Em cada uma
delas, o trabalho é realizado a im de fortalecer e/ou resgatar laços e vínculos
sociais e de pertencimento entre os membros da família, objetivando enaltecer
suas capacidades e ampliar o seu protagonismo social.
Nesse momento, vamos abordar a Proteção Social Básica, a qual tem por
objetivos, segundo a PNAS (2014, p.33):
Prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencia-
lidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comu-
nitários. Destina-se a população que vive em situação de vulnerabilida-
de social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário
ou nulo acesso a serviços públicos, dentre outros), e, ou, fragilização
de vínculos afetivos – relacionais ou de pertencimento social (descri-
minações etárias, éticas, de gênero ou por deiciências, dentre outras).

Diante disso, a proteção social básica é divida em três modalidades de servi-


ços, conforme disposto na Tipiicação Nacional dos Serviços Socioassitenciais,

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
141

aprovada pela Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009, sendo eles:


o serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), o Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e o Serviço de Proteção Social
Básica no domicílio para pessoas com deiciência e idosas. Nesse sentido, apre-
sentaremos, a seguir, as especiicações dos serviços realizados na proteção social
básica por meio do disposto nas normativas legais.
A Resolução relata em seu texto que o PAIF tem por objetivo o trabalho social
com famílias, é de caráter continuado e tem como intuito fortalecer a função prote-
tiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover o acesso e usufruto
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

das famílias aos direitos garantidos na Constituição e contribuir para a melhoria


na qualidade de vida de seus membros. Além disso, prevê o desenvolvimento das
potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familia-
res e comunitário, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo.
O PAIF se conigura como o principal programa de Política de Assistência
Social no atendimento a famílias que se encontram em situação de vulnerabili-
dade, em que seu atendimento é realizado
Por meio de visitas domiciliares, ações de orientação e informação, re-
alização de grupos de convivência, atividades socioeducativas – de ca-
pacitação e inserção produtiva –, o PAIF acompanha famílias em situa-
ção de vulnerabilidade social, promovendo inclusive encaminhamento
para inserção no CadÚnico – Cadastro Único e também para outras
políticas. De acordo com dados do MDS, este conjunto de ações pro-
movido pelo PAIF alcançou aproximadamente 2,8 milhões de famílias
em 2009 (IPEA, 2011, p.62).

O trabalho social do PAIF deve utilizar-se, também, de ações nas áreas culturais
para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar o universo informa-
cional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias do serviço.
As ações do PAIF não devem possuir caráter terapêutico. É serviço baseado
no respeito à heterogeneidade dos arranjos familiares, aos valores, crenças e iden-
tidades das famílias. Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo, no
combate a todas as formas de violência, de preconceito, de discriminação e de
estigmatização nas relações familiares. Realiza ações com famílias que possuem
pessoas que precisam de cuidado, com foco na troca de informações sobre ques-
tões relativas à primeira infância, à adolescência, à juventude, ao envelhecimento

Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica


142 UNIDADE IV

e às deiciências, a im de promover espaços para troca de experiências, expres-


são de diiculdades e reconhecimento de possibilidades (BRASIL, 2009 p.06).
O PAIF tem como princípios norteadores a universalidade e gratuidade de
atendimento, cabendo exclusivamente à esfera estatal sua implementação. Esse
serviço é ofertado, necessariamente, no Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS). O atendimento às famílias residentes em territórios de baixa densidade
demográica, com espalhamento ou dispersão populacional (áreas rurais, comu-
nidades indígenas, quilombolas, calhas de rios, assentamentos, dentre outros),
pode ser realizado por meio do estabelecimento de equipes volantes ou mediante

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a implantação de unidades de CRAS itinerantes (BRASIL, 2009 p.06).
Todos os serviços da proteção social básica desenvolvidos no território de
abrangência do CRAS, em especial os Serviços de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos, bem como o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para
Pessoas com Deiciência e Idosas, devem ser a ele referenciados e manter arti-
culação com o PAIF. É a partir do trabalho com famílias no serviço PAIF que se
organizam os serviços referenciados ao CRAS. O referenciamento dos serviços
socioassistenciais da proteção social básica ao CRAS possibilita a organização e
hierarquização da rede socioassistencial no território, cumprindo a diretriz de
descentralização da política de assistência social (BRASIL, 2009 p.06).
A articulação dos serviços socioassistenciais do território com o PAIF garante
o desenvolvimento do trabalho social com as famílias dos usuários desses ser-
viços, permitindo identiicar suas necessidades e potencialidades dentro da
perspectiva familiar, rom-
pendo com o atendimento
segmentado e descontex-
tualizado das situações de
vulnerabilidade social viven-
ciadas (BRASIL, 2009 p.06).
O trabalho social com
famílias, assim, apreende as
origens, signiicados atribu-
ídos e as possibilidades de
enfrentamento das situações

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
143

de vulnerabilidade vivenciadas por toda a família, contribuindo para sua prote-


ção de forma integral, materializando a matricialidade sociofamiliar no âmbito
do SUAS (BRASIL, 2009, p.06).
O próximo eixo é o Serviço de Convivência e Fortalecimentos de vínculo
que, conforme a Resolução nº 109 acima mencionada, especiica que o SCFV é
“realizado em grupos, organizado a partir de percursos, de modo a garantir aqui-
sições progressivas aos seus usuários, de acordo com o seu ciclo de vida, a im de
complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situa-
ções de risco social.” Além disso, é “uma forma de intervenção social planejada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que cria situações desaiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e


reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no
território” (BRASIL, 2009, p. 06).
A organização do SCFV é realizada de modo a ampliar as trocas culturais
e de vivências, desenvolvendo o sentimento de pertencimento e de identidade,
fortalecendo os vínculos familiares e incentivando a socialização e a convivência
comunitária. Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e airmação
dos direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades, com vistas
ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabili-
dade social (BRASIL, 2009, p.10).
Deve, ainda, prever o desenvolvimento de ações intergeracionais e a hete-
rogeneidade na composição dos grupos por sexo, presença de pessoas com
deiciência, etnia, raça, entre outros. Possui articulação com o Serviço de
Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), a im de complementar o
trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de vulne-
rabilidade e risco social e agravos decorrentes de situações que coniguram
violação de direitos.
O SCFV parte da concepção de que os ciclos de vida familiar têm estreita
ligação com os ciclos de vida de desenvolvimento das pessoas que os compõem.
Seu foco é a oferta de atividades de convivência e socialização, com interven-
ções no contexto de vulnerabilidades sociais, de modo a fortalecer vínculos e
prevenir situações de exclusão e risco social, objetivando a segurança do con-
vívio familiar.

Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica


144 UNIDADE IV

A segurança da vivência familiar ou a segurança do convívio (...) supõe a não


aceitação de situações de reclusão, de situações de perda das relações. (...)
A dimensão societária da vida desenvolve potencialidades, subjetividades
coletivas, construções culturais, políticas e, sobretudo, os processos civili-
zatórios. As barreiras relacionais criadas por questões individuais, grupais,
sociais por discriminação ou múltiplas inaceitações ou intolerâncias estão
no campo do convívio humano. A dimensão multicultural, intergeracional,
interterritoriais, intersubjetivas, entre outras, devem ser ressaltadas na pers-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pectiva do direito ao convívio.
Fonte: PNAS (2004, p. 26).

A partir da Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, o SCFV foi


organizado por faixa etária, com o objetivo de prevenir possíveis situações
de risco inerentes a cada ciclo de vida. O SCFV está organizado nas seguintes
fai-xas etárias:
■ Crianças até 6 anos.
■ Crianças e adolescentes de 6 a 15 anos.
■ Adolescentes e jovens de 15 a 17 anos.
■ Pessoas Idosas.

Esse serviço tem conigurações distintas no que tange ao atendimento para cada
uma das faixas etárias, sendo que, para crianças até 6 anos de idade, incluindo
crianças com deiciência, o foco é a realização de atividades que envolvam a
criança, os familiares e a comunidade com o intuito de fortalecer seus vínculos,
objetivando prevenir a ocorrência de situações que conigurem exclusão social
e risco, principalmente no que diz respeito à violência doméstica e ao trabalho
infantil. Esse trabalho é diretamente relacionado ao PAIF e conigura-se como
uma forma de complementação dele. Nessa faixa etária, o atendimento é pautado
no reconhecimento da condição peculiar de dependência, ou seja, a dependên-
cia que a criança tem de seus familiares, no desenvolvimento desse ciclo de vida

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
145

e, ainda, pelo cumprimento dos direitos da criança, tudo isso dentro de uma
concepção que faz do brincar, da experiência lúdica e da vivência artística uma
forma privilegiada de expressão, interação e proteção social.
Para a faixa etária de crianças e adolescentes entre as idades de 6 a 15 anos
de idade, o foco do atendimento é a criação de espaço de convivência, formação
para a participação e cidadania, objetivando o desenvolvimento do protagonismo
e da autonomia da criança e do adolescente, a partir dos interesses manifestados,
demandas e potencialidades especíicas dessa faixa etária. As ações realiza-
das com esse grupo devem estar pautadas em experiências lúdicas, culturais e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

esportivas como formas de expressão, interação, aprendizagem, sociabilidade e


proteção social. Inclui crianças e adolescentes com deiciência, retirados do tra-
balho infantil ou submetidos a outras violações, cujas atividades contribuem
para resigniicar vivências de isolamento e de violação de direitos, bem como
propiciar experiências favorecedoras do desenvolvimento de sociabilidades e na
prevenção de situações de risco social (BRASIL, 2009 p.10).
Outra faixa etária desse serviço é para adolescentes de 15 a 17 anos que tem
como intuito o fortalecimento da convivência familiar e comunitária e contribui
para o retorno ou permanência dos adolescentes e jovens por meio do desenvol-
vimento de atividades que estimulem a convivência social. A participação cidadã
é uma formação geral para o mundo do trabalho.
As atividades desenvolvidas nesse grupo devem abordar as questões
relevantes sobre a juventude, contribuindo para a construção de novos conhe-
cimentos e formação de atitudes e valores que relitam no desenvolvimento
integral do jovem. As atividades também devem desenvolver habilidades gerais,
tais como a capacidade comunicativa e a inclusão digital, de modo a orien-
tar o jovem para a escolha proissional, bem como realizar ações com foco na
convivência social por meio da arte-cultura e esporte-lazer. As intervenções
devem valorizar a pluralidade e a singularidade da condição juvenil e suas
formas particulares de sensibilizar para os desaios da realidade social, cul-
tural, ambiental e política de seu meio social; criar oportunidades de acesso
a direitos; estimular práticas associativas e as diferentes formas de expres-
são dos interesses, posicionamentos e visões de mundo de jovens no espaço
público (BRASIL, 2009 p.10).

Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica


146 UNIDADE IV

A última faixa etária a ser abordada nesse documento é a dos serviços para o
Idoso, em que o foco das atividades está no desenvolvimento do processo de
envelhecimento saudável, na autonomia e sociabilidade, no fortalecimento dos
vínculos familiares e do convívio comunitário e na prevenção de situações que
conigurem risco social. A intervenção social deve estar relacionada a caracte-
rísticas, interesses e demandas especíicas dessa faixa etária, além de considerar
que a vivência em grupo, as experimentações artísticas, culturais, esportivas e
de lazer e a valorização das experiências vividas constituem formas privilegiadas
de expressão, interação e proteção social. Devem incluir vivências que valori-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
zam suas experiências e que estimulem e potencializem a condição de escolher
e decidir (BRASIL, 2009, p.11).
No ano de 2013, o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS apro-
vou, na Tipiicação de Serviços Socioassistenciais, por meio da Resolução nº
13, de maio de 2013, a inclusão da faixa etária dos 18 aos 59 anos no Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculo.
Para essa nova faixa etária, institui-se uma divisão na realização do trabalho,
sendo que, para os jovens de 18 a 29 anos, o serviço deve ter como foco o fortale-
cimento de vínculos familiares e comunitários, na proteção social, assegurando
espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvol-
vimento de relações de afetividade, solidariedade e respeito mútuo, de modo a
desenvolver a sua convivência familiar e comunitária. Contribuir para a ampliação
do universo informacional, artístico e cultural dos jovens, bem como estimular
o desenvolvimento de potencialidades para novos projetos de vida, propiciar sua
formação cidadã e vivências para o alcance de autonomia e protagonismo social,
detectar necessidades, motivações, habilidades e talentos (BRASIL, 2013 p.1).
No que se refere aos serviços especíicos para a faixa etária dos 30 aos 59 anos,
a nova resolução airma que o trabalho tem como foco o fortalecimento de víncu-
los familiares e comunitários, desenvolvendo ações complementares, assegurando

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
147

espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvol-


vimento de relações de afetividade, solidariedade e encontros intergeracionais de
modo a desenvolver a sua convivência familiar e comunitária. Contribuir para a
ampliação do universo informacional, artístico e cultural, bem como estimular
o desenvolvimento de potencialidades para novos projetos de vida, propiciar sua
formação cidadã e detectar necessidades e motivações, habilidades e talentos, pro-
piciando vivências para o alcance de autonomia e protagonismo social, estimulando
a participação na vida pública no território, além de desenvolver competências
para a compreensão crítica da realidade social e do mundo contemporâneo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As atividades a serem desenvolvidas com esses dois novos grupos que foram
incluídos no SCFV têm o mesmo objetivo e devem:
Possibilitar o reconhecimento do trabalho e da formação proissional
como direito de cidadania e desenvolver conhecimentos sobre o mun-
do do trabalho e competências especíicas básicas e contribuir para a
inserção, reinserção e permanência dos adultos no sistema educacio-
nal, no mundo do trabalho e no sistema de saúde básica e complemen-
tar, quando for o caso, além de propiciar vivências que valorizam as
experiências que estimulem e potencializem a condição de escolher e
decidir, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e protago-
nismo social, ampliando seu espaço de atuação para além do território
(BRASIL, 2013 p.1).

Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica


148 UNIDADE IV

Ainda no que concerne ao SCFV, no ano de 2014, foi aprovado, por meio da
Instrução Operacional e do Manual de Orientações nº 01 da Secretaria Nacional
de Assistência Social, do Ministério do Desenvolvimento Social/Secretaria de
Educação Básica e do Ministério da Educação de 18 de dezembro de 2014, a arti-
culação e integração das ações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos – SCFV e o Programa Mais Educação - PME.
Essa junção vem com o objetivo de desenvolver ações articuladas, bus-
cando possibilitar aos usuários das duas políticas (de Assistência Social e de
Educação) a oportunidade de participar das atividades de forma complementar,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
proporcionando, com isso, diferentes formas de aprendizagem, de construção
de conhecimento e de formação cidadã, tendo como consequência o fortaleci-
mento de vínculos entre familiares e com a comunidade em que está inserida,
promovendo, dessa forma, a maior proteção aos direitos da criança e dos ado-
lescentes e suas famílias, reduzindo a ocorrência de vulnerabilidades e riscos
sociais a que estão expostos (BRASIL, 2014, p. 1).
Por im, vamos abordar o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio
para Pessoas com Deiciência e Idosas. Esse serviço tem como principal obje-
tivo prevenir os agravos que possam vir a provocar o rompimento dos vínculos
familiares e sociais dos usuários, visando garantir os direitos do cidadão e o
desenvolvimento de mecanismos que auxiliem na inclusão social e igualdade
de oportunidades e na participação e desenvolvimento das pessoas com deici-
ência e pessoas idosas.
A leitura dos documentos oiciais nos mostram como deve ser realizado esse
serviço e no que ele deve contribuir para a manutenção e fortalecimento de vín-
culos dos usuários atendidos:
O serviço deve contribuir com a promoção do acesso de pessoas com
deiciência e pessoas idosas aos serviços de convivência e fortalecimen-
to de vínculos e a toda a rede socioassistencial, aos serviços de outras
políticas públicas, entre elas educação, trabalho, saúde, transporte es-
pecial e programas de desenvolvimento de acessibilidade, serviços se-
toriais e de defesa de direitos e programas especializados de habilitação
e reabilitação. Desenvolve ações extensivas aos familiares, de apoio,
informação, orientação e encaminhamento, com foco na qualidade de
vida, exercício da cidadania e inclusão na vida social, sempre ressaltan-
do o caráter preventivo do serviço (BRASIL, 2009, p. 16).

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
149

Os serviços oferecidos pela Política de Assistência Social por meio da Proteção


Social Básica tem como intuito a manutenção e fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários, objetivando a autonomia do usuário para seu usu-
fruto, a im de auxiliá-lo na conquista do seu protagonismo social. Segundo a
PNAS/2014, o trabalho com famílias deve considerar novas referências para a
compreensão dos diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimento de
um modelo único baseado na família nuclear e partindo do pressuposto que as
funções básicas da família são: prover a proteção e a socialização de seus mem-
bros; construir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais; de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros com
outras instituições sociais e com o Estado (BRASIL, 2004, p. 35).
Nesse momento, iremos abordar os serviços desenvolvidos por meio da
Proteção Social Especial de Média Complexidade, sendo eles: o Serviço de
Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), o Serviço
Especializado em Abordagem Social, o Serviço de Proteção Social a adolescentes
em cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), o Serviço de Proteção Social Especial
para Pessoas com Deiciência, Idosas e suas Famílias e o Serviço Especializado
para Pessoas em Situação de Rua.
Por Proteção Social Especial, vamos entender a deinição existente na
PNAS/2004, que a apresenta como sendo:
Uma modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e in-
divíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por
ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abusos
sexuais, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medida so-
cioeducativa, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras
(BRASIL, 2004. p. 37).

Diferentemente da proteção social básica, na qual a função é preventiva, na


proteção social especial, as ações e programas destinam-se aos usuários que se
encontram em situação de risco pessoal ou social e que tiveram seus direitos
violados ou ameaçados e cuja vivência com a família de origem pode ser consi-
derada como prejudicial a sua proteção ou ao seu desenvolvimento.

Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica


150 UNIDADE IV

No que se refere à proteção social de


média complexidade, os serviços visam
um atendimento a famílias ou indivíduos
que estão vivenciando situações de vul-
nerabilidade, nas quais seus direitos estão
sendo violados, mas que, ainda, não tive-
ram seus vínculos familiares rompidos, não
conigurando, dessa forma, necessidade de
acolhimento.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para exempliicar os serviços oferecidos na proteção social especial de
média complexidade, vamos abordar as orientações contidas no documento de
Tipiicação dos Serviços Sociassistenciais.
O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
(PAEFI) é um serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com
um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos.
Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos,
a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais
e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de
condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal
e social (BRASIL, 2009, p. 19).
O atendimento nesse serviço é fundamentado nas potencialidades, valores,
identidades, crenças e heterogeneidade das famílias, articulando-se com todos
os demais serviços socioassistenciais.
O serviço articula-se com as atividades e atenções prestadas às famílias
nos demais serviços socioassistenciais, nas diversas políticas públicas
e com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. Deve ga-
rantir atendimento imediato e providências necessárias para a inclusão
da família e seus membros em serviços socioassistenciais e/ou em pro-
gramas de transferência de renda, de forma a qualiicar a intervenção e
restaurar o direito (BRASIL, 2009, p.19).

O próximo é o Serviço Especializado em Abordagem Social, o qual é ofertado de


forma contínua e programado, com a inalidade de assegurar trabalho social de
abordagem e busca ativa que identiique, nos territórios, a incidência de traba-
lho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
151

outras. O Serviço deve buscar a resolução de necessidades imediatas e promover


a inserção na rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas
na perspectiva da garantia dos direitos (BRASIL, 2009, p. 21).
O Serviço de Proteção Social a adolescentes, em cumprimento de Medida
Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC), conforme a tipiicação dos serviços socioassistenciais, tem
como inalidade:
Prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e
jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

determinadas judicialmente. Deve contribuir para o acesso a direitos e


para a resigniicação de valores na vida pessoal e social dos adolescen-
tes e jovens. Para a oferta do serviço faz-se necessário à observância
da responsabilização face ao ato infracional praticado, cujos direitos e
obrigações devem ser assegurados de acordo com as legislações e nor-
mativas especíicas para o cumprimento da medida (BRASIL, 2009,
p.24).

Nesse serviço, é necessário elaborar um Plano de Ação Individual (PIA) para a sua
operacionalização, esse plano deve ser desenvolvido em conjunto com o adoles-
cente e a sua família, objetivando o estabelecimento de metas a serem alcançadas
durante o cumprimento da medida, com intuito da criação de perspectivas futu-
ras. Além disso, é necessário um acompanhamento social a esse adolescente de
forma sistêmica, em que ele deve ter uma frequência mínima semanal no serviço.
No que diz respeito ao acompanhamento da medida de Prestação de
Serviços à comunidade, ela deve conigurar-se de tarefas gratuitas com uma jor-
nada máxima de oito horas semanais, garantindo, dessa forma, a regularidade das
atividades escolares ou do trabalho. A inserção em qualquer uma dessas medi-
das deve levar em consideração as aptidões e favorecimentos do adolescente no
seu desenvolvimento pessoal e social.
O Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deiciência,
Idosas e suas Famílias é voltado aos usuários que tiveram suas limitações agra-
vadas por violações de direitos, tais como: exploração da imagem, isolamento,
coninamento, atitudes discriminatórias e preconceituosas no seio da família,
falta de cuidados adequados por parte do cuidador, alto grau de estresse do cui-
dador, desvalorização da potencialidade/capacidade da pessoa, dentre outras

Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica


152 UNIDADE IV

que agravam a dependência e comprometem o desenvolvimento da autonomia


(BRASIL, 2009, p.26).
A inalidade do serviço é promover a autonomia, a inclusão social e a melho-
ria da qualidade de vida dos participantes. As ações desenvolvidas devem ser
voltadas a promoção e ao reconhecimento do potencial da família e do cuidador,
no sentido de aceitação e valorização da diversidade e, sobretudo, na redução da
sobrecarga do cuidador, devido a prestação dos cuidados diários prolongados.
As ações devem possibilitar a ampliação da rede de pessoas com quem
a família do dependente convive e compartilha cultura, troca vivências

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e experiências. A partir da identiicação das necessidades, deverá ser
viabilizado o acesso a benefícios, programas de transferência de renda,
serviços de políticas públicas setoriais, atividades culturais e de lazer,
sempre priorizando o incentivo à autonomia da dupla “cuidador e de-
pendente”. [...] A intervenção será sempre voltada a diminuir a exclusão
social tanto do dependente quanto do cuidador, a sobrecarga decor-
rente da situação de dependência/prestação de cuidados prolongados,
bem como a interrupção e superação das violações de direitos que fra-
gilizam a autonomia e intensiicam o grau de dependência da pessoa
com deiciência ou pessoa idosa (BRASIL, 2009, p.26).

Para inalizar a proteção especial de média complexidade, vamos abordar o Serviço


Especializado para Pessoas em Situação de Rua que é destinado àquelas pessoas
que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência, sua inalidade
é assegurar o atendimento e atividades direcionadas para o desenvolvimento de
sociabilidades, na perspectiva de fortalecimento de vínculos interpessoais e/ou
familiares que oportunizem a construção de novos projetos de vida. Esse ser-
viço busca contribuir na construção da autonomia, inserção social e da proteção
às situações de violência, por meio do trabalho técnico de orientação individual
e grupal e encaminhamentos aos demais serviços socioassistenciais e políticas
públicas (BRASIL, 2009, p.29).
A partir de agora, vamos tratar dos serviços de Proteção Social Especial de
Alta Complexidade, sendo eles que garantem a proteção integral dos usuários,
ou seja, moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e
indivíduos que se encontram sem referência e/ou em situação de ameaça e que
necessitam ser retirados do seu núcleo familiar ou comunitário (BRASIL, 2004,

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
153

p. 38). Vale salientar, aqui, que a proteção social especial de alta complexidade
visa fornecer o serviço de acolhimento institucional quando a situação de risco
pessoal ou social que o indivíduo está vivenciando envolve o seu afastamento
do convívio familiar.
Segundo a PNAS, os serviços de alta complexidade são: Serviço de
Acolhimento Institucional, Serviço de Acolhimento em Repúblicas, Serviço
de Acolhimento em Família Acolhedora, Serviço de Proteção em Situações de
Calamidades Públicas e de Emergências.
O Serviço de acolhimento institucional é um acolhimento realizado em
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

diferentes tipos de equipamentos, destinado a famílias e/ou indivíduos com vín-


culos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir proteção integral.
A organização do serviço deverá garantir privacidade, o respeito aos costumes,
às tradições e à diversidade de: ciclos de vida, arranjos familiares, raça/etnia,
religião, gênero e orientação sexual. O atendimento prestado deve ser persona-
lizado e em pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e comunitário, bem
como a utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local.
As regras de gestão e de convivência deverão ser construídas de forma partici-
pativa e coletiva, a fim de assegurar a autonomia dos usuários, conforme perfis
(BRASIL, 2009, p.31).
O atendimento desse serviço deve funcionar em unidade inserida na comu-
nidade com características residenciais, ambiente acolhedor e estrutura física
adequada, visando o desenvolvimento de relações mais próximas do ambiente
familiar. As edificações devem ser organizadas de forma a atender aos requisitos
previstos nos regulamentos existentes e às necessidades dos usuários, oferecendo
condições de habitabilidade, higiene, salubridade, segurança, acessibilidade e
privacidade (BRASIL, 2009, p.31).
Esse serviço é destinado ao atendimento de diferentes públicos: crianças
e adolescentes, adultos e famílias, mulheres em situação de violência, jovens
e adultos com deficiência e para idosos, sendo que cada um desses grupos
tem as suas especificações para o atendimento conforme o exposto no docu-
mento das Tipificações dos Serviços Socioassistenciais.

Os Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Básica


154 UNIDADE IV

O Serviço de Acolhimento em Repúblicas oferece proteção, apoio e


moradia subsidiada a grupos de pessoas maiores de 18 anos em estado de
abandono, situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vín-
culos familiares rompidos ou extremamente fragilizados e sem condições
de moradia e autossustentação. O atendimento deve apoiar a construção
e o fortalecimento de vínculos comunitários, a integração e participação
social e o desenvolvimento da autonomia das pessoas atendidas. O serviço
deve ser desenvolvido em sistema de autogestão ou cogestão, possibilitando
gradual autonomia e independência de seus moradores. Deve contar com

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
equipe técnica de referência para contribuir com a gestão coletiva da mora-
dia (administração inanceira e funcionamento) e para acompanhamento
psicossocial dos usuários e encaminhamento para outros serviços, progra-
mas e benefícios da rede socioassistencial e das demais políticas públicas
(BRASIL, 2009, p. 38).
O próximo serviço a ser abordado é o Serviço de Acolhimento em família
acolhedora, o qual organiza o acolhimento de crianças e adolescentes, afasta-
dos da família por medida de proteção, em residência de famílias acolhedoras
cadastradas. É previsto até que seja possível o retorno à família de origem ou,
na sua impossibilidade, o encaminhamento para adoção. O serviço é o respon-
sável por selecionar, capacitar, cadastrar e acompanhar as famílias acolhedoras,
bem como realizar o acompanhamento da criança e/ou adolescente acolhido e
sua família de origem (BRASIL, 2009, p. 41).
O Serviço deverá ser organizado segundo os princípios, diretrizes e orien-
tações do Estatuto da Criança e do Adolescente e do documento “Orientações
Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes”, sobretudo
no que se refere à preservação e à reconstrução do vínculo com a família de
origem, assim como a manutenção de crianças e adolescentes com vínculos
de parentesco (irmãos, primos etc.) numa mesma família. O atendimento
também deve envolver o acompanhamento às famílias de origem, com vistas
à reintegração familiar. Esse serviço é particularmente adequado ao atendi-
mento de crianças e adolescentes cuja avaliação da equipe técnica indique
possibilidade de retorno à família de origem, nuclear ou extensa (BRASIL,
2009, p. 41).

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
155

E, por im, vamos abor-


dar que o Serviço de Proteção
em Situações de Calamidades
Públicas e de Emergências é
um serviço que promove o
apoio e a proteção à popu-
lação atingida por situações
de emergência e calami-
dade pública, com a oferta
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de alojamentos provisórios,
atenções e provisões materiais,
conforme as necessidades detectadas. Assegura a realização de articulações e a par-
ticipação em ações conjuntas de caráter intersetorial para a minimização dos danos
ocasionados e o provimento das necessidades veriicadas (BRASIL, 2009, p. 43).
Com a apresentação desse último serviço, chegamos ao inal deste tópico,
em que nos propomos a apresentar a você quais os serviços socioassistenciais
são desenvolvidos no SUAS em cada um dos seus níveis de Proteção Social. É
importante conhecermos todos os serviços disponíveis para que possamos rea-
lizar um atendimento voltado à garantia intransigente de acesso aos direitos dos
usuários da Política de Assistência Social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao inal da unidade IV, na qual buscamos apresentar como é realizado


o trabalho do assistente social com as famílias que se encontram em situação de
vulnerabilidade social e quais são os serviços ofertados pela Política de Proteção
Social, na Proteção Social Básica e na Proteção Social Especial de Média e Alta
Complexidade. Enquanto a Proteção Social Básica (PSB) visa prevenir o agravo
das vulnerabilidades e riscos sociais, a Proteção Social Especial (PSE) atua com
natureza protetiva.

Considerações Finais
156 UNIDADE IV

Por outro lado, vimos, na análise de vários autores que pesquisam o tema,
os conceitos de família que se fazem necessários para subsidiar a atuação do
assistente social face às demandas da política de assistência social e como se dá
o trabalho proissional frente aos desaios na contemporaneidade.
Além do trabalho com família, abordamos, ainda, o conceito de vulnerabi-
lidade social, numa tentativa de elucidar o seu signiicado, a im de lhes auxiliar
na compreensão das temáticas relacionadas ao SUAS e que foram abordadas ao
longo do livro.
É de grande relevância discutir e propor relexões do grande desaio prois-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sional que se traduz no trabalho social com famílias, à luz de uma análise crítica
da produção e reprodução das relações sociais no sistema capitalista, da neces-
sidade de criar estratégias de trabalho para potencializar famílias e indivíduos,
com vistas ao seu empoderamento.
Por im, detalhamos os serviços socioassistenciais que estão dispostos na
Tipiicação dos Serviços, os quais são desenvolvidos na Política de Assistência
Social por meio dos seus níveis de complexidade. A tipiicação conigura-se com
um avanço de grande relevância para a consolidação do SUAS e da política de
assistência social no Brasil, pois, por meio da regulação dos serviços oferecidos,
eles icam explícitos aos cidadãos, bem como suas instâncias de controle social,
para que todos possam utilizar-se para exigir do poder público seus direitos no
campo da assistência social em todo o território nacional.

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
157

1. A partir dos conceitos estudados sobre vulnerabilidade social, identiicamos, por


meio dos vários autores, que a vulnerabilidade não se limita a uma questão de
recursos  materiais. Com base no exposto, explique quais são os fatores materiais
e não materiais que identiicam as famílias e os indivíduos que se encontram
numa condição vulnerável.
2. Identiique e explique as principais características dos níveis de Proteção Social
do SUAS e exempliique em que eles se diferem.
3. O SCFV instituído pelo SUAS está organizado na oferta de Serviços da proteção
social básica que tem como proposta trabalhar o resgate dos vínculos familiares
e comunitários. Identiique quais são as faixas etárias previstas para o atendi-
mento desse Serviço e explique seus objetivos de trabalho para cada categoria
especiicada.
UM MOSAICO DE EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS

O Assistente Social vem enfrentando muitos Contudo, o Assistente Social através do


desaios, tanto no âmbito privado como no seu trabalho atuando na política pública
público. Muitos proissionais estão em uma pode fortalecer a luta emancipatória dos
busca constante por intervenções que pos- seus usuários, através dos seus instrumen-
sam responder às demandas que lhe são tos teórico-metodológico e ético-político.
apresentadas no cotidiano, num contexto Como podemos observar na análise dos
marcado pela precariedade das políticas diversos estudos de caso em Marcelo Gar-
públicas face ao avanço do capitalismo. cia (2012), sendo destacado:

Estudo de caso nº 12

A equipe do CRAS é formada por cinco Na reunião, todos os técnicos apresentam


assistentes sociais, dois psicólogos e dois as ações que estão desenvolvendo e os
pedagogos, além da diretora. A equipe tem casos mais complicados que estão aten-
uma reunião todas às quartas-feiras, das dendo. Também é organizada a agenda de
10h às 13h. Nesse horário, o CRAS não rea- visitas domiciliares e a agenda de supervi-
liza atividades para que todos os membros são da rede socioassistencial do território.
da equipe estejam juntos no debate sobre
a prática e o fazer social. Em uma reunião por mês, a equipe da Coor-
denação de Vigilância Social da Secretaria
Dois técnicos de nível médio são respon- apresenta um mapa de indicadores para a
sáveis pela recepção nessas três horas de equipe que identiica novas vulnerabilida-
reunião e agendam o retorno para um des e regiões do território que devem ter
outro horário de quem procura o CRAS no um olhar especial da equipe. A direção, por
período da reunião de equipe. Além disso, a sua vez, apresenta o relato da reunião com
equipe deiniu que um técnico estará sem- o Conselho de Usuários. Na reunião dessa
pre disponível para atender alguém que semana foi organizado um grupo de traba-
precise muito falar com o CRAS. O Conse- lho com três técnicos para que se organize
lho de Usuários do CRAS, que se reúne uma um Plano de Capacitação para os trabalha-
vez por semana com a direção, pactuou a dores que atuam na rede socioassistencial
reunião de equipe semanal. do território.
159

Também uma vez por mês, são selecionados debata os casos que atendem. A supervi-
os casos mais complexos para serem apre- são é o fundamental, pois ela rompe com o
sentados para a supervisão realizada com isolamento dos técnicos e ressigniica para
os técnicos. O supervisor é um assistente toda a equipe os desaios do CRAS.
social com ampla experiência na politica
de Assistência Social na Proteção Social Recentemente a Secretaria fez uma avalia-
básica e na Política de Assistência Social. A ção dos CRAS da cidade. Este tem a menor
Secretaria tem uma equipe de cinco super- taxa de atendimento dos cinco CRAS da
visores. Todos com experiência na prática cidade, mas é o que registra maior resul-
proissional. Os momentos de supervisão tado de resolutividade dos casos atendidos
são muito importantes para que a equipe e de satisfação dos usuários.
Fonte: GARCIA, Marcelo. Sistema Único de Assistência Social: 13 Estudos de Caso para
Debate com a Equipe. Disponível em: http://www.marcelogarcia.com.br/nobrhcurso3cap3.pdf.
Acesso: 15/06/2015.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Estudo sobre metodologias de trabalho social


com famílias no âmbito do Serviço de Proteção
e Atendimento Integral à Família (PAIF).
Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasília.
Cidade de publicação: Brasília.
Mês e ano de publicação: julho 2010.
Sinopse: A pesquisa, realizada no período de julho de
2009 a julho de 2010, visou identiicar e sistematizar as
metodologias e experiências relevantes de trabalho social
com famílias que estavam sendo adotadas no âmbito
do PAIF e situá-las em marcos conceituais, técnicos e
organizacionais. O estudo buscou compreender, também,
os desaios enfrentados para o desenvolvimento desse serviço, bem como conhecer estratégias
bem sucedidas que são adotadas para enfrentar as diiculdades no trabalho com famílias.
Professora Esp. Priscila de Almeida Souza

V
O TRABALHO EM REDE COM

UNIDADE
FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA
DO SUAS

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o trabalho social com famílias no âmbito do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS) nos diferentes níveis de Proteção
Social.
■ Entender como se dá e a importância do trabalho em rede para a
garantia de direitos e acesso a serviços no SUAS.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ O trabalho da equipe técnica para o atendimento com as famílias
■ O atendimento em rede para a garantia de direitos e acesso aos
serviços
■ O trabalho em rede dentro da perspectiva do SUAS
■ A referência e contrarreferência como instrumento de
acompanhamento às famílias em situação de vulnerabilidade social
■ O trabalho social com as famílias
163

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), é com muito carinho que iniciamos mais esta etapa de sua for-
mação e esperamos que sirva para complementar todo o trabalho desenvolvido
por nós, com muita dedicação, ao longo deste livro.
Nesta última unidade do livro, traremos mais uma peculiaridade do traba-
lho no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), o trabalho social
com famílias, perpassando conceitos, como o trabalho em equipes, suas diver-
sas formações, constituição e articulação da rede de serviços.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Destacaremos o trabalho em rede na perspectiva de sistema e quais os obje-


tivos e vantagens da utilização desse instrumento de trabalho que perpassa os
níveis de proteção social: básica e especial, fragmentando-se em média a alta
complexidade.
Retomaremos os signiicados de equipes multiproissional e interdisciplinar
e buscamos entender que ambos, apesar de conceitos distintos, são de extrema
importância para que o trabalho entre as diversas formações e trabalhadores que
compõem o SUAS seja completo e de qualidade.
Veremos que trabalhar em equipes e em rede é compreender a incompletude
dos trabalhos humanos e a necessidade da troca, de diálogos e saberes entre os
proissionais para que as famílias recebam atendimento integral e de qualidade,
conquistando, assim, o fortalecimento delas enquanto atores sociais indispen-
sáveis ao processo de construção de um SUAS de qualidade.
Sobre o trabalho com famílias no âmbito da Política Nacional de Assistência
Social (PNAS), relembraremos a perspectiva dos novos arranjos e rearranjos
familiares frente à política pública e à importância do preparo ético das equipes
para o trabalho com as diversas demandas.
Por im, esperamos trazer com esta unidade a relexão e, complementando
o conteúdo desse livro, desenvolver em você, aluno(a), um olhar crítico, fun-
damentado e humano sobre o trabalho com diferentes indivíduos, contextos e
suas particularidades, bem como as diferentes situações enfrentadas, indispen-
sável ao(a) futuro(a) assistente social.
Bons estudos.

Introdução
164 UNIDADE V

O TRABALHO DA EQUIPE TÉCNICA PARA O


ATENDIMENTO COM AS FAMÍLIAS

Para iniciarmos a discussão sobre o trabalho social das equipes técnicas com as
famílias, especialmente dentro do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
retomaremos alguns conceitos básicos que nortearão nosso raciocínio.
Relembrando o que diz o Art. 6º da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS):
As ações na área de assistência social são organizadas em sistema des-
centralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de assistência social, abrangidas por esta lei, que articule meios, esfor-
ços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas compos-
tas pelos diversos setores envolvidos na área.

Portanto, com todos seus princípios e diretrizes, a assistência social é um sis-


tema em construção, ou seja, para que se concretize, é construído por ações de
vários atores sociais no con-
junto de seus objetivos, tudo
isso para estruturação de um
sistema de proteção social.
Dessa forma, o traba-
lho no âmbito do SUAS é
construído na interlocução
entre o Estado e a Sociedade,
isto é, deve ser constituído
de acordo com a realidade
da população para a pró-
pria população. Conforme
podemos ver na NOB- SUAS (2005, p. 20), a rede socioassistencial “(...) supõe
constituir ou redirecionar essa rede, na perspectiva de sua diversidade, comple-
xidade, cobertura, inanciamento e do número potencial de usuários que dela
possam necessitar”.

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS


165

A PNAS (2004), portanto, salienta que a assistência social, para construção


desse sistema, precisa levar em conta três vertentes: as pessoas, as suas circuns-
tâncias e, dentre elas, seu núcleo de apoio primeiro, isto é, a família e dentro
desse sistema é importante relembrarmos que a proteção social deve garantir
os seguintes tipos de seguranças: a segurança de sobrevivência (de rendimento
e autonomia), a segurança de acolhida e, por último, a segurança de convivên-
cia ou vivência familiar.
Onde encontramos as famílias dentro da PNAS? Como vimos anteriormente
neste livro, a PNAS destaca alguns elementos que considera indispensáveis para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a execução da política, dentre eles encontramos a matricialidade familiar.


Por que trabalhar com foco nas famílias dentro da perspectiva do SUAS?
A PNAS destaca a matricialidade sociofamiliar por reconhecer que a família é
um dos cenários onde ocorrem e se reletem as fortes pressões dos processos de
exclusão social e cultural, ainda, por considerá-la como:
(...) espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização pri-
márias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa
também ser cuidada e protegida. Essa correta percepção é condizente
com a tradução da família na condição de sujeito de direitos, conforme
estabelece a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Lei Orgânica de Assistência Social e o Estatuto do Idoso
(BRASIL, 2004, p. 42).

E quanto à composição das equipes técnicas? De acordo com a NOB-SUAS, as


composições das equipes técnicas, como vimos na unidade III deste livro, possi-
bilitam compartilhamentos e contribuições teóricas que se complementam frente
aos desaios da política de assistência social, permitindo realizar escolhas e pla-
nejamentos de diversas intervenções, visando à adequação às diversas demandas
presentes no cenário do SUAS, em seus diferentes níveis de complexidade. Esse
tema também será abordado mais a frente de forma relexiva.
A seguir, falaremos do trabalho em rede para garantia e acesso aos servi-
ços da assistência social e nos aprofundaremos, para completar o raciocínio, um
pouco mais no trabalho com as famílias nessa perspectiva.

O Trabalho Da Equipe Técnica Para O Atendimento Com As Famílias


166 UNIDADE V

O ATENDIMENTO EM REDE PARA A GARANTIA DE


DIREITOS E ACESSO AOS SERVIÇOS.

Como vimos anteriormente, a interlocução entre diversos saberes e a composição


dos diversos serviços dentro de determinada localidade formam o que chama-
mos rede de serviços. De acordo com a PNAS, a rede constitui essencial papel
no trabalho do SUAS, pois possui por objetivos efetivação, eiciência e eicácia
tanto nas atuações especíicas quanto nas atuações intersetoriais, por meio da
deinição e responsabilização de cada dispositivo, tanto governamentais quanto

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
não governamentais.
Isso quer dizer que os diferentes tipos de serviços dentro da rede, trabalhando
em articulação, têm a possibilidade de dar foco em suas atribuições especíicas
e complementar os atendimentos com diversas equipes com enfoques diversi-
icados e especíicos.
Para iniciarmos nossa discussão sobre o trabalho em rede, é necessário reto-
marmos os conceitos de multiproissional e interdisciplinaridade, pois eles serão
encontradas nos diversos serviços e em várias situações em que os proissionais
que os compõem realizam a interlocução entre diversos serviços.

©Julcia

O TRABALHO MULTIPROFISSIONAL

As equipes multiproissionais são formadas variavelmente conforme os objetivos locais


de atuação dos trabalhadores e demandas, ainda, conforme a capacidade de atendi-
mento do serviço e suas complexidades, como o próprio nome já diz: são equipes

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS


167

compostas por diversas formações que se complementam nas ações, mas não neces-
sariamente realizam a interlocução e discussão de casos, tendo objetivos em comum,
realizando suas ações por meio de diversas instrumentalidades e intervenções.

O TRABALHO INTERDISCIPLINAR

O trabalho interdisciplinar dentro da perspectiva do SUAS não apenas é uma


possibilidade, como também é uma necessidade. Permite a troca de conheci-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mentos especíicos e amplia as possibilidades de atuação e intervenção sobre as


demandas complexas do cotidiano proissional.
Conforme salientam Cavalcanti et al. (2011), o trabalho interdisciplinar
possibilita a construção de diálogos entre diversas disciplinas, favorecendo a
proximidade entre elas de forma dialética, com vistas à quebra de paradigmas
pré-estabelecidos.
O Código de ética do(a) assistente social considera o trabalho interdiscipli-
nar como direito do proissional, podendo integrar comissões interdisciplinares
de ética nos locais de trabalho, tanto em questão de avaliação da conduta prois-
sional quanto no que tange às decisões frente às políticas institucionais.
O mesmo código de ética considera, ainda, como dever do proissional assis-
tente social incentivar, sempre que possível, a prática proissional interdisciplinar.

O Trabalho em Rede Dentro da Perspectiva do SUAS

Ao realizarmos a análise sobre os conceitos de multiproissionalidade e interdis-


ciplinaridade, notaremos que o proissional de serviço social trabalhará sob as
duas perspectivas: de acordo com o local e os objetivos das demandas atendidas.
Importante ressaltar que, independente dos conceitos, ambas são impor-
tantes e fazem parte do que veremos agora no chamado trabalho em rede com
equipes de referência.

O Trabalho em Rede Dentro da Perspectiva do SUAS


168 UNIDADE V

As equipes de referência dentro desse contexto, falamos, aqui, da rede de


serviços sociassistenciais, são formadas por diversos proissionais em locais
pontuais de atuação, de diferentes áreas de formação e habilidades, para aten-
der demandas, geralmente em situações de riscos ou vulnerabilidades, e que,
como o próprio nome já diz, torna-se referência para determinada localidade
e tipo de serviço.
Compreendemos, então, que o trabalho, em especial do assistente social, é
inacessível em seu âmbito individual, portanto, pensar a atuação da categoria
enquanto parte integrante de equipes multiproissionais/interdisciplinaridade é

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
indispensável. Assim, podemos concluir que trabalhar com equipes pressupõe
o reconhecimento da incompletude humana, ou seja, que todas as formações
possuem limites.
Como se pode perceber, fazer de um grupo de trabalhadores uma equi-
pe de trabalho é realmente um grande desaio. Desaio que envolve o
grupo e o gestor e que passa pelo aprendizado coletivo da necessida-
de de comunicação aberta, de uma prática democrática que permita o
exercício pleno das capacidades individuais e atuação mais criativa e
saudável de cada sujeito, evitando, assim, a cristalização de posições,
a rotulação e a deterioração das relações interpessoais. Desta forma,
o grupo buscará seus objetivos, responsabilizando-se, solidariamente,
pelos sucessos e fracassos. (...) No entanto, há que se destacar que não
podemos ingenuamente atribuir exclusivamente à solidariedade do
grupo, às capacidades individuais ou a competência do coordenador
da equipe a tarefa de superarem as diversidades e até as diferenças ide-
ológicas. O grupo não está isolado de uma estrutura organizacional, de
um processo de gestão, de um contexto sócio-político que condicio-
nam as relações estabelecidas (MUNIZ, 2011, p. 93).

O trabalho em rede é necessário para garantir


a integralidade dos atendimentos prestados
às famílias, com vistas à garantia de seus
direitos. Essa articulação pressupõe o encami-
nhamento para acompanhamento das ações
nos diversos dispositivos do SUAS, tanto
governamentais como não governamentais
em seus diferentes níveis de complexidade:
básica, média e alta.

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS


169

Portanto, o trabalho em rede pressupõe o reconhecimento da incompletude dos


serviços e a superação da fragmentação das e nas políticas públicas (BRASIL, 2012),
sendo necessário, então, sua deinição de acordo com as realidades e índices de vul-
nerabilidade e risco social identiicados nos territórios, ou seja, compor e estruturar
uma rede de serviços deve preconizar: a matricialidade sociofamiliar, descentralização
política-administrativa e a territorialização, princípios e diretrizes dispostos na PNAS.
O trabalho em rede como instrumento de encaminhamento e acompanha-
mento dos indivíduos e suas famílias é composto por ações conjuntas e pode
ser realizado por campanhas e ações voltadas à prevenção e enfrentamento de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

situações de risco e vulnerabilidades sociais, reuniões inter e multiproissionais


de diferentes dispositivos de atuação, estudos de casos pela junção das equipes.
Ainal, quem é o principal responsável pelo trabalho em rede?
Tanto a formação quanto a efetivação do trabalho em rede é de responsabi-
lidade do órgão gestor da política de assistência social. Isso deve ocorrer pela
coordenação e deinição dos componentes dessa rede de serviços de acordo as
características de cada território.
Dessa forma, podemos concluir que tal função proporciona aos diferentes
serviços o destaque de suas identidades, ou seja, a clariicação do papel e atribui-
ções de cada um nos encaminhamentos, de modo a evitar solicitações e demandas
inapropriadas aos serviços e suas atribuições privativas.
A interface com demais políticas, como saúde, educação, habitação, trabalho,
segurança, entre outras, é indispensável ao trabalhar a interdisciplinaridade nas
SUAS, haja vista que as equipes técnicas, independente do nível de complexidade
em que estejam trabalhando, possuem por objetivo pensar e estabelecer inter-
venções efetivas tanto para demandas individuais quanto coletivas dos serviços.
Ao integrar a equipe dos(as) trabalhadores(as) no âmbito da política
de Assistência Social, esses(as) proissionais podem contribuir para
criar ações coletivas de enfrentamento a essas situações, com vistas
a reairmar um projeto ético e sócio-político de uma nova sociedade
que assegure a divisão equitativa da riqueza socialmente produzida.
Dessa forma, o trabalho interdisciplinar em equipe deve ser orienta-
do pela perspectiva de totalidade, com vistas a situar o indivíduo nas
relações sociais que têm papel determinante nas suas condições de
vida, de modo a não responsabilizar o indivíduo pela sua condição
socioeconômica (CFESS, 2007, p. 38).

O Trabalho em Rede Dentro da Perspectiva do SUAS


170 UNIDADE V

A REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA COMO


INSTRUMENTO DE ACOMPANHAMENTO ÀS FAMÍLIAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL.

A referência e contrarreferência pressupõe a interlocução entre os serviços em


seus diferentes níveis de complexidade, de forma a assegurar às demandas o
acesso aos diferentes dispositivos e garantia da integralidade da proteção social,
encaminhamentos e acompanhamentos.
Para sua concretização, é necessário que haja a deinição exata dos tipos de
serviços e suas atribuições especíicas, incluindo as especialidades de cada pro-
issional inserido nos diversos serviços.
Dessa forma, a referência e a contrarreferência acontecem tanto de serviços
da proteção social básica para média e alta complexidade como ao contrário, ou
seja, entre serviços de altacomplexidade para média e proteção social básica. Isso
quer dizer que acaba por deinir entre elas uma relação de hierarquia, sem que
para isso os serviços percam suas identidades e estejam em situação de inferio-
ridade técnica, mas sim de complementação prático-teórica.
É essencial a interlocução entre a Média e a Alta Complexidade, de
modo que haja acompanhamento das famílias após o desligamento
dos acolhidos dos serviços, proporcionando a reintegração familiar de
forma segura para as crianças e/ou adolescentes, o apoio às famílias
no desempenho do seu papel de cuidado e proteção e a prevenção de
futuros retornos aos serviços de acolhimento. Por isso, municípios que
já possuem CREAS devem ser priorizados na escolha de alocação das
unidades de acolhimento (inclui-se CREAS em processo de implan-
tação). Ainda, municípios sede de comarca devem ser priorizados na
escolha dos municípios que farão a oferta do serviço, como forma de
estreitar a articulação com o Sistema de Justiça (BRASIL, 2014, p. 38).

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS


171

Podemos concluir, então, que a rede socioassistencial é formada de acordo com


o princípio de territorialização, ou seja, de acordo com cada território e suas
características especíicas, como cultura e população.
O trabalho em rede é uma estratégia para a superação da fragmentação dos
serviços e falta de continuidade de encaminhamentos e acompanhamentos das
famílias e usuários atendidos.
Para complementar todo esse raciocínio e começarmos a enxergar todos esses
conceitos, veremos, a partir de agora, o trabalho com as famílias nesse contexto.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O TRABALHO SOCIAL COM AS FAMÍLIAS

A centralidade da família na elaboração e execução de políticas sociais não


é novidade, ainda mais no âmbito da política de assistência social. Na PNAS
(2004), conforme já apren-
demos, a matricialidade
familiar significa que o
foco dos trabalhos a serem
desenvolvidos na proteção
social em seus diferentes
níveis de complexidade no
âmbito do SUAS está nas
famílias.
Complementando o racio-
cínio sobre a matricialidade
sociofamiliar, Teixeira (2010,
p. 5) destaca a matricialidade
familiar como “um antídoto
à fragmentação dos atendimentos, como sujeitos à proteção de uma rede de ser-
viços de suporte à família. No entanto o trabalho com indivíduos e famílias nem
sempre foi assim:

O Trabalho Social com as Famílias


172 UNIDADE V

Em virtude da forma de organização da assistência social, historica-


mente marcada por atendimentos segmentados por categorias, frag-
mentados em problemáticas, os serviços foram dispostos a partir de
“indivíduos-problemas” e “situações especíicas”, como, por exemplo,
trabalho infantil, abandono, exploração sexual, delinquência, dentre
outras, não contemplando a família como uma totalidade. Em relação
às famílias pobres, subjacentes à lógica da assistência social, estava a
ideia de que a família é constitutiva do problema social, e de que seus
responsáveis não tinham capacidade de educar as crianças, proteger
seus membros da marginalidade, da promiscuidade e dos vícios (TEI-
XEIRA, 2010, p. 6).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Conforme aprendemos em outras disciplinas e na unidade anterior, é necessário
atentar-se aos chamados “novos arranjos e rearranjos familiares”, ou seja, famílias
compostas por componentes que extrapolam a idealização burguesa de família
tradicional/ nuclear, em outras palavras: pai, mãe e ilhos.
Dessa forma, é de extrema importância que as equipes atuantes nos diferentes
dispositivos do SUAS compreendam e façam análise crítica desses novos arran-
jos e famílias, tendo em vista, principalmente, a valorização das possibilidades
presentes nesses diversos contextos e o respeito a suas diversidades, identidades
culturais e universalidade.
Podemos, então, considerar como impensável no âmbito do SUAS, prin-
cipalmente na atualidade, abordagens conservadoras, de senso comum e de
culpabilização das famílias e sua relação direta com a pobreza no sentido de
considerá-las “desestruturadas e sem capacidade de emancipação frente ao ideal
neoliberal” (TEIXEIRA, 2010).
Pensar o trabalho com famílias visando à preservação de seus vínculos,
levando em consideração seus laços afetivos e não apenas consanguíneos, não
exclui a possibilidade da análise crítica sobre as relações envolvidas em seu seio,
ou seja, as equipes atuantes diretamente com famílias no SUAS necessitam estar
atentas a possibilidades de risco que envolvem tais contextos.
Gostaria de salientar, aqui, que a análise crítica dos contextos familiares,
muitas vezes, permite ao proissional identiicar situações graves de violên-
cia em suas diversas faces: física, sexual, moral e mental, certas vezes sendo até
motivações para que esses vínculos se fragilizem ou até mesmo se rompam; isso
sem pensar em casos mais complexos em que a alternativa mais adequada, em

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS


173

determinados momentos, é a retirada dos


membros do mesmo contexto.
Nesse sentido, compor equipes de refe-
rência de serviços da política de assistência
social pressupõe compromisso ético e
político, como sujeitos que elaboram e exe-
cutam intervenções de garantia de direitos
e qualidade nos serviços prestados, estando
atentos às possibilidades e necessidades
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de encaminhamentos e interlocução com


serviços necessários à integralidade das
ofertas, ainda à inserção dos usuários no
planejamento e iscalização da política, conforme garantido em Constituição
Federal.
Ao falarmos de encaminhamentos, é importante fazermos um feedback
sobre a composição da rede de proteção social e a formação das equipes técni-
cas multi e interdisciplinares. Vamos, então, relembrar a composição da rede de
proteção social dentro do SUAS, conforme já vimos anteriormente na terceira
unidade deste livro: de acordo com a NOB SUAS, a rede de proteção social é
formada hierarquicamente entre a proteção social básica e especial, dividida em
outros dois níveis de complexidade - média e alta.

ATENÇÃO ÀS FAMÍLIAS NA ATENÇÃO BÁSICA

Conforme vimos na unidade III e de acordo com a Tipiicação dos Serviços


Socioassistenciais, o trabalho na proteção social básica divide-se em três tipos
de serviços:
a. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF).
b. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.
c. Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com dei-
ciência e idosas.

O Trabalho Social com as Famílias


174 UNIDADE V

As atuações com as famílias na atenção básica devem buscar a valorização das


diversidades, culturas da localidade em que atua, servindo como suporte para a
promoção da autonomia da população e fortalecimento de seus vínculos fami-
liares e comunitários.
As equipes atuantes na atenção básica, tendo como referência a equipe dos
Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e como principal programa
os Programas de Atenção Integral às Famílias (PAIF), de acordo com Brasil
(2004, p. 35):
(...) deve prestar informação e orientação para a população de sua área

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de abrangência, bem como se articular com a rede de proteção social
local no que se refere aos direitos de cidadania, mantendo ativo um
serviço de vigilância da exclusão social na produção, sistematização e
divulgação de indicadores da área de abrangência do CRAS, em cone-
xão com outros territórios.

O PAIF, assim como o próprio nome salienta, possui como foco o convívio,
fortalecimento e desenvolvimento de autonomia dos indivíduos, famílias e for-
talecimento da cidadania. Há, nesse contexto, as parcerias público/privadas que
servem, muitas vezes, como complementos aos serviços ofertados no SUAS, con-
tribuindo, assim, para a formação da rede de serviços local.
Nesse contexto, devemos destacar no trabalho social com famílias na aten-
ção básica, como já vimos na unidade anterior, o Serviço de Convivência e
Fortalecimento de vínculos (SCFV) que possui por objetivo prevenir possíveis
situações de risco e melhorar a qualidade de vida da população por meio de ati-
vidades e projetos desenvolvidos entre diferentes faixas etárias, porém não nos
cabe detalhar esse serviço nesta unidade.

ATENÇÃO ÀS FAMÍLIAS NA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

Já na proteção social especial, as equipes


atuam com indivíduos e famílias que se
encontram em situação de risco, violação
de direitos e fragilização ou rompimento
dos vínculos familiares, portanto, a

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS


175

atuação das equipes deve abarcar desde o provimento de seu acesso a serviços
de apoio e sobrevivência, até sua inclusão em redes sociais de atendimento e de
solidariedade (BRASIL, 2004), isso engloba tanto os serviços governamentais
quanto não governamentais.
As intervenções na proteção social de média e alta complexidade exigem
maiores especializações nas áreas de atuação, com vistas à reestruturação dos
vínculos familiares e comunitários. É comum, ainda, o compartilhamento de
ações nesses níveis de atuação com o poder judiciário.
Independente do nível de complexidade dos atendimentos, o trabalho no
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

âmbito do SUAS com indivíduos e famílias deve valoriza-los enquanto cidadãos,


possuindo os trabalhadores das área, em especial o assistente social, compro-
misso ético de estimular os sujeitos a participarem ativamente na esfera política,
fomentando o protagonismo e o reconhecimento deles em representações não
governamentais e comunitárias.
O trabalho em equipe é fruto de mudanças muito signiicativas na maneira
de se construir e de se trabalhar políticas públicas, essa é a forte marca daqueles
que, cada vez mais, se empenham em desenvolver mecanismos de estruturação
e valorização do trabalho em equipe, hoje, reconhecido como indispensável para
que objetivos, metas e expectativas sejam atingidos.

A complexidade da questão social com a qual os proissionais lidam cotidia-


namente demanda diálogo, cooperação e até mesmo divergências nas lutas
por Políticas Públicas e constituem possibilidades de alianças com outras
áreas do conhecimento na realização de trabalho em equipe (com advoga-
do, psicólogo, medico, pedagogo, dentre outros), a partir de uma visão mais
ampla no que se refere à efetivação do acesso ao direito, como cidadania e
não apenas como uma Lei quanto à execução aos serviços prestados.
Fonte: Cavalcante (et al. 2011, p. 7).

O Trabalho Social com as Famílias


176 UNIDADE V

O Programa Bolsa Família, com apenas três anos de existência, tem seu im-
pacto na redução da pobreza, da fome e da desigualdade reconhecido por
diferentes especialistas, governos, organismos de cooperação multilateral,
instituições de pesquisa, dentre outros. Ao mesmo tempo, outros resultados
e contribuições do Bolsa Família, além daqueles já conhecidos, começam
a ser estudados nos últimos meses. Mesmo deinindo a família, e não seus
membros individualmente, como alvo da sua ação, o Bolsa Família reconhe-
ce e reforça a importância do papel das mulheres no interior da família. Ela

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
é a responsável legal e preferencial para o recebimento dos benefícios, situ-
ação que está presente em 97% das famílias atendidas. São 10,4 milhões de
famílias que recebem benefícios por meio da mulher, de cerca de 11 milhões
de beneiciários do programa. 
Fonte: Brasil (online).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com todo o conteúdo apreendido nesta V unidade, podemos rever os objeti-


vos do trabalho social com famílias dentro da Política Nacional de Assistência
Social, tendo o Sistema Único de Assistência Social como norte.
Aprendemos, então, que o trabalho desenvolvido com as famílias e indivíduos
dentro da perspectiva da política de assistência social deve ser uma construção
coletiva que só se faz concreta graças à junção de diversos atores sociais, nesse
caso: o Estado, os diversos cargos que compõem as equipes técnicas, os gestores
e, o mais importante de todos, a própria população.
Relembramos que é de extrema importância atentar-se no cuidado ao atendi-
mento às demandas, levando em consideração que o SUAS deve ser um sistema
acolhedor que valoriza a família enquanto um sistema de indivíduos com laços
afetivos, independente da sua relação sanguínea.
A construção de um sistema de proteção social só faz sentido se partir da
escuta das necessidades da população, visando à construção de uma sociedade
que valoriza as diversas faces e peculiaridades da população.
A interlocução entre os diferentes níveis hierárquicos de serviços deve

O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS


177

acontecer considerando que cada serviço dentro do SUAS possui especiicida-


des de atendimentos e a junção deles compõe o sistema de proteção social em
sua totalidade e possibilita os encaminhamentos e acompanhamento adequados
para cada realidade, proporciona o reconhecimento de que a troca de experiência
e saberes é indispensável aos atendimentos e favorece a qualidade dos serviços
prestados à população.
Por im, é com grande satisfação que encerramos mais esta unidade e, junto a
ela, o livro de Gestão do Sistema Único da Assistência Social - SUAS e o Trabalho
Social com Famílias, esperamos ter contribuído para mais uma etapa da sua for-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mação em serviço social.

Considerações Finais
1. Temos como um dos princípios da Lei Orgânica de Assistência Social, em seu art.4º:
“igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natu-
reza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais”. Diante disso e com
o que aprendemos na unidade IV e V deste livro, discorra sobre a importância da
atenção aos novos arranjos familiares no atendimento social com famílias no âmbito
do SUAS.
2. Conforme vimos nesta unidade do livro, identiique a importância do trabalho em
rede na perspectiva do SUAS.
3. De acordo com o que vimos nesta unidade e, também, usando como parâmetro a
Política Nacional de Assistência Social, disserte, com suas palavras, qual a importân-
cia da Matricialidade sócio familiar na assistência social.
179

De acordo com Szumanski (2002), pode- parentais: são as famílias cheiadas só pelo
mos distinguir nove tipos de composição pai ou só pela mãe; 7) Famílias de casais
familiar ou de família na contemporanei- homossexuais com ou sem criança: são as
dade: 1) Família Nuclear: são as famílias famílias formadas por pessoas do mesmo
formadas por pai, mãe e ilhos biológicos, sexo, vivendo maritalmente, possuindo ou
ou seja, é a família formada por apenas não crianças; 8) Famílias reconstruídas
duas gerações; 2) Famílias Extensas: são após o divórcio: são famílias formadas por
as famílias formadas por pai, mãe, ilhos, pessoas (apenas um ou o casal) que foram
avós e netos ou outros parentes, isto é, a casadas, que podem ou não ter crianças
família formada por três ou quatro gera- do outro casamento; 9) Famílias de várias
ções; 3) Famílias Adotivas Temporárias: pessoas vivendo juntas, sem laços legais,
são famílias (nuclear, extensa ou qualquer mas com forte compromisso mútuo: são
outra) que adquirem uma característica famílias formadas por pessoas que moram
nova ao acolher um novo membro, mas juntas e que, mesmo sem ter a consangui-
temporariamente; 4) Famílias Adotivas: nidade, são ligadas fortemente por laços
são as famílias formadas por pessoas que, afetivos.
por diversos motivos, acolhem novos mem-
bros, geralmente crianças, que podem ser Trabalho social com famílias na Política
multiculturais ou birraciais; 5) Famílias de de Assistência Social: elementos para sua
Casais: são as famílias formadas apenas reconstrução em bases críticas.
pelo casal sem ilhos; 6) Famílias Mono-
Fonte: TEIXEIRA (2010).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Parâmetros para atuação de assistentes sociais e


psicólogos (as) na Política de Assistência Social.
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social
Sinopse: A publicação é uma reedição do “Parâmetros Para
Atuação de Assistentes Sociais e Psicólogos na Política de
Assistência Social”, produzido em parceria com o Conselho
Federal de Psicologia (CFP). Esta nova versão, que inaugura
a série Trabalho e Projeto Proissional nas Políticas Socias,
visa consolidar a política de assistência social como direito
e assegurar as condições técnicas e éticas requeridas para o
exercício do trabalho com qualidade.

Pessoas pobres têm mais ilhos para receber o Bolsa Família? Para realizar uma relexão sobre
essa questão tão polêmica, acesse o link disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/blogs/
parlatorio/pessoas-pobres-tem-mais-ilhos-para-receber-o-bolsa-familia-1378.html>. Acesso em:
21 jul. 2015.
181
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), tivemos a oportunidade de conhecer, no livro de Gestão do SUAS


e o Trabalho Social com Famílias, sobre o sistema de assistência social, desde sua
gênese.
Na unidade I, observamos a estrutura básica do SUAS, a organização, disposição dos
órgãos dentro do MDS e o espaço ocupado na máquina administrativa. Discutimos
sobre a importância da participação popular e as conquistas dos movimentos em
prol da cidadania e dos direitos.
Conhecemos, nas unidades II e III, o Plano de Assistência Social e o Orçamento como
ferramentas de gestão do SUAS e, sobre a informação, o monitoramento e a avalia-
ção dos planos, programas, projetos e atividades no seu âmbito. Falamos sobre a
capacitação enquanto política de conhecimento, como base do trabalho social na
Rede SUAS, tendo a equipe mínima e suas atribuições pautadas na NOB-RH/SUAS.
Listamos legislações essenciais ao exercício proissional, pois pautam a assistência
social como direito e direcionam nosso caminhar.
Consolidando o conhecimento acadêmico sobre o trabalho do assistente social,
com as famílias em situação de vulnerabilidade social atendidas nos serviços da
Rede SUAS, no âmbito da Proteção Básica e Proteção Especial, na unidade IV, apre-
sentamos as bases que devem compor o seu arcabouço teórico e conceitual en-
quanto proissional.
Na unidade V, aprendemos sobre o trabalho social com as famílias em situação de
vulnerabilidade social, no âmbito do SUAS, e da imensa responsabilidade que os
atores que compõem o processo assumem quando da intervenção na vida dessas
pessoas, seja a equipe técnica, o governo nas três esferas, seus gestores, a sociedade
ou cada serviço da rede.
Conhecer as demandas e os serviços disponíveis na Rede SUAS produz o correto en-
caminhamento à garantia dos direitos sociais essenciais da população beneiciária
dos serviços da rede socioassistencial.
Gratas pela companhia!
183
REFERÊNCIAS

ACOSTA, A. R.; VITALE, M. A. F. Família Redes, Laços e Políticas Públicas. 3. ed. São
Paulo: Cortez, 2007.
AMARAL, C. C. G. Família às Avessas: gênero nas relações familiares de adolescen-
tes. Fortaleza: Ed. UFC, 2001.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Deliberações da V Conferência Na-
cional de Assistência Social. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/cnas/confe-
rencias-nacionais/v-conferencia-nacional>. Acesso em: 21 jul. 2015.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS; Conselho Nacional dos Di-
reitos da Criança e do Adolescente - CONANDA. Resolução Conjunta Nº 01, de 13 de
dezembro de 2006. Plano Nacional de Promoção e Defesa do Direito da Criança e
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília, DF, 2006.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS; Conselho Nacional dos Di-
reitos da Criança e do Adolescente - CONANDA. Resolução Conjunta nº 1, de 18 de
junho de 2009. Aprova o documento Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimen-
to para Crianças e Adolescentes. Brasília, DF, 2009.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Relatório da IV Conferência Nacio-
nal de Assistência Social. Brasília, DF, 07 a 10 de dezembro de 2003.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 4, de 13 de março
de 2013, Institui a Política Nacional de Educação Permanente do Sistema Único da
Assistência Social – PNEP/SUAS. Brasília, DF, 2013.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução CNAS nº 17 de 2011,
Ratiicar a equipe de referência deinida pela Norma Operacional Básica de Recursos
Humanos do Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH/SUAS e Reconhecer as
categorias proissionais de nível superior para atender as especiicidades dos servi-
ços socioassistenciais e das funções essenciais de gestão do Sistema Único de Assis-
tência Social – SUAS. Brasília, DF, 2011.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 33 de 12 de dezem-
bro de 2012. Aprova a Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS.
Brasília, DF, 2012.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 109, de 11 de novem-
bro de 2009. Aprova a Tipiicação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília,
DF, 2009.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 130, de 15 de julho de
2005. Aprova a Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS. Brasília,
DF, 2005.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 145, de 15 de outubro
de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Social - PNAS. Brasília, DF, 2004.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 269, de 13 dezembro


de 2006. Aprova a Operacional Básica de Recursos Humanos da Assistência Social
NOB-RH/SUAS. Brasília, DF, 2006.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 05 de outubro de
1988.
BRASIL. GM/MDS. Portaria nº 94, de 04 de setembro de 2013. Dispõe sobre o proces-
so de averiguação das informações cadastrais do Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal e dá outras providências. Brasília, DF, 2013.
BRASIL. Lei Federal nº 11.340 de 07 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-
criminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Vio-
lência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o
Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Brasília, DF, 2006.
BRASIL. MDS/SENARC. Instrução Normativa nº 002/SENARC/MDS, de 26 de agosto
de 2011. Estabelece as deinições técnicas e os procedimentos operacionais neces-
sários para a utilização da Versão 7 dos Formulários e do Sistema de Cadastro Único
no âmbito da Portaria nº 177, de16 de junho de 2011. Brasília, DF, 2011.
BRASIL. MDS/SENARC. Instrução Operacional nº 07, de 22 de novembro de 2010.
Orientações aos municípios e ao Distrito Federal para a inclusão de pessoas em situ-
ação de rua no Cadastro Único . Brasília, DF, 2010.
BRASIL. MDS/SNAS. Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para
População em situação de rua e Serviço Especializado para pessoas em situação de
rua- Centro Pop - Volume III. Brasília, DF: Secretaria Nacional de Assistência social, 2011
BRASIL. MDS/SNAS. Portaria nº 15, de 17 de dezembro de 2010. Dispõe acerca do
Sistema de Informação do Sistema Único de Assistência Social – Rede SUAS e dá
outras providências. Brasília, DF, 2011.
BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social Conselho Nacional de As-
sistência Social. Resolução Nº 207, de 16 de dezembro de 1998. Disponível em: <
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/legislacao-2011/resolucoes/1998/Reso-
lucao,P20CNAS,P20no,P20207-,P20de,P2016,P20de,P20dezembro,P20de,P201998.
pdf.pagespeed.ce.S7r7czfn9-.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015.
BRASIL. Ministério de Estado da Previdência e Assistência Social - MPAS/CNAS. Por-
taria nº 262 de 12 de agosto de 2003. Dispõe sobre a convocação extraordinária
da Conferência Nacional de Assistência Social e dá outras providências. Brasília, DF,
2003.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Balanço de ativi-
dades e produtos desenvolvidos | SAGI | Gestão 2011 – 2014 - Brasília, 13 de janeiro
de 2015.
185
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Bolsa Família re-


força autonomia e auto-estima das mulheres. Disponível em: <http://www.mds.gov.
br/saladeimprensa/noticias/2007/marco/bolsa-familia-reforca-autonomia-e-auto-
-estima-das-mulheres >. Acesso em: 5 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Cadernos de orienta-
ções técnicas; Gestão do programa de Erradicação do trabalho infantil no SUAS. Bra-
sília, DF, 2010.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Cadernos de orienta-
ções técnicas sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para
crianças e adolescentes de 6 a 15 anos. Brasília, DF, 2010.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Centro POP. Centro
de Referência Especializado para População em Situação de Rua. Disponível em: <
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaoespecial/mediacomplexidade/
perguntas-e-respostas/arquivos/centro-pop-recursos-humanos.pdf>. Acesso em:
27 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacio-
nal de Assistência Social. V Conferência Nacional. Disponível em: < http://www.mds.
gov.br/cnas/conferencias-nacionais/v-conferencia-nacional>. Acesso em: 27 jul.
2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacio-
nal de Assistência Social. Resolução Nº 13, De 13 De Maio De 2014. Dispõe sobre a
inclusão Inclusão na Tipiicação Nacional de Serviços Socioassistenciais, a faixa etá-
ria de 18 a 59 anos no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Diário
Oicial da União, Brasília, DF, Seção 1, nº 90, quarta-feira, 14 de maio de 2014.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacio-
nal de Assistência Social. Resolução n°. 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova a
tipiicação nacional de serviços socioassistenciais. Diário Oicial da União, Brasília,
DF, ano 146, n. 225, 25 nov. 2009. Seção 1.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Disponível em: <http://
www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia-social-snas/
livros/gestao-do-trabalho-no-ambito-do-suas/gestao-do-trabalho-no-ambito-do-
-suas>. Acesso em: 21 jul. 2015.
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento e Combate à Fome. Disponível em: <http://
www.mds.gov.br/cnas/conferencias-nacionais>. Acesso em: 21 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do desenvolvimento Social e Combate à Fome. Disponível em:
<http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/assistencia-social/psb-
-protecao-especial-basica/servico-de-protecao-e-atendimento-integral-a-fami-
lia-2013-paif/servico-de-protecao-e-atendimento-integral-a-familia-2013-paif>.
Acesso em: 20 jul. 2015.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. CREAS – Recursos


Humanos. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/
assistencia-social/pse-protecao-social-especial/creas-centro-de-referencia-espe-
cializado-de-assistencia-social/creas-proissionais>. Acesso em: 27 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. CRAS – Prois-
sionais. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/
assistencia-social/psb-protecao-especial-basica/cras-centro-de-referencias-de-as-
sistencia-social/cras-proissionais>. Acesso em: 27 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. IGD SUAS. Dispo-
nível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/orientacoes-igdsuas-para-site/
201crepasse-de-recursos-do-igd-suas201d>. Acesso em: 27 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Gestão do Traba-
lho. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/gestaodotrabalho>.
Acesso em: 27 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome - Orientações Técnicas:
Centro de Referência de Assistência Social - CRAS 1ª ed. Brasília: Ministério do De-
senvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. 72p.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Téc-
nicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS. Brasília,
2011.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Téc-
nicas sobre o PAIF: o serviço de proteção e atendimento integral à família – PAIF, se-
gundo a tipiicação nacional de serviços socioassistenciais. Brasília: MDS: Secretaria
Nacional de Assistência Social, 2012.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Orientações Técnicas:
Centro de Referência de Assistência Social – CRAS. 1 ed. Brasília: Ministério do De-
senvolvimento Social e Combate à Fome, 2009.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Plano nacional de
enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil. Brasília, DF, 2000, Disponível em:
<http://www.sdh.gov.br/assuntos/bibliotecavirtual/criancas-e-adolescentes/publi-
cacoes-2013/pdfs/plano-nacional-de-enfrentamento-da-violencia-sexual-contra-
-crianca-e-adolescentes>. Acesso em: 21 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Plano Nacional
de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adoles-
cente, Brasília, DF, 2004. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/iles/8A-
7C816A398D4C9A013996C7E6B01D8A/Plano%20Nacional%20de%20Preven%-
C3%A7%C3%A3o%20e%20Erradica%C3%A7%C3%A3o%20do%20Trabalho%20
Infantil%20e%20Prote%C3%A7%C3%A3o%20ao%20Adolescente%20Trabalhador.
pDF>. Acesso em: 21 jul. 2015.
187
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento e Combate à Fome. Política de Assistên-


cia Social Brasileira. Sistema Único de Assistência Social. Secretaria Nacional de
Assistência Social. Disponível em: <http://www.ipc-undp.org/doc_africa_brazil/5.
SNAS_%20AnaLigiaGomes.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Política Nacional de As-
sistência Social/Norma Operacional Básica - NOB/SUAS. Brasília, 2005.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional
de Assistência Social (PNAS). Brasília: MDS\SNAS, 2004.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional
de Assistência Social (PNAS/2004). Brasília: MDS: Secretaria Nacional de Assistência
Social, 2013.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional
de Educação Permanente do SUAS. 1ª ed. Brasília, DF: MDS, 2013, 57p. Livro ele-
trônico. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacio-
nal-de-assistencia-social-snas/livros/politica-nacional-de-educacao-permanente-
-do-suas-pnep-suas/politica-nacional-de-educacao-permanente-do-suas>. Acesso
em: 21 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 7, de 30
de janeiro de 2012. Dispõe sobre o apoio inanceiro à gestão descentralizada dos
serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, por meio do Índice
de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social – IGDSUAS, e dá
outras providências. Brasília, DF, 2012.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 10 de 30
de janeiro de 2012. Disciplina critérios e procedimentos para a disponibilização e
a utilização de informações contidas no Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal – CadÚnico, instituído pelo Decreto n° 6.135, de 26 de junho de
2007. Brasília, DF, 2012.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria n° 44, de 25 de
fevereiro de 2009. Estabelece instruções sobre Benefício de Prestação Continuada -
BPC referentes a dispositivos da Norma Operacional Básica - NOB/SUAS/2005.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 116, de 22
de outubro de 2013. Dispõe sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à
Família e o seu coinanciamento federal, por meio do Piso Básico Fixo, e dá outras
providências. Brasília, DF, 2013.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 177, de 16 de
junho de 2011. Deine procedimentos para a gestão do Cadastro Único para Progra-
mas Sociais do Governo Federal, revoga a Portaria nº 376, de 16 de outubro de 2008,
e dá outras providências. Brasília, DF, 2011.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 337, de 15


de dezembro de 2011. Dispõe sobre o apoio inanceiro à gestão descentralizada dos
serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, por meio do Índice
de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social - IGDSUAS, no
exercício de 2011, e dá outras providências. Brasília, DF, 2011.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 440, de 23
de agosto de 2005, Regulamenta os Pisos da Proteção Social Especial estabelecidos
pela Norma Operacional Básica - NOB/SUAS, sua composição e as ações que inan-
ciam. Brasília, DF, 2005.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 442, de 26 de
agosto de 2005. Regulamenta os Pisos da Proteção Social Básica estabelecidos pela
Norma Operacional Básica - NOB/ SUAS, sua composição e as ações que inanciam.
Brasília, DF, 2005.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Portaria nº 460, de 18 de
dezembro de 2007. Dispõe sobre os Pisos Básicos Fixo e de Transição, altera a Porta-
ria MDS/GM nº 442, de 26 de agosto de 2005, e estabelece critérios e procedimentos
relativos ao repasse de recursos inanceiros referentes aos Pisos de Alta Complexida-
de I e Fixo de Média Complexidade, no âmbito do SUAS. Brasília, DF, 2007.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. Resolução CIT nº 7, de
10 de setembro de 209. Protocolo de gestão integrada de serviços, benefícios e
transferência de renda no âmbito do SUAS. Brasília, DF, 2009.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria de
Avaliação e Gestão da Informação. Balanço de atividades e produtos desenvolvidos.
Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/balan%-
C3%A7o.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria Nacional
de Assistência Social; Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica. Instrução
Operacional e Manual de Orientações nº 01 SNAS –MDS / SEB - MEC, 18 de dezembro
de 2014. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/
IO,P20SCFV,P20-,P20inal.pdf.pagespeed.ce.AxBo7YlEAt.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2015.
BRASIL. MPAS. Portaria nº 4.251 de 24 de novembro de 1997. Dispõe sobre a con-
vocação da I Conferência Nacional de Assistência Social, e dá outras providências.
Brasília, DF, 1997.
BRASIL. MPAS. Resolução nº 182, de 20 de julho de 1999. Explicita procedimentos
operacionais proporcionando avanços no processo de municipalização das ações
de assistência social. Brasília, DF, 1999.
BRASIL. MPAS. Resolução nº 207, de 16 de dezembro de 1998. Aprova a Política Na-
cional de Assistência Social - PNAS e a Norma Operacional Básica da Assistência So-
cial - NOB2. Brasília, DF, 1998.
189
REFERÊNCIAS

BRASIL. MPAS/CNAS. Resolução nº 204 de 04 de dezembro de 1997. Aprova a Nor-


ma Operacional Básica - NOB, nos termos acordados na reunião extraordinária do
CNAS, em 02 de dezembro de 1997, e num prazo de 60 dias, proceder a avaliação da
sua implementação. Brasília, DF, 1997.
BRASIL. MPAS/CNAS. Resolução nº 207, de 16 de dezembro de 1998. Aprova por
unanimidade a Política Nacional de Assistência Social - PNAS e a Norma Operacional
Básica da Assistência Social - NOB2. Brasília, DF, 1998.
BRASIL. MPAS/CNAS. Portaria nº 909, de 30 de março de 2001. Dispõe sobre a con-
vocação da III Conferência Nacional de Assistência Social, e dá outras providências.
Brasília, DF, 2001.
BRASIL. Orientações para Pactuação da Regionalização dos Serviços de Média e Alta
Complexidade nas Comissões Intergestores Bipartite. Brasília, fevereiro de 2015
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-
cao.htm>. Acesso em: 27 jul. 2015.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 1.605, de 25 de agosto de 1995. Regu-
lamenta o Fundo Nacional de Assistência Social, instituído pela Lei 8.742, de 7 de
dezembro de 1993 substituído pelo Decreto nº 7.788/2012. Brasília, DF, 1995.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.
Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Na-
cional para a Integração da Pessoa Portadora de Deiciência, consolida as normas de
proteção, e dá outras providências. Brasília, DF, 1999.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007. Dispõe
sobre o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal e dá outras pro-
vidências. Brasília, DF, 2007.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007.
Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à
pessoa com deiciência e ao idoso de que trata a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro
de 1993, e a Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art.
162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. Brasília,
DF, 2007.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 6.564, de 12 de setembro de 2008 . Al-
tera o Regulamento do Benefício de Prestação Continuada, aprovado pelo Decreto
no 6.214, de 26 de setembro de 2007, e dá outras providências. Brasília, DF, 2008.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.
Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deiciência
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.
Brasília. DF, junho, 2009.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.179, de 20 de maio de 2010. Institui


o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, cria o seu Comitê
Gestor, e dá outras providências. Brasília, DF, 2010.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.636 de 07 de dezembro de 2011.
Dispõe sobre o apoio inanceiro da União a Estados, Distrito Federal e Municípios
destinado ao aprimoramento dos serviços, programas, projetos e benefícios de as-
sistência social com base no Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de
Assistência Social - IGDSUAS. Brasília, DF, 2011.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.788, de 15 de agosto de 2012. Regu-
lamenta o Fundo Nacional de Assistência Social, instituído pela Lei nº 8.742, de 7 de
dezembro de 1993, e dá outras providências. Brasília, DF, 2012.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe
sobre o apoio às pessoas portadoras de deiciência, sua integração social, sobre a
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deiciência - Cor-
de, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas,
disciplina a atuação do Ministério Público, deine crimes, e dá outras providências.
Brasília, DF, 1989.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8069, de 13 de junho de 1990. Dispõe sobre
o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre
a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providên-
cias. Brasília, DF, 1994.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe
sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Brasília, DF, 1993.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe
sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, DF, 2003.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o
Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029,
de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro
de 2003. Brasília, DF, 2010.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011. Altera a Lei
nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência
Social. 
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.014, de 21 de julho de 2014. Altera
as Leis no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e nº 12.512, de 14 de outubro de
2011, para determinar que os benefícios monetários nelas previstos sejam pa-
gos preferencialmente à mulher responsável pela unidade familiar. Brasília, DF,
2014.
191
REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Lei Federal nº 12.101, de 27 de novembro de 2009.


Dispõe sobre a certiicação das entidades beneicentes de assistência social; regula
os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social; altera a Lei
nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993; revoga dispositivos das Leis nos 8.212, de 24
de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro de 1996, 9.732, de 11 de dezembro de
1998, 10.684, de 30 de maio de 2003, e da Medida Provisória nº 2.187-13, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília, DF, 2009.
BRASIL. Presidência da república. Lei Federal nº 12.954, de 18 de janeiro de 2012.
Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a
execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato
infracional; e altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990,
5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14
de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de
10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Brasília, DF, 2012.
BRASIL. Presidência da República. Portaria n° 44, de 25 de fevereiro de 2009. Estabe-
lece instruções sobre Benefício de Prestação Continuada - BPC referentes a disposi-
tivos da Norma Operacional Básica - NOB/SUAS/2005. Brasília, DF, 2009.
BRASIL. Organograma MDS. Decreto 7493 de 02 de junho de 2011. Disponível
em: <http://www.mds.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/Organogra-
ma,P20MDS,P202011_atualizado.pdf.pagespeed.ce.jCwh8W4Omf.pdf>. Acesso em:
27 jul. 2015.
BRASIL. Secretaria de Políticas para as mulheres. Pacto Nacional pelo Enfrenta-
mento à Violência contra a Mulher, Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://www.
spm.gov.br/sobre/publicacoes/publicacoes/2011/pacto-nacional>. Acesso em:
21 jul. 2015.
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Plano Nacional de Promoção da
Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Tran-
sexuais). Brasília, DF, maio, 2009.
BRASIL. Secretaria Nacional de Justiça. Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráico
de Pessoas, Brasília, DF, 2006.
BRASIL. Secretaria Nacional de Justiça. Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráico
de Pessoas, Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http://www.unodc.org/documents/
lpo-brazil//Topics_TIP/Publicacoes/2008_PlanoNacionalTP.pdf>. Acesso em: 21 jul.
2015.
BRASIL. SNAS/SENARC.Instrução Operacional SENARC/SNAS n° 07, de 22 de novem-
bro de 2010. Orientações aos municípios e ao DF para a inclusão de pessoas em
situação de rua no Cadastro Único para Programas Sociais. Brasília, DF, 2010.
REFERÊNCIAS

CAMPOS, M. S; MIOTO, R. C. T. Política de Assistência Social e a posição da família


na política social brasileira. Revista Ser Social, 01, n. 01, 1º. Semestre, Brasília: UNB,
2003.
CARVALHO, M. do C. B. de. O lugar da família na política social. In:______. A família
contemporânea em debate. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social. Petrópolis: Vozes, 1998.
CASTEL, R. A dinâmica dos processos de marginalização: da vulnerabilidade à “desi-
liação”. Cadernos CRH, nº 26 e 27, p. 19-40, 1997.
CAVALCANTI A. S., et al. Interdisciplinaridade e questão social: novo paradigma
no trabalho do serviço social na Amazônia. In: CIRCUITOS DE DEBATES ACADÊMI-
COS, 1; Anais do I Circuito de Debates Acadêmicos. IPEA. Instituto de Pesquisa Eco-
nômica Aplicada. 2011.
COUTO, B. R. et al. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: Uma realidade
em movimento. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
DEGENSZAJN, R. R.; COUTO, R. B.; MARTINELLI, T.; CHIACHIO, B. N. (orgs). O Sistema
Único de Assistência Social no Brasil (SUAS): uma realidade em movimento. São
Paulo: Cortez Editora, 2012.
FÁVERO, E. T. Rompimento dos vínculos do pátrio poder: condicionantes socioe-
conômicos e familiares. São Paulo: Veras, 2001.
GARCIA, M. Sistema Único de Assistência Social – 13 estudos de caso para deba-
te com a equipe. Disponível em: <http://www.marcelogarcia.com.br/nobrhcurso-
3cap3.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
GOMES, M. A.; PEREIRA, M. L. D. Família em situação de vulnerabilidade social: uma
questão de políticas públicas. Revista Ciência e Saúde Coletiva, n. 10, v. 2, 2005. p
357-363.
GUEIROS, D. A. Família e proteção social: questões atuais e limites da solidariedade
familiar. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, a. 21, n. 71, p.103-121, set.
2002.
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Políticas sociais: acompanhamen-
to e análise. Brasília, 2011.
KALOUSTIAN, S. M. (Org.) Família Brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez, 1994.
KAUCHAKJE, S. Gestão Pública de serviços Sociais. Série Gestão Pública. 1 ed. Curi-
tiba: Intersaberes, 2012.
MDS. Disponível em: <www.mds.gov.br>. Acesso em: 14 jul. 2015.
MIOTO, Regina Célia Tomaso. Cuidados sociais dirigidos à família e segmentos
193
REFERÊNCIAS

vulneráveis. In: Capacitação em Serviço Social, mod. 4. CFESSABEPSS-CEAD


MUNIZ, E. Equipes de referência no SUAS e as responsabilidades dos trabalhadores.
In: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Gestão do tra-
balho no âmbito do SUAS: uma contribuição necessária. Brasília, DF: MDS; Secretaria
Nacional de Assistência Social, 2011, p. 87-122.
NEDER, G. Trajetórias Familiares. Florianópolis: Mimeo, 1996.
NETT, J. P. CONFERENCIA NACIONAL DE ASSISTENCIA SOCIAL, 2; 1997. Brasília, DF.
Anais II Conferência Nacional de Assistência Social. Brasília - DF, 1997. Disponível em:
<http://www.mds.gov.br/cnas/conferencias-nacionais/ii-conferencia-nacional>.
Acesso em: 21 jul. 2015.
NETTO, J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2001.
NETTO, R. S. A Secretaria de Estado dos Negócios do Império (1823-1891). Rio de
Janeiro: Ministério da Justiça, Arquivo Nacional, 2013. Disponível em: <http://linux.
an.gov.br/mapa/wp-content/uploads/2013/02/A-Secretaria-de-Estado-dos-Neg%-
C3%B3cios-do-Imp%C3%A9rio.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015.
OLIVEIRA, E. M. Empreendedorismo social: da teoria à prática, do sonho à realida-
de: ferramentas e estratégias. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2008.
Organização Mundial De Saúde. Classiicação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e saúde - CIF. 2004.
RIZZOTTI, M. L. A. A aliança estratégica entre os trabalhadores e os usuários do SUAS.
In: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Gestão do tra-
balho no âmbito do SUAS: uma contribuição necessária. Brasília, DF: MDS; Secretaria
Nacional de Assistência Social, 2011, p. 65 – 86.
SARTI, C. A. A família como espelho – um estudo sobre a moral dos pobres. Campi-
nas: Autores Associados, 1996.
SILVA, F. S. NOB-RH/SUAS: Anotada e Comentada – Brasília, DF: MDS; Secretaria Na-
cional de Assistência Social, 2011.
YAZBEK, M. C. Classes subalternas e assistência social. 4. ed. São Paulo: Cortez,
2008.
TEIXEIRA. S. M. Trabalho social com famílias na Política de Assistência Social: elemen-
tos para sua reconstrução em bases críticas. Revista Serviço Social, Londrina, v. 13,
n.1, p. 4-23, jul/dez. 2010.
Minísterio do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Disponível em: <http://
www.mds.gov.br/assistenciasocial/inanciamento/fundos-da-assistencia-social>
Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/balan%-
C3%A7o.pdf>.
GABARITO

UNIDADE I

1. Na estrutura organizacional do Ministério de Desenvolvimento Social e


Combate à Fome, existem 5 (cinco) secretarias vinculadas a ele, quais são?
R: Secretaria Nacional de Renda e Cidadania; Secretaria Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional; Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão da Informa-
ção; Secretaria Extraordinária para Superação da Pobreza; e Secretaria Nacional
de Assistência Social (página 15).

2. O artigo 6º da LOAS se remete à criação do Sistema Único da Assistência


Social, deinindo-o como:
a. Sistema organizado e participativo (página 20).
b. Sistema preventivo de vulnerabilidades.
c. Sistema pautado na proteção social de alta complexidade.

3. Quais as atribuições do Conselho Nacional de Assistência Social?


R: Aprovar a Política Nacional de Assistência Social; normatizar as ações e regular
as prestações de serviços de natureza pública e privada no campo da assistên-
cia social; zelar pela correta efetivação do SUAS; convocar extraordinariamente
a Conferência Nacional de Assistência Social; aprecia e aprova a proposta orça-
mentária da assistência social (página 12).

UNIDADE II

1. Considerando os estudos realizados e com base em Kauchakje (2012, p. 22-


25), o que é a gestão no âmbito da assistência social e qual seu objetivo?
R: Trata-se da administração das demandas advindas da sociedade, que expressam
as necessidades da população, produzindo, como respostas, políticas públicas, im-
plementação da política social, programas e projetos socioassistenciais, e tem por
objetivo contribuir para a consolidação dos direitos socioassistenciais (página 41).

2. No que diz respeito à metodologia de gestão, existe, no SUAS, instâncias de


pactuação para deinição e deliberação das ações, que são:
a. CIT, SUAS e NOB.
b. CIB e CIT (p. 42).
195
GABARITO

c. NOB e CNAS.
d. CIB e SAGI.

3. Quais são os quatro tipos de Gestão do SUAS?


R: Da União; do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios (página 41).

4. No âmbito de gestão do SUAS, existem ferramentas utilizadas para a infor-


mação, monitoramento e avaliação, quais são?
R: Rede SUAS (página 53); Gestão Descentralizada (página 58); IGD- SUAS (pági-
na 59); Vigilância Socioassistencial (página 60); a Gestão do Trabalho (página 61).

UNIDADE III

1. Com base nos estudos realizados nesta unidade, quais são as característi-
cas apontadas para o trabalho social na sua origem?
R: Pautado no voluntariado e na ilantropia, mantinha o mínimo e o emergencial
de forma precária e utilizado, muitas vezes, como instrumento de disciplina e
ordem social. Era executado de forma descontinuada, pontual, emergencial e
sem regulamentação, por damas de caridade, representantes da sociedade mais
abastada e pela Igreja católica.
Garantiam visão parcial e fragmentada da realidade vivenciada pela família e
pelo indivíduo, não avaliando o contexto de cada demanda, resolvendo proble-
mas imediatos, sem promover melhoria ou transformação na vida das pessoas
(página 73).

2. Sobre a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único


de Assistência Social/2006, cite 3 (três) dos princípios éticos que pautam a
intervenção proissional (página 76).
a. Defesa intransigente dos direitos socioassistenciais.
b. Compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de qua-
lidade que garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de
laços familiares e sociais.
c. Promoção aos usuários do acesso à informação, garantindo conhecer o nome
e a credencial de quem os atende.
GABARITO

d. Proteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo proissional, preser-


vando sua privacidade e opção e resgatando sua história de vida.
e. Compromisso em garantir atenção proissional direcionada para construção
de projetos pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade.
f. Reconhecimento do direito dos usuários a ter acesso a benefícios e renda e a
programas de oportunidades para inserção proissional e social.
g. Incentivo aos usuários para que esses exerçam seu direito de participar de fó-
runs, conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares de produção.
h. Garantia do acesso da população à política de assistência social sem discri-
minação de qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orientação sexual,
classe social ou outras), resguardados os critérios de elegibilidade dos dife-
rentes programas, projetos, serviços e benefícios.
i. Devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários,
no sentido de que esses possam usá-las para o fortalecimento de seus inte-
resses.
j. Contribuição para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a re-
lação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados.

3. A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único da As-


sistência Social caracteriza o conceito de Equipes de referência, no âmbito
do SUAS, deinindo-o como:
a. Equipes para atendimento de demandas, delineia-se com base no número
de famílias referenciadas em cada bairro.
b. Aquelas que são compostas por servidores efetivos, que se responsabilizem
pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de
proteção social básica e especial (p. 78).
c. Proissionais que atendem voluntariamente pessoas em serviços ilantrópi-
cos.
d. Equipe formada por um assistente social, um psicólogo, um educador físico,
um advogado e um isioterapeuta.

4. Considerando a normativas de recursos humanos do SUAS, qual a equipe


mínima de referência que deve estar disponível em um serviço de proteção
básica do CRAS no âmbito municipal?
R: A deinição de equipe mínima de referência de CRAS está vinculada ao tama-
nho do município e ao número de famílias referenciadas em cada serviço desse
município. Com base nisso, a equipe deve ser:
197
GABARITO

PARA MUNICÍPIOS DE PARA MUNICÍPIOS DE PARA MUNICÍPIOS DE MÉDIO,


PEQUENO PORTE I PEQUENO PORTE II GRANDE, METRÓPOLE E DF
Até 2500 famílias Até 3500 famílias referen- A cada 5000 famílias referen-
referenciadas. ciadas. ciadas.
De 2 técnicos de nível 3 técnicos de nível supe- 4 técnicos de nível supe-
superior, (1 assistente rior, (2 assistentes sociais rior (2 assistentes sociais, 1
social e 1 psicólogo). e 1 psicólogo) psicólogo e 1 proissional do
E 2 técnicos de nível E 3 técnicos de nível mé- SUAS).
médio e 1 coordena- dio e 1 coordenador de E 4 técnicos de nível médio
dor de nível superior. nível superior. e 1 coordenador de nível
superior.

(página 82).

5. A atuação proissional no SUAS não deve estar pautada somente nos co-
nhecimentos individuais de cada proissional que compõe a equipe de tra-
balho, mas precisa atender de maneira uniforme, com capacitação perma-
nente e ter seus trabalhadores valorizados. Essa proposta de capacitação
ganhou força na VIII Conferência Nacional de Assistência Social, ocasião em
que foram deinidas as estratégias da Política Nacional de Educação perma-
nente do SUAS. A quem é destinada a PNEP/SUAS?
R: Segundo o MDS, é destinada aos trabalhadores do SUAS, com ensino funda-
mental, médio e superior, que atuam na rede socioassistencial governamental
e não governamental, assim como aos gestores e agentes de controle social no
exercício de suas competências e responsabilidades (página 86).

UNIDADE IV

1. A partir dos conceitos estudados sobre vulnerabilidade social, identiica-


mos, por meio dos vários autores, que a vulnerabilidade não se limita a
uma questão de recursos  materiais. Com base no exposto, explique quais
são os fatores materiais e não materiais que identiicam as famílias e indiví-
duos que se encontram numa condição vulnerável?
R: Os indivíduos que estão na zona de pobreza e pobreza extrema, o desempre-
go, problemas de ordem emocional, dependência química, transtornos mentais,
portadores de doenças crônicas e degenerativas. 
GABARITO

2. Identiique e explique as principais características dos níveis de Proteção


Social do SUAS e exempliique em que eles se diferem.
R: Os níveis de complexidade na Proteção Social são dois: Proteção Social Básica
e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade.
A Proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco por meio
do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vín-
culos familiares e comunitários. É destinada à população que vive em situação
de vulnerabilidade social decorrente da pobreza e/ou fragilização de vínculos
afetivos, relacionais ou de pertencimento social.
A Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade é uma modalidade
de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram
em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos
físicos e/ou psíquicos, abusos sexuais, uso de substâncias psicoativas, cumpri-
mento de medida socioeducativa, situação de rua, situação de trabalho infantil,
entre outras.
A diferença de ambas é que, enquanto a Proteção Social Básica tem função pro-
tetiva, a Proteção Social Especial destina-se ao atendimento aos usuários que
se encontram em situação de risco pessoal ou social e que tiveram seus direitos
violados ou ameaçados e cuja vivência com a família de origem pode ser consi-
derada como prejudicial a sua proteção ou ao seu desenvolvimento.

3. O SCFV instituído pelo SUAS está organizado na oferta de Serviços da pro-


teção social básica que tem como proposta trabalhar o resgate dos vínculos
familiares e comunitários. Identiique quais são as faixas etárias previstas
para o atendimento desse Serviço e explique seus objetivos de trabalho
para cada categoria especiicada.
R: As faixas etárias contempladas nesse serviço são 6:
Crianças até 6 anos tendo como foco a realização de atividades que envolvam a
criança, os familiares e a comunidade, com o intuito de fortalecer seus vínculos, ob-
jetivando prevenir a ocorrência de situações que conigurem exclusão social e ris-
co, principalmente no que diz respeito à violência doméstica e ao trabalho infantil.
Crianças e Adolescentes de 6 a 15 anos, o foco do atendimento é a criação de
espaço de convivência, formação para a participação e cidadania, objetivando o
desenvolvimento do protagonismo e da autonomia da criança e do adolescen-
te, a partir dos interesses manifestados, demandas e potencialidades especíicas
dessa faixa etária.
Adolescentes e Jovens de 15 a 17 anos, tendo como intuito o fortalecimento
da convivência familiar e comunitária e contribui para o retorno ou permanên-
cia dos adolescentes e jovens por meio do desenvolvimento de atividades que
199
GABARITO

estimulem a convivência social, a participação cidadã e uma formação geral para


o mundo do trabalho.
Jovens de 18 a 29 anos - o serviço deve ter como foco o fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários, na proteção social, assegurando espaços de
referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvimento de
relações de afetividade, solidariedade e respeito mútuo, de modo a desenvolver
a sua convivência familiar e comunitária.
Outra faixa etária é a dos 30 aos 59 anos, a nova resolução airma que o tra-
balho tem como foco o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários,
desenvolvendo ações complementares assegurando espaços de referência para
o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvimento de relações de afeti-
vidade, solidariedade e encontros intergeracionais de modo a desenvolver a sua
convivência familiar e comunitária.
Finalizando esse serviço, oferece o atendimento aos Idosos, no qual o foco das
atividades está no desenvolvimento do processo de envelhecimento saudável,
na autonomia e sociabilidade, no fortalecimento dos vínculos familiares e do
convívio comunitário e na prevenção de situações que conigurem risco social.

UNIDADE V

1. Temos como um dos princípios da Lei Orgânica de Assistência Social em seu


art. 4º: “igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discrimina-
ção de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urba-
nas e rurais”. Diante disso e com o que aprendemos na unidade IV e V deste
livro, discorra sobre a importância da atenção aos novos arranjos familiares
no atendimento social com famílias no âmbito do SUAS.
R: A atenção aos novos arranjos e rearranjos familiares quer dizer que o atendi-
mento às famílias no âmbito do SUAS deve levar em consideração a formação
das famílias em seus laços afetivos e não apenas consanguíneos, isso signiica o
respeito às diversidades, escolhas e aos contextos.

2. Conforme vimos nesta unidade do livro, identiique a importância do tra-


balho em rede na perspectiva do SUAS.
R: Com base na territorialidade, a rede de serviços objetiva o im da fragmenta-
ção, incompletude de encaminhamentos e encaminhamentos dos serviços aos
usuários da assistência social, ou seja, abarcar o atendimento às demandas em
sua totalidade, com as diversas possibilidades ofertadas pelo território de abran-
gência.
GABARITO

3. De acordo com o que vimos nesta unidade e, também, usando como parâ-
metro a Política Nacional de Assistência Social, disserte, com suas palavras,
qual a importância da Matricialidade sócio familiar na assistência social.
R: A Matricialidade sócio familiar signiica que a centralidade dos serviços e po-
líticas terá como núcleo social fundamental a família. A Matricialidade sócio fa-
miliar possibilita/objetiva o fortalecimento, apoio e identiicação de situações de
risco às famílias referenciadas, além da compreensão da realidade dos sujeitos.

Você também pode gostar