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pelos Pintores
Coloniais Angelisa Stein
Marina Ferraz
Sumário
Linha do Tempo 08
Principais eventos no Brasil
Organizadoras do E-book 13
Angelisa Stein e Marina Ferraz
Os Acadêmicos 14
Responsáveis pelas análises
As Obras 20
A filosofia da experiência sensorial
Créditos 75
Equipe e Realizadores
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Nota das
Organizadoras
Caro leitor, cara leitora,
A frota de Cabral era composta por nove naus, três caravelas e uma
naveta de mantimentos. Além do formato das velas, o que diferenciava
uma embarcação da outra era o tamanho: as caravelas mediam 22
metros de comprimento e transportavam até 80 homens; já as naus
podiam chegar a 35 metros e tinham capacidade para 150 tripulantes.
Angelisa Stein
Marina Ferraz
Linha do Tempo
Linha do Tempo 09
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Linha do Tempo 10
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
1822 – Debret pinta a obra Pano de Boca do Teatro da Corte por ocasião
da Coração de D. Pedro I
Linha do Tempo 11
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
1888 – Pedro Américo conclui a obra Grito do Ipiranga ou, como é mais
conhecida, Independência ou Morte
Linha do Tempo 12
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Angelisa Stein
Produtora e Organizadora
ANGELISA STEIN, produtora e advogada,
trabalhou com alguns dos mais renomados
diretores da América Latina, entre eles Fernando
Meirelles (Loop) e Lucrecia Martel (Zama) e com
coproduções envolvendo Argentina, Colômbia,
México, Espanha, Portugal, França, EUA, Canadá.
É autora do livro "COPRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA
INTERNACIONAL - Como, quando, onde e porque coproduzir com
outros países" - Editora Lumen Juris. Trabalhou na ANCINE como
Assessora de Diretoria e Superintendente de Fomento. Foi diretora do
Instituto Estadual do Cinema/RS onde criou o projeto de cinema
itinerante RODA CINE. Pós-graduada como Analista Internacional
pela UFRJ/RJ. Tem Formação Executiva em Cinema e TV pela FGV/RJ
e Especialização em Direito do Entretenimento pela UERJ/RJ. É
bacharel em Direito/UCAM-RJ e em Comunicação Social/UNISINOS-
RS. É professora de PRODUÇÃO AUDIOVISUAL em curso de Pós-
Graduação na PECS/ UCAM/RJ e diretora da Valkyria Filmes.
Marina Ferraz
Pesquisa e Organização de textos
MARINA FERRAZ é bacharel em Literatura e
Linguística, com especialização em TV Digital e
Novas Mídias de Comunicação Eletrônica. É
consultora e pesquisadora para o
desenvolvimento de projetos em cinema, TV e
novas mídias. No mercado internacional, atua na
área de coprodução entre Brasil e Europa.
Organizadoras do E-book 13
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Os Acadêmicos
Cristiane Nascimento
Cristiane Nascimento é doutora em História
Contemporânea pela Universidade Federal
Fluminense, autora da tese 'Viver a Fé em
Moçambique': As relações entre a Frelimo e as
confissões religiosas em Moçambique (1962-
1982), 2017.
É mestre em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, bacharel e licenciada na mesma
instituição. Foi editora de conteúdo e pesquisadora da Revista
“Comunicação e Memória”, editada pelo Centro de Memória da
Eletricidade (2021-2022). Foi pesquisadora associada do Centro de
Estudos Africanos na Universidade Eduardo Mondlane, em
Moçambique (2015). Trabalhou por 10 anos como pesquisadora e
produtora executiva da Revista de História da Biblioteca Nacional
(2006-2016). Tem experiência em pesquisa iconográfica, consultoria
histórica para livros e obras audiovisuais. Atualmente é pesquisadora
do Acervo Roberto Marinho, da TV Globo e professora de História na
Rede Municipal de Educação.
Jurema Agostinho
Os Acadêmicos 15
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Leonam Monteiro
Marcelo da Rocha
Silveira
Marcelo da Rocha Silveira é Arquiteto e
Urbanista pela UFRJ. Fez seu mestrado em
Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências
Sociais da UFRJ com intuito de aprofundar as
questões teóricas e filosóficas pertinentes à
arquitetura e às artes.
Doutorou-se em Arquitetura pelo ProArq-UFRJ com ênfase em Teoria,
História e Crítica da Arquitetura. Coordenou todos os Seminários
Internacionais de Urbanismo, Patrimônio e Meio Ambiente realizados
na cidade de Ouro Preto (MG). É autor do livro "A cidade informal -
arquitetura e projeto", co-autor do livro "No centro do problema
arquitetônico nacional - a modernidade e a arquitetura tradicional
Os Acadêmicos 16
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Rafael Fernandes
Mendes Junior
Rafael Fernandes Mendes Júnior é doutor em
Antropologia Social pelo Museu Nacional (UFRJ),
Pós-doutor em História pela Universidade
Federal Fluminense. Professor substituto na
Faculdade de Formação de Professores (UERJ) e
pesquisador associado ao Laboratório de
Inovações Ameríndias (LInA), UFRJ, e ao Centre de Recherche et de
Documentation sur des Amériques (CREDA), Sorbonne. Desenvolve
pesquisa com os Guarani nos estados do Rio de Janeiro, Pará e
Tocantins desde 2004, privilegiando estudos sobre os processos de
migração, mobilidade e translocação guarani; organização social e
parentesco, os processos de conversão cristã e a prática venatória.
Mais recentemente, suas pesquisas passaram a incluir o estudo dos
Guarani a partir da documentação produzida no âmbito da
administração colonial espanhola e das missões jesuíticas durante os
séculos XVII e XVIII. É autor de ‘’A terra sem mal: uma saga guarani’’,
publicado pela EdUFRJ, em 2021.
Os Acadêmicos 17
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Socorro Ferraz
Os Acadêmicos 18
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Tatiana Arnaud
Coutinho Cipiniuk
Os Acadêmicos 19
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras
Informações e Análises
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
GRITO DO IPIRANGA ou
INDEPENDÊNCIA OU MORTE
Tipo: pintura
As Obras 21
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Grito do Ipiranga de
Pedro Américo: uma
independência segundo
São Paulo
Marcelo da Rocha Silveira
As Obras 22
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 23
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 24
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
As Obras 25
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
SESSÃO DO CONSELHO
DE ESTADO
Tipo: pintura
As Obras 26
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Pintura Histórica
por mãos femininas
As Obras 28
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 29
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
336p.
SOUZA, Adelaide Cerqueira Lima de. O Luz, Conflito e Harmonização
As Obras 30
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Dimensões da Obra: 21 X 35 cm
Tipo: pintura
Técnica: aquarela
As Obras 31
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Imperador
dos Brasis
Cristiane Nascimento da Silva
Com olhos de cronista, Jean-Baptiste Debret capturou em suas
telas momentos decisivos da história política do período joanino e do
Primeiro Reinado (1808-1831) e revelou fragmentos do cotidiano de
pessoas comuns, homens pobres, mulheres, indígenas, escravizados e
livres. A partir da sua perspectiva, foi possível conhecer trajes, costumes e
culturas dos mais diferentes grupos sociais no Brasil.
O pintor nasceu em Paris em 1768, foi aluno de Jacques-Luis
David, seu primo e um dos principais nomes do estilo neoclássico francês
na Academia de Belas Artes. Por volta de 1806, iniciou os trabalhos como
pintor na corte de Napoleão. No entanto, a queda do imperador francês
em 1815, somada com a perda de seu único filho e o abandono de sua
esposa fizeram com que Debret aceitasse o convite para compor uma
missão artística destinada ao território português nas Américas.
A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil em 1816, contratada
pelo embaixador de Portugal, o marquês de Marialva, por sugestão do
ministro António de Araújo e Azevedo. A intenção era criar uma
instituição de ensino das artes. Este grupo fundou mais tarde a Escola de
Ciências, Artes e Ofícios, cujo objetivo era contribuir para o
desenvolvimento artístico do novo reino.
Durante os 15 anos de permanência no Brasil (1816-1831), Debret
conciliou o registro de acontecimentos ilustres da Coroa, como os
casamentos reais, os retratos da nobreza e as coroações de D. João VI e
Pedro I, com cenas da vida cotidiana, que revelavam as percepções do
artista sobre as relações na sociedade brasileira. O seu trabalho é um
marco fundador da pintura de história no Brasil, gênero inaugurado a
partir da vinda dos artistas franceses ao país.
Como contemporâneo dos eventos que culminaram na
independência do Brasil em relação a Portugal, Debret registrou e
interpretou, através de imagens e textos, os principais fatos deste
processo. Entre eles, estão a aclamação de D. Pedro I e a sua coroação.
Antes de existir uma bandeira nacional, o artista a representou em sua
obra Aclamação de D. Pedro I, imperador do Brasil, no campo de
Santana, no Rio de Janeiro. A bandeira do novo império ficaria pronta um
mês depois.
As Obras 32
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 33
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.asp?codigo_sophia=28104.
Acesso em: 26 fev. 2023. Prancha 49, p.227, 228 e 229
As Obras 35
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
SOLDADOS ÍNDIOS
DA PROVÍNCIA DE
CURITIBA ESCOLTANDO
PRISIONEIROS NATIVOS
Tipo: gravura
Paulo/SP
As Obras 36
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Debret, os bandeirantes
e a falácia histórica
Rafael Fernandes Mendes Junior
As Obras 37
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 38
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 39
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 40
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 41
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
Nacional.
FAUSTO, Carlos. 2001. Inimigos Fiéis. São Paulo: Edusp.
GARCIA, Elisa Frühauf. 2009. As diversas formas de ser índio: políticas
indígenas e políticas indigenistas no extremo sul da América
portuguesa. Rio de Jeneiro. Arquivo Nacional.
MENDES JÚNIOR, Rafael. 2022. Cartografia dos deslocamentos
guarani: séculos XVI e XVII. Mana 28 (2).
As Obras 42
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
TIRADENTES
ESQUARTEJADO
Tipo: pintura
As Obras 43
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Tiradentes Esquartejado:
a construção de um mártir
Leonam Monteiro
As Obras 44
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 46
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
As Obras 47
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Tipo: gravura
Nacional/RJ
As Obras 48
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Jurema Agostinho
As Obras 49
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 51
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
brasil/brasil-monarquico/8843-conjura%C3%A7%C3%A3o-baiana-a-
As Obras 52
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
BENÇÃO ÀS BANDEIRAS DA
REVOLUÇÃO DE 1817
Tipo: pintura
As Obras 53
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bênção à Revolução
de 1817
Socorro Ferraz
Marina Ferraz
As Obras 54
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 55
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 56
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 57
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
Comemorativa, 1917.
As Obras 58
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
DERRUBADA DE
UMA FLORESTA
Tipo: gravura
Dom Joao VI
As Obras 59
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 60
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 61
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 62
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 63
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra16320/derrubada-de-uma-
floresta. Acesso em: 01 de março de 2023. Verbete da Enciclopédia.
SILVA, DGB., org., KOMISSAROV, BN., et al., eds. Os Diários de
Langsdorff [online].Translation Márcia Lyra Nascimento Egg and
others. Campinas: Associação Internacional de Estudos Langsdorff. Rio
de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997. 400 p. Vol. 1.
FOLADORI, G., TAKS, J. Um olhar antropológico sobre a questão
ambiental. In: Mana, Rio de janeiro, ano 2004, n.10(2), p.323-348, out
2004.
As Obras 64
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
CASTIGO PÚBLICO
Tipo: gravura
IPHAN/MinC/RJ
As Obras 65
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Castigo público de
Johann Moritz Rugendas:
uma realidade ainda
presente
Marcelo da Rocha Silveira
As Obras 66
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
É ainda preciso atentar que a arte do século XIX foi, em certo grau,
apagada da história pelo artistas modernistas que não gostavam nem
um pouco desse período. Muitos deles eram escritores e críticos de arte
que acabaram escrevendo a própria história da arte brasileira, onde o
século XIX não tinha lugar.
Sem dúvida a contribuição de Franz Post, de Eckout, de Debret, e
de Rugendas foi muito importante; ajudaram-nos a perceber um pouco
de um mundo onde o jornal e a fotografia não existiam, ao menos no
Brasil de então.
Rugendas chegou em terras brasileiras em 1821, participando da
Expedição Langsdorff, e permaneceu por três anos. Este
empreendimento, chefiado pelo Barão Georg Heinrich von Langsdorff,
tinha o objetivo científico de registrar a natureza e a sociedade brasileira
para a Academia Real de Ciências de São Petersburgo, e, com isso,
propiciar uma melhor relação comercial entre a Rússia e o Brasil. Por
diversos desentendimentos, Rugendas acabou por desvincular-se, alguns
meses depois, da Expedição e seguiu seu próprio caminho.
Advindo de uma família de artistas, Rugendas realizou trabalhos
que não foram apenas o registro de um mundo para ele desconhecido,
mas verdadeiras obras de arte. O trabalho que realizou pintando a fauna
e a flora brasileira foi magnífico. Mas também foi extremamente
importante o registro da realidade social que ele aqui observou.
Uma de suas obras mais significativas, sobre a realidade brasileira
do início do século XIX, é Castigo Público. A cena retrata a realização de
uma tortura pública, algo então comum, que servia como uma forma de
severa ameaça aos escravos que desobedecessem aos seus senhores,
além de reforçar publicamente o poder absoluto que este tinha sobre os
seus subservientes. O quadro não é de grandes proporções, tem apenas
22,5 x 30,5 cm; Rugendas utilizou a técnica da litografia, que permite
diversas reproduções, e, portanto, barateia o custo da tela, em termos
unitários. Contudo, a litografia perde, segundo alguns, um caráter mais
individual, ou seja, não permite a mesma expressividade que a tinta a
óleo. Tudo isso talvez deva-se ao próprio tema da obra, ela não seria
destinada a nenhum lugar de destaque: prédio público, igreja ou uma
casa abastada. Então porque gastar tela e tintas caras para retratar aquilo
que não interessava a ninguém como tema artístico?
Rugendas dispõe as pessoas em semi-círculo, fazendo desse modo
parecer que quem vê a tela é, também, partícipe da cena, tornando a
representação ainda mais cruel. O artista dirige o nosso olhar
diretamente para o supliciado, já que este ocupa o centro do quadro, e o
pau da paciência (como era chamado o poste onde o escravo era
amarrado) é o elemento mais alto da praça.
As Obras 67
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Contudo, toda a tela, ao ser vista com mais atenção, mostra uma
realidade bastante complexa. Negros e brancos, escravos e homens livres
formam uma massa que assiste, sem qualquer expressão de horror, o
flagelo de apenas um homem. Este é castigado também por um outro
negro. Outro escravo já foi submetido ao suplício e está caído ao lado
esquerdo da tela, ou seja, o chicoteamento não é uma ação inusitada. A
cena mistura negros bem vestidos, em trajes fidalgos, com outros de
roupas muito simples. Vê-se aí a diversidade de atividades que os
escravos assumiam: escravos de eito (os que trabalhavam duro na
lavoura), escravos de ganho (os que realizavam algum tipo de trabalho
nas ruas ganhando dinheiro para seus senhores), escravos domésticos e
ex-escravos, que também se tornavam senhores de escravos. Havia até
alguns casos, devidamente registrados, de pessoas livres que queriam se
tornar escravos, dada à penúria em que viviam.
Certamente a escravidão é uma página obscura da história brasileira.
Contudo, ela também foi uma atividade difundida quase que
mundialmente. A obtenção de escravos na América era feita apenas
através da compra em tribos africanas, que vendiam seus escravos para
os europeus, que aportavam no litoral. Quando a Lei Euzébio de Queirós
(1850) proibiu o tráfico de escravos, o seu número escravos na África
subiu drasticamente.
Mas o Brasil do século XIX propunha-se a ser substancialmente
diferente daquele dos séculos anteriores. A Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, proclamada na França em 1789, tinha em seu
artigo primeiro que Os Homens nascem e são livres e iguais em direitos.
O governo brasileiro já pretendia, à época da vinda de Rugendas,
adentrar no concerto de nações civilizadas, possuindo, para tanto, uma
Constituição. Contudo, a escravidão não era uma assunto afeito às
autoridades governamentais ou às elites burguesas. Este tema manchava
o projeto de formação de uma identidade nacional e, ao mesmo tempo,
a burguesia entendia que a escravidão pertencia à propriedade privada
e, portanto, a ela deveria estar restrita.
Hoje, passados quase duzentos anos da obra, ainda assistimos a
programas jornalísticos em que pessoas pobres — negros, paus de arara,
favelados — são presas, espancadas, vítimas de todas as discriminações e
preconceitos. Quase toda a população continua a assistir o espetáculo do
mesmo modo: impassível e conclamando a importância de manter-se a
lei e a ordem, sob qualquer pretexto. A segurança do cidadão de bem
vem sempre em primeiro lugar. Alguns até esquecem que pertencem, ou
que já pertenceram, a essa ralé. Mas no Brasil de muitos oprimidos que
não são vistos, quem é caolho já se sente rei.
As Obras 68
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
As Obras 69
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
A REDENÇÃO DE CAM
Tipo: pintura
As Obras 70
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
A Redenção de Cam e
o embranquecimento
como política no Brasil
Leonam Monteiro
As Obras 71
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
As Obras 72
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Bibliografia:
As Obras 74
Retrato do Brasil pelos Pintores Coloniais
Créditos
Angelisa Stein
Produtora, Organizadora e Pesquisadora
Marina Ferraz
Pesquisadora, Organizadora e Produtora de textos
Bruna Karyne
Produtora Executiva
Kiti Soares
Assistente de Produção
Falange Produções
Divulgação
Alac
Contabilidade
Patrocínio
Realização
Créditos 75