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Olá, queridos!

Tudo bem com vocês?

Na aula de hoje, vamos iniciar os estudos da Literatura Brasileira.

É importante pensar que não há consenso sobre o que podemos definir como um “início” da
Literatura no Brasil. Há diversas correntes e vamos conversar mais sobre isso em nossas aulas
presenciais. Mas, para a elaboração desse material, escolhi a interpretação de Alfredo Bosi, em
História Concisa da Literatura Brasileira por ser a mais utilizada em livros didáticos e pelas provas
que vocês farão. (É uma versão que eu concordo parcialmente, mas isso é assunto para depois… ☺)

Antes de tudo, é fundamental lembrarmos que o Brasil foi colônia de Portugal durante mais de três
séculos. Dessa forma, é difícil estabelecer o momento em que nossa produção cultural passou a ser
independente da produção portuguesa.

O Quinhentismo representa a primeira manifestação literária no Brasil que também ficou


conhecida como “literatura de informação”. É um período literário que reúne relatos de viagem
com características informativas e descritivas. São textos que descrevem as terras descobertas pelos
portugueses no século XVI, desde a fauna, a flora e o povo.

→ O Quinhentismo brasileiro ocorreu paralelo ao Classicismo português e o nome do período

refere-se a data de início: 1500.

“Os primeiros escritos da nossa vida documentam precisamente a instauração do processo [de

colonização no Brasil]: são informações que viajantes e missionários europeus colheram sobre a

natureza e o homem brasileiro. Enquanto informações, não pertencem à categoria do literário, mas à

pura crônica histórica e, por isso, há quem as omita por escrúpulo estético (José Veríssimo, por

exemplo, na sua História da Literatura Brasileira). No entanto, a pré-história das nossas letras

interessa como reflexo da visão do mundo e da linguagem que nos legaram os primeiros

observadores do país. É graças a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos grupos sociais

nascentes, que captamos as condições primitivas de uma cultura que só mais tarde poderia contar

com o fenômeno da palavra-arte. E não é só como testemunhos do tempo que valem tais
documentos: também como sugestões temáticas e formais. Em mais de um momento a inteligência

brasileira, reagindo contra certos processos de europeização, procurou nas raízes da terra e do

nativo imagens para se afirmar em face do estrangeiro: então, os cronistas voltaram a ser lidos, e até

glosados, tanto por um Alencar romântico e saudosista como por um Mário ou um Oswald de

Andrade modernistas (Bosi, 1972, p. 15-6).

Características do Quinhentismo

 Crônicas de viagens
 Textos descritivos e informativos
 Conquista material e espiritual
 Linguagem simples
 Utilização de adjetivos

Autores e obras do Quinhentismo


→ Muitos viajantes e jesuítas contribuíram com seus relatos para informar aos que estavam do

outro lado do Atlântico suas impressões acerca da nova terra encontrada. Por isso, muitos dos textos

que compõem a literatura quinhentista, possuem forte pessoalidade, ou seja, as impressões de cada

autor.

Alguns textos importantes dessa época:


a) a Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei D. Manuel, referindo o descobrimento de uma nova terra
e as primeiras impressões da natureza e do aborígene;
b) o Diário de Navegação de Pero Lopes e Sousa, escrivão do primeiro grupo colonizador, o de
Martim Afonso de Sousa (1530);
c) o Tratado da Terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente
Chamamos Brasil de Pero Magalhães Gândavo (1576);
d) a Narrativa Epistolar e os Tratados da Terra e da Gente do Brasil do jesuíta Fernão Cardim (a
primeira certamente de 1583);
e) o Tratado Descritivo do Brasil de Gabriel Soares de Sousa (1587);
f) os Diálogos das Grandezas do Brasil de Ambrósio Fernandes Brandão (1618).
g) as Cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois primeiros séculos de catequese;
h) o Diálogo sobre a Conversão dos Gentios do Pe. Manuel da Nóbrega;
i) a História do Brasil de Fr. Vicente do Salvador (1627).
Literatura Jesuítica
Os impérios ibéricos (Portugal e Espanha) continham em sua expansão uma profunda ambiguidade.
Ao espírito capitalista-mercantil associavam um certo ideal religioso e salvacionista. Por essa razão,
dezenas de religiosos acompanhavam as expedições a fim de converter os todos os não-cristãos.
Como consequência da contrarreforma, chegam, em 1549, os primeiros jesuítas ao Brasil. Com o
objetivo de catequizar os indígenas e de instalar o ensino público no país, fundaram os primeiros
colégios, que foram, durante muito tempo, a única atividade intelectual existente na colônia.
Do ponto de vista estético, os jesuítas foram responsáveis pela melhor produção literária do
Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, cultivaram o teatro de caráter pedagógico,
inspirado em passagens bíblicas, e produziram documentos que informavam aos superiores na
Europa o andamento dos trabalhos.
O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos jesuítas (moralizar os
costumes dos brancos colonos e catequizar os índios) foi o teatro. Para isso, os jesuítas chegaram a
aprender a língua tupi, utilizando-a como veículo de expressão. Os indígenas não eram apenas
espectadores das peças teatrais, mas também atores, dançarinos e cantores.
Os principais jesuítas responsáveis pela produção literária da época foram o padre Manuel da
Nóbrega, o missionário Fernão Cardim e o padre José de Anchieta.

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