No Brasil, o Quinhentismo caracterizou-se pela produção de textos informativos e de catequese; em
Portugal, expressou-se aos moldes clássicos. O Quinhentismo, no Brasil e em Portugal, designa uma importante fase da história da literatura desses países, apesar de ter se expressado de modo diferente em um e outro. No Brasil, designa o conjunto de textos e autores do período colonial, compreendendo os três primeiros séculos desde a conquista portuguesa. Dividido em duas vertentes, uma caracterizada pela ocorrência de textos de informação e outra pela ocorrência de textos de caráter catequizador, esse período inicial de germinação das letras no nascente território brasileiro é de fundamental importância para se conhecer a história do país e sua tradição literária Contexto histórico do Quinhentismo. Nos primeiros três séculos do Brasil, a vida social e, consequentemente, a esfera econômica e cultural desenvolveram-se em torno da relação entre a colônia e a metrópole. Essa relação deu-se de modo que a colônia fosse extremamente explorada pela metrópole, o que fez com que a preocupação imediata dos primeiros colonos, ou seja, habitantes do território, fosse ocupar a terra, explorar o pau brasil, cultivar a cana-de-açúcar, extrair o ouro. Essa postura exploratória foi determinante para que houvesse no território núcleos urbanos surgidos a partir dos ciclos de exploração dessas matérias primas destinadas à metrópole europeia. Assim, formaram-se, no Brasil, ilhas sociais, mais precisamente as seguintes: Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Paralelamente à exploração econômica, que foi o centro propulsor desses núcleos, havia dentre seus habitantes aqueles que manifestaram, por meio da escrita, os primeiros ecos da literatura no Brasil, ou seja, as primeiras manifestações, embora tímidas, do pensamento da elite intelectual. Características do quinhentismo. As manifestações da literatura quinhentista podem ser dividida sem dois grupos, os quais, apesar de traços comuns, têm características que os distinguem: a literatura de informação e a literatura de formação. Os primeiros registros escritos do Brasil têm como característica a documentação do processo colonizador que marcou os primeiros anos de povoamento. São informações que viajantes e missionários europeus anotaram sobre o homem e a natureza das terras que conheciam naquele contexto. Esses registros descritivos não pertencem à categoria literária, já que não havia uma preocupação estética em organizá-las em prol de um deleite advindo de uma leitura de fruição, ou seja, voltada ao prazer, como os gerados por uma obra ficcional. Porém, alguns críticos literários situam essa produção nascente como uma rica fonte temática para escritores posteriores. Afinal, a descrição da paisagem original, dos hábitos e costumes indígenas e dos grupos sociais que nasciam nos núcleos urbanos que surgiam formou uma enciclopédia a que escritores, como os do Romantismo brasileiro, recorreram para fazer uma literatura genuinamente voltada às temáticas nacionais. Assim, a embrionária produção intelectual do Brasil Colônia, materializada nos relatos dos viajantes e dos missionários católicos, tem valor não só histórico de registro de uma época, como também serviu de material temático inspirador à produção literária posterior, que teve como princípio a construção de uma literatura verdadeiramente do Brasil, estabelecendo-se como contraponto à produzida e de Portugal autores de textos de informação. As principais produções do Brasil Colônia, escritas nos séculos XVI e XVII, categorizadas como informativas são: a Carta, de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel, referindo o descobrimento de uma nova terra e as primeiras impressões da natureza e do indígena (1500);o Diário de Navegação de Pero Lopes e Sousa, escrivão do primeiro grupo colonizador, o de Martim Afonso de Sousa (1530);o Tratado da terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, de Pedro de Magalhães (1576);a Narrativa Epistolar e o Tratados da Terra e da Gente do Brasil, do jesuíta Fernão Cardim(1583);o Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa (1587);os Diálogos das grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão (1618)