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PANORAMA DA LITERATURA BRASILEIRA – DAS

ORIGENS ATÉ O MODERNISMO


Fonte:
http://www.nilc.icmc.usp.br/literatura/modernismo
1.htm

Origens
1500

MARCO

Obra

A CARTA (1500)

Autor

Pero Vaz de Caminha (1437-1500)

CONTEXTO HISTÓRICO

Após o descobrimento do Brasil, em meados de 1500, a Coroa portuguesa passou a


se interessar pelo país e a enviar expedições colonizadoras, às quais cabia dar
parte ao rei de tudo quanto no seu vasto território houvesse.

A adoção do sistema de capitanias hereditárias, a expedição de Martim Afonso e o


estabelecimento do governo geral, em 1549, em Salvador, na Bahia, foram fatos
marcantes no processo de colonização do Brasil. Com o primeiro governador geral,
Tomé de Souza, chegaram os primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbrega,
com a missão de catequizar o indígena, marcando o início da organização da vida
administrativa, econômica, política, militar, espiritual e social do Brasil-Colônia.

CARACTERÍSTICAS

No cumprimento de suas tarefas, portugueses colonizadores, jesuítas, viajantes


aventureiros dão origem às primeiras manifestações literárias do período, cujas
primeiras obras são predominantemente informativas. Seus textos, marcados pela
subjetividade cultural do europeu, descrevem a fauna, a flora, os habitantes nativos
e as condições de vida na terra recém-descoberta. Apesar de não ser considerada
literária, essa crônica histórica tem seu valor, pois além da linguagem e da visão de
mundo dos primeiros observadores do país, revelam as condições primitivas de
uma cultura nascente.

Nesse primeiro século da nossa formação, a literatura informativa do colonizador


português é representada inicialmente pela Carta de Pero Vaz de Caminha,
relatando o descobrimento do Brasil a D.Manuel. Historicamente, é uma verdadeira
certidão de nascimento do país e dá início a um período de três séculos na nossa
literatura: o Período Colonial, que inclui, além do Quinhentismo, o Barroco e o
Arcadismo.

Outro documento da época é O Diário da Navegação (1530) de Pero Lopes de


Souza. Não é tão importante como a carta de Caminha, mas enquadra-se nas
crônicas de viagens, prestando informações a futuros colonizadores e exploradores
de Portugal. Sem muitos dados históricos, relata a expedição de Martim Afonso de
Souza ao Brasil, em 1530, como também o comando de Pero Lopes no retorno da
esquadra a Portugal. Apenas em uma ou outra passagem, faz alguma referência
histórica, ressaltando a beleza da terra e de seus habitantes. Narra eventos e
aponta observações náuticas e geográficas, o que o torna um documento de
interesse para a história marítima de Portugal e para a da colonização do Brasil.

Essencialmente informativas, as obras: História da Província de Santa Cruz a que


Vulgarmente Chamamos Brasil (1576) e Tratado da Terra do Brasil, publicado
somente em 1826, de Pero de Magalhães de Gândavo, e Tratado Descritivo do
Brasil em 1587 (1587), de Gabriel Soares de Souza, inauguram atitudes e lançam
sugestões temáticas. Manifestações que serão retomadas por alguns escritores
brasileiros pertencentes ao Modernismo , tais como Oswald de Andrade (Pau-Brasil)
e Mário de Andrade (Macunaíma).

O trabalho informativo, pedagógico e moral dos jesuítas tem como expoentes as


obras dos padres Manuel da Nóbrega, Fernão Cardim e José de Anchieta. Nóbrega,
com a carta noticiando sua chegada ao território brasileiro, inaugura, em 1549, a
literatura informativa dos jesuítas. Além da vasta correspondência em que relata o
andamento da catequese e da obra pedagógica a outros membros da Companhia
de Jesus, escreve o Diálogo Sobre a Conversão do Gentio (1557), única obra
planejada e com valor literário reconhecível. Nela, sua intenção é convencer os
próprios jesuítas do significado humano e cristão da catequese.

As obras de Cardim Do Clima e Terra do Brasil e de Algumas Coisas Notáveis que


se Acham Assim na Terra como no Mar; Do Princípio e Origem dos Índios do Brasil
e de Seus Costumes, Adoração e Cerimônias, Narrativa Epistolar de Uma Viagem e
Missão Jesuítica revelam um certo planejamento literário, independentemente da
informação epistolar.

Quanto à valorização literária, José de Anchieta destaca-se como o único autor


desta época cuja produção extrapola o caráter meramente histórico. Escreveu
poemas líricos, épicos, autos, cartas, sermões e uma pequena gramática da língua
tupi. Além do caráter informativo e educacional, algumas de suas criações literárias
visavam, apenas, satisfazer sua vida espiritual.

BIBLIOGRAFIA

Barroco
1601

MARCO

Obra

PROSOPOPÉIA (1601)

Autor

Bento Teixeira (1561-1600)

CONTEXTO HISTÓRICO

O Barroco ou Seiscentismo denomina todas as manifestações artísticas do século


XVII e início do XVIII e, na literatura, é reflexo nítido de uma época profundamente
angustiada. Nesse período, a Reforma de Lutero e Calvino dividiu os cristãos
Europeus e, na tentativa de evitar a perda de fiéis, a Igreja Católica criou
instituições florescentes na Península Ibérica, como o movimento da Contra-
Reforma, que fundou a Companhia de Jesus e fortalece a Inquisição. Assim,
enquanto a Europa evoluiu cientificamente, Portugal e Espanha permaneceram
defensores da cultura medieval.

Além disso, de 1580 a 1640, Portugal, sob o jugo espanhol, enfrentou uma situação
insuportável, o que propiciou um ambiente de pessimismo e desânimo, sobretudo,
para a burguesia, que teve seu poder restringido pela submissão aos espanhóis e
ao poder da Igreja - Contra-Reforma. A estética Barroca em Portugal resultou
desse domínio, sofrendo, por conseqüência, grande influência espanhola, principal
foco irradiador dessa estética.

Depois do domínio Espanhol, nos séculos XVII e XVIII, a nação portuguesa decaiu
no cenário Europeu e sua literatura girou em torno de outras culturas: do
barroquismo espanhol, do arcadismo italiano e do iluminismo francês, afetando a
iniciante literatura colonial brasileira que passou a receber tendências estrangeiras.

A partir da segunda metade do século XVI, os ciclos de ocupação e exploração


intensa e regular das possibilidades econômicas do Brasil-Colônia fizeram surgir
núcleos urbanos de grande importância cultural e econômica na Bahia e
Pernambuco. Mais tarde, século XVII, com a mudança da sede do governo para o
Rio de Janeiro, esta firmou-se também como centro social, político e cultural.

As invasões estrangeiras, do Rio de Janeiro ao Maranhão, nos séculos XVI e XVII,


foram responsáveis não só pelas transformações ocorridas no Nordeste mas
também pelo despertar de uma consciência colonial, que se manifestou na
literatura aqui realizada, através do sentimento de amor e interesse pelas nossas
coisas, fatos e realidades. Ainda nesse século, essa região presenciou o auge e a
decadência da cana-de-açúcar. No século XVIII, outros centros surgiram. Além de
São Paulo, Vila Rica de Ouro Preto, em Minas Gerais, também desenvolveu-se
econômica e culturalmente, devido ao descobrimento das jazidas de ouro. Durante
esses séculos, o Brasil viveu sob forte pressão econômica, sobretudo pela intensa
exploração de suas riquezas naturais que mantiveram a Corte.

Famílias brasileiras e portuguesas aqui radicadas, favorecidas por esse


desenvolvimento, passaram a enviar seus filhos para os cursos superiores em
Portugal. Esses estudantes, formados pela Universidade de Coimbra, foram os
principais responsáveis pelas manifestações literárias européias que aqui surgiram.
Ao retornarem contribuíram para o nosso desenvolvimento literário e reforçaram a
mentalidade portuguesa entre nós.

CARACTERÍSTICAS

Sem encontrar explicações racionais para o mundo e com o fortalecimento da igreja


católica, o século XVII retomou a religiosidade do período medieval e o
antropocentrismo do século XVI, levando o pensamento humano a oscilar entre dois
pólos opostos: Deus e o homem; espírito e matéria; céu e terra. Ao aproximar e
relacionar idéias e sentimentos ou sensações contraditórias entre si, o Barroco
reflete esse desequilíbrio e tensão.

Essa estética recebe nomes diferentes em outros países. Na Espanha, é


Gongorismo, proveniente do poeta Luís Gôngora y Argote. Na Itália, chama-se
Marinismo, devido à influência de Gianbattista Marini. Na Inglaterra, o romance
Euphues ou The Anatomy of Wit, de John Lyly, dá origem ao Eufuísmo. Na França,
denomina-se Preciosismo, graças à forma rebuscada na corte de Luís XIV. Na
Alemanha, é conhecido por Silesianismo, caracterizando os escritores da região da
Silésia.

Nessa estética, integrante do Período Colonial e sucessora do Quinhentismo, há um


culto exagerado da forma. Na poesia, isso é feito através de malabarismos
sintáticos e abuso de figuras, tais como metáforas, antíteses, paradoxos,
metonímias, hipérboles, alegorias e simbolismos, resultando em um rebuscamento
exagerado, a que os poetas do Arcadismo iriam se opor.

O barroco literário marca-se por dois estilos: o Cultismo e o Conceitismo. Enquanto,


no Cultismo, os termos contrários manifestam sensações, no Conceitismo, eles são
construídos e resolvidos através do confronto de idéias e de conceitos mais
abstratos.

Para o artista barroco, efêmero e contingente, que deseja conciliar céu e terra, a
duplicidade é a única atitude compatível, daí o uso de temas opostos: amor e dor, o
erótico e o místico, o refinado e o grosseiro, o belo e o feio que se misturam,
ressaltando o bizarro, e lembrando que a morte é o denominador comum de todas
as aspirações humanas.

Além das características portuguesas, o barroquismo brasileiro apresenta


peculiaridades próprias. A visão nativista na poesia, por exemplo, pode ser
considerada pitoresca pelo tipo de louvor que faz ao país. Na lírica amorosa, a
mulher é retratada pela sua beleza e perigo, sendo ao mesmo tempo enaltecida e
exorcizada.
As manifestações literárias barrocas do Brasil-Colônia, de 1601 a 1768, têm como
marco inicial a publicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira. Na
poesia, destaca-se também Gregório de Matos e, na prosa, sobressai-se a oratória
sagrada dos jesuítas, cujo nome central é o do Padre Antônio Vieira.

BIBLIOGRAFIA

Arcadismo
1768

MARCO

Obra

OBRAS (1768)

Autor

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

CONTEXTO HISTÓRICO

Em meados do século XVIII, a Europa passou por uma importante transformação


cultural, marcando a decadência do pensamento barroco. A burguesia inglesa e
francesa, impulsionada pelo controle do comércio ultramarino, cresceu, dominando
a economia do Estado. Em contrapartida, a nobreza e o clero, com seus ideais
retrógrados, caíram em descrédito.

A ideologia burguesa culta, sustentada na crítica à velha nobreza e aos religiosos,


propagou-se por toda Europa, sobretudo na França, onde foram publicados O
Espírito das Leis (1748), de Montesquieu, e o primeiro volume da Enciclopédia
(1751), que tem à frente Diderot, Montesquieu e Voltaire. As idéias desses
enciclopedistas, defensores de um governo burguês e do ideal do "bom selvagem",
de Rousseau - "o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, devendo,
portanto, retornar para a natureza"-, impulsionaram o desenvolvimento das
ciências, valorizando a razão como agente propulsor do progresso social e cultural.
A burguesia, em oposição ao exagero cultista barroco, voltou-se para as questões
mundanas e simples, relegando a religião a um segundo plano. Sua arte emergente
caracterizou-se pela volta à simplicidade clássica.

Esse movimento, chamado Iluminismo, espalhou-se pela Europa, influenciando


Portugal. Marquês de Pombal, ministro de D. José I, com o propósito de colocar o
país em dia com o progresso Europeu, executou a tarefa de renovação cultural,
expulsando os jesuítas, em 1759. O ensino, monopólio do clero, tornou-se então
leigo. Fundaram-se escolas e academias, e Portugal passou a respirar um clima de
novidade e de mudanças na arte, ciência e filosofia.
No século XVIII, o Brasil passou por mudanças importantes: a cultura jesuítica
começou a dar lugar ao Neoclassicismo; Rio de Janeiro e Minas Gerais destacaram-
se como centros de relevância política, econômica, social e cultural; foi crescente o
número de estudantes brasileiros, que se expuseram às influências dos novos
ideais e tendências, em universidades da Europa.

Conseqüentemente, o Iluminismo e os acontecimentos que abalaram a ordem


política e social do Ocidente - Independência Norte Americana e Revolução
Francesa - tiveram ampla repercussão no crescente sentimento nativista brasileiro
e no descontentamento reinante, provindo da área de mineração. Vila Rica, em
Minas, foi berço dos principais acontecimentos setecentistas, surgindo os poetas do
Arcadismo e a Inconfidência.

CARACTERÍSTICAS

Nesse panorama iluminista de renovação cultural, da segunda metade do século


XVIII, nasce uma nova estética poética: O Arcadismo, também denominado
Setecentimo ou Neoclassicismo, que se posiciona contra a exuberância e problemas
metafísicos do Barroco e propõe uma literatura mais equilibrada e espontânea,
buscando harmonia na pureza e na simplicidade das formas clássicas greco-latinas.
A frase latina: Inutilia truncat ("as inutilidades devem ser banidas") resume tal
posição. Outros temas clássicos são Fugere urbem ("fugir da cidade"), Locus
amoenus ("local ameno"), Carpe diem("aproveitar o momento") e Aurea
mediocritas ("mediocridade do ouro"). A teoria do "bom selvagem" de Rousseau,
por sua vez, traduzem a postura árcade.

Os poetas arcádicos, angustiados com os problemas urbanos e o progresso


científico, propõem a volta à simplicidade da vida no campo e o aproveitamento do
momento presente. Embora citadinos, recriam, em seus versos, paisagens
bucólicas de outras épocas, verdadeiros fingimentos poéticos, usando pseudônimos
gregos e latinos, imaginando-se pastores e pastoras amorosos, numa vida saudável
idealizada, sem luxo e em pleno contato com a natureza. A poesia árcade se realiza
através do soneto, com versos decassílabos e a rima optativa, e a tradição do
épico, retomando os modelos do Classicismo do século XVI. A estética inovadora
viria posteriormente com o Romantismo, que vai procurar criar uma nova
linguagem, capaz de refletir os ideais nacionalistas, uma de suas características
essenciais.

Também chamado de Escola Mineira, o Arcadismo no Brasil segue os moldes


portugueses, resultando em uma poesia refinada que, ao se utilizar da paisagem
mineira como cenário bucólico para os pastores, valoriza as coisas da terra,
revelando um forte sentimento nativista. A presença do índio na poesia reflete o
ideal do "bom selvagem" e dá ao Arcadismo brasileiro um tom diferente do
europeu. Outra característica bem distinta do Arcadismo aqui realizado é a sátira
política aos tempos de opressão portuguesa e da corrupção dos governos coloniais.

O Arcadismo no Brasil é estabelecido por um grupo de intelectuais e a publicação


de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa , marca o início do movimento. A
atuação do grupo cessa com o fim trágico da Inconfidência, em 1789. Há
controvérsia sobre a existência da Arcádia Ultramarina, instituída, em 1768, por
Cláudio Manuel da Costa, nos moldes da Arcádia Lusitana. Entretanto, mesmo que
não tenha havido tal Academia, há evidências de que, pelo menos, praticava-se o
Arcadismo.

Dentre os poetas do Arcadismo brasileiro destacam-se Cláudio Manuel da Costa,


Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto, Santa Rita Durão e
Basílio da Gama.

BIBLIOGRAFIA

Romantismo
1836

MARCO

Obra

SUSPIROS POÉTICOS E SAUDADES (1836)

Autor

Gonçalves de Magalhães (1811-1882)

CONTEXTO HISTÓRICO

O Brasil do início do século XIX foi palco de várias transformações que contribuíram
de forma decisiva para a formação de uma verdadeira identidade nacional e,
conseqüentemente, uma literatura com características mais brasileiras. A chegada
da família real portuguesa em 1808 já era um indício de que aquele seria um século
de profundas mudanças na estrutura política, econômica e cultural do país. D. João
VI, através de medidas importantes visando o desenvolvimento nacional, abriu os
portos para comércio com o mundo, o que significava a fácil entrada de novas
tendências culturais, principalmente européias. Além disso, criou novas escolas,
bibliotecas e museus, e deu incentivo à tipografia, que implicou a impressão de
livros, até então feitos em Portugal, e a edição de jornais. O eixo político-
econômico-cultural do Brasil sai então de Minas Gerais para ganhar as portas da
realeza no Rio de Janeiro, onde nasce um público consistente de leitores
principalmente formado de mulheres e jovens estudantes, provenientes da classe
burguesa em ascensão.

Enquanto isso, o restante da nação, ainda movido pela estrutura agrária e mão-de-
obra escrava, assiste à transição do colonialismo ao império. Era a tão sonhada
independência política das correntes de Portugal, numa busca pela liberdade e pelo
patriotismo, que iria acolher de braços abertos os ideais românticos.

CARACTERÍSTICAS
Em oposição direta ao Arcadismo, o Romantismo, marco de início do Período
Nacional da literatura brasileira, que se estende até nossos dias, tem como lema a
subjetividade, ou seja, o culto ao EU, ao individualismo e à liberdade de expressão,
buscando a criação de uma linguagem nova e compatível com o espírito
nacionalista. Impera a emoção, a constante busca pelas forças inconscientes da
alma, como a imaginação e os sonhos. É o coração acima da razão humana, que
leva ao amor idealizado e puro. A natureza passa a ser a expressão da criação e
perfeição de Deus, a única paisagem sem a mão corrupta do homem. É nela que o
homem vai refletir todos os seus estados de espírito e desejos de liberdade, de
proximidade ao Criador.

Essa busca dos sentimentos e da liberdade entra em choque, porém, com a


realidade humana e muitas vezes gera a insatisfação, a depressão e a melancolia
em relação ao mundo incompreendido - o "mal-do-século". A conseqüência quase
sempre é a fuga, a busca pela morte, pelos ambientes exóticos: o oriente distante
ou o passado histórico, que, para os europeus, remonta à época medieval e, para
os escritores brasileiros, à vida indígena pré-colonial e colonial. Muitas vezes essa
fuga recai sobre a infância, período de pureza, estabilidade e segurança na vida. A
criança passa a ser modelo de perfeição, de estado de espírito, de exemplo para a
renovação da alma e da sociedade. Surge daí a contestação aos modelos vigentes,
a busca do caos e da anarquia, o culto às trevas, ao ópio e à noite, num convívio
quase irregular com um nacionalismo exaltado, em que a figura do índio e do
sertanejo passam a ser figuras de destaque - representantes da típica cultura
brasileira. Da vida urbana, fica a imagem dos amores burgueses, da média-alta
sociedade de São Paulo e principalmente do Rio de Janeiro, capital do império, tão
bem retratada nos folhetins. Toda essa fuga seria alvo de ataque dos escritores do
Realismo-Naturalismo.

No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se principalmente nos gêneros romance e


poesia. O romance estava em ascensão na Europa e não tardou a fazer sucesso
também por aqui. Inúmeros jornais e folhetins traziam em suas páginas as belas
traduções de romances europeus de cavalaria ou de amores impossíveis. Logo,
toda uma gama de jovens escritores brasileiros interessaram-se pelo gênero e
especializaram-se nesse tipo de literatura.

Em termos da temática, o romance brasileiro pode ser dividido em quatro


tendências distintas.

O romance urbano, que retrata, muitas vezes de forma crítica, a vida e os


costumes da sociedade no Rio de Janeiro. Os enredos, na maioria das vezes, são
recheados de amores platônicos e puros, fruto de uma classe social sem problemas
financeiros e na maioria dos casos estereotipada. Destacam-se as obras de Joaquim
Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida e principalmente José de Alencar.

O romance indianista, que focaliza a figura do índio. Enquanto o escritor europeu


tinha seus cavaleiros medievais, o brasileiro sentiu a necessidade de resgatar em
nosso passado um herói que melhor nos retratasse. Mesmo sendo algumas vezes
retratado como se fosse um cavaleiro europeu da idade média, a figura do índio
surge de forma imponente, com seus costumes e sua vida selvagem, mas cheia de
virtudes. Destacam-se aqui as obras de José de Alencar, principalmente os clássicos
Iracema e O Guarani.

O romance regionalista, que concentra-se em outra figura brasileira: o sertanejo.


Na insistência nacionalista de buscar as raízes de nossa cultura, a figura do
sertanejo, com suas crenças e tradições, fez-se tão exótica quanto à do índio.
Dentre os regionalistas, destacam-se, além de José de Alencar, Bernardo
Guimarães, Visconde de Taunay e Franklin Távora.

O romance histórico, através do qual os romancistas brasileiros buscaram em nossa


história temas que alimentassem os anseios românticos, de modo a acentuar ainda
mais o nacionalismo exaltado que respirava a pátria desde a independência.
Evidenciam-se Bernardo Guimarães e, mais uma vez, José de Alencar.

A poesia brasileira se desenvolveu no Brasil de uma forma muito criativa e rica em


temas e imagens, apesar de muitas vezes não passar de mera influência ou cópia
de poetas europeus. Podemos dividir toda essa gama de temas em três importantes
fases.

Primeira geração romântica: o índio, verdadeiro ícone da cultura tradicional


brasileira, concorre nessa primeira geração de igual para igual com os sentimentos
e as emoções dos poetas brasileiros. O nacionalismo exaltado vai também apreciar
a beleza e a riqueza de nossas matas. Destacam-se os poetas Gonçalves de
Magalhães e principalmente Gonçalves Dias, o nosso melhor poeta indianista.

Segunda geração romântica: é a poesia do "mal-do-século". Inspirados pelos


poetas europeus, principalmente Lord Byron, nossos poetas vão cantar os amores
impossíveis, o desejo pela morte, a indecisão entre uma vida de liberdade ou
religiosa, e a incompreensão do mundo, aliada ao desejo de evasão. É o que
Fagundes Varela chamou de "a escola de morrer jovem". Destacam-se nessa
segunda geração os fervorosos versos do próprio Fagundes Varela, Álvares de
Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.

Terceira geração romântica: é a geração dos poetas que se cansaram de lamentar


as angústias e os amores impossíveis. Era hora de lutar para modificar o mundo
que tanto reprimia o ser e o condenava à morte e à constante fuga da realidade. Os
poetas dessa terceira geração sentem que é mais do que necessário deixar o choro
e a melancolia de lado e se engajar numa luta social, tendo a poesia como espada
afiada, que tocava o povo no íntimo. Essa geração acabou por ser denominada
como "geração hugoana" (por ter sido diretamente influenciada pelo poeta francês
Victor Hugo), e também "geração condoreira", que tendo como símbolo o condor,
sugeria que a poesia voasse alto, falasse alto e causasse grande efeito enquanto a
voz que toca a massa. Seu maior representante foi Castro Alves.

Essa terceira geração, na verdade, já era o início da transição do Romantismo para


o Realismo, em que a crítica social passa a ser uma das características mais
marcantes.

BIBLIOGRAFIA
Realismo-Naturalismo
1881

MARCO

Obra

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (1881)

Autor

Machado de Assis (1839-1908)

MARCO

Obra

O MULATO (1881)

Autor

Aluísio Azevedo (1857-1913)

CONTEXTO HISTÓRICO

O Realismo, no Brasil, nasceu em conseqüência da crise criada com a decadência


econômica açucareira, o crescimento do prestígio dos estados do sul e o
descontentamento da classe burguesa em ascensão na época, o que facilitou o
acolhimento dos ideais abolicionistas e republicanos. O movimento Republicano
fundou em 1870 o Partido Republicano, que lutou para trocar o trabalho escravo
pela mão-de-obra imigrante.

Nesse período, as idéias de Comte, Spencer, Darwin e Haeckel conquistaram os


intelectuais brasileiros que se entregaram ao espírito científico, sobrepujando a
concepção espiritualista do Romantismo. Todos se voltam para explicar o universo
através da Ciência, tendo como guias o positivismo, o darwinismo, o naturalismo e
o cientificismo. O grande divulgador do movimento foi Tobias Barreto, ideólogo da
Escola de Recife, admirador das idéias de Augusto Comte e Hipólito Taine.

O Realismo e o Naturalismo aqui se estabelecem com o aparecimento, em 1881, da


obra realista Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e da
naturalista O Mulato, de Aluísio Azevedo, influenciados pelo escritor português Eça
de Queirós, com as obras O Crime do Padre Amaro (1875) e Primo Basílio (1878).
O movimento se estende até o início do século XX, quando Graça Aranha publica
Canaã, fazendo surgir uma nova estética: o Pré-Modernismo.
CARACTERÍSTICAS

A literatura realista e naturalista surge na França com Flaubert (1821-1880) e Zola


(1840-1902). Flaubert (1821-1880) é o primeiro escritor a pleitear para a prosa a
preocupação científica com o intuito de captar a realidade em toda sua crueldade.
Para ele a arte é impessoal e a fantasia deve ser exercida através da observação
psicológica, enquanto os fatos humanos e a vida comum são documentados, tendo
como fim a objetividade. O romancista fotografa minuciosamente os aspectos
fisiológicos, patológicos e anatômicos, filtrando pela sensibilidade o real.

Contudo, a escola Realista atinge seu ponto máximo com o Naturalismo,


direcionado pelas idéias materialísticas. Zola, por volta de 1870, busca aprofundar
o cientificismo, aplicando-lhe novos princípios, negando o envolvimento pessoal do
escritor que deve, diante da natureza, colocar a observação e experiência acima de
tudo. O afastamento do sobrenatural e do subjetivo cede lugar à observação
objetiva e à razão, sempre, aplicadas ao estudo da natureza, orientando toda busca
de conhecimento.

Alfredo Bosi assim descreve o movimento: "O Realismo se tingirá de naturalismo no


romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos submeterem-se ao
destino cego das "leis naturais" que a ciência da época julgava ter codificado; ou se
dirá parnasiano, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso
tecnicamente perfeito".

Vindo da Europa com tendências ao universal, o Realismo acaba aqui modificado


por nossas tradições e, sobretudo, pela intensificação das contradições da
sociedade, reforçadas pelos movimentos republicano e abolicionista,
intensificadores do descompasso do sistema social. O conhecimento sobre o ser
humano se amplia com o avanço da Ciência e os estudos passam a ser feitos sob a
ótica da Psicologia e da Sociologia. A Teoria da Evolução das Espécies de Darwin
oferece novas perspectivas com base científica, concorrendo para o nascimento de
um tipo de literatura mais engajada, impetuosa, renovadora e preocupada com a
linguagem.

Os temas, opostos àqueles do Romantismo, não mais engrandecem os valores


sociais, mas os combatem ferozmente. A ambientação dos romances se dá,
preferencialmente, em locais miseráveis, localizados com precisão; os casamentos
felizes são substituídos pelo adultério; os costumes são descritos minuciosamente
com reprodução da linguagem coloquial e regional.

O romance sob a tendência naturalista manifesta preocupação social e focaliza


personagens vivendo em extrema pobreza, exibindo cenas chocantes. Sua função é
de crítica social, denúncia da exploração do homem pelo homem e sua brutalização,
como a encontrada no romance de Aluísio Azevedo.

A hereditariedade é vista como rigoroso determinismo a que se submetem as


personagens, subordinadas, também, ao meio que lhes molda a ação, ficando
entregues à sensualidade, à sucessão dos fatos e às circunstâncias ambientais.
Além de deter toda sua ação sob o senso do real, o escritor deve ser capaz de
expressar tudo com clareza, demonstrando cientificamente como reagem os
homens, quando vivem em sociedade.

Os narradores dos romances naturalistas têm como traço comum a onisciência que
lhes permite observar as cenas diretamente ou através de alguns protagonistas.
Privilegiam a minúcia descritiva, revelando as reações externas das personagens,
abrindo espaço para os retratos literários e a descrição detalhada dos fatos banais
numa linguagem precisa.

Outro tratamento típico é a caracterização psicológica das personagens que têm


seus retratos compostos através da exposição de seus pensamentos, hábitos e
contradições, revelando a imprevisibilidade das ações e construção das
personagens, retratadas no romance psicológico dos escritores Raul Pompéia e
Machado de Assis.

BIBLIOGRAFIA

Parnasianismo
1884-1888

MARCO

Obra

MERIDIONAIS (1884) e SONETOS E POEMAS (1886)

Autor

Alberto de Oliveira (1857-1937)

MARCO

Obra

VERSOS E VERSÕES (1887)

Autor

Raimundo Correia (1859-1911)

MARCO

Obra
POESIAS (1888)

Autor

Olavo Bilac (1865-1918)

CONTEXTO HISTÓRICO

O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo, estando, portanto,


marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários do período. Diz respeito,
especialmente, à poesia da época, opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a
forma do Romantismo. O nome Parnaso diz respeito à figura mitológica que nomeia
uma montanha na Grécia, morada de musas e do deus Apolo, local de inspiração
para os poetas. A escola adota uma linguagem mais trabalhada, empregando
palavras sofisticadas e incomuns, dispostas na construção de frases, atendendo às
necessidades da métrica e ritmo regulares, que dificultam a compreensão, mas que
lhes são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve pintar objetivamente as
coisas sem demonstrar emoção.

A nova tendência toma corpo a partir de 1878, quando nas colunas do Diário do Rio
de Janeiro se tenta criar a "Guerra do Parnaso", defendendo o emprego da ciência e
da poesia social, sem visar modificar nada, recebendo a alcunha de Idéia Nova. O
poeta Alberto de Oliveira deseja o Realismo na poesia, enquanto em São Paulo,
Raimundo Correia e alguns colegas criam polêmicas sobre o novo movimento na
Revista de Ciências e Letras. Surge a poesia diversificada: poesia científica,
socialista e realista. A científica é a única a manter certo rigor e exclusividade. As
demais se libertam do Romantismo aos poucos.

Segundo Alfredo Bosi, a obra de Teófilo Dias, Fanfarras (1882) pode ser
considerada o primeiro livro parnasiano, contrapondo-se a Alberto de Oliveira que
destaca Sonetos e Rimas (1880) de Luís Guimarães Junior, como a primeira
manifestação. Contudo, são os poemas da "plêiade parnasiana": Alberto de
Oliveira, com Meridionais (1884) e Sonetos e Poemas (1886), Raimundo Correia,
com Versos e Versões (1887) e Olavo Bilac, com a primeira edição de Poesias
(1888), que apresentam as marcas próprias do movimento, filiado ao
Parnasianismo francês, assim denominado, devido à coletânea Parnasse
Contemporain, publicada em série (1866,1869 e 1876).

CARACTERÍSTICAS

Os poetas brasileiros tomam como fonte de inspiração os portugueses do século


XVIII, destacando, sobretudo, o trabalho de Bocage. Voltam-se, também, para
Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga. Cultuam a
estética do Arcadismo, a correção da linguagem, propiciadora de originalidade e
imortalidade, buscando objetividade e impassibilidade diante do objeto, cultivando
a forma para atingir a perfeição.

A sintaxe, sob a influência do século XVIII, prima pela devoção à clareza, à lógica e
à sonoridade. Os parnasianos evitam as aliterações, homofonias, hiatos, ecos e
expressões arrebatadoras, mas apreciam a rima consoante, aplicada sob o jugo de
regras rígidas, privilegiando a rima paroxítona, abjurando a interna e exigindo a
rima em todas as quadras. Dão ênfase às alternâncias graves, aos versos de rimas
paralelas ou intercaladas. Apreciam as metáforas derivadas das lendas e história da
Antigüidade Clássica, símbolo do ideal de beleza.

O soneto ressurge juntamente com o verso alexandrino, bem como o trabalho com
a chave de ouro e a rima rica. A vida é cantada em toda sua glória, sobressaindo-se
a alegria, a sensualidade, o conhecimento do mal. A imaginação é sempre
dominada pela realidade objetiva.

O universalismo se sobrepõe ao nacionalismo. Entretanto, o Parnasianismo inicial,


ligado à inspiração derivada dos temas históricos de Roma e Grécia, vai se
deslocando, aos poucos, para a paisagem brasileira, graças à ação do meio e das
tradições poéticas, tendendo à busca da simplicidade clássica. A recorrência ao
arcadismo interno e ao português acaba dando ao movimento uma configuração
própria. O social perde a força do início, cedendo lugar ao princípio da Arte pela
Arte, postulado pelo poeta francês, Théophile Gautier, sem, entretanto, suprimir o
subjetivismo. Por isso, os poetas não obedecem com precisão o cientificismo e nem
primam pela objetividade, mas se orientam pelo determinismo, pessimismo e
sensualidade, prevalecendo, com freqüência, a exigência de precisão, a riqueza de
linguagem e a descrição.

BIBLIOGRAFIA

Simbolismo
1893

MARCO

Obra

MISSAL E BROQUÉIS (1893)

Autor

Cruz e Sousa (1861-1898)

CONTEXTO HISTÓRICO

O fim do século XIX foi profundamente marcado pelo avanço científico e a corrida
desenfreada do capitalismo industrial em busca da tecnologia e matéria-prima. Era
também a busca de novas tendências e caminhos, apesar de haver um certo
pessimismo com relação ao século vindouro, e o Brasil passou por mudanças
expressivas dentro de sua estrutura política, econômica e social. A abolição da
escravatura (1888) não assegurou o direito de igualdade e civilidade aos negros,
acentuando o problema da miséria no país. Revoltas como a "A guerra de Canudos"
e a "Revolta da Armada" refletiam o descontentamento com as condições sociais
vigentes. O império decadente deu lugar a uma república (1889) que favorecia
diretamente o sudeste do Brasil, com a política do "café-com-leite" (domínio
alternado de presidentes mineiros e paulistas). As cidades, com seus centros
culturais e comerciais aos moldes da Europa (principalmente de Paris), se
preocupavam com o inchaço de suas periferias, onde estava a miséria dos negros
livres e das massas de imigrantes, provenientes principalmente da Europa e Japão,
e que surgiram para mudar o perfil do povo brasileiro, principalmente no sul do
país. A industrialização, ainda em estado fetal, e a cultura à moda francesa da elite
contrastavam com uma nação tipicamente rural e analfabeta que enfrentava os
horrores das pestes e epidemias como a febre amarela, dizimando milhares de
pessoas.

CARACTERÍSTICAS

O Simbolismo surge no final do século XIX como movimento de retomada de alguns


ideais do Romantismo, bem como de oposição ao Parnasianismo, Naturalismo,
correntes literárias apreciadas pela elite social. Apesar disso, conserva algumas
peculiaridades parnasianas, como a estrutura dos versos, o vasto uso do soneto, e
a preciosidade no vocabulário. Sua poesia, no entanto, vai mais além. Há a
constante busca de uma linguagem mais rica, repleta de novas palavras, com o
emprego de novos ritmos que associem de forma harmoniosa a poesia à música,
explorando muito o uso da sinestesia, das aliterações, ecos e assonâncias.

O poeta simbolista não quer somente cantar e evocar suas emoções. Ele quer
trazê-las de uma forma mais palpável para o texto, para que possam ser sentidas
em sua plenitude. Por isso, o uso da sinestesia, isto é, a associação de impressões
sensoriais distintas, é amplo. Há também a forte ligação com as cores, ressaltando
as sensações que provocam no espírito humano. A cor branca é sempre a mais
presente e já sugere, entre outras coisas, a pureza, ou o opaco, indiciando a
presença de neblina ou nuvem e tornando as imagens poéticas mais obscuras.

Obscuridade, aliás, é uma forte característica simbolista: a realidade é revelada de


uma forma imprecisa e vaga. Não há a preocupação de nomear os objetos, e sim
evocá-los, sugeri-los. É o emprego do símbolo, que liga o abstrato ao concreto, o
material ao irreal. Servindo como ponte entre o homem e as coisas, o símbolo
preserva o domínio da intuição sobre a razão, bem como a exaltação das forças
espirituais e místicas que regem o universo, contrária ao Cientificismo, ao
Positivismo e ao materialismo naturalista e parnasiano. É o culto ao sonho, ao
desconhecido, à fantasia e à imaginação, numa busca pela essência do ser humano,
com todos os seus mistérios, seu dualismo (espírito e matéria) e seu destino frente
à vida e à morte.

A poesia, então, ganha o tom subjetivista que a aproxima muito do movimento


romântico, disposto a explorar e sentir tudo o que há entre a alma e a carne, entre
o céu e a terra. O poeta se entrega muitas vezes ao seu inconsciente e ao
subconsciente para estar mais próximo dos segredos que ligam o homem a Deus.
Esse caminho, por vezes alucinado, leva ao isolamento, à solidão, à loucura e à
alienação, evidenciando um clima mais pessimista, mórbido e algumas vezes
satânico. Rompendo com a linearidade do texto, dando voz ao fluxo da consciência
e trabalhando de forma mais desarticulada a palavra e seu significado, o
Simbolismo antecipa características que seriam marcantes dentro do Modernismo.
No Brasil, o movimento simbolista não alcançou o êxito obtido na Europa, devido ao
forte predomínio das tendências parnasianas em nossa literatura. Entre os poetas
simbolistas, destacam-se as obras de Cruz e Sousa, autor de nossa primeira obra
simbolista Missal e Broquéis e Alphonsus de Guimaraens, o mais místico de nosso
poetas.

BIBLIOGRAFIA

Pré-Modernismo
1902

MARCO

Obra

OS SERTÕES (1902)

Autor

Euclides da Cunha (1866-1909)

MARCO

Obra

CANAÃ (1902)

Autor

Graça Aranha (1868-1931)

CONTEXTO HISTÓRICO

O fim do século XIX e as duas primeiras décadas do século seguinte foram


marcados por mudanças no quadro político, econômico e social do Brasil. Em 1894,
tomou posse o primeiro presidente civil Prudente de Morais, que deu início à então
chamada República do café-com-leite. Além disso, outros fatores concorreram para
essas alterações: o auge da produção agro-pecuária na região Sudeste; o processo
crescente de urbanização de São Paulo; o desembarque de um grande número de
imigrantes, sobretudo de italianos, no centro sul do país; a marginalização dos
antigos escravos, em grandes áreas da nação; o declínio acelerado da cultura
canavieira do Nordeste, sem condições de competir com a ascensão do café
paulista,.

Tais mudanças provocaram, por um lado, o aumento das pequenas classes - média,
operária e proletária, e, por outro, contribuíram para o aparecimento de hierarquia
entre as classes dominantes. Em primeiro lugar, o poder político-econômico estava
nas mãos dos grandes cafeicultores de São Paulo e dos pecuaristas de Minas; em
segundo, com a burguesia industrial de São Paulo e Rio de Janeiro; em terceiro,
com o Exército que, desde a proclamação da República, começara a se destacar
politicamente.

Nesse cenário, duas ideologias entraram em choque: o tradicionalismo rural,


refratário à mente agitada dos centros urbanos, e as transformações nas grandes
cidades, onde a burguesia rica estava sempre aberta às influências externas, em
busca de modernização e as classes média e operária estimulavam movimentos
progressistas radicais.

Tudo isso marcou, cada vez mais, os acentuados contrastes da realidade brasileira,
dando origem a conflitos sociais isolados, tais como: a Revolta de Canudos, no
sertão nordestino; o caso do Padre Cícero, na cidade cearense de Juazeiro; o
fenômeno do cangaço, com a figura de Lampião; todos refletindo a situação crítica
de um Nordeste abandonado. A rebelião contra a vacina obrigatória e a revolta da
chibata no Rio e os movimentos grevistas de operários em São Paulo, sob
orientação anarquista, durante a Primeira Guerra Mundial, eram sintomas de uma
classe nova que já lutava para sobreviver, numa cidade em fase de
industrialização. Esses movimentos tiveram, isoladamente, uma história
independente que, no conjunto, revelavam a crise de um país que se desenvolvia
às custas de graves desequilíbrios.

CARACTERÍSTICAS

Nas duas primeiras décadas do século XX, período de transição entre o que era
passado e o que seria chamado de moderno, existiram as mais variadas tendências
e estilos literários, além dos poetas do Parnasianismo e Simbolismo, que ainda
continuavam escrevendo. Por apresentar traços individuais muito fortes, o Pré-
Modernismo no Brasil não se caracteriza como escola literária, distinguindo-se, na
verdade, como um termo genérico para designar a produção literária de alguns
autores que, não sendo ainda modernos, já promoviam rupturas com o passado. A
partir daí, a continuidade de temas e sínteses expressivas tradicionais são vistas,
nas obras desse período, como uma ou outra tendência. Por isso, alguns pontos em
comum podem ser apontados.

Ruptura com a linguagem acadêmica e artificial dos parnasianos, encontrada em


autores cujas obras, sem nenhuma sistematização aparente, contradizem e abalam
lingüisticamente as características da literatura tradicional, retratando a fala de
uma determinada localidade.

Problematização e denúncia da realidade sócio-cultural brasileira, cujo objetivo


principal desse período é mostrar o Brasil do operário suburbano, do sertanejo
nordestino, do caipira interiorano e do imigrante que, na figura desses tipos
humanos, surgem como personagens marginalizadas em um novo regionalismo,
registrando costumes e verdades locais para mostrar uma terra diferente da
revelada pelos escritores do Romantismo e Realismo-Naturalismo.
A preocupação em retratar fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos
aproxima a realidade da ficção. Os Sertões e Canaã, publicados em 1902, marcam
o início do período pré-modernista. Na primeira obra, fazendo uma completa
análise da terra e do sertanejo nordestino, Euclides da Cunha retrata a guerra dos
Canudos. Na segunda, Graça Aranha documenta a imigração alemã, no Espírito
Santo. Em Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), Lima Barreto aborda o
governo de Floriano e a Revolta da Armada, e em Cidades Mortas (1919), Monteiro
Lobato descreve a pobreza do caboclo nos vilarejos decadentes do Vale do Paraíba
Paulista.

Esses autores, de certa forma, abrem caminho para o Modernismo, expondo os


problemas brasileiros que, retomados pelos "futuristas", contribuem para a
"descoberta do Brasil". Na poesia, destaca-se também o expressionismo "sui
generis" de Augusto dos Anjos, que, rompendo com o passado antecipa algumas
das "descobertas" modernistas.

BIBLIOGRAFIAModernismo

1922

Primeira Fase (1922-1930)

MARCO

Evento: SEMANA DE ARTE DE MODERNA (1922)

Segunda Fase (1930-1945)

MARCO

Obra: ALGUMA POESIA (1930)

Autor: Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

MARCO

Obra: VIDAS SECAS (1938)

Autor: Graciliano Ramos (1892-1953)

Terceira Fase (Pós-1945)

MARCO

Obra: PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM (1944)

Autor: Clarisse Lispector (1926-1977)

CONTEXTO HITÓRICO

No Brasil, o termo Modernismo envolve aspectos ligados ao movimento,


propriamente dito, à estética e ao período histórico. Desde o início do século, a
literatura tradicional, acadêmica e elitizante se mantém ao lado de tendências
renovadoras, representadas por escritores como Euclides da Cunha, Monteiro
Lobato e Lima Barreto. Com o passar do tempo, a busca pelo novo e as tentativas
de renovação da arte brasileira se multiplicam com a promoção de exposições de
pintura, esculturas modernas e artigos nos jornais, dedicados às tendências
vanguardistas européias.

Na Europa, essa vanguarda tem como marca o avanço tecnológico e científico do


início do século XX. Nesse período, o cotidiano das pessoas sofre uma verdadeira
revolução com a supervalorização do progresso e da máquina. O capitalismo entra
em crise, dando início à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), encerrando a
chamada belle époque. A seguir, a crise financeira, oriunda do conflito, leva à
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e nos anos intermediários, conhecidos como
"os anos loucos", as pessoas passam a conviver com a incerteza e com o desejo de
viver somente o presente. Tais experiências despertam o anseio de interpretar e
expressar a realidade de forma diferenciada, dando origem aos movimentos da
vanguarda européia.

Os mais importantes foram: o futurismo, liderado pelo italiano Marinetti, exalta a


velocidade e a máquina; o cubismo, oriundo da pintura, fraciona a realidade,
remontando-a, a seguir, por meio de planos geométricos superpostos; o
dadaísmo, com seu líder Tristan Tzara, nega totalmente a lógica, a coerência e a
cultura, como forma de oposição ao absurdo da guerra. Tzara toma o termo dadá,
que não significa nada, e o aplica à arte que produz, afirmando não reconhecer
nenhuma teoria e declarando a morte da beleza; o surrealismo, lançado em 1924,
por André Breton, com o Manifesto do Surrealismo, prega o apego à fantasia, ao
sonho e à loucura, além da utilização da escrita automática em que o artista,
provocado pelo impulso, registra tudo o que lhe vem à mente, sem preocupação
com a lógica.

Essa vanguarda passa a exercer influência sobre os artistas e intelectuais


brasileiros. Dessa forma, vão surgindo obras de autores jovens que, descontentes
com a tradição acadêmica e parnasiana, demonstram que a literatura brasileira
está sofrendo um processo dinâmico de transformação. Três datas (1922,1930 e
1945) marcam as diferentes fases desse movimento, iniciado com a Semana de
Arte Moderna.

Contexto histórico da primeira fase (1922-1930) - Certas transformações


foram responsáveis pela criação do ambiente propício à instalação das novas idéias,
ressaltando-se: o Centenário da Independência e a Guerra Mundial (1914-1918),
que favoreceu a expansão da indústria brasileira, promoveu novas relações
políticas, além de abrir espaço para a renovação na educação e nas artes. Deu
origem, também, ao questionamento do sistema político vigente, até então
comandado pela oligarquia ligada à economia rural. Há, ainda, a grande influência
da mão-de-obra imigrante, instalada no Sul, centro de poder da vida econômica e
política do país. Outros fatos importantes foram: o triunfo da Revolução de Outubro
de 1930, cujo levante se deu em 1922, e a fundação do Partido Comunista
Brasileiro.

Igualmente relevante, foi a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929,


levando à queda do café brasileiro na balança de exportação, nessa mesma data.
Tal fato, desestabiliza, no Brasil, o grupo dirigente e abre espaço para o novo,
dando legitimidade à arte e à literatura modernas, entendidas, a princípio, como
"capricho". O país vive os últimos anos da República Velha, caracterizada pelo
domínio político das oligarquias, formadas pelos grandes proprietários rurais. Em
1922, com a revolta do Forte de Copacabana, o Brasil entra num período
revolucionário de fato, culminando com a Revolução de 1930 e a ascensão de
Getúlio Vargas.

Contexto histórico da segunda fase (1930-1945) - No plano internacional, os


fatos históricos que se destacam como os mais importantes são: a quebra da Bolsa
de Nova York, em 1929, provocando profunda depressão econômica, conhecida
como a Grande Depressão; a instalação da ditadura salazarista em Portugal,
estendendo-se de 1932 a 1968; o início da Guerra Civil Espanhola, em 1936; a
invasão da Polônia pela Alemanha, sob o comando de Adolf Hitler, resultando na
Segunda Guerra Mundial; a invasão da ex-União Soviética pela Alemanha, em
1941; no mesmo ano em que os japoneses atacam aos Estados Unidos; a invasão
da Itália, provocada pelos países aliados, em 1943; o fim da Segunda Guerra, em
1945, com a utilização da bomba atômica sobre as cidades japonesas de Hiroshima
e Nagasaki.

No Brasil, a Revolução de 1930 conduziu Getúlio Vargas ao poder com o apoio da


burguesia industrial. Tratava-se de um governo provisório que incentivou a
industrialização e substituiu o capital inglês pelo norte-americano. Descontentes
com essa política, em 1932, os produtores de café de São Paulo se rebelam contra
esse governo provisório, dando origem à chamada Revolução Constitucionalista de
9 de julho, que resultou em fracasso.

Em 1934, é promulgada a nova Constituição Brasileira, acompanhada da eleição de


Getúlio Vargas para presidente da República. Mais tarde, em 1936, vários membros
do Partido Comunista são presos, incluindo os escritores Jorge Amado e Graciliano
Ramos. Em 1937, uma nova constituição é promulgada com características
fascistas.

Em meio a todas essas conturbações, um fato merece registro. Trata-se das


mortes, em 1938, de Lampião, o chefe do cangaço e de sua companheira Maria
Bonita. O cangaço pode ser definido como o banditismo praticado pelos nordestinos
expostos à extrema pobreza e constante injustiça social. Surge na grande seca de
1879, a partir de grupos armados que assaltam fazendas e casas comerciais para
depois distribuírem o alimento furtado aos flagelados.

Além desses acontecimentos, em 1941, o Brasil entra na guerra, em apoio aos


Estados Unidos da América do Norte, e, em 1945, Getúlio Vargas é deposto pelas
Forças Armadas, pondo fim ao Estado Novo com a eleição de Eurico Gaspar Dutra
para presidente da República.

Contexto histórico da terceira fase (Pós-1945) - A duas bombas lançadas


covardemente sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaki em agosto de
1945 apenas evidenciaram um fato que há muito estava comprovado: a vitória dos
aliados sobre os países do eixo e o fim da Segunda Guerra Mundial. Começava, a
partir de então, um confronto de duas nações e dois sistemas sócio-políticos que
dividiria o mundo em duas partes e aumentaria o medo de uma outra guerra mais
sanguinária: Estados Unidos versus União Soviética, ou capitalismo versus
socialismo. No Brasil, chegava também ao fim o regime de quinze anos de poder de
Getúlio Vargas, deposto pelos mesmos militares que o ajudaram a chegar à
presidência. Getúlio ainda voltaria em 1951, desta vez eleito pelo povo que o
idolatrava. Seu governo, no entanto, não chegou ao fim: sob suspeita de
irregularidades no comando do país, Getúlio Vargas suicida-se com um tiro no
coração no ano de 1954, causando uma comoção geral.

Dentre os presidentes que sucederam Getúlio, merece destaque a figura de


Juscelino Kubitschek, eleito em 1955. Praticando a política dos "cinqüenta anos em
cinco", Kubitschek apostou na industrialização como fonte de crescimento para o
país. O investimento, sobretudo na área automobilística, necessitou de
empréstimos de capital estrangeiro, o que implicava numa dívida externa cada vez
maior e uma conturbada inflação. Um dos grandes marcos de seu governo foi a
construção da nova capital do país: Brasília, inaugurada em 1960. Enquanto isso,
as cidades inchavam cada vez mais com a migração das famílias provenientes de
regiões agrárias, sobretudo do norte. O país, no entanto, possuía uma alegria a
mais para esquecer dos problemas: o futebol brasileiro, campeão mundial nos anos
de 1958 e 1962, e que viria conquistar o terceiro título em 1970.

A década de 60 é marcada pelo Golpe Militar no ano de 1964, quando os militares


depuseram o presidente João Goulart e instituíram uma repressão que perseguiria,
torturaria e exilaria os principais ícones de nossa política e cultura. O ano de 1968
ficou conhecido pela instituição do Ato Constitucional Número 5, que pregava a
censura e condenava pessoas que viessem a se posicionar política e culturalmente
contra o regime militar. Nossa cultura, no entanto, passava por um período fértil,
não só na literatura e teatro, como também na música, com o nascimento dos
grandes festivais de música popular e do "Tropicalismo", movimento musical que
contava com nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento e
outros.

O Brasil só se livraria por completo da repressão militar no ano de 1984. O principal


responsável por essa busca da democracia foi o então eleito presidente Tancredo
Neves, que faleceria antes de tomar posse. A presidência é assumida pelo vice,
José Sarney. Segue-se um período de pacotes econômicos constantes e uma
inflação que chega a níveis absurdos.

A eleição de 1990 tornou-se um marco na história do país. Finalmente um


presidente seria eleito pelo povo depois de tantos anos de ditadura e sofrimento.
Fernando Collor de Melo assume o poder com uma maciça campanha política e uma
gama de reformas que visavam colocar a nação no eixo do desenvolvimento. Tanta
disposição foi, no entanto, desmascarada, mostrando uma séria teia de corrupção e
lavagem de dinheiro, levando o país a um movimento de nacionalismo nunca antes
visto, que culminaria com o Impeachment do presidente.

Com Fernando Collor impedido de continuar exercendo o cargo de presidente, seu


vice Itamar Franco assume o poder. O marco de seu governo é a criação de uma
nova moeda, o Real, que estabilizou os índices inflacionários e equilibrou de certo
modo a economia em 1994. O criador do plano, o então Ministro da Fazenda
Fernando Henrique Cardoso, tornou-se o sucessor de Itamar Franco na presidência,
sendo reeleito no ano de 1998.

CARACTERÍSTICAS

O Modernismo tem como característica unificadora o desejo de liberdade de criação


e expressão, aliados aos ideais nacionalistas, visando, sobretudo, emancipar-se da
dependência européia. Esse anseio de independência inclui: o vocabulário, a
sintaxe, a escolha de temas e a maneira de ver o mundo. Ao rejeitarem os padrões
estilísticos portugueses, seus criadores cobrem de humor, ironia e paródia as
manifestações modernistas, passando a utilizar as expressões coloquiais, próximas
do falar brasileiro, promovendo a valorização diferenciada do léxico.

O mais importante é a atualidade, por isso centram o fazer literário na expressão


da vida cotidiana, descrita com palavras do dia-a-dia, afastando-se da literatura
tradicional, consagrada ao padrão culto. Um exemplo de incorporação da linguagem
oral, na criação poética e descrição de coisas brasileiras, valorizando o prosaico,
recoberto de bom humor, é o poema de Mário de Andrade, O poeta come
amendoim (1924). Contudo, é preciso ressaltar que não havia imposição de normas
e nem tratamento unificado dos temas.

Os modernistas revelam o nacionalismo, através da etnografia e do folclore. O índio


e o mestiço passam a ser considerados por sua "força criadora", capaz de provocar
"a transformação da nossa sensibilidade, desvirtuada em literatura pela obsessão
da moda européia". Cantam, igualmente, a civilização industrial, destacando: a
máquina, a metrópole mecanizada, o cinema e tudo que está marcado pela
velocidade, aspecto preponderante no modo de vida da nova sociedade. Ao
comporem o perfil psicológico do homem moderno, expõem angústias e
infantilidades como forma de demonstrar o caráter e a complexidade do ser
humano, apoiando-se, para tanto, na psicanálise, no surrealismo e na antropologia.

A Primeira Fase (1922-1930)

O primeiro momento, conhecido como fase heróica, corresponde à Semana de Arte


Moderna em 1922, em São Paulo. Essa semana serviu como elemento de
divulgação e dinamização das discordâncias, acelerando o processo de
modernização. O objetivo central era se impor contra o Naturalismo, Parnasianismo
e Simbolismo ainda vigentes.

Além disso, visava estabelecer uma teoria estética, nem sempre claramente
explicitada por seus criadores e que acaba por renovar o conceito de literatura e de
leitor. A Semana incluiu uma série de eventos (l3, l5 e 17 de fevereiro de 1922) no
Teatro Municipal de São Paulo, reunindo artistas e intelectuais que, sob o aplauso e
vaias da platéia, apresentaram uma espécie de sarau, declamando poemas, lendo
trechos de romances, fazendo discursos, expondo quadros e tocando música.

Alguns acontecimentos, anteriores a 1922, preparam a trajetória do Modernismo;


fatos, especificamente, ligados à estética renovadora, se multiplicam. Em 1912,
Oswald de Andrade traz da Europa a novidade futurista; em 1913, o pintor Lasar
Segall faz uma exposição, negando a pintura acadêmica. Em 1917, a exposição dos
quadros de Anita Malfatti, em São Paulo, destacando a pintura expressionista,
assimilada na Europa, coloca, de um lado, os que apóiam o novo e, de outro, os
conservadores.

Na literatura, a transformação e o rompimento com o velho estão presentes,


sobretudo, na obra de Oswald de Andrade, Memórias Sentimentais de João
Miramar, publicada em 1916, cuja característica experimental notável se aprofunda
em edições posteriores. Em 1920, Oswald e Menotti del Picchia iniciam a campanha
de renovação nos jornais, tendo como expoente o poeta Mário de Andrade que, em
1922, traz a público Paulicéia Desvairada. Seu "Prefácio Interessantíssimo"
corresponde a um primeiro manifesto estético.

Outra manifestação, em 1921, são os Epigramas Irônicos e Sentimentais, de


Ronald de Carvalho, que, apesar de terem sido publicados em 1922, já revelam a
busca por uma nova forma de expressão. No Rio de Janeiro, Manuel Bandeira se
utiliza do verso livre. Ao final de 1921, os jovens de São Paulo preparam a Semana,
contando com o apoio de Graça Aranha que, ao procurar criar uma filosofia para o
movimento, acaba seu líder. Vários escritores do Rio e de São Paulo participam do
evento: Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Ronald de
Carvalho, Ribeiro Couto, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

Sabem que estão produzindo algo de novo, em oposição às tendências dominantes,


entretanto não conseguem apontar claramente a trajetória a ser seguida. A esses
escritores juntam-se os que publicam pela primeira vez: Luís Aranha Pereira, Sérgio
Milliet, Rubens Borba de Moraes, Sérgio Buarque de Holanda, Prudente de Morais
(neto), Antonio Carlos Couto de Barros. Unem-se, também, os pintores: Anita
Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro; o
escultor Victor Brecheret; o compositor Heitor Villa-Lobos e o historiador Paulo
Prado, criador do movimento Pau-Brasil, em 1924. Ainda, em 1922, é lançada a
renovadora revista Klaxon, em São Paulo, cuja publicação se estende até o número
nove.

O movimento pela nova estética se radicaliza em São Paulo, revelando o aspecto


agressivo e polêmico da empreitada. Aos poucos, escritores de norte a sul se ligam
ao grupo na batalha de oposição aos conservadores. O espírito nacionalista,
inspirado pelo desejo de libertação da tradição européia, toma conta das
manifestações e estimula a luta dos renovadores.

Após a Semana, surgem propostas variadas que dão origem aos grupos: Pau-
Brasil, lançado por Oswald de Andrade. O nome adotado faz referência à primeira
riqueza brasileira exportada e o movimento tem como princípios: a exaltação do
Carnaval carioca como acontecimento religioso da raça, o abandono dos arcaísmos
e da erudição, a substituição da cópia pela invenção e pela surpresa; o Verde-
Amarelo, se colocando em oposição ao Pau-Brasil, prega o nacionalismo ufanista
e primitivista. Mais tarde, transforma-se no grupo da Anta, escolhida como símbolo
da nacionalidade por ter sido o totem da raça tupi; o Regionalista, iniciado no
Recife, prega o sentimento de unidade do Nordeste; o Antropofágico, liderado por
Oswald de Andrade, inspirado no quadro Abaporu, (aba, "homem"; poru, "que
come"), de Tarsila do Amaral, propõe a devoração da cultura importada com intuito
de reelaboração, transformando o que veio de fora em produto exportável. As
obras ligadas a esse movimento são Cobra Norato, de Raul Bopp, e Macunaíma,
de Mário de Andrade.

Nesses agrupamentos, o enaltecimento do primitivismo passa a incluir a mitologia e


o simbólico, sobretudo no movimento Antropofágico que, propondo a devoração
dos valores europeus, lança suas idéias na Revista de Antropofagia (1928-1929).

Nessa primeira fase, o rompimento com o velho, a necessidade de chocar o público


e de divulgar novas idéias estão marcados pelo radicalismo. Enquanto várias
revistas são criadas por escritores renomados e por iniciantes, o movimento vai se
estruturando de forma mais vibrante no Rio e em São Paulo, estendendo-se a
Minas e ao polêmico regionalismo nordestino. As publicações variadas são
fundamentais para o movimento que, extremamente ativo, se estende até 1930,
quando menos agressivo, muda de rumos, principalmente, com referência à prosa,
dominada, tradicionalmente, pela literatura oficial, ligada à Academia Brasileira de
Letras, antagonista dos "futuristas", ou seja, dos modernistas, "rebeldes
excêntricos do período".A partir dessa data, as novas idéias se generalizam,
constituindo-se em padrões de criatividade. Findo esse primeiro momento, abre-se
espaço para a segunda fase; a fase construtiva que prima pela estabilização das
conquistas, com forte apelo social.

A Poesia - A poesia, produzida na primeira fase, apropria-se do ritmo, do


vocabulário e dos temas da prosa, constituindo-se no principal veículo de
divulgação do movimento. Abandona os modelos tradicionais do Parnasianismo e
deixando de lado os recursos formais, adota o verso livre, sem número
determinado de sílabas e sem metrificação, respeitando a inspiração poética. A
cadência rítmica é mantida próxima da prosa em obediência à alternância de sons e
acentos, demonstrando que a poesia está na essência ou no contraste das palavras
selecionadas. A opção pelo verso livre expressa a alteração da música
contemporânea, produzida pelo impressionismo, pela dissonância, pela influência
do jazz e dodecafonia.

O registro do cotidiano aparece valorizado por meio de elementos diferenciados,


incluindo: a linguagem coloquial; a associação livre de idéias; uma aparente falta
de lógica; a mescla de sentimentos contrastantes, revelando o subconsciente e o
nacionalismo. Às vezes, a preferência recai sobre o "momento poético" -
observação de um determinado aspecto ou de um instante emocional, resultando
em condensação poética.

O presente é incorporado aos versos por meio do progresso, da máquina, do ritmo


da vida moderna. O humor, igualmente empregado, manifesta-se sob a forma de
ironia ou paradoxo, surgindo o poema-piada, condensação irreverente que busca
provocar polêmica.

A Prosa - A prosa do período não apresenta o mesmo vigor da poesia, mas revela
conquistas importantes. A princípio, demonstra certa densidade, carregada de
imagens, provocando tensão pela expressividade de cada palavra. Os recursos são
variados como: a aproximação com a poesia, o apoio na fala coloquial e na
utilização de períodos curtos. Um dos modernistas, Oswald de Andrade, aplica
essas experiências não só em seus artigos e manifestos, mas também na obra
Memórias Sentimentais de João Miramar (1924). Trabalha a realidade através de
recursos poéticos, empregando metáforas e trocadilhos. Essa técnica, aliada a uma
"espécie de estética do fragmentário", compõe-se de espaços em branco na
formatação tipográfica e também na seqüência do discurso, cabendo ao leitor a
tarefa de dar sentido ao que lê.

Ao lado de Oswald de Andrade, outros escritores se destacam: Antonio de Alcântara


Machado com Pathé Baby, Plínio Salgado com O Estrangeiro, José Américo de
Almeida com Bagaceira. Há os que dão ênfase à experiência léxica e sintática,
tendo como suporte a fala coloquial. Mário de Andrade é um de seus
representantes com Amar, Verbo Intransitivo e Macunaíma. Neste último, o novo
está, sobretudo, no emprego da lenda, revelando contornos poéticos, derivados da
liberdade na escolha do vocabulário, nacionalizando o modo de escrever.

A Segunda Fase (1930-1945)

É o período de maturação e de regionalismo, revelando-se, após as conquistas da


geração de 1922, uma fase muito rica na produção de prosa e poesia. Reflete o
momento histórico conturbado, reinante não só na Europa, mas também no mundo.

Poesia - Nesta fase construtiva predomina a prosa, enquanto a poesia se


apresenta de forma mais amadurecida. Não precisa mais ser irreverente e
experimentalista, nem chocar o público; agora familiarizado com a nova maneira de
expressão. As influências de Mário e Oswald de Andrade estão presentes na
produção poética pós Semana de Arte Moderna. Os novos poetas dão continuidade
à pesquisa estética anterior, mantendo o verso livre e a poesia sintética.

A nova técnica está marcada pelo questionamento mais vigoroso da realidade,


acompanhada da indagação do poeta sobre seu fazer literário e sua interpretação
sobre o estar-no-mundo. Conseqüentemente, surge uma poesia mais madura e
politizada, comprometida com as profundas transformações sociais enfrentadas
pelo país. Ampliando os temas da fase anterior, volta-se para o espiritualismo e o
intimismo, presentes em certas obras de Murilo Mendes, Cecília Meireles, Jorge de
Lima e Vinicius de Morais.
A Prosa - A prosa reflete o mesmo momento histórico da poesia, cobrindo-se
igualmente das preocupações dos poetas da década de 30. São autores mais
representativos: José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge
Amado e Erico Verissimo.

Nessa fase, a prosa se reveste de caráter mais maduro e construtivo, refletindo e


aproveitando as conquistas da geração de 1922. A linguagem atinge certo equilíbrio
e adota uma postura mais documental ao expor a realidade brasileira e focalizar o
aspecto social. Essa tendência é aplicada nos romances urbanos, voltados à
exposição da vida nas grandes cidades, revelando as desigualdades sociais,
observadas na vida urbana brasileira, com destaque para algumas obras de Erico
Verissimo.

Os escritores focalizam, ainda, a realidade regional do país, originando a prosa


regionalista que destaca a seca e os flagelos dela decorrentes. Os romancistas
comprometidos com essa temática são: Rachel de Queiroz, José Lins do Rego,
Jorge Amado e Graciliano Ramos. Ao lado dessa tendência, encontra-se a prosa
intimista ou de sondagem psicológica, elaborada a partir do surgimento da teoria
psicanalítica freudiana. Seus representantes são: Dionélio Machado, Lúcio Cardoso
e Graciliano Ramos. Portanto, a denúncia social e a relação do "eu" com o mundo e,
em especial, com o povo brasileiro são o ponto de tensão dos romances do período.

A preocupação mais marcante da prosa é o homem do Nordeste, incluindo sua vida


precária e as condições adversas impostas pela geografia do lugar, pela submissão
dos trabalhadores aos proprietários de terras, advinda de sua grave falta de
instrução. O encontro com o povo brasileiro propicia, pois, o nascimento do
regionalismo, reforçado pelos temas dedicados à decadência dos engenhos; às
regiões de cana-de-açúcar; às terras do cacau no sul da Bahia; à vida agreste; às
constantes secas, aprofundando as desigualdades sociais; ao movimento
migratório; à mão-de-obra barata, à miséria e à fome.

Em 1945, encerra-se o período dinâmico do Modernismo, abrindo espaço para a


fase de reflexão, devotada aos questionamentos sobre a linguagem, ao retorno a
certos modelos estilísticos tradicionais, sobretudo, no início dos anos 50, visando
inovações.

Some-se a isso que, o término da Segunda Guerra Mundial (1945) empurra o país
para a era industrial e passa a contar com um proletariado de grande peso
representativo, ávido de participar efetivamente da vida política. Além disso, o país
desponta como uma potência moderna, facilitando o aparecimento da nova
estética, revelando, segundo Antonio Candido, "no seu ritmo histórico, uma adesão
profunda aos problemas da nossa terra e da nossa história contemporânea".

A Terceira Fase (Pós-1945)

Nesta terceira fase, presencia-se a rejeição da geração de 22 na poesia. Surge o


Concretismo, a Poesia-Práxis, o Poema-Processo, o Poema-Social, a Poesia Marginal
e os músicos-poeta. Na prosa, a exploração do psicológico e dos conflitos entre o
homem e a modernidade, a busca da universalização e de uma literatura engajada
e o mergulho no realismo fantástico e no romance de reportagem passam a ser o
foco. A crônica, o conto, a prosa autobiográfica e o teatro ganham força.

A Poesia - A poesia da segunda metade da década de 40 é marcada pela presença


da Geração de 45, onde se destacariam grandes nomes dentro de nossa literatura,
entre eles João Cabral de Melo Neto. Essa geração tem como marco a publicação
dos nove números da "Revista Orfeu", no Rio de Janeiro. Pregavam, acima de tudo,
a rejeição aos moldes modernistas da geração de 22, ou seja: o fim do verso livre,
da paródia, da ironia, do poema-piada, etc. A poesia deveria seguir um modelo
mais formal, de cunho neoparnasiano ou neo-simbolista, com versificação mais
regrada, maior erudição com relação às palavras e uso de temas mais universais.

Contrapondo a toda essa busca pelos padrões clássicos, Décio Pignatari, Augusto de
Campos e Haroldo de Campos criaram o Concretismo, que condizia mais com a
rapidez e agilidade da sociedade moderna. O Concretismo vai além de tudo o que o
Modernismo conquistou: prega o fim do verso, do lirismo e do tema, além da
exploração do espaço em branco, e a decomposição e montagem de palavras, com
seus vários sentidos e correlações com outras palavras. O poema em si muitas
vezes lembra um cartaz publicitário que se evidencia pelo apelo visual e permite
várias leituras.

Outro movimento de profunda importância literária é o da Poesia-Práxis, liderado


pelo poeta Mário Chamie e por Cassiano Ricardo. A poesia, segundo essa nova
concepção, deve ser energética e dinâmica, com um conteúdo de importância,
podendo ser transformada e reformulada pelo leitor, permitindo uma leitura
múltipla. O Poema-Processo, assim como a poesia concreta, apela para o campo
visual, através do uso de cortes e colagens e signos não-verbais. São poemas de
apreciação e compreensão muito truncadas, mais para serem vistos do que lidos. A
Poesia Social surge para trazer novamente à tona a força do verso, abolido pela
poesia concreta e pelo Poema-Processo, sendo que a principal preocupação está
sempre voltada para o retrato da realidade social. A Poesia Marginal mantém, no
entanto, algumas relações com o Concretismo e o Poema-Processo. Sua linguagem
é marcada pela busca da descrição do cotidiano, do instante, numa linguagem mais
simples e um tom coloquial que tem como marca a ironia, o humor e o desprezo à
elite e à sociedade, retomando algumas características da obra de Oswald de
Andrade. Eram, na maioria dos casos, rodadas em mimeógrafos e entregues de
mão em mão.

Uma das características da poesia contemporânea é uma busca cada vez maior de
uma intertextualidade com outros meios de expressão, exigindo uma linguagem
cada vez mais fragmentada e rápida que muitas vezes contrasta com uma
necessidade de reencontro com os padrões clássicos, onde se evidenciam poemas
mais longos e lineares. Outra característica relevante que só veio a contribuir para
a difusão da poesia foi seu casamento com a música popular, que acentua o
crescimento dos meios de comunicação de massa e a produção mais industrializada
da literatura. Surgiram músicos-poeta como Caetano Veloso, Chico Buarque,
Gilberto Gil, Milton Nascimento e outros, precedidos pela excelência de Vinícius de
Moraes.

A Prosa - A publicação do livro Perto do Coração Selvagem de Clarisse Lispector


em 1944 já indiciava um novo caminho: a prosa da década de 40 e 50 seria
marcada pela exploração do campo psicológico das personagens, o urbanismo que
revela a relação conflituosa entre o homem e a modernidade, e o regionalismo que
renova a linguagem literária, numa profunda busca pela universalização. Além de
Clarisse Lispector, outro nome se destacaria dentro dessa nova concepção literária:
Guimarães Rosa. Clarisse Lispector vai usar na maioria das vezes o cenário das
grandes cidades como pretexto para expressar um outro mundo: o mundo interior
de cada personagem. Guimarães Rosa usa e abusa do testemunho realista e de
uma linguagem completamente inovadora e mítica para redescobrir a linguagem e
o sertão do Brasil, ampliando o conceito do sertão e do sertanejo que ali vive.

A prosa urbana vai ser cada vez mais explorada a partir dos anos 60, mostrando os
problemas acarretados pelo progresso, e um ser humano cada vez mais solitário,
marginalizado e vítima de um mundo violento, que se fecha e enfrenta também a si
mesmo. A linguagem vai tender cada vez mais à concisão e à fragmentação,
rompendo muitas vezes com a linearidade temporal e espacial, tentando descrever
o fluxo do pensamento e mostrando a rapidez e o absurdo da modernidade.
Nascendo a partir dos mesmos campos urbanos e psicológicos que propulsionaram
a literatura nos anos 40 e 50, tem-se a prosa mais introspectiva, o realismo
fantástico e o romance reportagem.

A prosa de cunho político vai também se impor com grande força, tendo como
objetivo retratar a violência e a repressão política que assolaram o país desde
1964, ou denunciando de um modo satírico e irônico a corrupção que assola o
homem, e por conseqüência o governo, e que promove a sempre a discórdia e a
desigualdade social. É o caso, por exemplo, de Incidente em Antares de Erico
Verissimo.

Outros gêneros que ganham força dentro do panorama literário brasileiro são a
prosa autobiográfica, o conto e a crônica, sendo que os dois últimos se
consolidaram como modelos de literatura moderna. O conto consegue a síntese e a
rapidez que a modernidade pede, mostrando-se mais fácil e mais ágil de ser lido. A
crônica ganhou um espaço muito grande dentro dos principais veículos de
comunicação como a revista e o jornal devido à sua linguagem mais coloquial, sua
ligação mais íntima com o cotidiano, sua irreverência e ironia, e sua mais fácil
assimilação por parte dos leitores, destacando escritores consagrados e novos
como, por exemplo, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Rubem
Braga, entre outros.

O Teatro - Merece destaque também a revolução que o teatro brasileiro, que


perdia terreno para o rádio e o cinema, sofreu a partir da década de 40,
principalmente com a estréia da peça Vestido de Noiva em 1943, de Nelson
Rodrigues, que promove uma verdadeira renovação com relação à ação,
personagens, espaço e tempo.

A década de 60 e 70 vai mostrar também o teatro político que expressa um forte


nacionalismo preocupado em revelar e denunciar a realidade agonizante do Brasil
durante o regime militar, buscando uma ligação e uma participação cada vez mais
sólida do público dentro da peça, e revelando atores, diretores e dramaturgos de
qualidade excepcional, premiados a nível nacional e internacional.

BIBLIOGRAFIA

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