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Venuzia Belo
São Luís
2021
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Belo, Venuzia
41 f.
ISBN: 978-65-89787-30-3
CDU: 82-087.6
A LITERATURA
DE CORDEL:
PRIMEIROS PASSOS
Profª. Venuzia Belo
São Luís
2021
A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
APRESENTAÇÃO
A construção do imaginário suscita-se em tempo e em espaço muito tenros, no seio da
família, que traz, muitas vezes, a tradição de contar estórias de contos de fadas, lendas,
adivinhas, trovas. Essas ações estimulam a manutenção da cultura e a formação do
mundo imaginário, simbólico, representativo do “eu” popular.
Nesse sentido, tencionamos com A literatura de Cordel – primeiros passos, e-Book que
ora lhe apresentamos, que você inicie seus estudos, conhecendo os elementos básicos
e o papel social do cordel, na perspectiva de redimensionar a importância desse gênero
em nossa cultura.
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
SUMÁRIO
1. A HISTÓRIA DO CORDEL 6
1.1 A origem 6
1.2 A xilogravura 9
1.3 As temáticas 11
2.1 Estrofe 16
2.2 Rima 18
2.3 Métrica 21
2.4 Ritmo 27
3.2 O cangaço 32
3.3 As adaptações 34
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
1. A HISTÓRIA
DO CORDEL
OBJETIVOS:
Conhecer a origem do cordel e seus meios de divulgação;
Por seu caráter lúdico, a literatura de cordel é um incentivo para despertar o interesse
por nossa cultura e desenvolver nossa criatividade.
1.1 A origem
A literatura de cordel é uma expressão cultural intrincada, cuja história parte de um
complexo cultural que remonta suas origens mais próximas à Península Ibérica, na
Idade Média. É comum aos colonizadores trazerem traços de sua cultura às terras
colonizadas, no Brasil, não foi diferente, e pelas mãos dos portugueses os “folhetos”
foram introduzidos no país.
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
É consenso entre os estudiosos da literatura popular que o cordel tem sua origem na
literatura oral e Marco Haurélio (2016) nos oferece uma bela imagem quando trata da
origem do cordel, ligando-a à poesia popular. O desenho a seguir traduz sua ideia.
LITERATURA ORAL
Fonte: Nayana Gatinho, 2021
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
No futuro das primeiras folhas de versos que aqui chegaram, o cordel se fixaria no
Nordeste brasileiro, ajudado pela aparição de pequenas tipografias.
Saber por que o cordel se fixou no Nordeste é motivo de muitas reflexões. Historica-
mente, no entanto, não se pode negar que fatores de ordem social contribuíram nes-
sa questão, sendo o analfabetismo à época um exemplo. Os cordelistas memorizavam
seus poemas para recitá-los posteriormente em praças e em feiras.
No Nordeste, o cordel era considerado uma espécie de jornal pelo fato principal de não
haver meios de difusão mais avançados, como rádios e jornais escritos.
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
Fonte: http://minutocultural.com.br/literatura-de-cordel/
Você conhece algum cordelista moderno do seu estado? Que tal realizar uma
pesquisa? Talvez você encontre, vamos lá?
1.2 A xilogravura
A xilogravura (do grego xilon – madeira - e grafo - escrever) é uma técnica de impressão
utilizada desde a Antiguidade. A técnica chegou ao Brasil pelas mãos dos portugueses
e está intrinsecamente relacionada ao cordel como ilustração para as capas das
publicações, embora não seja a única.
Da maneira que a conhecemos até hoje, a xilogravura é constituída por uma matriz de
madeira onde o artista entalha fatos e cenas que se relacionam com a história narrada
no cordel. Após esse processo, há uma espécie de “carimbo” para fazer a impressão no
papel.
Por seu baixo custo, e pela ausência de tipografias, as xilogravuras foram muito
populares nas capas de cordéis por um longo tempo. Atualmente, tornaram-se
expressão artística divulgada em várias plataformas, conservando a manutenção do
trabalho manual de entalhe, como foi a princípio.
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
Fonte: http://obviousmag.org/archives/2014/03/xilogravura_passo_a_passo.html
Hoje essa arte pode ser vista em quadros emoldurados para uso em decoração, por
exemplo. Também podemos encomendar uma xilogravura com a cena que se queira:
um casamento, uma festa, um quadro familiar.
Fonte: http://obviousmag.org/archives/2014/03/xilogravura_passo_a_passo.html
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
1.3 As temáticas
Em relação à temática dos folhetos de cordel, especialmente em seu início, os corde-
listas contavam histórias originadas dos colonos, como as aventuras de Carlos Magno
e lendas portuguesas. Com o passar do tempo, o cordel se revestiu da temática mais
nordestina. Seus autores retratavam o que viviam, ouviam e imaginam. Dessa forma,
há tentativas, mas não um grupo temático definido para o cordel.
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
Antônio Henrique Weitzel (2013) sugeriu a distribuição dos assuntos do cordel em três
grupos temáticos:
1. Temas tradicionais
a) Romances e novelas;
b) Contos maravilhosos;
c) Estória de animais;
d) Anti-heróis;
e) Tradição religiosa.
Figura 7 – Capa do cordel Ana Jansen, rainha do Maranhão (Do amor ao ódio), de Paulo de Tarso
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
Leia um trecho desse cordel. No que diz respeito à divulgação, o cordel, mesmo
mantendo os folhetos como parte da resistência
Quero trazer meus leitores da cultura popular, também está em vários me-
Nesta minha narração canismos de midiatização como as plataformas
A história de Ana Jansen virtuais Instagram, Twitter e Facebook.
“Rainha” do Maranhão
Episódios bem narrados Há muitos nomes importantes para a história
Feitos com muita atenção. do cordel no papel de autores ou divulgadores.
José Camelo de Resende, que escreveu o cordel
Amor e ódio se encontram Romance do Pavão Misterioso, e José Pacheco
Em muitos fatos da vida da Rocha, que escreveu A chegada de Lampião
Ana Jansen foi leitores no inferno, são dois desses nomes.
Pelo povo querida,
Figura 8 – Capa do cordel A chegada de Lampião no
Mas também foi odiada
Inferno, de José Pacheco.
Sua gente dividida.
Fonte: http://www.ablc.com.br/a-chegada-de-lampiao-no-inferno/
Fonte: http://rubi.casaruibarbosa.gov.br/bitstream/20.500.11997/7183/2/LC0563%20
-%20Romance%20do%20pav%C3%A3o%20misterioso%20%282%29.pdf
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
Agora que você já conhece um pouco da história do cordel, e antes de passarmos para o
próximo assunto, nada mais interessante para iniciarmos nossa aventura que ler esses
dois clássicos. Com a leitura, você se familiarizará com a linguagem do cordel e será
mais fácil a compreensão dos próximos tópicos.
LEITUR A
http://www.ablc.com.br/a-chegada-de-lampiao-no-inferno/
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=5388
As academias são extremamente importantes, entre tantos pontos, por dois motivos:
guardar a memória do cordel e por se constituir em um importante centro difusor
dessa modalidade de literatura popular.
http://www.ablc.com.br/
https://www.academiadecordel.com.br/
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
RESUMO
Nesta Unidade conhecemos a origem do cordel e da arte da xilogravura, além das
temáticas mais tradicionais e modernas desse gênero. Sugerimos, ainda, que você
visite as academias de cordel, entidades importantes para manter viva a memória e a
história dessa riqueza cultural de nosso país.
Esperamos que seu interesse pelo cordel tenha sido despertado, assim como a íntima
relação entre esse gênero e a xilogravura. Ao conhecer os meios de divulgação do
cordel, você também vai descobrir novas histórias. Continue na caminhada!
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A LITERATURA DE CORDEL: PRIMEIROS PASSOS
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Helena Nagamine. Gêneros do discurso na escola: mito, conto cordel, discur-
so político e divulgação científica. São Paulo: Cortez, 2001.
HAURÉLIO, Marco. Breve história da literatura de cordel. 2. ed. São Paulo: Claridade,
2016.
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