Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Matos
Considerações Iniciais:
Nessa análise iremos apresentar alguns possíveis sentidos para o poema
´´As cousas do mundo´´, de Gregório de Matos Guerra. O objetivo é analisar
como o poema se constituiu dentro da proposta gregoriana. O poema foi escrito
no século XVI no Brasil colonial, período em que a coroa portuguesa regia o
país. Gregório traz à tona todas as mazelas da sociedade Baiana da época,
denunciando a corrupção política, as contradições morais, administrativas e
religiosas.
Análise da estrutura
A cousas do mundo
No terceiro verso, quando o eu-lírico traz ``Com sua língua, ao nobre o vil
decepa´´, remete a ideia de pessoa de pouco valor. Assim, nesse viés,
percebemos que Gregório foi além nas suas críticas, vemos isso no quarto
verso, quando ele traz ´´ O velhaco maior sempre tem capa´´, podemos
interpretar de algumas maneiras distintas - a primeira dela, seria ´´velhaco´´
pode referir-se a pessoa que não paga o que deve, ou referir-se a uma pessoa
com mais conhecimento ou idade. Logo, por ser maior, não pode ser
considerado qualquer um, mas alguém que dispõe de status social, financeiro e
também político, ou seja, pode ser um indivíduo de confiança da nobreza.
Porém, além das acepções para ´´velhaco´´, chama atenção a ´´capa´´ que é
utilizada por essa pessoa, empregada de forma atroz, porque o indivíduo que
tem essa capa pode ser considerado uma pessoa de má índole, que esconde
seu verdadeiro caráter, portanto, um usurpador da colônia, mas é acobertado
por alguém importante da nobreza. Nesse sentido, Gregório utiliza da crítica
através da sátira para denunciar de forma direta, a falta de ética na esfera
administrativa do governo da época, fazendo uso de um teor ora voraz e ora
leve.
Posto isto, no primeiro verso a expressão ´´a flor baixa´´, pode retomar ao fato
de que, alguns nobres querem ser o que não são, associando a palavra ´´tulipa
´´, pode remeter ao fato de que a tulipa é uma flor nobre e, assim, alguns
nobres querem ser iguais a flor. Já as palavras “bengala” e “garlopa”, por sua
vez, podem referir a um tipo de comparação. A “garlopa” é um instrumento de
carpinteiro, utilizado por pessoas que trabalham em carpintaria. A “bengala”, no
que lhe concerne, é um símbolo que, nesta época, evidenciava status, em
razão de quem a possuía ser rico. Assim, o eu-satírico mostra que esse nobre
um dia foi um trabalhador comum, mas que, por vantagem, se
encontra em lugar de destaque. Já o último verso mostra a expressão “mais
chupa”, pode referir-se aos que tiram proveito da situação social. De outra
forma, os que mais roubam são os que menos sofrem as penas atribuída pelo
Estado.
Por fim, no primeiro terceto, fica mais evidenciado ainda a sátira que Gregório
utiliza para criticar o sistema social, seus costumes, suas ideias, seus
representantes, bem como sua forma de governar, e tudo que se refere à
instância social da época.
No último terceto do poema, Gregório utiliza-se de aliterações constantes de
consoantes, ou seja, repetição de fonemas consonânticos, que dá ao poema
um ritmo e uma sonoridade única.
Considerações finais