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Linguagens – Língua Portuguesa

Ensino Médio, 2ª Série


A PRODUÇÃO POÉTICA DAS
“GERAÇÕES ROMÂNTICAS”
COMO CONSTRUIR
A IDENTIDADE
LITERÁRIA DE UM
PAÍS?
Inspirados pela Que símbolos?
proclamação da Nós não tivemos os
Independência em cavaleiros medievais da
1822, jovens idealistas Europa!!
começaram a buscar
símbolos
verdadeiramente
brasileiros, que ...Mas tivemos os índios e
pudessem ser cantados uma beleza natural só
em verso e prosa (1). nossa!
Serão nossos símbolos!
Canção do Exílio

"Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores,


Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar — sozinho, à noite —
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Nosso céu tem mais estrelas, Onde canta o Sabiá.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Em cismar, sozinho, à noite, Que não encontro por cá;
Mais prazer encontro eu lá; Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.“
Onde canta o Sabiá. Coimbra – julho de 1843
DIAS, Gonçalves. Poesia e prosa completas.
Um detalhe!
Vamos estabelecer a diferença entre ufanismo e patriotismo
• Patriotismo é o sentimento positivo que se manifesta em
atitudes construtivas e abnegadas, e não exclui tomadas de
posição críticas(ou será falso patriotismo);
• Ufanismo, embora possa ser considerado como uma forma
de patriotismo, é um sentimento ingênuo, parcial que
impede a visão crítica necessária à superação dos
problemas do país;
Estabelecida a diferença , podemos voltar ao poema e
responder à pergunta: o sentimento expresso pelo eu lírico
da “Canção do exílio”, deve ser classificado como
ufanismo ou patriotismo? Justifique com elementos do
texto. (Emilia Amaral [et al]- Novas palavras)
• Tamanha é a importância do poema de Gonçalves
Dias que o nosso Hino Nacional tem uma estrofe
que cita parte dele. Qual é a estrofe? Deem uma
olhada atrás do livro didático e respondam.
• O poema é um dos mais parodiados. Como
atividade para casa, vocês irão pesquisar paródias
da “Canção do exílio” para comentarmos na
próxima aula.
A busca por
uma literatu
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imitar a Euro menos dese
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Buscava-se u
ma identida
se refletiu n de brasileira
a literatura. . E isso
Apesar da busca por uma literatura brasileira, o
índio brasileiro, na literatura romântica, é um clone
do cavaleiro medieval das novelas europeias
românticas encontradas, por exemplo, nas obras de
Walter Scott.
Como exemplo brasileiro, temos “I-Juca Pirama”, “o
título é tirado da língua tupi e significa, conforme
explica o próprio autor, “o que há de ser morto, e
que é digno de ser morto.” Embora nome próprio,
“I-Juca Pirama” não tem nada a ver com o nome do
índio aprisionado pelos Timbiras” (2).
“I-Juca Pirama” é a história do último guerreiro da
nação Tupi, queExercicio sobrepelos Timbiras, os
é feito prisioneiro
quais pretendem devorá-lo numa cerimônia
antropofágica.
Ouça trecho do poema em que o índio Tupi pede
clemência e cita o pai cego. O gesto, que demonstra
nobreza e desprendimento por parte de um filho, é
interpretado como sinal de covardia. O chefe dos
timbiras decide, então, libertá-lo, porque não quer
“Com carne vil enfraquecer os fortes.”

Voz de Profº Flavio Pagliuca - trecho de IV- Juca Pirama, de Gonçalves Dias
Unip - Chácara Santo Antonio (Teatro) 13/05/2010.
Clique aqui para assistir o vídeo
Imagem: Autor Desconhecido / United
IV ato (I-Juca Pirama Gonçalves
Dias)

States Public Domain.


Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi. Já vi cruas brigas,
Da tribo pujante, De tribos imigas,
Que agora anda errante E as duras fadigas
Por fado inconstante, Da guerra provei;
Guerreiros, nasci; Nas ondas mendaces
Sou bravo, sou forte, Senti pelas faces
Sou filho do Norte; Os silvos fugaces
Meu canto de morte, Dos ventos que amei.
Guerreiros, ouvi.
Andei longes terras Aos golpes do imigo, O velho no entanto
Lidei cruas guerras, Meu último amigo, Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Vaguei pelas serras Sem lar, sem abrigo
Só qu’ria morrer!
Dos vis Aimoréis; Caiu junto a mi! Não mais me contenho,
Vi lutas de bravos, Com plácido rosto, Nas matas me embrenho,
Vi fortes - escravos! Sereno e composto, Das frechas que tenho
De estranhos ignavos O acerbo desgosto Me quero valer.
Calcados aos pés. Comigo sofri.

E os campos talados, Meu pai a meu lado


E os arcos quebrados, Já cego e quebrado,
E os piagas coitados De penas ralado,
Já sem maracás; Firmava-se em mi:
E os meigos cantores, Nós ambos, mesquinhos,
Servindo a senhores, Por ínvios caminhos,
Que vinham traidores, Cobertos d’espinhos
Com mostras de paz. Chegamos aqui!
Então, forasteiro, Ao velho coitado
Caí prisioneiro De penas ralado,
De um troço guerreiro
Já cego e quebrado,
Com que me encontrei:
O cru dessossêgo Que resta? - Morrer.
Do pai fraco e cego Enquanto descreve
Enquanto não chego O giro tão breve
Qual seja, - dizei! Da vida que teve,
Deixai-me viver!
Eu era o seu guia
Na noite sombria, Não vil, não ignavo,
A só alegria Mas forte, mas bravo,
Que Deus lhe deixou: Serei vosso escravo:
Em mim se apoiava,
Aqui virei ter.
Em mim se firmava,
Guerreiros, não coro
Em mim descansava,
Do pranto que choro:
Que filho lhe sou.
Se a vida deploro,
Também sei morrer (3).
Ele é solto e quando reencontra seu pai, é renegado
por ele, envergonhado pela covardia do filho, ele o amaldiçoa:
Vamos tentar uma leitura dramatizada?

"Tu choraste em presença da morte? "Possas tu, isolado na terra,


Na presença de estranhos choraste? Sem arrimo e sem pátria vagando,
Não descende o cobarde do forte; Rejeitado da morte na guerra,
Pois choraste, meu filho não és! Rejeitado dos homens na paz,
Possas tu, descendente maldito Ser das gentes o espectro execrado;
De uma tribo de nobres guerreiros, Não encontres amor nas mulheres,
Implorando cruéis forasteiros, Teus amigos, se amigos tiveres,
Seres presa de via Aimorés. Tenham alma inconstante e falaz!

"Não encontres doçura no dia, "Que a teus passos a relva se torre;


Nem as cores da aurora te ameiguem, Murchem prados, a flor desfaleça,
E entre as larvas da noite sombria E o regato que límpido corre,
Nunca possas descanso gozar: Mais te acenda o vesano furor;
Não encontres um tronco, uma pedra, Suas águas depressa se tornem,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos, Ao contacto dos lábios sedentos,
Padecendo os maiores tormentos, Lago impuro de vermes nojentos,
Onde possas a fronte pousar. Donde fujas com asco e terror (4)!
“Para se redimir, o tupi volta à tribo timbira e se entrega para
ser morto. É nesse ponto que fica claro o sentido do título do
poema “o que é digno de ser morto”. A bravura demonstrada
pelo índio o dignifica diante de seus inimigos, o chefe timbira
ordena que o soltem: pela coragem demonstrada o índio
merece viver.”[...]
Assim, força, honra, valentia e virtude passam a ser
interpretadas como características do povo indígena, do qual
descendem os brasileiros.”

ABAURRE, Maria Luíza M. Português: contexto, interlocução e sentido

Sobre os índios reais, nós temos:


“Mas nossos índios não comiam carne humana propriamente
para matar a fome. Faziam-no por vingança, incorporando a
alma dos vencidos (5).”
Os Cavaleiros da Távola Redonda,
segundo a lenda, foram os homens • Que índios são esses
premiados com a mais alta ordem da descritos na poesia de
Cavalaria, na corte do Rei Artur (6).
Malory descreve o Código dos Gonçalves Dias?
Cavaleiros como: • Quais as características
1 - Buscar a perfeição humana;
perceptíveis que estão
2 - Retidão nas ações;
associadas aos cavaleiros
3 - Respeito aos semelhantes;
4 - Amor pelos familiares;
medievais?
5 - Piedade com os enfermos;
6 - Doçura com as crianças e
mulheres;
7 - Ser justo e valente na guerra e
leal na paz.
Essa fase é chamada de 1ª geração romântica. Que
características ela teve? Vamos elaborar:
• Nacionalismo;
• Indianismo;
• Cor local.
Principais autores: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias
e Porto-Alegre.
Obs.:Não confundir o romantismo entre casais, com o Romantismo, escola
literária.
Já vimos poesias de exaltação da natureza e dos índios, que
eram uma forma de fugir para as origens do Brasil, como o
europeu fugiu para o passado medieval em sua literatura
romântica, mas vamos às outras!
Cazuza, cant
or que este
anos 80, mor ve no auge
reu com AID nos
S.
Quando des
cobriu a do
algumas mú ença, escrev
sicas escutad eu
a vida e a mo as até hoje s
rte. Observe obre
a letra de “V m bem o que
ida Louca Vi diz
do cd “O tem da” que faz
po não pára” parte
, de 1988.
Vida Louca Vida – Cazuza Se ninguém olha quando você
passa
Vida louca vida Você logo diz "Palhaço"
Vida breve Você acha que não tá legal
Já que eu não posso te levar Corre todos os perigos, perde
Quero que você me leve os sentidos
Vida louca vida Você passa mal
Vida imensa Vida louca vida
Ninguém vai nos perdoar Vida breve
Nosso crime não compensa Já que eu não posso te levar
Se ninguém olha quando você passa Quero que você me leve
Você logo acha "Eu tô carente" Vida louca vida
"Eu sou manchete popular" Vida imensa
Tô cansado de tanta babaquice, tanta Ninguém vai nos perdoar
caretice Nosso crime não compensa
Desta eterna falta do que falar Se ninguém
olha quando você passa
Você logo acha que a vida voltou ao normal
Aquela vida sem sentido, volta sem perigo
É a mesma vida sempre igual
“Ainda sem cura, a doença, segundo o professor
Jean-François Delfraissy, da Agência de Pesquisa
sobre a AIDS, "foi a maior epidemia do século XX e é
a maior do século XXI” (7).

No tempo em que Cazuza descobriu que tinha o vírus HIV, a


doença era considerada uma sentença de morte, porque os
remédios não eram tão eficazes.
Assim, morreram muitas pessoas e entre elas tinham muitos
artistas.
u l o X I X
e o s é c
d u r a n t u i t a
ç a q u e a to u m
a d o e n m i a e m s s a
O u t r a e p i d e r t e e e
s e u m e . A m o
tor n ou -
e r c u lo s r a m a
o i a t u b n fl u e n c i a
s
n t e f r e i a m a i
ge f ú n eb O p o e t
o s f e r a é p o c a . L o r d
at m a q u e l a e f o i
a t u r a n s a f a s e d o
li t er o d e s e A z e v
e n t a ti v v a r e s d
repre s a e Á l
a E u r o p
o n n
Byr m a n h ã ” .
B r a s i l . r r e s s e a
n o e u m o
le r “ S e
Vamos
Imagem: Autor Desconhecido / United
Se eu morresse amanhã!

States Public Domain.


Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria Que sol! que céu azul! que dove n'alva
Se eu morresse amanhã! Acorda a natureza mais loucã!
  Não me batera tanto amor no peito
Quanta glória pressinto em meu futuro! Se eu morresse amanhã!
Que aurora de porvir e que manhã!  
Eu perdera chorando essas coroas Mas essa dor da vida que devora
Se eu morresse amanhã! A ânsia de glória, o dolorido afã...
  A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Álvares de Azevedo
(escrito um mês ates de sua morte)
Mais leitura!
• Que semelhanças há entre esse poema e a música de
Cazuza?
• Que trechos demonstram a presença da morte?
• Compare os trechos:
“A dor no peito emudecera ao menos
se eu morresse amanhã”
“Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve”
Nesse trechos, há racionalismo, escapismo, pessimismo?
• “Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã... (8)” Comente.
Além da morte, houve ainda outras formas
de fugir da realidade e entrar em seu mundo interior.

Soneto (Álvares de Azevedo)


Pálida, à luz da lâmpada sombria,
• O amor é sublimado Sobre o leito de flores reclinada,
no sonho e na Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
fantasia. O amor ora é
a idealização de uma Era a virgem do mar! Na escuma fria
virgem pura, ora é Pela maré das águas embalada...
Era um anjo entre nuvens d'alvorada,
uma ardente Que em sonhos se banhava e se esquecia!
sensualidade, com
Era mais bela! o seio palpitando...
subjetividade e Negros olhos, as pálpebras abrindo...
idealização da mulher. Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!


Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo (9)!
Vamos caracterizar a poesia das 2ª geração romântica

Ultrarro
mantism
o
• Mal do s
éculo;
• Excessos
de subje
do emoc tivismo
ionalism e
românti o
cos;
• Irraci
onalism
• Escap o;
ismo, fa
morte; ntasia, c
ulto da
• Pessi
mismo (
1 0) .
3ª ger a
ção rom
ântica
VAMOS OUVIR UM
RAP, QUE NA
VERDADE É UM POE
MA DE CASTRO
ALVES, O QUAL FOI
MUSICADO POR
CAETANO VELOSO (
Cd “livro” 1999).
“NAVIO NEGREIRO
ou
Tragédia no mar”
Estamos em pleno mar...  
Era um sonho dantesco... o tombadilho  
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite...  
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, suspendendo às tetas  


Magras crianças, cujas bocas pretas  
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,  
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs! 

Imagem: "Navio negreiro" de Johann


Moritz Rugendas / Public Domain
E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente  
Faz doudas espirais ... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala,  
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 

Presa nos elos de uma só cadeia,  


A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece,  
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..." 

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 


E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais... 
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
E ri-se Satanás!...  
 
Senhor Deus dos desgraçados! Quem são estes desgraçados 
Dizei-me vós, Senhor Deus!  Que não encontram em vós 
Se é loucura... se é verdade  Mais que o rir calmo da turba 
Tanto horror perante os céus?!  Que excita a fúria do algoz? 
Ó mar, por que não apagas  Quem são?   Se a estrela se cala, 
Co'a esponja de tuas vagas  Se a vaga à pressa resvala 
De teu manto este borrão?...  Como um cúmplice fugaz, 
Astros! noites! tempestades!  Perante a noite confusa... 
Rolai das imensidades!  Dize-o tu, severa Musa, 
Varrei os mares, tufão!  Musa libérrima, audaz!... 

for Wdwic Pictures / GNU Free


Imagem: Christopher Hollis

Documentation License.

 São os filhos do deserto,  São mulheres desgraçadas, 
Onde a terra esposa a luz.  Como Agar o foi também. 
Onde vive em campo aberto  Que sedentas, alquebradas, 
A tribo dos homens nus...  De longe... bem longe vêm... 
São os guerreiros ousados  Trazendo com tíbios passos, 
Que com os tigres mosqueados  Filhos e algemas nos braços, 
Combatem na solidão.  N'alma — lágrimas e fel... 
Ontem simples, fortes, bravos.  Como Agar sofrendo tanto, 
Hoje míseros escravos,  Que nem o leite de pranto 
Sem luz, sem ar, sem razão. . .  Têm que dar para Ismael. 

Imagens da esquerda para a direirta: (a)

Diferentes Nações Negras de escravos


"Through Veld and Forest - An African
Ilustração de Arch. Webb, para o livro

Story", de Harry Collingwood, 1898 /

Baptiste Debret / Domínio Público.


no Brasil, cerca de 1830, de Jean
United States Public Domain. (b)
Lá nas areias infindas,  Senhor Deus dos desgraçados!
Das palmeiras no país,  Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Nasceram crianças lindas,  Se é loucura... se é verdade 
Viveram moças gentis...  Tanto horror perante os céus?! 
Passa um dia a caravana,  Ó mar, por que não apagas 
Quando a virgem na cabana  Co'a esponja de tuas vagas 
Cisma da noite nos véus ...  De teu manto este borrão?... 
... Adeus, ó choça do monte,  Astros! noites! tempestades! 
... Adeus, palmeiras da fonte!...  Rolai das imensidades! 
... Adeus, amores... adeus!...  Varrei os mares, tufão! 

Schaffer / Creative Commons Attribution-


Imagens da esquerda para a direirta: (a)
David Berkowitz / Creative Commons
Attribution 2.0 Generic.. (b) Todd

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Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 

Imagem: Odhiambo Atieno, E. S., Ouso, T. I. &


Williams, J. F. M. (1977). A History of East
Africa. London: Longman Group Ltd.. ISBN 0-
582-60886-4. Page 96, fig. 11.5a. /
United States Public Domain.
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 

Imagem: Governo Brasileiro /


Domínio Público
Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares (11)!

Imagem: Andrews, E. Benjamin. History of

Scribner's Sons, New York. 1912. / United


the United States, volume V. Charles

States Public Domain.


Imagem: O Estado de São Paulo,
Publicado dia 4 de janeiro de 1881.

Imagem: O Estado de São Paulo,


14 de abril de 1880.
Vamos à leitura!
Ler é encontrar respostas e formular perguntas.
• Apesar de ser um rap, há, no poema, outro ritmo musicado, como podemos
observar no trecho:
“Existe um povo que a bandeira empresta  P'ra cobrir tanta infâmia e
cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de
bacante fria!...”
Que ritmo é esse?
• A bandeira cobre “Tanta infâmia e cobardia”. Nesse contexto, o que
podemos considerar como infâmia?
• Qual o povo que empresta a bandeira para cobrir a infâmia e cobardia?
• O poema fala sobre a vida dos negros na África. De acordo com o texto,
como era deles?
• Esse o poema foi feito para ser dito em voz alta, de forma exaltada ou lido
com delicadeza? Vamos fazer o teste!
• Que temas sociais são abordados?
Vamos caracterizar a 3ª geração romântica

Pré realismo
Condoreirismo

• Temas sociais e políticos;


• Liberdade (o condor simboliza o alto voo da
imaginação a serviço da liberdade);
• Tom retórico e exaltado;

Principais autores: Fagundes Varela e Castro Alves.


Atividade em grupo
Agrupar os alunos em três, de forma que fiquem assim separados:
1.poesia indianista 2.poesia ultrarromântica 3.poesia condoreira

Cada grupo irá gravar a leitura dramatizada de três poemas


escolhidos, iniciando a leitura pelo título e nome do poeta. Em
seguida, prepararão um slide com a voz gravada e imagens que
representem os poemas.
Gravem em um local silencioso, no celular ou outro meio. Utilizem o
powerpoint e no momento de inserir a voz salva, clicar em inserir
som. Vocês podem gravar diretamente no slide.
(Observem a carga de emoção em cada tipo de poesia).

 O material será guardado na escola para consulta. Concordam?

Esforcem-se, vocês são capazes de fazer um trabalho perfeito!


Tabela de Imagens
Slide Autoria / Licença Link da Fonte Data do
Acesso
       
10 Autor Desconhecido / United States Public http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gon 01/03/2012
Domain. %C3%A7alves_dias.jpg
21 Autor Desconhecido / United States Public http://commons.wikimedia.org/wiki/File: 01/03/2012
Domain. %C3%81lvares_de_Azevedo.jpg
27 "Navio negreiro" de Johann Moritz Rugendas / http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Navio_ 02/03/2012
Public Domain. negreiro_-_Rugendas.jpg
30 Christopher Hollis for Wdwic Pictures / GNU http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sunset 02/03/2012
Free Documentation License. _on_North_Beach_at_Fort_De_Soto_Park.jpg
31a Ilustração de Arch. Webb, para o livro "Through http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Zuluch 02/03/2012
Veld and Forest - An African Story", de Harry argegutt.jpg /
Collingwood, 1898 / United States Public http://www.gutenberg.org/files/24602/24602-
Domain. h/24602-h.htm
31b Diferentes Nações Negras de escravos no Brasil, http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Debret 02/03/2012
cerca de 1830, de Jean Baptiste Debret / _-_Diferentes_Nacoes_Negras.jpg
Domínio Público.
32a David Berkowitz / Creative Commons http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Maasai 02/03/2012
Attribution 2.0 Generic. _People-3.jpg
32b Todd Schaffer / Creative Commons Attribution- http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wasike 02/03/2012
Share Alike 3.0 Unported. _-_Maasai_Group.jpg
Tabela de Imagens
Slide Autoria / Licença Link da Fonte Data do
Acesso
       
33 Odhiambo Atieno, E. S., Ouso, T. I. & Williams, J. http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Slaves 02/03/2012
F. M. (1977). A History of East Africa. London: _in_chains_(grayscale).png
Longman Group Ltd.. ISBN 0-582-60886-4. Page
96, fig. 11.5a. / United States Public Domain.
34 Governo Brasileiro / Domínio Público http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flag_of 02/03/2012
_Brazil.svg
35 Andrews, E. Benjamin. History of the United http://commons.wikimedia.org/wiki/File:1893_ 02/03/2012
States, volume V. Charles Scribner's Sons, New Nina_Pinta_Santa_Maria_replicas.jpg
York. 1912. / United States Public Domain.
36a O Estado de São Paulo, Publicado dia 4 de http://blogs.estadao.com.br/reclames-do- 02/03/2012
janeiro de 1881. estadao/tag/escravo/
36b O Estado de São Paulo, 14 de abril de 1880. http://blogs.estadao.com.br/reclames-do- 02/03/2012
estadao/tag/escravo/

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