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Caderno do ENEM

Língua Portuguesa
SUMÁRIO

Literatura.........................................................................................................................5
Arcadismo no Brasil......................................................................................................7
Romantismo no Brasil: 2a geração de poesia romântica................................... 7
Romance urbano ou de costumes............................................................................. 8
Romance regionalista.................................................................................................. 8
Realismo no Brasil........................................................................................................ 8
Naturalismo................................................................................................................. 10
Simbolismo em Portugal........................................................................................... 11
Simbolismo no Brasil................................................................................................. 11
Pré-Modernismo.......................................................................................................... 11
Modernismo no Brasil: 1a geração – poesia....................................................... 12
Modernismo no Brasil: 1a geração – prosa e teatro......................................... 15
Modernismo no Brasil: 2a geração – consolidação da lírica moderna........ 15
Modernismo no Brasil: 2a geração – romance de 1930................................. 17
Concretismo................................................................................................................. 19
Prosa contemporânea no Brasil.............................................................................. 19
Narrativa psicológica............................................................................................... 20
Poesia contemporânea no Brasil............................................................................ 21

Gramática.....................................................................................................................23
Linguagem verbal e não verbal.............................................................................. 25
Ícone, índice e símbolo............................................................................................. 25
Norma culta e variações.......................................................................................... 26
A língua em constante mudança............................................................................ 39
Processos de formação de palavras...................................................................... 39
Pronomes...................................................................................................................... 40
Preposições.................................................................................................................. 41
Conjunções.................................................................................................................. 41
Orações coordenadas.............................................................................................. 42
Relações de concordância....................................................................................... 43
Acentuação.................................................................................................................. 43
Gêneros, tipos, estrutura e progressão textual.................................................... 43
Coesão e coerência textual..................................................................................... 50
Argumentação e tipos de discurso......................................................................... 51
Interpretação de texto, enunciação e discurso................................................... 55
Hipertexto..................................................................................................................... 75
Intertextualidade, intertexto e relações entre linguagens................................. 76
Pressuposto e subentendido..................................................................................... 89
Ambiguidade............................................................................................................... 94
Articulação para criação de humor...................................................................... 95
Polissemia..................................................................................................................... 96
Figuras de linguagem e funções da linguagem.................................................. 96

Produção de texto.................................................................................................109

Propostas de Redação.........................................................................................123
Planejamento urbano e a integração entre diferentes meios de transporte..... 125
O futuro do esporte brasileiro............................................................................... 129
Desafios da educação inclusiva no Brasil.......................................................... 133
A distribuição de terras e os conflitos agrários no Brasil............................... 137
Literatura
Literatura
QUESTÕES
Literatura
LITERATURA

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

LITERATURA
Questão 2 2008
ARCADISMO NO BRASIL
Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de
Texto comum às questões 1 e 2. Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu
interlocutor.
1 Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, a) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v. 1)
b) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v. 5)
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
c) “Os meus fiéis, meus doces companheiros,” (v. 6)
4 Pelo traje da Corte, rico e fino.
d) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7)
Aqui estou entre Almendro, entre Corino, e) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,” (v. 11)
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
7 Vendo correr os míseros vaqueiros ROMANTISMO NO BRASIL:
Atrás de seu cansado desatino.
2a GERAÇÃO DE POESIA
Se o bem desta choupana pode tanto, ROMÂNTICA
10 Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, Questão 3 2010
Soneto
Aqui descanse a louca fantasia, Já da morte o palor me cobre o rosto,
13 E o que até agora se tornava em pranto Nos lábios meus o alento desfalece,
Se converta em afetos de alegria. Surda agonia o coração fenece,
COSTA, Cláudio Manoel da. In: Domício Proença Filho. E devora meu ser mortal desgosto!
A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!... já esmorece
Questão 1 2008 O corpo exausto que o repouso esquece...
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale
a opção correta acerca da relação entre o poema e o mo- O adeus, o teu adeus, minha saudade,
mento histórico de sua produção. Fazem que insano do viver me prive
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira E tenha os olhos meus na escuridade.
estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou
seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e Dá-me a esperança com que o ser mantive!
fino”.
Volve ao amante os olhos por piedade,
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como nú-
cleo do poema, revela uma contradição vivenciada Olhos por quem viveu quem já não vive!
pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urba- AZEVEDO, A. Obra completa.
no da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é ele- O núcleo temático do soneto citado é típico da segun-
mento estético do Arcadismo que evidencia a preocu- da geração romântica, porém configura um lirismo que o
pação do poeta árcade em realizar uma representação projeta para além desse momento específico. O funda-
literária realista da vida nacional. mento desse lirismo é
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cida- a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibi-
de”, na terceira estrofe, é formulação literária que re- lidade da morte.
produz a condição histórica paradoxalmente vantajosa
b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação
da Colônia sobre a Metrópole.
diante da perda.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do
c) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
Brasil Colônia está representada esteticamente no
poema pela referência, na última estrofe, à transfor- d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
mação do pranto em alegria. e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

b) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance


ROMANCE URBANO urbano, retrata a temática da urbanização das cidades
OU DE COSTUMES brasileiras e das relações conflituosas entre as raças.
c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentua-
Questão 4 2012 do realismo no uso do vocabulário, pelo temário local,
expressando a vida do homem em face da natureza
“Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira agreste, e assume frequentemente o ponto de vista
Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desafe- dos menos favorecidos.
tos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoen-
Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor tes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do
de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes
Brasil. Além de criar clássicos da literatura brasileira com africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.
temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também e) Erico Verissimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes
folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advo- Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de
gado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática
na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do do homem urbano em confronto com a modernização
século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada. do país promovida pelo Estado Novo.
História Viva, n. 99, 2011.
Com base no texto, que trata do papel do escritor José de
Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que REALISMO NO BRASIL
a) a digitalização dos textos é importante para que os
leitores possam compreender seus romances. Questão 6 2000
b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi impor-
tante porque deixou uma vasta obra literária com te- O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Machado
mática atemporal. de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.
c) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio “Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos,
da digitalização, demonstra sua importância para a João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos
história do Brasil Imperial. e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos
d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá im- escravos, João é que repicou. Quando se fez a abolição
portante papel na preservação da memória linguística completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a
e da identidade nacional. República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se
e) o grande romancista José de Alencar é importante o Império retornasse.”
porque se destacou por sua temática indianista. (MACHADO, Assis de. Crônica sobre a
morte do escravo João, 1897)
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:
ROMANCE REGIONALISTA
a) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quan-
do ocorriam fatos ligados à Abolição.
Questão 5 2009
b) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império,
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de visto que era escravo.
que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro c) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abo-
da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões licionistas que vieram libertá-lo.
segundo ele muito diferentes por formação histórica, com-
posição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por d) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes por-
que era costume fazê-lo.
isso, deu aos romances regionais que publicou o título
geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escri- e) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemoran-
tor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante do a volta da Princesa Isabel.
engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais
diversas, refletindo as características locais.
Questão 7 2001
CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite
e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003. No trecho a seguir, o narrador, ao descrever a personagem,
Com relação à valorização, no romance regionalista brasi- critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.
leiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezes-
nacionais, sabe-se que seis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa
a) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temá- raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que
tica essencialmente urbana, colocando em relevo a já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas
formação do homem por meio da mescla de caracte- do tempo, porque isto não é romance, em que o autor
rísticas locais e dos aspectos culturais trazidos de fora sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espi-
pela imigração europeia. nhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto

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Literatura
LITERATURA

nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía Questão 9 2013

LITERATURA
das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os Capítulo LIV – A pêndula
fins secretos da criação.” Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas
de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957. todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o
bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador
soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que
ao romantismo está transcrita na alternativa:
eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da
sardas e espinhas morte, e a contá-las assim:
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ... – Outra de menos...
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia – Outra de menos...
daquele feitiço, precário e eterno, ... – Outra de menos...
– Outra de menos...
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezes-
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe
seis anos ...
corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins se- pudesse contar todos os meus instantes perdidos. In-
cretos da criação. venções há, que se transformam ou acabam; as mesmas
instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O
Questão 8 2010 derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há
de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata
Capítulo III em que morre.
Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, en- Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado,
quanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me
bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de
metais que amava de coração; não gostava de bronze, devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das pro-
mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, cissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos
e assim se explica este par de figuras que aqui está na ganhados.
sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas.
escolher, escolheria a bandeja, – primor de argentaria, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).
execução fina e acabada. O criado esperava teso e sé- O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revi-
rio. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o ve a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com
aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio des-
que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e constrói certos paradigmas românticos, porque
não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha a) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em
insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados seus encontros adúlteros.
brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutili-
ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem dade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.
o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o dese-
foi degradado a outros serviços. jo de triunfar e acumular riquezas.
ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. v. 1. d) o relógio representa a materialização do tempo e redi-
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento). reciona o comportamento idealista de Brás Cubas.
Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à per-
da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a pe- petuidade do relógio.
culiaridade do texto que garante a universalização de sua
abordagem reside
Questão 10 2013
a) no conflito entre o passado pobre e o presente rico,
que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência. Mal secreto
b) no sentimento de nostalgia do passado devido à subs- Se a cólera que espuma, a dor que mora
tituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes. N’alma, e destrói cada ilusão que nasce.
c) na referência a Fausto e Mefistófeles, que represen- Tudo o que punge, tudo o que devora
tam o desejo de eternização de Rubião. O coração, no rosto se estampasse;
d) na admiração dos metais por parte de Rubião, que
metaforicamente representam a durabilidade dos Se se pudesse, o espírito que chora,
bens produzidos pelo trabalho. Ver através da máscara da face,
e) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, Quanta gente, talvez, que inveja agora
que reproduz o sentimento de xenofobia. Nos causa, então piedade nos causasse!

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Quanta gente que ri, talvez, consigo Aluísio de Azevedo, em seu romance Girândola de amo-
Guarda um atroz, recôndito inimigo, res (1882), descreve com realismo os hábitos de uma
Como invisível chaga cancerosa! senhora abastada que só saboreava a moqueca de peixe
“sem talher, à mão”.
Quanta gente que ri, talvez existe,
Dentre as palavras listadas a seguir, assinale a que traduz
Cuja ventura única consiste
o elemento comum às descrições das práticas alimen-
Em parecer aos outros venturosa!
tares dos brasileiros feitas pelos diferentes autores do
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender
Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995. século XIX citados no texto.
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal a) Regionalismo (caráter da literatura que se baseia em
e racionalidade na condução temática, o soneto de Rai- costumes e tradições regionais).
mundo Correia reflete sobre a forma como as emoções b) Intolerância (não admissão de opiniões diversas das
do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção suas em questões sociais, políticas ou religiosas).
do eu lírico, esse julgamento revela que
c) Exotismo (caráter ou qualidade daquilo que não é indí-
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indiví- gena; estrangeiro; excêntrico, extravagante).
duo a agir de forma dissimulada.
d) Racismo (doutrina que sustenta a superioridade de
b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando
compartilhado por um grupo social. certas raças sobre outras).
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neu- e) Sincretismo (fusão de elementos culturais diversos, ou
traliza o sentimento de inveja. de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais).
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apie-
dar-se do próximo. Questão 12 2011
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício
nocivo ao convívio social. Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos
desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se
Nesta questão foram trabalhadas: concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente,
Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar re- o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do
cursos expressivos das linguagens, relacionando textos com Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baia-
seus contextos, mediante a natureza, função, organização, no. Nada mais que os primeiros acordes da música
estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção.
crioula para que o sangue de toda aquela gente desper-
tasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com
Habilidade 15 – Estabelecer relações entre o texto literário e
o momento de sua produção, situando aspectos do contexto
urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras,
histórico, social e político. cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram
dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos
e suspiros soltos em torrente, a correrem serpentean-
NATURALISMO do, como cobras numa floresta incendiada; eram ais
convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita
Questão 11 2002 de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de
Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, doer, fazendo estalar de gozo.
no século XVI. A técnica empregada pelo índio no Bra- AZEVEDO, A. O cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).
sil e por um português de Portugal era, aliás, a mesma: No romance O Cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, as
apanhavam o alimento com três dedos da mão direita
personagens são observadas como elementos coletivos
(polegar, indicador e médio) e atiravam-no para dentro
caracterizados por condicionantes de origem social, sexo
da boca.
e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre bra-
Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem
sileiros e portugueses revela prevalência do elemento
pelo Rio de Janeiro, já no século XIX, conta como “nas
brasileiro, pois
casas das roças despejam-se simplesmente alguns pra-
a) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o
tos de farinha sobre a mesa ou num balainho, donde
cada um se serve com os dedos, arremessando, com de personagens portuguesas.
um movimento rápido, a farinha na boca, sem que a mí- b) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera
nima parcela caia para fora”. Outros viajantes oitocentis- o do português inexpressivo.
tas, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria c) mostra o poder envolvente da música brasileira, que
Graham descrevem esse hábito em todo o Brasil e entre cala o fado português.
todas as classes sociais. Mas para Saint-Hilaire, os brasi- d) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tris-
leiros “lançam a [farinha de mandioca] à boca com uma teza dos portugueses.
destreza adquirida, na origem, dos indígenas, e que ao e) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com ins-
europeu muito custa imitar”. trumentos musicais.

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Literatura
LITERATURA

Do calabouço olhando imensidades,


SIMBOLISMO EM PORTUGAL

LITERATURA
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Texto comum às questões 13 e 14, a seguir: Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Epígrafe* Sonha e, sonhando, as imortalidades
Murmúrio de água na clepsidra** gotejante, Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Lentas gotas de som no relógio da torre, Ó almas presas, mudas e fechadas
Fio de areia na ampulheta vigilante, Nas prisões colossais e abandonadas,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante*** Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre… Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
Homem, que fazes tu? Para que tanta lida,
para abrir-vos as portas do Mistério?!
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação
Procuremos somente a Beleza, que a vida Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.
É um punhado infantil de areia ressequida,
Os elementos formais e temáticos relacionados ao con-
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa… texto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cár-
CASTRO, Eugênio de. Antologia pessoal cere das almas, de Cruz e Sousa, são
da poesia portuguesa. a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e di-
(*) Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto; tema. reta, de temas filosóficos.
(**) Clepsidra: relógio de água. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em rela-
ção à temática nacionalista.
(***) Pedra do quadrante: parte superior de um relógio
de sol. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamen-
to metafísico de temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade
Questão 13 2003 social expressa em imagens poéticas inovadoras.
A imagem contida em “lentas gotas de som” (verso 2) e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa
é retomada na segunda estrofe por meio da expressão: a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do
cotidiano.
a) tanta ameaça.
b) som de bronze.
c) punhado de areia. PRÉ-MODERNISMO
d) sombra que passa. Questão 16 2011
e) somente a Beleza.
Lépida e leve
Língua do meu Amor velosa e doce,
Questão 14 2003
que me convences de que sou frase,
Nesse poema, o que leva o poeta a questionar determina- que me contornas, que me vestes quase,
das ações humanas (versos 6 e 7) é a como se o corpo meu de ti vindo me fosse.
a) infantilidade do ser humano. Língua que me cativas, que me enleias
b) destruição da natureza. os surtos de ave estranha,
c) exaltação da violência. em linhas longas de invisíveis teias,
d) inutilidade do trabalho. de que és, há tanto, habilidosa aranha...
e) brevidade da vida. [...]
Amo-te as sugestões gloriosas e funestas,
amo-te como todas as mulheres
SIMBOLISMO NO BRASIL te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor,
pela carne de som que à ideia emprestas
Questão 15 2009 e pelas frases mudas que proferes
nos silêncios de Amor!…
Cárcere das almas MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.).
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Soluçando nas trevas, entre as grades Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento).

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

A poesia de Gilka Machado identifica-se com as concep-


ções artísticas simbolistas. Entretanto, o texto seleciona-
MODERNISMO NO BRASIL:
do incorpora referências temáticas e formais modernis- 1a GERAÇÃO – POESIA
tas, já que, nele, a poeta
a) procura desconstruir a visão metafórica do amor e Questão 18 1998
abandona o cuidado formal.
b) concebe a mulher como um ser sem linguagem e
A discussão sobre gramática na classe está “quente”.
questiona o poder da palavra.
Será que os brasileiros sabem gramática? A professora
c) questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa de Português propõe para debate o seguinte texto:
a construção do verso livre.
d) propõe um modelo novo de erotização na lírica amoro- PRA MIM BRINCAR
sa e propõe a simplificação verbal.
Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo
e) explora a construção da essência feminina, a partir da
no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem
polissemia de “língua”, e inova o léxico.
gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de
querer falar como as cariocas que não sabem gramática.
Questão 17 2012 – As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá,
alhures e miúde.
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia
e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe (BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org: Emanuel
importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem… de Moraes. 4. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. Pág. 19)
Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos Com a orientação da professora e após o debate sobre o
heróis do Brasil? Em nada… O importante é que ele tivesse texto de Manuel Bandeira, os alunos chegaram à seguin-
sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, te conclusão:
de folk-lore, das suas tentativas agrícolas… Restava disso
tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! a) uma das propostas mais ousadas do Modernismo foi
a busca da identidade do povo brasileiro e o registro,
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o
no texto literário, da diversidade das falas brasileiras.
escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricul-
tura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil b) apesar de os modernistas registrarem as falas regio-
como diziam os livros. Outra decepção. E, quando seu pa- nais do Brasil, ainda foram preconceituosos em rela-
triotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. ção às cariocas.
Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu c) a tradição dos valores portugueses foi a pauta temáti-
combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, ca do movimento modernista.
inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, d) Manuel Bandeira e os modernistas brasileiros exalta-
uma série, melhor, um encadeamento de decepções. ram em seus textos o primitivismo da nação brasileira.
A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado e) Manuel Bandeira considera a diversidade dos falares
por ele no silêncio de seu gabinete. brasileiros uma agressão à Língua Portuguesa.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível
em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.
O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Questão 19 2000
Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado,
a reação do personagem aos desdobramentos de suas “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto
iniciativas patrióticas evidencia que do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema,
a) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento o autor elabora críticas e propostas que representam o
da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, pensamento estético predominante na época.
mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
Poética
b) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o
Estou farto do lirismo comedido
ao ideal de prosperidade e democracia que o persona-
gem encontra no contexto republicano. Do lirismo bem comportado
c) a construção de uma pátria a partir de elementos míti- Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
cos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e [protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no
d) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica [dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
a reação de decepção e desistência de Policarpo Qua- Abaixo os puristas
resma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
............................................................................................
e) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola
incondicional faz parte de um projeto ideológico salva- Quero antes o lirismo dos loucos
cionista, tal como foi difundido na época do autor. O lirismo dos bêbedos

294

12
Literatura
LITERATURA

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos Questão 21 2004

LITERATURA
O lirismo dos clowns de Shakespeare
A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resul-
– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. ta da manifestação do
(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa.
a) poeta e do colonizador apenas.
Rio de Janeiro. Aguilar, 1974)
b) colonizador e do negro apenas.
Com base na leitura do poema, podemos afirmar correta- c) negro e do índio apenas.
mente que o poeta: d) colonizador, do poeta e do negro apenas.
a) critica o lirismo louco do movimento modernista. e) poeta, do colonizador, do índio e do negro.
b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico. Questão 22 2006
d) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.
e) propõe a criação de um novo lirismo. NAMORADOS
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
– Antônia, ainda não me acostumei com o seu
Questão 20 2004 [corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
Leia o poema a seguir e responda às questões. – Você não sabe quando a gente é criança e de
[repente vê uma lagarta listrada?
Brasil A moça se lembrava:
O Zé Pereira chegou de caravela – A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
E preguntou pro guarani da mata virgem O rapaz prosseguiu com muita doçura:
– Sois cristão? – Antônia, você parece uma lagarta listrada.
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
– Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa & prosa.
O negro zonzo saído da fornalha Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
Tomou a palavra e respondeu No poema de Bandeira, importante representante da
– Sim pela graça de Deus poesia modernista, destaca-se como característica da es-
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! cola literária dessa época
E fizeram o Carnaval a) a reiteração de palavras como recurso de construção
Oswald de Andrade de rimas ricas.
Esse texto apresenta uma versão humorística da forma- b) a utilização expressiva da linguagem falada em situa-
ção do Brasil, mostrando-a como uma junção de elemen- ções do cotidiano.
tos diferentes. c) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do
tema abordado.
Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a
visão apresentada pelo texto é d) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador
do estilo literário dessa época.
a) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado e) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Rea-
da formação nacional, quanto parece sugerir que esse lismo.
processo, apesar de tudo, acaba bem.
b) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras –
portugueses, negros e índios – pouco contribuíram Questão 23 2006
para a formação da identidade brasileira.
Erro de Português
c) moralizante, na medida em que aponta a precarieda-
Quando o português chegou
de da formação cristã do Brasil como causa da predo-
Debaixo de uma bruta chuva
minância de elementos primitivos e pagãos.
Vestiu o índio
d) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto ne- Que pena!
gros, representando de modo positivo apenas o ele- Fosse uma manhã de Sol
mento europeu, vindo com as caravelas. O índio tinha despido
e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como in- O português.
coerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas.
de seriedade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

295

13
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

O primitivismo observável no poema anterior, de Oswald Que a vida passa! que a vida passa!
de Andrade, caracteriza de forma marcante E que a mocidade vai acabar.
a) o regionalismo do Nordeste. BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.
b) o concretismo paulista.
c) a poesia Pau-Brasil. A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de
significados profundos a partir de elementos do cotidia-
d) o simbolismo pré-modernista.
no. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste
e) o tropicalismo baiano. entre campo e cidade aponta para
a) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos
centros urbanos, o que revela sua nostalgia com rela-
Questão 24 2010 ção à cidade.
Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Bra- b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada
sil com uma mostra que abalou a cultura nacional do iní- pela observação da aparente inércia da vida rural.
cio do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, c) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possi-
Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho bilidade de meditação sobre a sua juventude.
no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro d) a visão negativa da passagem do tempo, visto que
Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valori- esta gera insegurança.
zasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas
modernistas e) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão
acerca da morte.
a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadê-
micas europeias, valorizando as cores, a originalidade
e os temas nacionais. Questão 26 2012
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até
então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação O trovador
artística nacional.
Sentimentos em mim do asperamente
c) representaram a ideia de que a arte deveria copiar
fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática dos homens das primeiras eras…
educativa. As primaveras de sarcasmo
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras re- intermitentemente no meu coração arlequinal…
tratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à Intermitentemente…
tradição acadêmica.
Outras vezes é um doente, um frio
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras,
respeitando limites de temas abordados. na minha alma doente como um longo som redondo…
Cantabona! Cantabona!
Dlorom…
Questão 25 2011 Sou um tupi tangendo um alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas
Estrada
de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é
Interessa mais que uma avenida urbana. recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em
Nas cidades todas as pessoas se parecem. O trovador, esse aspecto é
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente. a) abordado subliminarmente, por meio de expressões
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma. como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval,
Cada criatura é única. remete à brasilidade.
Até os cães. b) verificado já no título, que remete aos repentistas nor-
destinos, estudados por Mário de Andrade em suas
Estes cães da roça parecem homens de negócios: viagens e pesquisas folclóricas.
Andam sempre preocupados. c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões
E quanta gente vem e vai! como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1),
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar: “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som tris-
te do alaúde “Dlorom” (v. 9).
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde
bodezinho manhoso.
(civilizado), apontando a síntese nacional que seria
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz proposta no Manifesto Antropófago, de Oswaldo de
dos símbolos, Andrade.

296

14
Literatura
LITERATURA

e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos No trecho anterior, Mário de Andrade dá forma a um dos

LITERATURA
dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgu- itens do ideário modernista, que é o de firmar a feição de
lho brasileiro por suas raízes indígenas. uma língua mais autêntica, “brasileira”, ao expressar-se
numa variante de linguagem popular identificada pela(o):
a) escolha de palavras como cio, peitaria, vergonha.
Questão 27 2013 b) emprego da pontuação.
c) repetição do adjetivo bastante.
d) concordância empregada em Assim está escrito.
e) escolha de construção do tipo precisa-se gentes.

MODERNISMO NO BRASIL:
2a GERAÇÃO – CONSOLIDAÇÃO
DA LÍRICA MODERNA

Questão 29 2006
No poema Procura da poesia, Carlos Drummond de An-
drade expressa a concepção estética de se fazer com pa-
lavras o que o escultor Michelângelo fazia com mármore.
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: O fragmento a seguir exemplifica essa afirmação.
o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012.
São Paulo: Prol Gráfica, 2012. (…)
Penetra surdamente no reino das palavras.
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à ques-
(…)
tão da identidade nacional, as anotações em torno dos
versos constituem Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de
dados histórico-culturais. tem mil faces secretas sob a face neutra
b) forma clássica da construção poética brasileira. e te pergunta, sem interesse pela resposta,
c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol. pobre ou terrível, que lhe deres:
d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de trouxeste a chave?
leitura poética. Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo.
Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.
e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substi-
tutivas das originais. Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema constan-
te entre autores modernistas:
a) a nostalgia do passado colonialista revisitado.
MODERNISMO NO BRASIL: 1 a b) a preocupação com o engajamento político e social da
literatura.
GERAÇÃO – PROSA E TEATRO c) o trabalho quase artesanal com as palavras, desper-
tando sentidos novos.
Questão 28 2000 d) a produção de sentidos herméticos na busca da per-
feição poética.
“Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (…) movidos
pelo presente mas estalando naquele cio racial que só as e) a contemplação da natureza brasileira na perspectiva
tradições maduram! (…). Precisa-se gentes com bastante ufanista da pátria.
meiguice no sentimento, bastante força na peitaria, bas-
tante paciência no entusiasmo e sobretudo, oh! sobretudo
bastante vergonha na cara! Questão 30 2009
(…) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim está escrito no Confidência do Itabirano
anúncio vistoso de cores desesperadas pintado sobre o
Alguns anos vivi em Itabira.
corpo do nosso Brasil, camaradas.”
Principalmente nasci em Itabira.
(Jornal A Noite, São Paulo, 18/12/1925 apud LOPES,
Telê Porto Ancona. Mário de Andrade: ramais e caminhos. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
São Paulo: Duas Cidades, 1972) Noventa por cento de ferro nas calçadas.

297

15
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Oitenta por cento de ferro nas almas. a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É tris-
E esse alheamento do que na vida é porosidade e te? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
[comunicação. Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo.
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e Sem ser. Esquecer.
[sem horizontes.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
é doce herança itabirana.
A inquietação existencial do autor com a autoimagem
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, existenciais que têm origem
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; a) no conflito do padrão corporal imposto contra as con-
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; vicções de ser autêntico e singular.
este orgulho, esta cabeça baixa... b) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a
influência de outros.
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
c) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e cul-
Hoje sou funcionário público.
turas familiares.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
d) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligencia-
Mas como dói!
dos por seus antepassados.
ANDRADE, C. D. Poesia completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. e) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de
seus pares.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do
movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, pe-
netrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente Questão 32 2012
as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é fei-
ta de uma relação tensa entre o universal e o particular, Ai, palavras, ai, palavras,
como se percebe claramente na construção do poema que estranha potência a vossa!
Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimen-
tos de construção do texto literário e as concepções artís- Todo o sentido da vida
ticas modernistas, conclui-se que o poema anterior principia a vossa porta:
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao o mel do amor cristaliza
tom contestatório e à utilização de expressões e usos seu perfume em vossa rosa;
linguísticos típicos da oralidade. sois o sonho e sois a audácia,
b) apresenta uma característica importante do gênero calúnia, fúria, derrota...
lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados
históricos. A liberdade das almas,
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua ai! com letras se elabora...
comunidade, por intermédio de imagens que repre- E dos venenos humanos
sentam a forma como a sociedade e o mundo colabo- sois a mais fina retorta:
ram para a constituição do indivíduo.
frágil, frágil, como o vidro
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de
e mais que o aço poderosa!
inutilidade do poeta e da poesia em comparação com
as prendas resgatadas de Itabira. Reis, impérios, povos, tempos,
e) apresenta influências românticas, uma vez que tra- pelo vosso impulso rodam...
ta da individualidade, da saudade da infância e do MEIRELLES, C. Obra poética. Rio de Janeiro:
amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos Nova Aguilar, 1985 (fragmento).
pomposos. O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da
Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episó-
Questão 31 2012 dio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto,
elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte rela-
Verbo ser ção entre o homem e a linguagem:
QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em a) A força e a resistência humanas superam os danos
redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? provocados pelo poder corrosivo das palavras.
Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm
Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras.

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16
Literatura
LITERATURA

c) O significado dos nomes não expressa de forma justa Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão

LITERATURA
e completa a grandeza da luta do homem pela vida. invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
d) Renovando o significado das palavras, o tempo permi- um soldado amarelo.
te às gerações perpetuar seus valores e suas crenças. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo:
e) Como produto da criatividade humana, a linguagem Martins, 23. ed., 1969, p. 75.
tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos. Texto II
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático,
Questão 33 2013 impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de
incorporação dessa figura no campo da ficção.
Olá! Negro É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções,
Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma lin-
e a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor guagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de
tentarão apagar a tua cor! narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não
E as gerações dessas gerações quando apagarem se identificam. Em grande medida, o debate acontece
a tua tatuagem execranda, porque, para a intelectualidade brasileira naquele momen-
não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! to, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos
Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda
negro-fujão, negro cativo, negro rebelde categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos
demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é,
negro cabinda, negro congo, negro ioruba,
com pretenso não envolvimento da voz que controla a
negro que foste para o algodão de USA
narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas
para os canaviais do Brasil,
pessoas seriam plenamente capazes.
para o tronco, para o colar de ferro, para a canga
Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa.
de todos os senhores do mundo;
São Paulo: USP, n. 2, 2001, p. 254.
eu melhor compreendo agora os teus blues
nesta hora triste da raça branca, negro!
Olá, Negro! Olá, Negro! Questão 34 2007
A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!
A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das infor-
LIMA, J. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958
mações do texto II, relativas às concepções artísticas do
(fragmento).
romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.
O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na
I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica
visão do eu lírico, um contexto social assinalado por
pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em pro-
a) modernização dos modos de produção e consequen- tagonista privilegiado do romance social de 30.
te enriquecimento dos brancos.
II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados
b) preservação da memória ancestral e resistência negra indica a tendência da ficção brasileira da década de
à apatia cultural dos brancos. 30 de tentar superar a grande distância entre o inte-
c) superação dos costumes antigos por meio da incorpo- lectual e as camadas populares.
ração de valores dos colonizados.
III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de
d) nivelamento social de descendentes de escravos e de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posi-
senhores pela condição de pobreza. ção social do sertanejo na realidade nacional.
e) antagonismo entre grupos de trabalhadores e lacunas É correto apenas o que se afirma em
de hereditariedade.
a) I.
b) II.
MODERNISMO NO BRASIL: 2 a c) III.
d) I e II.
GERAÇÃO – ROMANCE DE 1930 e) II e III.
Texto comum às questões 34 e 35, a seguir.
Texto I Questão 35 2007
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segu-
rava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado No texto II, verifica-se que o autor utiliza
ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, a) linguagem predominantemente formal, para proble-
um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. matizar, na composição de Vidas Secas, a relação en-
(...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. De- tre o escritor e o personagem popular.
veria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a lin-
cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. guagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.

299

17
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma de família, com seus pesados móveis de vinhático ou de
história que apresenta o roceiro pobre de forma pito- jacarandá, de qualidade antiga, e que denunciavam um
resca. passado ilustre, gerações de Meneses talvez mais sin-
d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do gelos e mais calmos; agora, uma espécie de desordem,
texto literário em prosa, para analisar determinado de relaxamento, abastardava aquelas qualidades prima-
momento da literatura brasileira. ciais. Mesmo assim era fácil perceber o que haviam sido,
e) linguagem regionalista, para transmitir informações esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam
sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para fa- mansamente na sombra, suas pratas semiempoeiradas
cilitar o entendimento do texto. que atestavam o esplendor esvanecido, seus marfins e
suas opalinas – ah, respirava-se ali conforto, não havia
dúvida, mas era apenas uma sobrevivência de coisas
Questão 36 2008 idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que se ia desagregando,
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E que um mal oculto o roía, como um tumor latente em
era um acontecimento para a meninada… Que talento suas entranhas.
ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada.
admirável de falar em nome de todos os personagens, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2002 (adaptado).
sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Car-
todos os tons às palavras! doso, acerca da vida dos Meneses, família da aristocracia
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivi- rural de Minas Gerais, apresenta não apenas a história
nhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas da decadência dessa família, mas é, ainda, a representa-
grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naque- ção literária de uma fase de desagregação política, social
les intrigantes, que eram sempre castigados com mortes e econômica do país. O recurso expressivo que formula
horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a literariamente essa desagregação histórica é o de descre-
cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela ver a casa dos Meneses como
queria pintar um reino era como se estivesse falando dum a) ambiente de pobreza e privação, que carece de con-
engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam forto mínimo para a sobrevivência da família.
os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba b) mundo mágico, capaz de recuperar o encantamento
e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de perdido durante o período de decadência da aristocra-
engenho de Pernambuco. cia rural mineira.
José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: c) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes
José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações). da casa ocupa o primeiro plano, compensando a frieza
Na construção da personagem “velha Totonha”, é possí- e austeridade dos objetos antigos.
vel identificar traços que revelam marcas do processo de d) símbolo de um passado ilustre que, apesar de supera-
colonização e de civilização do país. Considerando o texto do, ainda resiste à sua total dissolução graças ao cui-
a seguir, infere-se que a velha Totonha dado e asseio que a família dispensa à conservação
a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar da casa.
de suas condições de vida e de trabalho, que denotam e) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu es-
que ela enfrenta situação econômica muito adversa. plendor e sobre os quais a vida repousa como lem-
c) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realis- brança de um passado que está em vias de desapare-
tas da história do país colonizado, livres da influência cer completamente.
de temas e modelos não representativos da realidade
nacional. Questão 38 2010
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civiliza-
ção urbana europeia em concomitância com a represen- Texto I
tação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil. Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos
d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos con- objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas
tos, do próprio romancista, o qual pretende retratar a coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas,
realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores
a europeia. e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo
que têm como modelo e origem as fontes da literatu- da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava
ra e da cultura europeia universalizada. o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes
os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos
navios, com os ouvidos presos às canções que vinham
Questão 37 2009
das embarcações…
Como se assistisse à demonstração de um espetáculo AMADO, J. Capitães de Areia. São Paulo: Companhia das
mágico, ia revendo aquele ambiente tão característico Letras, 2008 (fragmento).

300

18
Literatura
LITERATURA

Texto II
PROSA CONTEMPORÂNEA

LITERATURA
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado
de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêbados são NO BRASIL
felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as
suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial conten-
tavam-se com as sobras do mercado. Questão 40 2009
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o Bra-
Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).
sil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e
Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são no mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois
exemplos de uma abordagem literária recorrente na lite- países de expressão portuguesa de um lado e do outro do
ratura brasileira do século XX. Em ambos os textos, Atlântico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos per- retorno das caravelas, voltou a descobrir o Brasil e a ser,
sonagens marginalizados. por seu lado, colonizado por expressões linguísticas, as
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em telenovelas, os romances, a poesia, a comida e as formas
relação aos personagens. de tratamento brasileiros. O mesmo, embora em nível
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com
a sua origem social. a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da
inserção na cultura da bossa-nova e da música popular
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das mar-
brasileira, da problemática ecológica centrada na Amazônia,
cas de sua exclusão.
ou da problemática social emergente do fenômeno dos
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginaliza- meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances de
dos é direta. Paulo Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem
e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do século XIX, Sílvio
Romero definia a literatura brasileira como manifestação
CONCRETISMO de um país mestiço, será fácil para nós defini-la como
expressão de um país polifônico: em que já não é deter-
Questão 39 2004 minante o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada região,
desenvolve originalmente a sua unitária e particular tradi-
O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O ção cultural. É esse, para nós, no início do século XXI, o
termo latino de seu título significa “epitalâmio”, poema
novo estilo brasileiro.
ou canto em homenagem aos que se casam.
STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira.
EPITHALAMIUM – II Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado).

No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua


história, foi, aos poucos, construindo uma identidade cul-
tural e literária relativamente autônoma frente à identida-
de europeia, em geral, e à portuguesa em particular. Sua
análise pressupõe, de modo especial, o papel do patri-
mônio literário e linguístico, que favoreceu o surgimento
daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”. Diante des-
se pressuposto, e levando em consideração o texto e as
diferentes etapas de consolidação da cultura brasileira,
constata-se que
a) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século
he = ele S = serpens
XIX, o que o fez assimilar novos gêneros artísticos e
&=e h = homo culturais, assim como usos originais do idioma, con-
She = ela e = eva forme ilustra o caso do escritor Machado de Assis.
(Pedro Xisto) b) a Europa reconheceu a importância da língua portugue-
sa no mundo, a partir da projeção que poetas brasileiros
ganharam naqueles países, a partir do século XX.
Considerando que símbolos e sinais são utilizados geral-
mente para demonstrações objetivas, ao serem incorpo- c) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidi-
rados no poema “Epithalamium – II”, ficação da cultura nacional, maior reconhecimento do
Brasil por ele mesmo, tanto nos aspectos positivos
a) adquirem novo potencial de significação.
quanto nos negativos.
b) eliminam a subjetividade do poema.
d) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma na-
c) opõem-se ao tema principal do poema.
ção culturalmente mestiça, embora a expressão do-
d) invertem seu sentido original. minante seja aquela produzida no eixo Rio-São Paulo,
e) tornam-se confusos e equivocados. em especial aquela ligada às telenovelas.

301

19
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

e) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma ponto de vista distanciado, os problemas da urbaniza-
união bastante significativa entre as diversas matrizes ção das grandes metrópoles brasileiras.
culturais advindas das várias regiões do país, como se d) evidencia uma crítica à sociedade em que vivem os
pode comprovar na obra de Paulo Coelho. personagens, por meio de fluxo verbal contínuo de
Texto comum às questões 41 e 42, a seguir. tom agressivo.
e) traduz, em linguagem subjetiva e intimista, a partir do
Texto I
ponto de vista interno, os dramas psicológicos da mu-
[…] já foi o tempo em que via a convivência como viável, só lher moderna, às voltas com a questão da priorização
exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu quinhão, do trabalho em detrimento da vida familiar e amorosa.
já foi o tempo em que consentia num contrato, deixando
muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital, Questão 42 2009
já foi o tempo em que reconhecia a existência escandalosa
Considerando-se os textos apresentados e o contexto
de imaginados valores, coluna vertebral de toda ‘ordem’; mas
político e social no qual foi produzida a obra Um Copo
não tive sequer o sopro necessário, e, negado o respiro, me
de Cólera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se à sua
foi imposto o sufoco; é esta consciência que me libera, é ela parceira, nessa novela, tece um discurso
hoje que me empurra, são outras agora minhas preocupa- a) conformista, que procura defender as instituições nas
ções, é hoje outro o meu universo de problemas; num mundo quais repousava a autoridade do regime militar no
estapafúrdio – definitivamente fora de foco – cedo ou tarde Brasil, a saber: a Igreja, a família e o Estado.
tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e você que vive b) pacifista, que procura defender os ideais libertários re-
paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica presentativos da intelectualidade brasileira opositora
uma piada: impossível ordenar o mundo dos valores, ninguém à ditadura militar na década de 70 do século passado.
arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo c) desmistificador, escrito em um discurso ágil e contun-
em que não mais acredito, seja o amor, a amizade, a família, dente, que critica os grandes princípios humanitários
a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora supostamente defendidos por sua interlocutora.
ainda a existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi d) politizado, pois apela para o engajamento nas causas
conscientemente que escolhi o exílio, me bastando hoje o sociais e para a defesa dos direitos humanos como
cinismo dos grandes indiferentes [...]. uma única forma de salvamento para a humanidade.
NASSAR, R. Um copo de cólera. São Paulo: e) contraditório, ao acusar a sua interlocutora de compac-
Companhia das Letras, 1992. tuar com o regime repressor da ditadura militar, por
Texto II meio da defesa de instituições como a família e a Igreja.
Raduan Nassar lançou a novela Um Copo de Cólera em
1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal entre
amantes, em que a fúria das palavras cortantes se estilha- NARRATIVA PSICOLÓGICA
çava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritário discurso
do poder e da submissão de um Brasil que vivia sob o jugo Questão 43 2013
da ditadura militar.
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula
COMODO, R. Um silêncio inquietante. IstoÉ. Disponível em:
disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da
www.terra.com.br. Acesso em: 15 jul. 2009.
pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o
nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas
Questão 41 2009 sei que o universo jamais começou.
[...]
Na novela Um Copo de Cólera, o autor lança mão de re-
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta conti-
cursos estilísticos e expressivos típicos da literatura pro-
nuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas
duzida na década de 70 do século passado no Brasil, que,
acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-his-
nas palavras do crítico Antonio Candido, aliam “vanguar-
tória já havia os monstros apocalípticos? Se esta história
da estética e amargura política”. Com relação à temática
não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um
abordada e à concepção narrativa da novela, o texto I
fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou
a) é escrito em terceira pessoa, com narrador oniscien- escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida,
te, apresentando a disputa entre um homem e uma inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
mulher em linguagem sóbria, condizente com a serie- Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de
dade da temática político-social do período da ditadu- uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos
ra militar. descobrindo os porquês. E visão da iminência de. De quê?
b) articula o discurso dos interlocutores em torno de Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escre-
uma luta verbal, veiculada por meio de linguagem vendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo
simples e objetiva, que busca traduzir a situação de fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer
exclusão social do narrador. sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes.
c) representa a literatura dos anos 70 do século XX e LISPECTOR, C. A hora da estrela.
aborda, por meio de expressão clara e objetiva e de Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

302

20
Literatura
LITERATURA

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a tra- O título do poema explora a expressividade de termos que re-

LITERATURA
jetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A presentam o conflito do momento histórico vivido pelo poeta
hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que
fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador a) o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica dis- significado impreciso.
tante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as ví-
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar timas do regime militar vigente.
os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) o “porco”, animal difícil de domesticar, representa os
movimentos de resistência.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões exis-
tenciais e sobre a construção do discurso. d) o poeta caracteriza o momento de opressão através
de alegorias de forte poder de impacto.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão
e) “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes
da complexidade para escolher as palavras exatas.
que garantem a paz social experimentada.
e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e
metafísica, incomuns na narrativa de ficção. Questão 45 2013
A diva
Nesta questão foram trabalhadas:
Vamos ao teatro, Maria José?
Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar re- Quem me dera,
cursos expressivos das linguagens, relacionando textos com
seus contextos, mediante a natureza, função, organização, desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,
estrutura das manifestações, de acordo com as condições de tou podre. Outro dia a gente vamos.
produção e recepção. Falou meio triste, culpada,
Habilidade 16 – Relacionar informações sobre concepções e um pouco alegre por recusar com orgulho.
artísticas e procedimentos de construção do texto literário. TEATRO! Disse no espelho.
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
POESIA CONTEMPORÂNEA Perfeita.
NO BRASIL PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: SiciIiano, 1999.
Os diferentes gêneros textuais desempenham funções
sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em
Questão 44 1998 suas características específicas, bem como na situação
comunicativa em que eles são produzidos. Assim, o texto
Logia e mitologia
A diva
Meu coração
a) narra um fato real vivido por Maria José.
de mil e novecentos e setenta e dois b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético.
já não palpita fagueiro c) relata uma experiência teatral profissional.
sabe que há morcegos de pesadas olheiras d) descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora.
que há cabras malignas que há e) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma
um porco belicoso de radar Nesta questão foram trabalhadas:
e que sangra e ri Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar re-
e que sangra e ri cursos expressivos das linguagens, relacionando textos com
seus contextos, mediante a natureza, função, organização,
a vida anoitece provisória estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
centuriões sentinelas produção e recepção.
do Oiapoque ao Chuí. Habilidade 17 – Reconhecer a presença de valores sociais e
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário
São Paulo: Cosac & Naify, 2002. nacional.

303

21
Gramática
Língua
QUESTÕES Portuguesa
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Questão 2 2013
LINGUAGEM VERBAL E
NÃO VERBAL Casados e independentes
Um novo levantamento do IBGE mostra que o número de
Questão 1 2013 casamentos entre pessoas na faixa dos 60 anos cresce,

GRAMÁTICA
desde 2003, a um ritmo 60% maior que o observado na
O que a internet esconde de você
população brasileira como um todo...
Sites de busca manipulam resultados. Redes sociais deci-
dem quem vai ser seu amigo — e descartam as pessoas
sem avisar. E, para cada site que você pode acessar, há
400 outros invisíveis. Prepare-se para conhecer o lado
oculto da internet.

... e um fator determinante é que cada vez mais pessoas


nessa idade estão no mercado de trabalho, o que lhes
garante a independência financeira necessária para o ma-
trimônio.

Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT).*


Com base no último dado disponível, de 2008
Veja, São Paulo, 21 abr. 2010 (adaptado).

GRAVATÁ, A. Superinteressante, São Paulo, Os gráficos expõem dados estatísticos por meio de lingua-
ed. 297, nov. 2011 (adaptado). gem verbal e não verbal. No texto, o uso desse recurso
Analisando-se as informações verbais e a imagem asso- a) exemplifica o aumento da expectativa de vida da
ciada a uma cabeça humana, compreende-se que a venda população.
a) representa a amplitude de informações que com- b) explica o crescimento da confiança na instituição do
põem a internet, às quais temos acesso em redes casamento.
sociais e sites de busca. c) mostra que a população brasileira aumentou nos últi-
b) faz uma denúncia quanto às informações que são mos cinco anos.
omitidas dos usuários da rede, sendo empregada no d) indica que as taxas de casamento e emprego cresce-
sentido conotativo. ram na mesma proporção.
c) diz respeito a um buraco negro digital, onde estão es- e) sintetiza o crescente número de casamentos e de
condidas as informações buscadas pelo usuário nos ocupação no mercado de trabalho.
sites que acessa.
d) está associada a um conjunto de restrições sociais
presentes na vida daqueles que estão sempre conec-
tados à internet. ÍCONE, ÍNDICE E SÍMBOLO
e) remete às bases de dados da web, protegidas por senhas
ou assinaturas e às quais o navegador não tem acesso. Questão 3 2008

Nesta questão foram trabalhadas: Os signos visuais, como meios de comunicação, são
classificados em categorias de acordo com seus signifi-
Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de
cados. A categoria denominada indício corresponde aos
vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações
específicas. signos visuais que têm origem em formas ou situações
naturais ou casuais, as quais, devido à ocorrência em cir-
Habilidade 21 – Reconhecer em textos de diferentes gêne- cunstâncias idênticas, muitas vezes repetidas, indicam
ros, recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade
algo e adquirem significado. Por exemplo, nuvens negras
de criar e mudar comportamentos e hábitos.
indicam tempestade.

305

25
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Com base nesse conceito, escolha a opção que represen- Aí, Galera
ta um signo da categoria dos indícios. Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipa-
ção. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de fute-
a) bol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?
– Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
– Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais
esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
– Como é?
– Aí, galera.
– Quais são as instruções do técnico?
b) – Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de con-
tenção coordenada, com energia otimizada, na zona de
preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado
o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com
parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos
da desestruturação momentânea do sistema oposto, sur-
preendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
– Ahn?
– É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem
c)
calça.
– Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
– Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo
banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à
qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
– Pode.
– Uma saudação para a minha progenitora.
– Como é?
d)
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não cor-
responde à expectativa de que o atleta seja um ser algo
primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a
estereotipação?
- Estereoquê?
e) - Um chato?
- Isso.
Correio Braziliense, 13/05/1998.

Questão 4 1998
O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à
expectativa do público. São elas:
a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da
entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe.
b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à
NORMA CULTA E VARIAÇÕES situação da entrevista, e um jogador que fala, com
desenvoltura, de modo muito rebuscado.
Texto comum para as questões de 4 a 6. c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador,
Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o e da expressão “progenitora”, por parte do jogador.
padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da pa-
da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar lavra “estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra
este fato, seu professor de Língua Portuguesa convida-o dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.
a ler o texto Aí, Galera, de Luís Fernando Veríssimo. No e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de
texto, o autor brinca com situações de discurso oral que estereotipação e o jogador entrevistado não corres-
fogem à expectativa do ouvinte. ponder ao estereótipo.

306

26
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 5 1998 • Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar co-


locações pronominais como “casar-me-ei” ou “ver-se-ão”.
O texto mostra uma situação em que a linguagem usada PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta.
é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.
entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que re-
presenta também uma inadequação da linguagem usada No texto anterior, o autor
ao contexto: a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender
que a língua portuguesa deve ser protegida contra de-
a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” turpações de uso.
– um pedestre que assistiu ao acidente comenta com

GRAMÁTICA
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam
o outro que vai passando.
determinados usos regionais e socioculturais da língua.
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares
fala para um amigo.
de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro.
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma ob- d) revela-se preconceituoso em relação a certos regis-
servação” – alguém comenta em uma reunião de trabalho. tros linguísticos ao propor medidas que os controlem.
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos
ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada aprendam a empregar corretamente os pronomes.
empresa” – alguém que escreve uma carta candida-
tando-se a um emprego.
Questão 8 2005
e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm
que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro A dança e a alma
próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros”
– um professor universitário em um congresso inter- A DANÇA? Não é movimento,
nacional. súbito gesto musical.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.
Questão 6 1998
No solo não, no éter pairamos,
A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituí- nele amaríamos ficar.
da, sem comprometimento de sentido, em língua culta, A dança – não vento nos ramos:
formal, por: seiva, força, perene estar.
a) pegá-los na mentira.
Um estar entre céu e chão,
b) pegá-los desprevenidos. novo domínio conquistado,
c) pegá-los em flagrante. onde busque nossa paixão
d) pegá-los rapidamente. libertar-se por todo lado...
e) pegá-los momentaneamente.
Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
Questão 7 2002 sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas.
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso (Carlos Drummond de Andrade. Obra completa.
de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.)
shopping center, delivery e drive-through sejam proibidas
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que
em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa
mais se aproxima do que está expresso no poema é
valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área
de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho a) a mais antiga das artes, servindo como elemento de
sugerir algumas outras medidas que serão de extrema im- comunicação e afirmação do homem em todos os
portância para a preservação da soberania nacional, a saber: momentos de sua existência.
.......... b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limi-
• Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu tes físicos, possibilitando ao homem a liberação de
vai” em espaços públicos do território nacional; seu espírito.
• Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e c) a manifestação do ser humano, formada por uma sequên-
retirar ou acrescentar o plural em sentenças como “Me cia de gestos, passos e movimentos desconcertados.
vê um chopps e dois pastel”; d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com
.......... ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos,
• Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz cantos, emoções etc.
com a palavra “borraxaria” e nenhum dono de banca e) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do in-
de jornal anunciará “Vende-se cigarros”; divíduo e, por consequência, ao seu desenvolvimento
.......... intelectual e à sua cultura.

307

27
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 9 2005 travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas


do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de
Leia com atenção o texto: unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar,
[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
entrar numa loja de roupas desconhecendo certas suti- Quem come e não deita, a comida não aproveita, pen-
lezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver sava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra
os ternos — peça para ver os fatos. Paletó é casaco. durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou
Meias são peúgas. Suéter é camisola — mas não se assombrada:
assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é — Eeh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta... Dá
uma delícia?) pisadêra e pode morre de ataque de cabeça! Despois do
(Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, no 3, 78.) armoço num far-má... mais despois da janta?!
O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo:
o de Portugal quanto Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.

a) ao vocabulário. Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente


em 1921, o narrador
b) à derivação.
a) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da
c) à pronúncia.
época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a
d) ao gênero. atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
e) à sintaxe. b) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora
à narrativa usos próprios da linguagem regional das
personagens.
Questão 10 2005 c) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena,
que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após as
As dimensões continentais do Brasil são objeto de re- refeições.
flexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema
aparece no seguinte poema: d) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para de-
monstrar seu desrespeito às populações das zonas
“(...) rurais do início do século XX.
Que importa que uns falem mole descansado e) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao
Que os cariocas arranhem os erres na garganta transcrever a fala dela com os erros próprios da região.

Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais? Texto para as questões 12 e 13.

Que tem se o quinhentos réis meridional Aula de Português


Vira cinco tostões do Rio pro Norte? 1 A linguagem
Junto formamos este assombro de misérias e grandezas, na ponta da língua
tão fácil de falar
Brasil, nome de vegetal! (...)”
4 e de entender.
(Mário de Andrade. Poesias completas. 6. ed.
São Paulo: Martins Editora, 1980.) A linguagem
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças bra- na superfície estrelada de letras,
sileiras no âmbito 7 sabe lá o que quer dizer?
a) étnico e religioso.
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
b) linguístico e econômico.
e vai desmatando
c) racial e folclórico.
10 o amazonas de minha ignorância.
d) histórico e geográfico.
Figuras de gramática, esquipáticas,
e) literário e popular. atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

13 Já esqueci a língua em que comia,


Questão 11 2006 em que pedia para ir lá fora,
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de em que levava e dava pontapé,
porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne 16 a língua, breve língua entrecortada
de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho do namoro com a priminha.
da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de
couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com O português são dois; o outro, mistério.
torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para
estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, a guisa de lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

308

28
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 12 2006 Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os me-


ninos, lombrigas (...)
Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta ex-
Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa.
pressa o contraste entre marcas de variação de usos da Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184.
linguagem em
a) situações formais e informais. O texto anterior está escrito em linguagem de uma época
passada. Observe uma outra versão, em linguagem atual.
b) diferentes regiões do país.
c) escolas literárias distintas. Antigamente

GRAMÁTICA
d) textos técnicos e poéticos. Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando mal,
mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à farmácia
e) diferentes épocas.
para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doen-
ça nefasta era a tuberculose, feia era a sífilis. Antigamente,
Questão 13 2006 os sobrados tinham assombrações, os meninos, vermes (...)
No poema, a referência à variedade padrão da língua está Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na se-
expressa no seguinte trecho: gunda versão, houve mudanças relativas a
a) “A linguagem / na ponta da língua” (v.1 e 2). a) vocabulário.
b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” b) construções sintáticas.
(v.5 e 6). c) pontuação.
c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v.14). d) fonética.
d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v.15). e) regência verbal.
e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v.17).
Questão 16 2008
Questão 14 2006 A Ema
No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaquei- O surgimento da figura da Ema no céu, ao leste, no anoite-
ro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salá- cer, na segunda quinzena de junho, indica o início do inverno
rio. Eis parte da cena: para os índios do sul do Brasil e o começo da estação seca
1 Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza para os do norte. É limitada pelas constelações de Escorpião
havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e do Cruzeiro do Sul, ou Cut’uxu. Segundo o mito guarani,
e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim o Cut’uxu segura a cabeça da ave para garantir a vida na
4 no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava Terra, porque, se ela se soltar, beberá toda a água do nosso
direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta planeta. Os tupis-guaranis utilizam o Cut’uxu para se orientar
de alforria? e determinar a duração das noites e as estações do ano.
A ilustração a seguir é uma representação dos corpos
7 O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o celestes que constituem a constelação da Ema, na per-
vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. cepção indígena.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem.
10 Não era preciso barulho não.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91a ed.
Rio de Janeiro: Record, 2003.
No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem
convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo
no vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal da
linguagem o seguinte trecho:
a) “Não se conformou: devia haver engano” (ℓ.1). Almanaque BRASIL, maio/2007 (com adaptações).
b) “e Fabiano perdeu os estribos” (ℓ.3). A próxima figura mostra, em campo de visão ampliado,
c) “Passar a vida inteira assim no toco” (ℓ.3 - 4). como povos de culturas não indígenas percebem o espa-
d) “entregando o que era dele de mão beijada!” (ℓ.4). ço estelar em que a Ema é vista.
e) “Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou” (ℓ.9).

Questão 15 2007
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando per-
rengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir
à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedo-
rentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o gálico. Internet: <geocities.yahoo.com.br> (com adaptações).

309

29
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Assinale a opção correta a respeito da linguagem empre- Na representação escrita da conversa telefônica entre a
gada no texto A Ema. gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira
de falar da gerente foi alterada de repente devido
a) A palavra Cut’uxu é um regionalismo utilizado pelas
populações próximas às aldeias indígenas. a) à adequação de sua fala à conversa com um amigo,
caracterizada pela informalidade.
b) O autor se expressa em linguagem formal em todos
b) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcio-
os períodos do texto.
nário do banco.
c) A ausência da palavra Ema no início do período “É c) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Mi-
limitada (...)” caracteriza registro oral. nas Gerais).
d) A palavra Cut’uxu está destacada em itálico porque d) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu
integra o vocabulário da linguagem informal. nome completo.
e) No texto, predomina a linguagem coloquial porque ele e) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de
consta de um almanaque. Júlio.

Questão 17 2008 Questão 19 2009

Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível,


v. 2. L&PM pocket, p.55-6 (com adaptações).
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro XAVIER, C. Quadrinho quadrado. Disponível em: http://www.
releituras.com. Acesso em: 5 jul. 2009.
informal, ou coloquial, da linguagem.
Quanto às variantes linguísticas presentes no texto, a
a) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”
norma-padrão da língua portuguesa é rigorosamente obe-
b) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus decida por meio
chifres cairão!” a) do emprego do pronome demonstrativo “esse” em
c) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atra- “Por que o senhor publicou esse livro?”.
vessar a rua...” b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em “Meu filho,
d) “...e ela me deu um anel mágico que me levou a um um escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!”.
tesouro” c) do emprego do pronome possessivo “sua” em “Qual
e) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etió- foi sua maior motivação?”.
pia, onde um dragão...” d) do emprego do vocativo “Meu filho”, que confere à
fala distanciamento do interlocutor.
Questão 18 2009 e) da necessária repetição do conectivo no último qua-
drinho.
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Cliente – Estou interessado em financiamento para compra Questão 20 2009
de veículo.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito.
O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcio-
nário do banco.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá
em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de
Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. BROWNE, C. Hagar, o horrível. Jornal O GLOBO,
São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado). Segundo Caderno. 20 fev. 2009.

310

30
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

A linguagem da tirinha revela Questão 22 2009


a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário pró- Texto I
prios de épocas antigas.
O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de
b) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na “língua
mais formal da língua. brasileira”, refúgio nefasto e confissão nojenta de ignorância
c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal do idioma pátrio, recurso vergonhoso de homens de cultura
no segundo quadrinho. falsa e de falso patriotismo. Como havemos de querer que
d) o uso de um vocabulário específico para situações co- respeitem a nossa nacionalidade se somos os primeiros a

GRAMÁTICA
municativas de emergência. descuidar daquilo que exprime e representa o idioma pátrio?
e) a intenção comunicativa dos personagens: a de esta- ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa.
belecer a hierarquia entre eles. Prefácio. São Paulo: Saraiva, 1999 (adaptado).
Texto II
Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta Gra-
Questão 21 2009
mática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de livro.
Assim, o autor escreve tenho que reformular, e não tenho de
Cuitelinho
reformular; pode-se colocar dois constituintes, e não podem-
Cheguei na bera do porto se colocar dois constituintes; e assim por diante. Isso foi
Onde as onda se espaia. feito de caso pensado, com a preocupação de aproximar a
As garça dá meia volta, linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente
nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época.
Senta na bera da praia.
REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva
E o cuitelinho não gosta do português. São Paulo: Ática, 1996.
Que o botão da rosa caia. Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos,
conclui-se que
Quando eu vim da minha terra,
a) ambos os textos tratam da questão do uso da língua
Despedi da parentaia. com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro.
Eu entrei em Mato Grosso, b) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da
Dei em terras paraguaia. gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras
prescritivas da língua.
Lá tinha revolução,
c) a questão do português falado no Brasil é abordada
Enfrentei fortes bataia. nos dois textos, que procuram justificar como é corre-
to e aceitável o uso coloquial do idioma.
A tua saudade corta
d) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua,
Como o aço de navaia. ao passo que o segundo defende que a linguagem jor-
O coração fica aflito, nalística deve criar suas próprias regras gramaticais.
Bate uma e outra faia. e) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da
língua, enquanto o segundo defende uma adequação
E os oio se enche d´água
da língua escrita ao padrão atual brasileiro.
Que até a vista se atrapaia.
Texto para as questões 23 e 24.
Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vo-
São Paulo: Parábola, 2004. cês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser aquela
de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele
Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta
primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje
aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua
não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas
forma de falar, além de registrar um momento histórico. com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos,
Depreende-se disso que a importância em preservar a europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro.
produção cultural de uma nação consiste no fato de que A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço
produções como a canção Cuitelinho evidenciam a de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos?
a) recriação da realidade brasileira de forma ficcional. Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim,
b) criação neológica na língua portuguesa. vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para
nós, o importante é que vocês olhem para a gente como
c) formação da identidade nacional por meio da tradição seres humanos, como pessoas que nem precisam de pa-
oral. ternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios.
d) incorreção da língua portuguesa que é falada por pes- Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos
soas do interior do Brasil. compartilhar esse Brasil com vocês.
e) padronização de palavras que variam regionalmente, TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes
mas possuem mesmo significado. locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).

311

31
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 23 2009 Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito


à mão que aborda a questão das atividades linguísticas
Os procedimentos argumentativos utilizados no texto e sua relação com as modalidades oral e escrita da lín-
permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor gua. Esse comentário deixa evidente uma posição crítica
foca o seu discurso, pertence quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando
a) ao mesmo grupo social do falante/autor. ser necessário
b) a um grupo de brasileiros considerados como não índios. a) implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltu-
c) a um grupo étnico que representa a maioria europeia ra, naturalidade e segurança no uso da língua.
que vive no país. b) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para
d) a um grupo formado por estrangeiros que falam português. a obtenção de clareza na comunicação oral e escrita.

e) a um grupo sociocultural formado por brasileiros natu- c) dominar as diferentes variedades do registro oral da
ralizados e imigrantes. língua portuguesa para escrever com adequação, efi-
ciência e correção.
d) empregar vocabulário adequado e usar regras da nor-
Questão 24 2009
ma-padrão da língua em se tratando da modalidade
Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, escrita.
a norma-padrão da língua portuguesa é empregada com e) utilizar recursos mais expressivos e menos desgasta-
a finalidade de dos da variedade padrão da língua para se expressar
com alguma segurança e sucesso.
a) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa lín-
gua materna.
Questão 26 2009
b) situar os dois lados da interlocução em posições si-
métricas. Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos
c) comprovar a importância da correção gramatical nos ligados a variedades da língua portuguesa no mundo e
diálogos cotidianos. no Brasil.
d) mostrar como as línguas indígenas foram incorpora-
Texto I
das à língua portuguesa.
e) ressaltar a importância do código linguístico que ado- Acompanhando os navegadores, colonizadores e comer-
tamos como língua nacional. ciantes portugueses em todas as suas incríveis viagens, a
partir do século XV, o português se transformou na língua
de um império. Nesse processo, entrou em contato —
Nesta questão foram trabalhadas: forçado, o mais das vezes; amigável, em alguns casos —
com as mais diversas línguas, passando por processos de
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua por-
variação e de mudança linguística. Assim, contar a história
tuguesa como língua materna, geradora de significação e in-
tegradora da organização do mundo e da própria identidade. do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial
e de país independente, já que as línguas não são meca-
Habilidade 27 – Reconhecer os usos da norma-padrão da nismos desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse ce-
língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
nário, são muitos os aspectos da estrutura linguística que
não só expressam a diferença entre Portugal e Brasil como
também definem, no Brasil, diferenças regionais e sociais.
Questão 25 2009 PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil.
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br.
Acesso em: 5 jul. 2009 (adaptado).

Texto II
Barbarismo é vício que se comete na escritura de cada
uma das partes da construção ou na pronunciação. E em
nenhuma parte da Terra se comete mais essa figura da
pronunciação que nestes reinos, por causa das muitas
nações que trouxemos ao jugo do nosso serviço. Porque
bem como os Gregos e Romanos haviam por bárbaras
todas as outras nações estranhas a eles, por não poderem
formar sua linguagem, assim nós podemos dizer que as
nações de África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam quando
querem imitar a nossa.
BARROS, J. Gramática da língua portuguesa. Porto: Porto
Editora, 1957 (adaptado).
Os textos abordam o contato da língua portuguesa com
Veja, 7 maio 1997. outras línguas e processos de variação e de mudança de-

312

32
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

corridos desse contato. Da comparação entre os textos, Questão 28 2010


conclui-se que a posição de João de Barros (Texto II), em
relação aos usos sociais da linguagem, revela S.O.S Português
a) atitude crítica do autor quanto à gramática que as na-
Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente
ções a serviço de Portugal possuíam e, ao mesmo
da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com
tempo, de benevolência quanto ao conhecimento que
base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita
os povos tinham de suas línguas.
são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código.
b) atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa

GRAMÁTICA
nações sob domínio português, dado o interesse dos que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das
falantes dessas línguas em copiar a língua do império, regras gramaticais, sem a preocupação com situações de
o que implicou a falência do idioma falado em Portugal.
uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como
c) o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a
variante padrão da língua grega — em oposição às con- escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.
sideradas bárbaras —, em vista da necessidade de pre-
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV,
servação do padrão de correção dessa língua à época. no 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).
d) adesão à concepção de língua como entidade homo-
O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portu-
gênea e invariável, e negação da ideia de que a língua
guesa e foi publicado em uma revista destinada a profes-
portuguesa pertence a outros povos.
sores. Entre as características próprias desse tipo de tex-
e) atitude crítica, que se estende à própria língua portu- to, identificam-se as marcas linguísticas próprias do uso
guesa, por se tratar de sistema que não disporia de
elementos necessários para a plena inserção socio- a) regional, pela presença de léxico de determinada re-
cultural de falantes não nativos do português. gião do Brasil.
b) literário, pela conformidade com as normas da gramática.
Questão 27 2010 c) técnico, por meio de expressões próprias de textos
científicos.
d) coloquial, por meio do registro de informalidade.
e) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.

Questão 29 2010
Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência
para que seja conjurada uma calamidade que está prestes
a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-
-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está
empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transfor-
marem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que
a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar,
seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas funções orgâni-
cas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem
os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos
de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte
também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo,
BESSINHA. Disponível em: http://pattindica.files.wordpress.com/ dentro de um ano, é provável que em todo o Brasil estejam
2009/06/bessinha458904-jpg-image_1245119001858.jpeg organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja:
(adaptado). 200 núcleos destroçados da saúde de 2,2 mil futuras mães,
As diferentes esferas sociais de uso da língua obrigam o que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depres-
falante a adaptá-la às variadas situações de comunicação. siva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Uma das marcas linguísticas que configuram a linguagem Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010.
oral informal usada entre avô e neto neste texto é O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro,
a) a opção pelo emprego da forma verbal “era” em lugar José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então
de “foi”. presidente da República Getúlio Vargas. As opções lin-
b) a ausência de artigo antes da palavra “árvore”. guísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi elaborado
c) o emprego da redução “tá” em lugar da forma verbal em linguagem
“está”.
d) o uso da contração “desse” em lugar da expressão a) regional, adequada à troca de informações na situa-
“de esse”. ção apresentada.
e) a utilização do pronome “que” em início de frase b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do
exclamativa. futebol.

313

33
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora,
brasileiro comum. ainda, em ambos os territórios.
d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;
de comunicação. BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.
São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
e) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu
interlocutor. O português do Brasil não é uma língua uniforme. A va-
riação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas
as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades lin-
Questão 30 2011 guísticas, o texto mostra que as normas podem ser apro-
vadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção
Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o país do leitor para a
era povoado de índios. Importaram, depois, da África,
grande número de escravos. O Português, o Índio e o a) desconsideração da existência das normas populares
Negro constituem, durante o período colonial, as três pelos falantes da norma culta.
bases da população brasileira. Mas no que se refere b) difusão do português de Portugal em todas as regiões
à cultura, a contribuição do Português foi de longe a do Brasil só a partir do século XVIII.
mais notada. c) existência de usos da língua que caracterizam uma
Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal.
lado como línguas de comunicação. Era o tupi que utiliza- d) inexistência de normas cultas locais e populares ou
vam os bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia vernáculas em um determinado país.
o Padre Antônio Vieira que “as famílias dos portugueses e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos fre-
e índios em São Paulo estão tão ligadas hoje umas com quentes de uma língua devem ser aceitos.
as outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e
domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala
é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos aprender Questão 32 2011
à escola.”
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Mandioca – mais um presente da Amazônia
Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As desig-
A identidade de uma nação está diretamente ligada à cul- nações da Manihot utilissima podem variar de região, no
tura de seu povo. O texto mostra que, no período colonial Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta em todo
brasileiro, o Português, o Índio e o Negro formaram a base o território nacional: pão-de-pobre – e por motivos óbvios.
da população e que o patrimônio linguístico brasileiro é re-
Rica em fécula, a mandioca – uma planta rústica e nativa da
sultado da
Amazônia disseminada no mundo inteiro, especialmente
a) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros. pelos colonizadores portugueses – é a base de sustento de
b) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos muitos brasileiros e o único alimento disponível para mais
indígenas. de 600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta,
e em particular em algumas regiões da África.
c) importância do padre Antônio Vieira para a literatura
de língua portuguesa. O melhor do Globo Rural. Fev. 2005 (fragmento).

d) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de
línguas tupi. nomes para a Manihot utilissima, nome científico da man-
dioca. Esse fenômeno revela que
e) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da
língua tupi. a) existem variedades regionais para nomear uma mes-
ma espécie de planta.
b) mandioca é nome específico para a espécie existente
Questão 31 2011 na região amazônica.
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas c) “pão-de-pobre” é designação específica para a planta
ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao da região amazônica.
longo do território, seja numa relação de oposição, seja d) os nomes designam espécies diferentes da planta,
de complementaridade, sem, contudo, anular a interse- conforme a região.
ção de usos que configuram uma norma nacional distinta e) a planta é nomeada conforme as particularidades que
da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que apresenta.
opõe não só as normas do português de Portugal às nor-
mas do português brasileiro, mas também as chamadas
normas cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se Questão 33 2011
insistir na ideia de que essas normas se consolidaram
em diferentes momentos da nossa história e que só a Palavra indígena
partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifur- A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma
cação das variantes continentais, ora em consequência guarani os artefatos da era da computação que ganharam

314

34
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

importância em sua vida, como mouse (que eles chamam em seu processo de mudança que não podem ser blo-
de angojhá) e windows (oventã) queadas em nome de um “ideal linguístico” que estaria
Quando a internet chegou àquela comunidade, que abriga representado pelas regras da gramática normativa. Usos
em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de como ter por haver em construções existenciais (tem mui-
um projeto do Comitê para Democratização da Informática tos livros na estante), o do pronome objeto na posição de
(CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e sujeito (para mim fazer o trabalho), a não concordância das
com antena cedida pela Star One (da Embratel), Potty e passivas com se (aluga-se casas) são indícios da existên-
sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comu- cia, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de
nicação que a web traz. normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto

GRAMÁTICA
Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
preparação e envio de documentos, mas perceberam que CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.;
ela pode ajudar na preservação da cultura indígena. BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso.
São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os
guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da
estilo de vida. A importância da internet e da computação multiplicidade do discurso, verifica-se que
para eles está expressa num caso de rara incorporação: a) estudantes que não conhecem as diferenças entre lín-
a do vocabulário. gua escrita e língua falada empregam, indistintamen-
– Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou. “A gente te, usos aceitos na conversa com amigos quando vão
não está querendo chamar computador de “computador”. elaborar um texto escrito.
Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E cria- b) falantes que dominam a variedade padrão do portu-
ram aiú irú rive, “caixa pra acumular a língua”. Nós, brancos, guês do Brasil demonstram usos que confirmam a
usamos mouse, windows e outros termos, que eles come- diferença entre a norma idealizada e a efetivamente
çaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) praticada, mesmo por falantes mais escolarizados.
e oventã (janela) — conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI. c) moradores de diversas regiões do país que enfren-
Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. tam dificuldades ao se expressar na escrita revelam
Acesso em: 22 jul. 2010. a constante modificação das regras de emprego de
O uso das novas tecnologias de informação e comunicação pronomes e os casos especiais de concordância.
fez surgir uma série de novos termos que foram acolhidos d) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gra-
na sociedade brasileira em sua forma original, como: mou- mática ensinada na escola gostam de apresentar
se, windows, download, site, homepage, entre outros. O usos não aceitos socialmente para esconderem seu
texto trata da adaptação de termos da informática à língua desconhecimento da norma-padrão.
indígena como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela e) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da
língua portuguesa empregam formas do verbo ter
a) a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em rela- quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo
ção à comunicação que a web pode trazer a seu povo haver, contrariando as regras gramaticais.
e à facilidade no envio de documentos e na conversa-
ção em tempo real.
b) o uso da internet para preparação e envio de docu-
Questão 35 2012
mentos, bem como a contribuição para as atividades O senhor
relacionadas aos trabalhos da cultura indígena.
Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que
c) a preservação da identidade, demonstrada pela con-
dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao
servação do idioma, mesmo com a utilização de no-
autor chamando-o “o senhor”:
vas tecnologias características da cultura de outros
grupos sociais. Senhora:
d) adesão ao projeto do Comitê para Democratização da Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito ma-
Informática (CDI), que, em parceria com a ONG Rede goado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é,
Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web, mes- de nada, nem de ninguém.
mo em ambiente inóspito. Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu
e) a apropriação da nova tecnologia de forma gradual, está em não querer esconder sua condição, e esta no-
evidente quando os guaranis incorporaram a novidade breza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e
tecnológica ao seu estilo de vida com a possibilidade nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para
de acesso à internet. tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter en-
contrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na
prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí;
Questão 34 2011
o território onde eu mando é no país do tempo que foi.
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na es- Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu en-
crita, que, a depender do estrato social e do nível de esco- tre nós um muro frio e triste.
laridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece
até mesmo em falantes que dominam a variedade padrão, essa tristeza; mas também não era a vez primeira.
pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-
geralmente considera as situações específicas de uso so- -se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens le-
cial. A violação desse princípio causou um mal-estar no xicais outrora produtivos não mais o são no português
autor da carta. O trecho que descreve essa violação é: brasileiro atual. Esse fenômeno revela que
a) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase ergueu a) a língua portuguesa de antigamente carecia de ter-
entre nós um muro frio e triste.” mos para se referir a fatos e coisas do cotidiano.
b) “A única nobreza do plebeu está em não querer es- b) o português brasileiro se constitui evitando a amplia-
conder a sua condição.” ção do léxico proveniente do português europeu.
c) “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas c) a heterogeneidade do português leva a uma estabili-
de minha testa.” dade do seu léxico no eixo temporal.
d) “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.” d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para
e) “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; ser reconhecido como língua independente.
mas também não era a vez primeira.” e) o léxico do português representa uma realidade lin-
guística variável e diversificada.
Questão 36 2012
Texto I Questão 37 2012
Antigamente Cabeludinho
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos
pais, e se um se esquecia de arear os dentes antes de Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos
cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no cou- amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou
ro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição
tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no
nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha
cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas
penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do todo mundo riu. Porque aquela preposição deslocada po-
mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução dia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu
moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade
para comparecer todo liró ao copo-d’água, se bem que no de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no
convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bi- meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabelu-
lontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois dinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo
bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi
O melhor era pôr as barbas de molho diante de treteiro de nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar
topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada.
que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que
Nova Aguilar, 1983 (fragmento). elas informam. Por depois ouvir um vaqueiro a cantar com
saudade: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler.
Texto II Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a
Palavras do arco da velha solidão do vaqueiro.
BARROS, M. Memórias inventadas: a infância.
Expressão Significado
São Paulo: Planeta, 2003.
Cair nos braços de Morfeu Dormir
No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferen-
Debicar Zombar, ridicularizar tes possibilidades de uso da língua e sobre os sentidos
Tunda Surra que esses usos podem produzir, a exemplo das expres-
Mangar Escarnecer, caçoar sões “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu não sei a
ler”. Com essa reflexão, o autor destaca
Tugir Murmurar
Liró Bem-vestido a) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens
do texto.
Copo-d’água Lanche oferecido pelos
amigos b) a importância de certos fenômenos gramaticais para
o conhecimento da língua portuguesa.
Convescote Piquenique
c) a distinção clara entre a norma culta e as outras varie-
Bilontra Velhaco
dades linguísticas.
Treteiro de topete Tratante atrevido
d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho du-
Abrir o arco Fugir rante as suas férias.
FIORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua e) a valorização da dimensão lúdica e poética presente
Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado). nos usos coloquiais da linguagem.

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36
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 38 2012 brasileiros, assim como os falantes africanos de português,


usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque
Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre recebemos esses usos dos nossos ex-colonizadores. Não
pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçam-
sistematicamente me enviava missivas eruditas com pre- bicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa.
cisas informações sobre as regras da gramática, que eu E assim acontece com muitas outras coisas: regências
não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais
eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda so-
palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, mos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra

GRAMÁTICA
acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso
falei em “varreção” – do verbo “varrer”. De fato, trata-se bicentenário de independência, não faz sentido continuar
de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portu- Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasilei-
guesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página ros para só considerar certo o que é usado por menos de
827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a fotografia de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo te-
uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma “varroa”?) mos mais falantes de português do que em toda a Europa!
para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo.
Informativo Parábola Editorial. s/d.
O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas estou com
medo de que os mineiros da roça façam troça de mim Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas
porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles rirem de coloquiais e faz uso da norma-padrão em toda a extensão
mim não vai me adiantar mostra-lhes o xerox da página do do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
dicionário com a “varroa” no topo. Porque para eles não a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa,
é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas uma vez que o gênero entrevista requer o uso da nor-
montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não ma-padrão.
“barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto
b) apresenta argumentos carentes de comprovação
é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é
científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil
bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre de ser verificado na materialidade do texto.
ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.
c) propõe que o padrão normativo deve ser usado por
ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola,
falantes escolarizados como ele, enquanto a norma
2004 (fragmento).
coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo
d) acredita que a língua genuinamente brasileira está em
“que se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do
construção, o que o obriga a incorporar em seu coti-
dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
diano a gramática normativa do português europeu.
a) a supremacia das formas da língua em relação ao seu e) defende que a quantidade de falantes do português
conteúdo. brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a hege-
b) a necessidade da norma-padrão em situações formais monia do antigo colonizador.
de comunicação escrita.
c) a obrigatoriedade da norma culta da língua, para a ga- Questão 40 2012
rantia de uma comunicação efetiva.
d) a importância da variedade culta da língua, para a pre- O léxico e a cultura
servação da identidade cultural de um povo.
Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos
e) a necessidade do dicionário como guia de adequação
podem candidatar-se a expressar qualquer conteúdo. A
linguística em contextos informais privados.
pesquisa linguística do século XX demonstrou que não
há diferença qualitativa entre os idiomas do mundo – ou
Questão 39 2012 seja, não há idiomas gramaticalmente mais primitivos
ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que possa ser
Entrevista com Marcos Bagno efetivamente utilizada, essa igualdade potencial preci-
sa realizar-se na prática histórica do idioma, o que nem
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições sempre acontece. Teoricamente, uma língua com pouca
da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos tradição escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ou
usos que os escritores portugueses do século XIX faziam uma língua já extinta (como o latim ou o grego clássicos)
da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o podem ser empregadas para falar sobre qualquer assunto,
uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje como, digamos, física quântica ou biologia molecular. Na
tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, prática, contudo, não é possível, de uma hora para outra,
em dado momento da história de sua língua, deixaram de expressar tais conteúdos em camaiurá ou latim, simples-
fazer esse uso existencial do verbo “ter”. mente porque não haveria vocabulário próprio para esses
No entanto, temos registros escritos da época medie- conteúdos. É perfeitamente possível desenvolver esse
val em que aparecem centenas desses usos. Se nós, vocabulário específico, seja por meio de empréstimos de

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37
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

outras línguas, seja por meio da criação de novos termos c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua
na língua em questão, mas tal tarefa não se realizaria em fundamenta a definição da norma.
pouco tempo nem com pouco esforço. d) a adoção de uma única norma revela uma atitude ade-
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da quada para os estudos linguísticos.
língua portuguesa. Manual do professor. Curitiba:
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à com-
Positivo, 2004 (fragmento).
preensão da constituição linguística.
Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui
sua própria complexidade e dinâmica de funcionamento. Questão 42 2012
O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza
eu gostava muito de passeá… saí com as minhas colegas…
a) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicle-
pois o léxico contempla a visão de mundo particular ta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a
específica de uma cultura. palhaça da turma… ((risos))… eu acho que foi uma das fases
b) a existência de línguas limitadas por não permitirem mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de
ao falante nativo se comunicar perfeitamente a res- quinze… dos meus treze aos dezessete anos…
peito de qualquer conteúdo. A.P. S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental.
c) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a Projeto Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito).
gramática de línguas indígenas, se comparados com Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o re-
outras línguas de origem europeia. lato pessoal de A.P. S. como modalidade falada da língua é
d) a existência de diferenças vocabulares entre os idio- a) predomínio de linguagem informal entrecortada por
mas, especificidades relacionadas à própria cultura pausas.
dos falantes de uma comunidade.
b) vocabulário regional desconhecido em outras varieda-
e) a atribuição de maior importância sociocultural às des do português.
línguas contemporâneas, pois permitem que sejam c) realização do plural conforme as regras da tradição
abordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades. gramatical.
d) ausência de elementos promotores de coesão entre
Questão 41 2012 os eventos narrados.
e) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante.
A substituição do haver por ter em construções existenciais,
no português do Brasil, corresponde a um dos processos
Questão 43 2013
mais característicos da história da língua portuguesa, pa-
ralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domí- Até quando?
nio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase
Não adianta olhar pro céu
arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de
ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, Com muita fé e pouca luta
tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do sé- E muita greve, você pode, você deve, pode crer
culo XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de
Não adianta olhar pro chão
ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos
de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existen- Virar a cara pra não ver
cial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
como “novidade” no século XVIII por Said Ali. Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
Como se vê, nada é categórico e um purismo estrei- GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sem-
to só revela um conhecimento deficiente da língua. Há pre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto
norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso
e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através b) cunho apelativo, pela predominância de imagens me-
deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra? tafóricas.
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito c) tom de diálogo pela recorrência de gírias.
linguístico: do presente para o passado, In: Cadernos de Letras
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br.
Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). e) originalidade, pela concisão da linguagem.
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em di-
ferentes contextos evidencia que Questão 44 2013
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma Futebol: “A rebeldia é que muda o mundo”
pesquisa histórica. Conheça a história de Afonsinho, o primeiro jogador do
b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam a futebol brasileiro a derrotar a cartolagem e a conquistar o
variação e a mudança na língua. Passe Livre, há exatos 40 anos

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38
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez, a) “A Academia (Brasileira de Letras) encara essa aprova-
então com a camisa do Santos (porque depois voltaria a ção como um marco histórico. Inscreve-se, finalmen-
atuar pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos), em te, a Língua Portuguesa no rol daquelas que consegui-
1972, quando foi questionado se, finalmente, sentia-se um ram beneficiar-se há mais tempo da unificação de seu
homem livre. O Rei respondeu sem titubear: sistema de grafar, numa demonstração de consciên-
– Homem livre no futebol só conheço um: o Afonsinho. cia da política do idioma e de maturidade na defesa,
Este sim pode dizer, usando as suas palavras, que deu o difusão e ilustração da língua da Lusofonia.”
grito de independência ou morte. Ninguém mais. O resto SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em:
http://academia.org.br. Acesso em: 10 nov. 2008.

GRAMÁTICA
é conversa.
Apesar de suas declarações serem motivo de chacota por b) “Acordo ortográfico? Não, obrigado. Sou contra. Vis-
parte da mídia futebolística e até dos torcedores brasilei- ceralmente contra. Filosoficamente contra. Linguisti-
ros, o Atleta do Século acertou. E provavelmente acertaria camente contra. Eu gosto do “c” do “actor” e o “p”
novamente hoje. de “cepticismo”. Representam um património, uma
pegada etimológica que faz parte de uma identidade
Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele
cultural. A pluralidade é um valor que deve ser estu-
ano. Pelo reconhecimento do caráter e personalidade de
dado e respeitado. Aceitar essa aberração significa
um dos jogadores mais contestadores do futebol nacional.
apenas que a irmandade entre Portugal e o Brasil con-
E principalmente em razão da história de luta – e vitória –
tinua a ser a irmandade do atraso.”
de Afonsinho sobre os cartolas.
COUTINHO, J. P. Folha de São Paulo. Ilustrada.
ANDREUCCI, R. Disponível em: http://carosamigos.terra.com.br.
28 set. 2008, E1 (adaptado).
Acesso em: 19 ago. 2011.
O autor utiliza marcas linguísticas que dão ao texto um c) “Há um conjunto de necessidades políticas e econô-
caráter informal. Uma dessas marcas é identificada em micas com vista à internacionalização do português
como identidade e marca econômica.” “É possível
a) “[...] o Atleta do Século acertou.” que o (Fernando) Pessoa, como produto de exporta-
b) “O Rei respondeu sem titubear [...].“ ção, valha mais do que a PT (Portugal Telecom). Tem
c) “E provavelmente acertaria novamente hoje.” um valor econômico único.”
RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal.
d) “Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira
Disponível em: http:// ultimahora.publico.clix.pt.
vez [...].” Acesso em: 10 nov. 2008.
e) “Pela admiração por um de seus colegas de clube da-
quele ano.” d) “É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo Or-
tográfico.” “O acordo não leva a unidade nenhuma.”
“Não se pode aplicar na ordem interna um instrumen-
Nesta questão foram trabalhadas: to que não está aceito internacionalmente” e nem
assegura “a defesa da língua como património, como
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua por- prevê a Constituição nos artigos 9o e 68o.”
tuguesa como língua materna, geradora de significação e in-
tegradora da organização do mundo e da própria identidade. MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em:
www.mundoportugues.org. Acesso em: 10 nov. 2008.
Habilidade 26 – Relacionar as variedades linguísticas a situa-
ções específicas de uso social. e) “Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unificação
da língua] deve ser mais abrangente e temos de estar
em paridade. Unidade não significa que temos que
andar todos ao mesmo passo. Não é necessário que
A LÍNGUA EM nos tornemos homogéneos. Até porque o que enri-
quece a língua portuguesa são as diversas literaturas
CONSTANTE MUDANÇA e formas de utilização.”
RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto
Questão 45 2010 Português do Oriente, sediado em Macau.
Disponível em: http://taichungpou.blogspot.com.
O presidente Lula assinou, em 29 de setembro de 2008, Acesso em: 10. nov. 2008 (adaptado).
decreto sobre o Novo Acordo Ortográfico da Língua Por-
tuguesa. As novas regras afetam principalmente o uso
dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. PROCESSOS DE
Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levanta- FORMAÇÃO DE PALAVRAS
do em Macau e nos oito países de língua portuguesa:
Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Questão 46 2000
Comparando as diferentes opiniões sobre a validade de O autor do texto a seguir critica, ainda que em linguagem
se estabelecer o acordo para fins de unificação, o argu- metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos
mento que, em grande parte, foge a essa discussão é seus hábitos alimentares.

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39
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a a) em I, indica reflexividade e equivale a “a si mesmas”.
gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...) b) em II, indica reciprocidade e equivale a “a si mesma”.
Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sa- c) em III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras”.
bem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso
d) em I e III, indica reciprocidade e equivale a “umas às
porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite
outras”.
em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e esta-
va escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem e) em II e III, indica reflexividade e equivale a “a si mes-
vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriqueci- ma ” e “a si mesmas”, respectivamente.
do e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite
Questão 48 2000
é outra coisa: ‘Líquido branco, contendo água, proteína,
açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém bo- O uso do pronome átono no início das frases é destacado
tar defeito. O ser humano o usa há mais de 5 000 anos. por um poeta e por um gramático nos textos abaixo.
É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal
andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra Pronominais
fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou
Dê-me um cigarro
bota fora.
Diz a gramática
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chum-
bo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, Do professor e do aluno
sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio. E do mulato sabido
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos
não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gos- Mas o bom negro e o bom branco
tam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!” da Nação Brasileira
(FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, Dizem todos os dias
22 de agosto de 1999) Deixa disso camarada
A palavra embromatologia usada pelo autor é: Me dá um cigarro
a) um termo científico que significa estudo dos bromatos. (ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos.
São Paulo: Nova Cultural, 1988)
b) uma composição do termo de gíria “embromação”
(enganação) com bromatologia, que é o estudo dos “Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conver-
alimentos. sação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando
c) uma junção do termo de gíria “embromação” (engana- se deseja reproduzir a fala dos personagens (...).”
ção) com lactologia, que é o estudo das embalagens (CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da
para leite. língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980)
d) um neologismo da química orgânica que significa a Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa
técnica de retirar bromatos dos laticínios. regra, pode-se afirmar que ambos:
e) uma corruptela de termo da agropecuária que signifi- a) condenam essa regra gramatical.
ca a ordenha mecânica. b) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa
regra.
c) criticam a presença de regras na gramática.
PRONOMES d) afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e) relativizam essa regra gramatical.
Questão 47 1999

Questão 49 2011

(QUINO. Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993) VERÍSSIMO, L. F. As cobras em: Se Deus existe que eu
seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997.
Observando as falas das personagens, analise o emprego
do pronome SE e o sentido que adquire no contexto. No O humor da tira decorre da reação de uma das cobras
contexto da narrativa, é correto afirmar que o pronome SE, com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez

320

40
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

de pronome oblíquo. De acordo com a norma-padrão da Quero vivê-lo em cada vão momento
língua, esse uso é inadequado, pois E em seu louvor hei de espalhar meu canto
a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua. E rir meu riso e derramar meu pranto
b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito Ao seu pesar ou ao seu contentamento.
e objeto.
E assim, quando mais tarde me procure
c) gera inadequação na concordância com o verbo.
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
d) gera ambiguidade na leitura do texto.
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

GRAMÁTICA
e) apresenta dupla marcação de sujeito.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
PREPOSIÇÕES Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Questão 50 2002 (MORAES, Vinícius de. Antologia poética.
São Paulo: Cia das Letras, 1992)
A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão
A palavra mesmo pode assumir diferentes significados,
sobre aspectos da sociedade em que vivemos.
de acordo com a sua função na frase. Assinale a alter-
“Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu bra- nativa em que o sentido de mesmo equivale ao que se
ço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo verifica no 3o verso da 1a estrofe do poema de Vinícius de
que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Moraes.
Não estava. Queria saber a hora.
a) “Pai, para onde fores, / irei também trilhando as mes-
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não mas ruas...” (Augusto dos Anjos)
era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Meni-
no De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e b) “Agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste
da vida interior, que é modesta, com a exterior, que é
camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o
ruidosa.” (Machado de Assis)
dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é
aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com c) “Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o re-
força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão. médio não surtiu efeito, mesmo em doses variáveis.”
(...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem (Raimundo Faoro)
meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua d) “Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo necessidade
é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos de fazê-lo padre?” (Machado de Assis)
aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante e) “Vamos de qualquer maneira, mas vamos mesmo.”
muitos anos também são postos onde quer que estejam. (Aurélio)
Resta ver quem os põe na rua. E por quê.“
COLASSANTI, Marina. In: Eu sei, mas Questão 52 2001
não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
No terceiro parágrafo em “... não existem meninos De rua. O mundo é grande
Existem meninos NA rua”., a troca de De pelo Na determi-
O mundo é grande e cabe
na que a relação de sentido entre “menino” e “rua” seja
Nesta janela sobre o mar.
a) de localização e não de qualidade.
O mar é grande e cabe
b) de origem e não de posse.
Na cama e no colchão de amar.
c) de origem e não de localização.
O amor é grande e cabe
d) de qualidade e não de origem.
No breve espaço de beijar.
e) de posse e não de localização.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

CONJUNÇÕES Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a


reiteração de determinadas construções e expressões
linguísticas, como o uso da mesma conjunção para esta-
Questão 51 1999 belecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabe-
lece, entre as ideias relacionadas, um sentido de
Soneto de fidelidade a) oposição.
De tudo ao meu amor serei atento b) comparação.
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto c) conclusão.
Que mesmo em face do maior encanto d) alternância.
Dele se encante mais meu pensamento. e) finalidade.

321

41
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 53 2004 c) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na


abertura da frase.
Leia o poema abaixo. d) contém uma ideia de sequência temporal que direcio-
na a conclusão do leitor.
Cidade grande e) assume funções discursivas distintas nos dois con-
Que beleza, Montes Claros. textos de uso.

Como cresceu Montes Claros.


Questão 55 2010
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto, O Flamengo começou a partida no ataque, enquanto o
ficou urbe tão notória, Botafogo procurava fazer uma forte marcação no meio-
-campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado
prima-rica do Rio de Janeiro,
entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais pos-
que já tem cinco favelas se de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificul-
por enquanto, e mais promete. dade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio
montado pelo Botafogo na frente da sua área.
(Carlos Drummond de Andrade)
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol.
Após cruzamento da direita de Ibson, a zaga alvinegra
No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já
tem cinco favelas”, a palavra que contribui para estabele- rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson
cer uma relação de consequência. Dos seguintes versos, apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Re-
todos de Carlos Drummond de Andrade, apresentam nan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da defesa e
esse mesmo tipo de relação: empurrou para o fundo da rede quase que em cima da
linha: Flamengo 1 a 0.
a) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que Disponível em: http://momentodofutebol.
eu não era Deus / se sabias que eu era fraco.” blogspot.com (adaptado).
b) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu / a
O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeona-
ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu /
to Carioca de futebol, realizado em 2009, contém vários
chamava para o café.”
conectivos, sendo que
c) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa
mais que a mão de uma criança.” a) após é conectivo de causa, já que apresenta o moti-
vo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de cabeça.
d) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca,
tão pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio b) enquanto tem um significado alternativo, porque
e danço e invento exclamações alegres.” conecta duas opções possíveis para serem aplicadas
no jogo.
e) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão
c) no entanto tem significado de tempo, porque orde-
os poemas que esperam ser escritos.”
na os fatos observados no jogo em ordem cronológi-
ca de ocorrência.
Questão 54 2010 d) mesmo traz ideia de concessão, já que “com mais
posse de bola”, ter dificuldade não é algo naturalmen-
te esperado.
Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e su-
marenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, e) por causa de indica consequência, porque as tentati-
vas de ataque do Flamengo motivaram o Botafogo a
malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha
fazer um bloqueio.
era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros.
O calor era forte no apartamento que estavam aos pou-
cos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela
mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar
ORAÇÕES COORDENADAS
e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um Questão 56 2013
lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não
outras, mas essas apenas.
LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no


fragmento apresentado. Observando aspectos da organi-
zação, estruturação e funcionalidade dos elementos que
articulam o texto, o conectivo mas
a) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em
que aparece no texto.
b) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com.br.
se usado no início da frase. Acesso em: 21 set. 2011

322

42
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora d) adversidade, segundo a qual se articulam duas partes
para o efeito de humor está indicado pelo(a) de um texto em que uma apresenta uma orientação
argumentativa distinta e oposta à outra.
a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a
quebra da expectativa ao final. e) finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de
b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de cau- um texto em que uma apresenta o meio, por exem-
sa e efeito entre as ações. plo, para uma ação e a outra, o desfecho da mesma.

c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambi-


guidade dos sentidos a ele atribuídos. ACENTUAÇÃO

GRAMÁTICA
d) utilização da forma pronominal “Ia”, que reflete um tra-
tamento formal do filho em relação à “mãe”. Questão 58 1999
e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de
adição existente entre as orações. Diante da visão de um prédio com uma placa indicando
SAPATARIA PAPALIA, um jovem deparou com a dúvida:
como pronunciar a palavra PAPALIA? Levado o problema à
RELAÇÕES DE sala de aula, a discussão girou em torno da utilidade de co-
nhecer as regras de acentuação e, especialmente, do au-
CONCORDÂNCIA xílio que elas podem dar à correta pronúncia de palavras.
Após discutirem pronúncia, regras de acentuação e escri-
Questão 57 2012
ta, três alunos apresentaram as seguintes conclusões a
Labaredas nas trevas respeito da palavra PAPALIA:
Fragmentos do diário secreto de Teodor Konrad Nalecz I. Se a sílaba tônica for o segundo PA, a escrita deveria
Korzeniowski ser PAPÁLIA, pois a palavra seria paroxítona termi-
nada em ditongo crescente.
20 DE JULHO [1912]
Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre II. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPA-
Crane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, LÍA, pois “i” e “a” estariam formando hiato.
nenhum jornal ou revista se interessaria por qualquer coi-
III. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser PAPALIA,
sa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen
pois não haveria razão para o uso de acento gráfico.
Crane. Ririam da sugestão. […] Dificilmente encontro al-
guém, agora, que saiba quem é Stephen Crane ou lem-
bre-se de algo dele. Para os jovens escritores que estão
surgindo ele simplesmente não existe.”

20 DE DEZEMBRO [1919]
Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou
reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa.
Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu,
mas eu não o esqueço. E parece que outros também não.
The London Mercury resolveu celebrar os vinte e cinco
anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi
“um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo.
FONSECA, R. Romance negro e outras histórias.
São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmento).
Na construção de textos literários, os autores recorrem com A conclusão está correta apenas em:
frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enun-
ciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas a) I c) III e) I e III
de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmen- b) II d) I e II
tos do texto em questão, uma relação semântica de
a) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes
de um texto, em que uma contém a causa e a outra,
GÊNEROS, TIPOS,
a consequência. ESTRUTURA E
b) temporalidade, segundo a qual se articulam as partes PROGRESSÃO TEXTUAL
de um texto, situando no tempo o que é relatado nas
partes em questão. Questão 59 1998
c) condicionalidade, segundo a qual se combinam duas
partes de um texto, em que uma resulta ou depende Amor é fogo que arde sem ver;
de circunstâncias apresentadas na outra. é ferida que dói e não se sente;

323

43
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

é um contentamento descontente; Mas como causar pode seu favor


é dor que desatina sem doer. nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
É um não querer mais que bem querer; Luís de Camões
é solitário andar por entre a gente;
O poema pode ser considerado como um texto:
é nunca contentar-se de contente;
a) argumentativo.
é cuidar que se ganha em se perder;
b) narrativo.
É querer estar preso por vontade; c) épico.
é servir a quem vence, o vencedor; d) de propaganda.
é ter com quem nos mata lealdade. e) teatral.

Questão 60 2004

O jivaro
Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um índio jivaro,
desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações, e o
índio lhe disse que exatamente ele tinha contas a acertar com um inimigo.
O Sr. Matter:
– Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um macaco.
E o índio:
– Por que um macaco? Ele não me fez mal!
(Rubem Braga)

O assunto de uma crônica pode ser uma experiência pessoal do cronista, uma informação obtida por ele ou um caso ima-
ginário.
O modo de apresentar o assunto também varia: pode ser uma descrição objetiva, uma exposição argumentativa ou uma
narrativa sugestiva. Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma reflexão, definir um sentimento ou tão somente
provocar o riso.
Na crônica O jivaro, escrita a partir da reportagem de um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes elementos:
Assunto Modo de apresentar Finalidade
a) caso imaginário descrição objetiva provocar o riso
b) informação colhida narrativa sugestiva promover reflexão
c) informação colhida descrição objetiva definir um sentimento
d) experiência pessoal narrativa sugestiva provocar o riso
e) experiência pessoal exposição argumentativa promover reflexão

Questão 61 2008 — Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta
sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se
São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quan- quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)
tas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a E outro:
flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão — Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê.
reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá
homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pen- de meu quarto e de meu peito!
sões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3.
sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).
perguntando:
O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-
— Quantos são aqui?
-histórico — o recenseamento —, apresenta característi-
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá: ca marcante do gênero crônica ao
— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, a) expressar o tema de forma abstrata, evocando ima-
só há pulgas e ratos. gens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por
E outro: meio de outra.

324

44
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os per- Questão 63 2009


sonagens em um só tempo e um só espaço.
c) contar história centrada na solução de um enigma,
La Vie en Rose
construindo os personagens psicologicamente e re-
velando-os pouco a pouco.
d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando
transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para
manter as pessoas informadas.

GRAMÁTICA
e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida
para a construção de texto que recebe tratamento es-
tético.

Questão 62 2009
Gênero dramático é aquele em que o artista usa como
intermediária entre si e o público a representação. A
palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A
peça teatral é, pois, uma composição literária destinada
à apresentação por atores em um palco, atuando e dia-
logando entre si. O texto dramático é complementado
pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui
uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presen-
ça de personagens que devem estar ligados com lógica
uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama,
enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras
de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade
do efeito e segundo uma ordem composta de exposição,
conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação
ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas,
sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema,
ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou
sua interpretação real por meio da representação.
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1973 (adaptado).

Considerando o texto e analisando os elementos que


ITURRUSGARAI, A. La Vie en Rose.
constituem um espetáculo teatral, conclui-se que
Folha de S.Paulo, 11 ago. 2007.
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadri-
fenômeno de ordem individual, pois não é possível
nhos constituem um gênero textual
sua concepção de forma coletiva.
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebi- a) em que a imagem pouco contribui para facilitar a inter-
do e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e pretação da mensagem contida no texto, como pode
independente do tema da peça e do trabalho interpre- ser constatado no primeiro quadrinho.
tativo dos atores. b) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e cla-
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados ra, que facilita a compreensão, como se percebe na
gêneros textuais, como contos, lendas, romances, fala do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR
poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.
textuais, entre outros.
c) em que o uso de letras com espessuras diversas está
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na ligado a sentimentos expressos pelos personagens,
comunicação teatral, visto que o mais importante é
como pode ser percebido no último quadrinho.
a expressão verbal, base da comunicação cênica em
toda a trajetória do teatro até os dias atuais. d) que possui em seu texto escrito características próxi-
mas a uma conversação face a face, como pode ser
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico in-
percebido no segundo quadrinho.
dependem do processo de produção/recepção do
espetáculo teatral, já que se trata de linguagens e) que a localização casual dos balões nos quadrinhos ex-
artísticas diferentes, agregadas posteriormente à pressa com clareza a sucessão cronológica da história,
cena teatral. como pode ser percebido no segundo quadrinho.

325

45
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 64 2009 ficas, formais e de conteúdo. Considerando o contexto


em que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é
a) influenciar o comportamento do leitor, por meio de
apelos que visam à adesão ao consumo.
b) definir regras de comportamento social pautadas no
combate ao consumismo exagerado.
c) defender a importância do conhecimento de informá-
tica pela população de baixo poder aquisitivo.
d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
classes sociais economicamente desfavorecidas.
e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente
que a máquina, mesmo a mais moderna.

Questão 66 2010

O dia em que o peixe saiu de graça


Uma operação do Ibama para combater a pesca ilegal na
divisa entre os Estados do Pará, Maranhão e Tocantins
incinerou 110 quilômetros de redes usadas por pesca-
dores durante o período em que os peixes se reprodu-
zem. Embora tenha um impacto temporário na atividade
econômica da região, a medida visa preservá-la ao longo
BRASIL. Ministério da Saúde. Revista Nordeste, prazo, evitando o risco de extinção dos animais. Cerca de
João Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009. 15 toneladas de peixes foram apreendidas e doadas para
O texto exemplifica um gênero textual híbrido entre carta instituições de caridade.
e publicidade oficial. Em seu conteúdo, é possível perce- Época. 23 mar. 2009 (adaptado).
ber aspectos relacionados a gêneros digitais. Consideran- A notícia, do ponto de vista de seus elementos consti-
do-se a função social das informações geradas nos siste- tutivos,
mas de comunicação e informação presentes no texto,
infere-se que a) apresenta argumentos contrários à pesca ilegal.
a) a utilização do termo download indica restrição de lei- b) tem um título que resume o conteúdo do texto.
tura de informações a respeito de formas de combate c) informa sobre uma ação, a finalidade que a motivou e
à dengue. o resultado dessa ação.
b) a diversidade dos sistemas de comunicação empre- d) dirige-se aos órgãos governamentais dos estados en-
gados e mencionados reduz a possibilidade de acesso volvidos na referida operação do Ibama.
às informações a respeito do combate à dengue. e) introduz um fato com a finalidade de incentivar movi-
c) a utilização do material disponibilizado para download mentos sociais em defesa do meio ambiente.
no site www.combatadengue.com.br restringe-se ao
receptor da publicidade. Questão 67 2010
d) a necessidade de atingir públicos distintos se revela
por meio da estratégia de disponibilização de informa-
ções empregada pelo emissor.
e) a utilização desse gênero textual compreende, no pró-
prio texto, o detalhamento de informações a respeito Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista,
de formas de combate à dengue. dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crí-
tico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em
Questão 65 2010 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de
negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se
A DE COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a
mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês,
12X SEM JUROS.
também mulata, que se dedica ao menino e o matricu-
Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. la na escola pública, única que frequentou o autodidata
Revista Época. Nº 424, 03 jul. 2006. Machado de Assis.
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como Disponível em: http://www.passeiweb.com.
práticas de linguagem, assumindo configurações especí- Acesso em: 1 maio 2009.

326

46
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros O anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário
textuais, o texto citado constitui-se de de consumo quando sua função é vender um produto.
a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter rea- No texto apresentado, utilizam-se elementos linguísti-
lista, relativos à vida de um renomado escritor. cos e extralinguísticos para divulgar a atração “Noites do
b) representações generalizadas acerca da vida de mem- Terror”, de um parque de diversões. O entendimento da
bros da sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana. propaganda requer do leitor
c) explicações da vida de um renomado escritor, com a) a identificação com o público-alvo a que se destina o
estrutura argumentativa, destacando como tema anúncio.
b) a avaliação da imagem como uma sátira às atrações

GRAMÁTICA
seus principais feitos.
d) questões controversas e fatos diversos da vida de de terror.
personalidade histórica, ressaltando sua intimidade c) a atenção para a imagem da parte do corpo humano
familiar em detrimento de seus feitos públicos. selecionada aleatoriamente.
d) o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e
e) apresentação da vida de uma personalidade, organiza-
um dito popular.
da sobretudo pela ordem tipológica da narração, com
e) a percepção do sentido literal da expressão “noites do
um estilo marcado por linguagem objetiva.
terror”, equivalente à expressão “noites de terror”.

Questão 68 2010
Questão 70 2011
Choque a 36 000 km/h No capricho
A faixa que vai de 160 quilômetros de altitude em volta da O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo dele-
terra assemelha-se a uma avenida congestionada onde gado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora. Ao
orbitam 3 000 satélites ativos. Eles disputam espaço com entrar a autoridade e percebendo que o cabôco admirava
17 000 fragmentos de artefatos lançados pela Terra e que
tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?”
se desmancharam – foguetes, satélites desativados e até
ferramentas perdidas por astronautas. Com um tráfego E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá ao
celeste tão intenso, era questão de tempo para que acon- cabôco da roça: “Mas pelo amor de Deus, hein, dotô!
tecesse um acidente de grandes proporções, como o da Que muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do
semana passada. Na terça-feira, dois satélites em órbita deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no escuro.”
desde os anos 90 colidiram em um ponto 790 quilômetros Ao que o delegado não teve como deixar de confessar,
acima da Sibéria. A trombada dos satélites chama a aten- um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em
ção para os riscos que oferece a montanha de lixo espacial cima da bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é
em órbita. Como os objetos viajam a grande velocidade, uma feiura caprichada.”
mesmo um pequeno fragmento de 10 centímetros poderia
causar estragos consideráveis no telescópio Hubble ou BOLDRIN, R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo:
na estação espacial Internacional – nesse caso pondo em Andreato Comunicação e Cultura, nº 62, 2004 (adaptado).
risco a vida dos astronautas que lá trabalham. Por suas características formais, por sua função e uso, o
Revista Veja. 18 set. 2009 (adaptado). texto pertence ao gênero
Levando-se em consideração os elementos constitutivos a) anedota, pelo enredo e humor característicos.
de um texto jornalístico, infere-se que o autor teve como b) crônica, pela abordagem literária de fatos do cotidiano.
objetivo c) depoimento, pela apresentação de experiências
a) exaltar o emprego da linguagem figurada. pessoais.
b) criar suspense e despertar temor no leitor. d) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
c) influenciar a opinião dos leitores sobre o tema, com e) reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.
as marcas argumentativas de seu posicionamento.
d) induzir o leitor a pensar que os satélites artificiais repre- Questão 71 2012
sentam um grande perigo para toda a humanidade.
e) exercitar a ironia ao empregar “avenida congestiona-
da”; “tráfego celeste tão intenso”; “montanha de lixo”.

Questão 69 2011

Disponível em: www.portal-


Disponível em: www.ccsp.com.br. dapropaganda.com.br.
Acesso em: 26 jul. 2010 (adaptado). Acesso em: 1 mar. 2012.

327

47
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

A publicidade, de uma forma geral, alia elementos verbais dia em que o menino, que gostava de andar de bicicleta
e imagéticos na constituição de seus textos. Nessa peça de olhos fechados, quebrou o braço; histórias de sauda-
publicitária, cujo tema é a sustentabilidade, o autor procu- des, como o avental que carregou uma carta por mais
ra convencer o leitor a de um mês... Muitas histórias formavam aquela manta.
Os protagonistas eram pessoas da família, um tio, uma
a) assumir uma atitude reflexiva diante dos fenômenos
tia, o avô, a bisavó, ela mesma, os antigos donos das
naturais.
roupas. Um dia, a avó morreu, e as tias passaram a
b) evitar o consumo excessivo de produtos reutilizá- disputar a manta, todas a queriam, mais do que aos
veis.
quadros, joias e palácios deixados por ela. Felizmente, as
c) aderir à onda sustentável, evitando o consumo tias conseguiram chegar a um acordo, e a manta passou
excessivo. a ficar cada mês na casa de uma delas. E os retalhos,
d) abraçar a campanha, desenvolvendo projetos sus- à medida que iam se acabando, eram substituídos por
tentáveis. outros retalhos, e novas e antigas histórias foram sendo
e) consumir produtos de modo responsável e ecológico. incorporadas à manta mais valiosa do mundo.
LASEVICIUS, A. Língua Portuguesa, São Paulo,
n. 76, 2012 (adaptado).
Questão 72 2013
A autora descreve a importância da manta para aquela
família, ao verbalizar que “novas e antigas histórias fo-
ram sendo incorporadas à manta mais valiosa do mundo”.
Essa valorização evidencia-se pela
a) oposição entre os objetos de valor, como joias, palá-
cios e quadros, e a velha manta.
b) descrição detalhada dos aspectos físicos da manta,
como cor e tamanho dos retalhos.
c) valorização da manta como objeto de herança familiar
disputado por todos.
d) comparação entre a manta que protege do frio e a
manta que aquecia os pés das crianças.
e) correlação entre os retalhos da manta e as muitas his-
tórias de tradição oral que os formavam.

CAULOS. Disponível em: www.caulos.com.


Acesso em: 24 set. 2011. Questão 74 2013
O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está O hipertexto permite – ou, de certo modo, em alguns
em oposição às outras e representa a casos, até mesmo exige – a participação de diversos au-
a) opressão das minorias sociais. tores na sua construção, a redefinição dos papéis de autor
b) carência de recursos tecnológicos. e leitor e a revisão dos modelos tradicionais de leitura e
de escrita. Por seu enorme potencial para se estabelece-
c) falta de liberdade de expressão.
rem conexões, ele facilita o desenvolvimento de trabalhos
d) defesa da qualificação profissional. coletivamente, o estabelecimento da comunicação e a
e) reação ao controle do pensamento coletivo. aquisição de informação de maneira cooperativa.
Embora haja quem identifique o hipertexto exclusivamente
Questão 73 2013 com os textos eletrônicos, produzidos em determinado
tipo de meio ou de tecnologia, ele não deve ser limitado a
isso, já que consiste numa forma organizacional que tanto
Manta que costura causos e histórias no seio de
pode ser concebida para o papel como para os ambientes
uma família serve de metáfora da memória em obra
digitais. É claro que o texto virtual permite concretizar cer-
escrita por autora portuguesa
tos aspectos que, no papel, são praticamente inviáveis: a
conexão imediata, a comparação de trechos de textos na
O que poderia valer mais do que a manta para aquela
mesma tela, o “mergulho” nos diversos aprofundamentos
família? Quadros de pintores famosos? Joias de rainha?
de um tema, como se o texto tivesse camadas, dimensões
Palácios? Uma manta feita de centenas de retalhos de
roupas velhas aquecia os pés das crianças e a memória ou planos.
da avó, que a cada quadrado apontado por seus netos RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade,
resgatava de suas lembranças uma história. Histórias leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.
fantasiosas como a do vestido com um bolso que abriga- Considerando-se a linguagem específica de cada sistema
va um gnomo comedor de biscoitos; histórias de traqui- de comunicação, como rádio, jornal, TV, internet, segundo
nagem como a do calção transformado em farrapos no o texto, a hipertextualidade configura-se como um(a)

328

48
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

a) elemento originário dos textos eletrônicos. descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro
b) conexão imediata e reduzida ao texto digital. humano e teoriza sobre a influência da internet em nossa
forma de pensar.
c) novo modo de leitura e de organização da escrita.
Para ele, a rede torna o raciocínio de quem navega mais
d) estratégia de manutenção do papel do leitor com per-
raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários.
fil definido.
Mais: Carr afirma que há empresas obtendo lucro com a
e) modelo de leitura baseado nas informações da super-
fície do texto. recente fragilidade de nossa atenção. “Quanto mais tempo
passamos on-line e quanto mais rápido passamos de uma

GRAMÁTICA
informação para a outra, mais dinheiro as empresas de
Questão 75 2013 internet fazem”, avalia.
“Essas empresas estão no comércio da distração e são
experts em nos manter cada vez mais famintos por infor-
Certo estava Parmênides... mação fragmentada em partes pequenas. É claro que elas
“Não há movimento!!!“ têm interesse em nos estimular e tirar vantagem da nossa
compulsão por tecnologia.”
ROXO, E. Folha de S.Paulo, 18 fev. 2012 (adaptado).
A crítica do jornalista norte-americano que justifica o título
do texto é a de que a internet
a) mantém os usuários cada vez menos preocupados
com a qualidade da informação.
b) torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de
fragmentar a atenção de seus usuários.
c) desestimula a inteligência, de acordo com descober-
tas científicas sobre o cérebro.
Disponível em: www.filosofia.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010. d) influencia nossa forma de pensar com a superficialida-
Pelas características da linguagem visual e pelas escolhas de dos meios eletrônicos.
vocabulares, pode-se entender que o texto possibilita a e) garante a empresas a obtenção de mais lucro com a
reflexão sobre uma problemática contemporânea ao recente fragilidade de nossa atenção.
a) criticar o transporte rodoviário brasileiro, em razão da
grande quantidade de caminhões nas estradas. Questão 77 2013
b) ironizar a dificuldade de locomoção no trânsito urba-
no, devida ao grande fluxo de veículos. Na verdade, o que se chama genericamente de índios é um
c) expor a questão do movimento como um problema exis- grupo de mais de trezentos povos que, juntos, falam mais de
tente desde tempos antigos, conforme a frase citada. 180 línguas diferentes. Cada um desses povos possui diferen-
tes histórias, lendas, tradições, conceitos e olhares sobre a
d) restringir os problemas de tráfego a veículos particula-
vida, sobre a liberdade, sobre o tempo e sobre a natureza. Em
res, defendendo, como solução, o transporte público.
comum, tais comunidades apresentam a profunda comunhão
e) propor a ampliação de vias nas estradas, detalhando o
com o ambiente em que vivem, o respeito em relação aos in-
espaço exíguo ocupado pelos veículos nas ruas.
divíduos mais velhos, a preocupação com as futuras gerações,
e o senso de que a felicidade individual depende do êxito do
grupo. Para eles, o sucesso é resultado de uma construção
Nesta questão foram trabalhadas:
coletiva. Estas ideias, partilhadas pelos povos indígenas, são
Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comu- indispensáveis para construir qualquer noção moderna de
nicação e da informação na escola, no trabalho e em outros
civilização. Os verdadeiros representantes do atraso no nosso
contextos relevantes para sua vida.
país não são os índios, mas aqueles que se pautam por visões
Habilidade 1 – Identificar as diferentes linguagens e seus preconceituosas e ultrapassadas de “progresso”.
recursos expressivos como elementos de caracterização dos
sistemas de comunicação. AZZI, R. As razões de ser guarani-kaiowá. Disponível em:
www.outraspalavras.net. Acesso em: 7 dez. 2012.
Considerando-se as informações abordadas no texto,
Questão 76 2013 ao iniciá-lo com a expressão “Na verdade”, o autor tem
como objetivo principal

Para Carr, internet atua no comércio da distração a) expor as características comuns entre os povos indí-
Autor de “A Geração Superficial” analisa a influência da genas no Brasil e suas ideias modernas e civilizadas.
tecnologia na mente b) trazer uma abordagem inédita sobre os povos indíge-
O jornalista americano Nicholas Carr acredita que a internet nas no Brasil e, assim, ser reconhecido como especia-
não estimula a inteligência de ninguém. O autor explica lista no assunto.

329

49
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

c) mostrar os povos indígenas vivendo em comunhão são fundamentais. Os movimentos culturais (entendidos
com a natureza, e, por isso, sugerir que se deve res- como movimentos que têm como objetivo defender ou
peitar o meio ambiente e esses povos. propor modos próprios de vida e sentido) constroem-se
d) usar a conhecida oposição entre moderno e antigo em torno de sistemas de comunicação – essencialmente
como uma forma de respeitar a maneira ultrapassa- a internet e os meios de comunicação – porque esta é a
da como vivem os povos indígenas em diferentes re- principal via que esses movimentos encontram para che-
giões do Brasil. gar àquelas pessoas que podem eventualmente partilhar
e) apresentar informações pouco divulgadas a respeito os seus valores, e a partir daqui atuar na consciência da
dos indígenas no Brasil, para defender o caráter des- sociedade no seu conjunto”.
ses povos como civilizações, em contraposição a vi- DisponíveI em: www.compolitica.org.
sões preconcebidas. Acesso em: 2 mar. 2012 (adaptado).

Em 2011, após uma forte mobilização popular via redes


Nesta questão foram trabalhadas: sociais, houve a queda do governo de Hosni Mubarak, no
Egito. Esse evento ratifica o argumento de que
Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas
simbólicos das diferentes linguagens como meios de organi- a) a internet atribui verdadeiros valores culturais aos
zação cognitiva da realidade pela constituição de significados, seus usuários.
expressão, comunicação e informação.
b) a consciência das sociedades foi estabelecida com o
Habilidade 20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguís- advento da internet.
tico para a preservação da memória e da identidade nacional.
c) a revolução tecnológica tem como principal objetivo a
deposição de governantes antidemocráticos.
d) os recursos tecnológicos estão a serviço dos opres-
Questão 78 2013
sores e do fortalecimento de suas práticas políticas.
Art. 2o Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a e) os sistemas de comunicação são mecanismos im-
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente portantes de adesão e compartilhamento de valores
aquela entre doze e dezoito anos de idade. [...] sociais.
Art. 3o A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-
lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades
COESÃO E
e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento COERÊNCIA TEXTUAL
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade. Questão 80 2002
Art. 4o É dever da família, da comunidade, da socieda-
de em geral e do poder público assegurar, com absoluta Um jornalista publicou um texto do qual estão transcri-
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à tos trechos do primeiro e do último parágrafos:
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, “’Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?’
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à Jamais esquecerei a cena que vi, na TV francesa, de
liberdade e à convivência familiar e comunitária. [...] uma menina da Costa do Marfim falando com a enfer-
BRASIL. Lei n. 8 069, de 13 de julho de 1990. Estatuto meira que trocava os curativos de seus dois cotos de
da criança e do adolescente. Disponível em: braços. (...)“.
www.planalto.gov.br (fragmento).
...........................................................................................
Para cumprir sua função social, o Estatuto da criança e do
“Como manter a paz num planeta onde boa parte da
adolescente apresenta características próprias desse gêne-
humanidade não tem acesso às necessidades básicas
ro quanto ao uso da língua e quanto à composição textual.
mais elementares? (...) Como reduzir o abismo entre o
Entre essas características, destaca-se o emprego de
camponês afegão, a criança faminta do Sudão, o Seve-
a) repetição vocabular para facilitar o entendimento. rino da cesta básica e o corretor de Wall Street? Como
b) palavras e construções que evitem ambiguidade. explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de re-
c) expressões informais para apresentar os direitos. médios, bloqueados pelo Ocidente, que o mal se abateu
d) frases na ordem direta para apresentar as informa- sobre Manhattan? Como dizer aos chechenos que o que
ções mais relevantes. aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam
e) exemplificações que auxiliem a compreensão dos Grozny, a capital da Chechênia, arrasada pelos russos.
conceitos formulados. Alguém se incomodou com os sofrimentos e as milhares
de vítimas civis, inocentes, desse massacre? Ou como
explicar à menina da Costa do Marfim o sentido da pala-
Questão 79 2013
vra ‘civilização’ quando ela descobrir que suas mãos não
O sociólogo espanhol Manuel Castells sustenta que “a co- crescerão jamais?“.
municação de valores e a mobilização em torno do sentido UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001.

330

50
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Apresentam-se, abaixo, algumas afirmações também reti- um caminho para o aprimoramento de um recurso vital à
radas do mesmo texto. Aquela que explicita uma resposta escrita: a concisão.
do autor para as perguntas feitas no trecho citado é: Disponível em: http://www.revistalingua.com.br.
Acesso em: 28 abr. 2010 (adaptado).
a) “tristeza e indignação são grandes porque os atenta-
dos ocorreram em Nova Iorque”. O Twitter se presta a diversas finalidades, entre elas, à
comunicação concisa, por isso essa rede social
b) “ao longo da história, o homem civilizado globalizou
todas as suas mazelas”. a) é um recurso elitizado, cujo público precisa dominar a
c) “a Europa nos explorou vergonhosamente”. língua padrão.

GRAMÁTICA
b) constitui recurso próprio para a aquisição da modalida-
d) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo
de escrita da língua.
resolve”.
c) é restrita à divulgação de textos curtos e pouco signi-
e) “os negócios das indústrias de armas continuam de ficativos e, portanto, é pouco útil.
vento em popa”.
d) interfere negativamente no processo de escrita e aca-
ba por revelar uma cultura pouco reflexiva.
Questão 81 2011 e) estimula a produção de frases com clareza e objetivida-
de, fatores que potencializam a comunicação interativa.
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente im-
portante para diminuir o risco de infarto, mas também de
Questão 83 2013
problemas como morte súbita e derrame. Significa que
manter uma alimentação saudável e praticar atividade Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos
física regularmente já reduz, por si só, as chances de chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu
desenvolver vários problemas. Além disso, é importante da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela
para o controle da pressão arterial, dos níveis de coles- Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos
terol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro
o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, era um termo derivado do latim medieval influentia, que
somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, significava “influência dos astros sobre os homens”. O
nesses casos, com acompanhamento médico e mode- segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper,
ração, é altamente recomendável. isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo
ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009. violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecen- RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.
do relações que atuam na construção do sentido. A esse
respeito, identifica-se, no fragmento, que Para se entender o trecho como uma unidade de senti-
do, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus
a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação elementos. Nesse texto, a coesão é construída predomi-
de ideias. nantemente pela retomada de um termo por outro e pelo
b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão
ideia de contraste. por elipse do sujeito é:
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derra- a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de
me”, introduz uma generalização. contágios entre línguas.”
d) o termo “Também” exprime uma justificativa. b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]“.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval
colesterol e de glicose no sangue”. influentia, que significava ‘influência dos astros sobre
os homens’.”
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo
Questão 82 2011 gripper [...].“
O que é possível dizer em 140 caracteres? e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento
como o vírus se apossa do organismo infectado.”
Sucesso do Twitter no Brasil é oportunidade única de
compreender a importância da concisão nos gêneros
de escrita ARGUMENTAÇÃO E
A máxima “menos é mais” nunca fez tanto sentido como
no caso do microblog Twitter, cuja premissa é dizer algo
TIPOS DE DISCURSO
– não importa o quê – em 140 caracteres. Desde que o
serviço foi criado, em 2006, o número de usuários da fer-
Questão 84 2009
ramenta é cada vez maior, assim como a diversidade de
Texto I
usos que se faz dela. Do estilo “querido diário” à literatura
concisa, passando por aforismos, citações, jornalismo, É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem
fofoca, humor etc., tudo ganha o espaço de um tweet o plástico. Ele está presente em embalagens de alimen-
(“pio” em inglês), e entender seu sucesso pode indicar tos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, auto-

331

51
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

móveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à


Com mais de 10,00
inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, você ganha um
Questão
celular
o plástico não as contamina; ao contrário, protege o pro- de
técnica
duto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem
o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não
alteram o peso do material embalado, e são 100% reciclá-
veis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que,
em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado,
quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante.
Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).

Texto II LAERTE. Disponível em: http://blog.educacional.com.br.


Acesso em: 8 set. 2011.
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso,
Que estratégia argumentativa leva o personagem do ter-
elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. ceiro quadrinho a persuadir sua interlocutora?
São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas,
baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento. a) Prova concreta, ao expor o produto ao consumidor.
b) Consenso, ao sugerir que todo vendedor tem técnica.
Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumi-
dores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente. c) Raciocínio lógico, ao relacionar uma fruta com um pro-
duto eletrônico.
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário
do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. d) Comparação, ao enfatizar que os produtos apresenta-
dos anteriormente são inferiores.
Em contraste com o texto I, no texto II são empregadas,
e) Indução, ao elaborar o discurso de acordo com os an-
predominantemente, estratégias argumentativas que
seios do consumidor.
a) atraem o leitor por meio de previsões para o futuro.
b) apelam à emoção do leitor, mencionando a morte de Questão 86 2012
animais.
c) orientam o leitor a respeito dos modos de usar cons-
cientemente as sacolas plásticas.
d) intimidam o leitor com as nocivas consequências do
uso indiscriminado de sacolas plásticas.
e) recorrem à informação, por meio de constatações, para
convencer o leitor a evitar o uso de sacolas plásticas.

Nesta questão foram trabalhadas:


Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de
vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações
específicas.
Habilidade 23 – Inferir em um texto quais são os objetos de
seu produtor e quem é seu público-alvo, pela análise dos pro-
Extra, extra. Este macaco é humano.
cedimentos argumentativos utilizados.
Não somos tão especiais
Todas as características tidas como exclusivas dos huma-
Questão 85 2012 nos são compartilhadas por outros animais, ainda que em
menor grau.
Não, Não,
obrigada. obrigada. INTELIGÊNCIA
A ideia de que somos os únicos animais racionais tem
sido destruída desde os anos 40. A maioria das aves e
mamíferos tem algum tipo de raciocínio.

AMOR
O amor, tido como o mais elevado dos sentimentos, é pa-
recido em várias espécies, como os corvos, que também
criam laços duradouros, se preocupam com o ente querido
e ficam de luto depois de sua morte.

332

52
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

CONSCIÊNCIA Questão 88 2013


Chimpanzés se reconhecem no espelho. Orangotangos
observam e enganam humanos distraídos. Sinais de que Novas tecnologias
sabem quem são e se distinguem dos outros. Ou seja, Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação
são conscientes. das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às
atividades de telecomunicações. Expressões frequentes
CULTURA
como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e
O primatologista Frans de Waal juntou vários exemplos de “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produ-

GRAMÁTICA
cetáceos e primatas que são capazes de aprender novos tos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo
hábitos e de transmiti-los para as gerações seguintes. O obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos,
que é cultura se não isso? bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.
BURGIERMAN, D. Superinteressante, n. 190, jul. 2003. Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um
aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalis-
O título do texto traz o ponto de vista do autor sobre a
ta controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem
suposta supremacia dos humanos em relação aos outros
sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma rela-
animais. As estratégias argumentativas utilizadas para
ção simbiótica de dependência mútua com os veículos de
sustentar esse ponto de vista são comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada
a) definição e hierarquia. e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de
entretenimento.
b) exemplificação e comparação.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão,
c) causa e consequência.
somos livres para nos aprisionar, por espontânea von-
d) finalidade e meios. tade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas
e) autoridade e modelo. midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos
controlados.
Questão 87 2012 SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo.
Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br.
Nós, brasileiros, estamos acostumados a ver juras de amor, Acesso em: 1o mar. 2013 (adaptado).
feitas diante de Deus, serem quebradas por traição, inte- Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar
resses financeiros e sexuais. Casais se separam como uma base de orientação linguística que permita alcançar
inimigos, quando poderiam ser bons amigos, sem traumas. os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista
Bastante interessante a reportagem sobre separação. Mas defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das for-
acho que os advogados consultados, por sua competência, mas verbais em destaque objetiva
estão acostumados a tratar de grandes separações. Será a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já
que a maioria dos leitores da revista tem obras de arte que que ambos usam as novas tecnologias.
precisam ser fotografadas antes da separação? Não seria b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasi-
mais útil dar conselhos mais básicos? Não seria interes- leira esteja aprisionada às novas tecnologias.
sante mostrar que a separação amigável não interfere no c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as
modo de partilha dos bens? Que, seja qual for o tipo de se- pessoas são controladas pelas novas tecnologias.
paração, ela não vai prejudicar o direito a pensão dos filhos? d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele
Que acordo amigável deve ser assinado com atenção, pois manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado.
é bastante complicado mudar suas cláusulas? Acho que e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por
essas são dicas que podem interessar ao leitor médio. deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas.

Disponível em: http://revistaepoca.globo.com.


Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). Nesta questão foram trabalhadas:
Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de
O texto foi publicado em uma revista de grande circula-
vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações
ção na seção de carta do leitor. Nele, um dos leitores ma- específicas.
nifesta-se acerca de uma reportagem publicada na edição
Habilidade 24 – Reconhecer no texto estratégias argumenta-
anterior. Ao fazer sua argumentação, o autor do texto
tivas empregadas para o convencimento do público, tais como
a) faz uma síntese do que foi abordado na reportagem. a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.

b) discute problemas conjugais que conduzem à separação.


c) aborda a importância dos advogados em processos Questão 89 2013
de separação.
d) oferece dicas para orientar as pessoas em processos O bit na galáxia de Gutenberg
de separação. Neste século, a escrita divide terreno com diversos meios
e) rebate o enfoque dado ao tema pela reportagem, lan- de comunicação. Essa questão nos faz pensar na neces-
çando novas ideias. sidade da “imbricação, na coexistência e interpretação

333

53
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

recíproca dos diversos circuitos de produção e difusão O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A rela-
do saber...”. ção entre os recursos verbais e não verbais nessa propa-
É necessário relativizar nossa postura frente às modernas ganda revela que
tecnologias, principalmente à informática. Ela é um campo a) o discurso ambientalista propõe formas radicais de
novidativo, sem dúvida, mas suas bases estão nos modelos resolver os problemas climáticos.
informativos anteriores, inclusive, na tradição oral e na capa- b) a preservação da vida na Terra depende de ações de
cidade natural de simular mentalmente os acontecimentos dessalinização da água marinha.
do mundo e antecipar as consequências de nossos atos. A c) a acomodação da topografia terrestre desencadeia o
impressão é a matriz que deflagrou todo esse processo co- natural degelo das calotas polares.
municacional eletrônico. Enfatizo, assim, o parentesco que
d) o descongelamento das calotas polares diminui a
há entre o computador e os outros meios de comunicação,
quantidade de água doce potável do mundo.
principalmente a escrita, uma visão da informática como um
“desdobramento daquilo que a produção literária impressa e) a agressão ao planeta é dependente da posição assu-
mida pelo homem frente aos problemas ambientais.
e, anteriormente, a tradição oral já traziam consigo”.
NEITZEL, L. C. Disponível em: www.geocities.com.
Acesso em: 1o ago. 2012 (adaptado). Questão 91 2013
Ao tecer considerações sobre as tecnologias da con-
temporaneidade e os meios de comunicação do passa-
do, esse texto concebe que a escrita contribui para uma
evolução das novas tecnologias por
a) se desenvolver paralelamente nos meios tradicionais
de comunicação e informação.
b) cumprir função essencial na contemporaneidade por
meio das impressões em papel.
c) realizar transição relevante da tradição oral para o pro-
gresso das sociedades humanas.
d) oferecer melhoria sistemática do padrão de vida e do
desenvolvimento social humano. CURY, C. Disponível em: http://tirasnacionais.blogspot.com.
e) fornecer base essencial para o progresso das tecnolo- Acesso em: 13 nov. 2011.
gias de comunicação e informação. A tirinha denota a postura assumida por seu produtor
frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e
de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma
Nesta questão foram trabalhadas: argumentativa, por meio de uma atitude
Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a) crítica, expressa pelas ironias.
a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da in-
formação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do b) resignada, expressa pelas enumerações.
conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, c) indignada, expressa pelos discursos diretos.
às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, d) agressiva, expressa pela contra-argumentação.
aos processos de produção e aos problemas que se propõem
e) alienada, expressa pela negação da realidade.
solucionar.
Habilidade 30 – Relacionar as tecnologias de comunicação e
informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conheci- Questão 92 2013
mento que elas produzem.
O que é bullying virtual ou cyberbullying?
É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensa-
Questão 90 2013 gens difamatórias ou ameaçadoras circulando por e-mails,
sites, blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares.
É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola,
mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não
estão cara a cara.
Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos
comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão
graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificul-
dade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos
ou formar novos”, explica Luciene Tognetta, doutora em
Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Edu-
cação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Disponível em: http://orion-oblog.blogspot.com.br. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br.
Acesso em: 6 jun. 2012 (adaptado). Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).

334

54
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Segundo o texto, com as tecnologias de informação e Questão 94 1999


comunicação a prática do bullying ganha novas nuances
de perversidade e é potencializada pelo fato de Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta per-
nambucano, sobre a função de seus textos:
a) atingir um grupo maior de espectadores.
“Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta,
b) dificultar a identificação do agressor incógnito. contato denso; falo somente do que falo: a vida seca,
c) impedir a retomada de valores consolidados pela vítima. áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o
d) possibilitar a participação de um número maior de homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na mín-
gua. Falo somente para quem falo: para os que precisam

GRAMÁTICA
autores.
ser alertados para a situação da miséria no Nordeste.”
e) proporcionar o uso de uma variedade de ferramentas
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
da internet.
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do
Nesta questão foram trabalhadas: autor deve denunciar o fato social para determinados
Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza,
leitores.
a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da in- b) a linguagem do texto não deve ter relação com o
formação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto
conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, seja lido.
às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e
aos processos de produção e aos problemas que se propõem a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
solucionar. d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor
Habilidade 28 – Reconhecer a função e o impacto social das deve ser o delator do fato social para todos os leitores.
diferentes tecnologias da comunicação e informação. e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve
ser a proposta do escritor para convencer o leitor.

Questão 95 1999
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO,
E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor
ENUNCIAÇÃO E DISCURSO de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros,
e descobri que aquelas cores todas não existem na pena
Questão 93 1999 do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas
bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um
Considere os textos abaixo. prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
(...) de modo particular, quero encorajar os crentes em- Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir
penhados no campo da filosofia para que iluminem os o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De
diversos âmbitos da atividade humana, graças ao exercício água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a
de uma razão que se torna mais segura e perspicaz com simplicidade.
o apoio que recebe da fé. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada;
(Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira
da igreja católica sobre as relações entre fé e razão, 1998) em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de
teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
As verdades da razão natural não contradizem as verdades (BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20.ed.)
da fé cristã.
O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim
(São Tomás de Aquino-pensador medieval)
sobre a obra de Rubem Braga:
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de ho-
a) a encíclica papal está em contradição com o pensa- mem, apanhado no essencial, narrativa direta e econômica.
mento de São Tomás de Aquino, refletindo a diferença (...) É o poeta do real, do palpável, que se vai diluindo em
cisma. Dá o sentimento da realidade e o remédio para ela.
de épocas.
Em seu texto, Rubem Braga afirma que “este é o luxo
b) a encíclica papal procura complementar São Tomás de
do grande artista, atingir o máximo de matizes com o
Aquino, pois este colocava a razão natural acima da fé.
mínimo de elementos”. Afirmação semelhante pode ser
c) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a en- encontrada no texto de Carlos Drummond de Andrade,
cíclica de João Paulo II. quando, ao analisar a obra de Braga, diz que ela é
d) o pensamento teológico teve sua importância na Ida-
a) uma narrativa direta e econômica.
de Média, mas, em nossos dias, não tem relação com
o pensamento filosófico. b) real, palpável.
c) sentimento de realidade.
e) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de
Aquino procuram conciliar os pensamentos sobre fé d) seu expediente de homem.
e razão. e) seu remédio.

335

55
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 96 2000
1o DE JANEIRO 24 DE RAMADA 23 DE TEVET 7o DIA DO 12o MÊS
DE 2000 DE 1378 de 5760 DO ANO DO COELHO
O autor do texto abaixo critica, ainda que em linguagem
metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos OCIDENTAL
(Gregoriano)
ISLÂMICO JUDAICO CHINÊS

seus hábitos alimentares.


Baseado no ciclo solar, A base é a Lua, Calendário lunar, parte Referência lunar.
“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a tem como referência inicia-se com a fuga da criação do mundo Iniciado em 2697 a.C.,
o nascimento de Cristo. de Maomé de Meca, conforme a Bíblia. ano do patriarca
gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...) em 622 d.C. chinês Huang-ti.

Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sa-
bem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso Fonte: Adaptado de Época, no 55, 7 de junho de 1999
porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em Com base nas informações apresentadas, pode-se afir-
pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e estava mar que:
escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vi-
a) o final do milênio, 1999/2000, é um fator comum às
tamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido
diferentes culturas e tradições.
e o escambau.
b) embora o calendário cristão seja hoje adotado em âm-
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite bito internacional, cada cultura registra seus eventos
é outra coisa: ‘Líquido branco, contendo água, proteína, marcantes em calendário próprio.
açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar c) o calendário cristão foi adotado universalmente por-
defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É que, sendo solar, é mais preciso que os demais.
o único alimento só alimento. A carne serve pro animal
d) a religião não foi determinante na definição dos ca-
andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra lendários.
fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou
e) o calendário cristão tornou-se dominante por sua an-
bota fora.
tiguidade.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chum-
bo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serra- Questão 98 2002
gem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse
negócio. Miguilim
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não “De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um
gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou, pedindo
como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!” a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era
(FERNANDES, Millôr.
de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo.
O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999) – Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
– Miguilim. Eu sou irmão do Dito.
A crítica do autor é dirigida: – E o seu irmão Dito é o dono daqui?
a) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da im- – Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
portância do gado leiteiro para a economia nacional. O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado,
b) à diminuição da produção de leite após o desenvolvi- manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia:
mento de tecnologias que têm substituído os produ- – Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda... Mas
tos naturais por produtos artificiais. que é que há, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo
c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais,
para ele, por isso é que o encarava.
com perda de critério para julgar sua qualidade
e sabor. – Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo
de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa?
d) à permanência de hábitos alimentares a partir da re- – É Mãe, e os meninos...
volução agrícola e da domesticação de animais inicia-
Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor
da há 5.000 anos.
alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele, era um
e) à importância dada ao pacote de leite para a conser- camarada.
vação de um produto perecível e que necessita de O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim.
aperfeiçoamento tecnológico. Depois perguntava a ele mesmo: – Miguilim, espia daí:
quantos dedos da minha mão você está enxergando?
E agora?”
Questão 97 2000
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. 9a ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Os quatro calendários apresentados abaixo mostram a
variedade na contagem do tempo em diversas socie- Esta história, com narrador observador em terceira pes-
dades. soa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de Mi-

336

56
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

guilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miguilim caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não
como referência, inclusive espacial, fica explicitado em: morde, pequeninando e não mordendo.”
a) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto”. LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho.
São Paulo: Brasiliense, 1947.
b) “Ele era de óculos, corado, alto (...)”
No último período do trecho, há uma série de verbos no
c) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)” gerúndio que contribuem para caracterizar o ambiente
d) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sor- fantástico descrito.
rindo para ele, (...)” Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e

GRAMÁTICA
e) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos” “pequeninando e não mordendo” criam, principalmente,
efeitos de
Questão 99 2002 a) esvaziamento de sentido.
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio b) monotonia do ambiente.
da adolescência que teve influência significativa em sua c) estaticidade dos animais.
carreira de escritor. d) interrupção dos movimentos.
“Lembro-me de que certa noite – eu teria uns quator- e) dinamicidade do cenário.
ze anos, quando muito – encarregaram-me de segurar
uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações,
enquanto um médico fazia os primeiros curativos num
Questão 101 2002
pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam Em 1958, a seleção brasileira foi campeã mundial pela
“arneado”. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei primeira vez. O texto foi extraído da crônica “A alegria de
firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo ser brasileiro”, do dramaturgo Nelson Rodrigues, publicada
pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de naquele ano pelo jornal Última Hora.
poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor
“Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas ro-
a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...)
lam. Convenhamos que a seleção as merece. Merece
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os
animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode olhos mortais já contemplaram, como também pelo seu
fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, maravilhoso índice disciplinar.
é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu
Até este Campeonato, o brasileiro julgava-se um cafajeste
mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia
nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-lhe inveja. Achava
aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a
o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez
lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos
e de uma cerimônia inenarráveis. E, súbito, há o Mundial.
uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou,
Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos, britâni-
em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como
cos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas
um sinal de que não desertamos nosso posto.”
em penca. Só o brasileiro se mantinha ferozmente dentro
VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o
Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe.
Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilu- O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro.
mina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das Por tantos motivos, vamos perder a vergonha (...), vamos
funções do escritor e, por extensão, da literatura, sentar no meio-fio e chorar. Porque é uma alegria ser bra-
a) criar a fantasia. sileiro, amigos”.
b) permitir o sonho. Além de destacar a beleza do futebol brasileiro, Nelson
c) denunciar o real. Rodrigues quis dizer que o comportamento dos jogado-
d) criar o belo. res dentro do campo
e) fugir da náusea. a) foi prejudicial para a equipe e quase pôs a perder a
conquista da copa do mundo.
Questão 100 2002 b) mostrou que os brasileiros tinham as mesmas quali-
dades que admiravam nos europeus, principalmente
”Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia nos ingleses.
haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na
lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis c) ressaltou o sentimento de inferioridade dos jogadores
nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis, falavam mal brasileiros em relação aos europeus, o que os impe-
diu de revidar as agressões sofridas.
das vespas de cintura fina – achando que era exagero usa-
rem coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam d) mostrou que o choro poderia aliviar o sentimento de
os cuidados excessivos que as borboletas de toucados de que os europeus eram superiores aos brasileiros.
gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de fer- e) mostrou que os brasileiros eram iguais aos europeus,
rões amarrados para não morderem. E canários cantando, podendo comportar-se como eles, que não respeita-
e beija-flores beijando flores, e camarões camaronando, e vam os limites da esportividade.

337

57
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 102 2002 A partir dos dados da tabela e para o grupo feminino estu-
dado, são feitas as seguintes afirmações:
“A palavra tatuagem é relativamente recente. Toda a gente
sabe que foi o navegador Cook que a introduziu no Oci- I. A mulher não é poupada da violência sexual domés-
dente, e esse escrevia tattou, termo da Polinésia de tatou tica em nenhuma das faixas etárias indicadas.
ou tu tahou, ‘desenho’. II. A maior parte das mulheres adultas é agredida por
(...) Desde os mais remotos tempos, vemo-la a transfor- parentes consanguíneos.
mar-se: distintivo honorífico entre uns homens, ferrete de
ignomínia entre outros, meio de assustar o adversário para III. As adolescentes são vítimas de quase todos os ti-
os bretões, marca de uma classe de selvagens das ilhas pos de agressores.
marquesas (...) sinal de amor, de desprezo, de ódio (...). Há IV. Os pais, biológicos, adotivos e padrastos, são auto-
três casos de tatuagem no Rio, completamente diversos res de mais de 1/3 dos casos de violência sexual
na sua significação moral: os negros, os turcos com o envolvendo crianças.
fundo religioso e o bando de meretrizes, dos rufiões e dos É verdadeiro apenas o que se afirma em
humildes, que se marcam por crime ou por ociosidade”.
RIO, João do. Os Tatuadores. Revista Kosmos. 1904, apud: a) I e III. d) I, III e IV.
A alma encantadora das ruas, SP: Cia das Letras, 1999. b) I e IV. e) II, III e IV.
Com base no texto são feitas as seguintes afirmações: c) II e IV.
I. João do Rio revela como a tatuagem já estava pre-
sente na cidade do Rio de Janeiro, pelo menos des-
de o início do século XX, e era mais utilizada por al- Nesta questão foram trabalhadas:
guns setores da população. Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comu-
II. A tatuagem, de origem polinésia, difundiu-se no ociden- nicação e da informação na escola, no trabalho e em outros
te com a característica que permanece até hoje: utiliza- contextos relevantes para sua vida.
ção entre os jovens com função estritamente estética. Habilidade 3 – Relacionar informações geradas nos sistemas
III. O texto mostra como a tatuagem é uma prática que de comunicação e informação, considerando a função social
se transforma no tempo e que alcança inúmeros desses sistemas.
sentidos nos diversos setores das sociedades e para
as diferentes culturas.
Está correto o que se afirma apenas em Questão 104 2003
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III.
A Propaganda pode ser definida como divulgação inten-
cional e constante de mensagens destinadas a um deter-
Questão 103 2002
minado auditório visando criar uma imagem positiva ou
A tabela refere-se a um estudo realizado entre 1994 e negativa de determinados fenômenos. A Propaganda está
1999 sobre violência sexual com pessoas do sexo femi- muitas vezes ligada à ideia de manipulação de grandes
nino no Brasil. massas por parte de pequenos grupos. Alguns princípios
da Propaganda são: o princípio da simplificação, da satu-
Tipificação Crianças Adolescentes Adultas
do agressor ração, da deformação e da parcialidade.
identificado Quantidade % Quantidade % Quantidade %
(Adaptado de Norberto Bobbio, et al. Dicionário de Política)
Pai
13 21,7 21 13,9 6 6
biológico
Segundo o texto, muitas vezes a propaganda
Padrasto 10 16,7 16 10,6 0 0
a) não permite que minorias imponham ideias à maioria.
Pai
adotivo
1 1,6 0 0 0 0 b) depende diretamente da qualidade do produto que é
vendido.
Tio 7 11,6 14 9,4 1 1,4
c) favorece o controle das massas difundindo as contra-
Avô 6 10,0 0 0 1 1,4
dições do produto.
Irmão 0 0 7 4,6 0 0
d) está voltada especialmente para os interesses de
Primo 0 0 5 3,4 1 1,4 quem vende o produto.
Vizinho 10 16,7 42 27,8 19 27,9 e) convida o comprador à reflexão sobre a natureza do
Parceiro e que se propõe vender.
– – 13 7,5 17 25,2
ex-parceiro
Conhecido
– – 8 5,3 5 7,3
(trabalho) Questão 105 2003
Outro
13 21,7 25 16,5 18 26,5
conhecido
Do pedacinho de papel ao livro impresso vai uma longa
TOTAL 60 100 151 100 68 100
distância. Mas o que o escritor quer, mesmo, é isso: ver o
(–)Não aplicável
seu texto em letra de forma. A gaveta é ótima para aplacar
Fonte: Jornal da Unicamp, N 162. Maio 2001.
o
a fúria criativa; ela faz amadurecer o texto da mesma forma

338

58
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

que a adega faz amadurecer o vinho. Em certos casos, a A ocorrência de casos recentes de botulismo em con-
cesta de papel é melhor ainda. sumidores de palmito em conserva levou a Agência Na-
O período de maturação na gaveta é necessário, mas não cional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a implementar nor-
deve se prolongar muito. ‘Textos guardados acabam chei- mas para a fabricação e comercialização do produto.
rando mal’, disse Silvia Plath, (...) que, com esta frase,
No rótulo de uma determinada marca de palmito em con-
deu testemunho das dúvidas que atormentam o escritor:
serva, encontram-se as seguintes informações:
publicar ou não publicar? guardar ou jogar fora?
I. Ingredientes: Palmito açaí, sal diluído a 12% em
(Moacyr Scliar. O escritor e seus desafios.)

GRAMÁTICA
água, ácido cítrico;
Nesse texto, o escritor Moacyr Scliar usa imagens para re- II. Produto fabricado conforme as normas da ANVISA;
fletir sobre uma etapa da criação literária. A ideia de que o III. Ecologicamente correto.
processo de maturação do texto nem sempre é o que ga-
rante bons resultados está sugerida na seguinte frase:
As informações do rótulo que têm relação com as medi-
a) “A gaveta é ótima para aplacar a fúria criativa.” das contra o botulismo estão contidas em:
b) “Em certos casos, a cesta de papel é melhor ainda.” a) II, apenas.
c) “O período de maturação na gaveta é necessário, b) III, apenas.
(...).”
c) I e II, apenas.
d) “Mas o que o escritor quer, mesmo, é isso: ver o seu
texto em letra de forma.” d) II e III, apenas.
e) “ela (a gaveta) faz amadurecer o texto da mesma for- e) I, II e III.
ma que a adega faz amadurecer o vinho.”

Questão 108 2003


Questão 106 2003

Pequenos tormentos da vida Documento I


De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul
[convida os meninos,
as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai
[inventando
preguiçosamente uma história sem fim...Sem fim é a aula:
[e nada acontece,
nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida,
[se ao menos um
avião entrasse por uma janela e saísse por outra!
(Mário Quintana. Poesias)
Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio
a) provoca que os meninos fiquem contando histórias.
b) leva os alunos a simularem bocejos, em protesto con-
tra a monotonia da aula.
c) acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa
de algum imprevisto mágico.
d) prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a
distração ou o exercício do pensamento.
e) decorre da morosidade da aula, em contraste com o
movimento acelerado das nuvens e das moscas.
Documento II

Questão 107 2003 Avalia-se em cerca de quatro e


meio bilhões de anos a idade da
O botulismo, intoxicação alimentar que pode levar à mor- Terra, pela comparação entre a
te, é causado por toxinas produzidas por certas bactérias,
abundância relativa de diferentes
cuja reprodução ocorre nas seguintes condições: é inibi-
isótopos de urânio com suas
da por pH inferior a 4,5 (meio ácido), temperaturas próxi-
mas a 100 oC, concentrações de sal superiores a 10% e diferentes meias-vidas radiativas.
presença de nitritos e nitratos como aditivos.

339

59
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Considerando os dois documentos, podemos afirmar samba, break parecido com capoeira e grafite de cores
que a natureza do pensamento que permite a datação da muito vivas.
Terra é de natureza (Adaptado de Ciência e Cultura, 2004)
a) científica no primeiro e mágica no segundo. De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação
b) social no primeiro e política no segundo. artística tipicamente urbana, que tem como principais ca-
racterísticas
c) religiosa no primeiro e científica no segundo.
a) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter
d) religiosa no primeiro e econômica no segundo.
nacionalista.
e) matemática no primeiro e algébrica no segundo.
b) a alienação política e a preocupação com o conflito de
gerações.
Questão 109 2003 c) a afirmação dos socialmente excluídos e a combina-
ção de linguagens.
Jean de Léry viveu na França na segunda metade do sé-
d) a integração de diferentes classes sociais e a exalta-
culo XVI, época em que as chamadas guerras de religião
ção do progresso.
opuseram católicos e protestantes. No texto abaixo, ele
relata o cerco da cidade de Sancerre por tropas católicas. e) a valorização da natureza e o compromisso com os
ideais norte-americanos.
(…) desde que os canhões começaram a atirar sobre nós
com maior frequência, tornou-se necessário que todos
dormissem nas casernas. Eu logo providenciei para mim
um leito feito de um lençol atado pelas suas duas pontas Questão 111 2004
e assim fiquei suspenso no ar, à maneira dos selvagens
americanos (entre os quais eu estive durante dez meses)
o que foi imediatamente imitado por todos os nossos sol-
dados, de tal maneira que a caserna logo ficou cheia deles.
Aqueles que dormiram assim puderam confirmar o quanto
esta maneira é apropriada tanto para evitar os vermes
quanto para manter as roupas limpas (...).
Neste texto, Jean de Léry
a) despreza a cultura e rejeita o patrimônio dos indíge-
nas americanos.
b) revela-se constrangido por ter de recorrer a um inven-
to de “selvagens”.
c) reconhece a superioridade das sociedades indígenas
americanas com relação aos europeus.
d) valoriza o patrimônio cultural dos indígenas america-
nos, adaptando-o às suas necessidades.
e) valoriza os costumes dos indígenas americanos por-
que eles também eram perseguidos pelos católicos.

Questão 110 2004


O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes cons-
truções de concreto e as estações de metrô, e cada dia
se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais.
Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova Iorque. A conversa entre Mafalda e seus amigos
É formado por três elementos: a música (o rap), as artes a) revela a real dificuldade de entendimento entre posi-
plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jo- ções que pareciam convergir.
vens usam as expressões artísticas como uma forma de
b) desvaloriza a diversidade social e cultural e a capacida-
resistência política.
de de entendimento e respeito entre as pessoas.
Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afir-
c) expressa o predomínio de uma forma de pensar e a
mou-se no Brasil e no mundo com um discurso político a
possibilidade de entendimento entre posições diver-
favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser
gentes.
um movimento originário das periferias norte-americanas,
não encontrou barreiras no Brasil, onde se instalou com d) ilustra a possibilidade de entendimento e de respeito
certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que entre as pessoas a partir do debate político de ideias.
o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências locais. e) mostra a preponderância do ponto de vista masculino
O movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de nas discussões políticas para superar divergências.

340

60
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 112 2005 Questão 113 2007


Texto 1 – Autorretrato São Paulo, 18 de agosto de 1929.
Provinciano que nunca soube Carlos [Drummond de Andrade],
Escolher bem uma gravata; Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura
Pernambucano a quem repugna Getúlio Vargas – João Pessoa. É. Mas veja como estamos...
A faca do pernambucano; trocados. Esse entusiasmo devia ser meu e sou eu que
Poeta ruim que na arte da prosa conservo o ceticismo que deveria ser de você. (...).

GRAMÁTICA
Envelheceu na infância da arte, Eu... eu contemplo numa torcida apenas simpática a
candidatura Getúlio Vargas, que antes desejara tanto.
E até mesmo escrevendo crônicas
Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única
Ficou cronista de província;
aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes
Arquiteto falhado, músico fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos
Falhado (engoliu um dia (...), com democráticos paulistas (que pararam de atacar
Um piano, mas o teclado o Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos.
Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo
Ficou de fora); sem família,
a existência de males necessários, porém me afasta
Religião ou filosofia; do meu país e da candidatura Getúlio Vargas. Repito:
Mal tendo a inquietação de espírito única aceitável.
Que vem do sobrenatural, Mário [de Andrade]
E em matéria de profissão
Um tísico* profissional. Renato Lemos.
Bem traçadas linhas: a história do Brasil em cartas
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa.
pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004, p. 305.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.)
Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira Re-
Texto 2 – Poema de sete faces
pública, a carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro
Quando eu nasci, um anjo torto Carlos Drummond de Andrade revela
desses que vivem na sombra a) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. o desencanto de Mário de Andrade com as composi-
ções políticas sustentadas por Vargas.
As casas espiam os homens b) a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao
que correm atrás de mulheres. gaúcho Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia ca-
A tarde talvez fosse azul, feeira de São Paulo.
não houvesse tantos desejos. c) a concordância entre Mário de Andrade e Drummond
quanto ao caráter inovador de Vargas, que fez uma
(...) ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira.
Meu Deus, por que me abandonaste d) a discordância entre Mário de Andrade e Drummond
se sabias que eu não era Deus sobre a importância da aliança entre Vargas e o paulis-
se sabias que eu era fraco. ta Júlio Prestes nas eleições presidenciais.
Mundo mundo vasto mundo, e) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio
Vargas, que se recusara a fazer alianças políticas para
se eu me chamasse Raimundo
vencer as eleições.
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração. Questão 114 2007
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.) O canto do guerreiro

(*) tísico=tuberculoso Aqui na floresta


Dos ventos batida,
Esses poemas têm em comum o fato de Façanhas de bravos
a) descreverem aspectos físicos dos próprios autores. Não geram escravos,
b) refletirem um sentimento pessimista. Que estimem a vida
c) terem a doença como tema. Sem guerra e lidar.
d) narrarem a vida dos autores desde o nascimento. — Ouvi-me, Guerreiros,
e) defenderem crenças religiosas. — Ouvi meu cantar.

341

61
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Valente na guerra, da produtividade no trabalho. A indústria do álcool no Brasil,


Quem há, como eu sou? que produz do açúcar ao álcool combustível, movimenta
3,5% do PIB.
Quem vibra o tacape
Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 28, no 4, dez./2006 e Inter-
Com mais valentia?
net: <www.alcoolismo.com.br> (com adaptações).
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou? A partir dos dados acima, conclui-se que
— Guerreiros, ouvi-me; a) o país, para tratar pessoas com problemas provoca-
— Quem há, como eu sou? dos pelo alcoolismo, gasta o dobro do que movimenta
para produzir bebida alcoólica.
Gonçalves Dias.
b) o aumento do número de brasileiros dependentes de
Macunaíma álcool acarreta decréscimo no percentual do PIB gas-
(Epílogo) to no tratamento dessas pessoas.
Acabou-se a história e morreu a vitória. c) o elevado percentual de estudantes que já consumi-
ram bebida alcoólica é indicativo de que o consumo
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tri-
do álcool é problema que deve ser enfrentado pela
bo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em
sociedade.
um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles
campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, d) as mulheres representam metade da população brasi-
aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... leira dependente de álcool.
Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Ne- e) o aumento na porcentagem de brasileiros dependen-
nhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo tes de álcool deveu-se, basicamente, ao crescimento
nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia da indústria do álcool.
saber do Herói?
Mário de Andrade. Questão 116 2007
A leitura comparativa dos dois textos anteriores indica que
Uma equipe de paleontólogos descobriu um rastro de
a) ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro dinossauro carnívoro e nadador, no norte da Espanha.
apresentada de forma realista e heroica, como símbo- O rastro completo tem comprimento igual a 15 metros e
lo máximo do nacionalismo romântico. consiste de vários pares simétricos de duas marcas de três
b) a abordagem da temática adotada no texto escrito em arranhões cada uma, conservadas em arenito.
versos é discriminatória em relação aos povos indíge- O espaço entre duas marcas consecutivas mostra uma per-
nas do Brasil. nada de 2,5 metros. O rastro difere do de um dinossauro
c) as perguntas “— Quem há, como eu sou?” (1o texto) não nadador: “são as unhas que penetram no barro — e
e “Quem podia saber do Herói?” (2o texto) expressam não a pisada —, o que demonstra que o animal estava
diferentes visões da realidade indígena brasileira. nadando sobre a água: só tocava o solo com as unhas,
d) o texto romântico, assim como o modernista, aborda não pisava”, afirmam os paleontólogos.
o extermínio dos povos indígenas como resultado do
processo de colonização no Brasil.
e) os versos em primeira pessoa revelam que os indí-
genas podiam expressar-se poeticamente, mas foram
silenciados pela colonização, como demonstra a pre-
sença do narrador, no segundo texto.

Questão 115 2007

Há cerca de dez anos, estimava-se que 11,2% da popu-


lação brasileira poderiam ser considerados dependentes
de álcool. Esse índice, dividido por gênero, apontava que
17,1% da população masculina e 5,7% da população femini-
na eram consumidores da bebida. Quando analisada a dis- Internet: <www.noticias.uol.com.br> (com adaptações).
tribuição etária desse consumo, outro choque: a pesquisa
Qual dos seguintes fragmentos do texto, considerado
evidenciou que 41,2% de estudantes da educação básica
isoladamente, é variável relevante para se estimar o ta-
da rede pública brasileira já haviam feito uso de álcool.
manho do dinossauro nadador mencionado?
Dados atuais apontam que a porcentagem de dependentes
de álcool subiu para 15%. Estima-se que o país gaste 7,3% a) “O rastro completo tem 15 metros de comprimento.”
do PIB por ano para tratar de problemas relacionados ao b) “O espaço entre duas marcas consecutivas mostra
alcoolismo, desde o tratamento de pacientes até a perda uma pernada de 2,5 metros.”

342

62
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

c) “O rastro difere do de um dinossauro não nadador.” Considerando a diversidade cultural focalizada no texto e
d) “são as unhas que penetram no barro – e não a pisada.” nas figuras, avalie as seguintes afirmativas.
e) “o animal estava nadando sobre a água: só tocava o I. A mitologia guarani relaciona a presença da Ema no
solo com as unhas.” firmamento às mudanças das estações do ano.
II. Em culturas indígenas e não indígenas, o Cruzeiro do
Sul, ou Cut’uxu, funciona como parâmetro de orien-
Questão 117 2008 tação espacial.
III. Na mitologia guarani, o Cut’uxu tem a importante

GRAMÁTICA
A Ema função de segurar a Ema para que seja preservada a
O surgimento da figura da Ema no céu, ao leste, no anoi- água da Terra.
tecer, na segunda quinzena de junho, indica o início do IV. As três Marias, estrelas da constelação de Órion,
inverno para os índios do sul do Brasil e o começo da es- compõem a figura da Ema.
tação seca para os do norte. É limitada pelas constelações É correto apenas o que se afirma em
de Escorpião e do Cruzeiro do Sul, ou Cut’uxu. Segundo
o mito guarani, o Cut’uxu segura a cabeça da ave para a) I.
garantir a vida na Terra, porque, se ela se soltar, beberá b) II e III.
toda a água do nosso planeta. Os tupis-guaranis utilizam o c) III e IV.
Cut’uxu para se orientar e determinar a duração das noites
e as estações do ano. d) I, II e III.

A ilustração a seguir é uma representação dos corpos e) I, II e IV.


celestes que constituem a constelação da Ema, na per-
cepção indígena. Questão 118 2008
Um estudo recente feito no Pantanal dá uma boa ideia de
como o equilíbrio entre as espécies, na natureza, é um
verdadeiro quebra-cabeça. As peças do quebra-cabeça
são o tucano-toco, a arara-azul e o manduvi. O tucano-toco
é o único pássaro que consegue abrir o fruto e engolir a
semente do manduvi, sendo, assim, o principal dispersor
de suas sementes. O manduvi, por sua vez, é uma das
poucas árvores onde as araras-azuis fazem seus ninhos.
Até aqui, tudo parece bem encaixado, mas... é justamente
o tucano-toco o maior predador de ovos de arara-azul –
mais da metade dos ovos das araras são predados pelos
tucanos. Então, ficamos na seguinte encruzilhada: se não
há tucanos-toco, os manduvis se extinguem, pois não há
dispersão de suas sementes e não surgem novos man-
duvinhos, e isso afeta as araras-azuis, que não têm onde
Almanaque BRASIL, maio/2007 (com adaptações). fazer seus ninhos. Se, por outro lado, há muitos tucanos-
-toco, eles dispersam as sementes dos manduvis, e as
A próxima figura mostra, em campo de visão ampliado,
araras-azuis têm muito lugar para fazer seus ninhos, mas
como povos de culturas não indígenas percebem o espaço
seus ovos são muito predados.
estelar em que a Ema é vista.
Internet: <http://oglobo.globo.com> (com adaptações).

De acordo com a situação descrita,


a) o manduvi depende diretamente tanto do tucano-toco
como da arara-azul para sua sobrevivência.
b) o tucano-toco, depois de engolir sementes de mandu-
vi, digere-as e torna-as inviáveis.
c) a conservação da arara-azul exige a redução da po-
pulação de manduvis e o aumento da população de
tucanos-toco.
d) a conservação das araras-azuis depende também da
conservação dos tucanos-toco, apesar de estes se-
rem predadores daquelas.
e) a derrubada de manduvis em decorrência do desma-
tamento diminui a disponibilidade de locais para os
Internet: <geocities.yahoo.com.br> (com adaptações). tucanos fazerem seus ninhos.

343

63
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 119 2009 Questão 120 2009


No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio
Os principais recursos utilizados para envolvimento e
de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira vez, a
adesão do leitor à campanha institucional incluem
palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e
a indumentária, cujo efeito foi tão surpreendente que se a) o emprego de enumeração de itens e apresentação de
sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma títulos expressivos.
mistura de jazz, música popular e sons reais tais como tiros b) o uso de orações subordinadas condicionais e temporais.
de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie
Chaplin, caubóis e vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os c) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do
tempos não eram propícios para receber a nova mensa- imperativo.
gem cênica demasiado provocativa devido ao repicar da d) a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição.
máquina de escrever, aos zumbidos de sirene e dínamo
e) o fornecimento de número de telefone gratuito para
e aos rumores de aeroplano previstos por Cocteau para
contato.
a partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a
tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica,
dada pela justaposição, colagem de ações isoladas seguin- Questão 121 2009
do um estímulo musical.
O texto tem o objetivo de solucionar um problema social,
SILVA, S. M. O surrealismo e a dança.
GUINSBURG, J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo. a) descrevendo a situação do país em relação à gripe suína.
São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).
b) alertando a população para o risco de morte pela In-
As manifestações corporais na história das artes da cena
fluenza A.
muitas vezes demonstram as condições cotidianas de
um determinado grupo social, como se pode observar na c) informando a população sobre a iminência de uma
descrição acima do balé Parade, o qual reflete pandemia de Influenza A.
a) a falta de diversidade cultural na sua proposta estética. d) orientando a população sobre os sintomas da gripe
b) a alienação dos artistas em relação às tensões da Se- suína e procedimentos para evitar a contaminação.
gunda Guerra Mundial. e) convocando toda a população para se submeter a exa-
c) uma disputa cênica entre as linguagens das artes vi- mes de detecção da gripe suína.
suais, do figurino e da música.
d) as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musi-
Questão 122 2009
cais, coreográficas e de figurino.
e) uma narrativa com encadeamentos claramente lógi-
cos e lineares.

Texto comum para as questões 120 e 121.

XAVIER, C. Quadrinho quadrado.


Disponível em: http://www.releituras.com.
Acesso em: 5 jul. 2009.

Tendo em vista a segunda fala do personagem entrevis-


BRASIL. Ministério da Saúde, 2009 (adaptado). tado, constata-se que

344

64
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

a) o entrevistado deseja convencer o jornalista a não pu- que visa à desmecanização física e intelectual de seus
blicar um livro. praticantes. Partindo do princípio de que a linguagem
teatral não deve ser diferenciada da que é usada coti-
b) o principal objetivo do entrevistado é explicar o signi-
dianamente pelo cidadão comum (oprimido), ele propõe
ficado da palavra motivação.
condições práticas para que o oprimido se aproprie dos
c) são utilizados diversos recursos da linguagem literá- meios do fazer teatral e, assim, amplie suas possibilida-
ria, tais como a metáfora e a metonímia. des de expressão. Nesse sentido, todos podem desen-
volver essa linguagem e, consequentemente, fazer teatro.
d) o entrevistado deseja informar de modo objetivo o jor-
Trata-se de um teatro em que o espectador é convidado

GRAMÁTICA
nalista sobre as etapas de produção de um livro.
a substituir o protagonista e mudar a condução ou mes-
e) o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu mo o fim da história, conforme o olhar interpretativo e
sentimento com relação ao processo de produção de contextualizado do receptor.
um livro.
Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em:
www.ctorio.org.br. Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado).
Questão 123 2009
Considerando-se as características do Teatro do Oprimido
A partir da metade do século XX, ocorreu um conjunto apresentadas, conclui-se que
de transformações econômicas e sociais cuja dimen- a) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer
são é difícil de ser mensurada: a chamada explosão da teatro que usa, nas suas ações cênicas, a linguagem
informação. Embora essa expressão tenha surgido no rebuscada e hermética falada normalmente pelo cida-
contexto da informação científica e tecnológica, seu dão comum.
significado, hoje, em um contexto mais geral, atinge
b) a forma de recepção desse modelo teatral se destaca
proporções gigantescas.
pela separação entre atores e público, na qual os ato-
Por estabelecerem novas formas de pensamento e mesmo res representam seus personagens e a plateia assiste
de lógica, a informática e a Internet vêm gerando impactos passivamente ao espetáculo.
sociais e culturais importantes. A disseminação do micro-
computador e a expansão da Internet vêm acelerando o c) sua linguagem teatral pode ser democratizada e apro-
priada pelo cidadão comum, no sentido de proporcio-
processo de globalização tanto no sentido do mercado
nar-lhe autonomia crítica para compreensão e inter-
quanto no sentido das trocas simbólicas possíveis entre
pretação do mundo em que vive.
sociedades e culturas diferentes, o que tem provocado e
acelerado o fenômeno de hibridização amplamente carac- d) o convite ao espectador para substituir o protagonista
terizado como próprio da pós-modernidade. e mudar o fim da história evidencia que a proposta de
Boal se aproxima das regras do teatro tradicional para
FERNANDES, M. F.; PARÁ, T. A contribuição das novas
a preparação de atores.
tecnologias da informação na geração de conhecimento.
Disponível em: http://www.coep.ufrj.br. e) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a
Acesso em: 11 ago. 2009 (adaptado). concepção do teatro clássico aristotélico, que visa à
desautomação física e intelectual de seus praticantes.
Considerando-se o novo contexto social e econômico alu-
dido no texto apresentado, as novas tecnologias de infor-
mação e comunicação Questão 125 2009
a) desempenham importante papel, porque sem elas não
seria possível registrar os acontecimentos históricos. A dança é importante para o índio preparar o corpo e a
garganta e significa energia para o corpo, que fica robus-
b) facilitam os processos educacionais para ensino de
tecnologia, mas não exercem influência nas ciências to. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco
humanas. horas da manhã até seis horas da tarde, passa-se o dia
inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança
c) limitam-se a dar suporte aos meios de comunicação, dos adolescentes. O padrinho é como um professor, um
facilitando sobretudo os trabalhos jornalísticos. preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o pa-
d) contribuem para o desenvolvimento social, pois per- drinho sonha com um determinado canto e planeja para
mitem o registro e a disseminação do conhecimento todos entoarem. Todos os tipos de dança vêm dos pri-
de forma mais democrática e interativa. meiros xavantes: Wamarı̃dzadadzeiwawẽ, Butséwawẽ,
e) estão em estágio experimental, particularmente na Tseretomodzatsewawẽ, que foram descobrindo através da
educação, área em que ainda não demonstraram po- sabedoria como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe
tencial produtivo. essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a
orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar
meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles vão
Questão 124 2009
chamando um ao outro com um grito especial.
Teatro do Oprimido é um método teatral que sistematiza WÉRÉ’ É TSI’RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração
exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo tea- da existência xavante. VIS-Revista do Programa de
trólogo brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, Pós-Graduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006.

345

65
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

A partir das informações sobre a dança Xavante, conclui- na maneira de falar são maiores, num determinado lugar,
-se que o valor da diversidade artística e da tradição cultu- entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre
ral apresentados originam-se da dois brasileiros do mesmo nível cultural originários de duas
a) iniciativa individual do indígena para a prática da dança regiões distantes uma da outra.”
e do canto. SILVA, R. V. M. O português brasileiro e o português
b) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante. europeu contemporâneo: alguns aspectos da diferença.
Disponível em: www.uniroma.it. Acesso em: 23 jun. 2008.
c) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica.
d) inexistência de um planejamento da estética da dan-
1
isoglossa – linha imaginária que, em um mapa, une os
ça, caracterizada pelo ineditismo. pontos de ocorrência de traços e fenômenos linguísticos
idênticos.
e) preservação de uma identidade entre a gestualidade
ancestral e a novidade dos cantos a serem entoados. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

Questão 126 2009 De acordo com as informações presentes no texto,


os pontos de vista de Serafim da Silva Neto e de Paul
A partida Teyssier convergem em relação
1 Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e a) à influência dos aspectos socioculturais nas diferen-
logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono ças dos falares entre indivíduos, pois ambos conside-
esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava ram que pessoas de mesmo nível sociocultural falam
4 das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, de forma semelhante.
pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo b) à delimitação dialetal no Brasil assemelhar-se ao que
de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, ocorria na România Antiga, pois ambos consideram a
7 sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de variação linguística no Brasil como decorrente de as-
disciplina e de amor. pectos geográficos.
9 Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o c) à variação sociocultural entre brasileiros de diferentes
rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, regiões, pois ambos consideram o fator sociocultural
vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira de bastante peso na constituição das variedades lin-
10 da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou guísticas no Brasil.
falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava d) à diversidade da língua portuguesa na România Anti-
acordá-la, dizer-lhe adeus? ga, que até hoje continua a existir, manifestando-se
LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio nas variantes linguísticas do português atual no Brasil.
de Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003. e) à existência de delimitações dialetais geográficas
No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, pouco marcadas no Brasil, embora cada um enfatize
descreve a sua hesitação em separar-se da avó. Esse sen- aspectos diferentes da questão.
timento contraditório fica claramente expresso no trecho:
a) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstina-
Questão 128 2010
ção, quis novamente dormir” (ℓ.1 - 2). A gentileza é algo difícil de ser ensinado e vai muito além
b) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o da palavra educação. Ela é difícil de ser encontrada, mas
trem chegaria às cinco” (ℓ.4 - 5). fácil de ser identificada, e acompanha pessoas generosas
c) “Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da e desprendidas, que se interessam em contribuir para o
cama” (ℓ.9 - 10). bem do outro e da sociedade. É uma atitude desobrigada,
d) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas que se manifesta nas situações cotidianas e das maneiras
cadeias de disciplina e amor” (ℓ.6 - 8). mais prosaicas.
e) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas pala- SIMURRO, S. A. B. Ser gentil é ser saudável. Disponível em:
vras...” (ℓ.10 - 11). http://www.abqv.org.br. Acesso em: 22 jun. 2006 (adaptado).

No texto, menciona-se que a gentileza extrapola as regras


Questão 127 2009 de boa educação. A argumentação construída
a) apresenta fatos que estabelecem entre si relações de
Serafim da Silva Neto defendia a tese da unidade da língua causa e de consequência.
portuguesa no Brasil, entrevendo que no Brasil as delimita-
b) descreve condições para a ocorrência de atitudes
ções dialetais espaciais não eram tão marcadas como as
educadas.
isoglossas1 da România Antiga. Mas Paul Teyssier, na sua
História da Língua Portuguesa, reconhece que na diversi- c) indica a finalidade pela qual a gentileza pode ser prati-
dade socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz Teyssier: cada.
“A realidade, porém, é que as divisões ‘dialetais’ no Brasil d) enumera fatos sucessivos em uma relação temporal.
são menos geográficas que socioculturais. As diferenças e) mostra oposição e acrescenta ideias.

346

66
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 129 2010 Texto II

O Chat e sua linguagem virtual Conexão sem fio no Brasil

O significado da palavra chat vem do inglês e quer dizer Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar
“conversa”. Essa conversa acontece em tempo real, e, publicações para o Kindle
para isso, é necessário que duas ou mais pessoas estejam
conectadas ao mesmo tempo, o que chamamos de comu-
nicação síncrona. São muitos os sites que oferecem a opção

GRAMÁTICA
de bate-papo na internet, basta escolher a sala que deseja
“entrar”, identificar-se e iniciar a conversa. Geralmente, as
salas são divididas por assuntos, como educação, cinema,
esporte, música, sexo, entre outros. Para entrar, é necessá-
rio escolher um nick, uma espécie de apelido que identificará
o participante durante a conversa. Algumas salas restringem
a idade, mas não existe nenhum controle para verificar se a
idade informada é realmente a idade de quem está acessan-
do, facilitando que crianças e adolescentes acessem salas
com conteúdos inadequados para sua faixa etária.
AMARAL, S. F. Internet: novos valores e novos
comportamentos. In: SILVA, E. T. (Coord.). A leitura nos
oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003. (adaptado).
Segundo o texto, o chat proporciona a ocorrência de diá-
logos instantâneos com linguagem específica, uma vez
que nesses ambientes interativos faz-se uso de protoco-
los diferenciados de interação. O chat, nessa perspectiva,
cria uma nova forma de comunicação porque
a) possibilita que ocorra diálogo sem a exposição da
identidade real dos indivíduos, que podem recorrer a
apelidos fictícios sem comprometer o fluxo da comu-
nicação em tempo real. Época. 12 out. 2009.
b) disponibiliza salas de bate-papo sobre diferentes as-
suntos com pessoas pré-selecionadas por meio de A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz
um sistema de busca monitorado e atualizado por au- um anúncio sobre o lançamento do livro digital no Brasil.
toridades no assunto.
Já o texto II traz informações referentes à abrangência de
c) seleciona previamente conteúdos adequados à faixa
acessibilidade das tecnologias de comunicação e infor-
etária dos usuários que serão distribuídos nas faixas
mação nas diferentes regiões do país. A partir da leitura
de idade organizadas pelo site que disponibiliza a fer-
ramenta. dos dois textos, infere-se que o advento do livro digital
no Brasil
d) garante a gravação das conversas, o que possibilita
que um diálogo permaneça aberto, independente da a) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país
disposição de cada participante. às informações antes restritas, uma vez que eliminará
e) limita a quantidade de participantes conectados nas as distâncias, por meio da distribuição virtual.
salas de bate-papo, a fim de garantir a qualidade e
eficiência dos diálogos, evitando mal-entendidos. b) criará a expectativa de viabilizar a democratização da
leitura, porém, esbarra na insuficiência do acesso à
Internet por meio da telefonia celular, ainda deficiente
Questão 130 2010 no país.
Texto I c) fará com que os livros impressos tornem-se obsole-
tos, em razão da diminuição dos gastos com os pro-
dutos digitais gratuitamente distribuídos pela internet.
d) garantirá a democratização dos usos da tecnologia no
país, levando em consideração as características de
cada região no que se refere aos hábitos de leitura e
acesso à informação.
e) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura
dos brasileiros, uma vez que as características do pro-
Época. 12 out. 2009 duto permitem que a leitura aconteça a despeito das
(adaptado). adversidades geopolíticas.

347

67
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 131 2010 Da comparação entre os textos, depreende-se que o tex-


to II constitui um passo a passo para interferir no com-
Texto I portamento dos usuários, dirigindo-se diretamente aos
leitores, e o texto I
Sob o olhar do Twitter a) adverte os leitores de que a internet pode transfor-
mar-se em um problema porque expõe a vida dos
Vivemos a era da exposição e do compartilhamento. Pú-
usuários e, por isso, precisa ser investigada.
blico e privado começam a se confundir. A ideia de priva-
cidade vai mudar ou desaparecer. b) ensina aos leitores os procedimentos necessários
para que as pessoas conheçam, em profundidade, os
O trecho acima tem 140 caracteres exatos. É uma mensa-
principais meios de comunicação da atualidade.
gem curta que tenta encapsular uma ideia complexa. Não
é fácil esse tipo de síntese, mas dezenas de milhões de c) exemplifica e explica o novo serviço global de mensa-
pessoas o praticam diariamente. No mundo todo, são dis- gens rápidas que desafia os hábitos de comunicação
parados 2,4 trilhões de SMS por mês, e neles cabem 140 e reinventa o conceito de privacidade.
toques, ou pouco mais. Também é comum enviar e-mails, d) procura esclarecer os leitores a respeito dos perigos
deixar recados no Orkut, falar com as pessoas pelo MSN, que o uso do Twitter pode representar nas relações
tagarelar no celular, receber chamados em qualquer parte, de trabalho e também no plano pessoal.
a qualquer hora. Estamos conectados. Superconectados, e) apresenta uma enquete sobre as redes sociais mais
na verdade, de várias formas. usadas na atualidade e mostra que o Twitter é preferi-
[...] O mais recente exemplo de demanda por total conexão do entre a maioria dos internautas.
e de uma nova sintaxe social é o Twitter, o novo serviço
de troca de mensagens pela internet. O Twitter pode ser
Nesta questão foram trabalhadas:
entendido como uma mistura de blog e celular.
Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a
As mensagens são de 140 toques, como os torpedos dos
função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informa-
celulares, mas circulam pela internet, como os textos de ção na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhe-
blogs. Em vez de seguir para apenas uma pessoa, como cimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às lingua-
no celular ou no MSN, a mensagem do Twitter vai para gens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos
todos os “seguidores” – gente que acompanha o emissor. de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
Podem ser 30, 300 ou 409 mil seguidores. Habilidade 29 – Identificar pela análise de suas linguagens, as
MARTINS, I.; LEAL, R. Época. 16 mar. 2009 (fragmento adaptado). tecnologias da comunicação e informação.

Texto II
Questão 132 2010

A Herança Cultural da Inquisição


A Inquisição gerou uma série de comportamentos huma-
nos defensivos na população da época, especialmente por
ter perdurado na Espanha e em Portugal durante quase
300 anos, ou no mínimo quinze gerações.
Embora a Inquisição tenha terminado há mais de um sécu-
lo, a pergunta que fiz a vários sociólogos, historiadores e
psicólogos era se alguns desses comportamentos culturais
não poderiam ter-se perpetuado entre nós.
Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja, embora
alterasse sem dúvida o comportamento da época, nenhum
comportamento permanece tanto tempo depois, sem re-
forço ou estímulo continuado.
Não sou psicólogo nem sociólogo para discordar, mas te-
nho a impressão de que existem alguns comportamentos
estranhos na sociedade brasileira, e que fazem sentido se
você os considerar resquícios da era da Inquisição. […]
KANITZ, S. A Herança Cultural da Inquisição.
In: Revista Veja. Ano 38, no 5, 2 fev. 2005 (fragmento).

Considerando-se o posicionamento do autor do fragmen-


to a respeito de comportamentos humanos, o texto
a) enfatiza a herança da Inquisição em comportamentos
MARTINS, I.; LEAL, R. Época. 16 mar. 2009. culturais observados em Portugal e na Espanha.

348

68
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

b) contesta sociólogos, psicólogos e historiadores so- Questão 134 2010


bre a manutenção de comportamentos gerados pela
Inquisição. Texto I
c) contrapõe argumentos de historiadores e sociólogos O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que não
a respeito de comportamentos culturais inquisidores. fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros fuma-
d) relativiza comportamentos originados na Inquisição e dos ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os efeitos
observados na sociedade brasileira. do fumo passivo, mas uma coisa é certa: quem não fuma
e) questiona a existência de comportamentos culturais não é obrigado a respirar a fumaça dos outros.

GRAMÁTICA
brasileiros marcados pela herança da Inquisição. O fumo passivo é um problema de saúde pública em todos
os países do mundo. Na Europa, estima-se que 79% das
Questão 133 2010 pessoas estão expostas à fumaça “de segunda mão”,
enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não fumantes
A Internet que você faz acabam fumando passivamente. A Sociedade do Câncer
da Nova Zelândia informa que o fumo passivo é a terceira
Uma pequena invenção, a Wikipédia, mudou o jeito de entre as principais causas de morte no país, depois do
lidarmos com informações na rede. Trata-se de uma fumo ativo e do uso de álcool.
enciclopédia virtual colaborativa, que é feita e atualizada
por qualquer internauta que tenha algo a contribuir. Disponível em: www.terra.com.br.
Acesso em: 27 abr. 2010 (fragmento).
Em resumo: é como se você imprimisse uma nova
página para a publicação desatualizada que encontrou
na biblioteca. Texto II
Antigamente, quando precisávamos de alguma informação
confiável, tínhamos a enciclopédia como fonte segura de
pesquisa para trabalhos, estudos e pesquisa em geral.
Contudo, a novidade trazida pela Wikipédia nos coloca
em uma nova circunstância, em que não podemos confiar
integralmente no que lemos.
Por ter como lema principal a escritura coletiva, seus
textos trazem informações que podem ser editadas e
reeditadas por pessoas do mundo inteiro. Ou seja, a re-
levância da informação não é determinada pela tradição
cultural, como nas antigas enciclopédias, mas pela dinâ-
mica da mídia.
Assim, questiona-se a possibilidade de serem encontra-
das informações corretas entre sabotagens deliberadas e
contribuições erradas.
NÉO, A. et al. A internet que você faz. In: Revista PENSE!
Secretaria de Educação do Estado do Ceará Ano 2, Disponível em: http://rickjaimecomics.blogspot.com.
no 3, mar.-abr. 2010 (adaptado). Acesso em: 27 abr. 2010.

As novas Tecnologias de Informação e Comunicação, Ao abordar a questão do tabagismo, os textos I e II procu-


como a Wikipédia, têm trazido inovações que impacta- ram demonstrar que
ram significativamente a sociedade. A respeito desse as-
sunto, o texto apresentado mostra que a falta de confian- a) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa, dia-
ça na veracidade dos conteúdos registrados na Wikipédia riamente, excede o máximo de nicotina recomendado
para os indivíduos, inclusive para os não fumantes.
a) acontece pelo fato de sua construção coletiva possibi- b) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao fumar,
litar a edição e reedição das informações por qualquer será necessário aumentar as estatísticas de fumo
pessoa no mundo inteiro. passivo.
b) limita a disseminação do saber, apesar do crescente c) a conscientização dos fumantes passivos é uma ma-
número de acessos ao site que a abriga, por falta de neira de manter a privacidade de cada indivíduo e ga-
legitimidade. rantir a saúde de todos.
c) ocorre pela facilidade de acesso à página, o que tor- d) os não fumantes precisam ser respeitados e poupa-
na a informação vulnerável, ou seja, pela dinâmica da dos, pois estes também estão sujeitos às doenças
mídia. causadas pelo tabagismo.
d) ressalta a crescente busca das enciclopédias impres- e) o fumante passivo não é obrigado a inalar as mesmas
sas para as pesquisas escolares. toxinas que um fumante, portanto depende dele evi-
e) revela o desconhecimento do usuário, impedindo-o tar ou não a contaminação proveniente da exposição
de formar um juízo de valor sobre as informações. ao fumo.

349

69
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Texto comum para as questões 135 e 136. Questão 136 2010


A carreira do crime Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para
Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz
sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de drogas nas a) uma denúncia de quadrilhas que se organizam em tor-
favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, no do narcotráfico.
contribuindo para explicar as dificuldades que o Estado b) a constatação de que o narcotráfico restringe-se aos
enfrenta no combate ao crime organizado. centros urbanos.
O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária c) a informação de que as políticas sociais compensató-
(nenhum dos entrevistados havia completado o ensino rias eliminarão a atividade criminosa a longo prazo.
fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com d) o convencimento do leitor de que para haver a supera-
salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000 mensais. ção do problema do narcotráfico é preciso aumentar a
Para uma base de comparação, convém notar que, se- ação policial.
gundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasi- e) uma exposição numérica realizada com o fim de mostrar
leira com mais de dez anos que declara ter uma atividade que o negócio do narcotráfico é vantajoso e sem riscos.
remunerada ganha no máximo o ‘piso salarial’ oferecido
pelo crime. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25%
recebiam mais de R$ 2.000 mensais; já na população bra- Nesta questão foram trabalhadas:
sileira essa taxa não ultrapassa 6%. Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comu-
Tais rendimentos mostram que as políticas sociais com- nicação e da informação na escola, no trabalho e em outros
pensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15 mensais contextos relevantes para sua vida.
por aluno matriculado), são por si só incapazes de impedir Habilidade 2 – Recorrer aos conhecimentos sobre as lingua-
que o narcotráfico continue aliciando crianças provenientes gens dos sistemas de comunicação e informação para resol-
de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco ver problemas sociais.
o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os
filhos estudando, o que de modo algum impossibilita a
opção pela delinquência. No mesmo sentido, os progra- Questão 137 2010
mas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado
(circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol)
Texto I
são importantes, mas não resolvem o problema.
A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não
a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não
esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim
provam isso: eles são elevados precisamente porque a exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós
possibilidade de ser preso não é desprezível. É preciso nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias,
que o Executivo federal e os estaduais desmontem as or- nos povoados, não porque soframos, com a dor e os despra-
ganizações paralelas erguidas pelas quadrilhas, para que a zeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia
certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime. o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável
Editorial. Folha de São Paulo. 15 jan. 2003. e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às
idades e às épocas.
RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas.
Questão 135 2010 São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas
sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no tráfi- Texto II
co não terão chance de sucesso enquanto a remuneração
A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência
oferecida pelos traficantes for tão mais compensatória
dela. Como se sentia estar no seu reino, na região em que
que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para
comprovar sua tese, o autor apresenta era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e
o de inveja das mulheres acabavam o sentimento de sua
a) instituições que divulgam o crescimento de jovens no personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a rua do
crime organizado. Catete com o seu passo miúdo e sólido. [...] No caminho
b) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida trocou cumprimento com as raparigas pobres de uma casa
pelo crime organizado. de cômodos da vizinhança.
c) políticas sociais que impedem o aliciamento de crian- [...] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres rapa-
ças no crime organizado. rigas, ela continuou o seu caminho, arrepanhando a saia,
d) pesquisadores que se preocupam com os jovens en- satisfeita que nem uma duquesa atravessando os seus
volvidos no crime organizado. domínios.
e) números que comparam os valores pagos entre os BARRETO, L. Um e outro. In: Clara dos Anjos.
programas de governo e o crime organizado. Rio de Janeiro: Editora Mérito (fragmento).

350

70
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas, Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. […] Essa não
contos e romances do final do século XIX e início do XX, faltou também à minha mãe, quando eu era menino,
muitos dos quais elegem a rua para explorar essa expe- no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lu-
riência. Nos fragmentos I e II, a rua é vista, respectiva- gar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes;
mente, como lugar que quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe
e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da
a) desperta sensações contraditórias e desejo de reco-
outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco,
nhecimento.
o senhor sabe.
b) favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos do-

GRAMÁTICA
ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas.
tes físicos.
Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).
c) possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros
casuais. Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação de-
corrente de uma desigualdade social típica das áreas
d) propicia o sentido de comunidade e a exibição pes-
rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras
soal.
e pela relação de dependência entre agregados e fa-
e) promove o anonimato e a segregação social. zendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o
personagem-narrador
Questão 138 2011 a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demons-
trando sua pouca disposição em ajudar seus agrega-
A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada
dos, uma vez que superou essa condição graças à sua
da mídia eletrônica me lembra a discussão idêntica sobre a
força de trabalho.
obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez não
existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que b) descreve o processo de transformação de um meei-
isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ro – espécie de agregado – em proprietário de terra.
ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publica- c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação
dos e lidos – em CD-ROM, em livro eletrônico, em “chips dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho
quânticos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma da terra.
imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página d) mostra como a condição material da vida do sertanejo
impressa, livro em Braille, folheto, “coffee-table book”, é dificultada pela sua dupla condição de homem livre
cópia manuscrita, arquivo PDF… Qualquer texto pode se e, ao mesmo tempo, dependente.
reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa e) mantém o distanciamento narrativo condizente com
se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou sua posição social, de proprietário de terras.
O livro de piadas de Casseta & Planeta.
TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.
Questão 140 2011
Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o
surgimento de outros suportes em via eletrônica, o cro- O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filóso-
nista manifesta seu ponto de vista, defendendo que fos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros sobre o
assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero:
a) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que A Arte do Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente,
será extinto com o avanço da tecnologia. que todas as idades têm seus encantos e suas dificulda-
b) o livro impresso permanecerá como objeto cultural des. E depois aponta para um paradoxo da humanidade.
veiculador de impressões e de valores culturais. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver
c) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do muitos anos. Quando realizamos a meta, em vez de ce-
prazer de se ler textos em livros e suportes impressos. lebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e
amargura. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento
d) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
novas tecnologias, mesmo que os livros desapareçam.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento.
e) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a pos-
Época. 28 abr. 2008.
sibilidade de se ler obras literárias dos mais diversos
gêneros. O autor discute problemas relacionados ao envelheci-
mento, apresentando argumentos que levam a inferir que
seu objetivo é
Questão 139 2011
a) esclarecer que a velhice é inevitável.
Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago
b) contar fatos sobre a arte de envelhecer.
dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O
senhor vê: Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e c) defender a ideia de que a velhice é desagradável.
habilidoso. Pergunto: – Zé-Zim, por que é que você não d) influenciar o leitor para que lute contra o envelheci-
cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz? – Quero mento.
criar nada não… – me deu resposta: – Eu gosto muito de e) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem an-
mudar… […] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. gústia, o envelhecimento.

351

71
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 141 2011 Questão 143 2011


No Brasil, a condição cidadã, embora dependa da leitura e
da escrita, não se basta pela enunciação do direito, nem Entre ideia e tecnologia
pelo domínio desses instrumentos, o que, sem dúvida, O grande conceito por trás do Museu da Língua é apre-
viabiliza melhor participação social. A condição cidadã de- sentar o idioma como algo vivo e fundamental para o en-
pende, seguramente, da ruptura com o ciclo da pobreza, tendimento do que é ser brasileiro. Se nada nos define
que penaliza um largo contingente populacional. com clareza, a forma como falamos o português nas mais
Formação de leitores e construção da cidadania, memória diversas situações cotidianas é talvez a melhor expressão
e presença do PROLER. Rio de Janeiro: FBN, 2008. da brasilidade.
Ao argumentar que a aquisição das habilidades de leitura SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa.
e escrita não são suficientes para garantir o exercício da São Paulo: Segmento, Ano II, no 6, 2006.
cidadania, o autor O texto propõe uma reflexão acerca da língua portugue-
a) critica os processos de aquisição da leitura e da escrita. sa, ressaltando para o leitor a
b) fala sobre o domínio da leitura e da escrita no Brasil.
a) inauguração do museu e o grande investimento em
c) incentiva a participação efetiva na vida da comunidade. cultura no país.
d) faz uma avaliação crítica a respeito da condição cidadã b) importância da língua para a construção da identidade
do brasileiro. nacional.
e) define instrumentos eficazes para elevar a condição
c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através
social da população do Brasil.
da língua.
d) relação entre o idioma e as políticas públicas na área
Questão 142 2011 de cultura.
Texto I e) diversidade étnica e linguística existente no território
nacional.
O Brasil sempre deu respostas rápidas através da solida-
riedade do seu povo. Mas a mesma força que nos motiva a
ajudar o próximo deveria também nos motivar a ter atitudes Questão 144 2011
cidadãs. Não podemos mais transferir a culpa para quem é
vítima ou até mesmo para a própria natureza, como se essa
seguisse a lógica humana. Sobram desculpas esfarrapadas O Conar existe para coibir
e falta competência da classe política. os exageros na propaganda.
Cartas. IstoÉ. 28 abr. 2010. E ele é 100% eficiente Propaganda boa é
Texto II nesta missão. propaganda responsável.

Não podemos negar ao povo sofrido todas as hipóteses


de previsão dos desastres. Demagogos culpam os mora- Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos
dores; o governo e a prefeitura apelam para as pessoas infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor des-
saírem das áreas de risco e agora dizem que será compul- lize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria
sória a realocação. Então temos a realocar o Brasil inteiro! uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”,
Criemos um serviço, similar ao SUS, com alocação obriga- como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eu-
tória de recursos orçamentários com rede de atendimento femismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo
preventivo, onde participariam arquitetos, engenheiros,
muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta pa-
geólogos. Bem ou mal, esse “SUS” organizaria brigadas
lavra simplesmente porque não acreditamos que exista
nos locais. Nos casos da dengue, por exemplo, poderia
verificar as condições de acontecer epidemias. Seriam uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional
boas ações preventivas. de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade
e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade.
Carta do Leitor. Carta Capital. 28 abr. 2010 (adaptado).
Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu há 29 anos
Os textos apresentados expressam opiniões de leitores (viu só? não arredondamos para 30) com a missão de zelar
acerca de relevante assunto para a sociedade brasileira. pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos
Os autores dos dois textos apontam para a bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez,
a) necessidade de trabalho voluntário contínuo para a seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da
resolução das mazelas sociais. propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre
b) importância de ações preventivas para evitar catástro- nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não
fes, indevidamente atribuídas aos políticos. acreditasse nela?
c) incapacidade política para agir de forma diligente na Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça pu-
resolução das mazelas sociais. blicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa
d) urgência de se criarem novos órgãos públicos com as cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso,
mesmas características do SUS. aplica a punição.
e) impossibilidade de o homem agir de forma eficaz ou Anúncio veiculado na Revista Veja.
preventiva diante das ações da natureza. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano 42, no 27, 8 jul. 2009.

352

72
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Considerando a autoria e a seleção lexical desse texto, Questão 146 2012


bem como os argumentos nele mobilizados, constata-se
que o objetivo do autor do texto é O sedutor médio
a) informar os consumidores em geral sobre a atuação Vamos juntar
do Conar. Nossas rendas e
b) conscientizar publicitários do compromisso ético ao expectativas de vida
elaborar suas peças publicitárias.
querida,
c) alertar chefes de família, para que eles fiscalizem o

GRAMÁTICA
o que me dizes?
conteúdo das propagandas veiculadas pela mídia.
Ter 2, 3 filhos
d) chamar a atenção de empresários e anunciantes em
geral para suas responsabilidades ao contratarem pu- e ser meio felizes?
blicitários sem ética.
VERÍSSIMO, L. F. Poesia numa hora dessas?!
e) chamar a atenção de empresas para os efeitos noci- Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
vos que elas podem causar à sociedade, se compac-
tuarem com propagandas enganosas. No poema O sedutor médio, é possível reconhecer a pre-
sença de posições críticas
Questão 145 2012 a) nos três primeiros versos, em que “juntar expectati-
vas de vida” significa que, juntos, os cônjuges pode-
Das irmãs riam viver mais, o que faz do casamento uma conven-
ção benéfica.
os meus irmãos sujando-se b) na mensagem veiculada pelo poema, em que os va-
na lama lores da sociedade são ironizados, o que é acentuado
e eis-me aqui cercada pelo uso do adjetivo “médio” no título e do advérbio
de alvura e enxovais “meio” no verso final.
c) no verso “e ser meio felizes?”, em que “meio” é sinô-
eles se provocando e provando nimo de metade, ou seja, no casamento, apenas um
do fogo dos cônjuges se sentiria realizado.
e eu aqui fechada d) nos dois primeiros versos, em que “juntar rendas”
provendo a comida indica que o sujeito poético passa por dificuldades fi-
nanceiras e almeja os rendimentos da mulher.
eles se lambuzando e arrotando e) no título, em que o adjetivo “médio” qualifica o sujeito
na mesa poético como desinteressante ao sexo oposto e inábil
e eu a temperada em termos de conquistas amorosas.
servindo, contida

os meus irmãos jogando-se Questão 147 2012


na cama
E-mail com hora programada
e eis-me afiançada
Redação INFO, 28 de agosto de 2007.
por dote e marido
QUEIROZ, S. O sacro ofício. Agende o envio de e-mails no Thunderbird com a extensão
Belo Horizonte: Comunicação, 1980. SendLater

O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lírica femi- Nem sempre é interessante mandar um e-mail na hora.
nina que contrapõe o estilo de vida do homem ao modelo Há situações em que agendar o envio de uma mensa-
reservado à mulher. Nessa contraposição, ela conclui que gem é útil, como em datas comemorativas ou quando
o e-mail serve para lembrar o destinatário de algum
a) a mulher deve conservar uma assepsia que a distin- evento futuro. O Thunderbird, o ótimo cliente de e-mail
gue de homens, que podem se jogar na lama. do grupo Mozilla, conta com uma extensão para esse
b) a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato fim. Trata-se do SendLater. Depois de instalado, ele cria
de cozinhar, tarefa destinada às mulheres. um item no menu de criação de mensagens que permite
marcar o dia e a hora exatos para o envio do e-mail. Só
c) a luta pela igualdade entre os gêneros depende da
há um ponto negativo: para garantir que a mensagem
ascensão financeira e social das mulheres.
seja enviada na hora, o Thunderbird deverá estar em
d) a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo execução. Senão, ele mandará o e-mail somente na
da fragilidade feminina no espaço doméstico. próxima vez que for rodado.
e) os papéis sociais destinados aos gêneros produzem Disponível em: http://info.abril.com.br.
efeitos e graus de autorrealização desiguais. Acesso em: 18 fev. 2012 (adaptado).

353

73
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Considerando-se a função do SendLater, o objetivo do portavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em
autor do texto E-mail com hora programada é que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos
a) eliminar os entraves no envio de mensagens via heróis do Brasil? Em nada... O importante e que ele tivesse
e-mail. sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi,
de folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso
b) viabilizar a aquisição de conhecimento especializado
tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
pelo usuário.
c) permitir a seleção dos destinatários dos textos enviados. O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o
d) controlar a quantidade de informações constantes do escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricul-
corpo do texto. tura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil
como diziam os livros. Outra decepção. E, quando seu pa-
e) divulgar um produto ampliador da funcionalidade de
triotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções.
um recurso comunicativo.
Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu
combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros,
Questão 148 2012 inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção,
uma série, melhor, um encadeamento de decepções.
E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele
mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado
braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de por ele no silêncio de seu gabinete.
suas articulações e de seus reflexos quando achava nisso BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma.
conveniência. Também ele soubera apoderar-se dessa arte, Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 8 nov. 2011.
mais artifício, toda feita de sutilezas e grosserias, de expecta-
tiva e oportunidade, de insolência e submissão, de silêncios O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima
e rompantes, de anulação e prepotência. Conhecia a palavra Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado,
exata para o momento preciso, a frase picante ou obscena a reação do personagem aos desdobramentos de suas
no ambiente adequado, o tom humilde diante do superior iniciativas patrióticas evidencia que
útil, o grosseiro diante do inferior, o arrogante quando o po-
deroso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações a) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento
equívocas, e armar intrigas das quais se saía sempre bem, e da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades,
sabia, por experiência própria, que a fortuna se ganha com mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
uma frase, num dado momento, que este momento único, b) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o
irrecuperável, irreversível, exige um estado de alerta para a ao ideal de prosperidade e democracia que o persona-
sua apropriação. gem encontra no contexto republicano.
RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. c) a construção de uma pátria a partir de elementos míti-
Rio de Janeiro: GDR, 1963 (fragmento). cos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e
a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
No conto, o autor retrata criticamente a habilidade do per-
d) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica
sonagem no manejo de discursos diferentes segundo a
a reação de decepção e desistência de Policarpo Qua-
posição do interlocutor na sociedade. A crítica à conduta
resma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
do personagem está centrada
e) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola
a) na imagem do títere ou fantoche em que o persona- incondicional faz parte de um projeto ideológico salva-
gem acaba por se transformar, acreditando dominar cionista, tal como foi difundido na época do autor.
os jogos de poder na linguagem.
b) na alusão à falta de articulações e reflexos do perso-
nagem, dando a entender que ele não possui o mane-
Questão 150 2012
jo dos jogos discursivos em todas as situações. A marcha galopante das tecnologias teve por primeiro re-
c) no comentário, feito em tom de censura pelo autor, sultado multiplicar em enormes proporções tanto a massa
sobre as frases obscenas que o personagem emite das notícias que circulam quanto as ocasiões de sermos
em determinados ambientes sociais. solicitados por elas. Os profissionais têm tendência a con-
d) nas expressões que mostram tons opostos nos dis- siderar esta inflação como automáticamente favorável ao
cursos empregados aleatoriamente pelo personagem público, pois dela tiram proveito e tornam-se obcecados
em conversas com interlocutores variados. pela imagem liberal do grande mercado em que cada um,
e) no falso elogio à originalidade atribuída a esse perso- dotado de luzes por definição iguais, pode fazer sua esco-
nagem, responsável por seu sucesso no aprendizado lha em toda liberdade. Isso jamais foi realizado e tende a
das regras de linguagem da sociedade. nunca ser. Na verdade, os leitores, ouvintes, telespecta-
dores, mesmo se se abandonam a sua bulimia*, não são
realmente nutridos por esta indigesta sopa de informações
Questão 149 2012 e sua busca finaliza em frustração. Cada vez mais frequen-
temente, até, eles ressentem esse bombardeio de rique-
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e zas falsas como agressivo e se refugiam na resistência a
por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe im- toda ou qualquer informação.

354

74
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

O verdadeiro problema das sociedades pós-industriais


não é a penúria**, mas a abundância. As sociedades HIPERTEXTO
modernas têm a sua disposição muito mais do que ne-
cessitam em objetos, informações e contatos. Ou, mais Questão 152 2009
exatamente, disso resulta uma desarmonia entre uma
oferta, não excessiva, mas incoerente, e uma demanda Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os
que, confusamente, exige uma escolha muito mais rápi- leitores a lerem numa onda linear – da esquerda para a di-
da a absorver. Por isso os órgãos de informação devem reita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos
escolher, uma vez que o homem contemporâneo apres- encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a

GRAMÁTICA
sado, estressado, desorientado busca uma linha diretriz, outro, rapidamente e não sequencialmente. Considerando
uma classificação mais clara, um condensado do que é que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos
realmente importante. a seguir, podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos
e suas decisões como novos caminhos, inserindo informa-
(*) fome excessiva, desejo descontrolado. ções novas, o leitor-navegador passa a ter um papel mais
(**) miséria, pobreza ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de texto
VOYENNE, B. Informação hoje. impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os
Lisboa: Armand Colin, 1975 (adaptado). mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões.
Com o uso das novas tecnologias, os domínios midiáti- MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e
cos obtiveram um avanço maior e uma presença mais práticas interacionais. Rio: Lucerna, 2007.
atuante junto ao público, marcada ora pela quase simul- No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o co-
taneidade das informações, ora pelo uso abundante de nhecimento por ele produzido, o texto apresentado deixa
imagens. A relação entre as necessidades da socieda- claro que o hipertexto muda a noção tradicional de auto-
de moderna e a oferta de informação, segundo o texto, ria, porque
é desarmônica, porque
a) é o leitor que constrói a versão final do texto.
a) o jornalista seleciona as informações mais importan- b) o autor detém o controle absoluto do que escreve.
tes antes de publicá-las.
c) aclara os limites entre o leitor e o autor.
b) o ser humano precisa de muito mais conhecimento
d) propicia um evento textual-interativo em que apenas
do que a tecnologia pode dar.
o autor é ativo.
c) o problema da sociedade moderna é a abundância de
e) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe
informações e de liberdade de escolha.
para o leitor.
d) a oferta é incoerente com o tempo que as pessoas têm
para digerir a quantidade de informação disponível.
e) a utilização dos meios de informação acontece de ma- Questão 153 2010
neira desorganizada e sem controle efetivo.
Fora da ordem
Questão 151 2012 Em 1588, o engenheiro militar italiano Agostinho Romelli
publicou Le Diverse et Artificiose Machine, no qual descrevia
uma máquina de ler livros. Montada para girar verticalmente,
Assine Nossa Revista e com mais como uma roda de hamster, a invenção permitia que o leitor
fosse de um texto ao outro sem se levantar de sua cadeira.
R$ 58,10 ...
Hoje podemos alternar entre documentos com muito
... leve também a versão digital
mais facilidade – um clique no mouse é suficiente para
para tablet e PC por 1 ano e meio. acessarmos imagens, textos, vídeos e sons instantanea-
mente. Para isso, usamos o computador, e principalmente
Disponível em: www.assine.abril.com.br. a internet – tecnologias que não estavam disponíveis no
Acesso em: 29 fev. 2012 (adaptado). Renascimento, época em que Romelli viveu.
Com o advento da internet, as versões de revistas e livros BERCITTO, D. Revista Língua Portuguesa. Ano II. No 14.
também se adaptaram às novas tecnologias. A análise do
texto publicitário apresentado revela que o surgimento O inventor italiano antecipou, no século XVI, um dos princí-
das novas tecnologias pios definidores do hipertexto: a quebra de linearidade na
leitura e a possibilidade de acesso ao texto conforme o inte-
a) proporcionou mudanças no paradigma de consumo e resse do leitor. Além de ser característica essencial da inter-
oferta de revistas e livros. net, do ponto de vista da produção do texto, a hipertextua-
b) incentivou a desvalorização das revistas e livros im- lidade se manifesta também em textos impressos, como
pressos.
a) dicionários, pois a forma do texto dá liberdade de
c) viabilizou a aquisição de novos equipamentos digitais. acesso à informação.
d) aqueceu o mercado de venda de computadores. b) documentários, pois o autor faz uma seleção dos fa-
e) diminuiu os incentivos à compra de eletrônicos. tos e das imagens.

355

75
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

c) relatos pessoais, pois o narrador apresenta sua per- utopia. Elas imaginavam poder, a partir das práticas privadas
cepção dos fatos. de cada um, construir um espaço de intercâmbio crítico das
d) editoriais, pois o editorialista faz uma abordagem de- ideias e opiniões. O sonho de Kant era que cada um fosse
talhada dos fatos. ao mesmo tempo leitor e autor, que emitisse juízos sobre
as instituições de seu tempo, quaisquer que elas fossem
e) romances românticos, pois os eventos ocorrem em
e que, ao mesmo tempo, pudesse refletir sobre o juízo
diversos cenários.
emitido pelos outros. Aquilo que outrora só era permitido
pela comunicação manuscrita ou a circulação dos impressos
Questão 154 2011 encontra hoje um suporte poderoso com o texto eletrônico.

O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não sequencial e CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador.
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo;
não linear, que se bifurca e permite ao leitor o acesso a um
Unesp, 1998.
número praticamente ilimitado de outros textos a partir de
escolhas locais e sucessivas, em tempo real. Assim, o leitor No trecho apresentado, o sociólogo Roger Chartier carac-
tem condições de definir interativamente o fluxo de sua lei- teriza o texto eletrônico como um poderoso suporte que
tura a partir de assuntos tratados no texto sem se prender a coloca ao alcance da humanidade o antigo sonho de uni-
uma sequência fixa ou a tópicos estabelecidos por um autor. versalidade e interatividade, uma vez que cada um passa
Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do a ser, nesse espaço de interação social, leitor e autor ao
leitor simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto mesmo tempo. A universalidade e a interatividade que o
se caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura texto eletrônico possibilita estão diretamente relaciona-
das à função social da internet de
eletrônica multilinearizado, multisequencial e indeterminado,
realizado em um novo espaço de escrita. Assim, ao permitir a) propiciar o livre e imediato acesso às informações e
vários níveis de tratamento de um tema, o hipertexto oferece ao intercâmbio de julgamentos.
a possibilidade de múltiplos graus de profundidade simulta- b) globalizar a rede de informações e democratizar o
neamente, já que não tem sequência definida, mas liga textos acesso aos saberes.
não necessariamente correlacionados.
c) expandir as relações interpessoais e dar visibilidade
MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br. aos interesses pessoais.
Acesso em: 29 jun. 2011.
d) propiciar entretenimento e acesso a produtos e serviços.
O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e) expandir os canais de publicidade e o espaço merca-
e o hipertexto pode ser considerado como um novo es- dológico.
paço de escrita e leitura. Definido como um conjunto de
blocos autônomos de texto, apresentado em meio eletrô-
nico computadorizado e no qual há remissões associando INTERTEXTUALIDADE,
entre si diversos elementos, o hipertexto
INTERTEXTO E RELAÇÕES
a) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos total-
mente abertos, desfavorece o leitor, ao confundir os ENTRE LINGUAGENS
conceitos cristalizados tradicionalmente.
b) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao
Questão 156 1999
desviar o foco da leitura, pode ter como consequência Quem não passou pela experiência de estar lendo um
o menosprezo pela escrita tradicional. texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?
c) exige do leitor um maior grau de conhecimentos pré- Os textos conversam entre si em um diálogo constante.
vios, por isso deve ser evitado pelos estudantes nas Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade.
suas pesquisas escolares. Leia os seguintes textos:
d) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação I. Quando nasci, um anjo torto
específica, segura e verdadeira, em qualquer site de Desses que vivem na sombra
busca ou blog oferecidos na internet. Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida
e) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia.
leitura, sem seguir sequência predeterminada, consti-
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)
tuindo-se em atividade mais coletiva e colaborativa.
II. Quando nasci veio um anjo safado
Questão 155 2012 O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
Com o texto eletrônico, enfim, parece estar ao alcance de
A ser errado assim
nossos olhos e de nossas mãos um sonho muito antigo
da humanidade, que se poderia resumir em duas palavras, Já de saída a minha estrada entortou
universalidade e interatividade. Mas vou até o fim.
As luzes, que pensavam que Gutenberg tinha propiciado aos (BUARQUE, Chico. Letra e Música.
homens uma promessa universal, cultivavam um modo de São Paulo: Cia das Letras, 1989)

356

76
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

III. Quando nasci um anjo esbelto c) Medir é a medida


Desses que tocam trombeta, anunciou: mede
Vai carregar bandeira. A terra, medo do homem, a lavra;
Carga muito pesada pra mulher lavra
Esta espécie ainda envergonhada. duro campo, muito cerco, vária várzea.
(PRADO, Adélia. Bagagem. (CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas.
Rio de Janeiro: Guanabara, 1986) São Paulo: Summums, 1978)

GRAMÁTICA
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextua- d) Vou contar para vocês
lidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por um caso que sucedeu
a) reiteração de imagens. na Paraíba do Norte
b) oposição de ideias. com um homem que se chamava
c) falta de criatividade. Pedro João Boa-Morte,
d) negação dos versos. lavrador de Chapadinha:
e) ausência de recursos. talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
Questão 157 2000 (GULLAR, Ferreira. Toda poesia.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983)
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilus-
trações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo: e) Trago-te flores, – restos arrancados
Miguel
Da terra que nos viu passar
Demarcação de terras indígenas
E ora mortos nos deixa e separados.
(ASSIS, Machado de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986)

Questão 158 2002


O autor da tira utilizou os princípios de composição de um
conhecido movimento artístico para representar a neces-
sidade de um mesmo observador aprender a considerar,
simultaneamente, diferentes pontos de vista.

Jornal do Commercio, 22/8/93.

O texto que se refere a uma situação semelhante à que


inspirou a charge é:
a) Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
(AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas.
Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971)

b) Essa cova em que estás


Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
(MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e Adaptado de WATTERSON, Bill. Os dez anos de
outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967) Calvin e Haroldo. V.2, São Paulo: Best News,1996.

357

77
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Das obras reproduzidas, todas de autoria do pintor espa- Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifi-
nhol Pablo Picasso, aquela em cuja composição foi adota- quem as cenas referidas nos trechos do poema.
do um procedimento semelhante é: a b c d e f

a) d) 1 1

2 2

3 3

a b c d e f

Pablo Picasso, Guernica, 1937. Museu Nacional


Os amantes Os dois Centro de Arte Reina Sofia, Madri.
saltimbancos
Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:
b) e) a) a1, a2, a3 c) e1, d1, c1 e) e1, e2, e3
b) f1, e1, d1 d) c1, c2, c3

Questão 160 2003


A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E
era um acontecimento para a meninada. (...) andava léguas
e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição
Retrato de Marie-Thérèse viva das histórias de Mil e Uma Noites (...) era uma grande
Françoise apoiada no artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio.
cotovelo Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços
c) de prosa, como notas explicativas. (...) Havia sempre rei
e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O que
fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela
punha nos seus descritivos. (...) Os rios e as florestas por
onde andavam os seus personagens se pareciam muito
com o Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um
senhor de engenho de Pernambuco.
(José Lins do Rego. Menino de engenho)
Os pobres na A cor local que a personagem velha Totonha colocava em
praia suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem:
a) “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Per-
Questão 159 2002
nambuco”.
A leitura do poema Descrição da guerra em Guernica traz b) “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca
à lembrança o famoso quadro de Picasso. e adivinhações”.
Entra pela janela c) “Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma
memória de prodígio”.
o anjo camponês;
d) “Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva
com a terceira luz na mão; das Mil e Uma Noites”.
minucioso, habituado e) “Recitava contos inteiros em versos, intercalando pe-
aos interiores de cereal, daços de prosa, como notas explicativas”.
aos utensílios que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais Questão 161 2003
não compreendem bem os símbolos PERCENTUAL DE ROUBOS POR REGIÃO
100,0
desta colheita: hélices, Capital
80,0 Região metropolitana
motores furiosos;
Interior
e estende mais o braço; planta 60,0
(%) 49,2
no ar, como uma árvore 40,0 39,3 “A rota do
27,3 33,9 crime segue na
a chama do candeeiro. 28,8 esteira da rota
20,0 23,5
da riqueza”
(...)
0,0
(1995) (2003)
Carlos de Oliveira in ANDRADE, Eugénio. Antologia Pessoal
da Poesia Portuguesa. Porto: Campo das Letras, 1999. (Folha de SP, 29/06/03)

358

78
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

O gráfico e a frase anterior, tirados de um jornal, estão am- e) “Os inocentes do Leblon
bos relacionados à evolução média da violência no Estado Não viram o navio entrar (...)
de São Paulo. A associação entre estas duas linguagens – a
gráfica e a escrita – permite concluir que, percentualmente, Os inocentes, definitivamente inocentes tudo ignora-
vam,
a) a capital tornou-se mais rica.
mas a areia é quente, e há um óleo suave
b) as cidades do interior enriqueceram e “atraíram” roubos.
que eles passam pelas costas, e aquecem.”
c) a região metropolitana enriqueceu e o crime se esta-
bilizou. (Carlos Drummond de Andrade)

GRAMÁTICA
d) diminui, em geral, a criminalidade no Estado.
e) diminui especialmente a incidência de roubos no Estado. Questão 163 2004
Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de
Questão 162 2003 Minha Vida de Infância, descreve os pés dos trabalhadores.
Pés disformes. Pés que podem contar uma história.
Confundiam-se com as pedras e os espinhos. Pés seme-
lhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como
rios. (...) Pés sofridos com muitos e muitos quilômetros
de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difí-
cil era distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicer-
ces, muitas vezes suportavam apenas um corpo franzino
e doente.
(Cândido Portinari, Retrospectiva,
(Tarsila do Amaral, Operários.) Catálogo MASP)
Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da na-
identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num tureza e do homem americano e a crítica social foram
dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. temas que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa
No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro,
História. Dentre estas imagens, a que melhor caracteriza
em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mer-
cadoria que se acumula, pelo quadro afora. a crítica social contida no texto de Portinari é
(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.) a)
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema
que também se encontra nos versos transcritos em:
a) “Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas.”
(Vinícius de Moraes)

b) “Somos muitos severinos


iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima.”
(João Cabral de Melo Neto)

c) “O funcionário público b)
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada em arquivos.”
(Ferreira Gullar)

d) “Não sou nada.


Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os
sonhos do mundo.”
(Fernando Pessoa)

359

79
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

c)

d)

(QUINO. O mundo da Mafalda.


São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 3)

Texto 2

e) Sonho Impossível
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Questão 164 2005 Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
Leia estes textos. É minha lei, é minha questão
Texto 1 Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.

(J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de


Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)

A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o fu-


turo da humanidade. É correto concluir que os dois textos
a) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.
b) concordam que o desarmamento é inatingível.
c) julgam que o sonho é um desafio invencível.
d) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.
e) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.

360

80
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 165 2005 a) emprego de termos moralizantes.


b) uso de vício de linguagem pouco tolerado.
Texto 1 – Autorretrato c) repetição desnecessária de ideias.
Provinciano que nunca soube d) emprego estilístico da fala de outra pessoa.
Escolher bem uma gravata; e) uso de uma pergunta sem resposta.
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano; Questão 166 2005

GRAMÁTICA
Poeta ruim que na arte da prosa
Leia o texto e examine a ilustração:
Envelheceu na infância da arte,
Óbito do autor
E até mesmo escrevendo crônicas
(...) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do
Ficou cronista de província; mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi.
Arquiteto falhado, músico Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era
Falhado (engoliu um dia solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acom-
Um piano, mas o teclado panhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos!
Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce
Ficou de fora); sem família, que chovia − peneirava − uma chuvinha miúda, triste e
constante, tão constante e tão triste, que levou um daque-
Religião ou filosofia;
les fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no
Mal tendo a inquietação de espírito discurso que proferiu à beira de minha cova: −”Vós, que
Que vem do sobrenatural, o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo
E em matéria de profissão que a natureza parece estar chorando a perda irreparável
de um dos mais belos caracteres que tem honrado a hu-
Um tísico* profissional.
manidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funé-
Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.) reo, tudo isto é a dor crua e má que lhe rói à natureza as
mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao
Texto 2 – Poema de sete faces nosso ilustre finado.” (...)
Quando eu nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens


que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
(...)
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.)

(*) tísico=tuberculoso
No verso “Meu Deus, por que me abandonaste” do texto
2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, pou- (Adaptado. Machado de Assis. Memórias póstumas de
co antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras de Brás Cubas. Ilustrado por Cândido Portinari.
outrem equivale a Rio de Janeiro: Cem Bibliófilos do Brasil, 1943. p.1.)

361

81
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração c)


de Portinari. É correto afirmar que a ilustração do pintor
a) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no
texto verbal.
b) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis.
c) distorce a cena descrita no romance.
d) expressa um sentimento inadequado à situação.
e) contraria o que descreve Machado de Assis.
A Santa Ceia
Questão 167 2007
Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito d)
influenciaria a Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato
escreveu, em artigo intitulado Paranoia ou Mistificação:
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que
veem as coisas e em consequência fazem arte pura, guar-
dados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a con-
cretização das emoções estéticas, os processos clássicos
dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos
que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz
das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das esco-
las rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura
excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela
exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas
tendências para uma atitude estética forçada no sentido
das extravagâncias de Picasso & cia.
O Diário de São Paulo, dez./1917.

Em qual das obras que seguem identifica-se o estilo de


Nossa Senhora Auxiliadora e Dom Bosco
Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo?

a)
e)

Acesso a Monte Serrat – Santos


A Boba
b)

Questão 168 2007

Álcool, crescimento e pobreza


O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por
tonelada de cana cortada. Nos anos 80, esse trabalhador
cortava cinco toneladas de cana por dia. A mecanização
da colheita o obrigou a ser mais produtivo. O corta-cana
Vaso de Flores
derruba agora oito toneladas por dia.

362

82
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

O trabalhador deve cortar a cana rente ao chão, encurvado. Questão 169 2007
Usa roupas mal-ajambradas, quentes, que lhe cobrem o
corpo, para que não seja lanhado pelas folhas da planta.
O excesso de trabalho causa a birola: tontura, desmaio,
cãibra, convulsão. A fim de aguentar dores e cansaço, esse
trabalhador toma drogas e soluções de glicose, quando não
farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por
exaustão nos canaviais.

GRAMÁTICA
O setor da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta
US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica que consome
e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo con-
trata cientistas e engenheiros para desenvolver máquinas
e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool.
As pesquisas, privada e pública, na área agrícola (cana,
laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a ge-
nética no país.

Folha de S.Paulo, 11/3/2007 (com adaptações).


Antonio Rocco. Os imigrantes, 1910,
Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa
chegavam à fedentina quente de um porto, num silêncio
de mato e de febre amarela.
Santos. – É aqui! Buenos Aires é aqui! – Tinham trocado
o rótulo das bagagens, desciam em fila. Faziam suas ne-
cessidades nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos
num pavilhão comum em São Paulo. – Buenos Aires é
aqui! – Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num
carro de bois, que pretos guiavam através do mato por
estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas
donde acabava de sair o braço escravo. Formavam militar-
mente nas madrugadas do terreiro homens e mulheres,
ante feitores de espingarda ao ombro.
Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão.
Rio de Janeiro: Globo, 1991.
Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade
e a pintura de Antonio Rocco reproduzida acima, relativos
à imigração europeia para o Brasil, é correto afirmar que
a) a visão da imigração presente na pintura é trágica e,
no texto, otimista.
b) a pintura confirma a visão do texto quanto à imigração
Folha de S.Paulo, 25/3/2007. de argentinos para o Brasil.
c) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes
Confrontando-se as informações do texto com as da char- na chegada ao Brasil.
ge acima, conclui-se que
d) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração,
a) a charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil pos- destacando o pioneirismo do imigrante.
sui tecnologia avançada no setor agrícola. e) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do
b) a charge e o texto abordam, a respeito da cana-de- imigrante era melhor que a dos ex-escravos.
-açúcar brasileira, duas realidades distintas e sem re-
lação entre si. Texto comum para as questões 170 e 171.
c) o texto e a charge consideram a agricultura brasileira A pele humana é sensível à radiação solar, e essa sensi-
avançada, do ponto de vista tecnológico. bilidade depende das características da pele. Os filtros
solares são produtos que podem ser aplicados sobre a
d) a charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto pele para protegê-la da radiação solar. A eficácia dos fil-
defende o fim da mecanização da produção da cana- tros solares é definida pelo fator de proteção solar (FPS),
-de-açúcar no setor sucroalcooleiro. que indica quantas vezes o tempo de exposição ao sol,
e) o texto mostra disparidades na agricultura brasileira, sem o risco de vermelhidão, pode ser aumentado com
na qual convivem alta tecnologia e condições precá- o uso do protetor solar. A tabela seguinte reúne informa-
rias de trabalho, que a charge ironiza. ções encontradas em rótulos de filtros solares.

363

83
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 172 2008


tipo de pele
proteção FPS proteção e
sensibilidade e outras
recomendada recomendado queimaduras A linguagem utilizada pelos chineses há milhares de
características
anos é repleta de símbolos, os ideogramas, que revelam
extremamente branca, olhos e
parte da história desse povo. Os ideogramas primitivos
muito alta FPS ≥ 20 muito alta são quase um desenho dos objetos representados. Na-
sensível cabelos claros
turalmente, esses desenhos alteraram-se com o tempo,
branca, olhos
muito sensível
e cabelos
alta 12 ≤ FPS < 20 alta
como ilustra a seguinte evolução do ideograma , que
próximos
do claro significa cavalo e em que estão representados cabeça,
cascos e cauda do animal.
morena ou
sensível moderada 6 ≤ FPS < 12 moderada
amarela

pouco sensível negra baixa 2 ≤ FPS < 6 baixa

ProTeste, ano V, no 55, fev./2007 (com adaptações).

Considerando o processo mencionado acima, escolha a


Questão 170 2007 sequência que poderia representar a evolução do ideo-
As informações acima permitem afirmar que: grama chinês para a palavra luta.

a) as pessoas de pele muito sensível, ao usarem filtro


solar, estarão isentas do risco de queimaduras. a)
b) o uso de filtro solar é recomendado para todos os ti-
pos de pele exposta à radiação solar.
b)
c) as pessoas de pele sensível devem expor-se 6 minu-
tos ao sol antes de aplicarem o filtro solar.
d) pessoas de pele amarela, usando ou não filtro solar, c)
devem expor-se ao sol por menos tempo que pessoas
de pele morena.
e) o período recomendado para que pessoas de pele ne- d)
gra se exponham ao sol é de 2 a 6 horas diárias.

Questão 171 2007 e)

Uma família de europeus escolheu as praias do Nordeste


para uma temporada de férias. Fazem parte da família um Questão 173 2008
garoto de 4 anos de idade, que se recupera de icterícia, e
um bebê de 1 ano de idade, ambos loiros de olhos azuis. Os
pais concordam que os meninos devem usar chapéu du-
rante os passeios na praia. Entretanto, divergem quanto ao
uso do filtro solar. Na opinião do pai, o bebê deve usar filtro
solar com FPS ≥ 20 e o seu irmão não deve usar filtro algum
porque precisa tomar sol para se fortalecer. A mãe opina
que os dois meninos devem usar filtro solar com FPS ≥ 20.

Na situação apresentada, comparada à opinião da mãe, a


opinião do pai é
a) correta, porque ele sugere que a família use chapéu
durante todo o passeio na praia. Exame, 28/9/2007.
b) correta, porque o bebê loiro de olhos azuis tem a pele Entre os seguintes ditos populares, qual deles melhor
mais sensível que a de seu irmão. corresponde à figura acima?
c) correta, porque o filtro solar com FPS ≥ 20 bloqueia o
a) Com perseverança, tudo se alcança.
efeito benéfico do sol na recuperação da icterícia.
b) Cada macaco no seu galho.
d) incorreta, porque o uso do filtro solar com FPS ≥ 20,
com eficiência moderada, evita queimaduras na pele. c) Nem tudo que balança cai.
e) incorreta, porque é recomendado que pessoas com d) Quem tudo quer, tudo perde.
olhos e cabelos claros usem filtro solar com FPS ≥ 20. e) Deus ajuda quem cedo madruga.

364

84
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 174 2008 Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os con-
sumidores, mas têm um custo incalculável para o meio
O índice de massa corpórea (IMC) é uma medida que ambiente.
permite aos médicos fazer uma avaliação preliminar das
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do
condições físicas e do risco de uma pessoa desenvolver
Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.
certas doenças, conforme mostra a tabela abaixo.
IMC Classificação Risco de doença Na comparação dos textos, observa-se que
menos de 18,5 magreza elevado a) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da

GRAMÁTICA
entre 18,5 e 24,9 normalidade baixo reciclagem de materiais plásticos; o texto II justifica o
entre 25 e 29,9 sobrepeso elevado uso desse material reciclado.
entre 30 e 39,9 obesidade muito elevado b) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a ver-
40 ou mais obesidade grave muitíssimo elevado satilidade e as vantagens do uso do plástico na con-
temporaneidade; o texto II objetiva alertar os consu-
Internet: <www.somatematica.com.br>.
midores sobre os problemas ambientais decorrentes
Considere as seguintes informações a respeito de João, de embalagens plásticas não recicladas.
Maria, Cristina, Antônio e Sérgio. c) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do
Nome Peso (kg) Altura (m) IMC uso do plástico; o texto II busca convencer o leitor a
evitar o uso de embalagens plásticas.
João 113,4 1,80 35
Maria 45 1,50 20 d) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de em-
Cristina 48,6 1,80 15 balagens plásticas, mostrando por que elas devem ser
usadas; o texto II ilustra o posicionamento de consumi-
Antônio 63 1,50 28
dores comuns, que buscam praticidade e conforto.
Sérgio 115,2 1,60 45
e) o texto I apresenta um alerta a respeito da possibilida-
Os dados das tabelas indicam que de de contaminação de produtos orgânicos e indus-
a) Cristina está dentro dos padrões de normalidade. trializados decorrente do uso de plástico em suas em-
balagens; o texto II apresenta vantagens do consumo
b) Maria está magra, mas não corre risco de desenvolver de sacolas plásticas: leves, descartáveis e gratuitas.
doenças.
c) João está obeso e o risco de desenvolver doenças é
muito elevado. Questão 176 2009
d) Antônio está com sobrepeso e o risco de desenvolver
doenças é muito elevado.
e) Sérgio está com sobrepeso, mas não corre risco de
desenvolver doenças.

Questão 175 2009

Texto I
É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas
sem o plástico. Ele está presente em embalagens de ali-
mentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos,
automóveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade
e à inércia, isto é: quando em contato com outras subs-
tâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege
o produto embalado. Outras duas grandes vantagens
garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves,
quase não alteram o peso do material embalado, e são
100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é aprovei-
tado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de
plástico reciclado, quando comparado ao total produzido,
ainda é irrelevante.
Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).
ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666).
Texto II Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br.
Acesso em: 9 jul. 2009.
Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso,
elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados,
São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus,
baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento. sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa

365

85
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso d) os homens e as mulheres estão matriculados na mes-
com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. ma proporção em cursos que exigem habilidades se-
CAMINHA, P. V. A carta. melhantes na mesma área.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. e) as mulheres estão matriculadas em menor número
Acesso em: 12 ago. 2009. em Psicologia por sua habilidade de lidarem melhor
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e com coisas que com sujeitos.
o trecho do texto de Caminha, conclui-se que
a) ambos se identificam pelas características estéticas Questão 178 2011
marcantes, como tristeza e melancolia, do movimen-
to romântico das artes plásticas.
b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, represen-
tando-o de maneira realista, ao passo que texto é ape-
nas fantasioso.
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum,
que é representar o habitante das terras que sofre-
riam processo colonizador.
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a
cultura europeia e a cultura indígena.
e) há forte direcionamento religioso no texto e na pin-
tura, uma vez que o índio representado é objeto da
catequização jesuítica.

Questão 177 2010

COSTA, C. Superinteressante. Fev. 2011 (adaptado).


Os amigos são um dos principais indicadores de bem-es-
tar na vida social das pessoas. Da mesma forma que em
outras áreas, a internet também inovou as maneiras de
vivenciar a amizade. Da leitura do infográfico, depreen-
dem-se dois tipos de amizade virtual, a simétrica e a as-
simétrica, ambas com seus prós e contras. Enquanto a
primeira se baseia na relação de reciprocidade, a segunda
a) reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o aces-
so à rede.
b) parte do anonimato obrigatório para se difundir.
c) reforça a configuração de laços mais profundos de
amizade.
d) facilita a interação entre pessoas em virtude de inte-
resses comuns.
e) tem a responsabilidade de promover a proximidade
Superinteressante. Ed. 256, set. 2008. física.
Segundo pesquisas recentes, é irrelevante a diferença
entre sexos para se avaliar a inteligência. Com relação às Questão 179 2011
tendências para áreas do conhecimento, por sexo, levan-
do em conta a matrícula em cursos universitários brasilei- Texto I
ros, as informações do gráfico asseguram que
O meu nome é Severino,
a) os homens estão matriculados em menor proporção
em cursos de Matemática que em Medicina por lida- não tenho outro de pia.
rem melhor com pessoas. Como há muitos Severinos,
b) as mulheres estão matriculadas em maior percentual que é santo de romaria,
em cursos que exigem capacidade de compreensão deram então de me chamar
dos seres humanos.
Severino de Maria;
c) as mulheres estão matriculadas em percentual maior
em Física que em Mineração por tenderem a trabalhar como há muitos Severinos
melhor com abstrações. com mães chamadas Maria,

366

86
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

fiquei sendo o da Maria Fala de quem a morte e a vida pende,


do finado Zacarias, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
mas isso ainda diz pouco: Repouso nela alegre e comedido:
há muitos na freguesia,
Estas as armas são com que me rende
por causa de um coronel
E me cativa Amor; mas não que possa
que se chamou Zacarias
Despojar-me da glória de rendido.
e que foi o mais antigo

GRAMÁTICA
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
MELO NETO, J. C. Obra completa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento).

Texto II
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a,
aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, tam-
bém segue no caminho do Recife. A autoapresentação do
personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Seve-
rino que, quanto mais se define, menos se individualiza,
pois seus traços biográficos são sempre partilhados por
outros homens.
SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos.
Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).

Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I)


SANZIO, R. (1483-1520). A mulher com o unicórnio.
e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt.
entre o texto poético e o contexto social a que ele faz Acesso em: 29 fev. 2012.
referência aponta para um problema social expresso lite-
A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas
rariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala /
linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo
ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expres-
contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos
sa no poema é dada por meio da
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo
a) descrição minuciosa dos traços biográficos do perso-
unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usa-
nagem-narrador.
dos no poema.
b) construção da figura do retirante nordestino como um
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação
homem resignado com a sua situação.
pessoal e na variação de atitudes da mulher, eviden-
c) representação, na figura do personagem-narrador, de ciadas pelos adjetivos do poema.
outros Severinos que compartilham sua condição.
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado
d) apresentação do personagem-narrador como uma pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela pos-
projeção do próprio poeta, em sua crise existencial. tura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgu- usados no poema.
lha-se de ser descendente do coronel Zacarias. d) desprezarem o conceito medieval da idealização da
mulher como base da produção artística, evidenciado
Questão 180 2012 pelos adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado
LXXVIII (Camões, 1525?-1580) pela emotividade e o conflito interior, evidenciados
pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Questão 181 2012
Entre rubis e perlas doce riso
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Texto I

Presença moderada e graciosa, A característica da oralidade radiofônica, então, seria aque-


la que propõe o diálogo com o ouvinte: a simplicidade, no
Onde ensinando estão despejo e siso
sentido da escolha lexical; a concisão e coerência, que se
Que se pode por arte e por aviso, traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial e
Como por natureza, ser fermosa; com organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor,

367

87
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

que deve ser o mais natural (do diálogo). É esta organiza- cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros,
ção que vai “reger” a veiculação da mensagem, seja ela de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas
interpretada ou de improviso, com objetivo de dar melodia
albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos,
à transmissão oral, dar emoção, personalidade ao relato
do fato. linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em

VELHO, A. P. M. A linguagem do rádio multimídia.


gotas de orvalho etc. etc.
Disponível em: www.bocc.ubi.pt. Acesso em: 27 fev. 2012. Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento
Foi encontrado em osso.
Texto II Ele tinha uma voz de oratórios perdidos.
A dois passos do paraíso BARROS, M. Retrato do artista quando coisa.
Rio de Janeiro: Record, 2002.
A Rádio Atividade leva até vocês
Mais um programa da séria série Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse
poema, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque
“Dedique uma canção a quem você ama”
Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de ora-
tórios perdidos.
Uma carta d’uma ouvinte que nos escreve
b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salva-
E assina com o singelo pseudônimo de
ção divina.
“Mariposa Apaixonada de Guadalupe”
c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as
Ela nos conta que no dia que seria ruínas e a tradição.
o dia mais feliz de sua vida d) necessita de um guia para a descoberta das coisas da
Arlindo Orlando, seu noivo natureza.
Um caminhoneiro conhecido da pequena e e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas.
Pacata cidade de Miracema do Norte
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
Questão 183 2013
Oh! Arlindo Orlando volte
Onde quer que você se encontre Texto I
Volte para o seio de sua amada É evidente que a vitamina D é importante – mas como
Ela espera ver aquele caminhão voltando obtê-la? Realmente, a vitamina D pode ser produzida natu-
De faróis baixos e para-choque duro… ralmente pela exposição à luz do sol, mas ela também existe
em alguns alimentos comuns. Entretanto, como fonte dessa
BLITZ. Disponível em: http://letras.terra.com.br. vitamina, certos alimentos são melhores do que outros.
Acesso em: 28 fev. 2012 (fragmento).
Alguns possuem uma quantidade significativa de vitamina
Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio, o D, naturalmente, e são alimentos que talvez você não queira
Texto II apresenta, em uma letra de canção, exagerar: manteiga, nata, gema de ovo e fígado.
Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br.
a) estilo simples e marcado pela interlocução com o re- Acesso em: 31 jul. 2012.
ceptor, típico da comunicação radiofônica.
b) lirismo na abordagem do problema, o que o afasta de Texto II
uma possível situação real de comunicação radiofônica. Todos nós sabemos que a vitamina D (colecalciferol) é
c) marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato crucial para sua saúde. Mas a vitamina D é realmente
de o texto pertencer a uma modalidade de comunica- uma vitamina? Está presente nas comidas que os huma-
ção diferente da radiofônica. nos normalmente consomem? Embora exista em algum
d) direcionamento do texto a um ouvinte específico di- percentual na gordura do peixe, a vitamina D não está em
vergindo da finalidade de comunicação do rádio, que nossas dietas, a não ser que os humanos artificialmente
é atingir as massas. incrementem um produto alimentar, como o leite enrique-
e) objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrên- cido com vitamina D. A natureza planejou que você a produ-
cia rara de adjetivos, de modo a diminuir as marcas de zisse em sua pele, e não a colocasse direto em sua boca.
subjetividade do locutor. Então, seria a vitamina D realmente uma vitamina?
Disponível em: www.umaoutravisao.com.br.
Acesso em: 31 jul. 2012.
Questão 182 2012
Frequentemente circulam na mídia textos de divulgação
Pote Cru é meu Pastor. Ele me guiará.
científica que apresentam informações divergentes so-
Ele está comprometido de monge. bre um mesmo tema. Comparando os dois textos, cons-
De tarde deambula no azedal entre torsos de tata-se que o Texto II contrapõe-se ao I quando

368

88
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

a) comprova cientificamente que a vitamina D não é d) discorda da relação e afirma que seu desempenho só
uma vitamina. é relevante se escolher uma profissão relacionada à
b) demonstra a verdadeira importância da vitamina D matemática.
para a saúde. e) concorda em parte com a relação e complementa que é
c) enfatiza que a vitamina D é mais comumente produzi- complexo fazer previsões sobre o mercado de trabalho.
da pelo corpo que absorvida por meio de alimentos.
d) afirma que a vitamina D existe na gordura dos peixes Questão 185 2000
e no leite, não em seus derivados.

GRAMÁTICA
e) levanta a possibilidade de o corpo humano produzir As histórias em quadrinhos, por vezes, utilizam animais
artificialmente a vitamina D. como personagens e a eles atribuem comportamento hu-
mano. O gato Garfield é exemplo desse fato.

PRESSUPOSTO
E SUBENTENDIDO

Questão 184 1999


Fonte: Caderno Vida e Arte, Jornal do Povo, Fortaleza
Leia o texto abaixo.
Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de Van Gogh, pintor holandês nascido em 1853, é um dos
skatista. Na aparência, o estudante brasiliense Rui Lopes principais nomes da pintura mundial. É dele o quadro abaixo.
Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereó-
tipo dos gênios. Ele não usa pesados óculos de grau
e está longe de ter um ar introspectivo. No final do
mês passado, Rui retornou de Taiwan, onde enfrentou
419 competidores de todo o mundo na 39 a Olimpíada
Internacional de Matemática. A reluzente medalha de
ouro que ele trouxe na bagagem está dependurada so-
bre a cama de seu quarto, atulhado de rascunhos dos
problemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos
últimos cinco anos.
Veja – Vencer uma olimpíada serve de passaporte para
uma carreira profissional meteórica?
Rui – Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque
sei que a concorrência por um emprego é cada vez mais
selvagem e cruel. VAN GOGH

Agora tenho algo a mais para oferecer. O problema é que Autorretrato de orelha cortada
as coisas estão mudando muito rápido e não sei qual será
minha profissão. Além de ser muito novo para decidir sobre O 3o quadrinho sugere que Garfield:
o meu futuro profissional, sei que esse conceito de carreira a) desconhece tudo sobre arte, por isso faz a sugestão.
mudou muito.
b) acredita que todo pintor deve fazer algo diferente.
(Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à
Veja, 5/8/1998, n. 31, p. 9-10) c) defende que para ser pintor a pessoa tem de sofrer.
d) conhece a história de um pintor famoso e faz uso da
Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a ironia.
entrada do estudante no mercado de trabalho e a vitória
e) acredita que seu dono tenha tendência artística e, por
na Olimpíada.
isso, faz a sugestão.
O estudante
a) concorda com a relação e afirma que o desempe-
nho na Olimpíada é fundamental para sua entrada no Nesta questão foram trabalhadas:
mercado. Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de
b) discorda da relação e complementa que é fácil se fa- vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações
zer previsões sobre o mercado de trabalho. específicas.

c) discorda da relação e afirma que seu futuro profissio- Habilidade 22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões,
temas, assuntos e recursos linguísticos.
nal independe de dedicação aos estudos.

369

89
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 186 2001 As linhas nas duas figuras geram um efeito que se asso-
cia ao seguinte ditado popular:
a) Os últimos serão os primeiros.
b) Os opostos se atraem.
c) Quem espera sempre alcança.
d) As aparências enganam.
e) Quanto maior a altura, maior o tombo.

Questão 188 2009


Analise as seguintes avaliações de possíveis resultados
de um teste na Internet.

Folha de S.Paulo. 6 de outubro de 1992.

O problema enfrentado pelo migrante e o sentido da ex-


pressão “sustança” expressos nos quadrinhos, podem
ser, respectivamente, relacionados a Veja. 8 jul. 2009. p.102 (adaptado).

a) rejeição/alimentos básicos. Depreende-se, a partir desse conjunto de informações,


b) discriminação/força de trabalho. que o teste que deu origem a esses resultados, além de
estabelecer um perfil para o usuário de sites de relacio-
c) falta de compreensão/matérias-primas.
namento, apresenta preocupação com hábitos e propõe
d) preconceito/vestuário. mudanças de comportamento direcionadas
e) legitimidade/sobrevivência. a) ao adolescente que acessa sites de entretenimento.
b) ao profissional interessado em aperfeiçoamento tec-
nológico.
Nesta questão foram trabalhadas:
c) à pessoa que usa os sites de relacionamento para
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua por- complementar seu círculo de amizades.
tuguesa como língua materna, geradora de significação e in-
tegradora da organização do mundo e da própria identidade. d) ao usuário que reserva mais tempo aos sites de relacio-
namento do que ao convívio pessoal com os amigos.
Habilidade 25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros,
as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguís- e) ao leitor que se interessa em aprender sobre o funcio-
ticas sociais, regionais e de registro. namento de diversos tipos de sites de relacionamento.

Questão 189 2009


Questão 187 2006
O “Portal Domínio Público”, lançado em novembro de 2004,
propõe o compartilhamento de conhecimentos de forma
equânime e gratuita, colocando à disposição de todos os
usuários da Internet, uma biblioteca virtual que deverá cons-
tituir referência para professores, alunos, pesquisadores e
para a população em geral.
Esse portal constitui um ambiente virtual que permite a
coleta, a integração, a preservação e o compartilhamen-
to de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de
promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e
científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos),

370

90
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

já em domínio público ou que tenham a sua divulgação Questão 191 2009


devidamente autorizada.
BRASIL. Ministério da Educação.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 29 jul. 2009 (adaptado).

Considerando a função social das informações geradas


nos sistemas de comunicação e informação, o ambiente

GRAMÁTICA
virtual descrito no texto exemplifica
a) a dependência das escolas públicas quanto ao uso de
sistemas de informação.
b) a ampliação do grau de interação entre as pessoas, a
partir de tecnologia convencional.
c) a democratização da informação, por meio da disponi-
bilização de conteúdo cultural e científico à sociedade. Você sabia que as metrópoles são as grandes consumido-
d) a comercialização do acesso a diversas produções ras dos produtos feitos com recursos naturais da Amazô-
culturais nacionais e estrangeiras via tecnologia da nia? Você pode diminuir os impactos à floresta adquirindo
informação e da comunicação. produtos com selos de certificação. Eles são encontrados
e) a produção de repertório cultural direcionado a acadê- em itens que vão desde lápis e embalagens de papelão
micos e educadores. até móveis, cosméticos e materiais de construção. Para
receber os selos esses produtos devem ser fabricados
sob 10 princípios éticos, entre eles o respeito à legislação
Questão 190 2009
ambiental e aos direitos de povos indígenas e populações
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) que vivem em nossas matas nativas.
vieram aprimorar ou substituir meios tradicionais de Vida simples. Ed. 74, dez. 2008.
comunicação e armazenamento de informações, tais
O texto e a imagem têm por finalidade induzir o leitor a
como o rádio e a TV analógicos, os livros, os telégrafos,
uma mudança de comportamento a partir do(a)
o fax etc. As novas bases tecnológicas são mais pode-
rosas e versáteis, introduziram fortemente a possibili- a) consumo de produtos naturais provindos da Amazônia.
dade de comunicação interativa e estão presentes em b) cuidado na hora de comprar produtos alimentícios.
todos os meios produtivos da atualidade. As novas TIC
c) verificação da existência do selo de padronização de
vieram acompanhadas da chamada Digital Divide, Di- produtos industriais.
gital Gap ou Digital Exclusion, traduzidas para o portu-
d) certificação de que o produto foi fabricado de acordo
guês como Divisão Digital ou Exclusão Digital, sendo,
com os princípios éticos.
às vezes, também usados os termos Brecha Digital ou
Abismo Digital. Nesse contexto, a expressão Divisão e) verificação da garantia de tratamento dos recursos na-
Digital refere-se a turais utilizados em cada produto.

a) uma classificação que caracteriza cada uma das áreas


nas quais as novas TIC podem ser aplicadas, relacio- Questão 192 2009
nando os padrões de utilização e exemplificando o
uso dessas TIC no mundo moderno. Se os tubarões fossem homens
b) uma relação das áreas ou subáreas de conhecimento Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis
que ainda não foram contempladas com o uso das no- com os peixes pequenos?
vas tecnologias digitais, o que caracteriza uma brecha Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam cons-
tecnológica que precisa ser minimizada. truir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos,
c) uma enorme diferença de desempenho entre os em- com todo o tipo de alimento, tanto animal como vegetal.
preendimentos que utilizam as tecnologias digitais e Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fres-
aqueles que permaneceram usando métodos e técni- ca e adotariam todas as providências sanitárias.
cas analógicas. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nas
d) um aprofundamento das diferenças sociais já existen- aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela
tes, uma vez que se torna difícil a aquisição de conhe- dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a
cimentos e habilidades fundamentais pelas popula- geografia para localizar os grandes tubarões deitados pre-
ções menos favorecidas nos novos meios produtivos. guiçosamente por aí. A aula principal seria, naturalmente, a
e) uma proposta de educação para o uso de novas peda- formação moral dos peixinhos. A eles seria ensinado que o
gogias com a finalidade de acompanhar a evolução das ato mais grandioso e mais sublime é o sacrifício alegre de
mídias e orientar a produção de material pedagógico um peixinho e que todos deveriam acreditar nos tubarões,
com apoio de computadores e outras técnicas digitais. sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua

371

91
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreen-
só estaria garantido se aprendessem a obediência. de-se que o texto apresentado
Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos a) se dirige aos líderes comunitários para tomarem a ini-
inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das ciativa de combater a dengue.
Algas e receberia o título de herói. b) conclama toda a população a participar das estraté-
BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner.
gias de combate ao mosquito da dengue.
São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado). c) se dirige aos prefeitos, conclamando-os a organiza-
rem iniciativas de combate à dengue.
Como produção humana, a literatura veicula valores que
nem sempre estão representados diretamente no texto, d) tem como objetivo ensinar os procedimentos técnicos
mas são transfigurados pela linguagem literária e podem necessários para o combate ao mosquito da dengue.
até entrar em contradição com as convenções sociais e e) apela ao governo federal, para que dê apoio aos gover-
revelar o quanto a sociedade perverteu os valores huma- nos estaduais e municipais no combate ao mosquito
nos que ela própria criou. É o que ocorre na narrativa do da dengue.
dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada. Por meio da
hipótese apresentada, o autor Questão 194 2010
a) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora
Resta saber o que ficou das línguas indígenas no português
ao retratar, de modo positivo, as relações de opressão
do Brasil. Serafim da Silva Neto afirma: “No português
existentes na sociedade.
brasileiro não há, positivamente, influência das línguas
b) revela a ação predatória do homem no mar, questio- africanas ou ameríndias”. Todavia, é difícil de aceitar que
nando a utilização dos recursos naturais pelo homem um longo período de bilinguismo de dois séculos não dei-
ocidental. xasse marcas no português do Brasil.
c) defende que a força colonizadora e civilizatória do
ELIA, S. Fundamentos Histórico-Linguísticos do Português
homem ocidental valorizou a organização das socie-
do Brasil. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003 (adaptado).
dades africanas e asiáticas, elevando-as ao modo de
organização cultural e social da sociedade moderna. No final do século XVIII, no norte do Egito, foi descoberta
d) questiona o modo de organização das sociedades a Pedra de Roseta, que continha um texto escrito em
ocidentais capitalistas, que se desenvolveram funda- egípcio antigo, uma versão desse texto chamada “de-
mentadas nas relações de opressão em que os mais mótico”, e o mesmo texto escrito em grego. Até então,
fortes exploram os mais fracos. a antiga escrita egípcia não estava decifrada. O inglês
Thomas Young estudou o objeto e fez algumas desco-
e) evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em
bertas como, por exemplo, a direção em que a leitura
que os mais fortes colaboram com os mais fracos, de
deveria ser feita. Mais tarde, o francês Jean-François
modo a guiá-los na realização de tarefas.
Champollion voltou a estudá-la e conseguiu decifrar a
antiga escrita egípcia a partir do grego, provando que,
Questão 193 2009 na verdade, o grego era a língua original do texto e que
o egípcio era uma tradução.
Com base na leitura dos textos conclui-se, sobre as lín-
guas, que
a) cada língua é única e intraduzível.
b) elementos de uma língua são preservados, ainda que
não haja mais falantes dessa língua.
c) a língua escrita de determinado grupo desaparece
quando a sociedade que a produzia é extinta.
d) o egípcio antigo e o grego apresentam a mesma es-
trutura gramatical, assim como as línguas indígenas
brasileiras e o português do Brasil.
e) o egípcio e o grego apresentavam letras e palavras
similares, o que possibilitou a comparação linguística,
o mesmo que aconteceu com as línguas indígenas
brasileiras e o português do Brasil.

Questão 195 2010


Negrinha
BRASIL. Ministério da Saúde. Revista Nordeste, Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fus-
João Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009. ca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.

372

92
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre Guarde o que quer que guarda um poema:
velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a
Por isso o lance do poema:
patroa não gostava de crianças.
Por guardar-se o que se quer guardar.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo,
amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores
de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
(uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava,
A memória é um importante recurso do patrimônio cultu-

GRAMÁTICA
recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discu-
tindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama ral de uma nação. Ela está presente nas lembranças do
de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer
moral”, dizia o reverendo. poético como uma das maneiras de se guardar o que se
Ótima, a dona Inácia. quer, o texto

Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos a) ressalta a importância dos estudos históricos para a
em carne viva. construção da memória social de um povo.
[...] b) valoriza as lembranças individuais em detrimento das
narrativas populares ou coletivas.
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de
crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e c) reforça a capacidade da literatura em promover a sub-
daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar jetividade e os valores humanos.
o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa inde- d) destaca a importância de reservar o texto literário
cência de negro igual. àqueles que possuem maior repertório cultural.
LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. e) revela a superioridade da escrita poética como forma
Os cem melhores contos brasileiros do século. ideal de preservação da memória cultural.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).

A narrativa focaliza um momento histórico-social de va- Questão 197 2011


lores contraditórios. Essa contradição infere-se, no con-
texto, pela
O Conar existe para coibir
a) falta de aproximação entre a menina e a senhora,
preocupada com as amigas.
os exageros na propaganda.
b) receptividade da senhora para com os padres, mas
E ele é 100% eficiente Propaganda boa é

deselegante para com as beatas. nesta missão. propaganda responsável.

c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perver-


Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos
sa com as crianças.
infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor
d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos ne-
deslize. E só não falamos isso por um pequeno deta-
gros, evidenciada no final do texto.
lhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos op-
tratá-los com castigos. tar por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo,
seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não
Questão 196 2011 usamos esta palavra simplesmente porque não acredi-
tamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar,
Guardar Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária,
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade
Em cofre não se guarda coisa alguma. e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Co-
nar nasceu há 29 anos (viu só? não arredondamos para
Em cofre perde-se a coisa à vista.
30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a pro-
paganda se o consumidor não acreditasse nela?
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça pu-
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
blicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa
Do que um pássaro sem voos. cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso,
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, aplica a punição.
por isso se declara e declama um poema: Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo:
Para guardá-lo: Abril. Ed. 2120, ano 42, no 27, 8 jul. 2009.

373

93
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário – de Brasil só é futebol


destacar a potencial supressão de trecho do texto – refor- Nesses noventa minutos
ça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de
De emoção e alegria
a) ressaltar a informação no título, em detrimento do Esqueço a casa e o trabalho
restante do conteúdo associado.
A vida fica lá fora
b) incluir o leitor por meio do uso da 1a pessoa do plural Dinheiro fica lá fora
no discurso.
A cama fica lá fora
c) contar a história da criação do órgão como argumento
de autoridade. A mesa fica lá fora
d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua metalin- Salário fica lá fora
guagem. A fome fica lá fora
e) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto. A comida fica lá fora
A vida fica lá fora
E tudo fica lá fora
Questão 198 2012
SIMONAL, W. Aqui é o país do futebol.
Lugar de mulher também é na oficina. Pelo menos nas Disponível em: www.vagalume.com.br.
oficinas dos cursos da área automotiva fornecidos pela Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento).
Prefeitura, a presença feminina tem aumentado ano a
ano. De cinco mulheres matriculadas em 2005, a quan- Na letra da canção Aqui é o país do futebol, de Wilson
tidade saltou para 79 alunas inscritas neste ano nos cur- Simonal, o futebol, como elemento da cultura corporal
sos de mecânica automotiva, eletricidade veicular, inje- de movimento e expressão da tradição nacional, é apre-
ção eletrônica, repintura e funilaria. A presença feminina sentado de forma crítica e emancipada devido ao fato de
nos cursos automotivos da Prefeitura – que são gratuitos a) reforçar a relação entre o esporte futebol e o samba.
cresceu 1 480% nos últimos sete anos e tem aumentado
b) ser apresentado como uma atividade de lazer.
ano a ano.
Disponível em: www.correiodeuberlandia.com.br. c) ser identificado com a alegria da população brasileira.
Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado). d) promover a reflexão sobre a alienação provocada pelo
Na produção de um texto, são feitas escolhas referentes futebol.
a sua estrutura, que possibilitam inferir o objetivo do au- e) ser associado ao desenvolvimento do país.
tor. Nesse sentido, no trecho apresentado, o enunciado
“Lugar de mulher também é na oficina” corrobora o ob-
jetivo textual de AMBIGUIDADE
a) demonstrar que a situação das mulheres mudou na
sociedade contemporânea. Questão 200 2003
b) defender a participação da mulher na sociedade atual.
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a
c) comparar esse enunciado com outro: “lugar de mu- fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato,
lher é na cozinha”. um jornal publicou a seguinte manchete:
d) criticar a presença de mulheres nas oficinas dos cur-
sos da área automotiva. CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO
ESTADO ENTRA EM NOVA FASE
e) distorcer o sentido da frase “lugar de mulher é na co-
zinha”. A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o en-
tendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse pro-
blema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:
Questão 199 2012
a) Campanha contra o governo do Estado e a violência
Aqui é o país do futebol entram em nova fase.
b) A violência do governo do Estado entra em nova fase
Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
de Campanha.
Olha o sambão, aqui é o país do futebol c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova
[...] fase de violência.

No fundo desse país d) A violência da campanha do governo do Estado entra


em nova fase.
Ao longo das avenidas
e) Campanha do governo do Estado contra a violência
Nos campos de terra e grama entra em nova fase.

374

94
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 202 2003


ARTICULAÇÃO PARA
CRIAÇÃO DE HUMOR
Questão 201 2000
Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o ris-
co de atribuir um significado inadequado a um termo ou

GRAMÁTICA
expressão, e isso pode levar a certos resultados inespe-
rados, como se vê nos quadrinhos abaixo.

(Quino. Mafalda)
O humor presente na tirinha decorre principalmente do
fato de a personagem Mafalda
a) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao
dedo indicador.
b) considerar seu dedo indicador tão importante quanto
o dos patrões.
c) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mes-
mo sentido ao vocábulo “indicador”.
d) usar corretamente a expressão “indicador de desem-
prego”, mesmo sendo criança.
e) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo
indicador dos patrões.

Questão 203 2012

Aquele bêbado
– Juro nunca mais beber – e fez o sinal da cruz com os
indicadores. Acrescentou: – Álcool.
O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, mú-
(SOUZA, Maurício de. Chico Bento.
Rio de Janeiro: Ed. Globo, no 335, Nov./99) sicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um
pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de
Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma Índia Reclinada, de Celso Antônio.
situação criada pela fala da Rosinha no primeiro quadri-
nho, que é: – Curou-se 100% de vício – comentavam os amigos.

a) Faz uma pose bonita! Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá.
b) Quer tirar um retrato? Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana
de pôr de sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras
c) Sua barriga está aparecendo!
coroas de ex-alcoólatras anônimos.
d) Olha o passarinho!
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis.
e) Cuidado com o flash! Rio de Janeiro: Record, 1991.

375

95
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

A causa mortis do personagem, expressa no último pará- d) constata o fato de um bicho cruzar a frente do carro.
grafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo e) apresenta duas possibilidades de sentido para a mes-
da narrativa, ocorre uma ma palavra.
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem. POLISSEMIA
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas. Questão 206 2001
Nas conversas diárias, utiliza-se frequentemente a pala-
Questão 204 2012
vra “próprio” e ela se ajusta a várias situações. Leia os
exemplos de diálogos:
I. A Vera se veste diferente!
– É mesmo, é que ela tem um estilo próprio.
II. A Lena já viu esse filme uma dezena de vezes! Eu
não consigo ver o que ele tem de tão maravilhoso
assim.
– É que ele é próprio para adolescente.
BROWNE, D. Folha de S.Paulo, 13 ago. 2011.
As palavras e as expressões são mediadoras dos senti- III. Dora, o que eu faço? Ando tão preocupada com o
dos produzidos nos textos. Na fala de Hagar, a expressão Fabinho! Meu filho está impossível!
“é como se” ajuda a conduzir o conteúdo enunciado para – Relaxa, Tânia! É próprio da idade. Com o tempo,
o campo da ele se acomoda.
a) conformidade, pois as condições meteorológicas evi- Nas ocorrências I, II e III, “próprio” é sinônimo de, res-
denciam um acontecimento ruim. pectivamente,
b) reflexibilidade, pois o personagem se refere aos tuba- a) adequado, particular, típico.
rões usando um pronome reflexivo.
b) peculiar, adequado, característico.
c) condicionalidade, pois a atenção dos personagens é a
c) conveniente, adequado, particular.
condição necessária para a sua sobrevivência.
d) adequado, exclusivo, conveniente.
d) possibilidade, pois a proximidade dos tubarões leva à
suposição do perigo iminente para os homens. e) peculiar, exclusivo, característico.
e) impessoalidade, pois o personagem usa a terceira
pessoa para expressar o distanciamento dos fatos.
FIGURAS DE LINGUAGEM E
Questão 205 2013
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Dúvida
Questão 207 1998
Dois compadres viajavam de carro por uma estrada de
fazenda quando um bicho cruzou a frente do carro. Um
dos compadres falou: Texto 1
– Passou um largato ali! “Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,
O outro perguntou: Quando a teus pés um homem terno e curvo
– Lagarto ou largato? jurar amor, chorar pranto de sangue,
O primeiro respondeu: Não creias, não, mulher: ele te engana!
– Num sei não, o bicho passou muito rápido. As lágrimas são gotas da mentira
Piadas coloridas. Rio de Janeiro: Gênero, 2006. E o juramento manto da perfídia.”
Na piada, a quebra de expectativa contribui para produ- Joaquim Manoel de Macedo
zir o efeito de humor. Esse efeito ocorre porque um dos
personagens Texto 2

a) reconhece a espécie do animal avistado. “Teresa, se algum sujeito bancar o


b) tem dúvida sobre a pronúncia do nome do réptil. sentimental em cima de você
c) desconsidera o conteúdo linguístico da pergunta. E te jurar uma paixão do tamanho de um

376

96
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

bonde Questão 209 2000


Se ele chorar Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da
Se ele ajoelhar atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a
Se ele se rasgar todo sua relação com as pequenas e grandes cidades.
Não acredite não Teresa Bicho urbano
É lágrima de cinema
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
É tapeação
ou em outra qualquer pequena cidade do país

GRAMÁTICA
Mentira estou mentindo
CAI FORA” ainda que lá se possa de manhã
Manuel Bandeira lavar o rosto no orvalho
Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima e o pão preserve aquele branco
sugerem que: sabor de alvorada.
.....................................................................
a) há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.
A natureza me assusta.
b) há um tratamento realista da relação homem/mulher.
Com seus matos sombrios suas águas
c) a relação familiar é idealizada. suas aves que são como aparições
d) a mulher é superior ao homem. me assusta quase tanto quanto
e) a mulher é igual ao homem. esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
Questão 208 1998
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro:
José Olympio Editora, 1991)
Amor é fogo que arde sem ver;
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta
é ferida que dói e não se sente;
reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas
é um contentamento descontente; comunidades. Para expressar a relação do homem com
é dor que desatina sem doer. alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, cons-
trução de linguagem em que se mesclam impressões
sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa
É um não querer mais que bem querer;
esse recurso.
é solitário andar por entre a gente;
a) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”
é nunca contentar-se de contente;
b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no
é cuidar que se ganha em se perder. orvalho”
c) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios
É querer estar preso por vontade; suas águas”
é servir a quem vence, o vencedor; d) “suas aves que são como aparições / me assusta qua-
se tanto quanto”
é ter com quem nos mata lealdade.
e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de
gases e de estrelas”
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade
Questão 210 2001
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões Os provérbios constituem um produto da sabedoria popu-
lar e, em geral, pretendem transmitir um ensinamento. A
(In: Obras Completas de Camões, Lisboa,
alternativa em que os dois provérbios remetem a ensina-
Livraria Sá da Costa, Vol. 1, 1954, p.232)
mentos semelhantes é:
O poema tem, como característica, a figura de linguagem a) “Quem diz o que quer, ouve o que não quer” e
denominada antítese, relação de oposição de palavras ou “Quem ama o feio, bonito lhe parece”.
ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz cla- b) “Devagar se vai ao longe” e “De grão em grão, a ga-
ramente presente. linha enche o papo”.
c) “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”
a) “Amor é fogo que arde sem se ver.”
e “Não se deve atirar pérolas aos porcos”.
b) “É um contentamento descontente.” d) “Quem casa quer casa” e “Santo de casa não faz
c) “É servir a quem se vence, o vencedor.” milagre”.
d) “Mas como causar pode seu favor.” e) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” e
e) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?” “Casa de ferreiro, espeto de pau”.

377

97
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 211 2001 Nas alternativas a seguir, estão transcritos versos reti-
rados do poema “O operário em construção”. Pode-se
Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a afirmar que ocorre um oxímoro em
carta de Pero Vaz de Caminha:
a) “Era ele que erguia casas
“A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi. Onde antes só havia chão.”
A gente vai passear, b) “... a casa que ele fazia
No chão espeta um caniço, Sendo a sua liberdade
No dia seguinte nasce Era a sua escravidão.”
Bengala de castão de oiro. c) “Naquela casa vazia
Tem goiabas, melancias, Que ele mesmo levantara
Banana que nem chuchu. Um mundo novo nascia
Quanto aos bichos, tem-nos muito,
De que sequer suspeitava.”
De plumagens mui vistosas.
d) “... o operário faz a coisa
Tem macaco até demais
E a coisa faz o operário.”
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas. e) “Ele, um humilde operário
Reforçai, Senhor, a arca, Um operário que sabia
Cruzados não faltarão, Exercer a profissão.”
Vossa perna encanareis, MORAES, Vinícius de. Antologia Poética.
Salvo o devido respeito. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui”. Questão 213 2001
MENDES, Murilo. Murilo Mendes — poesia completa
e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”,
do poeta romântico Castro Alves:
Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poe-
ma, criando um efeito de contraste, como ocorre em: Oh! eu quero viver, beber perfumes
a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais Na flor silvestre, que embalsama os ares;
b) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca Ver minh’alma adejar pelo infinito,
c) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso Qual branca vela n’amplidão dos mares.
d) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro No seio da mulher há tanto aroma...
e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
–– Árabe errante, vou dormir à tarde
Questão 212 2001
À sombra fresca da palmeira erguida.
Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que
agrupa significados que se excluem mutuamente. Para Mas uma voz responde-me sombria:
Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) ex- Terás o sono sob a lájea fria.
pressa o maior de todos os oxímoros.
ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves.
Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.

Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o in-


conformismo do poeta com a antevisão da morte prema-
tura, ainda na juventude.
A imagem da morte aparece na palavra
a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir.
e) sono.

Questão 214 2003


Eu começaria dizendo que poesia é uma questão de lin-
guagem. A importância do poeta é que ele torna mais viva
Folha de S. Paulo. 31 de julho de 2000. a linguagem. Carlos Drummond de Andrade escreveu um

378

98
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

dos mais belos versos da língua portuguesa com duas b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
palavras comuns: cão e cheirando. outros textos.
Um cão cheirando o futuro c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se
(Entrevista com Mário Carvalho. pensa, com intenção crítica.
Folha de SP, 24/05/1988. adaptação) d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em
O que deu ao verso de Drummond o caráter de inovador seu sentido próprio e objetivo.
da língua foi e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas ina-
nimadas, atribuindo-lhes vida.

GRAMÁTICA
a) o modo raro como foi tratado o “futuro”.
b) a referência ao cão como “animal de estimação”.
Questão 217 2005
c) a flexão pouco comum do verbo “cheirar” (gerúndio).
d) a aproximação não usual do agente citado e a ação de A dança e a alma
“cheirar”. A DANÇA? Não é movimento,
e) o emprego do artigo indefinido “um” e do artigo defi- súbito gesto musical.
nido “o” na mesma frase.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.
Questão 215 2004
Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das No solo não, no éter pairamos,
mais conhecidas figuras de linguagem para nele amaríamos ficar.
A dança – não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão,


novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever


a) condenar a prática de exercícios físicos. suas mais divinas parábolas
b) valorizar aspectos da vida moderna. sem fugir à forma do ser,
c) desestimular o uso das bicicletas. por sobre o mistério das fábulas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações. (Carlos Drummond de Andrade. Obra completa.
e) criticar a falta de perspectiva do pai. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.)

O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em


Questão 216 2004 contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em
Leia o poema abaixo. uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com
solo é:
Cidade grande a) éter.
Que beleza, Montes Claros. b) seiva.
Como cresceu Montes Claros. c) chão.
Quanta indústria em Montes Claros. d) paixão.
Montes Claros cresceu tanto, e) ser.
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro, Questão 218 2005
que já tem cinco favelas O termo (ou expressão) destacado que está empregado
por enquanto, e mais promete. em seu sentido próprio, denotativo ocorre em
(Carlos Drummond de Andrade) a) “(...)
É de laço e de nó
Entre os recursos expressivos empregados no texto, des-
taca-se a De gibeira o jiló
Dessa vida, cumprida a sol (...)”
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem
referir-se à própria linguagem. (Renato Teixeira. Romaria. Kuarup Discos. setembro de 1992.)

379

99
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

b) “Protegendo os inocentes Este açúcar veio


é que Deus, sábio demais, da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
põe cenários diferentes [dono da mercearia.
nas impressões digitais.” Este açúcar veio
(Maria N. S. Carvalho. Evangelho da Trova. /s.n.b.) de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
c) “O dicionário-padrão da língua e tampouco o fez o dono da usina.
e os dicionários unilíngues são
Este açúcar era cana
os tipos mais comuns de
e veio dos canaviais extensos
dicionários. Em nossos dias,
que não nascem por acaso
eles se tornaram um objeto de
no regaço do vale.
consumo obrigatório para as
nações civilizadas e (...)
desenvolvidas.” Em usinas escuras,
(Maria T. Camargo Biderman. O dicionário-padrão da língua. homens de vida amarga
Alfa (28), 2743, 1974 Supl.) e dura

d) produziram este açúcar


branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.

A antítese que configura uma imagem da divisão social


do trabalho na sociedade brasileira é expressa poetica-
mente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
(O Globo. O menino maluquinho. Agosto de 2002.)
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissol-
e) “Humorismo é a arte de fazer cócegas ve na boca.
no raciocínio dos outros. Há duas c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco,
onde se produz o açúcar.
espécies de humorismo: o trágico e o
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no rega-
cômico. O trágico é o que não ço do vale.
consegue fazer rir; o cômico é o que é e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
verdadeiramente trágico para se fazer.”
(Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br.
Acessado em julho de 2005.)
Questão 220 2007

O canto do guerreiro
Questão 219 2007
Aqui na floresta
O açúcar Dos ventos batida,
O branco açúcar que adoçará meu café Façanhas de bravos
nesta manhã de Ipanema Não geram escravos,
não foi produzido por mim Que estimem a vida
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
Vejo-o puro
— Ouvi meu cantar.
e afável ao paladar
como beijo de moça, água Valente na guerra,
na pele, flor Quem há, como eu sou?
que se dissolve na boca. Mas este açúcar Quem vibra o tacape
não foi feito por mim. Com mais valentia?

380

100
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Quem golpes daria Tipo pra rimar com ouro de tolo?


Fatais, como eu dou? 13 Oh, Narciso Peixe Ornamental!
— Guerreiros, ouvi-me; Tease me, tease me outra vez *1
— Quem há, como eu sou? Ou em banto baiano
Gonçalves Dias. 16 Ou em português de Portugal

Macunaíma Se quiser, até mesmo em americano


(Epílogo) De Natal

GRAMÁTICA
Acabou-se a história e morreu a vitória. [...]

Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tri-


bo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em *1 Tease me (caçoe de mim, importune-me).
um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br.
campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).
aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto...
Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Ne- Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão ex-
nhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo plora vários recursos da língua portuguesa, a fim de con-
nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia seguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o au-
saber do Herói? tor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos
Mário de Andrade. coloquiais na seguinte passagem:
a) “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2)
Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifi- b) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3)
ca-se que
c) “Que devora a voz do morto” (v. 9)
a) a função da linguagem centrada no receptor está au- d) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12)
sente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
e) “Tease me, tease me outra vez” (v. 14)
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, en-
quanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo me- Texto comum para as questões 222 e 223.
nos uma palavra de origem indígena.
Canção do vento e da minha vida
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se
na forma de organização da linguagem e, no segundo, O vento varria as folhas,
no relato de informações reais. O vento varria os frutos,
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, O vento varria as flores...
predominante no segundo texto, está ausente no pri-
meiro. E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia

Questão 221 2009 De frutos, de flores, de folhas.

Para o Mano Caetano [...]


O vento varria os sonhos
1 O que fazer do ouro de tolo
E varria as amizades...
Quando um doce bardo brada a toda brida,
O vento varria as mulheres...
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
E a minha vida ficava
4 Geografia de verdades, Guanabaras postiças
Cada vez mais cheia
Saudades banguelas, tropicais preguiças?
De afetos e de mulheres.

A boca cheia de dentes


O vento varria os meses
7 De um implacável sorriso
E varria os teus sorrisos...
Morre a cada instante
O vento varria tudo!
Que devora a voz do morto, e com isso, E a minha vida ficava
10 Ressuscita vampira, sem o menor aviso Cada vez mais cheia
De tudo.
[...] BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa.
E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

381

101
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Questão 222 2009 Questão 225 2010


Predomina no texto a função da linguagem A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se de-
senvolvem os seres vivos, se divide em unidades me-
a) fática, porque o autor procura testar o canal de comu-
nores chamadas ecossistemas, que podem ser uma
nicação.
floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema
b) metalinguística, porque há explicação do significado tem múltiplos mecanismos que regulam o número de
das expressões. organismos dentro dele, controlando sua reprodução,
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar crescimento e migrações.
de uma ação.
DUARTE, M. O guia dos curiosos.
d) referencial, já que são apresentadas informações so- São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
bre acontecimentos e fatos reais.
e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração Predomina no texto a função da linguagem
especial e artística da estrutura do texto. a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em
relação à ecologia.
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal
Questão 223 2009 de comunicação.
Na estruturação do texto, destaca-se c) poética, porque o texto chama a atenção para os re-
cursos de linguagem.
a) a construção de oposições semânticas.
d) conativa, porque o texto procura orientar comporta-
b) a apresentação de ideias de forma objetiva. mentos do leitor.
c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como e) referencial, porque o texto trata de noções e informa-
o eufemismo. ções conceituais.
d) a repetição de sons e de construções sintáticas se-
melhantes.
e) a inversão da ordem sintática das palavras. Questão 226 2010

Questão 224 2009 Câncer 21/06 a 21/07


O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na
Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que
sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo indicará
se combinam palavras de sentido oposto que parecem
excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica
a expressão. se ressentirá. O que ficou guardado virá à tona para ser
transformado, pois este novo ciclo exige uma “desintoxi-
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.
cação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará de
Considerando a definição apresentada, o fragmento poé- energia para se recompor. Há preocupação com a família,
tico da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra
em que pode ser encontrada a referida figura de retórica é: preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também
a) “Dos dois contemplo na vida amorosa, que será testada. Melhor conter as ex-
pectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de
rigor e fixidez.
modo maduro. Sentirá vontade de olhar além das ques-
Passado e sentimento tões materiais – sua confiança virá da intimidade com os
me contemplam” (p. 91). assuntos da alma.
b) “De sol e lua
Revista Cláudia. No 7, ano 48, jul. 2009.
De fogo e vento
Te enlaço” (p. 101). O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu
contexto de uso, sua função social específica, seu objeti-
c) “Areia, vou sorvendo
vo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-
A água do teu rio” (p. 93). -se aos conhecimentos construídos socioculturalmente.
d) “Ritualiza a matança A análise dos elementos constitutivos desse texto de-
de quem só te deu vida. monstra que sua função é
E me deixa viver a) vender um produto anunciado.
nessa que morre” (p. 62). b) informar sobre astronomia.
e) “O bisturi e o verso. c) ensinar os cuidados com a saúde.
Dois instrumentos d) expor a opinião de leitores em um jornal.
entre as minhas mãos” (p. 95). e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

382

102
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 227 2010 Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-


-se que o texto tem a finalidade de
Testes a) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da
Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da compulsão alimentícia.
internet. O nome do teste era tentador: “O que Freud diria b) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do
de você”. Uau. Respondi a todas as perguntas e o resul- comer compulsivo.
tado foi o seguinte: “Os acontecimentos da sua infância
c) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com mé-
a marcaram até os doze anos, depois disso você buscou
todos simples.

GRAMÁTICA
conhecimento intelectual para seu amadurecimento”. Per-
feito! Foi exatamente o que aconteceu comigo. Fiquei d) expor de forma geral o transtorno compulsivo por ali-
radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com mentação.
o pai da psicanálise, e ele acertou na mosca. e) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos
Estava com tempo sobrando, e curiosidade é algo que alimentícios.
não me falta, então resolvi voltar ao teste e responder
tudo diferente do que havia respondido antes. Marquei
Questão 229 2010
umas alternativas esdrúxulas, que nada tinham a ver com
minha personalidade. E fui conferir o resultado, que dizia o
seguinte: “Os acontecimentos da sua infância a marcaram Carnavália
até os 12 anos, depois disso você buscou conhecimento Repique tocou
intelectual para seu amadurecimento”.
O surdo escutou
MEDEIROS, M. Doidas e santas. E o meu corasamborim
Porto Alegre, 2008 (adaptado).
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por
Quanto às influências que a internet pode exercer sobre os mim?
usuários, a autora expressa uma reação irônica no trecho:
[…]
a) “Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada ti-
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M.
nham a ver”.
Tribalistas, 2002 (fragmento).
b) “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até
os doze anos”. No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a
c) “Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mes-
site da internet”. mo tempo, a elementos que compõem uma escola de
d) “Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o samba e à situação emocional em que se encontra o au-
seguinte”. tor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
e) “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta pa- Essa palavra corresponde a um(a)
ranormal com o pai da psicanálise”. a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos origi-
nados em outras línguas e representativos de outras
culturas.
Questão 228 2010
b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos
Transtorno do comer compulsivo mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconheci- c) gíria, que compõe uma linguagem originada em de-
do, nos últimos anos, como uma síndrome caracterizada terminado grupo social e que pode vir a se disseminar
por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de em uma comunidade mais ampla.
alimentos, porém, diferentemente da bulimia nervosa, d) regionalismo, por ser palavra característica de deter-
essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os minada área geográfica.
métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanha- e) termo técnico, dado que designa elemento de área
dos de uma sensação de falta de controle sobre o ato de específica de atividade.
comer, sentimentos de culpa e de vergonha.
Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apre-
sentando uma história de variação de peso, pois a co- Questão 230 2011
mida é usada para lidar com problemas psicológicos. O
transtorno do comer compulsivo é encontrado em cerca Texto I
de 2% da população em geral, mais frequentemente
acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade. Pes- Onde está a honestidade?
quisas demonstram que 30% das pessoas que procuram
Você tem palacete reluzente
tratamento para obesidade ou para perda de peso são
portadoras de transtorno do comer compulsivo. Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br.
Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado). Só anda de automóvel na cidade…

383

103
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

E o povo pergunta com maldade: Tudo aquilo que o malandro pronuncia


Onde está a honestidade? Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Onde está a honestidade? Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
O seu dinheiro nasce de repente E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
E embora não se saiba se é verdade Só pode ser conversa de telefone
Você acha nas ruas diariamente ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas.
Revista Língua Portuguesa. Ano 4, no 54.
Anéis, dinheiro e felicidade…
São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).

As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila


Vassoura dos salões da sociedade
Isabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação
Que varre o que encontrar em sua frente do artista com seu tempo e com as mudanças político-
Promove festivais de caridade -culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são
Em nome de qualquer defunto ausente... modernas. Nesse fragmento do samba Não tem tradução,
por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe
ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br.
Acesso em: abr. 2010. a) incorporar novos costumes de origem francesa e
americana, juntamente com vocábulos estrangeiros.
Texto II
b) respeitar e preservar o português padrão como forma
Um vulto da história da música popular brasileira, reconhe- de fortalecimento do idioma do Brasil.
cido nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no c) valorizar a fala popular brasileira como patrimônio lin-
Rio de Janeiro; portanto, se estivesse vivo, estaria comple- guístico e forma legítima de identidade nacional.
tando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de idade, vítima
d) mudar os valores sociais vigentes à época, com o adven-
de tuberculose, deixando um acervo de grande valor para o
to do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
patrimônio cultural brasileiro. Muitas de suas letras repre-
sentam a sociedade contemporânea, como se tivessem e) ironizar a malandragem carioca, aculturada pela invasão
sido escritas no século XXI. de valores étnicos de sociedades mais desenvolvidas.
Disponível em: http://www.mpbnet.com.br.
Acesso em: abr. 2010.
Questão 232 2011
Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural bra-
sileiro é atualizável, na medida em que ele se refere a É água que não acaba mais
valores e situações de um povo. A atualidade da canção
Onde está a honestidade?, de Noel Rosa, evidencia-se Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Uni-
por meio versidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o Aquífero
Alter do Chão como o maior depósito de água potável
a) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem
do planeta. Com volume estimado em 86 000 quilôme-
duvidosa de alguns.
tros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está
b) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá.
herança. “Essa quantidade de água seria suficiente para abastecer
c) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade. a população mundial durante 500 anos”, diz Milton Matta,
d) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade. geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão
tem quase o dobro do volume de água do Aquífero Guarani
e) da insistência em promover eventos beneficentes.
(com 45 000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era
a maior reserva subterrânea do mundo, distribuída por
Questão 231 2011 Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Época. No 623, 26 abr. 2010.
Não tem tradução
Essa notícia, publicada em uma revista de grande circu-
[…] lação, apresenta resultados de uma pesquisa científica
Lá no morro, se eu fizer uma falseta realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês específica de comunicação, a função referencial da lin-
guagem predomina, porque o autor do texto prioriza
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou a) as suas opiniões, baseadas em fatos.
b) os aspectos objetivos e precisos.
[...]
c) os elementos de persuasão do leitor.
Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição
d) os elementos estéticos na construção do texto.
Não entende que o samba não tem tradução no idioma
e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.
francês

384

104
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

Questão 233 2011 a) ridicularizar a forma física do possível cliente do pro-


duto anunciado, aconselhando-o a uma busca de mu-
Pequeno concerto que virou canção danças estéticas.
b) enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de
Não, não há por que mentir ou esconder buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando tal
A dor que foi maior do que é capaz meu coração postura.
Não, nem há por que seguir cantando só para explicar c) criticar o consumo excessivo de produtos industria-
Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar lizados por parte da população, propondo a redução
desse consumo.

GRAMÁTICA
Ah, eu vou voltar pra mim
d) associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora
Seguir sozinho assim de forma, sugerindo a substituição desse produto
Até me consumir ou consumir toda essa dor pelo adoçante.
Até sentir de novo o coração capaz de amor e) relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo
VANDRÉ, G. Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. humano que não desenvolve atividades físicas, incen-
Acesso em: 29 jun. 2011. tivando a prática esportiva.
Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação
Questão 235 2011
da função poética da linguagem, que é percebida na ela-
boração artística e criativa da mensagem, por meio de
combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, SE NO INVERNO É DIFÍCIL ACORDAR,
entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da IMAGINE DORMIR.
função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor
Com a chegada do inverno, muitas pessoas perdem
a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, o sono. São milhões de necessitados que lutam contra a
seus sentimentos. fome e o frio. Para vencer esta batalha, eles precisam de
b) transmite informações objetivas sobre o tema de que você. Deposite qualquer quantia. Você ajuda milhares
trata a canção. de pessoas a terem uma boa noite e dorme com a
consciência tranquila.
c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um cer-
to comportamento. Veja. 05 set. 1999 (adaptado).
d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estra-
construir a canção. tégias persuasivas para influenciar o comportamento de
e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensa- seu leitor. Entre os recursos argumentativos mobilizados
gem veiculada. pelo autor para obter a adesão do público à campanha,
destaca-se nesse texto

Questão 234 2011 a) a oposição entre individual e coletivo, trazendo um


ideário populista para o anúncio.
b) a utilização de tratamento informal com o leitor, o que
suaviza a seriedade do problema.
c) o emprego de linguagem figurada, o que desvia a
atenção da população do apelo financeiro.
d) o uso dos numerais “milhares” e “milhões”, respon-
sável pela supervalorização das condições dos neces-
sitados.
e) o jogo de palavras entre “acordar” e “dormir”, o que
relativiza o problema do leitor em relação ao dos ne-
cessitados.

Questão 236 2012

Disponível em: http://www.ccsp.com.br.


Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).

O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o


seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia
que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-
-se no emprego de recursos expressivos, verbais e não
verbais, com vistas a Disponível em: www.ivancabral.com. Acesso em: 27 fev. 2012.

385

105
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

O efeito de sentido da charge é provocado pela combi- çar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar
nação de informações visuais e recursos linguísticos. No pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis
contexto da ilustração, a frase proferida recorre à recados para serem respondidos na secretária eletrônica.
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expres- Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem.
são “rede social” para transmitir a ideia que pretende Estou nervoso. Estou zangado.
veicular. CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
b) ironia para conferir um novo significado ao termo “ou-
Nos textos em geral, é comum a manifestação simultâ-
tra coisa”.
nea de várias funções da linguagem, com o predomínio,
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o entretanto, de uma sobre outras. No fragmento da crô-
espaço da população pobre e o espaço da população nica Desabafo, a função da linguagem predominante é a
rica.
emotiva ou expressiva, pois
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mun-
do virtual rico. a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio
código.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computa-
dores com a rede caseira de descanso da família. b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está
sendo dito.
Questão 237 2012 c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção
da mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detri-
mento dos demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manuten-
ção da comunicação.

Questão 239 2013


Jogar limpo
Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer pre-
ço. Convencer alguém de algo é, antes de tudo, uma
alternativa à prática de ganhar uma questão no grito ou
na violência física – ou não física. Não física, dois-pontos.
Um político que mente descaradamente pode cativar elei-
tores. Uma publicidade que joga baixo pode constranger
multidões a consumir um produto danoso ao ambiente.
Há manipulações psicológicas não só na religião. E é co-
mum pessoas agirem emocionalmente, porque vítimas
de ardilosa – e cangoteira – sedução. Embora a eficácia
Cartaz afixado nas bibliotecas centrais e setoriais da
a todo preço não seja argumentar, tampouco se trata de
Universidade Federal de Goiás (UFG), 2011.
admitir só verdades científicas – formar opinião apenas
Considerando-se a finalidade comunicativa comum do depois de ver a demonstração e as evidências, como
gênero e o contexto específico do Sistema de Biblioteca a ciência faz. Argumentar é matéria da vida cotidiana,
da UFG, esse cartaz tem função predominantemente uma forma de retórica, mas é um raciocínio que tenta
a) socializadora, contribuindo para a popularização da arte. convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e
pode ser rigoroso sem ser científico.
b) sedutora, considerando a leitura como uma obra de arte.
c) estética, propiciando uma apreciação despretensiosa Língua Portuguesa, São Paulo, ano 5, n. 66, abr. 2011 (adaptado).
da obra. No fragmento, opta-se por uma construção linguística
d) educativa, orientando o comportamento de usuários bastante diferente em relação aos padrões normal-
de um serviço. mente empregados na escrita. Trata-se da frase “Não
e) contemplativa, evidenciando a importância de artistas física, dois-pontos”. Nesse contexto, a escolha por se
internacionais. representar por extenso o sinal de pontuação que de-
veria ser utilizado

Questão 238 2012 a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desen-
volver seu ponto de vista sobre a arte de argumentar.
Desabafo b) diz respeito a um recurso de metalinguagem evi-
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha denciando as relações e as estruturas presentes
divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfar- no enunciado.

386

106
Língua Portuguesa
GRAMÁTICA

c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamen- Questão 241 2013


te a sequenciação de ideias, introduzindo apostos
exemplificativos.
Lusofonia
d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero tex-
tual, a qual se concretiza no emprego da linguagem rapariga: s.f., fem. de rapaz; mulher nova; moça; menina;
conotativa. (Brasil), meretriz.
e) prejudica a sequência do texto, provocando estranhe- Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada
za no leitor ao não desenvolver explicitamente o racio-
no café, em frente da chávena de café, enquanto

GRAMÁTICA
cínio a partir de argumentos.
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
Nesta questão foram trabalhadas:
rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,
Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
simbólicos das diferentes linguagens como meios de organi-
zação cognitiva da realidade pela constituição de significados, a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
expressão, comunicação e informação.
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
Habilidade 19 – Analisar a função da linguagem predominan- fique estragada para sempre quando este poema
te nos textos em situações específicas de interlocução.
atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
Questão 240 2013
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que
eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma
rapariga se
pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.
JÚDICE, N. A matéria do poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.
O texto traz em relevo as funções metalinguística e poéti-
ca. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela

a) discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no


mundo contemporâneo.

XAVIER, C. Disponível em: www.releituras.com.


b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade,
Acesso em: 24 abr. 2010. típico do século XX.
Os objetivos que motivam os seres humanos a estabe- c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se
lecer comunicação determinam, em uma situação de volta para assuntos rotineiros.
interlocução, o predomínio de uma ou de outra função
d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato
de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se
de construção da própria obra.
caracteriza por
e) valorização do efeito de estranhamento causado no
a) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de se to-
público, o que faz a obra ser reconhecida.
marem certas medidas para a elaboração de um livro.
b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta
para sua obra seus sonhos e histórias. Nesta questão foram trabalhadas:
c) apontar para o estabelecimento de interlocução de Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas
simbólicos das diferentes linguagens como meios de organi-
modo superficial e automático, entre o leitor e o livro.
zação cognitiva da realidade pela constituição de significados,
d) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princí- expressão, comunicação e informação.
pios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro. Habilidade 18 – Identificar os elementos que concorrem para
e) retratar as etapas do processo de produção de um li- a progressão temática e para a organização e estruturação de
vro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra. textos de diferentes gêneros e tipos.

387

107
Produção de texto
Redação
QUESTÕES
Redação
PRODUÇÃO DE TEXTO

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Tema 1 2013
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema EFEITOS DA IM-
PLANTAÇÃO DA LEI SECA NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecio-
ne, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Qual o objetivo da “Lei Seca ao volante”?


De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de
Tráfego (Abramet), a utilização de bebidas alcoólicas é
responsável por 30% dos acidentes de trânsito. E me-
tade das mortes, segundo o Ministério da Saúde, está
relacionada ao uso do álcool por motoristas. Diante deste

PRODUÇÃO DE TEXTO
cenário preocupante, a Lei 11.705/2008 surgiu com uma
enorme missão: alertar a sociedade para os perigos do
álcool associado à direção. Para estancar a tendência de
crescimento de mortes no trânsito, era necessária uma
ação enérgica. E coube ao Governo Federal o primeiro
passo, desde a proposta da nova legislação à aquisição
de milhares de etilômetros. Mas para que todos ganhem,
é indispensável a participação de estados, municípios e
sociedade em geral. Porque para atingir o bem comum, Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2013.
o desafio deve ser de todos.
Disponível em: www.dprf.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2013.

Disponível em:
www.operacaoleisecarj.rj.gov.br.
Acesso em: 20 jun. 2013 (adaptado).

Repulsão magnética a beber e dirigir


A lei da física que comprova que dois polos opostos se atraem em um campo magnético é um dos conceitos mais populares
desse ramo do conhecimento. Tulipas de chope e bolachas de papelão não servem, em condições normais, como objetos
de experimento para confirmar essa proposta. A ideia de uma agência de comunicação em Belo Horizonte foi bem simples.
Ímãs foram inseridos em bolachas utilizadas para descansar os copos, de forma imperceptível para o consumidor. Em cada
lado, há uma opção para o cliente: dirigir ou chamar um táxi depois de beber. Ao mesmo tempo, tulipas de chope também
receberam pequenos pedaços de metal mascarados com uma pequena rodela de papel na base do copo. Durante um fim
de semana, todas as bebidas servidas passaram a pregar uma peça no cliente. Ao tentar descansar seu copo com a opção
dirigir virada para cima, os ímãs apresentavam a mesma polaridade e, portanto, causando repulsão, fazendo com que o
descanso fugisse do copo; se estivesse virada mostrando o lado com o desenho de um táxi, ela rapidamente grudava na
base do copo. A ideia surgiu da necessidade de passar a mensagem de uma forma leve e no exato momento do consumo.
Disponível em: www.operacaoleisecarj.rj.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2013 (adaptado).

389

111
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Tema 2 2012

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema O MOVIMENTO IMIGRATÓ-
RIO PARA O BRASIL NO SÉCULO XXI, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecio-
ne, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Ao desembarcar no Brasil, os imigrantes trouxeram muito mais do que o anseio de refazer suas vidas trabalhando nas lavou-
ras de café e no início da indústria paulista. Nos séculos XIX e XX, os representantes de mais de 70 nacionalidades e etnias
chegaram com o sonho de “fazer a América” e acabaram por contribuir expressivamente para a história do país e para a
cultura brasileira. Deles, o Brasil herdou sobrenomes, sotaques, costumes, comidas e vestimentas.
A história da migração humana não deve ser encarada como uma questão relacionada exclusivamente ao passado; há a
necessidade de tratar sobre deslocamentos mais recentes.
Disponível em: http://www.museudaimigracao.org.br. Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).

Acre sofre com invasão de imigrantes do Haiti


Nos últimos três dias de 2011, uma leva de 500 haitianos
entrou ilegalmente no Brasil pelo Acre, elevando para 1 400
a quantidade de imigrantes daquele país no município de
Brasileia (AC). Segundo o secretário-adjunto de Justiça e
Direitos Humanos do Acre, José Henrique Corinto, os haitia-
nos ocuparam a praça da cidade. A Defesa Civil do estado
enviou galões de água potável e alimentos, mas ainda não
providenciou abrigo.
A imigração ocorre porque o Haiti ainda não se recuperou
dos estragos causados pelo terremoto de janeiro de 2010.
O primeiro grande grupo de haitianos chegou à Brasileia no
dia 14 de janeiro de 2011. Desde então, a entrada ilegal con-
tinua, mas eles não são expulsos: obtêm visto humanitário
e conseguem tirar carteira de trabalho e CPF para morar e
trabalhar no Brasil.
Segundo Corinto, ao contrário do que se imagina, não são
haitianos miseráveis que buscam o Brasil para viver, mas
pessoas da classe média do Haiti e profissionais qualifica-
dos, como engenheiros, professores, advogados, pedreiros,
mestres de obras e carpinteiros. Porém, a maioria chega
sem dinheiro.
Os brasileiros sempre criticaram a forma como os países eu-
ropeus tratavam os imigrantes. Agora, chegou a nossa vez
– afirma Corinto.
Disponível em: http://www.dpf.gov.br.
Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).

Trilha da Costura
Os imigrantes bolivianos, pelo último censo, são mais de
3 milhões, com população de aproximadamente 9,119 mi-
Disponível em: http://mg1.com.br.
lhões de pessoas. A Bolívia em termos de IDH ocupa a po-
Acesso em: 19 jul. 2012.
sição de 114 de acordo com os parâmetros estabelecidos
o

pela ONU. O país está no centro da América do Sul e é o mais pobre, sendo 70% da população considerada miserável. Os
principais países para onde os bolivianos imigrantes dirigem-se são: Argentina, Brasil, Espanha e Estados Unidos.
Assim sendo, este é o quadro social em que se encontra a maioria da população da Bolívia, estes dados já demonstram que
as motivações do fluxo de imigração não são políticas, mas econômicas. Como a maioria da população tem baixa qualificação,
os trabalhos artesanais, culturais, de campo e de costura são os de mais fácil acesso.
OLIVEIRA, R.T. Disponível em: http://www.ipea.gov.br. Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).

390

112
Redação
PRODUÇÃO DE TEXTO

Tema 3 2011
Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema VIVER EM REDE NO SÉCULO XXI:
OS LIMITES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO, apresentando proposta de conscientização social que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Liberdade Sem Fio


A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano – assim como saúde, moradia e educação.
No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados de wi-fi, organizações e governos se mobilizam para expandir
a rede para espaços públicos e regiões onde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito.
ROSA, G.; SANTOS, P. Galileu. No 240, jul. 2011 (fragmento).

A internet tem ouvidos e memória


Uma pesquisa da consultoria Forrester Research revela que, nos Estados Unidos, a população já passou mais tempo conec-
tada à internet do que em frente à televisão. Os hábitos estão mudando. No Brasil, as pessoas já gastam cerca de 20% de

PRODUÇÃO DE TEXTO
seu tempo on-line em redes sociais. A grande maioria dos internautas (72%, de acordo com o Ibope Mídia) pretende criar,
acessar e manter um perfil em rede. “Faz parte da própria socialização do indivíduo do século XXI estar numa rede social.
Não estar equivale a não ter uma identidade ou um número de telefone no passado”, acredita Alessandro Barbosa Lima,
CEO da e.Life, empresa de monitoração e análise de mídias.
As redes sociais são ótimas para disseminar ideias, tornar alguém popular e também arruinar reputações. Um dos maiores
desafios dos usuários de internet é saber ponderar o que se publica nela. Especialistas recomendam que não se deve publi-
car o que não se fala em público, pois a internet é um ambiente social e, ao contrário do que se pensa, a rede não acoberta
anonimato, uma vez que mesmo quem se esconde atrás de um pseudônimo pode ser rastreado e identificado. Aqueles que,
por impulso, se exaltam e cometem gafes podem pagar caro.
Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 30 jun. 2011 (adaptado).

DAHMER, A. Disponível em: http://malvados.wordpress.com. Acesso em: 30 jun. 2011.

Tema 4 2010
Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema O Trabalho na Construção
da Dignidade Humana, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

O que é trabalho escravo


Escravidão contemporânea é o trabalho degradante que envolve cerceamento da
liberdade
A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, representou o fim do direito de propriedade
de uma pessoa sobre a outra, acabando com a possibilidade de possuir legalmente um escravo
no Brasil. No entanto, persistiram situações que mantêm o trabalhador sem possibilidade de
se desligar de seus patrões. Há fazendeiros que, para realizar derrubadas de matas nativas para
formação de pastos, produzir carvão para a indústria siderúrgica, preparar o solo para plantio
de sementes, entre outras atividades agropecuárias, contratam mão de obra utilizando os
contratadores de empreitada, os chamados “gatos”. Eles aliciam os trabalhadores, servindo
de fachada para que os fazendeiros não sejam responsabilizados pelo crime.

391

113
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Trabalho escravo se configura pelo trabalho degradante aliado ao cerceamento da liberdade. Este segundo fator nem sempre
é visível, uma vez que não mais se utilizam correntes para prender o homem à terra, mas sim ameaças físicas, terror psico-
lógico ou mesmo as grandes distâncias que separam a propriedade da cidade mais próxima.
Disponível em: http://www.reporterbrasil.org.br. Acesso em: 2 set. 2010 (fragmento).

O futuro do trabalho
Esqueça os escritórios, os salários fixos e a aposentadoria.
Em 2020, você trabalhará em casa, seu chefe terá menos O seu Busca de
trabalho qualidade Inovação
de 30 anos e será uma mulher
em 2020 de vida
Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis
para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemen-
te, como vivemos. E as transformações estão acontecendo.
A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então
T = (ma+Qv+I) × g
como modelos de administração. Em vez de grandes con-
glomerados, o futuro será povoado de empresas menores
Preocupação
reunidas em torno de projetos em comum. Os próximos Globalização
com o meio
anos também vão consolidar mudanças que vêm aconte-
ambiente
cendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a
preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos
realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos.
“Falamos tanto em desperdício de recusos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?”, diz o filósofo e
ensaísta suiço Alain de Batton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho,
ainda inédito no Brasil).
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 2 set. 2010 (fragmento).

Tema 5 2009
Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da Língua Portuguesa sobre o tema O indivíduo frente à ética
nacional, apresentando proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione correta-
mente argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Andamos demais acomodados, todo mundo reclamando em voz


baixa como se fosse errado indignar-se.
Sem ufanismo, porque dele estou cansada, sem dizer que este é
um país rico, de gente boa e cordata, com natureza (a que sobrou)
belíssima e generosa, sem fantasiar nem botar óculos cor-de-ro-
sa, que o momento não permite, eu me pergunto o que anda
acontecendo com a gente.
Tenho medo disso que nos tornamos ou em que estamos nos
transformando, achando bonita a ignorância eloquente, engraça-
do o cinismo bem-vestido, interessante o banditismo arrojado,
normal o abismo em cuja beira nos equilibramos – não malabaris-
tas, mas palhaços.
LUFT, L. Ponto de vista. Veja. Ed. 1988, 27 dez. 2006 (adaptado).
Millôr Fernandes. Disponível em http://www2.uol.com.br.
Acesso em: 14 jul. 2009.

Qual é o efeito em nós do “eles são todos corruptos”?


As denúncias que assolam nosso cotidiano podem dar lugar a uma vontade de transformar o mundo só se nossa indignação
não afetar o mundo inteiro. “Eles são TODOS corruptos” é um pensamento que serve apenas para “confirmar” a “integri-
dade” de quem se indigna.
O lugar-comum sobre a corrupção generalizada não é uma armadilha para os corruptos: eles continuam iguais e livres, en-
quanto, fechados em casa, festejamos nossa esplendorosa retidão.
O dito lugar-comum é uma armadilha que amarra e imobiliza os mesmos que denunciam a imperfeição do mundo inteiro.
CALLIGARIS, C. A armadilha da corrupção. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br (adaptado)

392

114
Redação
PRODUÇÃO DE TEXTO

Tema 6 2008

PRODUÇÃO DE TEXTO
ode paracer que os isótopos de oxigênio e a luta dos seringueiros no
Acre tenham pouco em comum. No entanto, ambos estão relacionados
ao futuro da Amazônia e a parte significativa da agroindústria e da gera-
ção de energia elétrica do Brasil.

À época em que Chico Mendes lutava para assegurar o futuro dos seringueiros
e da floresta, um dos mais respeitados cientistas brasileiros, Eneas Salati, ana-
lisava proporções de isótopos de oxigênio na precipitação pluviométrica ama-
zônica do Atlântico ao Peru. Sua conclusão foi irrefutável: a Amazônia produz a
parte maior de sua própria chuva; implicação óbvia desse fenômeno: o excesso
de desmatamento pode degradar o ciclo hidrológico.

Hoje, imagens obtidas por sensoriamento remoto mostram que o ciclo hidro-
lógico não apenas é essencial para a manutenção da grande floresta, mas
também garante parcela significativa da chuva que cai ao sul da Amazônia,
em Mato Grosso, São Paulo e até mesmo ao norte da Argentina. Quando a
umidade do ciclo, que se desloca em direção ocidental, atinge o paredão dos
Andes, parte dela é desviada para o sul. Boa parte da cana-de-açúcar, da soja,
de outras safras agroindustriais dessas regiões e parte significativa da geração
de energia hidrelétrica dependem da máquina de chuva da Amazônia.
T. Lovejoy e G. Rodrigues. A máquina de chuva da Amazônia.
Folha de S.Paulo, 25/7/2007 (com adaptações).

O texto acima, que focaliza a relevância da região amazônica para o meio ambiente e para a economia brasileira, menciona a
“máquina de chuva da Amazônia”. Suponha que, para manter essa “máquina de chuva” funcionando, tenham sido sugeridas
as ações a seguir:
1 – suspender completa e imediatamente o desmatamento na Amazônia, que permaneceria proibido até que fossem iden-
tificadas áreas onde se poderia explorar, de maneira sustentável, madeira de florestas nativas;

2 – efetuar pagamentos a proprietários de terras para que deixem de desmatar a floresta, utilizando-se recursos financeiros
internacionais;

3 – aumentar a fiscalização e aplicar pesadas multas àqueles que promoverem desmatamentos não autorizados.

Escolha uma dessas ações e, a seguir, redija um texto dissertativo, ressaltando as possibilidades e as limitações da ação
escolhida.
Ao desenvolver seu texto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Se-
lecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista, sem ferir os direitos humanos.

393

115
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Tema 7 2007

Uns Iguais Aos Outros


Titãs

Os homens são todos iguais


(…)
Ninguém = Ninguém
Brancos, pretos e orientais
Engenheiros do Hawaii
Todos são filhos de Deus
Há tantos quadros na parede (…)
há tantas formas de se ver o mesmo quadro Kaiowas contra xavantes
há tanta gente pelas ruas Árabes, turcos e iraquianos
há tantas ruas e nenhuma é igual a outra São iguais os seres humanos
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
(ninguém = ninguém)
Americanos contra latinos
me espanta que tanta gente sinta
Já nascem mortos os nordestinos
(se é que sente) a mesma indiferença Os retirantes e os jagunços
O sertão é do tamanho do mundo
há tantos quadros na parede
Dessa vida nada se leva
há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Nesse mundo se ajoelha e se reza
há palavras que nunca são ditas Não importa que língua se fala
há muitas vozes repetindo a mesma frase Aquilo que une é o que separa
(ninguém = ninguém) Não julgue pra não ser julgado
me espanta que tanta gente minta (…)
(descaradamente) a mesma mentira Tanto faz a cor que se herda
(…)
todos iguais, todos iguais Todos os homens são iguais
mas uns mais iguais que os outros São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros

A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na originalidade e na plura-
lidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de
inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para
a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefício
das gerações presentes e futuras.
UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural.

Todos reconhecem a riqueza da diversidade no planeta. Mil aromas, cores, sabores, texturas, sons encantam as pessoas
no mundo todo; nem todas, entretanto, conseguem conviver com as diferenças individuais e culturais. Nesse sentido, ser
diferente já não parece tão encantador. Considerando a figura e os textos anteriores como motivadores, redija um texto
dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema.
O desafio de se conviver com a diferença
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua forma-
ção. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas, sem
ferir os direitos humanos.

Tema 8 2006
Uma vez que nos tornamos leitores da palavra, invariavelmente estaremos lendo o mundo sob a influência dela, tenhamos
consciência disso ou não. A partir de então, mundo e palavra permearão constantemente nossa leitura e inevitáveis serão as
correlações, de modo intertextual, simbiótico, entre realidade e ficção.
Lemos porque a necessidade de desvendar caracteres, letreiros, números faz com que passemos a olhar, a questionar, a
buscar decifrar o desconhecido. Antes mesmo de ler a palavra, já lemos o universo que nos permeia: um cartaz, uma imagem,
um som, um olhar, um gesto.
São muitas as razões para a leitura. Cada leitor tem a sua maneira de perceber e de atribuir significado ao que lê.
Inajá Martins de Almeida. O ato de ler. Internet: <www.amigosdolivro.com.br> (com adaptações).

394

116
Redação
PRODUÇÃO DE TEXTO

Minha mãe muito cedo me introduziu aos livros. Embora nos


faltassem móveis e roupas, livros não poderiam faltar. E estava
absolutamente certa. Entrei na universidade e tornei-me escri-
tor. Posso garantir: todo escritor é, antes de tudo, um leitor.
Moacyr Scliar. O poder das letras.
In: TAM Magazine, jul./2006, p. 70 (com adaptações).

Existem inúmeros universos coexistindo com o nosso, neste


exato instante, e todos bem perto de nós. Eles são bidimensio-
nais e, em geral, neles imperam o branco e o negro.
Estes universos bidimensionais que nos rodeiam guardam sur-
presas incríveis e inimagináveis! Viajamos instantaneamente aos
mais remotos pontos da Terra ou do Universo; ficamos sabendo
os segredos mais ocultos de vidas humanas e da natureza; atra-
vessamos eras num piscar de olhos; conhecemos civilizações de-
saparecidas e outras que nunca foram vistas por olhos humanos.

PRODUÇÃO DE TEXTO
Estou falando dos universos a que chamamos de livros. Por uns
poucos reais podemos nos transportar a esses universos e sair
deles muito mais ricos do que quando entramos.
Internet: <www.amigosdolivro.com.br> (com adaptações).

Considerando que os textos anteriores têm caráter apenas motivador, redija um texto dissertativo a respeito do seguinte tema:

O PODER DE TRANSFORMAÇÃO DA LEITURA.

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua forma-
ção. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas, sem
ferir os direitos humanos.

Tema 9 2005
Leia com atenção os seguintes textos:

TRABALHO INFANTIL NO BRASIL


Onde estão as crianças trabalhadoras
NORDESTE
Há 42,2%
NORTE
(2,296 milhões)
5.438 5,25%
milhões de (285 mil)
crianças e
adolescentes
CENTRO-OESTE
entre 5 e 17
7,02%
anos que SUDESTE
(382 mil)
27,82%
trabalham
(1,513 milhão)
no país
SUL
17,25%
(938 mil)
IBGE
(O Globo. Magazine, 11/05/2004.)

“A crueldade do trabalho infantil é um pecado social grave em nosso País. A dignidade de milhões de crianças brasileiras
está sendo roubada diante do desrespeito aos direitos humanos fundamentais que não lhes são reconhecidos: por culpa
do poder público, quando não atua de forma prioritária e efetiva, e por culpa da família e da sociedade, quando se omitem
diante do problema ou quando simplesmente o ignoram em decorrência da postura individualista que caracteriza os regi-
mes sociais e políticos do capitalismo contemporâneo, sem pátria e sem conteúdo ético.”
(Xisto T. de Medeiros Neto. A crueldade do trabalho infantil. Diário de Natal. 21/10/2000.)

395

117
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

“Submetidas aos constrangimentos da miséria e da falta de alternativas de integração social, as famílias optam por preservar
a integridade moral dos filhos, incutindo-lhes valores, tais como a dignidade, a honestidade e a honra do trabalhador. Há um
investimento no caráter moralizador e disciplinador do trabalho, como tentativa de evitar que os filhos se incorporem aos
grupos de jovens marginais e delinquentes, ameaça que parece estar cada vez mais próxima das portas das casas.”
(Joel B. Marin. O trabalho infantil na agricultura moderna. www.proec.ufg.br.)

“Art. 4o. – É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”
(Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990.)

Com base nas ideias presentes nos textos acima, redija uma dissertação sobre o tema:
O trabalho infantil na realidade brasileira.
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua forma-
ção. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas, sem
ferir os direitos humanos.

Tema 10 2004
Leia com atenção os seguintes textos:

Caco Galhardo, 2001.


Os programas sensacionalistas do rádio e os programas policiais de final da tarde em televisão saciam curiosidades perversas
e até mórbidas tirando sua matéria-prima do drama de cidadãos humildes que aparecem nas delegacias como suspeitos de
pequenos crimes. Ali, são entrevistados por intimidação. As câmeras invadem barracos e cortiços, e gravam sem pedir licen-
ça a estupefação de famílias de baixíssima renda que não sabem direito o que se passa: um parente é suspeito de estupro,
ou o vizinho acaba de ser preso por tráfico, ou o primo morreu no massacre de fim de semana no bar da esquina. A polícia
chega atirando; a mídia chega filmando.
Eugênio Bucci. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Quem fiscaliza [a imprensa]? Trata-se de tema complexo porque remete para a questão da responsabilidade não só das em-
presas de comunicação como também dos jornalistas. Alguns países, como a Suécia e a Grã-Bretanha, vêm há anos tentando
resolver o problema da responsabilidade do jornalismo por meio de mecanismos que incentivam a autorregulação da mídia.
http://www.eticanatv.org.br. Acesso em 30/05/2004.

No Brasil, entre outras organizações, existe o Observatório da Imprensa – entidade civil, não governamental e não partidária –,
que pretende acompanhar o desempenho da mídia brasileira. Em sua página eletrônica, lê-se:
Os meios de comunicação de massa são majoritariamente produzidos por empresas privadas cujas decisões atendem
legitimamente aos desígnios de seus acionistas ou representantes. Mas o produto jornalístico é, inquestionavelmente, um
serviço público, com garantias e privilégios específicos previstos na Constituição Federal, o que pressupõe contrapartidas
em deveres e responsabilidades sociais.
http://www.observatorio.ultimosegundo.ig.com.br (adaptado). Acesso em 30/05/04.

Incisos do Artigo 5o da Constituição Federal de 1988:


IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.

Com base nas ideias presentes nos textos acima, redija uma dissertação em prosa sobre o seguinte tema:
Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua forma-
ção. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas.

396

118
Redação
PRODUÇÃO DE TEXTO

Tema 11 2003
Para desenvolver o tema da redação, observe o quadro e leia os textos apresentados a seguir:

PRODUÇÃO DE TEXTO
(Época, 02.06.03)

Entender a violência, entre outras coisas, como fruto de nossa horrenda desigualdade social, não nos leva a desculpar os cri-
minosos, mas poderia ajudar a decidir que tipo de investimentos o Estado deve fazer para enfrentar o problema: incrementar
violência por meio da repressão ou tomar medidas para sanear alguns problemas sociais gravíssimos?
(Maria Rita Kehl. Folha de S.Paulo)

Ao expor as pessoas a constantes ataques à sua integridade física e moral, a violência começa a gerar expectativas, a fornecer
padrões de respostas. Episódios truculentos e situações-limite passam a ser imaginados e repetidos com o fim de legitimar a ideia
de que só a força resolve conflitos. A violência torna-se um item obrigatório na visão de mundo que nos é transmitida. O problema,
então, é entender como chegamos a esse ponto. Penso que a questão crucial, no momento, não é a de saber o que deu origem
ao jogo da violência, mas a de saber como parar um jogo que a maioria, coagida ou não, começa a querer continuar jogando.
(Adaptado de Jurandir Costa. O medo social.)

Considerando a leitura do quadro e dos textos, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:

A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?

Tema 12 2002

Para que existam hoje os direitos políticos, o direito de votar e


ser votado, de escolher seus governantes e representantes, a
sociedade lutou muito.
www.iarabernardi.gov.br. 01/03/02.

A política foi inventada pelos humanos como o modo pelo qual


pudessem expressar suas diferenças e conflitos sem transformá-
-los em guerra total, em uso da força e extermínio recíproco. (…)
A política foi inventada como o modo pelo qual a sociedade,
internamente dividida, discute, delibera e decide em comum
para aprovar ou reiterar ações que dizem respeito a todos os
seus membros.
Marilena Chauí. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994.

A democracia é subversiva. … subversiva no sentido mais radical


da palavra.
Em relação à perspectiva política, a razão da preferência pela
democracia reside no fato de ser ela o principal remédio contra
o abuso do poder. Uma das formas (não a única) é o controle
pelo voto popular que o método democrático permite pôr em
prática. Vox populi vox dei.
Norberto Bobbio. Qual socialismo? Discussão de uma alternativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. Texto adaptado. Comício pelas Diretas Já, em São Paulo, 1984.

397

119
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES

Se você tem mais de 18 anos, vai ter de votar nas próximas eleições.
Se você tem 16 ou 17 anos, pode votar ou não. O mundo exige dos jovens que se arrisquem. Que alucinem. Que se metam
onde não são chamados. Que sejam encrenqueiros e barulhentos. Que, enfim, exijam o impossível.
Resta construir o mundo do amanhã. Parte desse trabalho é votar. Não só cumprir uma obrigação. Tem de votar com hor-
mônios, com ambição, com sangue fervendo nas veias. Para impor aos vitoriosos suas exigências – antes e principalmente
depois das eleições.
André Forastieri. Muito além do voto. Época. 6 de maio de 2002. Texto adaptado.

Considerando a foto e os textos apresentados, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema O direito de votar:
como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?
Ao desenvolver o tema, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Sele-
cione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões, e elabore propostas para defender seu ponto de vista.

Tema 13 2001

(Caulos, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,1978)

Conter a destruição das florestas se tornou uma prioridade mundial, e não apenas um problema brasileiro. (…) Restam
hoje, em todo o planeta, apenas 22% da cobertura florestal original. A Europa Ocidental perdeu 99,7% de suas florestas
primárias; a Ásia, 94%; a África, 92%; a Oceania, 78%; a América do Norte, 66%; e a América do Sul, 54%. Cerca de 45%
das florestas tropicais, que cobriam originalmente 14 milhões de km quadrados (1,4 bilhão de hectares), desapareceram nas
últimas décadas. No caso da Amazônia Brasileira, o desmatamento da região, que até 1970 era de apenas 1%, saltou para
quase 15% em 1999. Uma área do tamanho da França desmatada em apenas 30 anos. Chega.
Paulo Adário, Coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
http://greenpeace.terra.com.br

Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles
detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais
e 85% da produção de madeira mundial. (…)
Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da independência, a Índia perse-
guiria o estilo de vida britânico, teria respondido: “(…) a Grã-Bretanha precisou de metade dos
recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários
para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?”
A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento precisam mudar.
O planeta é um problema pessoal – Desenvolvimento sustentável.
www.wwf.org.br

398

120
Redação
PRODUÇÃO DE TEXTO

De uma coisa temos certeza: a terra não pertence ao homem branco; o homem branco é que pertence à terra. Disso
temos certeza. Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está associado.
O que fere a terra fere também os filhos da terra. O homem não tece a teia da vida; é antes um de seus fios. O que
quer que faça a essa teia, faz a si próprio.
Trecho de uma das várias versões de carta atribuída ao chefe Seattle, da tribo Suquamish. A carta teria sido endereçada ao
presidente norte-americano, Franklin Pierce, em 1854, a propósito de uma oferta de compra do território da tribo feita pelo
governo dos Estados Unidos.
PINSKY, Jaime e outros (Org.). História da América através de textos. 3a ed. São Paulo: Contexto, 1991.

Estou indignado com a frase do presidente dos Estados Unidos, George Bush.
“Somos os maiores poluidores do mundo, mas se for preciso poluiremos mais para evitar uma recessão na economia americana”.
R. K., Ourinhos, SP. (Carta enviada à seção Correio da Revista Galileu. Ano 10, junho de 2001).

Com base na leitura dos quadrinhos e dos textos, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: Desenvolvimen-
to e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?

PRODUÇÃO DE TEXTO
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua forma-
ção. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas
para a solução do problema discutido em seu texto. Suas propostas devem demonstrar respeito aos direitos humanos.

Tema 14 2000

(Angeli, Folha de S.Paulo, 14.05.2000)

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à
saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, crueldade e opressão”.
Artigo 227, Constituição da República Federativa do Brasil.

(…) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves com Rua José Teixeira, na Praia do Canto, área nobre de Vitória. A.J.,
13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar algum trocado vendendo balas para os motoristas. (…)
“Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de trabalhar aqui, mas não tem outro jeito. Quero ser mecânico”.
A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.

Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em essência, a
diferença entre o garoto que está dentro do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete
ou pedir esmola. E essa é a diferença entre um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo, Ática, 2000. 19a edição.

Com base na leitura da charge, do artigo da Constituição, do depoimento de A.J. e do trecho do livro O cidadão de papel,
redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do adolescente: como
enfrentar esse desafio nacional?

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
QUESTÕES PRODUÇÃO DE TEXTO

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua forma-
ção. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas
para a solução do problema discutido em seu texto.

Tema 15 1999
O encontro “Vem ser cidadão” reuniu 380 jovens de
13 Estados, em Faxinal do Céu (PR). Eles foram trocar
experiências sobre o chamado protagonismo juvenil.
O termo pode até parecer feio, mas essas duas pa-
lavras significam que o jovem não precisa de adulto
para encontrar o seu lugar e a sua forma de intervir na
sociedade. Ele pode ser protagonista.
([Adaptado de] ”Para quem se revolta e quer agir”,
Folha de S.Paulo, 16/11/1998)

Depoimentos de jovens participantes do encontro:


Eu não sinto vergonha de ser brasileiro. Eu sinto muito
orgulho. Mas eu sinto vergonha por existirem muitas
pessoas acomodadas. A realidade está nua e crua. (…)
Tem de parar com o comodismo. Não dá para passar e
ver uma criança na rua e achar que não é problema seu.
(E.M.O.S., 18 anos, Minas Gerais)

A maior dica é querer fazer. Se você é acomodado, fica


esperando cair no colo, não vai acontecer nada. Existe
muita coisa para fazer. Mas primeiro você precisa se (HENFIL. Fradim. Ed. Codecri, 1997, no 20.)
interessar. (C.S.Jr., 16 anos, Paraná)

Ser cidadão não é só conhecer os seus direitos. É participar, ser dinâmico na sua escola, no seu bairro. (H.A., 19 anos, Amazonas)
(Depoimentos extraídos de “Para quem se revolta e quer agir”, Folha de S.Paulo, 16/11/1998)

Com base na leitura dos quadrinhos e depoimentos, redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre o
tema: Cidadania e participação social.
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação. Depois de sele-
cionar, organizar e relacionar os argumentos, fatos e opiniões apresentados em defesa de seu ponto de vista, elabore uma
proposta de ação social.

Tema 16 1998

O Que É O Que É
(…)
Viver
e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei
que a vida devia ser bem melhor
e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita
(…)
Luiz Gonzaga Jr. (Gonzaguinha)

Redija um texto dissertativo, sobre o tema “Viver e Aprender”, no qual você exponha suas ideias de forma clara, coerente e
em conformidade com a norma culta da língua, sem se remeter a nenhuma expressão do texto motivador “O Que É O Que É”.
Dê um título à sua redação.

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Propostas de Redação
PROPOSTAS DE REDAÇÃO
PLANEJAMENTO URBANO E A INTEGRAÇÃO ENTRE DIFERENTES MEIOS DE TRANSPORTES
Planejamento urbano e a integração entre diferentes
meios de transporte

Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Planejamento urbano
e a integração entre diferentes meios de transportes”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

[…]
[…] No carro, a pessoa se sente em seu espaço privado, com mais conforto, se protege do ruído perturbador da rua, da poluição atmosférica,
da má adequação bioclimática dos espaços urbanos – a exemplo das ilhas de calor em São Paulo e das condições precárias das calçadas – e
ainda das outras pessoas, em face de uma ilusória sensação de proteção contra a violência. Mais carros nas ruas, e mais ruas para carros,
alimentam assim o círculo vicioso.
[…]
A ruptura do círculo vicioso é um dos desafios que se coloca. Nessa busca, consegue-se desenhar, de forma hipotética, um círculo virtuoso
de aumento gradativo das formas coletivas de mobilidade. Caso se conquistasse a redução significativa do número de automóveis particulares
em circulação, o que aconteceria com o transporte coletivo? Esta redução teria impacto sobretudo no sistema de transporte por ônibus […].
Possibilitaria o aumento da velocidade de circulação dos ônibus e, consequentemente, a redução do tempo de espera.

PROPOSTAS DE REDAÇÃO
[…]
ZANDONADE, Patricia; MORETTI, Ricardo. O padrão de mobilidade de São Paulo e o pressuposto de desigualdade. EURE, Santiago, v. 38, n. 113, jan. 2012.
Disponível em: <www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0250-71612012000100004&lng=en&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 21 jul. 2015.

Aplicativo Uber nem chegou em Curitiba, mas já querem proibir


Mesmo sem nem estar em funcionamento em Curitiba, o aplicativo Uber, que tem o objetivo de conectar passageiros a motoristas
particulares, já se tornou polêmica na capital paranaense. Taxistas se posicionaram contrários ao sistema, enquanto na Câmara Municipal foi
apresentado um projeto que pretende proibir a operação na cidade.
Em âmbito nacional, o assunto foi parar na Procuradoria Geral da República e os vereadores de São Paulo votaram pela proibição do
aplicativo. Além disso, o Uber também é alvo de polêmica em países da Europa, como França, Alemanha, Holanda e Espanha.
[…]
“São piratas perante a constituição, sem qualificação nenhuma”, critica o presidente do Sindicato dos Taxistas (Sinditaxi), Abimael
Mardegan. “O único que pode fazer o transporte individual regido por lei é o taxista, que tem número na porta, tem um cadastro. Se o
passageiro não quer segurança, chama o Uber”, continua. […]
Sobre as manifestações contrárias ao sistema, o Uber diz que “segue conversando com as autoridades pra criar uma regulação que
contemple a inovação e a economia compartilhada”. “O Uber defende que os usuários têm o direito de escolher o modo que desejam se
movimentar pela cidade”, afirmou a empresa […]
[…]
Sobre o maior questionamento a respeito do Uber, a segurança, a empresa explica que são checados antecedentes dos motoristas antes
da aprovação dos parceiros. […]
BELO, Carolina Gabardo. Aplicativo Uber nem chegou em Curitiba, mas já querem proibir. Paraná Online, Curitiba, 17 jul. 2015. Disponível em: <www.parana-online.com.br/
editoria/cidades/news/892959/?noticia=APLICATIVO+UBER+NEM+CHEGOU+EM+CURITIBA+MAS+JA+QUEREM+PROIBIR>. Acesso em: 21 jul. 2015.

Ciclovia da avenida Paulista é um marco para o País


[…]
“O cartão-postal de São Paulo agora será também o cartão-postal da bicicleta”. A frase do consultor em mobilidade Daniel Guth resume
a importância da inauguração dos 2,7 km de ciclovia na avenida Paulista, neste domingo. A oposição à ciclovia na Paulista – e às demais da
cidade – foi grande. […]

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PROPOSTAS DE REDAÇÃO

[…]
O consultor elenca uma série de benefícios para a vida das pessoas, como a união do prazer à atividade física e a economia gerada. “É um
jeito de economizar com transporte, e pode ser uma ferramenta de trabalho importante para vendedores e transportadores”.
Segundo o IBGE, cerca de 1/3 dos que se utilizam da bicicleta como meio de transporte no Brasil tem renda familiar de até 600 reais e
outros 40%, de até 1.200 reais.
[…]
As mudanças em São Paulo não estão isoladas do resto do mundo. O incentivo ao uso de bicicletas é uma iniciativa pública de diversas
cidades estrangeiras, como Nova York. […]
Outra cidade que expandiu seu sistema cicloviário recentemente foi Bogotá. A capital da Colômbia tem 392 km de ciclovias e 232 deles
foram construídos entre 1998 e 2000 […]
CHIAVEGATTI, Ana; MATUOKA, Ingrid. Ciclovia da avenida Paulista é um marco para o País. Carta Capital, São Paulo, 28 jun. 2015. Disponível em: <www.cartacapital.com.br/
sociedade/ciclovia-da-avenida-paulista-e-um-marco-para-o-pais-3155.html>. Acesso em: 21 jul. 2015.

Instruções:
• O texto deve ser escrito à tinta e em até 30 linhas.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado
para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”;
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
• apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos;
• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

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PLANEJAMENTO URBANO E A INTEGRAÇÃO ENTRE DIFERENTES MEIOS DE TRANSPORTES

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PLANEJAMENTO URBANO E A INTEGRAÇÃO ENTRE DIFERENTES MEIOS DE TRANSPORTES

PROPOSTAS DE REDAÇÃO

Grade sugestiva de correção

Nota
Critério/Competência Observar
(de 0 a 200)
1. Demonstrar domínio da moda- Desvios ortográficos (o que inclui adequação à Nova Ortografia da
lidade escrita formal da Língua Língua Portuguesa), adequações gramaticais e repertório lexical
Portuguesa. variado e adequado ao tema.
2. Compreender a proposta de Adequação ao tema proposto e à estrutura do texto dissertativo-
redação e aplicar conceitos das -argumentativo. Presença de recorte temático significativo que
várias áreas de conhecimento contemple aspectos do planejamento urbano e da integração
para desenvolver o tema, den- entre diferentes meios de transportes nas grandes cidades
tro dos limites estruturais do brasileiras. Obs.: Redações que tangenciem o tema – argumentar
texto dissertativo-argumenta- apenas com base na disputa jurídica em torno do uso do
tivo em prosa. serviço da empresa Uber, por exemplo – devem ter desconto
na pontuação, mesmo que apresentem estrutura adequada do
texto dissertativo-argumentativo.
3. Selecionar, relacionar, organi- Uso de argumentos válidos, que defendam um ponto de vista, e
zar e interpretar informações, organizados de forma coerente, resultando no desenvolvimento
fatos, opiniões e argumentos claro de ideias ao longo do texto.
em defesa de um ponto de vista.
4. Demonstrar conhecimento dos Ênfase ao uso adequado dos instrumentos coesivos ao longo da
mecanismos linguísticos ne- construção da argumentação. Encadeamento de ideias de forma
cessários para a construção da coerente evitando redundâncias, contradições, discursos vazios,
argumentação. paráfrases e textos prolixos. Texto com introdução, desenvolvi-
mento e conclusão.
5. Elaborar proposta de inter- Posicionamento crítico e sugestão de soluções para as questões
venção para o problema abor- propostas sem violação de leis ou desrespeito de qualquer natu-
dado, respeitando os direitos reza aos direitos humanos.
humanos.

Diretor editorial Gerente de produção editorial Revisoras


Lauri Cericato Mariana Braga de Milani Juliana C. Folli Simões
Gerente editorial Simone Keiko Shimabukuro
Coordenadora de produção editorial
Sandra Carla Ferreira de Castro
Luzia Estevão Garcia Coordenadora de arte
Autora Daniela Máximo
Carina Marcondes Ferreira Pedro Coordenadora de preparação e revisão
Supervisora de arte
Editor Lilian Semenichin Nogueira
Flávia Yamamoto Boni
Júlio César D. da Silva Preparação e revisão
Editora assistente Editora de arte
Líder
Michele Tessaroto Natália L. B. Ferrari
Adriana Soares de Souza
Assistentes editoriais
Juliana Oliveira Preparadora
Simone Saty Sampe Solange de Araújo Gonçalves

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O FUTURO DO ESPORTE BRASILEIRO

O futuro do esporte brasileiro

Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “O futuro do
esporte brasileiro”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Prefeitura do Rio garante que Jogos não deixarão ‘elefantes brancos’


Secretário de Governo diz que parte das arenas dará origem a escolas. […]
[…]
“Essa vai ser a Olimpíada do legado. Fizemos uma série de planos para não deixar elefantes brancos pela cidade”, disse Pedro Paulo, que
garante que as parcerias com iniciativa privada vão evitar que a cidade fique com equipamentos fechados ou com espaços sem utilização,
como ocorreu no Jogos Pan-Americanos de 2007.
Segundo o secretário, a ideia é seguir os exemplos de Munique em 1972, Sydney em 2000 e Londres em 2012, cidades que encontraram
utilização para os equipamentos após os Jogos. […]
MENDONÇA, Alba Valéria. Prefeitura do Rio garante que Jogos não deixarão ‘elefantes brancos’. G1, Rio de Janeiro, 29 jul. 2015. Disponível em:
<http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2015/07/prefeitura-do-rio-garante-que-jogos-nao-deixarao-elefantes-brancos.html>. Acesso em: 1o set. 2015.

PROPOSTAS DE REDAÇÃO
A CBF tem que acabar
[…] a CBF faturou R$ 478 milhões com o time nacional em 2013. Só o patrocínio da camisa de treinos do time trouxe R$ 120 milhões.
A Alemanha, segunda colocada nesse ranking, só levantou R$ 40 milhões com a dela. A Argentina, com Messi e tudo, R$ 10 milhões.
[…] A primeira medida de José Maria Marin à frente da entidade foi aumentar o próprio salário. Ele passou a ganhar R$ 160 mil por mês,
mais um chorinho de R$ 110 mil pelos seus serviços como chefe do COL (o Comitê Organizador Local da Copa). Salário de jogador, só que sem
o incômodo de jogar. Ou de trabalhar. De concreto mesmo, o que a CBF fez nos últimos anos foi reformar os três campos da Granja Comari para
a seleção treinar. Enquanto isso, a Deutscher Fussball Bund (DFB, a CBF da Alemanha) construiu mil campinhos para crianças e 307 centros
de treinamento, para reforçar a formação de jogadores. É o dinheiro da seleção alemã custeando o futuro do futebol alemão. E custou só
R$ 105 milhões – menos de um quarto do faturamento da CBF em um ano.
[…]
VERSIGNASSI, Alexandre; PAVARIN, Guilherme. A CBF tem que acabar. Superinteressante, ed. 336, ago. 2014.
Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/a-cbf-tem-que-acabar>. Acesso em: 1o set. 2015.

Atletas ganham espaço para criar plano nacional para o esporte brasileiro
Em 2006, atletas de diversas modalidades resolveram se juntar para propor mudanças para a gestão do esporte no país. Foi preciso quase
uma década para que eles finalmente fossem atendidos com a reativação da Comissão Nacional dos Atletas, que estava parada havia 16 anos.
[…]

Reivindicações
A grande prioridade dos atletas agora é conseguir aprovar um projeto de lei que criará o Sistema Nacional do Esporte.
“A lei do Sistema é um passo além do que a gente tem hoje, mas não resolve tudo, porque é preciso traduzir a lei em programas e ações.
Mas ela vai definir os agentes, quem é que faz esporte, pra quem e de que jeito”, explicou Ana Moser [ex-jogadora de vôlei e presidente da
Atletas pelo Brasil].

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PROPOSTAS DE REDAÇÃO

“Ela vai definir quem financia o quê também. Por exemplo, tem município que na época de Olimpíada tem bolsa-atleta pra esporte de alto
rendimento. É essa a prioridade do município? Qual é a responsabilidade dele? Essas questões serão esclarecidas com a legislação.”
[…]
MENDONÇA, Renata. Atletas ganham espaço para criar plano nacional para o esporte brasileiro. BBC Brasil, São Paulo, 11 maio 2015.
Disponível em: <www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/05/150504_atletas_voz_politica_rm>. Acesso em: 1o set. 2015.

Instruções:
• O texto deve ser escrito à tinta e em até 30 linhas.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado
para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”;
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
• apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos;
• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

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O FUTURO DO ESPORTE BRASILEIRO

Nome: Nota:

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O FUTURO DO ESPORTE BRASILEIRO

PROPOSTAS DE REDAÇÃO

Grade sugestiva de correção

Nota
Critério/Competência Observar
(de 0 a 200)
1. Demonstrar domínio da moda- Desvios ortográficos (o que inclui adequação à Nova Ortografia da
lidade escrita formal da Língua Língua Portuguesa), adequações gramaticais e repertório lexical
Portuguesa. variado e adequado ao tema.
2. Compreender a proposta de Adequação ao tema proposto e à estrutura do texto dissertativo-
redação e aplicar conceitos das -argumentativo. Presença de recorte temático significativo que
várias áreas de conhecimento contemple aspectos do futuro do esporte brasileiro. Obs.:
para desenvolver o tema, den- Redações que tangenciem o tema – tratar apenas de uma
tro dos limites estruturais do modalidade esportiva, por exemplo – devem ter desconto na
texto dissertativo-argumenta- pontuação, mesmo que apresentem estrutura adequada do
tivo em prosa. texto dissertativo-argumentativo.
3. Selecionar, relacionar, organi- Uso de argumentos válidos, que defendam um ponto de vista, e
zar e interpretar informações, organizados de forma coerente, resultando no desenvolvimento
fatos, opiniões e argumentos claro de ideias ao longo do texto.
em defesa de um ponto de vista.
4. Demonstrar conhecimento dos Ênfase ao uso adequado dos instrumentos coesivos ao longo da
mecanismos linguísticos ne- construção da argumentação. Encadeamento de ideias de forma
cessários para a construção da coerente evitando redundâncias, contradições, discursos vazios,
argumentação. paráfrases e textos prolixos. Texto com introdução, desenvolvi-
mento e conclusão.
5. Elaborar proposta de inter- Posicionamento crítico e sugestão de soluções para as questões
venção para o problema abor- propostas sem violação de leis ou desrespeito de qualquer natu-
dado, respeitando os direitos reza aos direitos humanos.
humanos.

Diretor editorial Gerente de produção editorial Revisoras


Lauri Cericato Mariana Milani Adriana Moreira Pedro
Gerente editorial Raura Monique Ikeda
Coordenadora de produção editorial
Sandra Carla Ferreira de Castro
Luzia Estevão Garcia Coordenadora de arte
Autor Daniela Máximo
Carlos Eduardo de Freitas Coordenadora de preparação e revisão
Supervisora de arte
Editor Lilian Semenichin Nogueira
Flávia Yamamoto Boni
Júlio César D. Silva Preparação e revisão
Editora assistente Editora de arte
Líder
Michele Tessaroto Natália L. B. Ferrari
Adriana Soares de Souza
Assistentes editoriais
Juliana Oliveira Preparadora
Simone Saty Sampe Solange de Araújo Gonçalves

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DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

Desafios da educação inclusiva no Brasil

Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Desafios da
Educação Inclusiva no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

92,7% dos estudantes com deficiência frequentam classes regulares na rede pública
Número de matrículas passou de 365 mil alunos em 2009 para 655 mil em 2014
A meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE) […] , sancionado no ano passado, é objetiva: o Brasil deve universalizar o acesso à Educação
Básica para a população entre 4 e 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação, nos
próximos 9 anos. A meta ainda estabelece que os alunos tenham direito a um atendimento educacional especializado na rede regular de
ensino, garantindo, assim, um sistema educacional mais inclusivo.
Segundo levantamento do movimento Todos Pela Educação, nos últimos cinco anos o País avançou na área […]
Maior responsável por este avanço, a rede pública de ensino detém atualmente 79,7% das matrículas […]
LARIEIRA, Leticia. 92,7% dos estudantes com deficiência frequentam classes regulares na rede pública. Todos pela Educação, 17 jun. 2015. Disponível em:
<www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/34061/927-dos-estudantes-com-deficiencia-frequentam-classes-regulares-na-rede-publica/>. Acesso em: 16 ago. 2015.

PROPOSTAS DE REDAÇÃO
Ensino inclusivo beneficia estudantes com e sem deficiência
[…] na legislação brasileira, quem se negar ou fizer cessar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau,
público ou privado, devido à deficiência do estudante está sujeito a punição. O crime é punível com reclusão de 1 a 4 anos.
No entanto, não foi fácil para Mara Bueno, de Cambuí, Minas Gerais, encontrar uma escola que aceitasse o filho Matheus, diagnosticado
aos 4 anos com a síndrome de Asperger, doença relacionada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). As principais características da síndrome
são dificuldade de sociabilização, atos motores repetitivos e interesses circunscritos intensos que ocupam totalmente o foco da atenção […]
[…] “A maioria das escolas particulares não está preparada para atender portadores de quaisquer deficiências. Elas visam o lucro e não
a verdadeira educação”, afirma.
Hoje, com 5 anos, o menino estuda em uma escola da rede pública, com professor de apoio e psicopedagoga custeados pelo governo.
Segundo Mara, ele tem um bom desempenho e já fez amigos. “A rede pública nos oferece o que não encontramos na rede particular”,
conta. Para a mãe do menino, a inclusão deve existir para que, no futuro, não se discrimine quem tem algum tipo de deficiência. “Inclusão é
conhecimento, paciência e amor, muito amor”, diz.
[…]
LIMA, Marcela. Ensino inclusivo beneficia estudantes com e sem deficiência. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 13 dez. 2014. Disponível em:
<http://vida-estilo.estadao.com.br/noticias/comportamento,ensino-inclusivo-beneficia-estudantes-com-e-sem-deficiencia,1606342>. Acesso em: 16 ago. 2015.

Escolas privadas vão ao STF contra obrigação de ter alunos com deficiência
[…]
Para as escolas particulares, o gasto para manter a estrutura (equipamentos, recursos didáticos, médicos, psicólogos, professores
especializados etc.) “tem custo altíssimo, imprevisível e inimaginável, impossível de ser suportado pela grande maioria das famílias ou de
ser rateados por todos os alunos através das anuidades escolares que pagam os matriculados em escolas particulares”. Com isso, os altos
custos poderão resultar na perda em massa de alunos, demissão de professores e até fechamento de escolas particulares, diz a [Confederação
Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen)].
[…]
Escolas privadas vão ao STF contra obrigação de ter alunos com deficiência. UOL Educação, São Paulo, 14 ago. 2014. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/
noticias/2015/08/14/escolas-privadas-vao-ao-stf-contra-obrigacao-de-ter-alunos-com-deficiencia.htm>. Acesso em: 16 ago. 2015.

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PROPOSTAS DE REDAÇÃO

Escolas especiais tentam manter alunos e criticam “inclusão radical”


[…]
Segundo a presidente da Federação das Apaes [Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais], Aracy Maria da Silva Ledo, o texto do
PNE foi modificado no Senado no item que trata da inclusão de pessoas com deficiência. A meta quatro dizia que é preciso universalizar, para
a população entre 4 e 17 anos com deficiência, o acesso à educação, preferencialmente, na escola regular. No entanto, o novo texto retirou a
palavra “preferencialmente”, o que, para Aracy, pode acabar com as Apaes.
“Vamos pressionar os parlamentares pela mudança neste texto. Queremos que se mantenha o direito da família escolher se a criança vai
para a escola regular ou para a especial. Uma não pode excluir a outra”. […]
Aracy defende ainda que muitas crianças com deficiência intelectual não têm condições de acompanhar o aprendizado nas escolas
regulares e que precisam do atendimento especial nas Apaes. “Temos fisioterapeuta, fonoaudiólogo, profissionais treinados para acompanhar
essas crianças, estrutura que a escola pública não oferece”, afirma, ao ressaltar que boa parte dos professores não está preparada para
atender alunos com necessidades especiais.
[…]
CHAGAS, Angela. Escolas especiais tentam manter alunos e criticam “inclusão radical”. Terra, São Paulo, 4 dez. 2013. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/educacao/
escolas-especiais-tentam-manter-alunos-e-criticam-inclusao-radical,ff00ddb091e70410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html>. Acesso em: 16 ago. 2015.

Instruções:
• O texto deve ser escrito à tinta e em até 30 linhas.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado
para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”;
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
• apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos;
• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

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DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

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DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

PROPOSTAS DE REDAÇÃO

Grade sugestiva de correção

Nota
Critério/Competência Observar
(de 0 a 200)
1. Demonstrar domínio da moda- Desvios ortográficos (o que inclui adequação à Nova Ortografia da
lidade escrita formal da Língua Língua Portuguesa), adequações gramaticais e repertório lexical
Portuguesa. variado e adequado ao tema.
2. Compreender a proposta de Adequação ao tema proposto e à estrutura do texto dissertativo-
redação e aplicar conceitos das -argumentativo. Presença de recorte temático significativo que
várias áreas de conhecimento contemple aspectos dos desafios da Educação Inclusiva no
para desenvolver o tema, den- Brasil. Obs.: Redações que tangenciem o tema – desconsiderar
tro dos limites estruturais do a necessidade de integrar à sociedade pessoas com deficiência,
texto dissertativo-argumenta- com transtornos globais do desenvolvimento e com altas
tivo em prosa. habilidades/superdotação, por exemplo – devem ter desconto
na pontuação, mesmo que apresentem estrutura adequada do
texto dissertativo-argumentativo.
3. Selecionar, relacionar, organi- Uso de argumentos válidos, que defendam um ponto de vista, e
zar e interpretar informações, organizados de forma coerente, resultando no desenvolvimento
fatos, opiniões e argumentos claro de ideias ao longo do texto.
em defesa de um ponto de vista.
4. Demonstrar conhecimento dos Ênfase ao uso adequado dos instrumentos coesivos ao longo da
mecanismos linguísticos ne- construção da argumentação. Encadeamento de ideias de forma
cessários para a construção da coerente evitando redundâncias, contradições, discursos vazios,
argumentação. paráfrases e textos prolixos. Texto com introdução, desenvolvi-
mento e conclusão.
5. Elaborar proposta de inter- Posicionamento crítico e sugestão de soluções para as questões
venção para o problema abor- propostas sem violação de leis ou desrespeito de qualquer natu-
dado, respeitando os direitos reza aos direitos humanos.
humanos.

Diretor editorial Gerente de produção editorial Revisoras


Lauri Cericato Mariana Milani Grace Mosquera Clemente
Gerente editorial Isaura Kimie Imai Rozner
Coordenadora de produção editorial
Sandra Carla Ferreira de Castro
Luzia Estevão Garcia Coordenadora de arte
Autora Daniela Máximo
Carina Marcondes Ferreira Pedro Coordenadora de preparação e revisão
Supervisora de arte
Editor Lilian Semenichin Nogueira
Flávia Yamamoto Boni
Júlio César D. da Silva Preparação e revisão
Editora assistente Editora de arte
Líder
Michele Tessaroto Natália L. B. Ferrari
Adriana Soares de Souza
Assistentes editoriais
Juliana Oliveira Preparadora
Simone Saty Sampe Solange de Araújo Gonçalves

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A DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS E OS CONFLITOS AGRÁRIOS NO BRASIL
A distribuição de terras e
os conflitos agrários no Brasil

Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “A distribuição de
terras e os conflitos agrários no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

[…] Com o fim do tráfico negreiro, em 1850, e com a promulgação da Lei de Terras, neste mesmo ano, os ex-escravos e os imigrantes
carentes, sem recursos financeiros, ficaram sem terra para trabalhar e viver, formando o embrião do que hoje se denomina “família sem-
-terra”. Assim, pode-se afirmar que chegamos ao século XXI sem resolver um problema iniciado no século XIX, pois até hoje observamos a má
distribuição da terra e o grande problema social que isto acarreta.
A luta pela terra é antiga. Atualmente, muitos movimentos sociais (trabalhadores rurais, indígenas, quilombolas) lutam pelo acesso e
permanência na terra. […]
REIS, Cristiane de Souza. A função social da propriedade rural e o acesso à terra como respeito à dignidade da pessoa humana. In: Âmbito Jurídico,
Rio Grande, XI, n. 53, maio 2008. Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2912>. Acesso em: 17 set. 2015.

Tentativas de assassinato em conflitos no campo crescem 273%


Dados da Comissão Pastoral da Terra mostram que também houve aumento de assassinatos e despejos em todo o País

PROPOSTAS DE REDAÇÃO
Quando foram compilados os dados de 2014 sobre conflitos de campo no Brasil, os coordenadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) se
depararam com um número curioso e ainda sem explicação. Pela primeira vez após três décadas de produção de relatórios sobre violência, a
CPT percebeu uma explosão de tentativas de assassinatos praticadas por empresários, pistoleiros e proprietários de terras contra indígenas,
posseiros, sem terra, quilombolas e seringueiros.
[…]
Para o coordenador do CPT, Ruben Siqueira, a falta de ações do governo, aliada à crise atual e ao aumento do assédio das empresas a essas
populações, levará a um grande aumento de conflitos de campo pela reforma agrária em 2015. Ele cita o crescimento de 92% no número de
famílias despejadas por ordem judicial no ano passado – um total de 12.188 no País – como ilustrativo de que o Estado acaba sendo cúmplice
de toda a violência que assola o interior brasileiro.
“É o modelo econômico do Brasil que causa isso. Por um lado, temos o Estado que incentiva e facilita novos empreendimentos [hidrelétricas,
mineradoras] em lugares com conflitos. Este é um processo que acontece em todos os Estados. Por outro, temos o Estado que não pune os
crimes, que não investiga”, diz Siqueira. “É uma situação que só favorece a multiplicação da violência.”
[…]
SHALOM, David. Tentativas de assassinato em conflitos no campo crescem 273%. iG, Último segundo, São Paulo, 9 maio 2015. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/
brasil/2015-05-09/tentativas-de-assassinato-em-conflitos-no-campo-crescem-273.html>. Acesso em: 17 set. 2015.

Concentração de terra cresce e latifúndios equivalem a quase três estados de Sergipe


[…] Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) revelam que, entre 2010 e 2014, seis milhões de hectares
passaram para as mãos dos grandes proprietários – quase três vezes o estado de Sergipe. Segundo o Sistema Nacional de Cadastro Rural, as
grandes propriedades privadas saltaram de 238 milhões para 244 milhões de hectares.
[…]
Há 130 mil grandes imóveis rurais, que concentram 47,23% de toda a área cadastrada no Incra. Para se ter uma ideia do que esse número
representa, os 3,75 milhões de minifúndios (propriedades mínimas de terra) equivalem, somados, a quase um quinto disso: 10,2% da área
total registrada. […]
FARAH, Tatiana. Concentração de terra cresce e latifúndios equivalem a quase três estados de Sergipe. O Globo, São Paulo, 9 jan. 2015. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/
brasil/concentracao-de-terra-cresce-latifundios-equivalem-quase-tres-estados-de-sergipe-15004053>. Acesso em: 17 set. 2015.

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PROPOSTAS DE REDAÇÃO

Instruções:
• O texto deve ser escrito à tinta e em até 30 linhas.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado
para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”;
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
• apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos;
• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

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A DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS E OS CONFLITOS AGRÁRIOS NO BRASIL

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Grade sugestiva de correção

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Critério/Competência Observar
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1. Demonstrar domínio da moda- Desvios ortográficos (o que inclui adequação à Nova Ortografia da
lidade escrita formal da Língua Língua Portuguesa), adequações gramaticais e repertório lexical
Portuguesa. variado e adequado ao tema.
2. Compreender a proposta de Adequação ao tema proposto e à estrutura do texto dissertativo-
redação e aplicar conceitos das -argumentativo. Presença de recorte temático significativo que
várias áreas de conhecimento contemple aspectos da discussão sobre a distribuição de terras e
para desenvolver o tema, den- os conflitos agrários no Brasil. Obs.: Redações que tangenciem
tro dos limites estruturais do o tema – tratar apenas dos conflitos, por exemplo – devem
texto dissertativo-argumenta- ter desconto na pontuação, mesmo que apresentem estrutura
tivo em prosa. adequada do texto dissertativo-argumentativo.
3. Selecionar, relacionar, organi- Uso de argumentos válidos, que defendam um ponto de vista, e
zar e interpretar informações, organizados de forma coerente, resultando no desenvolvimento
fatos, opiniões e argumentos claro de ideias ao longo do texto.
em defesa de um ponto de vista.
4. Demonstrar conhecimento dos Ênfase ao uso adequado dos instrumentos coesivos ao longo da
mecanismos linguísticos ne- construção da argumentação. Encadeamento de ideias de forma
cessários para a construção da coerente evitando redundâncias, contradições, discursos vazios,
argumentação. paráfrases e textos prolixos. Texto com introdução, desenvolvi-
mento e conclusão.
5. Elaborar proposta de inter- Posicionamento crítico e sugestão de soluções para as questões
venção para o problema abor- propostas sem violação de leis ou desrespeito de qualquer natu-
dado, respeitando os direitos reza aos direitos humanos.
humanos.

Diretor editorial Gerente de produção editorial Revisoras


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Líder
Michele Tessaroto Natália L. B. Ferrari
Adriana Soares de Souza
Assistentes editoriais
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