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Matriz do teste de avaliação escrita 10

Manuel Alegre e Fernando Pessoa, Mensagem

Domínios – Educação Literária │ Leitura │ Gramática │ Escrita


Descritores (AE) Conteúdos Estrutura Itens – cotação
Educação Literária / Leitura
Interpretar obras literárias Parte A A
portuguesas. A – Texto de leitura
2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores culturais, literária: poema de
restrita 2. 16 pontos
éticos e estéticos Manuel Alegre
1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de recursos
expressivos para a construção
do sentido do texto. Parte B B
B – Texto de leitura Grupo I 2 itens de resposta 4. 16 pontos
Leitura literária: poema de
restrita 5. 16 pontos
Interpretar o texto, com Mensagem
1 item de seleção 6. 10 pontos
especificação do sentido
global e da intencionalidade
comunicativa. C – Exposição Parte C
sobre um tema 1 item de resposta C
Escrita dos poetas restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição sobre contemporâneos de uma exposição
um tema.
Total – 100 pontos
Leitura 1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla 3. 8 pontos
complexidade. 4. 8 pontos
Gramática Grupo II
Distinguir frases com 1 item de escolha
Aspeto 5. 8 pontos
diferentes valores aspetuais. múltipla
Funções sintáticas 6. 8 pontos
Identificar a função sintática 2 itens de resposta
Subordinação 7. 8 pontos
de constituintes da frase. restrita
Classificar orações.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever apreciações
críticas, respeitando as
1 item de resposta
marcas de género.
Apreciação crítica Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos

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288 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano
Teste de avaliação escrita 10
Manuel Alegre e Fernando Pessoa, Mensagem

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Grupo I
PARTE A

Lê o poema.

Uma flor de verde pinho


Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de Pedro por Inês.

5 Mas não há forma não há verso não há leito


para este fogo amor para este rio.
Como dizer um coração fora do peito?
Meu amor transbordou. E eu sem navio.

Gostar de ti é um poema que não digo


10 que não há taça amor para este vinho
não há guitarras nem cantar d'amigo
não há flor não há flor de verde pinho.

Não há barco nem trigo não há trevo


não há palavras para dizer esta canção.
15 Gostar de ti é um poema que não escrevo.
Que há um rio sem leito. E eu sem coração.

Manuel Alegre, Poesia, 1960-90, Lisboa,


Dom Quixote, 2009, pp. 276-277.

1. Identifica o destinatário deste poema e infere os sentimentos que o eu manifesta por esse tu.

2. Explicita a expressividade da repetição do segmento «não há» ao longo do poema.

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.


No poema, a musicalidade é conseguida através de diferentes recursos, como a repetição e as
frases sem vírgulas. Além disso, para concretizar de modo mais evidente a sua mensagem,

A. o eu utiliza diversas classes de palavras no seu sentido conotativo.


B. o sujeito poético utilizou apenas nomes no seu valor denotativo.
C. o eu utiliza diversas classes de palavras no seu valor denotativo.
D. o sujeito poético utilizou apenas nomes no seu sentido conotativo.

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PARTE B
Lê o poema e as notas.
Horizonte
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração1,
As tormentas passadas e o mistério,
5 Abria em flor o Longe, e o Sul sidério2
Splendia3 sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa –


Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
10 Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha.

O sonho é ver as formas invisíveis


Da distância imprecisa, e, com sensíveis
15 Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando Pessoa, Poemas publicados em vida – II, Mensagem,
edição de Luiz Fagundes Duarte, Lisboa, INCM, 2020, p. 56.

1
Cerração: escuridão; trevas.
2
Sidério: sideral.
3
Splendia: sobressaía.

4. Relaciona a apóstrofe do verso 1 com o conteúdo da primeira estrofe.

5. Relê a segunda estrofe.


Explica de que modo se evidencia a aproximação da «nau» à «costa».

6. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.


Na última estrofe, há uma clara valorização do sonho, ou seja, este é ver o invisível, evidente
no recurso _____________. Por outro lado, o uso da forma verbal é no presente do indicativo
confere ao sonho _____________.
A. ao paradoxo … um sentido intemporal e universal
B. à antítese … um valor datado e nacional
C. ao paradoxo … um valor datado e nacional
D. à antítese … um sentido intemporal e universal

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PARTE C

7. Os autores contemporâneos usaram a sua pena para refletir sobre o papel do poeta.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua
experiência de leitura da poesia de Miguel Torga e de Eugénio de Andrade.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem o modo como o
tema das figurações do poeta se concretiza na poesia de Miguel Torga e na de Eugéno
de Andrade;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Grupo II
Lê o texto.

Carta de Hugo van der Ding a Quino


Senhor Quino,
Se me permite, vou tratá-lo por tu. Espero que não te importes. Bom, se te importares, ago-
ra é tarde, porque estou a escrever-te esta carta no dia em que morreste, o que é um bocadinho
triste, não só por teres morrido, claro, mas porque gostava de te ter escrito esta carta há muitos
5 anos. Desculparás se o meu tom te parecer um pouco infantil, mas estar a escrever-te leva-me
atrás no tempo. Ao tempo em que eu ainda era criança e tinha de ir passar os fins de semana a
casa do meu pai, o que era quase sempre uma chatice, porque o meu pai não tinha muito jeito
para crianças.
Quando fiz sete anos, deu-me para ler um livro chamado Nome de guerra, de um senhor
10 chamado Almada Negreiros, que é um escritor modernista português, e ficou um bocado ir-
ritado porque eu não percebi grande coisa. Depois, tentou um livro com bonecos, mais para
a minha idade. Chamava-se Histoire de la peinture européenne. O livro era bonito, e os bone-
cos, de facto, muito interessantes. Mas foi pior a emenda que o soneto (que é uma expressão
portuguesa que quer dizer que mais valia ter estado quieto). O meu pai, que é pintor, ficou
15 ainda mais pior que estragado (quer dizer zangado) que eu, já com sete anos de vida e dois de
escolaridade, não soubesse distinguir o traço de Matisse do traço de Modigliani, depois de ter
mostrado um quadro de cada um. Ou que eu não soubesse que o Manet e o Monet não eram
a mesma pessoa. «Mas o que é que vocês aprendem na escola, afinal?», perguntou-me, com um
certo desdém que, anos depois, não deixo de reconhecer em mim próprio. «Aprendemos a ler,
20 a escrever, a fazer contas», respondi-lhe. «Está bem, mas isso é na primeira classe, não é?».
Até que, certo dia, o meu pai teve a boa ideia de ir à estante livros buscar um calhamaço
encarnado, que atirou para cima da mesa. «Isto é a coisa mais divertida que vais ler», vaticinou.
Foi nesse dia que entraste na minha vida, Quino. O livro, claro, era Toda a Mafalda. E des-
cobrimos finalmente uma coisa que éramos capazes – eu que o achava um bocado estranho e
25 ele que me achava vagamente atrasado mental – de fazer juntos sem nos aborrecermos.
Durante muitos meses, era esse o nosso programa, quando se acabava a conversa de circuns-
tância. Depois de lhe contar a minha semana, que incluía uma queda de bicicleta ou mais um
animal de estimação que a minha mãe me tinha deixado levar para casa – e de lhe explicar que
não, que na escola primária não tínhamos exames nem havia disciplinas opcionais, pelo que
30 não podia escolher Noções Básicas de História de Arte –, sentávamo-nos à mesa a ler as tiras
da Mafalda do princípio ao fim, à vez. «Agora sou eu!», dizia-lhe, cheio de vontade de ler, e
com o mesmo entusiasmo infantil com que dizia ele quando chegava a sua vez. E ríamos muito,
com umas gargalhadas muito escandalosas, que ainda tenho, e ele também. Quando achávamos
mesmo muita graça, líamos outra vez. E outra vez. E fazíamos vozes.
35 E tantas vezes repetimos aquele momento só nosso, nessa intimidade possível entre um filho
que era uma criança e um pai que não tinha muito jeito para crianças, que te posso dizer, sem
exagerar, que sei as tiras todas do teu livro de cor.
Só falta então explicar porque é que te estou a escrever. Queria agradecer-te do fundo do
coração por teres escrito a Mafaldinha. Por teres tanta graça. Por a tua graça ter sido o diapasão
40 por que medi tantas vezes a graça dos outros. Por teres sido parte da cola que me ligou a pessoas
tão importantes na minha.
O meu pai e eu não nos falamos muito. Hoje, o Nome de guerra é um dos meus livros
preferidos. Tenho uns quadros (falsos, claro) do Matisse e do Modigliani na parede em frente
à secretária de onde te estou a escrever, não adoro particularmente o Manet nem o Monet.

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45 Mas o meu pai vê as minhas tiras e ri-se.
«Às vezes, faz lembrar a Mafalda, só que mal desenhado», já me disse.
Obrigado, Quino.

Até sempre,
Hugo van der Ding
Hugo van der Ding, in Observador (texto adaptado, com supressões,
consultado em https://observador.pt, em dezembro de 2022).

1. As primeiras memórias que Hugo van der Ding tem do livro Toda a Mafalda
A. contrastam com a relação conflituosa que tinha com o pai durante a infância.
B. advêm da tentativa paterna para que ele pudesse ter acesso a algo engraçado.
C. revelam a cumplicidade que gostaria de ter criado, ao longo da vida, com o pai.
D. mostram que o pai era alguém que queria desenvolver o seu sentido de humor.

2. A leitura conjunta do livro de Quino potenciou


A. a ligação afetiva que van der Ding desejava ter com o pai.
B. a descoberta de um mundo que o pai não lhe queria mostrar.
C. a cumplicidade que pai e filho até então não possuíam.
D. o acompanhamento escolar que o pai passou a dar a Hugo.

3. No sétimo parágrafo (linhas 38 a 41), para se referir à importância de Quino na sua vida, o autor
recorre à
A. metáfora e à repetição.
B. anáfora e à personificação.
C. metonímia e à repetição.
D. metáfora e à personificação.

4. No contexto em que ocorre, o vocábulo «diapasão» (linha 39) pode ser substituído por
A. registo.
B. referência.
C. ritmo.
D. alcance.

5. No quinto parágrafo (linhas 26 a 34), predominam formas verbais com o valor aspetual
A. perfetivo.
B. genérico.
C. iterativo.
D. imperfetivo.

6. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões:


a) «de ter mostrado um quadro de cada um» (linhas 16-17);
b) «de circunstância» (linhas 26-27).

7. Classifica a oração «só que mal desenhado» (linha 46).


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Grupo III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, faz a apreciação crítica do quadro abaixo apresentado, da autoria de José Malhoa.

José Malhoa, Praia das Maçãs, c. 1926.

O teu texto deve incluir:

• a descrição do objeto apresentado, destacando elementos significativos da composição da


imagem;
• um comentário crítico, fundamentando a tua apreciação em, pelo menos, três aspetos
relevantes e utilizando um discurso valorativo;
• uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

FIM

Grupo Item/Cotação (em pontos)

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 100
16 16 10 16 16 10 16

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8

III Item único 44

Total 200

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