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Matriz do teste de avaliação escrita 6

Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», e Fernando Pessoa,


Mensagem

Domínios – Educação Literária │ Leitura │ Gramática │ Escrita


Descritores (AE) Conteúdos Estrutura Itens – cotação
Educação Literária / Leitura
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores culturais, de «Sempre é uma restrita 2. 10 pontos
éticos e estéticos companhia» 1 item de seleção 3. 16 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de recursos
expressivos para a construção
do sentido do texto. Parte B B
B – Texto de leitura Grupo I 2 itens de resposta 4. 16 pontos
Leitura literária: poema de
restrita 5. 16 pontos
Interpretar o texto, com Mensagem
1 item de seleção 6. 10 pontos
especificação do sentido
global e da intencionalidade
comunicativa. C – Exposição Parte C
sobre um tema de 1 item de resposta C
Escrita «Sempre é uma restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição sobre companhia» de uma exposição
um tema.
Total – 100 pontos
Leitura
1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 3 itens de escolha
2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla
3. 8 pontos
complexidade.
Gramática
Classificar orações.
Usar de modo intencional
diferentes valores modais Grupo II
Subordinação 2 itens de escolha 4. 8 pontos
atendendo à situação
Modalidade múltipla 5. 8 pontos
comunicativa (epistémicos,
Funções sintáticas 2 itens de resposta 6. 8 pontos
deônticos e apreciativos).
Coesão textual curta 7. 8 pontos
Identificar a função sintática
de constituintes da frase.
Analisar processos de
coesão textual.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos

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Teste de avaliação escrita 6
Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», e Fernando Pessoa,
Mensagem

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Grupo I
PARTE A

Lê o texto e a nota.

António Barrasquinho, o Batola, é um tipo bem achado. Não faz nada, levanta-se quando
calha, e ainda vem dormindo lá dos fundos da casa.
É a mulher quem abre a venda e avia aquela meia dúzia de fregueses de todas as manhãzi-
nhas. Feito isto, volta à lida da casa. Muito alta, grave, um rosto ossudo e um sossego de ma-
5 neiras que se vê logo que é ela quem ali põe e dispõe.
Pois quando entra para os fundos da casa, vem saindo o Batola com a cara redonda amarfa-
nhada num bocejo. Que pessoas tão diferentes! Ele quase lhe não chega ao ombro, atarracado,
as pernas arqueadas. De chapeirão1 caído para a nuca, lenço vermelho amarrado ao pescoço,
vem tropeçando nos caixotes até que lá consegue encostar-se ao umbral da porta. Fica assim
10 um pedaço, a oscilar o corpo, enquanto vai passando as mãos pela cara, como que para afastar
os restos do sono. Os olhos, semicerrados, abrem-se-lhe um pouco mais para os campos. Mas
fecha-os logo, diante daquela monotonia desolada.
Dá meia volta, enche a medida com o melhor vinho que há na venda, coloca-a sobre o
balcão. Ao lado, um copo. Puxa o caixote, senta-se e começa a beber a pequenos goles. De
15 quando em quando, cospe por cima do balcão para a terra negra que faz de pavimento. Enterra
o queixo nas mãos grossas e, de cotovelo vincado na tábua, para ali fica com um olhar mortiço.
Às vezes, um rapazito entra na venda:
– Tio Batola, cinco tostões de café.
O chapeirão redondo volta-se, vagaroso:
20 – Hã?...
– Cinco tostões de café!
Batola demora os olhos na portinha que dá para os fundos da casa. Mas é inútil esperar mais.
«Ah, se a mulher não vem aviar o rapazito é porque não quer, pois está a ouvir muito bem o que
se passa ali na loja!» Quando se assegura que é esta e não outra a verdade dos factos, Batola tem
25 de levantar-se. Espreguiça-se, boceja, e arrasta-se até à caixa de lata enferrujada. Mede o café a
olho, um olho cheio de tédio, caído sobre o canudinho de papel.
Volta a encher o copo, atira-se para cima do caixote. E, no jeito que lhe fica depois de vazar
vinho goela abaixo, num movimento brusco, e de ter cuspido com uns longes de raiva, parece
que acaba de se vingar de alguém.
30 Tais momentos de ira são pedaços de revolta passiva contra a mulher. É uma longa luta, esta.
A raiva do Batola demora muito, cresce com o tempo, dura anos. Ela, silenciosa e distante,
como se em nada reparasse, vai-lhe trocando as voltas. Desfaz compras, encomendas, negócios.
Tudo vem a fazer-se como ela entende que deve ser feito. E assim tem governado a casa.

Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O fogo e as cinzas,


23.a edição, Lisboa, Caminho, pp. 149-151.

1
Chapeirão: chapéu grande de abas.

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1. Explicita dois aspetos da caracterização de Batola e da sua mulher que levam o narrador a
exclamar, na linha 7, «Que pessoas tão diferentes!».

2. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.


Uma evidência da conceção psicológica do espaço está presente no recurso à expressão

A. «diante daquela monotonia desolada» (linha 12), que revela o distanciamento entre o
que Batola faz e o que deseja fazer.
B. «os fundos da casa» (linha 6), que revela o distanciamento entre o que Batola faz e o
que deseja fazer.
C. «os fundos da casa» (linha 6), que demonstra a forma como Batola vê a sua aldeia.
D. «diante daquela monotonia desolada» (linha 12), que demonstra a forma como Batola
vê a sua aldeia

3. «Tais momentos de ira são pedaços de revolta passiva contra a mulher. É uma longa luta, esta.
A raiva do Batola demora muito, cresce com o tempo, dura anos.» (linhas 30-31).
Explica as afirmações do narrador acima transcritas.

PARTE B

Lê o poema e as notas.

O dos Castelos
A Europa jaz1, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

5 O cotovelo esquerdo é recuado;


O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

10 Fita, com olhar esfíngico2 e fatal,


O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

Fernando Pessoa, Poemas publicados em vida II – Mensagem,


edição de Luiz Fagundes Duarte, Lisboa, INCM, 2020, p. 21.

1
Jaz: está deitada.
2
Esfíngico: enigmático; misterioso.

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4. Explicita, com base em dois aspetos significativos, o modo como o sujeito poético perspetiva a
«Europa » (verso 1).

5. Relaciona a repetição da forma verbal «fita» (versos 10-12) com o sentido da expressão «olhar
esfíngico e fatal» (verso 10).

6. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.


No título deste poema, Portugal surge como um território protegido por sete castelos que
A. foram conquistados aos mouros e ajudaram a definir a geografia do país.
B. simbolizam as sete colinas de Lisboa e acentuaram a identidade nacional.
C. foram conquistados aos mouros e acentuaram a identidade nacional.
D. simbolizam as sete colinas de Lisboa e ajudaram a definir a geografia do país.

PARTE C

7. No conto «Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca denuncia os problemas sociais


típicos de um Alentejo rural da primeira metade do século XX.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua
experiên-cia de leitura de «Sempre é uma companhia».
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem os problemas
sociais denunciados pela ação do conto de Manuel da Fonseca;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Grupo II
Lê o texto.

Para o infinito e mais além


A biblioteca municipal da minha cidade foi inaugurada quando eu tinha uns oito ou nove
anos. Era um edifício moderno, que me lembrava o número oito, com paredes rasgadas por
muitas janelas e um chão de madeira escura tão perfeitamente envernizado que quase feria a
vista de quem por ele caminhava. Ainda hoje me lembro do cheiro que se respirava em cada
5 sala, acreditam? Passei horas da minha infância e adolescência dentro daquele espaço que era,
a anos-luz de distância, o que mais me fascinava no mundo todo que eu conhecia.
Hoje, quando olho para aquele edifício, já não é um oito que vejo, mas o sinal matemático
de infinito. O mesmo infinito que aquela biblioteca me deu. Foi ali, no silêncio, que realizei
as minhas primeiras viagens, mesmo sem nunca sair da cadeira forrada de azul que preferia em
10 detrimento de todas as outras. Foi ali que li as minhas primeiras revistas, quase sempre ladea-
da por dois senhores já avançados na idade que se debruçavam sobre os jornais desportivos.
Foi ali, naquele espaço de oito vezes infinito, que ouvi CD inteiros enquanto me entregava à
mágoa dos desgostos do amor adolescente.
A minha biblioteca tinha dentro o meu mundo todo. E aquele mundo era muito maior do
15 que eu podia compreender e agarrar. Mas eu queria e não desistia. Queria saber tudo o que
aqueles livros tinham para me dizer, queria ler todas e cada uma das histórias, queria conhe-
cer cada uma das músicas. Foi ali que li Fernando Pessoa pela primeira vez, muito antes de
poder sequer compreender um décimo da beleza da sua poesia. Foi ali que fiz, sozinha e à
mão, a análise do livro O Cavaleiro do Vento, de José Jorge Letria, que me valeu um prémio
20 num concurso da escola. Foi ali que vi a primeira exposição da minha vida. Foi ali que perce-
bi que o mundo estava todo dentro dos livros e que, quase sem querer, me apaixonei pelo
seu cheiro.
Há umas semanas, voltei à biblioteca da minha vida com os meus filhos. E sabem o
que me aconteceu quando cruzei aquela porta pesada que tão bem conheço? Nostalgia
25 e tristeza.
Nostalgia porque o cheiro continua igual e porque me vi, outra vez, menina e reverente.
Nostalgia porque o chão ainda brilha e há funcionários que não mudaram. Tristeza porque a
biblioteca estava quase vazia. Tristeza porque o mundo que existe naqueles livros não merece
que as mãozinhas pequeninas desistam de o procurar. E então prometi a mim mesma que vou
30 voltar com os meus filhos tantas vezes quantas puder. Recuso-me a ser conivente com o defi-
nhar de uma magia mais forte do que a praticada nos corredores de Hogwarts. Recuso-me a
fazer parte do grupo que se esqueceu de retribuir às bibliotecas o mundo que elas, tivessem
ou não a forma física do infinito, lhes entregou como quem abraça.
Carmen Garcia, in Público (texto adaptado, com supressões,
consultado em https://publico.pt, em dezembro de 2022).

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1. Tendo em conta o primeiro parágrafo, a relação da cronista com a biblioteca municipal da sua
cidade foi pautada
A. pelo acesso a um mundo onírico.
B. por um deslumbramento avassalador.
C. por uma descoberta permanente.
D. pelo estranhamento inicial.

2. O facto de associar o edifício da biblioteca ao «sinal matemático de infinito» (linhas 7-8), Carmen
Garcia pretende destacar
A. a pluralidade das vivências que lá experienciou ao longo da vida.
B. o prazer e a fruição de todas as atividades que eram lá promovidas.
C. a pertinência que a biblioteca assume no contexto social da cidade.
D. multiplicidade de experiências que muito marcaram a sua mocidade.

3. A metáfora «A minha biblioteca tinha dentro o meu mundo todo.» (linha 14) revela
A. o poder que a literatura assumiu na vida de Carmen Garcia.
B. as memórias que a cronista guarda do seu percurso escolar.
C. a simbologia de um lugar marcado pela fantasia e pela paixão.
D. a riqueza do acervo literário que aquele espaço possuía.

4. Em «me apaixonei pelo seu cheiro» (linhas 21-22), o pronome encontra-se anteposto ao verbo,
porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de uma oração coordenada.
C. dependente de um advérbio.
D. integrado numa oração subordinada.

5. A frase iniciada por «Foi ali que li» (linha 17) e a frase iniciada por «Recuso-me a ser conivente»
(linha 30) exprimem

A. a modalidade epistémica, em ambos os casos.


B. a modalidade apreciativa, em ambos os casos.
C. a modalidade epistémica, no primeiro caso, e a modalidade apreciativa, no segundo.
D. a modalidade apreciativa, no primeiro caso, e a modalidade epistémica, no segundo.

6. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões:


a) «que o mundo estava todo dentro dos livros» (linha 21);
b) «pelo seu cheiro» (linhas 21-22).

7. Indica o processo de coesão textual assegurado pela reiteração da conjunção «porque»,


nas linhas 26 a 28.

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Grupo III
Será que, em todas as situações, os objetivos materiais prevalecem na escolha do futuro dos mais
jovens?

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.

No teu texto:

• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois


argumen-tos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

FIM

Grupo Item/Cotação (em pontos)

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 100
16 10 16 16 16 10 16

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8

III Item único 44

Total 200

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