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Matriz do teste de avaliação escrita 2

Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos e do ortónimo

Domínios – Educação Literária │ Leitura │ Gramática │ Escrita

Descritores (AE) Conteúdos Estrutura Itens – cotação


Educação Literária / Leitura
A – Texto de leitura
Interpretar obras literárias Parte A A
literária: poema de
portuguesas. 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Alberto Caeiro
Reconhecer valores culturais, restrita 2. 16 pontos
(heterónimo de
éticos e estéticos 1 item de seleção 3. 10 pontos
Fernando Pessoa)
manifestados nos textos.
Analisar o valor de recursos
expressivos para a construção
B – Texto de leitura Parte B B
do sentido do texto.
literária: poema de Grupo I 2 itens de resposta 4. 16 pontos
Fernando Pessoa restrita 5. 16 pontos
Leitura
ortónimo 1 item de seleção 6. 10 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição
comunicativa. sobre um tema da Parte C
poesia de Álvaro 1 item de resposta C
Escrita de Campos restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição sobre (heterónimo de de uma exposição
um tema. Fernando Pessoa)
Total – 100 pontos
Leitura
1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 3 itens de escolha
2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla
3. 8 pontos
complexidade.
Gramática
Grupo II
Classificar orações. 2 itens de escolha 4. 8 pontos
Subordinação
Identificar a função sintática múltipla 5. 8 pontos
Funções sintáticas
de constituintes da frase. 2 itens de resposta 6. 8 pontos
Coesão textual
Analisar processos de curta 7. 8 pontos
coesão textual.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos

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224 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano
Teste de avaliação escrita 2
Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos e do ortónimo

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Grupo I
PARTE A

Lê o poema.

Ontem o pregador de verdades dele


Falou outra vez comigo.
Falou do sofrimento das classes que trabalham
(Não do das pessoas que sofrem, que é afinal quem sofre).
5 Falou da injustiça de uns terem dinheiro,
E de outros terem fome, que não sei se é fome de comer,
Ou se é só fome da sobremesa alheia.
Falou de tudo quanto pudesse fazê-lo zangar-se.

Que feliz deve ser quem pode pensar na infelicidade dos outros!
10 Que estúpido se não sabe que a infelicidade dos outros é deles.
E não se cura de fora,
Porque sofrer não é ter falta de tinta
Ou o caixote não ter aros de ferro!

Haver injustiça é como haver morte.


15 Eu nunca daria um passo para alterar
Aquilo a que chamam a injustiça do mundo.
Mil passos que desse para isso
Eram só mil passos.
Aceito a injustiça como aceito uma pedra não ser redonda,
20 E um sobreiro não ter nascido pinheiro ou carvalho.

Cortei a laranja em duas, e as duas partes não podiam ficar iguais.


Para qual fui injusto – eu, que as vou comer a ambas?

Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro,


edição de Ivo de Castro, Lisboa, INCM, 2020, p. 66.

1. Clarifica a utilização do discurso parentético no verso 4.

2. Relaciona a interrogação final com a afirmação «Haver injustiça é como haver morte.» (verso 14).

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3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar as afirmações abaixo apresentadas.
O poema apresenta as temáticas nucleares da poesia de Alberto Caeiro, uma vez que se
constata a _____________, nomeadamente nos versos 19 e 20 ao não questionar o facto de
uma pedra ser redonda e um obreiro não ser outra árvore qualquer. O eu nega a utilidade do
pensamento, adotando uma postura antimetafísica, evidente no _____________, quando faz
uma observação irónica.

A. rejeição de convenções e de racionalizações … verso 9


B. adoção de uma postura deambulatória e contemplativa … verso 14
C. rejeição de convenções e de racionalizações … verso 14
D. adoção de uma postura deambulatória e contemplativa … verso 9

PARTE B

Lê o texto e as notas.

Qualquer música, ah, qualquer,


Logo que me tire da alma
Esta incerteza que quer
Qualquer impossível calma!

5 Qualquer música – guitarra,


Viola, harmónio, realejo1...
Um canto que se desgarra...
Um sonho em que nada vejo...

Qualquer coisa que não vida!


10 Jota2, fado, a confusão
Da última dança vivida...
Que eu não sinta o coração!

15 de março de 1928

Fernando Pessoa, Poemas publicados em vida. I . Dispersos,


edição de Luiz Fagundes Duarte, Lisboa, INCM, 2020, p. 94.

1
Realejo: instrumento musical.
2
Jota: (regionalismo) pouca coisa; bocadinho.

4. Explicita o sentido dos versos 3 e 4, no contexto em que ocorrem.

5. Relaciona a repetição do quantificador «Qualquer» (versos 1, 4, 5 e 9) com o sentido do último


verso do poema.

6. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.


Na segunda estrofe, o sentido dos versos 7 e 8 remete para o domínio do sonho, pautado pela

A. angústia de não superar a dor provocada pelo pensamento.


B. inconsciência e pela ausência de racionalização constante.
C. angústia e pela ausência de racionalização constante.

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D. inconsciência de não superar a dor provocada pelo pensamento.
PARTE C

7. Álvaro de Campos é o heterónimo que sintetizou em si diferentes vertentes do Modernismo.


Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua expe-
riência de leitura dos textos deste heterónimo pessoano.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que comprovem a presença do
Modernismo na poesia de Álvaro de Campos;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Grupo II
Lê o texto e as notas.

Cientistas conseguem «entrar» em sonhos e obter respostas


de quem dorme
Responder a perguntas de sim ou não ou fazer contas de somar não parece difícil – mas um
grupo de voluntários conseguiu fazê-lo enquanto dormia, ao ouvir e compreender indicações
que lhes eram dadas fora dos sonhos. Foi a primeira vez que se conseguiu estabelecer comuni-
cação nos dois sentidos, para dentro e fora do sonho: são «sonhos interativos», como se lê num
5 estudo publicado na revista científica Current Biology. «Mostramos que é possível aperceber-
mo-nos e responder a questões complexas durante o sonho, e que os sonhadores conseguem
responder corretamente a estas questões sem que soubessem previamente o que lhes seria per-
guntado», referem os investigadores.
O estudo foi feito em quatro laboratórios (nos EUA, Alemanha, França e Holanda), com
10 36 participantes. Os investigadores descobriram que estes sonhadores conseguiam fazer con-
tas simples de matemática (como «oito menos seis?»), responder a perguntas de sim ou não,
e distinguir estímulos sensoriais – tudo isto enquanto dormiam. Para responder, usavam mo-
vimentos nos olhos, sorrisos, movimentos do rosto ou até padrões similares ao código Morse
(no laboratório alemão).
15 Como explica o neurocientista Ken Paller ao Público, «as pessoas não conseguem falar ou me-
xer os seus corpos durante o sono REM», daí que os voluntários adormecidos tenham usado estes
sinais. O REM (rapid eye movement, movimento rápido dos olhos) corresponde à fase do sono
mais associada ao sonho em que, como o nome indica, os olhos se movimentam rapidamente.
Nesta fase, há paralisia de quase todos os músculos, mas o cérebro fica num estado ativo.
20 É como tentar falar com um astronauta noutro mundo, escrevem os cientistas. «Mas, neste
caso, o mundo é fabricado inteiramente com base nas memórias armazenadas no cérebro.»
Neste caso, os cientistas decidiram comunicar com pessoas que estavam num estado de so-
nho lúcido, um «fenómeno raro» em que é conservado algum grau de consciência ou controlo
consciente durante o sono. O filósofo grego Aristóteles foi um dos primeiros a escrever sobre
25 este tipo de sonhos. Segundo um estudo de 2016, cerca de 55% dos adultos dizem já ter tido
pelo menos um sonho lúcido na vida. Das três dezenas de participantes, um deles tinha nar-
colepsia1 e sonhos lúcidos frequentes. Outros tinham também sonhos lúcidos com frequência,
outros nem tanto – o critério era lembrarem-se de, no mínimo, um sonho por semana.
Há muito ainda por explicar no mundo científico dos sonhos. A própria memória que temos
30 dos sonhos é pouco confiável: «Quase tudo o que sabemos sobre sonhos baseia-se nos relatos
da pessoa já acordada e podem estar deturpados», com partes esquecidas, disse à revista Science
Karen Konkoly. Já se sabia que comunicar num sentido era possível – como integrar o som do
despertador no sonho –, mas noutros estudos a comunicação só era feita posteriormente, com
os participantes já acordados.
35 O estudo também dá a entender que é possível aprender durante o sono, já que os parti-
cipantes acordaram a saber informações externas ao sonho que não possuíam antes de ador-
mecerem. No futuro, este método pode ser útil para ajudar a tratar o trauma, a ansiedade e a
depressão.
Cláudia Carvalho Silva, in Público, (texto adaptado, com supressões,
consultado em https://www.publico.pt, em dezembro de 2022).

1
Narcolepsia: crise brusca e passageira de sono.

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1. De acordo com o primeiro parágrafo, os «"sonhos interativos"» (linha 4) permitem

A. estabelecer, de forma inequívoca, uma comunicação unilateral definida.


B. comunicar de forma extremamente clara com quem está a dormir.
C. obter respostas que, antes da experiência, eram impossíveis de alcançar.
D. conhecer melhor os desejos e as expectativas de quem está a sonhar.

2. A comparação presente na linha 20 realça


A. a facilidade com que se consegue entabular uma conversação.
B. o caráter fantasioso dos relatos que os sonhadores faziam do sonho.
C. a semelhança entre o mundo onírico e a realidade física.
D. a analogia entre o relato do sonho e o contacto com alguém distante.

3. Do ponto de vista científico, os sonhos ainda necessitam de exploração, uma vez que
A. a memória que persiste do sonho nem sempre é confiável.
B. é uma área que ainda necessita de muitos estudos criteriosos.
C. os sonhadores poderão corrigir futuramente o que experienciaram.
D. os relatos são sempre fidedignos, mas nunca ficarão completos.

4. Em «Já se sabia que comunicar num sentido era possível» (linha 32), o pronome encontra-se
anteposto ao verbo porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de uma oração coordenada.
C. dependente de um advérbio.
D. integrado numa oração subordinada.

5. As orações subordinadas iniciadas por «que» na linha 32 e na linha 36 classificam-se como


A. substantiva completiva, no primeiro caso, e adjetiva relativa restritiva, no segundo.
B. adjetivas relativas restritivas, em ambos os casos.
C. substantiva completiva, no primeiro caso, e adjetiva relativa explicativa, no segundo.
D. substantivas completivas, em ambos os casos.

6. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões:


a) «o neurocientista Ken Paller» (linha 15);
b) «no cérebro» (linha 21).

7. Indica o processo de coesão textual assegurado pela reiteração do pronome indefinido


«outros» (linhas 27-28).

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 229


Grupo III
«Ao homem deve ensinar-se primeiro o que são as coisas em si mesmas e depois o que são aos
nossos olhos; é assim que ele será capaz de comparar a opinião à verdade.»
Jean-Jacques Rousseau

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.

No teu texto:

• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argu-
mentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

FIM

Grupo Item/Cotação (em pontos)

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 100
16 16 10 16 16 10 16

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8

III Item único 44

Total 200

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