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Matriz do teste de avaliação escrita 7

Os Maias e Rimas
Domínios – Educação Literária │ Leitura │ Gramática │ Escrita

Descritores (AE) Conteúdos Estrutura Itens – cotação


Educação Literária/Leitura
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto de 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores Os Maias, de Eça restrita 2. 16 pontos
culturais, éticos e estéticos de Queirós 1 item de seleção 3. 12 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de
recursos expressivos para a
construção do sentido Parte B B
B – Texto de leitura
do texto. 3 itens de resposta 4. 16 pontos
literária: soneto de Grupo I restrita 5. 16 pontos
Leitura Luís de Camões
6. 12 pontos
Interpretar o texto, com
especificação do sentido
global e da
intencionalidade
comunicativa. C – Exposição Parte C
C
sobre um tema de 1 item de resposta
7. 16 pontos
Escrita Os Maias restrita
Escrever uma exposição
sobre um tema.
Total – 104 pontos
Leitura
Interpretar o texto, com
1. 8 pontos
especificação do sentido
Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
global e da
não literária múltipla 3. 8 pontos
intencionalidade
4. 8 pontos
comunicativa.

Gramática Grupo II
Classificar orações.
Coordenação
Identificar a função 1 item de escolha
e subordinação 5. 8 pontos
sintática de constituintes múltipla
Funções sintáticas 6. 8 pontos
da frase. 2 itens de resposta
Modalidade e valor 7. 8 pontos
Identificar diferentes curta
modal
valores modais atendendo
à situação comunicativa.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever apreciações
críticas, respeitando as
1 item de resposta
marcas de género. Apreciação crítica
Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir o texto com de uma pintura
palavras)
desenvoltura, consistência,
adequação e correção os
textos planificados.
Total – 40 pontos
Total – 200 pontos

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246 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 11.o ano
Nome N.o ____ 11.o ____ Data ____/____/_____
Avaliação E. de Educação ____________________ Professor ____________________
Teste de avaliação escrita 7
Os Maias e Rimas
Nome N.o 10.o Data / /

Avaliação E. Educação Professor

Ficha de Educação Literária 1

Grupo I

PARTE A

Lê o texto, um excerto do capítulo IV de Os Maias, e as notas.


E no dog-cart1, com aquela linda égua, a «Tunante», ou no faetonte 2 com que maravilhava
Lisboa, Carlos lá partia em grande estilo para a Baixa, para «o trabalho».
O seu gabinete, no consultório, dormia numa paz tépida entre os espessos veludos escuros, na
penumbra que faziam os estores de seda verde corridos. Na sala, porém, as três janelas abertas
5 bebiam à farta a luz; tudo ali parecia festivo; as poltronas em torno da jardineira estendiam os seus
braços, amáveis e convidativos; o teclado branco do piano ria e esperava, tendo abertas por cima as
«Canções de Gounod»; mas não aparecia jamais um doente. E Carlos – exatamente como o criado
que, na ociosidade da antecâmara, dormitava sobre o «Diário de Notícias», acaçapado 3 na banqueta
– acendia um cigarro «Laferme», tomava uma revista, e estendia-se no divã. A prosa, porém, dos
10 artigos estava como embebida do tédio moroso do gabinete: bem depressa bocejava, deixava cair o
volume.
Do Rossio, o ruído das carroças, os gritos errantes de pregões, o rolar dos americanos, subiam,
numa vibração mais clara, por aquele ar fino de novembro: uma luz macia, escorregando
docemente do azul-ferrete, vinha dourar as fachadas enxovalhadas, as copas mesquinhas das
15 árvores do município, a gente vadiando pelos bancos: e essa sussurração lenta de cidade
preguiçosa, esse ar aveludado de clima rico, pareciam ir penetrando pouco a pouco naquele abafado
gabinete e resvalando pelos veludos pesados, pelo verniz dos móveis, envolver Carlos numa
indolência e numa dormência… Com a cabeça na almofada, fumando, ali ficava, nessa quietação
de sesta, num cismar que se ia desprendendo, vago e ténue, como o ténue e leve fumo que se eleva
20 de uma braseira meio apagada; até que, com um esforço, sacudia este torpor 4, passeava na sala,
abria aqui e além pelas estantes um livro, tocava no piano dois compassos de valsa, espreguiçava-se
– e, com os olhos nas flores do tapete, terminava por decidir que aquelas duas horas de consultório
eram estúpidas!
– Está aí o carro? – ia perguntar ao criado.
25 Acendia bem depressa outro charuto, calçava as luvas, descia, bebia um largo sorvo de luz e ar,
tomava as guias e largava, murmurando consigo:
– Dia perdido!
Eça de Queirós, Os Maias, Porto, Livros do Brasil, 2016, pp. 106-107.
1
dog-cart: pequena carroça puxada por um cavalo.
2
faetonte: pequena carruagem de quatro rodas e descoberta.
3
acaçapado: encolhido.
4
torpor: falta de energia, inércia.

1. Relaciona o sentido da exclamação final de Carlos com as suas ações ao longo do excerto.

2. Explicita a expressividade da comparação presente em «(n)um cismar que se ia desprendendo,


vago e ténue, como o ténue e leve fumo que se eleva de uma braseira meio apagada» (linhas 17 a 19).
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3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.
Neste excerto de Os Maias, é possível constatar a presença de marcas da linguagem e do
estilo de Eça, nomeadamente a utilização expressiva do adjetivo em _________________,
associada
a uma personificação dos elementos decorativos do gabinete de Carlos. Por outro lado, a
descrição do espaço citadino exterior é enriquecida pela simbiose de diferentes sensações,
nomeadamente ________________, presentes nas linhas 12 a 14.
A. «espessos veludos escuros» (linha 3) … olfativas e auditivas.
B. «amáveis e convidativos» (linha 6) … visuais e auditivas.
C. «ar aveludado de clima rico» (linhas 14 e 15) … olfativas e gustativas.
D. «vago e ténue» (linha 18) … olfativas e táteis.

PARTE B

Lê o soneto de Luís de Camões.


Lembranças que lembrais meu bem passado
para que sinta mais o mal presente,
deixai-me (se quereis) viver contente,
não me deixeis morrer em tal estado.

5 Mas se também de tudo está ordenado


viver (como se vê) tão descontente,
venha (se vier) o bem por acidente,
e dê a morte fim a meu cuidado.

Que muito milhor é perder a vida,


10 perdendo-se as lembranças da memória,
pois fazem tanto dano ao pensamento.

Assi que nada perde, quem perdida


a esperança traz de sua glória,
se esta vida há de ser sempre em tormento.

Luís de Camões, Rimas (texto estabelecido, revisto e prefaciado


por Álvaro J. da Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 1994, p. 173.

4. Clarifica o apelo que o sujeito poético faz às suas «lembranças» na primeira estrofe.

5. Explica o motivo do desejo que o «eu» lírico manifesta na terceira estrofe.

6. Refere duas marcas linguísticas que conferem ao soneto uma natureza autobiográfica,
fundamentando a tua resposta com exemplos de cada uma dessas marcas.

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PARTE C

7. O Destino é definido, muitas vezes, como um poder superior à vontade do ser humano que
fixa, de maneira irrevogável, o curso dos acontecimentos.
Escreve uma breve exposição na qual explicites o papel do Destino em Os Maias.

A tua exposição deve incluir:


● uma introdução ao tema;
● um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que evidenciem o papel do Destino em
Os Maias;
● uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Grupo II

Lê o texto e a nota.

Os Maias de Eça de Queirós


Ao adaptar ao cinema o mais ambicioso romance de Eça de Queirós, o realizador João Botelho
admitiu publicamente que o seu maior desafio eram as «várias camadas que encontramos em Os
Maias já que, sob a tragédia amorosa, está assestada 1 uma lupa, tão implacável como certeira sobre a
sociedade portuguesa de oitocentos. Ou, mais precisamente, sobre uma certa sociedade lisboeta,
5 constituída pela alta burguesia e sua clientela que arrasta pelo Chiado um tédio tão incomensurável
como a sua capacidade para reformar o país. Aquela que o próprio Eça de Queirós frequentava, sem,
no entanto, deixar de a desprezar. Como escrevia, já há décadas, o autor do Dicionário da Literatura
Portuguesa e figura de referência nesta disciplina, Jacinto do Prado Coelho, «em Os Maias, o que
domina como objeto de reflexão é Portugal, personagem oculta por detrás das personagens visíveis.
10 O projeto global de escrever, de explicar Portugal como problema, é, no romance, o seu mais forte
princípio de unidade.»
Publicado em 1888, com o subtítulo Episódios da vida romântica, é considerado pelos críticos a
melhor obra de Eça de Queirós e uma obra-prima da literatura portuguesa e mesmo mundial.
A primeira referência do autor a este projeto terá surgido numa carta ao editor Chardron, de 1878,
15 como um dos títulos a serem incluídos na série Cenas portuguesas ou Cenas da vida portuguesa,
o que indica que o trabalho no romance tenha durado perto de uma década.
No centro narrativo de Os Maias, está a história de uma família ao longo de três gerações, com
destaque para a contemporânea do autor. Apresenta dois planos cruzados: o da intriga sentimental,
com a história de amor incestuoso, marcada por elementos próprios da tragédia grega (como
20 presságios e estranhas coincidências), entre Carlos Eduardo da Maia e Maria Eduarda, afinal, uma
continuidade dos amores fatais dos pais de ambos, Pedro da Maia e Maria Monforte, e o da crítica
sociopolítica de um país se afundava na letargia da monarquia constitucional.
Ao serviço destes dois objetivos está uma das mais notáveis galerias de personagens da literatura
portuguesa. O pior lado da política é representado pelo conde de Gouvarinho e por Sousa Neto;
25 a finança por Cohen; o jornalismo corrupto e sensacionalista por Palma Cavalão; as consequências
da educação beata e provinciana surgem espelhadas em Eusebiozinho e, finalmente, o
deslumbramento pacóvio com tudo o que viesse de Paris está todo plasmado em Dâmaso Salcede, o
homem que se vê a si mesmo como «podre de chic».
Mas a personagem mais complexa e rica de Os Maias é o inseparável amigo de Carlos, o
30 principal acusador dos males do país, que, no entanto, não nos aparece isento de ridículos e
contradições, como, aliás, o protagonista do romance. Ega defenderá posições desconcertantes sobre
o país e os seus compatriotas («Portugal não precisa de reformas, Cohen, o que Portugal precisa é da
invasão espanhola»), mas preso num diletantismo paralisante, jamais terminará as suas Memórias de
um átomo ou qualquer projeto literário a que se tivesse proposto.
35 O próprio final do livro estabelece um fino contraste entre as grandes afirmações de princípios
das suas personagens e as circunstâncias da vida de todos os dias.
Maria João Martins, «Os Maias de Eça de Queirós», in https://www.dn.pt
(texto com supressões, consultado em 20/12/2021).
1
assestada: apontada.

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1. Ao adaptar Os Maias ao conceito cinematográfico, João Botelho
A. sentiu-se desafiado por ter de evidenciar a complexidade do romance.
B. definiu um percurso que permitiu destacar a duplicidade da obra.
C. considerou que a relevância da tragédia anulava todas as outras dimensões.
D. aludiu à dificuldade inerente à análise de uma obra tão reputada.

2. No primeiro parágrafo do texto, a alta sociedade burguesa de oitocentos é definida pela


A. desilusão e pelo fracasso.
B. tragicidade e pela frustração.
C. procrastinação e pela revolta.
D. inatividade e pelo enfado.

3. Na obra de Eça, surge «uma das mais notáveis galerias de personagens da literatura
portuguesa» (linhas 23 e 24),
A. dada a complexidade intelectual e caricatural de todos os intervenientes.
B. já que todas as figuras intervenientes foram marcadamente dramáticas.
C. corroborada pelos exemplos marcantes de personagens caricaturais.
D. devido à pluralidade de enredos que marcam as vivências dos protagonistas.

4. De acordo com o quinto parágrafo, Ega pode ser visto como uma personagem paradoxal, já
que
A. todos os ideais megalómanos que defende não podem ser executados.
B. é um acérrimo defensor dos ideais patrióticos que não coloca em prática.
C. se pauta por uma inércia atroz, não materializando os seus projetos.
D. defende que Portugal só terá sucesso ao ser apoiado pelos espanhóis.

5. As orações subordinadas iniciadas por «que» nas linhas 16 e 30 classificam-se como


A. substantiva completiva, no primeiro caso, e adjetiva relativa explicativa, no segundo
caso.
B. adjetiva relativa explicativa, no primeiro caso, e substantiva completiva, no segundo
caso.
C. substantiva completiva, no primeiro caso, e adjetiva relativa restritiva, no segundo
caso.
D. adjetiva relativa restritiva, no primeiro caso, e substantiva completiva, no segundo
caso.

6. Identifica as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:


a) «pelos críticos» (linha 12);
b) «de ridículos e contradições» (linha 30).

7. Indica a modalidade e o valor modal expressos em «No centro narrativo de Os Maias, está a
história de uma família ao longo de três gerações» (linha 17).

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Grupo III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e


cinquenta palavras, faz a apreciação crítica da pintura abaixo apresentada, da autoria de René
Magritte.

René Magritte, Os amantes (1928).

O teu texto deve incluir:

● a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua


composição;
● um comentário crítico, fundamentando a tua apreciação em, pelo menos, três aspetos
relevantes e utilizando um discurso valorativo.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
- um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
- um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

Itens/Cotação (em pontos)
Grupo

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 104
16 16 12 16 16 12 16
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8
III Item único 40
Total 200

FIM
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