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TESTE DE AVALIAÇÃO

Nº 3 – 11º ANO

ESCOLA______________________________________________________ D ATA ___/ ___/ 20__

NOME_______________________________________________________ N. O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A

Leia o texto.

MARIA (Como quem lhe vai tapar a boca) – Agora é que tu ias mentir de todo … Cala-te. Não sei
para que são estes mistérios: cuidam que eu hei de ser sempre criança! Na noite que viemos para
esta casa, no meio de toda aquela desordem, eu e minha mãe entrámos por aqui dentro sós e
viemos ter a esta sala. Estava ali um brandão 1 aceso, encostado a uma dessas cadeiras que tinham
5 posto no meio da casa: dava todo o clarão da luz naquele retrato… Minha mãe, que me trazia pela
mão, põe de repente os olhos nele e dá um grito. Oh, meu Deus!... ficou tão perdida de susto, ou
não sei de quê, que me ia caindo em cima. Pergunto-lhe o que é, não me respondeu. Arrebata da
tocha, e leva-me com uma força… com uma pressa a correr por essas casas, que parecia que vinha
alguma coisa má atrás de nós. Ficou naquele estado em que a temos visto há oito dias, e não lhe
10 quis falar mais em tal. Mas este retrato que ela não nomeia nunca de quem é, e só diz assim às
vezes: “O outro, o outro…”, este retrato e o de meu pai que se queimou, são duas imagens que lhe
não saem do pensamento.
TELMO (com ansiedade) – E esta noite ainda lidou2 muito nisso?
MARIA Não; desde ontem pela tarde, que cá esteve o tio Frei Jorge e a animou com muitas
15 palavras de consolação e de esperança em Deus, e que lhe disse do que contava abrandar os
governadores, minha mãe ficou outra; passou-lhe de todo, ao menos até agora. Mas então, vamos,
tu não me dizes do retrato? Olha: (designando o de el-rei D. Sebastião) aquele do meio, bem sabes
se o conhecerei; é o do meu querido e amado rei D. Sebastião. Que majestade! Que testa aquela
tão austera, mesmo dum rei moço e sincero ainda, leal, verdadeiro, que tomou a sério o cargo de
20 reinar, e jurou que há de engrandecer e cobrir de glória o seu reino! Ele ali está… E pensar que
havia de morrer às mãos de mouros, no meio de um deserto, que numa hora se havia de apagar
toda a ousadia refletida que está naqueles olhos rasgados, no apertar daquela boca!... Não pode
ser, não pode ser. Deus não podia consentir em tal.
TELMO Que Deus te ouvisse, anjo do céu!
25 MARIA Pois não há profecias que o dizem? Há, e eu creio nelas. E também creio naquele outro
que ali está (indica o retrato de Camões), aquele teu amigo com quem tu andaste lá pela Índia,
nessa terra de prodígios e bizarrias, por onde ele ia… como é ? ah, sim…
“N’ũa mão sempre a espada e noutra a pena…” 3

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa (dir. Annabela Rita), Porto, Edições Caixotim, 2004.

1
tocha; 2 cismou; 3 verso de Os Lusíadas (canto VII, est. 79).

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1. Contextualize a ação deste excerto, evidenciando o contributo do espaço onde decorre


para a tensão dramática vivida por D. Madalena.

2. Explique por que razão a perda do retrato de Manuel de Sousa e a presença do retrato
“que ela não nomeia nunca de quem é” (l. 10) incomodam D. Madalena.

3. Explicite as referências à crença sebástica e a importância que esta assume para certas
personagens, fundamentando a resposta com citações textuais pertinentes.

4. Indique dois traços caracterizadores de Maria, justificando com citações textuais


pertinentes.

1.
PARTE B
Leia o excerto do canto X de Os Lusíadas.

146 148
E não sei por que influxo de Destino Por vos servir, a tudo aparelhados6;
Não tem um ledo orgulho e geral gosto, De vós tão longe, sempre obedientes;
Que os ânimos levanta de contino A quaisquer vossos ásperos mandados,
A ter pera trabalhos ledo o rosto. Sem dar reposta, prontos e contentes.
Por isso vós, ó Rei, que por divino Só com saber que são de vós olhados,
Conselho1 estais no régio sólio2 posto, Demónios infernais, negros e ardentes,
Olhai que sois (e vede as outras gentes) Cometerão7 convosco, e não duvido
Senhor só de vassalos excelentes. Que vencedor vos façam, não vencido.

147
Olhai que3 ledos vão, por várias vias, Luís de Camões, Os Lusíadas [canto X] (leitura, prefácio
Quais rompentes liões e bravos touros, e notas de A. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa,
Instituto Camões – Ministério dos Negócios
Dando os corpos a fomes e vigias4, Estrangeiros, 2000, pp. 523-524.
A ferro, a fogo, a setas e pelouros,
A quentes regiões, a plagas frias,
A golpes de Idolátras e de Mouros,
A perigos incógnitos do mundo,
A naufrágios, a pexes, ao profundo5.

1
divino / Conselho = providência de Deus; 2 trono (de Portugal); 3 quão; 4 vigílias; 5 abismo da morte; 6 preparados;
7
acometerão.

5. Demonstre o caráter apelativo destas estâncias, enumerando três marcas linguísticas


que o comprovam.

6. Comente a expressividade da enumeração da estância 147.

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PARTE C

7. Nas duas obras, Os Lusíadas e Frei Luís de Sousa, o rei D. Sebastião é uma figura
particularmente destacada.

Escreva uma breve exposição na qual evidencie o modo como este monarca é
apresentado na obra de Garrett e na epopeia Camoniana.

A sua exposição deve incluir:


 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento onde apresente uma característica distinta do rei em cada
uma das obras;
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II
O mar: rumo para o futuro de Portugal

Ó mar salgado, quanto do teu sal


São lágrimas de Portugal!
Fernando Pessoa, in Mensagem
Se existe algo indiscutível em Portugal é a importância do mar não só pela soberania e
5 identidade histórica que lhe confere mas também por razões económicas com potencial ainda
por explorar. O mar, sendo o único elemento verdadeiramente diferenciador e característico da
natureza dos portugueses, exige à ação governativa capacidade de motivar e mobilizar os
cidadãos, no sentido de compreenderem a importância do exercício do poder nacional através
do mar.
10 Há uma unanimidade em Portugal sobre a importância do mar. Ele é um ponto de passagem
de várias e determinantes linhas de comunicação de tráfego que cruza o Atlântico. É fonte de
abastecimento de alimentos, energia eólica offshore ou da energia das ondas e da exploração
de minérios no fundo do mar. É ponto de atração de turistas. Poderá, um dia, ser gerador de
hidrometano, algas, minerais ou até petróleo ou gás natural. O mar tem um enorme potencial
15 por explorar.
O país não pode perder a oportunidade de potenciar os seus recursos, que representavam,
em 2015, apenas cerca de 5% a 6% do PIB da economia portuguesa, sendo possível aumentar o
seu impacto para 10%. Os estudos efetuados referem que poderão vir a representar 15 a 20 mil
milhões de euros, duplicando o seu peso na riqueza nacional em 2025.
20 Portugal não pode continuar a olhar para o imenso mar que o rodeia e ficar pelas palavras
dos muitos debates e discussões públicas. Basta de discursos e de retórica. É necessário ação
para transformar o tão falado potencial do mar em valor e crescimento económico.
Há coisas que jamais poderemos alterar: a geografia e a história. Apesar de todas as
dificuldades que o país enfrenta, importa estar ciente que é no mar que voltaremos ao
25 desejado rumo para um futuro melhor para Portugal.
José Manuel Neto simões, in https://www.publico.pt/2018/10/18/politica/opiniao/o-mar-rumo-para-o-futuro-de-
portugal-1846045 (acedido em 16/01/2019, grafia adaptada e com supressões).

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1. Considerando a globalidade do texto, a citação que o introduz (ll. 1-2) pretende


(A) homenagear Fernando Pessoa e a sua obra Mensagem.
(B) mostrar que o mar tem sido, desde sempre, prejudicial para os portugueses que se
aventuram nele.
(C) mostrar a relação histórica que os portugueses têm com o mar.
(D) alertar os portugueses para a necessidade de estarem atentos aos perigos do mar.

2. O conteúdo do primeiro parágrafo do texto inclui


(A) a ideia de que é necessário que os governantes desenvolvam as potencialidades
do mar.
(B) uma crítica aos governantes por não saberem gerir e aproveitar o mar como
potenciador de desenvolvimento.
(C) a ideia de que a soberania do país se deve ao mar, uma vez que este lhe trouxe
importância histórica.
(D) um lamento porque o mar já não constitui um recurso natural que possa ser
explorado.

3. No segundo parágrafo, o autor do texto


(A) restringe o número de atividades marítimas relevantes para a economia.
(B) enumera atividades que podem unicamente ser desenvolvidas no mar.
(C) levanta dúvidas acerca da relevância económica do mar no futuro.
(D) prova, através da exemplificação, a importância económica, atual e futura, do mar.

4. O processo de formação do termo “offshore” (l. 12) é


(A) truncação.
(B) empréstimo.
(C) amálgama.
(D) extensão semântica.

5. A oração “que poderão vir a representar 15 a 20 mil milhões de euros” (ll. 18-19)
classifica-se como subordinada
(A) substantiva completiva.
(B) adverbial consecutiva.
(C) adjetiva relativa restritiva.
(D) adjetiva relativa explicativa.

6. Identifique a função sintática dos segmentos seguintes:


a) “um enorme potencial por explorar (ll. 14-15).
b) “ação para transformar o tão falado potencial do mar em valor e crescimento
económico” (ll. 21-22).

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7. Transcreva o referente do termo sublinhado no segmento “que o rodeia” (l. 20).

GRUPO III

Desde tempos imemoriáveis o mar tem feito parte dos destinos e da ação dos portugueses.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre o facto de Portugal ter como
fronteira natural o mar, apresentando vantagens e desvantagens, considerando quer o nosso
passado histórico quer o presente.

No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

FIM

COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I
16 16 16 8 16 16 16 104
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II
8 8 8 8 8 8 8 56
III Item único 40
TOTAL 200

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