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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia

Prova 702 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2017


11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

Indique de forma legível a versão da prova.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Apresente as suas respostas de forma legível.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Nos termos da lei em vigor, as provas de avaliação externa são obras protegidas pelo Código do Direito de Autor e dos
Direitos Conexos. A sua divulgação não suprime os direitos previstos na lei. Assim, é proibida a utilização destas provas,
além do determinado na lei ou do permitido pelo IAVE, I.P., sendo expressamente vedada a sua exploração comercial.

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GRUPO I

As fontes hidrotermais submarinas e a descarga fluvial de metais de origem continental


disponibilizam os metais necessários à génese de depósitos polimetálicos, que ocorrem em fundos
oceânicos e cujas distribuição e espessura são influenciadas pelas correntes oceânicas.
Entre esses depósitos salientam-se as crostas ferromanganesíferas, formadas a profundidades
de 400 a 4000 metros, em zonas de substrato de rocha consolidada. Estas crostas contêm cobalto,
níquel, telúrio e terras raras, suscetíveis de serem explorados. As terras raras são elementos
químicos com particular interesse, por serem usados, por exemplo, no fabrico de computadores e
de turbinas eólicas.
Nos fundos oceânicos, ocorrem ainda outros materiais rochosos com interesse económico e
científico, como os sulfuretos polimetálicos.
Perante a escassez atual no fornecimento de 14 metais estratégicos, a era da mineração
submarina está prestes a começar.
Na Figura 1, estão representados os limites da Plataforma Continental1 (em aprovação) e da Zona
Económica Exclusiva (ZEE)2 portuguesas e a localização esquemática de crostas, de sulfuretos
polimetálicos e de campos hidrotermais, nomeadamente, Lucky Strike e Moytirra.
Baseado em J. Palma e I. Pessanha, «Depósitos ferromanganesíferos de oceano
profundo», Brazilian Journal of Geophysics, Vol. 18 (3), 2000
e em www.emepc.pt (consultado em novembro de 2016)

Notas:

1 Plataforma Continental – conceito jurídico definido no Artigo 76.° da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do
Mar (CNUDM); este conceito não corresponde ao conceito geológico de plataforma continental.
2 Zona Económica Exclusiva (ZEE) – refere-se aos direitos de soberania para a exploração, conservação e gestão dos
recursos naturais vivos e não vivos na coluna de água e no espaço aéreo sobrejacente (CNUDM, Artigo 56.°).

Figura 1 – Localização de recursos minerais submarinos, no contexto das áreas de intervenção de Portugal

Crostas ferromanganesíferas

Sulfuretos polimetálicos

Moytirra

Lucky
Strike

Crista Médio-Atlântica
ZEE – Zona Económica Exclusiva 0 250 500 km
Limite exterior da Plataforma Continental

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1. O campo hidrotermal Moytirra encontra-se numa zona de , e a fonte de metais para a génese das
crostas ferromanganesíferas que aí ocorrem é predominantemente .

(A) elevado fluxo térmico … continental


(B) baixo grau geotérmico … marinha

(C) baixo fluxo térmico … marinha


(D) elevado grau geotérmico … continental

2. Considere as seguintes afirmações, referentes aos recursos submarinos.

I. Um depósito polimetálico submarino considera-se uma reserva se estiver a baixa profundidade.


II. As crostas polimetálicas depositam-se sobre substrato basáltico.
III. As terras raras são usadas em tecnologia para a produção de energia «verde».

(A) I é verdadeira; II e III são falsas.


(B) II é verdadeira; I e III são falsas.
(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.

(D) I e III são verdadeiras; II é falsa.

3. Na zona do campo hidrotermal Lucky Strike, o substrato é formado por uma rocha

(A) mesocrática com origem num magma rico em sílica.


(B) mesocrática com origem num magma pobre em sílica.

(C) melanocrática com origem num magma rico em sílica.


(D) melanocrática com origem num magma pobre em sílica.

4. A crusta oceânica apresenta densidade e percentagem de magnésio do que a crusta


continental.

(A) menor … menor


(B) maior … maior

(C) maior … menor

(D) menor … maior

5. Estudos geofísicos mostram que a velocidade das ondas sísmicas

(A) aumenta quando estas passam da crusta para o manto litosférico.

(B) aumenta quando estas passam da litosfera para a astenosfera.


(C) diminui quando estas passam do núcleo externo para o núcleo interno.

(D) diminui quando estas passam da astenosfera para a mesosfera.

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6. A investigação dos fundos oceânicos mostrou que as rochas vulcânicas

(A) existentes nas proximidades das fossas oceânicas são as mais recentes.
(B) recolhidas nas proximidades das zonas de rifte são as mais antigas.

(C) com a mesma idade têm polaridades magnéticas diferentes.


(D) mais recentes apresentam polaridade magnética normal.

7. Numa zona onde ocorre a colisão de uma placa oceânica com uma placa continental, a morfologia do
fundo oceânico resultante é uma

(A) depressão muito profunda e alongada.

(B) área extensa, com declives muito suaves.


(C) zona de vale, limitada por falhas normais.

(D) cadeia extensa de montanhas submersas.

8. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de


acontecimentos que pode dar origem a uma crosta polimetálica.

A. Transporte de metais pelos rios até ao mar.


B. Meteorização de rochas em ambiente continental.
C. Acumulação de óxidos e hidróxidos de Fe e Mn na coluna de água.
D. Circulação de metais nas águas de escorrência.
E. Precipitação de compostos metálicos sobre o substrato oceânico.

9. Explique em que medida a extração dos depósitos polimetálicos submarinos envolve problemas
tecnológicos e ambientais.
Na sua resposta, apresente um exemplo de um problema tecnológico e um exemplo de um problema
ambiental.

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GRUPO II

Na produção agrícola, podem ser utilizados diversos inseticidas, como o Diclorvos (DDVP) e a
Deltametrina (DTM). Estas classes de inseticidas afetam o sistema nervoso, causando a paralisia
dos insetos. Os inseticidas da classe do DDVP impedem a ação de enzimas, tais como as esterases,
que são necessárias à degradação dos neurotransmissores. Já os inseticidas da classe da DTM
atuam nos canais de sódio do axónio, retardando a repolarização do neurónio.
Com o intuito de avaliar a toxicidade de fórmulas comerciais do DDVP e da mistura deste com a
DTM, foi desenvolvido um estudo de toxicidade em peixes da espécie Danio rerio.

Métodos utilizados e resultados obtidos


1 – Foram utilizados peixes com um peso médio de 5 g.
2 – Os peixes foram mantidos em água a uma temperatura de 25 °C e pH 7,0. Foi fornecido a
todos os peixes o mesmo tipo de alimento.
3 – Posteriormente, os peixes foram colocados, durante 48 horas, em aquários de 3 L. Para a
determinação da toxicidade dos inseticidas, variou-se, em alguns dos aquários, a concentração
de DDVP ou da mistura de DDVP com DTM.
4 – Parte dos resultados obtidos consta nas Tabelas 1 e 2.
5 – Nos testes efetuados nos grupos de controlo, não se registaram mortes.

Tabela 1 – Determinação da Tabela 2 – Determinação da


toxicidade do inseticida DDVP em toxicidade da mistura dos inseticidas DDVP e
peixes da espécie Danio rerio DTM em peixes da espécie Danio rerio

Concentração Concentração Concentração


DDVP Mortes (%) DDVP DTM Mortes (%)
(µg L−1) (µg L−1) (µg L−1)

0,010 0 0,005 0,020 100

0,020 0 0,010 0,040 100

0,040 100 0,020 0,080 100

Baseado em D. Trevis et al., «Toxicidade aguda do praguicida organofosforado Diclorvos e da mistura


com o piretróide Deltametrina em Danio rerio e Hyphessobrycon bifasciatus», Boletim
do Instituto de Pesca, São Paulo, Vol. 36, n.º 1, pp. 53-59, 2010

1. No estudo descrito, a variável dependente foi

(A) o tempo de exposição aos inseticidas.


(B) o peso médio dos peixes.
(C) a taxa de mortalidade dos peixes.

(D) a concentração dos inseticidas.

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2. Refira a diferença das condições a que foram submetidos os grupos de controlo, relativamente àquelas a
que foram submetidos os restantes grupos.

3. Os resultados do estudo mostram que

(A) a DTM, relativamente ao DDVP, provoca a morte de um maior número de animais.


(B) o efeito do DDVP depende da concentração em que é administrado.

(C) o aumento do teor de DDVP torna mais rápida a morte dos animais.
(D) a eficácia da mistura de DDVP com DTM depende das concentrações destas substâncias.

4. Os inseticidas da classe da DTM mantêm os canais de sódio , o que contribui para a


diferença de cargas entre as duas faces da membrana do axónio.

(A) abertos … reduzir


(B) abertos … aumentar

(C) fechados … aumentar

(D) fechados … reduzir

5. O DDVP e a DTM interferem

(A) apenas na componente química do impulso nervoso.


(B) apenas na componente elétrica do impulso nervoso.

(C) na componente química e na componente elétrica do impulso nervoso, respetivamente.

(D) na componente elétrica e na componente química do impulso nervoso, respetivamente.

6. O transporte de iões a favor do gradiente de concentração, através da membrana celular, é

(A) não mediado e ativo.


(B) mediado e ativo.

(C) não mediado e passivo.


(D) mediado e passivo.

7. Nos peixes, as trocas gasosas entre o organismo e o meio ocorrem por

(A) difusão direta, através de estruturas internas.

(B) difusão indireta, através da superfície corporal.


(C) difusão direta, através de estruturas não vascularizadas.
(D) difusão indireta, através de superfícies muito vascularizadas.

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8. Faça corresponder cada uma das descrições relativas a estruturas intervenientes na transmissão do
impulso nervoso, expressas na coluna A, à respetiva designação, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Axónio

(a) Extensão do neurónio que recebe o impulso nervoso. (2) Corpo celular
(b) Zona de comunicação entre dois neurónios. (3) Dendrite

(c) Região do neurónio que contém o núcleo. (4) Nódulo de Ranvier

(5) Sinapse

9. Considere os dados das Tabelas 1 e 2 e as informações seguintes:


• a utilização isolada de 0,078 µg L−1 de DTM provoca 50% de mortes em Danio rerio;

• as enzimas esterases catalisam a hidrólise da DTM;


• o DDVP impede a ação das esterases.

Explique a diferença na percentagem de mortes quando se utilizam os inseticidas isoladamente e quando


se utilizam em conjunto.
Na sua resposta, apresente os resultados que permitem confirmar a sua explicação.

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GRUPO III

A litologia e o registo fóssil da Bacia do Baixo Tejo permitem inferir que a região passou por
diferentes fases climáticas e que, como resultado de variações do nível médio do mar e de
movimentos tectónicos, foi tendo diferentes configurações paleogeográficas.
No Miocénico, de 23 a 5 milhões de anos (Ma), acompanhando a deriva da placa africana para
norte, em relação à Península Ibérica, algumas rochas, que tinham sido depositadas na Bacia
Lusitânica durante o Jurássico (de 199 a 145 Ma) e o Cretácico (de 145 a 66 Ma), sofreram deformação
e deram origem às serras do Maciço Calcário Estremenho, a norte, e à serra da Arrábida, a sul.
Mais tarde, há cerca de 5 Ma, formou-se uma vasta planície emersa, entre Lisboa e a serra da
Arrábida, onde se instalou o sistema fluvial precursor do Tejo atual, constituído por múltiplos canais
que atravessavam a península de Setúbal, desaguando alguns na zona onde hoje se situa a Lagoa
de Albufeira.
Posteriormente, entre 1,7 e 1,5 Ma, a subsidência1 da bacia de sedimentação e a atividade da
falha do Vale Inferior do Tejo, entre Vila Nova da Barquinha e o Barreiro, e, mais a jusante, da falha
do Gargalo do Tejo, a oeste de Lisboa, com direção E-O, provocaram a reorganização da rede
hidrográfica do Tejo.
A Figura 2 apresenta um mapa geológico simplificado da região.
Baseado em J. Pais et al.,«Litostratigrafia do Cenozoico de Portugal», Ciências Geológicas:
Ensino e Investigação, Vol. I, pp. 365-376, 2010
e em A. Cruces et al.,«A Geologia no Litoral – Parte I: Do Tejo à Lagoa de Albufeira»,
Geologia no Verão 2002 – Guia de Excursão, 2002

Nota:

1 subsidência – movimento lento de descida do fundo de uma bacia de sedimentação.

Figura 2 – Mapa geológico simplificado da Bacia do Baixo Tejo

Vila Nova
da Barquinha

Santarém

Benavente

+ +
Rochas do
+ + +
+ + Lisboa Cenozoico

Gargalo Barreiro Rochas do Maciço Calcário Estremenho


Évora Rochas do
Setúbal Mesozoico + + +
+ + Rochas magmáticas do Maciço de Sintra
+ + +
(Bacia Lusitânica)
Lagoa de
Albufeira
Serra da
0 20 km Arrábida Rochas antemesozoicas

Falha

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1. Na Bacia do Baixo Tejo, foram encontrados fósseis de rinoceronte com cerca de 16 Ma, o que permite
deduzir que, nessa época, a região corresponderia a uma savana.
A dedução enunciada na afirmação anterior baseia-se no Princípio

(A) do Catastrofismo.
(B) da Sobreposição dos Estratos.

(C) da Identidade Paleontológica.

(D) do Atualismo.

2. Considere as seguintes afirmações, referentes à evolução da Bacia do Baixo Tejo.

I. Há cerca de 5 Ma, alguns dos canais do sistema fluvial desaguavam numa zona situada a sul da foz
atual.
II. Parte dos sedimentos que se encontram na península de Setúbal resultaram da erosão de rochas que
afloravam no interior da Península Ibérica.
III. Na península de Setúbal, encontram-se calhaus rolados do granito de Sintra, o que indicia que, quando
os mesmos se depositaram, o Tejo já desaguava na zona do «Gargalo».

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.


(B) I é verdadeira; II e III são falsas.
(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

3. As serras do Maciço Calcário Estremenho formaram-se no

(A) Cenozoico, num contexto tectónico distensivo.


(B) Cenozoico, num contexto tectónico compressivo.

(C) Mesozoico, num contexto tectónico distensivo.

(D) Mesozoico, num contexto tectónico compressivo.

4. Em 1909, ocorreu um sismo na região de Benavente. Com os dados disponíveis, é de supor que este
sismo tenha estado associado à falha

(A) interplaca do Vale Inferior do Tejo.


(B) intraplaca do Vale Inferior do Tejo.

(C) interplaca do Gargalo do Tejo.

(D) intraplaca do Gargalo do Tejo.

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5. Atualmente, em algumas zonas do litoral oeste de Portugal, verifica-se um acentuado da linha
de costa, relacionado com a do nível médio da água do mar.

(A) avanço … subida

(B) avanço … descida

(C) recuo … subida

(D) recuo … descida

6. As barragens construídas no rio Tejo contribuem para

(A) controlar o risco de cheias ao longo do vale.

(B) aumentar a carga de sedimentos junto à foz.


(C) conservar os ecossistemas fluviais a jusante.

(D) diminuir a sedimentação nas zonas a montante.

7. Faça corresponder cada uma das descrições relativas a recursos minerais não metálicos, expressas na
coluna A, à respetiva designação, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Argila

(a) Sedimentos ricos em quartzo, utilizados no fabrico de vidro. (2) Calcário

(b) Detritos finos utilizados no fabrico de cerâmica. (3) Mármore


(c) Rocha metamórfica, não foliada, usada na construção civil. (4) Xisto

(5) Areia

8. Explique o processo de formação das grutas existentes nas serras do Maciço Calcário Estremenho.

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GRUPO IV

O estudo do ciclo celular tem implicações práticas no campo da saúde humana. O cancro, por
exemplo, é uma doença que resulta, entre outros aspetos, do facto de a célula perder o controlo da
sua divisão.
As células possuem diversos mecanismos de regulação e de controlo do ciclo celular. A Figura 3
representa esquematicamente um ciclo celular, cujos mecanismos de regulação estão relacionados
com determinados genes e com complexos proteicos citoplasmáticos, formados pela ligação de dois
tipos de proteínas: as CDK e as ciclinas. Em todas as células eucarióticas, a progressão do ciclo
celular é controlada pelas sucessivas ativação e inativação de diferentes complexos ciclina-CDK. A
ativação e a inativação destes complexos estão dependentes da transcrição e da proteólise (lise
proteica), respetivamente.

Figura 3 – Ciclo celular

Ciclo celular

Baseado em J. Perdigão e A. Tavares, «Ciclo celular e novas terapias contra o


cancro (o ano do Nobel)», Boletim de Biotecnologia, 70, 2001

Nota – As letras X, Y e Z representam fases do ciclo celular e os números de 1 a 4 identificam células.

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1. No ciclo representado, se a quantidade de DNA na fase X for Q, então as quantidades de DNA no núcleo
da célula, na fase Z, e no núcleo de cada uma das células, no final da fase mitótica, serão, respetivamente,

(A) Q e 2Q.

(B) Q/2 e Q.
(C) 2Q e Q.

(D) Q e Q/2.

2. Refira a fase da mitose em que se encontra cada uma das células identificadas com os números 1 e 2 na
Figura 3.
1 – Metáfase; 2 – Anáfase

3. Na fase assinalada com a letra

(A) Z, ocorre a replicação conservativa do DNA.

(B) Z, ocorre a replicação semiconservativa do DNA.


(C) Y, ocorre a replicação conservativa do DNA.
(D) Y, ocorre a replicação semiconservativa do DNA.

4. As ciclinas são proteínas que determinam a progressão do ciclo celular. A ciclina B promove o
desenvolvimento da fase mitótica, nomeadamente a desorganização do invólucro nuclear e a condensação
dos cromossomas.
Caso a proteólise da ciclina B de determinada célula não aconteça, é de prever que

(A) a célula não consiga completar a mitose.

(B) se verifique uma paragem do ciclo celular no período S.


(C) não se formem complexos ciclina-CDK indutores de mitose.

(D) ocorra a reorganização do invólucro nuclear.

5. Durante a transcrição da informação genética ocorre

(A) a intervenção da RNA polimerase.

(B) a formação de péptidos simples.


(C) a intervenção dos ribossomas.

(D) a adição de nucleótidos de timina.

6. Numa perspetiva darwinista, a resistência de uma determinada população de animais ao cancro poderia
ser explicada

(A) pelo aparecimento de genes que controlam o ciclo celular.


(B) pela reprodução diferencial de animais resistentes ao cancro.

(C) pela seleção natural de animais que sofreram mutações.

(D) pelo tratamento sistemático da doença num indivíduo.

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7. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de
acontecimentos na meiose.

A. Separação de bivalentes.
B. Troca recíproca de segmentos de cromatídeos.

C. Emparelhamento de cromossomas homólogos.

D. Divisão de centrómeros.
E. Formação de dois núcleos haploides.

8. Explique de que modo a exposição a determinados tipos de radiação, como os raios UV, pode contribuir
para o aumento da possibilidade de desenvolver cancro, considerando que algumas proteínas contribuem
para o controlo do ciclo celular.

FIM

COTAÇÕES

Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
I
5 5 5 5 5 5 5 5 10 50
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
II
5 5 5 5 5 5 5 5 10 50
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
III
5 5 5 5 5 5 5 15 50
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
IV
5 5 5 5 5 5 5 15 50
TOTAL 200

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 2.ª Fase | Ensino Secundário | 2017
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 14 Páginas

VERSÃO 1

Indique de forma legível a versão da prova.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Apresente as suas respostas de forma legível.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Nos termos da lei em vigor, as provas de avaliação externa são obras protegidas pelo Código do Direito de Autor e dos
Direitos Conexos. A sua divulgação não suprime os direitos previstos na lei. Assim, é proibida a utilização destas provas,
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GRUPO I

O Cotopaxi, cujo contexto tectónico está representado na Figura 1, é um vulcão andesítico, que
se localiza na cordilheira dos Andes, na América do Sul. Desde 1738, entrou em erupção mais de
cinquenta vezes. O seu cone é formado por níveis piroclásticos intercalados com níveis lávicos, tem
uma altitude de 5911 metros e o cume está coberto por neve e por gelo. Estas condições favorecem
a ocorrência de fluxos de lama, denominados lahars. Em erupções anteriores, formaram-se lahars
que percorreram grandes distâncias e escavaram vales profundos, em várias direções, a partir do
cume do vulcão.
Em 2015, após mais de 70 anos de acalmia, ocorreu uma explosão muito forte, com emissão de
uma coluna de cinzas que atingiu cerca de 8000 metros acima da cratera. No mesmo ano,
registaram-se sismos com focos situados entre 3 e 11 quilómetros de profundidade a partir do cume,
cuja magnitude variou entre 0,5 e 3,0.
Baseado em https://www.volcanodiscovery.com
(consultado em setembro de 2016)

Figura 1 – Contexto tectónico do vulcão Cotopaxi

Placa do Placa de
Pacífico Cocos

Cotopaxi

Placa

Placa
Sul - americana

0 1500 km Placa da
Antártida

Vulcão Limite da placa Sismos

Baseado em http://maps.unomaha.edu
(consultado em setembro de 2016)

1. O vulcão Cotopaxi está relacionado com um limite entre duas placas litosféricas, verificando-
-se que as rochas da placa de Nazca possuem densidade média do que as rochas da placa
Sul-americana.

(A) convergente … menor


(B) convergente … maior

(C) divergente … menor


(D) divergente … maior

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2. O Cotopaxi apresenta vulcanismo de tipo

(A) fissural e lavas com percentagem intermédia de sílica.


(B) central e lavas com baixa percentagem de sílica.

(C) fissural e lavas com baixa percentagem de sílica.


(D) central e lavas com percentagem intermédia de sílica.

3. Um dos mecanismos responsáveis pela formação do magma que alimenta o vulcão Cotopaxi é

(A) o aumento de temperatura, devido ao teor de água nas rochas.


(B) o aumento de temperatura, devido ao aumento de pressão nas rochas.
(C) a diminuição do ponto de fusão das rochas, devido ao teor de água.

(D) a diminuição do ponto de fusão das rochas, devido ao aumento de pressão.

4. As rochas formadas a partir da lava expelida pelo vulcão Cotopaxi resultaram de um arrefecimento

(A) lento e apresentam olivinas e quartzo.


(B) rápido e apresentam anfíbolas e plagióclases.

(C) lento e apresentam anfíbolas e plagióclases.

(D) rápido e apresentam olivinas e quartzo.

5. Considere as afirmações seguintes relativas a situações de risco vulcânico.

I. As erupções efusivas, geralmente, constituem maior perigo para as populações do que as erupções
explosivas.
II. A identificação de deformações na superfície do cone vulcânico permite monitorizar a atividade
vulcânica.
III. A alteração da composição e do volume das emissões fumarólicas é considerada um sinal precursor
de uma erupção.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.


(B) I é verdadeira; II e III são falsas.
(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.

(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

6. Os dados fornecidos no texto indiciam que os eventos sísmicos ocorridos em 2015 tiveram

(A) hipocentros superficiais e baixa magnitude.

(B) hipocentros profundos e elevada magnitude.


(C) hipocentros superficiais e elevada magnitude.

(D) hipocentros profundos e baixa magnitude.

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7. Faça corresponder cada uma das descrições relacionadas com a atividade vulcânica, expressas na
coluna A, à respetiva designação, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Domo vulcânico


(a) Material piroclástico, muito fragmentado, de pequenas dimensões.
(2) Escoada
(b) Estrutura arredondada resultante da consolidação de lava viscosa.
(3) Lapilli
(c) Estrutura originada pela consolidação de lavas básicas em meio
(4) Nuvem ardente
subaéreo.
(5) Pillow lava

8. Explique a formação de um lahar, na sequência de uma erupção do vulcão Cotopaxi.

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GRUPO II

Nos ecossistemas profundos associados a chaminés vulcânicas hidrotermais, a vida é possível


graças a micro-organismos, como bactérias e arqueobactérias, que constituem a base da cadeia
trófica.
A chaminé hidrotermal Torre Eiffel, situada na Crista Médio-Atlântica, junto aos Açores, é
colonizada por cerca de vinte espécies diferentes de moluscos bivalves (aparentados com os
mexilhões), como a espécie Bathymodiolus azoricus, que apresenta um sistema de transporte lacunar
e dois sistemas de nutrição. Estes moluscos utilizam órgãos filtradores, que captam partículas em
suspensão na água, e possuem brânquias com células especializadas, que alojam dois grupos de
bactérias endossimbióticas. Estas bactérias utilizam sulfuretos e metano provenientes das chaminés
como fonte de energia. Num meio onde a atividade hidrotermal pode parar de repente, este modo
duplo de nutrição permite que estes animais sejam, com frequência, os últimos sobreviventes de um
campo hidrotermal em declínio.
Baseado em J. Sarrazin, «Une vie sans lumière et sous pression»,
Les dossiers de la recherche, n.º 3, abril-maio 2013

1. As bactérias endossimbióticas referidas no texto são

(A) foto-heterotróficas.
(B) quimioautotróficas.

(C) fotoautotróficas.

(D) quimio-heterotróficas.

2. Quer na fotossíntese quer na quimiossíntese, verifica-se que

(A) o oxigénio é um subproduto do processo.


(B) há produção de matéria inorgânica.
(C) o fluxo de eletrões é gerado no cloroplasto.

(D) há fixação de carbono inorgânico.

3. De acordo com o lamarckismo, a existência de dois sistemas de nutrição nos moluscos da espécie
Bathymodiolus azoricus resultou

(A) do facto de permitir a adaptação da população.


(B) da ingestão de maiores quantidades de alimento.
(C) do esforço individual de adaptação ao ambiente.

(D) da abundância de alimento naquele ambiente.

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4. Bathymodiolus azoricus apresenta um sistema de transporte

(A) aberto e difusão direta de gases respiratórios.


(B) aberto e difusão indireta de gases respiratórios.

(C) fechado e difusão direta de gases respiratórios.

(D) fechado e difusão indireta de gases respiratórios.

5. Considere as seguintes afirmações referentes a Bathymodiolus azoricus e às bactérias que vivem nas
suas brânquias.

I. Bathymodiolus azoricus e as bactérias que vivem nas suas brânquias pertencem à mesma população.
II. Bathymodiolus azoricus e as bactérias que vivem nas suas brânquias pertencem ao mesmo nível
trófico da cadeia alimentar.
III. O DNA bacteriano apresenta maior semelhança com o DNA mitocondrial do que com o DNA nuclear
de Bathymodiolus azoricus.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.

(B) I é verdadeira; II e III são falsas.

(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.

(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

6. As enzimas que intervêm na duplicação do material genético são as

(A) RNA polimerases.


(B) DNA hidrolases.
(C) DNA polimerases.

(D) RNA hidrolases.

7. A proposta de um sistema de classificação dos seres vivos em três domínios (Bacteria, Archaea e Eukarya),
como alternativa ao sistema de classificação de Whittaker modificado, baseia-se no facto de

(A) haver maior diversidade nos eucariontes do que nos procariontes.


(B) existirem diferenças significativas entre os dois grupos de procariontes.

(C) as bactérias serem um grupo ancestral de todos os outros seres.

(D) os eucariontes terem características celulares diferentes das dos outros seres.

8. Explique a importância das bactérias sulfurosas na manutenção de ecossistemas marinhos profundos.

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GRUPO III

O petróleo, mistura de hidrocarbonetos (HC) e de não hidrocarbonetos, resulta de transformações


a partir do querogénio, a fração da matéria orgânica sedimentar que é insolúvel nos solventes
orgânicos comuns.
Até 1000 metros de profundidade e 50 °C, a matéria orgânica incorporada nos sedimentos sofre
diagénese, dando origem, consoante os ambientes de sedimentação, a diferentes tipos de
querogénio – I, II, III ou IV –, que apresentam, sucessivamente, quantidades decrescentes de
hidrogénio.
Para a determinação do potencial gerador, isto é, da quantidade de petróleo que um querogénio
é capaz de gerar, é usada a técnica de pirólise Rock-Eval. Nesta técnica, uma pequena quantidade
de rocha é submetida a temperaturas que permitem a degradação do querogénio e a geração de
hidrocarbonetos.
Na margem oeste da Península Ibérica foram colhidas amostras de rocha de diferentes formações
geológicas da Bacia Lusitânica. Os métodos utilizados para o estudo das amostras são descritos
a seguir, de forma sumária. Na Tabela 1, apresentam-se alguns resultados obtidos em três das
amostras estudadas, nas quais se identificou querogénio I-II e III-IV.

Métodos utilizados

1 – As amostras foram tratadas com ácido clorídrico.


2 – A componente não eliminada pelo ácido foi utilizada na análise do teor de carbono orgânico
total (COT) das amostras e no cálculo do seu resíduo insolúvel.
3 – Nas amostras com teores de COT superiores a 0,5%, foram quantificados o potencial gerador
e os índices de hidrogénio.

Resultados obtidos

Tabela 1

Resíduo Carbono Índice de Potencial gerador


Idade Formação
Amostra insolúvel orgânico total hidrogénio (mg HC/g
(Ma) geológica
(%) (%) (mg HC/g COT) de rocha)

Jurássico
1 superior Cabaços 14 2,8 563,9 16,0
(161-155)
Jurássico
2 inferior Pereiros 96 0,6 16,7 0,1
(199-196)

Triásico
3 Conraria 96 0,9 33,3 0,3
(228-216)

Baseado em Spigolon et al.,«Geoquímica orgânica de rochas potencialmente geradoras de petróleo no contexto evolutivo da
Bacia Lusitânica, Portugal», Boletim de Geociências – Petrobras, Vol. 19, n.os 1/2, janeiro de 2011, e em J. Gomes & F. Alves,
O Universo da Indústria Petrolífera – da pesquisa à refinação, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2011

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1. O tratamento inicial das amostras com ácido clorídrico teve como objetivo

(A) identificar a fração argilosa.


(B) eliminar o carbono orgânico.

(C) transformar o querogénio.


(D) remover o carbonato de cálcio.

2. O objetivo da investigação foi

(A) quantificar o resíduo insolúvel disponível para a geração de petróleo.


(B) compreender a evolução da zona correspondente à Bacia Lusitânica.

(C) avaliar o potencial das rochas para a geração de petróleo.

(D) identificar a origem dos sedimentos da Bacia Lusitânica.

3. Considere as seguintes afirmações, referentes às amostras estudadas.

I. As rochas da formação de Cabaços formaram-se no final do Mesozoico.


II. O resíduo insolúvel da amostra de Conraria indicia que se trata de uma rocha carbonatada.
III. A amostra da formação de Pereiros é a mais pobre em carbono orgânico.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.

(B) I é verdadeira; II e III são falsas.

(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.


(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

4. Para identificar jazigos potencialmente favoráveis à acumulação de petróleo, realizam-se


estudos .

(A) metálicos … gravimétricos

(B) metálicos … magnéticos


(C) de sal-gema …gravimétricos

(D) de sal-gema … magnéticos

5. Numa armadilha petrolífera,

(A) a água salgada encontra-se subjacente ao petróleo.

(B) os argilitos constituem boas rochas-armazém.

(C) a rocha-cobertura tem elevada permeabilidade.


(D) os granitos constituem boas rochas-mãe do petróleo.

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6. A utilização de combustíveis fósseis pelos automóveis e pelas indústrias conduz

(A) ao aumento progressivo de radiação ultravioleta.


(B) ao decréscimo da absorção da radiação infravermelha.

(C) ao decréscimo do teor de dióxido de carbono atmosférico.


(D) ao aumento progressivo do efeito de estufa.

7. A formação de carvões pode ocorrer se os restos orgânicos forem

(A) rapidamente cobertos por sedimentos em ambiente marinho.


(B) lentamente cobertos por sedimentos em ambiente marinho.

(C) lentamente cobertos por sedimentos em ambiente continental.


(D) rapidamente cobertos por sedimentos em ambiente continental.

8. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de


acontecimentos relacionados com a formação de um jazigo de petróleo.

A. Formação de querogénio.
B. Deposição de sedimentos ricos em matéria orgânica.

C. Formação de petróleo.
D. Acumulação de hidrocarbonetos na rocha-armazém.

E. Migração de hidrocarbonetos em direção à superfície.

9. Justifique a afirmação seguinte: «O querogénio do tipo I-II apresenta elevado potencial gerador».
Na sua resposta, utilize os resultados da investigação.

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GRUPO IV

Uma das estratégias utilizadas por plantas como as leguminosas na defesa contra os afídios1
é a síntese de substâncias tóxicas. Estes metabolitos secundários 2, quando hidrossolúveis, são
armazenados pelas plantas em vacúolos.
Um exemplo de um metabolito secundário é o aminoácido L-canavanina, que se acumula
sobretudo em sementes e que é estruturalmente semelhante ao aminoácido L-arginina. Nas plantas,
a L-canavanina, contrariamente à L-arginina, não é incorporada nas proteínas.
Os organismos que consomem as sementes podem incorporar o aminoácido nas suas proteínas,
no lugar da L-arginina, pois a enzima responsável pela ligação do aminoácido ao RNA de
transferência não reconhece a diferença. Alguns insetos, no entanto, desenvolveram estratégias de
defesa, pois conseguem metabolizar eficientemente estas moléculas em seu benefício ou evitar a
sua incorporação nas proteínas.
Baseado em D. Hillis et al., Principles of Life, Sunderland, Sinauer Associates, 2012

Notas:

1 afídios – insetos que se alimentam da seiva das plantas.


2 metabolitos secundários – metabolitos que não são necessários para processos celulares essenciais.

1. Os tRNA que transportam a L-canavanina e a L-arginina têm

(A) os mesmos anticodões.

(B) diferentes tipos de estruturas.


(C) os mesmos codões.
(D) diferentes tipos de nucleótidos.

2. Refira a etapa da síntese proteica em que poderá ocorrer a incorporação da L-canavanina.

3. A incorporação da L-canavanina em polipéptidos pelos insetos originará

(A) proteínas que não podem incluir L-arginina.


(B) proteínas com uma estrutura modificada.

(C) proteínas com um maior número de aminoácidos.

(D) proteínas idênticas às proteínas com L-arginina.

4. Os afídios a seiva que circula nos vasos da planta.

(A) absorvem … floémicos


(B) ingerem … xilémicos

(C) absorvem … xilémicos


(D) ingerem … floémicos

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5. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de
acontecimentos que permitem a acumulação de substâncias de reserva, a partir da síntese de matéria
orgânica.

A. Aumento da pressão osmótica no floema.


B. Translocação floémica.
C. Formação de sacarose.
D. Saída de compostos orgânicos do floema.
E. Transporte ativo de dissacarídeos para o floema.
F.

6. As leguminosas estabelecem relações de simbiose com bactérias fixadoras de nitrogénio, que é necessário
para a síntese

(A) de glúcidos e de ácidos gordos.


(B) de proteínas e de ácidos nucleicos.

(C) de proteínas e de ácidos gordos.

(D) de glúcidos e de ácidos nucleicos.

7. Se as células das leguminosas forem colocadas em meio hipotónico,

(A) os metabolitos tóxicos ficarão menos diluídos, e a célula ficará túrgida.

(B) os metabolitos tóxicos ficarão mais diluídos, e a célula ficará plasmolisada.


(C) aumentará a pressão de turgescência e aumentará o volume vacuolar.

(D) diminuirá a pressão de turgescência e diminuirá o volume vacuolar.

8. Faça corresponder cada uma das descrições relativas ao processo de produção de gâmetas pelos insetos,
expressas na coluna A, à respetiva etapa da divisão nuclear, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Anáfase I
(a) Os pontos de quiasma localizam-se no plano equatorial do fuso
acromático. (2) Anáfase II
(b) Os cromatídeos de cromossomas homólogos trocam segmentos (3) Metáfase I
entre si.
(4) Metáfase II
(c) Os centrómeros dividem-se e os cromatídeos separam-se.
(5) Prófase I

9. Explique, do ponto de vista darwinista, de que modo o desenvolvimento das populações de insetos capazes
de metabolizar o aminoácido L-canavanina foi influenciado pelo aparecimento das leguminosas.

FIM
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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2018
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

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Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Apresente as suas respostas de forma legível.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

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GRUPO I

As Galápagos, cujos contextos tectónico e geográfico estão representados na Figura 1, formam


um arquipélago, de natureza vulcânica, que tem estado em constante mudança devido quer a
erupções vulcânicas, quer à erosão. Nos últimos 200 anos, ocorreram cerca de 50 erupções, que,
por um lado, ameaçaram a flora e a fauna das ilhas e, por outro, contribuíram para a sua expansão,
através da formação de escoadas de lava, como as de lava pahoehoe, observadas na ilha de
Santiago.
Na região, existirá um hotspot, alimentado por uma pluma térmica, considerada estacionária, cuja
idade tem sido discutida. Alguns cientistas pensam que esta pluma térmica originou abundantes
rochas vulcânicas mesozoicas. Se esta hipótese for verdadeira, pode ter havido formação de ilhas
nesta zona desde há cerca de 90 milhões de anos (Ma), facto importante para a compreensão da
origem e da evolução dos animais únicos que vivem nas Galápagos.
A região é muito complexa do ponto de vista tectónico. Na margem oeste da placa Sul-americana,
regista-se elevada sismicidade, tendo ocorrido seis sismos com magnitudes superiores a 7,7 durante
o século passado. Destes, o de maior magnitude (8,8) registou-se em 1906 e terá correspondido a
uma zona de rutura com cerca de 500 km de comprimento.

6º N Oceano Pacífico

Placa de Cocos
4º N

2º N

0º Ilhas
Galápagos
Carnegie Ridge

2º S

> 7,7)
Placa
Placa de Nazca Sismos (magnitude
4º S Zona de subdução
95º W 90º W 85º W 80º W 75º W Rifte

Falha transformante
Darwin
Elevação submarina
Wolf Oceano Pacífico
Vulcões ativos
Pinta
Sentido do movimento
Marchena de placas
Genovesa

Santiago

Santa Cruz
Fernandina

San Cristóbal
Isabela
Espanhola
50 km
Floreana

Figura 1 – Contextos tectónico e geográfico das ilhas Galápagos

Baseado em www.geo.cornell.edu (consultado em outubro de 2017)


e em M. A. Gutscher et al., «Tectonic segmentation of the North Andean margin: impact of the
Carnegie Ridge collision», Earth and Planetary Science Letters, Elsevier, Vol. 168, 1999.

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1. Os vulcões da ilha Espanhola estão extintos há vários milhões de anos, pois

(A) a pluma térmica tem-se deslocado para NO.


(B) a placa de Nazca tem-se deslocado para SE.

(C) a placa de Nazca tem-se deslocado para NO.

(D) a pluma térmica tem-se deslocado para SE.

2. Analisando o contexto tectónico representado na Figura 1, pode afirmar-se que

(A) entre Carnegie Ridge e Cocos Ridge existe um limite divergente ativo.

(B) a placa Sul-americana está parcialmente a mergulhar sob a placa de Nazca.


(C) nas falhas transformantes o movimento dos blocos é predominantemente vertical.

(D) a placa de Cocos e a placa de Nazca estão a deslocar-se para norte.

3. Considere as afirmações seguintes, relativas à formação e à evolução das ilhas Galápagos.


De acordo com os dados apresentados,

I. a atividade vulcânica característica do arquipélago é essencialmente explosiva.


II. a pluma térmica das Galápagos pode estar ativa desde a Era em que viveram os dinossauros.
III. nos últimos 200 anos, ocorreu consolidação de lavas com baixa viscosidade na ilha de Santiago.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.


(B) I é verdadeira; II e III são falsas.
(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.

(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

4. De acordo com os dados apresentados no texto, é de esperar que as rochas que constituem as ilhas
Galápagos sejam

(A) melanocráticas, constituídas predominantemente por minerais máficos.

(B) leucocráticas, constituídas predominantemente por minerais félsicos.


(C) leucocráticas, constituídas predominantemente por minerais máficos.

(D) melanocráticas, constituídas predominantemente por minerais félsicos.

5. Os dados apresentados sugerem que, nas rochas das ilhas Galápagos, ocorram

(A) plagióclases cálcicas associadas a moscovite.


(B) plagióclases sódicas associadas a moscovite.
(C) plagióclases sódicas associadas a olivina.

(D) plagióclases cálcicas associadas a olivina.

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6. Uma das características que permitem classificar as plagióclases – anortite e albite – como minerais
isomorfos é o facto de

(A) apresentarem a mesma estrutura cristalina.

(B) surgirem, na natureza, na forma de cristais.

(C) terem a mesma composição química.


(D) possuírem um elevado grau de pureza.

7. No texto, os dados apresentados acerca dos sismos dizem respeito

(A) ao elevado grau de destruição verificado, de acordo com a escala de Richter.


(B) ao elevado grau de destruição verificado, de acordo com a escala de Mercalli.
(C) à elevada quantidade de energia libertada, de acordo com a escala de Richter.

(D) à elevada quantidade de energia libertada, de acordo com a escala de Mercalli.

8. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica


dos acontecimentos geológicos relacionados com a formação e a evolução de uma ilha vulcânica.
Considere as relações de causa e efeito entre os acontecimentos.

A. Erosão por ação dos agentes atmosféricos.


B. Atividade vulcânica subaérea.
C. Acumulação gradual de pillow lavas.

D. Deposição de sedimentos na zona litoral.

E. Ascensão de magma através da crusta oceânica.

9. Explique a ocorrência de sismos na margem oeste da placa Sul-americana, considerando o contexto


tectónico da região e a teoria do ressalto elástico.

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GRUPO II

Os tentilhões de Darwin, utilizados pelo naturalista para a construção da sua teoria da evolução,
são um grupo de aves de diversas espécies, pertencentes à mesma ordem, que, entre outros
aspetos, apresentam diferenças na morfologia dos bicos. Estas e outras espécies de aves terrestres
das ilhas Galápagos estão em rápido declínio, para o que terá contribuído a introdução de uma
espécie invasora – a mosca Philornis downsi. As moscas adultas põem os ovos nos ninhos das
aves. As larvas destas moscas alimentam-se do sangue e dos tecidos das crias das aves, o que
provoca redução do crescimento, deformação do bico e aumento da mortalidade.
Os cientistas observaram que, na construção dos seus ninhos, os tentilhões utilizavam fibras de
algodão retiradas de cordas dos estendais da roupa. Perante tal facto, com o intuito de contribuírem
para a minimização do problema provocado pela mosca Philornis downsi, desenvolveram o seguinte
estudo na ilha de Santa Cruz.
Métodos e resultados
1 – Foram colocados 30 dispensadores de algodão, em intervalos de 40 metros, em dois trajetos.
Metade dos dispensadores continha algodão tratado com uma solução do inseticida
permetrina a 1%, e a outra metade continha algodão tratado com água.
2 – Uma vez por semana, procuraram-se ninhos ativos na proximidade de cada um dos
dispensadores.
3 – Terminada a criação, os ninhos foram recolhidos. Quantificaram-se os parasitas, larvas de
P. downsi, em cada ninho. O algodão e os restantes materiais naturais utilizados na construção
dos ninhos foram separados e pesados. Os resultados obtidos estão representados na Figura
2A.

Para monitorizar o sucesso reprodutivo dos tentilhões, foi desenvolvido um outro procedimento.
1 – Utilizaram-se outros 37 ninhos de tentilhões localizados nas proximidades dos trajetos
anteriormente estabelecidos.
2 – Foram pulverizados 20 ninhos com solução de permetrina a 1% e 17 ninhos com água.
3 – Os ninhos tratados com inseticida não apresentavam larvas, enquanto os do outro grupo
apresentavam em média 17 parasitas. Os resultados relativos à sobrevivência das crias
(número de crias capazes de voar) estão representados na Figura 2B.
125
75 N.º total de crias monitorizadas
Algodão tratado com inseticida
Algodão tratado com água N.º de crias capazes de voar
100
Número de parasitas

50
Número de crias

75

50
25

25

0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 Ninhos tratados Ninhos tratados
com inseticida com água
Algodão/grama

Figura 2A – Número de parasitas e quantidade Figura 2B – Número total de crias monitorizadas


de algodão por ninho e número de crias capazes de voar

Baseado em S. Knutie et al., «Darwin’s finches combat introduced nest parasites with fumigated cotton»,
Current Biology, Vol. 24, n.º 9, 2014.
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1. Um dos objetivos do estudo desenvolvido foi

(A) investigar a capacidade de as aves construírem ninhos recorrendo a algodão.


(B) inventariar a quantidade de parasitas dos tentilhões existentes nas ilhas Galápagos.
(C) confirmar a eficácia do algodão tratado com água no controlo da larva da mosca.

(D) verificar se a introdução de inseticida nos ninhos pode ser feita pelas próprias aves.

2. No estudo descrito, uma das variáveis dependentes foi

(A) o trajeto onde foram colocados os dispensadores de algodão.


(B) o número de larvas de mosca contabilizadas nos ninhos recolhidos.

(C) a quantidade de inseticida no algodão existente nos dispensadores.

(D) a concentração de inseticida utilizada para pulverizar os ninhos.

3. No estudo descrito,

(A) os grupos experimentais foram tratados com inseticida em ambos os procedimentos.

(B) os grupos de controlo foram tratados com inseticida em ambos os procedimentos.

(C) o grupo de controlo foi tratado com inseticida apenas no segundo procedimento.

(D) o grupo experimental foi tratado com inseticida apenas no primeiro procedimento.

4. Os resultados registados na Figura 2A mostram que

(A) o efeito do inseticida nas larvas depende da quantidade de algodão utilizada no ninho.

(B) o uso de mais de um grama de algodão com água influencia a quantidade de parasitas presentes.
(C) a quantidade de parasitas está diretamente relacionada com a quantidade de algodão.

(D) a utilização de mais de três gramas de algodão com inseticida provoca a morte de 100% das larvas.

5. De acordo com a teoria darwinista, o efeito da espécie invasora P. downsi nas aves que parasita poderá
estar relacionado com o facto de

(A) não ter havido seleção dos indivíduos que conseguiram desenvolver resistência à larva da mosca.
(B) as populações com informação genética para a resistência ao parasita não terem sido selecionadas.

(C) as mutações não terem introduzido características que permitiriam tornar alguns tentilhões mais aptos.
(D) não ter ocorrido sobrevivência diferencial de tentilhões resistentes ao parasita, ao longo do
tempo.

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6. Os ninhos utilizados no estudo pertenciam a quatro espécies de tentilhões de Darwin: Geospiza fortis,
Geospiza fuliginosa, Camarhynchus parvulus e Platyspiza crassirostris. As afirmações seguintes dizem
respeito à taxonomia de diferentes espécies de tentilhões.

I. Camarhynchus parvulus e Platyspiza crassirostris pertencem a classes diferentes.


II. Geospiza fortis e Geospiza fuliginosa pertencem ao mesmo género.
III. Camarhynchus heliobates e Camarhynchus parvulus têm menor número de taxa em comum do que
Geospiza fortis e Platyspiza crassirostris.

(A) I é verdadeira; II e III são falsas.


(B) I e III são verdadeiras; II é falsa.
(C) II é verdadeira; I e III são falsas.

(D) II e III são verdadeiras; I é falsa.

7. A morfologia dos bicos dos tentilhões de Darwin está relacionada com pressões seletivas e,
portanto, com um processo de evolução .

(A) idênticas … divergente


(B) idênticas … convergente

(C) diferentes … divergente

(D) diferentes … convergente

8. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica


de acontecimentos que ocorrem durante o ciclo de vida de P. downsi. Inicie a ordenação pela etapa onde
se produzem células diploides.

A. Deposição de ovos.
B. Meiose.
C. Fecundação.
D. Transformação em inseto adulto.
E. Ingestão de sangue.

9. Explique de que modo os resultados registados na Figura 2B podem contribuir para desenvolver uma
solução capaz de minimizar o declínio das populações de tentilhões provocada pela P. downsi.

Na sua resposta justifique o sucesso de P. downsi, relacionado com o facto de esta ser uma espécie
invasora.

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GRUPO III

Durante os últimos estádios da génese da cadeia montanhosa Varisca, no final do Paleozoico,


formou-se uma bacia sedimentar intramontanhosa – a Bacia Carbonífera do Douro –, na qual foi
explorado carvão até ao final do século passado. Esta bacia, onde se desenvolveu um sistema
fluvial, foi sendo alimentada, essencialmente, por sedimentos provenientes de relevos próximos e
pela matéria vegetal que conduziu à formação de carvão. Para a génese deste carvão contribuíram
fenómenos de afundimento.
Atualmente, a zona onde se situa a Bacia Carbonífera do Douro, no noroeste de Portugal
continental, apresenta uma morfologia acidentada, na qual se destacam relevos de rochas
quartzíticas formados por erosão diferencial – cristas quartzíticas. Estas cristas apresentam fraturas
transversais à sua orientação.
A exploração da mina de carvão de Germunde, que decorreu entre 1795 e 1994, deu origem
a fraturas que causaram danos nas habitações e nas condutas de água e de saneamento. No século
XX, nesta mina, os materiais rejeitados foram usados no preenchimento das cavidades resultantes
da extração do carvão.
A Figura 3 representa parte da coluna estratigráfica do afloramento de Germunde, cujas unidades
estratigráficas estão representadas pelas letras A, B, C e D.

B
Carvão

Xisto

Carbonífero Arenito
A (359 Ma – 299 Ma)
Conglomerado
20 m
Brecha de base

Nota – A unidade C apresenta estratificação entrecruzada, característica de situações em que o agente de transporte dos
sedimentos tem uma direção variável.

Figura 3 – Coluna estratigráfica parcial do afloramento de Germunde

Baseado em A. Jesus, «Evolução sedimentar e tectónica da Bacia Carbonífera do Douro (Estefaniano C


inferior, NW de Portugal)», Cadernos Lab. Xeolóxico de Laxe, Vol. 28, 2003
e em www.lneg.pt (consultado em outubro de 2017).

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1. Durante a génese da cadeia montanhosa Varisca, terá ocorrido movimento

(A) convergente entre placas litosféricas e estiramento crustal.


(B) convergente entre placas litosféricas e metamorfismo regional.

(C) divergente entre placas litosféricas e espessamento crustal.


(D) divergente entre placas litosféricas e metamorfismo de contacto.

2. Atualmente, na região da Bacia Carbonífera do Douro, alguns cursos de água atravessam os quartzitos

(A) devido à porosidade destas rochas.


(B) devido à reduzida resistência à erosão destas rochas.

(C) aproveitando a fraturação destas rochas.

(D) aproveitando o comportamento dúctil destas rochas.

3. Na passagem da unidade A para a B, a granulometria dos sedimentos depositados na Bacia Carbonífera


do Douro

(A) aumentou, o que indicia uma diminuição de energia no ambiente sedimentar.


(B) aumentou, o que indicia um aumento de energia no ambiente sedimentar.

(C) diminuiu, o que indicia um aumento de energia no ambiente sedimentar.


(D) diminuiu, o que indicia uma diminuição de energia no ambiente sedimentar.

4. Os detritos angulosos e mal calibrados existentes numa brecha indiciam

(A) um curto transporte e são mais antigos do que o cimento.

(B) um longo transporte e são mais antigos do que o cimento.

(C) um curto transporte e são mais recentes do que o cimento.


(D) um longo transporte e são mais recentes do que o cimento.

5. Para a formação de carvão na Bacia Carbonífera do Douro contribuiu

(A) o afundimento da bacia, associado à diminuição da pressão litostática.


(B) o aumento da compactação, associado à perda de água.

(C) o levantamento da bacia, associado à erosão diferencial.

(D) o enriquecimento em carbono, associado à atividade de bactérias aeróbias.

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6. Considere as afirmações seguintes, referentes à coluna estratigráfica do afloramento de Germunde,
representado na Figura 3.

I. Nas unidades B e D, os leitos de carvão estão intercalados em rochas quimiogénicas.


II. A unidade C contém sedimentos que indiciam deposição em ambiente fluvial.
III. A unidade B indicia uma sedimentação em meio continental lacustre.

(A) I é verdadeira; II e III são falsas.


(B) II é verdadeira; I e III são falsas.

(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.

(D) I e III são verdadeiras; II é falsa.

7. Uma jazida constitui uma reserva se

(A) ocorrer em profundidade.

(B) acumular minério metálico.


(C) ocupar uma área reduzida.
(D) tiver viabilidade económica.

8. Faça corresponder cada uma das descrições relativas à formação de rochas sedimentares expressas na
coluna A ao respetivo processo, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Diagénese

(a) Processo que altera as características das rochas à superfície (2) Erosão
da Terra.
(3) Meteorização
(b) Acumulação de detritos por ação da gravidade.
(4) Sedimentação
(c) Transformação de sedimentos soltos em rochas sedimentares
consolidadas. (5) Transporte

9. Explique de que modo o procedimento utilizado na mina de Germunde, no século XX, contribuiu para
minimizar o risco geológico associado à destruição de bens materiais, decorrente da exploração mineira.

Prova 702.V1/1.ª F. • Página 12/ 16


GRUPO IV

Os peixes-balão pertencem a um grupo com mais de 100 espécies que inclui a espécie marinha
Arothron hispidus. Estes peixes, quando em perigo, expandem o corpo através da ingestão de água,
que bombeiam para o estômago. Esta capacidade está dependente da compressão da cavidade
bucal, da abertura e do fecho das fendas operculares e do funcionamento de uma válvula que está
localizada imediatamente atrás das mandíbulas e que impede a saída de água.
Diversas espécies de peixes-balão apresentam em alguns órgãos, como a pele, o fígado e as
glândulas sexuais, uma das toxinas mais letais que se conhecem – a tetrodotoxina (TTX) –, que,
mesmo em pequenas doses, é capaz de matar um ser humano adulto. Esta substância é produzida
por bactérias endossimbióticas que se alimentam dos nutrientes existentes no peixe. Noser humano,
a TTX condiciona o movimento de iões sódio através da membrana celular, dificultandoa propagação
elétrica do impulso nervoso. Este processo começa por causar dormência da região oral, podendo
conduzir a paralisia total e a insuficiência respiratória, por deficiente ventilação pulmonar, capaz de
provocar a morte.
Baseado em A. Gomes, et al., «Emprego terapêutico da tetrodotoxina em
organismos animais», Acta Veterinaria Brasilica, Vol. 5, n.º 4, 2011
e em http://querosaber.com.pt (consultado em setembro de 2017).

1. O modo de atuação da TTX pode estar relacionado com

(A) o bloqueio de proteínas membranares intrínsecas.

(B) a degradação de alguns neurotransmissores.

(C) o bloqueio de proteínas membranares extrínsecas.


(D) a produção de neurotransmissores disfuncionais.

2. De acordo com a informação fornecida, a TTX é capaz de causar a morte a um ser humano, porque

(A) os gases respiratórios reagem com a toxina.

(B) as superfícies respiratórias impedem a difusão de O2.


(C) os músculos respiratórios deixam de funcionar.

(D) as vias respiratórias inflamam, obstruindo a entrada de ar.

3. Quando, durante o processo de expansão do peixe-balão, após a entrada de água na boca, ocorre a
compressão da cavidade bucal, será de prever que a válvula da boca esteja e que as fendas
operculares estejam .

(A) aberta … fechadas


(B) fechada … fechadas

(C) fechada … abertas

(D) aberta … abertas

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4. Os peixes da espécie Arothron hispidus

(A) têm um meio interno hipertónico em relação ao meio externo.


(B) transportam ativamente sais minerais para o seu meio interno.
(C) eliminam o excesso de sais através de difusão.
(D) reduzem a filtração nos glomérulos, retendo água.

5. Ao contrário do que acontece na síntese proteica bacteriana, nos peixes

(A) verifica-se a transcrição do DNA.


(B) ocorre processamento do RNA.
(C) o tRNA liga-se aos aminoácidos.
(D) a tradução ocorre nos ribossomas.

6. Faça corresponder cada uma das descrições de moléculas que intervêm na síntese de toxinas proteicas
expressas na coluna A à respetiva designação, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) DNA polimerase


(a) Molécula polirribonucleotídica que contém informação para a
síntese de um péptido.
(2) DNA
(b) Molécula que contém um local específico de ligação a um
(3) RNA mensageiro
determinado aminoácido.
(4) RNA polimerase
(c) Molécula que intervém na transcrição do ácido
desoxirribonucleico.
(5) RNA de transferência

7. Explique, tendo em conta os dados apresentados, de que modo a morte de tecidos no ser humano poderá
ser devida aos efeitos da TTX sobre o sistema respiratório.

8. Mencione três diferenças entre os peixes e as bactérias endossimbióticas referidas no texto, tendo em
conta os critérios do sistema de classificação de Whittaker modificado.
Na sua resposta, indique o critério que está a considerar e as respetivas características dos seres
mencionados.

FIM

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 2.ª Fase | Ensino Secundário | 2018
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

Indique de forma legível a versão da prova.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Apresente as suas respostas de forma legível.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Nos termos da lei em vigor, as provas de avaliação externa são obras protegidas pelo Código do Direito de Autor e dos
Direitos Conexos. A sua divulgação não suprime os direitos previstos na lei. Assim, é proibida a utilização destas provas,
além do determinado na lei ou do permitido pelo IAVE, I.P., sendo expressamente vedada a sua exploração comercial.

Prova 702.V1/2.ª F. • Página 1/ 16


GRUPO I

As Selvagens são um pequeno grupo de ilhas vulcânicas pertencentes ao arquipélago da Madeira.


Estas ilhas são constituídas por dois vulcões edificados na litosfera oceânica. A sua origem ainda
é objeto de discussão, mas a hipótese mais aceite é a da existência de um hotspot associado ao
movimento lento da placa Africana sobre uma ou mais plumas térmicas.
A Selvagem Grande, a maior das ilhas, é encimada por uma zona planáltica na qual se destaca
o Pico da Atalaia, 163 m acima do atual nível médio das águas do mar. A sua coluna vulcano-
estratigráfica simplificada está representada na Figura 1. O Complexo Vulcânico Inferior, formado
em ambiente marinho, é constituído por rochas com cristais de maior dimensão incluídos numa
matriz microcristalina, que alternam com brechas e com tufos vulcânicos. As rochas deste complexo
são subsaturadas em sílica e foram datadas com base em 40Ar/39Ar. Sobre esta sequêncialitológica
assenta um complexo sedimentar que inclui rochas carbonatadas com fósseis marinhos datados do
Miocénico e rochas detríticas resultantes da erosão das rochas vulcânicas. Segue-se oComplexo
Vulcânico Superior, constituído por tufos vulcânicos e lapilli, que alternam com escoadas lávicas
essencialmente basálticas.

163 m

Complexo Vulcânico Superior


≈ 3,4 Ma

Brecha vulcânica
Conglomerados
Rochas carbonatadas do Miocénico
Superfície de abrasão marinha 80 m 13-24 Ma

Filões
8-12 Ma

24-26 Ma

Ma – milhões de anos 0m

Figura 1 – Coluna vulcano-estratigráfica da Selvagem Grande

Baseado em J. Mata et al., «O arquipélago da Madeira – As ilhas Selvagens», in R. Dias, A. Araújo,


P. Terrinha e J. C. Kullberg (Ed.), Geologia de Portugal, Vol. II, Escolar Editora, Lisboa, 2013.

Prova 702.V1/2.ª F. • Página 2/ 16


1. A hipótese mais aceite para a origem das ilhas Selvagens sugere a ascensão de magmas

(A) pobres em sílica e provenientes do manto inferior.

(B) ricos em sílica e provenientes do manto inferior.

(C) ricos em sílica e provenientes da astenosfera.


(D) pobres em sílica e provenientes da astenosfera.

2. Para a formação de magmas pode contribuir

(A) o aumento da idade de formação das rochas.


(B) o aumento da temperatura de fusão das rochas.

(C) a diminuição do teor em água das rochas.


(D) a diminuição da pressão exercida nas rochas.

3. A observação macroscópica das rochas do Complexo Vulcânico Inferior que alternam com as brechas e
com os tufos permite inferir que o magma que lhes deu origem

(A) consolidou muito lentamente.


(B) consolidou em diferentes momentos.

(C) possuía elevada viscosidade.


(D) possuía elevada percentagem de gases.

4. O Complexo Vulcânico Inferior provavelmente integra

(A) cinzas resultantes de erupções vulcânicas subaéreas.


(B) lapilli associados a magmas de elevada viscosidade.

(C) pillow lavas associadas a magmas de baixa viscosidade.

(D) lavas encordoadas resultantes de erupções subaquáticas.

5. Considerando que o período de semivida do 40Ar é 1248 milhões de anos, as rochas do Complexo
Vulcânico Inferior, comparativamente com as rochas do Complexo Vulcânico Superior, apresentam uma
razão 40Ar/39Ar

(A) menor, e em ambos os complexos esta razão é inferior a 1.


(B) menor, e em ambos os complexos esta razão é superior a 1.

(C) maior, e em ambos os complexos esta razão é inferior a 1.

(D) maior, e em ambos os complexos esta razão é superior a 1.

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6. A existência de rochas sedimentares na ilha Selvagem Grande evidencia um período de

(A) acalmia da atividade vulcânica e subsequente erosão do edifício vulcânico.

(B) intensa atividade vulcânica e subsequente construção do edifício vulcânico.

(C) levantamento crustal associado a convergência de placas litosféricas.


(D) estiramento crustal associado a divergência de placas litosféricas.

7. Considere as afirmações seguintes, referentes às rochas que constituem as ilhas Selvagens.


De acordo com os dados,

I. a idade das rochas vulcânicas foi estimada com recurso a isótopos instáveis.
II. as rochas carbonatadas são mais antigas do que os organismos fossilizados nelas contidos.
III. na datação das rochas sedimentares recorreu-se a fósseis com uma grande distribuição estratigráfica.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.


(B) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(C) I é verdadeira; II e III são falsas.

(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

8. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir parte da história geológica
da Selvagem Grande.

A. Formação de rochas sedimentares detríticas de grão grosseiro.


B. Erupções vulcânicas subaéreas.
C. Instalação de filões em estratos com fósseis miocénicos.

D. Erupções vulcânicas subaquáticas.

E. Deposição de sedimentos carbonatados.

9. Existem dados geológicos que apontam para a possibilidade de ter ocorrido levantamento crustal na ilha
Selvagem Grande.
Fundamente esta possibilidade, apresentando dois dados que a evidenciem.

Prova 702.V1/2.ª F. • Página 4/ 16


GRUPO II

A integridade dos ecossistemas aquáticos pode ser comprometida pela concentração de


nutrientes inorgânicos neles existente. Esta concentração pode ser afetada pelas descargas
agrícolas ou industriais, pela drenagem natural proveniente dos processos de lixiviação dos solos
ou de rochas, bem como por alterações climáticas.
Para avaliar o crescimento de três espécies aquáticas de microalgas de água doce, duas
unicelulares – Chlorella vulgaris e Pseudokirchneriella subcapitata – e uma colonial – Coelastrum
astroideum –, suplementaram-se meios de cultura com diferentes concentrações nutritivas de
fosfato e de nitrato e realizou-se a experiência seguinte.

Métodos e resultados

1 – Preparou-se um meio de cultura (meio I) com todos os nutrientes essenciais e em que as


concentrações de nitrato eram de 85,0 mg.L–1 e as de fosfato eram de 8,7 mg.L–1.
2 – Para avaliar o efeito da concentração de nitrato, prepararam-se outros meios de cultura, com
a mesma composição do meio I, mas em que se fez variar a concentração de nitrato.
3 – Para avaliar o efeito da concentração de fosfato, prepararam-se outros meios de cultura, com
a mesma composição do meio I, mas em que se fez variar a concentração de fosfato.
4 – As algas foram colocadas a crescer, separadamente, durante 4 dias, em cada um dos
dispositivos com os diferentes meios e sob as mesmas condições de luminosidade.
5 – Para cada tratamento (cada um com uma determinada concentração de nitrato ou de fosfato),
prepararam-se três réplicas.
6 – Todos os dispositivos foram observados e agitados diariamente.
7 – Ao fim de 4 dias, mediu-se a densidade ótica de cada suspensão celular, a qual está
diretamente relacionada com a concentração de algas no meio de cultura.

Os gráficos das Figuras 2A e 2B traduzem os resultados obtidos para cada tratamento.

C. vulgaris P. subcapitata C. astroideum

0,18 0,50 0,05


Densidade ótica (440 nm)

0,16
0,14 0,40 0,04
0,12
0,30 0,03
0,10
0,08 0,20 0,02
0,06
0,04 0,10 0,01
0,02
0,00 0,00 0,00

–1
Concentração de nitrato/mg.L

Figura 2A – Crescimento das algas em diferentes concentrações de nitrato

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C. vulgaris P. subcapitata C. astroideum

0,18 0,50 0,05


Densidade ótica (440 nm)

0,16
0,14 0,40 0,04
0,12
0,10 0,30 0,03
0,08
0,20 0,02
0,06
0,04 0,10 0,01
0,02
0,00 0,00 0,00

Concentração de fosfato/mg.L–1

Figura 2B – Crescimento das algas em diferentes concentrações de fosfato

Baseado em A. M. M. Gonçalves et al., «Alterações climáticas e biodiversidade – Que consequências


para os sistemas aquáticos?», in R. Pereira, F. Gonçalves, U. Azeiteiro, Atividades práticas
em ciência e educação ambiental – II, Edições Piaget, Lisboa, 2016.

1. Uma das variáveis dependentes em estudo é a

(A) composição em nutrientes de cada meio.


(B) luminosidade a que foram sujeitas as algas.

(C) duração da atividade experimental.


(D) concentração de células no meio.

2. Refira o valor da concentração de nitrato e o valor da concentração de fosfato no meio nutritivo utilizado
nos grupos de controlo da experiência.
Concentrações: nitrato – 85,0 mg.L–1; fosfato – 8,7 mg.L–1

3. Uma das condições que contribuiram para a fiabilidade dos resultados foi

(A) terem-se verificado grandes diferenças no crescimento das algas.


(B) as medições terem sido efetuadas ao fim de quatro dias.

(C) terem sido realizadas repetições da atividade experimental.

(D) as microalgas terem um rápido crescimento por reprodução assexuada.

4. Os resultados obtidos mostram que

(A) a multiplicação celular de C. astroideum é afetada quando a concentração de nitrato é nula.


(B) a espécie P. subcapitata é a microalga menos sensível às variações de nutrientes.
(C) a redução da concentração de nitrato é mais limitante para C. astroideum do que para P. subcapitata.

(D) a variação dos nutrientes em estudo afeta em igual proporção as diferentes microalgas.

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5. As afirmações que se seguem dizem respeito ao metabolismo das microalgas.

I. A fonte de eletrões para a produção de matéria orgânica é o dióxido de carbono.


II. Os fosfatos são necessários à síntese de nucleótidos.
III. Na fase da fotossíntese diretamente dependente da luz, ocorre fosforilação de ADP.

(A) I é verdadeira; II e III são falsas.


(B) III é verdadeira; I e II são falsas.

(C) I e II são verdadeiras; III é falsa.


(D) II e III são verdadeiras; I é falsa.

6. As microalgas utilizadas no estudo possuem, relativamente ao meio externo, uma pressão osmótica

(A) maior, o que provoca saída de água por osmose.

(B) menor, o que provoca entrada de água por osmose.


(C) maior, o que provoca entrada de água por osmose.

(D) menor, o que provoca saída de água por osmose.

7. Quanto ao modo de interação nos ecossistemas, os seres vivos utilizados na experiência são

(A) eucariontes.
(B) produtores.

(C) unicelulares.

(D) microconsumidores.

8. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de processos


que permitem às microalgas produzir energia a partir de glúcidos.

A. Formação de moléculas de ácido pirúvico.


B. Produção de CO2 na matriz mitocondrial.
C. Hidrólise de dissacarídeos.
D. Fosforilação oxidativa na cadeia respiratória.
E. Ativação da glucose.

9. Num lago onde se encontram as três espécies de algas referidas no estudo, registou-se um decréscimo
acentuado da concentração de fosfato.
Explique de que modo uma das espécies em estudo pode contribuir, com maior eficácia, para a manutenção
do ecossistema.
Na sua resposta, tenha em consideração os resultados do estudo e identifique a espécie em causa.

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GRUPO III

Na mina de fosfato de Wengan, no sudoeste da China, é explorada a Formação de Doushantuo.


Esta formação geológica inclui rochas como: (1) argilitos, com tendência para se dividirem em folhas
ou lâminas paralelamente à direção de estratificação; (2) fosforitos, rochas formadas em meio
marinho, cuja génese está relacionada com a evolução biológica, constituídas por abundantes
quantidades de fosfatos, que precipitaram juntamente com carbonato de cálcio e óxidos de ferro;
(3) rochas carbonatadas.
As rochas de Doushantuo podem ser agrupadas em dois conjuntos, a sequência inferior e a
sequência superior, ambas transgressivas e separadas, em alguns locais, por carbonatos que
sofreram carsificação.
As rochas da sequência inferior da Formação de Doushantuo, assim como outras rochas
semelhantes e contemporâneas que afloram em diversos locais do globo, registam os efeitos do fim
da glaciação Marinoana. Como consequência das mudanças climáticas associadas ao final deste
período glaciar, os processos geológicos que ocorreram na superfície descoberta dos continentes
propiciaram o aumento da quantidade de fósforo transportado pelos rios, contribuindo para o
aumento dos nutrientes disponíveis nos oceanos.
A sequência superior é conhecida pelo elevado grau de preservação e pela grande variedade de
organismos fossilizados contidos nos fosforitos.
As idades U-Pb obtidas em minerais contidos nas cinzas vulcânicas, intercaladas na Formação
de Doushantuo, indicam que a deposição desta formação ocorreu entre os 635 e os 551 milhões de
anos, antes do início do Paleozoico.
Baseado em D. Condon et al., «U-Pb Ages from the Neoproterozoic Doushantuo Formation, China»,
Science, Vol. 308, 2005
e em A. Sanches, «Fosforitos neoproterozóicos dos grupos Vazante (MG) e Una (BA):
origem, idades e correlações», Universidade Federal da Bahia, 2012.

1. De acordo com os dados, as rochas que separam as sequências inferior e superior da Formação de
Doushantuo sofreram meteorização

(A) química, por dissolução.

(B) física, pelo processo de crioclastia.


(C) química, por hidrólise.

(D) física, pela ação dos seres vivos.

2. A fossilização dos organismos descobertos na Formação de Doushantuo foi possível porque

(A) a sedimentação ocorreu num ambiente de elevado hidrodinamismo.


(B) a camada de ozono protegeu os organismos da radiação ultravioleta.

(C) a formação das rochas quimiogénicas preservou a sua morfologia.

(D) a deposição rápida de detritos finos conservou as suas características.

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3. As rochas da sequência inferior da Formação de Doushantuo evidenciam da profundidade do
mar e a deposição de sedimentos progressivamente mais .

(A) o aumento … grosseiros


(B) o aumento … finos

(C) a diminuição … finos


(D) a diminuição … grosseiros

4. Considere as afirmações seguintes, relativas à Formação de Doushantuo.

I. Os sedimentos depositaram-se no final de um período glaciar.


II. Os fósseis encontrados são de organismos marinhos.
III. A atividade vulcânica registada foi essencialmente efusiva.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.


(B) I e II são verdadeiras; III é falsa.

(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.


(D) I é verdadeira; II e III são falsas.

5. A calcite é um mineral que clivagem e que risca o gesso, pelo que a sua dureza é à
do gesso.

(A) não apresenta … inferior


(B) não apresenta … superior

(C) apresenta … inferior


(D) apresenta … superior

6. A existência de argilito na Formação de Doushantuo permite inferir que as rochas foram sujeitas

(A) a pressão litostática e a compactação.

(B) a tensões que provocaram fraturação.

(C) a metamorfismo de contacto.


(D) a processos de deformação dúctil.

7. Na exploração mineira de Wengan,

(A) os fosfatos extraídos são colocados em escombreiras.


(B) a ganga resultante tem um elevado valor económico.
(C) a tecnologia é complexa, pois as rochas são muito antigas.

(D) o recurso explorado é considerado não renovável.

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8. Faça corresponder cada uma das descrições relativas a diferentes tipos de rochas expressas na coluna
A à designação correspondente, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Argilito
(a) Rocha formada a elevadas pressões e temperaturas que faz
efervescência em contacto com os ácidos.
(2) Calcário
(b) Rocha de granulometria fina, cuja génese está associada a
(3) Fosforito
ambientes de baixo hidrodinamismo.
(4) Mármore
(c) Rocha, por vezes biogénica, formada devido à precipitação de
carbonato de cálcio.
(5) Quartzito

9. Explique de que modo os processos geológicos, que ocorreram nos continentes, associados às mudanças
climáticas do final da glaciação Marinoana poderão ter contribuído para a formação dos fosforitos e para a
grande variedade de organismos marinhos fossilizados neles contidos.

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GRUPO IV

Em 1995, dois paleontólogos chineses descobriram em rochas – fosforitos – da sequência


estratigráfica superior da Formação de Doushantuo minúsculos fósseis de forma esférica,
impecavelmente conservados que, após exame ao microscópio eletrónico, foram identificados como
fósseis de seres coloniais do género Volvox – colónia de algas verdes unicelulares cujas células
são haploides.
Estudos posteriores do mesmo estrato da sequência de Doushantuo permitiram identificar um
segundo tipo de microfósseis esferoides como sendo semelhantes a fósseis de embriões de
animais, uma vez que indiciam a existência de um padrão de divisão idêntico ao das primeiras fases
de desenvolvimento dos embriões animais da atualidade. Estes fósseis, não sendo ainda de seres
multicelulares, apresentam evidências para a diferenciação celular, com uma separação entrecélulas
reprodutoras (germinais) e soma (todo o organismo, exceto as células que desempenham função
reprodutora).
A multicelularidade terá evoluído independentemente, a partir de ancestrais distintos, em
diferentes grupos de seres, como algas verdes multicelulares, alguns fungos e animais. Para
estabelecer uma filogenia exata, contudo, é necessária a recolha de mais dados.
Baseado em D. Condon et al., «U-Pb Ages from the Neoproterozoic Doushantuo Formation, China»,
Science, Vol. 308, 2005
e em L. Chen et al., «Cell differentiation and germ-soma separation in Ediacaran animal embryo-like fossils»,
Nature 516, 2014.

1. Se fossem observadas, ao microscópio ótico, células dos dois tipos de organismos fossilizados encontrados,
o que permitiria distingui-las seria a existência de

(A) parede celular nas células do primeiro tipo de organismos.

(B) vacúolos nas células do segundo tipo de organismos.

(C) cloroplastos nas células do segundo tipo de organismos.

(D) núcleo nas células do primeiro tipo de organismos.

2. De acordo com a classificação de Whittaker modificada, a colónia do género Volvox é constituída por seres
que pertencem ao Reino

(A) Plantae.
(B) Fungi.

(C) Monera.

(D) Protista.

3. A separação entre células germinais e células somáticas num organismo pressupõe a

(A) existência de genomas diferentes nas células.


(B) independência relativamente ao meio.
(C) regulação génica ao nível da transcrição.

(D) ocorrência de mutações génicas sequenciais.

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4. Admitindo que as células germinais dos seres fossilizados descritos no texto se formariam pelo mesmo
processo de divisão celular que origina os gâmetas dos animais, classifique as afirmações seguintes.

I. As células filhas teriam a mesma ploidia que a célula-mãe.


II. Ocorreriam fenómenos de recombinação génica.
III. Verificar-se-ia uma única divisão celular.

(A) II é verdadeira; I e III são falsas.

(B) I e III são verdadeiras; II é falsa.

(C) I e II são verdadeiras; III é falsa.

(D) III é verdadeira; I e II são falsas.

5. Volvox é uma colónia de seres que apresentam um ciclo de vida , com meiose .

(A) haplonte … pré-espórica


(B) haplonte … pós-zigótica

(C) haplodiplonte … pós-zigótica

(D) haplodiplonte … pré-espórica

6. Para o estabelecimento de relações filogenéticas entre os seres vivos referidos no texto, foram utilizados
dados que podem ser considerados argumentos

(A) paleontológicos e bioquímicos.


(B) biogeográficos e bioquímicos.
(C) biogeográficos e citológicos.
(D) paleontológicos e citológicos.

7. Explique, tendo em conta os dados, porque se pode admitir o aparecimento da multicelularidade nos seres
atuais a partir de diferentes ancestrais.

8. Refira três vantagens da multicelularidade.

FIM

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2019
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho | Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

Indique de forma legível a versão da prova.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Prova 702.V1/2.ª F. • Página 15/ 16


GRUPO I

O Haiti localiza-se na ilha La Española, na zona nordeste (NE) do mar das Caraíbas. Esta ilha,
próxima do limite em que a placa Norte-Americana é sujeita a subdução relativamente à placa das
Caraíbas, é atravessada por numerosas falhas ativas, algumas com grande extensão, como a falha
de Enriquillo-Plantain Garden (EPG). O enquadramento tectónico desta zona está representado,
esquematicamente, na Figura 1.
Em 1751, na zona de falha de Enriquillo-Plantain Garden, foi registado um sismo com magnitude
estimada de 7,5, que foi seguido, em 1770, por outro grande sismo. Ao longo de mais de dois
séculos, na zona sul do Haiti, apenas ocorreram sismos de menor magnitude, destacando-se os de
1784, 1860, 1864 e 1953.
Todavia, a 12 de janeiro de 2010, o Haiti foi atingido por um sismo de magnitude 7, que causou
cerca de 230 000 mortes. O sismo teve origem a uma profundidade de 10 km a 13 km, e o seu
epicentro localizou-se 15 km a sudoeste (SO) de Porto Príncipe, a capital do Haiti. Nos meses
seguintes, ocorreram mais de 50 réplicas de magnitude superior a 4,5.
De início, os Serviços Geológicos dos Estados Unidos referiram que a falha de EPG poderia ter
sido responsável pelo sismo ocorrido no Haiti, em 2010. No entanto, estudos mais recentes indicam
que, na origem do sismo, estiveram falhas inversas associadas a essa falha.
Baseado em: J. Bruña et al., «El Terramoto de Haiti», Enseñanza de las Ciencias de la Terra, 2011
e em: https://web.ics.purdue.edu (consultado em setembro de 2018).

72,5º O 70º O

Oceano Atlântico
Placa Norte-Americana

Cuba
N
20º N

Haiti
La Española
República
Dominicana
Porto Príncipe

Mar das Caraíbas 17, 5 º N

Placa das Caraíbas


100 km

Zona de subdução

Falha

Epicentro do terramoto de
12 janeiro de 2010, no Haiti

Sentido do movimento
da placa

Figura 1 – Enquadramento tectónico da ilha La Española

Baseado em: https://www.agenciasinc.es (consultado em setembro de 2018).

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1. A placa das Caraíbas move-se, aproximadamente, para

(A) noroeste, num contexto tectónico divergente.


(B) nordeste, num contexto tectónico divergente.
(C) nordeste, num contexto tectónico convergente.

(D) noroeste, num contexto tectónico convergente.

2. De acordo com os estudos mais recentes, o sismo ocorrido no Haiti, em 2010, resultou de um campo de
tensões

(A) distensivo, associado a uma deformação descontínua.


(B) compressivo, associado a uma deformação dúctil.

(C) distensivo, associado a uma deformação contínua.


(D) compressivo, associado a uma deformação frágil.

3. Considere as afirmações seguintes, referentes ao enquadramento tectónico da ilha La Española,


representado na Figura 1.

I. Ao longo da falha Setentrional, ocorre, predominantemente, deslizamento lateral e manutenção da


espessura crustal.
II. No movimento entre a placa das Caraíbas e a placa Norte-Americana, há afundamento de litosfera
oceânica da placa Norte-Americana.
III. Os sismos que ocorrem na zona de subdução apresentam, tendencialmente, hipocentros mais
profundos de sul para norte.

(A) I é verdadeira; II e III são falsas.

(B) II e III são verdadeiras; I é falsa.


(C) I e II são verdadeiras; III é falsa.

(D) III é verdadeira; I e II são falsas.

4. Os contextos tectónicos semelhantes ao da zona do limite entre a placa Norte-Americana e a placa das
Caraíbas são ambientes aos quais está tipicamente associada a formação de magmas

(A) andesíticos, que, ao consolidarem em profundidade, dão origem a andesito.


(B) andesíticos, que, ao consolidarem em profundidade, dão origem a diorito.

(C) riolíticos, que, ao consolidarem em profundidade, dão origem a riólito.

(D) riolíticos, que, ao consolidarem em profundidade, dão origem a granito.

5. Para um determinado sismo, à medida que a distância ao epicentro aumenta, verifica-se um aumento

(A) da diferença de tempo de chegada das ondas S e das ondas P.

(B) da magnitude calculada para esse sismo.


(C) da amplitude das ondas sísmicas registadas nos sismogramas.
(D) da energia recebida nos diferentes locais.

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6. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de algumas
das etapas necessárias para determinar a localização do epicentro de um sismo.

A. Identificação de ondas P e de ondas S no sismograma.

B. Registo da chegada de ondas P à estação sismográfica.


C. Cruzamento de distâncias epicentrais calculadas em outras estações sismográficas.

D. Determinação da diferença entre o tempo de chegada de ondas S e de ondas P.

E. Cálculo da distância entre a estação sismográfica e o epicentro.

7. Faça corresponder cada uma das características relativas a zonas da estrutura interna da geosfera,
expressas na coluna A, à designação que as identifica, expressa na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Astenosfera
(a) Zona atravessada pelas ondas sísmicas internas, onde se
verifica uma redução da sua velocidade. (2) Crosta

(b) Zona delimitada na sua base pela descontinuidade de (3) Litosfera


Gutenberg.
(4) Mesosfera
(c) Zona segmentada em placas tectónicas.
(5) Núcleo interno

8. Com base em outros estudos realizados, nomeadamente entre 2003 e 2008, os cientistas concluíram que
a zona de falha de Enriquillo-Plantain Garden, no Haiti, poderia dar origem a um sismo de magnitude de
cerca de 7,2. Os resultados desses estudos foram apresentados em conferências geológicas e publicados
em 2008.
Explique por que razão seria expectável, para os cientistas, a ocorrência de um sismo de elevada magnitude na
zona de falha de Enriquillo-Plantain Garden, considerando o contexto tectónico da região e os dados da
sismicidade histórica.

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GRUPO II

A polinização animal é importante para a produção agrícola, em particular para a produção de


frutos e para uma parte significativa das culturas hortícolas. No entanto, a monocultura intensiva
pode ser prejudicial aos insetos, por falta de recursos florais e de locais de refúgio.
Devido à perda de habitats, ao uso de pesticidas, às alterações climáticas e às doenças, tem-se
verificado o declínio das populações de abelhas, importantes agentes polinizadores.
Realizou-se um estudo em campos de cultura intensiva de abóbora para avaliar os efeitos dos
fatores seguintes na polinização:
− disponibilidade de habitats seminaturais (plantas herbáceas não cultivadas e floresta);
− visitas de abelhas das espécies Apis mellifera e Bombus terrestris.

Foram testadas algumas hipóteses, de entre as quais se destacam as seguintes:


Hipótese 1 – o número de grãos de pólen depositados nas flores de abóbora está diretamente
relacionado com o número de visitas de Apis mellifera e de Bombus terrestris;
Hipótese 2 – o número de visitas de insetos polinizadores é mais elevado em campos adjacentes
a habitats seminaturais do que em campos adjacentes a outros campos de cultura.

Métodos e condições experimentais

1 – O estudo realizou-se em 18 campos de cultura de abóbora, Cucurbita maxima, cada um com


uma área de cerca de 3 ha.
2 – Os campos de abóbora estavam rodeados de paisagens que diferiam na quantidade relativa
de habitats seminaturais e de campos de cultivo (milho, trigo ou batata), num raio de 1 km.
3 – A temperatura média anual da região é de cerca de 11 ºC, e a precipitação média anual é de
700 mm.
4 – Foram feitas observações das visitas de insetos polinizadores e foram recolhidas amostras
de pólen ao longo de 4 trajetos em cada campo.
5 – As visitas dos polinizadores foram gravadas em vídeo, ao longo de períodos de 15 minutos,
em 3 dias de julho, durante a floração, nas horas em que os estigmas 1 estão recetivos e os
grãos de pólen estão disponíveis e são viáveis.
6 – As amostras de pólen depositado foram recolhidas nos estigmas das flores visitadas.

Resultados
Foram observadas 2100 abelhas, das quais 79% pertenciam à espécie Apis mellifera, 14%
pertenciam à espécie Bombus terrestris e 7% pertenciam a outras espécies.
Na Figura 2, constam outros resultados deste estudo.

Nota:
1 Estigmas – locais das estruturas reprodutoras femininas onde os grãos de pólen são depositados.

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A B

Número de grãos de pólen por flor feminina

Número de grãos de pólen por flor feminina


20 000 20 000

16 000 16 000

12 000 12 000

8000 8000

4000 4000

0 0
0 20 40 60 0 40 80 120
Número de visitas de Bombus terrestris Número de visitas de Apis mellifera

C D

Número de grãos de pólen por flor feminina


20 000
Número de visitas de Bombus terrestris

60
16 000

40 12 000

8000
por flor feminina

20
4000

0 0
30 50 70 90 30 50 70 90
Percentagem de campo de cultivo Percentagem de campo de cultivo
num raio de 1 km num raio de 1 km

Figura 2 – Relação entre as visitas dos polinizadores e a deposição de pólen (A e B); Relação entre a proporção
de campo de cultivo num raio de 1 km e as visitas de Bombus terrestris (C); Relação entre a proporção
de campo de cultivo num raio de 1 km e a deposição de pólen pelos diferentes polinizadores (D)

Baseado em: S. C. Pfister et al., «Dominance of cropland reduces the pollen


deposition from bumble bees», Scientific Reports, 2018.

1. As afirmações seguintes dizem respeito à interpretação dos dados apresentados na Figura 2.

I. O número de grãos de pólen depositados diminui com o aumento da percentagem de campo de cultivo
num raio de 1 km.
II. Um aumento de 10% de campo de cultivo num raio de 1 km aumenta o número de visitas de Bombus
terrestris.
III. Se houver 10% de habitats seminaturais, o número de grãos de pólen depositados é maior do que se
essa percentagem for de 50%.

(A) I é verdadeira; II e III são falsas.

(B) I e III são verdadeiras; II é falsa.


(C) II é verdadeira; I e III são falsas.

(D) II e III são verdadeiras; I é falsa.

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2. No estudo descrito, uma das variáveis dependentes foi

(A) o tipo de cultura dos diferentes campos.


(B) a percentagem de campo cultivado.

(C) a área de habitat seminatural.


(D) o número de grãos de pólen depositados.

3. O aumento da variabilidade genética e a conquista do ambiente terrestre pelos seres eucariontes


autotróficos estão associados ao predomínio da fase

(A) haploide e à união de gâmetas de plantas diferentes, da mesma espécie.


(B) diploide e à união de gâmetas de plantas diferentes, da mesma espécie.

(C) haploide e à união de gâmetas da mesma planta.

(D) diploide e à união de gâmetas da mesma planta.

4. As abelhas apresentam um sistema circulatório

(A) fechado, havendo distinção entre fluido circulante e fluido intersticial.


(B) fechado, não havendo distinção entre fluido circulante e fluido intersticial.
(C) aberto, não havendo distinção entre fluido circulante e fluido intersticial.

(D) aberto, havendo distinção entre fluido circulante e fluido intersticial.

5. Relativamente ao ciclo de vida de Cucurbita maxima, pode afirmar-se que

(A) os esporos são células com núcleo diploide.


(B) a fecundação é dependente da polinização.

(C) a meiose é pós-zigótica.

(D) o esporófito é haploide.

6. O movimento ascendente da seiva elaborada ocorre quando

(A) as reservas são armazenadas ao nível da raiz.


(B) há formação de frutos acima dos órgãos fotossintéticos.

(C) se verifica uma taxa de transpiração muito elevada.


(D) a taxa de absorção radicular supera a da transpiração foliar.

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7. Explique de que modo os resultados expressos nos gráficos A e B da Figura 2 validam a Hipótese 1,
apenas para uma das espécies.

8. Explique de que modo, em Apis mellifera, a quantidade de nutrientes e a quantidade de oxigénio que
chegam aos tecidos podem, ou não, ser afetadas por uma alteração na distribuição do fluido circulante.

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GRUPO III
O rio Guadiana nasce em Espanha e desagua no oceano Atlântico, junto a Vila Real de Santo
António. No seu percurso, entre Serpa e Mértola, atravessa o antiforma do Pulo do Lobo e a Faixa
Piritosa Ibérica, onde existem várias explorações mineiras.
No mapa da Figura 3, estão representadas as formações geológicas da Bacia Hidrográfica
do Guadiana (área drenada pelo rio Guadiana e seus afluentes). Os pontos A e B correspondem
a locais onde se recolheram amostras de sedimentos para realizar estudos sedimentológicos e
mineralógicos, visando a caracterização dos processos sedimentares que ocorreram na área e a
determinação das principais fontes dos sedimentos.
O tratamento laboratorial das amostras envolveu, entre outros procedimentos, a passagem dos
sedimentos através de um crivo com rede de 2,000 mm (diâmetro máximo dos grãos de areia) e de
um crivo com rede de 0,063 mm (diâmetro máximo das partículas de silte, cujo diâmetro é superior
ao das argilas). A fração de sedimento retida entre os dois crivos foi sujeita a novo tratamento para
separar os minerais pesados (com densidade superior a 2,9) dos minerais mais leves, comoo
quartzo e os feldspatos. Numa etapa subsequente, procedeu-se à identificação, à descrição e à
contagem dos minerais pesados transparentes com o auxílio do microscópio petrográfico, tendo-se
verificado que os grãos de piroxenas e de anfíbolas possuíam, em geral, formas angulosas ou
subangulosas, enquanto os grãos de turmalina, de andaluzite e de estaurolite tendiam a apresentar
formas roladas ou subroladas. As abundâncias relativas das diferentes espécies de minerais
pesados transparentes, que apresentam uma percentagem superior a 5% do número total de grãos
contados, estão registadas no Quadro I.

Espanha
N

++ +
+ ++ +
+
++ ++ +
+++++ ++ + ++

++ Badajoz + + + +++ + +

++ + ++ +
Mérida +
+ ++ ++ +
+++ + ++ + ++
++ +++ + +
++ + + ++
++
+ +++ + +
++ ++ + +
+ ++ + +++ + + + ++ +
+
++ +++ + + + + ++ + ++++++
+ ++ + + +++
+++ + ++ + ++
+
++
+ ++++
+

++ +
+ ++ + ++ + + Rochas sedimentares do Meso-Cenozoico
++
Serpa
Rochas do Paleozoico Superior
Mértola A (baixo grau de metamorfismo)
Rochas do pré-Câmbrico e do Paleozoico
(metamorfismo de grau variável)
Vila Real de + +
Santo António + +
+ +
Rochas plutónicas (ácidas e básicas)
B
Gabros do maciço de Beja

Ofiolitos1 do Paleozoico
0 100 km

Limite da bacia do rio Guadiana


Nota:

1
Ofiolitos – rochas originalmente constituintes da crosta oceânica.

Figura 3 – Geologia da Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana


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Quadro I

A B
Local de recolha
Leito do rio Guadiana Foz do rio Guadiana
N.º de amostras 8 11

Anfíbolas 60,2% Anfíbolas 52,4%


Frequência relativa dos minerais Andaluzite 14,6% Andaluzite 13,1%
pesados transparentes mais
comuns Piroxenas 12,6% Piroxenas 5,9%
Granadas 5,4% Turmalina 20,4%

Baseado em: J. Cascalho e J. Reis, Os minerais pesados e a proveniência sedimentar: estudo de casos do sudoeste
da Península Ibérica, Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa;
e em: http://www.lneg.pt (consultado em outubro de 2018).

1. O estudo de sedimentologia apresentado teve como finalidade

(A) separar os minerais leves dos minerais pesados.


(B) separar os sedimentos de acordo com a sua granulometria.
(C) conhecer a origem dos sedimentos depositados no leito do rio.

(D) conhecer as rochas que afloram nas margens do rio.

2. A utilização dos dois crivos permitiu separar

(A) as areias dos sedimentos mais finos.

(B) as argilas dos restantes sedimentos estudados.

(C) os siltes dos sedimentos mais finos.


(D) os sedimentos em dois grupos granulométricos.

3. Considere as afirmações seguintes, referentes aos sedimentos estudados e à interpretação dos dados
fornecidos.

I. As piroxenas apresentam maior resistência à ação do transporte do que a andaluzite.


II. Os grãos de turmalina apresentam uma forma compatível com a sua mobilização em mais do que um
ciclo sedimentar.
III. A forma dos grãos de estaurolite indicia uma origem distante do local de recolha da amostra.

(A) I e II são verdadeiras; III é falsa.


(B) II e III são verdadeiras; I é falsa.

(C) III é verdadeira; I e II são falsas.


(D) I é verdadeira; II e III são falsas.

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4. A presença de mineralizações com valor económico na Faixa Piritosa Ibérica tem levado à realização de
trabalhos de prospeção através de métodos diretos e indiretos, respetivamente

(A) amostragem das rochas aflorantes e sondagens.


(B) geomagnetismo e reflexão sísmica.

(C) reflexão sísmica e amostragem das rochas aflorantes.


(D) sondagens e geomagnetismo.

5. As rochas magmáticas que afloram na região de Serpa são constituídas predominantemente por minerais
máficos e

(A) feldspato potássico.


(B) plagióclase cálcica.

(C) quartzo.
(D) moscovite.

6. O mineral pesado mais abundante nos sedimentos estudados apresenta clivagem. Corresponde a um
mineral

(A) ferromagnesiano, que se parte ao longo de superfícies definidas.

(B) calcossódico, que se parte de uma forma aleatória.

(C) ferromagnesiano, que se parte de uma forma aleatória.

(D) calcossódico, que se parte ao longo de superfícies definidas.

7. A andaluzite é um mineral estável em condições de baixa pressão e num intervalo relativamente amplo
de temperaturas, cuja formação está tipicamente associada a processos de metamorfismo. Deste modo,
poderá admitir-se que os cristais de andaluzite presentes nos sedimentos estudados se formaram como
resultado de um processo de

(A) metamorfismo regional de baixo grau, que afetou as rochas sedimentares do Meso-Cenozoico.

(B) metamorfismo regional de alto grau, que afetou as rochas do Paleozoico Superior.
(C) metamorfismo causado por intrusões magmáticas em rochas do Pré-Câmbrico e do Paleozoico.

(D) metamorfismo que ocorreu em rochas dos fundos oceânicos, durante o Cenozoico.

8. As rochas micaxisto e quartzito apresentam

(A) ambas textura foliada.


(B) ambas textura não foliada.

(C) textura não foliada e textura foliada, respetivamente.


(D) textura foliada e textura não foliada, respetivamente.

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9. De acordo com os dados do texto, na região do Pulo do Lobo existe uma estrutura geológica que
corresponde a uma dobra

(A) cuja concavidade está voltada para baixo.

(B) cuja concavidade está voltada para cima.

(C) cujo núcleo é ocupado pelas rochas mais antigas.


(D) cujo núcleo é ocupado pelas rochas mais recentes.

10. Explique a possível proveniência das piroxenas que constituem as amostras de sedimentos recolhidas
no local A.
Na sua resposta, refira a possível fonte principal daquele mineral, considerando os minerais predominantes
nas rochas atravessadas pelo rio Guadiana e as características morfológicas dos grãos de piroxenas.

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GRUPO IV

As plantas carnívoras constituem um grupo de plantas que vive, frequentemente, em solos


pobres em nitrogénio. As plantas capturam presas com as suas folhas, digerindo-as através da
atuação de enzimas, segregadas para o exterior, o que lhes permite suprir a carência de nitrogénio.
Recentemente, uma equipa de investigadores descobriu que a evolução para o carnivorismo,
que ocorreu independentemente em três espécies de plantas, uma asiática, uma americana e uma
australiana, dependeu de alterações nos mesmos conjuntos de genes.
Num primeiro momento, foi sequenciado o genoma de Cephalotus follicularis, uma planta da
Austrália que, como resultado da expressão diferencial de genes, tem folhas carnívoras, em forma
de jarro, e folhas planas, não carnívoras, especializadas na atividade fotossintética. A comparação
entre os genes que são transcritos nos dois tipos de folhas permitiu compreender as alterações
associadas ao carnivorismo. Percebeu-se, por exemplo, que temperaturas mais elevadas promoviam
o desenvolvimento de folhas carnívoras.
Num segundo momento, os investigadores compararam a constituição das proteínas digestivas
presentes nos fluidos digestivos de C. follicularis com a constituição das proteínas presentes em
outras duas plantas carnívoras (Nepenthes alata, asiática, e Sarracenia purpurea, americana). Os
investigadores verificaram que a substituição de alguns aminoácidos durante a evolução destas
proteínas originou, de forma independente, enzimas digestivas semelhantes.
Diversas proteínas vegetais que, nas plantas não carnívoras, constituem, por exemplo, defesas
contra fungos ou outras pragas evoluíram para proteínas digestivas, como uma quitinase capaz de
catalisar a destruição do polissacarídeo que constitui o exoesqueleto dos insetos.
Baseado em: K. Fukushima et al., «Genome of the pitcher plant Cephalotus reveals genetic
changes associated with carnivory», Nature Ecology & Evolution, Vol. 1, n.º 59, 2017.

1. De acordo com o texto, o nutriente obtido pelas plantas, através do carnivorismo, entra na constituição

(A) da celulose.
(B) dos ácidos nucleicos.

(C) do amido.

(D) dos ácidos gordos.

2. Nas plantas carnívoras, a digestão é

(A) intracorporal e extracelular.

(B) semelhante à digestão que ocorre na hidra.


(C) extracorporal e extracelular.

(D) semelhante à digestão que ocorre na planária.

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3. As folhas carnívoras e as folhas não carnívoras de Cephalotus follicularis constituem

(A) estruturas homólogas, em que foram transcritos diferentes genes.

(B) estruturas análogas, em que foram transcritos os mesmos genes.

(C) estruturas análogas, em que foram transcritos diferentes genes.

(D) estruturas homólogas, em que foram transcritos os mesmos genes.

4. Em relação às folhas de Cephalotus follicularis, podemos afirmar que

(A) o desenvolvimento dos dois tipos de folhas é independente de fatores externos.


(B) a formação de folhas carnívoras implica a utilização de um código genético diferente.
(C) as folhas planas têm menor quantidade de clorofila do que as folhas em forma de jarro.

(D) nas folhas carnívoras, os processos digestivos exigem uma intensa síntese proteica.

5. A quitinase atua facilitando a quebra de

(A) ligações peptídicas entre monossacarídeos.


(B) ligações peptídicas entre aminoácidos.
(C) ligações glucosídicas entre monossacarídeos.

(D) ligações glucosídicas entre aminoácidos.

6. De acordo com os dados do texto, a evolução das proteínas digestivas nas plantas carnívoras dos vários
continentes constitui um caso de evolução

(A) convergente, provocada por distintas pressões seletivas.


(B) condicionada pela existência de insetos ricos em nitrogénio.

(C) divergente, relacionada com a ocorrência de mutações.


(D) condicionada pela ocorrência de solos pobres em nutrientes.

7. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta dos
acontecimentos relacionados com o carnivorismo em Cephalotus follicularis. Considere as relações de
causa e efeito entre os acontecimentos.

A. Fusão de vesículas exocíticas com a membrana celular.


B. Maturação de proteínas no complexo de Golgi.
C. Absorção de nutrientes.

D. Degradação de substâncias complexas.


E. Transcrição do DNA associado à síntese de enzimas digestivas.

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8. Faça corresponder cada uma das descrições relativas à síntese de proteínas digestivas, expressas na
coluna A, à respetiva molécula, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Aminoácido
(a) Enzima que participa na transcrição da informação genética.
(2) DNA polimerase
(b) Polímero de ribonucleótidos contendo informação para a
(3) Gene
síntese de um péptido.
(4) RNA mensageiro
(c) Monómero que entra na constituição de péptidos.
(5) RNA polimerase

9. Explique, segundo a perspetiva neodarwinista, a evolução das proteínas digestivas presentes nas plantas
carnívoras a partir de proteínas vegetais existentes em plantas não carnívoras.

FIM

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 2.ª Fase | Ensino Secundário | 2019
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho | Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

Indique de forma legível a versão da prova.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

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GRUPO I
A ilha de S. Miguel, nos Açores, é constituída por diferentes regiões vulcânicas. O complexo
vulcânico das Sete Cidades, situado no extremo oeste da ilha, inclui um vulcão central constituído
por depósitos piroclásticos e por escoadas lávicas. Neste complexo, é possível reconhecer várias
outras estruturas, como é o caso do Pico das Camarinhas, do delta lávico 1 basáltico da Ponta da
Ferraria e de um domo traquítico. O domo, composto por uma rocha com um teor em sílica de
aproximadamente 66% (traquito), foi coberto por escórias basálticas durante a formação do Pico
das Camarinhas. As estruturas referidas estão representadas esquematicamente na Figura 1.
No seio das formações que constituem o delta lávico, surge uma nascente de água mineralizada,
cloretada sódica, que emerge ao nível do mar, a uma temperatura de cerca de 62 ºC. O estudo das
águas minerais do arquipélago dos Açores tem revelado que a sua composição química é muito
estável, o que permitiu estabelecer um conjunto de valores de referência que podem ser usados na
monitorização da atividade dos vulcões.
Nota:
1 Delta lávico – fluxo de lava subaérea que entra em contacto com a água.

Baseado em: A. Lima, J. Nunes e J. Brilha, «Monitoring of the Visitors Impact at Ponta da Ferraria e Pico das
Camarinhas Geosite (São Miguel Island, Azores UNESCO Global Geopark, Portugal)», Geoheritage, 2017.

25º53’ O 25º17’ O

Complexo vulcânico das Sete Cidades


37º53’

N
N

Ilha de São Miguel

0 8 km
37º41’
N

Altitude
O Pico das Camarinhas E (metros)

Escórias 200
Domo
Boca lávica

Paleocosta
Delta lávico da Traquito
Ponta da Ferraria Xenólitos2 100

Materiais do vulcão
Lava «aa» central das Sete
Cidades

0
Oceano

Basaltos

0 200 m Materiais do vulcão central das Sete Cidades

Nota:

2 Xenólitos – fragmentos de rocha estranha ao seu encaixante.

Figura 1 – Corte geológico na região da Ponta da Ferraria


Baseado em: V. Forjaz et al., Vulcão das Sete Cidades. História Natural. Um guia. Açores,
Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, Ponta Delgada, 2016.

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1. A formação do Pico das Camarinhas está relacionada com um vulcanismo

(A) primário, associado a uma região de baixo fluxo geotérmico.


(B) residual, associado a falhas do cone central do vulcão das Sete Cidades.
(C) primário, associado a um magma com características básicas.

(D) residual, associado a uma região com elevado gradiente geotérmico.

2. As escoadas de lava que deram origem ao delta lávico da Ponta da Ferraria

(A) resultaram da erupção que originou o Pico das Camarinhas e contribuíram para o recuo da linha de
costa.
(B) foram emitidas pelo vulcão do Pico das Camarinhas e contribuíram para o avanço da linha de
costa.

(C) formaram-se antes do vulcão central das Sete Cidades e contribuíram para o avanço da linha de costa.

(D) preservaram materiais do vulcão central das Sete Cidades e contribuíram para o recuo da linha de
costa.

3. O magma que originou a rocha que constitui o Pico das Camarinhas, comparado com o que originou a
rocha que constitui o domo traquítico,

(A) apresentava uma maior viscosidade.


(B) iniciou a solidificação a temperaturas mais elevadas.

(C) possuía menor percentagem de ferro e de magnésio.

(D) tinha uma maior percentagem de sílica.

4. Considere as afirmações seguintes, referentes ao complexo vulcânico das Sete Cidades.

I. A atividade vulcânica que originou este complexo teve fases alternadamente efusivas e explosivas.
II. A rocha que constitui os xenólitos da Ponta da Ferraria é mais antiga do que a rocha encaixante.
III. As rochas que formam o delta lávico da Ponta da Ferraria apresentam uma superfície lisa.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.


(B) I é verdadeira; II e III são falsas.

(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.


(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

5. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica


dos acontecimentos geológicos relacionados com a formação e a evolução do complexo das Sete Cidades.

A. Formação do Pico das Camarinhas.


B. Formação do delta lávico da Ponta da Ferraria.

C. Formação da superfície de erosão mais antiga da região.

D. Formação do vulcão central das Sete Cidades.


E. Formação de um domo de natureza traquítica.

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6. As características da água da nascente termal da Ponta da Ferraria referidas no texto estão relacionadas
com

(A) a proximidade do mar e o baixo grau geotérmico do local.

(B) o seu percurso através do basalto e o baixo grau geotérmico do local.

(C) a proximidade do mar e o alto grau geotérmico do local.


(D) o seu percurso através do basalto e o alto grau geotérmico do local.

7. Os xenólitos incorporados nas lavas da Ponta da Ferraria são provenientes do manto e correspondem a

(A) rochas melanocráticas, ricas em minerais máficos.

(B) rochas leucocráticas, ricas em minerais máficos.

(C) rochas melanocráticas, ricas em minerais félsicos.

(D) rochas leucocráticas, ricas em minerais félsicos.

8. Considerando que o Pico das Camarinhas e o domo traquítico foram alimentados pela mesma câmara
magmática, pode admitir-se que, durante o período de tempo que decorreu entre a formação destas duas
estruturas,

(A) ocorreram processos de cristalização fracionada, que originaram magmas progressivamente mais
pobres em sílica.
(B) ocorreram processos de assimilação de materiais encaixantes, que originaram magmas
progressivamente mais ácidos.
(C) na câmara magmática foram injetados magmas basálticos, que ascenderam através de fraturas.

(D) na câmara magmática foram injetados magmas ricos em sílica, que ascenderam através de fraturas.

9. Faça corresponder cada uma das manifestações de vulcanismo, expressas na coluna A, à respetiva
designação, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Caldeira
(a) Estrutura resultante da consolidação de lavas viscosas na
cratera.
(2) Cone adventício
(b) Estrutura de colapso, que se desenvolve no topo do cone
(3) Domo
vulcânico.
(4) Escoada
(c) Mistura de material piroclástico e de gases, com elevada
temperatura e grande mobilidade.
(5) Nuvem ardente

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10. Explique de que modo os valores obtidos nos parâmetros analisados na monitorização periódica da
composição química das águas minerais dos Açores podem ser usados na vigilância da atividade
vulcânica no arquipélago.
Fundamente a sua resposta com um exemplo de um parâmetro químico analisado.

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GRUPO II

A acumulação de plásticos nos oceanos constitui um problema ambiental que se tem vindo
a agravar. As tartarugas marinhas, nas várias etapas do seu ciclo de vida, correm um risco
significativo de ingestão de detritos de plástico. A ingestão destes materiais pode ter consequências
letais, em especial nos primeiros anos de vida, em que as tartarugas flutuam e se deslocam ao
sabor das correntes marinhas em direção a mar aberto. O problema é agravado pelo facto de os
animais confundirem os plásticos com os seus alimentos naturais (por exemplo, medusas – animais
que, tal como a hidra, pertencem ao filo dos Cnidários), por não conseguirem regurgitar e pelo facto
de a comida permanecer 5 a 23 dias no tubo digestivo de algumas espécies de tartarugas, o que
aumenta o risco de obstrução ou de perfuração do tubo digestivo.
Um grupo de investigadores levou a cabo um estudo que pretendeu estabelecer a relação entre
a quantidade de plástico ingerido e a probabilidade de morte, por comparação com o número de
animais cuja morte ocorreu por causas não relacionadas com a ingestão de plástico (por exemplo,
choques com embarcações ou prisão em redes de pesca).
Através da análise dos dados resultantes de 224 necropsias (exame médico para determinar a
causa da morte) e da análise dos dados de outros 706 registos de tartarugas mortas que deram à
costa, os investigadores descobriram que há 22% de risco de morte para as tartarugas que ingerem
1 detrito de plástico, enquanto a ingestão de 14 detritos aumenta esse risco para 50%.
Os dados do Quadro I indicam a percentagem de tartarugas necropsiadas em cujo tubo digestivo
havia detritos de plástico.

Quadro I

Tartarugas com plástico


N.º de
no tubo digestivo
tartarugas
necropsiadas Número Percentagem (%)

Crias 24 13 54,2

Juvenis 175 41 23,4

Subadultas 13 2 15,4

Adultas 12 2 16,7

Total 224 58 25,9

Baseado em: C. Wilcox et al., «A quantitative analysis linking sea turtle mortality
and plastic debris ingestion», Scientific Reports, 8, 2018.

1. Um dos objetivos do estudo foi

(A) estudar o regime alimentar das tartarugas marinhas.


(B) avaliar a influência da ingestão de alguns tipos de resíduos na mortalidade das tartarugas.

(C) investigar a relação entre a decomposição do plástico e a distribuição das tartarugas marinhas.

(D) determinar o número de tartarugas mortas que deram à costa.

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2. Considere as afirmações seguintes, relativas às características do grupo de referência utilizado no estudo.
De acordo com os dados apresentados,

I. o grupo de referência inclui tartarugas escolhidas aleatoriamente.


II. o grupo de referência inclui tartarugas que morreram devido ao choque com embarcações.
III. o grupo de referência inclui tartarugas de diversas idades.

(A) III é verdadeira; I e II são falsas.

(B) I é verdadeira; II e III são falsas.


(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.

(D) I e II são verdadeiras; III é falsa.

3. Os resultados do estudo permitem concluir que

(A) a apetência para a ingestão de plásticos é maior nas tartarugas do que em outras espécies.
(B) a deglutição de catorze detritos de plástico é fatal para todas as tartarugas marinhas.

(C) a quantidade de plástico ingerido pelas tartarugas aumenta a toxicidade a nível celular.
(D) a ingestão de plástico diminui a probabilidade de as tartarugas atingirem a fase reprodutora.

4. Ao contrário do que ocorre nas tartarugas, na medusa, a digestão ocorre

(A) parcialmente no interior das células.

(B) sem intervenção de enzimas.

(C) ao longo de um tubo digestivo.


(D) no interior do organismo do animal.

5. Observando-se, ao microscópio, um lote de células extraídas das tartarugas alvo do estudo, em meio de
montagem com água retirada do local onde habitam, será de esperar que

(A) a água entre nas células, pois estas são hipotónicas.

(B) a água saia das células, pois estas são hipertónicas.


(C) as células fiquem plasmolisadas, devido à saída de água.

(D) as células fiquem túrgidas, devido à entrada de água.

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6. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta de
acontecimentos relacionados com o ciclo de vida das tartarugas marinhas. Inicie a sequência pela etapa
que corresponde à produção de gâmetas.

A. Postura de ovos na praia.

B. Migração para mar aberto.

C. Formação de células haploides.

D. Acasalamento em zonas de reprodução.


E. União de células sexuais.

7. Justifique as diferenças registadas no Quadro I, relativamente à presença de plástico no tubo digestivo dos
diversos grupos de tartarugas, tendo em conta os dados fornecidos no texto.

8. As tartarugas têm um sistema circulatório semelhante ao dos anfíbios e diferente do sistema circulatório
dos mamíferos.
Compare as características morfofisiológicas do sistema circulatório das tartarugas e do sistema
circulatório dos mamíferos quanto à eficácia na obtenção de energia.

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GRUPO III

O termo anglo-saxónico shale é usado para designar as rochas sedimentares com granularidade
muito fina, dominantemente argilíticas, que apresentam fissibilidade, isto é, que se separam em
folhas delgadas paralelas à superfície de estratificação. Estas rochas têm, em muitos casos, cor
escura e podem conter gás metano (CH4), também conhecido como gás de shale1.
A formação do gás de shale está relacionada com a atividade bacteriana. Trata-se de um processo
complexo que envolve várias espécies de organismos unicelulares, como a espécie Methanosaeta
pelagica, um organismo anaeróbio pertencente ao domínio Archaea, presente nos sedimentos
marinhos.
A extração de gás metano a partir de shale só se tornou possível no final do século XX, com
o desenvolvimento do método de fracking (fraturação hidráulica), representado na Figura 2. O
método consiste em injetar, a alta pressão, grandes volumes de água misturada com areia e aditivos
químicos.
Apesar da importância que a exploração do gás de shale pode vir a assumir em termos energéticos,
económicos e políticos, várias agências norte-americanas têm advertido para os perigos ambientais
que podem resultar da utilização do método de fracking.
Em Portugal, a formação geológica de Brenha é uma das formações com potencial para a
exploração do gás de shale. Esta formação geológica resultou da deposição de sedimentos em
ambiente marinho profundo, na Bacia Lusitaniana – zona oeste da Península Ibérica.
Nota:
1 Gás de shale – muitas vezes designado como gás de xisto.

Tanques de
O gás natural flui para o exterior armazenamento
Injeção de uma mistura do furo
de areia, água e O gás natural é
Camiões A água recuperada é levada levado através de
com água produtos químicos
para estações de tratamento condutas

0 metros
Furo
A areia mantém Shale
300 as fissuras
abertas Fissura

600 Mistura de
água, areia
Furo e produtos
900 químicos

1200

1500

1800

Fissuras
2100

O furo torna-se
horizontal

Fraturação do shale devido à pressão


no interior do furo

Figura 2 – Fraturação hidráulica

Baseado em: P. Barrett, «The underground solution», in Bloomberg, Businessweek, 7 de novembro de 2011
e em: https://edu.glogster.com (consultado em setembro de 2018).
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1. A existência de gás de shale na Formação de Brenha resulta da atividade de seres que se desenvolveram

(A) na ausência de oxigénio, em ambiente de elevado hidrodinamismo.


(B) na presença de oxigénio, em ambiente de baixo hidrodinamismo.
(C) na ausência de oxigénio, em ambiente de baixo hidrodinamismo.

(D) na presença de oxigénio, em ambiente de elevado hidrodinamismo.

2. Methanosaeta pelagica é um ser

(A) procarionte, que se desenvolve em ambientes ricos em NaCl.

(B) procarionte, que se desenvolve em ambientes pobres em NaCl.

(C) eucarionte, que se desenvolve em ambientes ricos em NaCl.


(D) eucarionte, que se desenvolve em ambientes pobres em NaCl.

3. De acordo com o sistema de classificação em três domínios, os organismos incluídos no domínio Archaea
distinguem-se dos organismos dos outros domínios por apresentarem

(A) diferenças ao nível molecular.

(B) diferenças no nível de organização celular.


(C) diferenças no modo de nutrição.

(D) diferenças nas interações nos ecossistemas.

4. O gás de shale está armazenado em rochas sedimentares

(A) detríticas e permeáveis.


(B) quimiogénicas e permeáveis.
(C) quimiogénicas e impermeáveis.
(D) detríticas e impermeáveis.

5. Na Formação de Brenha, a presença de fósseis de amonites, seres contemporâneos dos dinossauros,


permite inferir,

(A) por datação relativa, que os sedimentos se depositaram no Paleozoico.


(B) por datação absoluta, que os sedimentos se depositaram no Paleozoico.
(C) por datação absoluta, que os sedimentos se depositaram no Mesozoico.

(D) por datação relativa, que os sedimentos se depositaram no Mesozoico.

6. A Bacia Lusitaniana formou-se, durante a fraturação da Pangeia, como consequência da formação de


falhas

(A) inversas, num contexto tectónico compressivo.


(B) normais, num contexto tectónico distensivo.

(C) normais, num contexto tectónico compressivo.


(D) inversas, num contexto tectónico distensivo.

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7. No processo de fracking, para criar uma zona de alta permeabilidade nas fissuras, os grãos de areia
devem ser

(A) rolados e bem calibrados.


(B) angulosos e bem calibrados.
(C) rolados e mal calibrados.
(D) angulosos e mal calibrados.

8. Ordene as expressões identificadas com as letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta de


acontecimentos relacionados com a exploração de gás de shale num determinado local.

A. Perfuração horizontal ao longo da camada com interesse económico.


B. Avaliação da presença de gás de shale em formações geológicas com potencial interesse.

C. Perfuração vertical das camadas rochosas até atingir a camada de shale.

D. Fraturação hidráulica das rochas a grandes profundidades.

E. Injeção, a elevada pressão, de uma mistura de água, areia e aditivos químicos.

9. A fraturação hidráulica pode aumentar a atividade sísmica na região onde é levada a cabo.

Faça corresponder cada uma das expressões relacionadas com a atividade sísmica, registadas na
coluna A, à respetiva designação, que consta na coluna B.

COLUNA A COLUNA B

(1) Epicentro

(a) Local, em profundidade, onde ocorre libertação de energia. (2) Hipocentro

(b) Registo das vibrações do terreno provocadas por um sismo. (3) Intensidade

(c) Parâmetro que traduz os efeitos de um sismo. (4) Magnitude

(5) Sismograma

10. A exploração intensiva de gás a partir de shale é uma solução energética que apresenta vantagens e
desvantagens.
Explique de que modo a exploração de gás de shale em larga escala poderá contribuir, a médio prazo,
para problemas ambientais relacionados com os recursos hídricos e com o aquecimento global.

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GRUPO IV

A insulina é uma hormona, codificada por um gene, que controla os níveis de glucose no sangue,
mantendo-os numa concentração adequada ao bom funcionamento do organismo.
Quando uma mãe não produz insulina em quantidade suficiente entre duas gravidezes, desenvolve
diabetes tipo 2, e o segundo filho irá crescer num ambiente gestacional onde a concentraçãode
glucose no plasma ‒ glicemia ‒ é muito elevada. Segundo Guillaume Charpentier, este filho,
relativamente ao irmão mais velho, corre um risco quatro vezes maior de se tornar diabético. Aquele
autor constata ainda que, em células de crianças nascidas de mães diabéticas, se observa a adição
de um grupo químico a alguns nucleótidos dos genes implicados na regulação da produção de
insulina, o que compromete essa regulação.
Estudos recentes têm demonstrado como os fatores ambientais ‒ alimentação, consumo de
drogas, stress, poluição atmosférica e condições climáticas ‒ influenciam a expressão dos genes,
gerando mudanças nos caracteres sem que, no entanto, ocorram mutações do DNA. Essa influência
relaciona-se com o grau de ligação de certos grupos químicos ao DNA ou às histonas (proteínas
à volta das quais o DNA se enrola para formar a cromatina), podendo conduzir à inativação ou à
ativação da transcrição dos genes. Estes mecanismos de alteração da expressão do DNA podem
ser hereditários.
Atualmente, um dos objetivos dos cientistas é identificar todos os locais do DNA em que ocorrem
modificações químicas semelhantes às descritas.
Baseado em: C. Bruyère, «Épigenétique: quand notre environnement influence nos gènes»,
Science & Univers, N.º 29, agosto de 2018.

1. Os mecanismos de alteração da expressão do DNA referidos no texto consideram-se hereditários quando


resultam de

(A) ligações de certos grupos químicos aos nucleótidos do DNA de células somáticas.
(B) modificações da sequência de aminoácidos nas histonas de células que originam gâmetas.

(C) ligações de certos grupos químicos aos nucleótidos do DNA de células que originam gâmetas.

(D) modificações da sequência de aminoácidos nas histonas de células somáticas.

2. De acordo com o texto, as mudanças nos caracteres dos indivíduos

(A) surgem devido à influência de fatores ambientais.

(B) são selecionadas por influência de fatores ambientais.

(C) ocorrem na população devido a mutações génicas.


(D) resultam de alterações no processo de tradução.

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3. A síntese de uma proteína a partir da informação de um gene resulta da

(A) replicação conservativa da informação genética.


(B) transcrição do gene para moléculas de RNA de transferência.

(C) leitura aleatória do RNA mensageiro no citoplasma.


(D) tradução da sequência de codões do RNA mensageiro processado.

4. Na utilização da glucose nas células animais, verifica-se que

(A) a glucose em excesso no organismo é transformada em amido.


(B) a glucose é degradada em reações que ocorrem em vias anabólicas.

(C) a oxidação completa da glucose ocorre em condições aeróbias.

(D) a oxidação completa da glucose implica a produção de ácido láctico.

5. A insulina, quimicamente, é um

(A) polissacarídeo.
(B) polipéptido.

(C) fosfolípido.
(D) ribonucleótido.

6. As mutações que ocorrem numa sequência de nucleótidos que codifica uma proteína

(A) podem causar modificações na estrutura dos aminoácidos.


(B) causam alterações nos mecanismos de tradução.

(C) causam alterações nos mecanismos de transcrição.


(D) podem levar à formação de diferentes proteínas.

7. A adição de um grupo químico a alguns nucleótidos pode conduzir ao aparecimento de doenças.


Explique de que modo o aparecimento da diabetes, nas condições descritas no texto, pode ser interpretado
à luz de uma nova abordagem lamarckista da evolução.

FIM
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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2020
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 15 Páginas

VERSÃO 1

A prova inclui 10 itens, devidamente identificados no enunciado, cujas respostas contribuem


obrigatoriamente para a classificação final (itens I ‒ 1., I ‒ 2., I ‒ 7., I ‒ 15.1., I ‒ 15.4., I ‒ 15.6., I ‒ 17.,
II ‒ 2., III ‒ 2. e III ‒ 7.). Dos restantes 23 itens da prova, apenas contribuem para a classificação final
os 15 itens cujas respostas obtenham melhor pontuação.

Indique de forma legível a versão da prova.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Prova 702.V1/1.ª F. • Página 1/ 15


GRUPO I
Texto 1
O Parque Natural da Arrábida (PNA), situado na zona sul da península de Setúbal, é constituído
por uma área terrestre e por uma área marinha, que se encontram representadas esquematicamente
na Figura 1A. O parque visa a proteção de valores como as grutas calcárias e o monumento natural
da Pedra da Mua. Este monumento é uma jazida de icnofósseis, constituída por pegadas de
dinossáurios, que se encontram em camadas não horizontais do Jurássico superior, depositadas na
Bacia Lusitaniana. A formação desta bacia, na margem oeste da Península Ibérica, iniciou-se no
Mesozoico e esteve associada à instalação de um rifte intracontinental, que causou a fragmentação
progressiva da Pangeia e a abertura do oceano Atlântico Norte.
No Cenozoico ocorreu o levantamento da serra da Arrábida, que resultou da deformação de
rochas do Mesozoico e do Cenozoico, devido à colisão entre as placas Eurasiática e Africana.
Durante o Oligocénico, na península de Setúbal, depositaram-se conglomerados, geralmente mal
calibrados, a que se associaram, entre outras rochas, calcários lacustres. Durante o Miocénico,
formou-se uma barreira de corais com orientação N-S, desde a zona do Seixal até à zona de Lisboa,
e a serra da Arrábida constituiu uma ilha. Há cerca de 5 milhões de anos (Ma), formou-se uma vasta
planície entre a zona de Lisboa e a serra da Arrábida, onde se instalou o sistema fluvial precursor
do rio Tejo.
A baía do Portinho da Arrábida, representada na Figura 1B, resultou de erosão diferencial que
originou duas zonas rochosas salientes, entre as quais se formou uma praia por acumulação de
sedimentos fluvio-marinhos. A exposição de rochas argilosas, na base da falésia, liberta sedimentos
de cor castanha, que turvam a água do mar.
A Figura 1C representa o corte geológico AA' (Figura 1A) que atravessa a serra da Arrábida.

A'

A'

Figura 1
Baseado em: L. Rebêlo e S. Nave, «Evolução recente da baía do Portinho da Arrábida: contributos da geologia para uma
correta gestão ambiental», in Revista da Gestão Costeira Integrada, 2018, e em R. Dias e J. Pais, «Homogeneização
da Cartografia Geológica do Cenozoico da Área Metropolitana de Lisboa», in Comunicações Geológicas, 2009.

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1. A serra da Arrábida formou-se na sequência de um regime tectónico

(A) compressivo e constituiu uma ilha durante uma fase regressiva.


(B) distensivo e constituiu uma ilha durante uma fase transgressiva.
(C) compressivo e constituiu uma ilha durante uma fase transgressiva.

(D) distensivo e constituiu uma ilha durante uma fase regressiva.

2. O levantamento da serra da Arrábida ocorreu devido

(A) à instalação de um rifte intracontinental durante o Jurássico.


(B) ao desenvolvimento de uma bacia sedimentar durante o Cretácico.
(C) à fragmentação progressiva da Pangeia durante o Oligocénico.

(D) a uma inversão do regime tectónico durante o Miocénico.

3. A rocha em que se encontram as pegadas de dinossáurios da Pedra da Mua ter-se-á formado durante o

(A) Mesozoico, num ambiente marinho profundo.


(B) Cenozoico, num ambiente próximo do litoral.

(C) Cenozoico e, posteriormente, sofreu diagénese.


(D) Mesozoico e, posteriormente, sofreu deformação.

4. A falha representada na Figura 1C, com a letra X, é

(A) inversa, com um plano de falha inclinado para noroeste.

(B) inversa, em que o muro sobe relativamente ao teto.

(C) normal, em que o teto desce relativamente ao muro.

(D) normal, com um plano de falha inclinado para sudeste.

5. De acordo com os dados, a serra da Arrábida corresponde a um

(A) antiforma, uma vez que as rochas do núcleo da dobra são do Mesozoico.
(B) anticlinal, uma vez que a concavidade da dobra está voltada para baixo.
(C) anticlinal, uma vez que as rochas do núcleo da dobra são do Mesozoico.

(D) antiforma, uma vez que a concavidade da dobra está voltada para cima.

6. A turvação da água do mar, em algumas zonas da baía do Portinho da Arrábida, deve-se à

(A) erosão da falésia, de que resulta a dispersão de detritos muito finos.

(B) meteorização das rochas que ficam expostas na base da falésia.


(C) erosão de argilitos, de que resulta a dispersão de detritos grosseiros.

(D) meteorização de argilitos que ficam expostos à abrasão marinha.

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7. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta
dos acontecimentos relacionados com a evolução da península de Setúbal.

A. Instalação da bacia fluvial precursora do rio Tejo atual.

B. Desenvolvimento de uma barreira de corais.


C. Precipitação de carbonatos em meio continental.
D. Constituição do supercontinente Pangeia.

E. Formação da Bacia Lusitaniana.

8. Associe a cada grupo de rochas apresentado na Coluna I as afirmações da Coluna II que lhe podem
corresponder. Cada um dos números deve ser associado apenas a uma letra e todos os números devem
ser utilizados.
Escreva na folha de respostas cada letra da Coluna I seguida do número ou dos números (de 1 a 9)
correspondente(s).

COLUNA I COLUNA II

(1) Resulta da recristalização de minerais a elevadas pressões.

(2) Forma-se como resultado de tensões dirigidas.

(3) Forma-se por processos de cimentação.

(a) Rocha sedimentar (4) Forma-se por contacto com uma intrusão magmática.

(b) Rocha magmática (5) Resulta da solidificação de material silicatado.

(c) Rocha metamórfica (6) Apresenta uma textura foliada.

(7) Resulta de detritos de rochas pré-existentes.

(8) Cristaliza em profundidade ou à superfície.

(9) Resulta da precipitação de sais dissolvidos na água.

9. Explique o processo de formação das grutas calcárias existentes no interior do maciço da serra da Arrábida.

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Texto 2
O Parque Marinho Professor Luiz Saldanha (PMPLS) – área marinha do Parque Natural da
Arrábida (PNA) – possui uma enorme biodiversidade, embora ao longo do tempo se tenha registado a
regressão de algumas espécies de algas castanhas (Kelp) e de plantas (ervas marinhas), resultante
da pressão humana na área. O Kelp fixa-se a substratos rochosos e cresce em direção à superfície,
formando florestas, enquanto as ervas marinhas formam pradarias, fixando-se aos fundos arenosos
com as suas raízes. As florestas de Kelp e as pradarias de ervas marinhas favorecem a dissipação
da energia das ondas e das correntes e constituem importantes zonas de proteção, de reprodução
e de alimentação para uma grande diversidade de espécies animais, como peixes e invertebrados.
Na baía do Portinho da Arrábida (Figura 1B da página 2), devido ao declínio das pradarias, foi
implementado um projeto – BIOMARES – de transplante de plantas e de libertação de sementes,
nomeadamente da espécie Zostera marina. Atualmente, verifica-se já a recuperação da pradaria,
registando-se também elevada densidade de larvas de peixes junto à costa.
Baseado em: biomares.ccmar.ualg.pt (consultado em setembro de 2019).

10. Ao longo do século XX, ocorreu uma alteração da extensão da praia do Portinho da Arrábida, como se
observa na Figura 1B (página 2).
Explique de que modo o declínio das pradarias de ervas marinhas pode ter conduzido à alteração da
extensão da praia.
Na sua resposta, deve identificar a referida alteração e o processo geológico envolvido.

11. Em relação à posição de Zostera marina na cadeia alimentar, podemos afirmar que se encontra

(A) na base, porque liberta oxigénio durante a fotossíntese.


(B) na base, porque produz matéria orgânica na fotossíntese.
(C) no topo, porque constitui a população mais numerosa.
(D) no topo, porque produz grande quantidade de biomassa.

12. Comparativamente com a reprodução sexuada, a fragmentação das algas Kelp

(A) aumenta a variabilidade genética da espécie.

(B) permite o crescimento rápido das populações.

(C) confere vantagens evolutivas às populações.

(D) possibilita melhor adaptação a novos ambientes.

13. As ervas das pradarias marinhas e os seres que formam o Kelp, de acordo com o sistema de classificação
de Whittaker modificado (1979), pertencem a reinos diferentes, porque as primeiras

(A) são organismos multicelulares.


(B) possuem células com parede celular.
(C) são organismos eucariontes.
(D) possuem maior grau de diferenciação.

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14. A recente sequenciação do genoma de Zostera marina revelou algumas das alterações evolutivas que
ocorreram durante a migração dos ancestrais destas plantas do ambiente terrestre para o marinho e a
sua adaptação a este novo ambiente, nomeadamente o desaparecimento de determinados genes e o
aparecimento de outros.

14.1. Na transcrição de um gene,

(A) a DNA polimerase liga-se a uma sequência específica da molécula de DNA.


(B) a cadeia molde de DNA que vai ser transcrita é lida na direção 5' para 3'.

(C) o mRNA transcrito apresenta adenina, por complementaridade com o uracilo.

(D) o mRNA transcrito possui uma cadeia antiparalela à cadeia molde de DNA.

14.2. Relativamente aos seus ancestrais, a sequenciação do genoma de Zostera marina revelou

(A) perda de genes responsáveis pela produção de esporos.


(B) perda de genes responsáveis pela formação de estomas.

(C) aquisição de genes responsáveis pela proteção contra a radiação UV.

(D) aquisição de genes responsáveis pela absorção de sais minerais.

14.3. Zostera marina e os seus ancestrais terrestres apresentam estruturas

(A) homólogas, coerentes com uma evolução divergente.

(B) homólogas, resultantes da mesma pressão seletiva.


(C) análogas, resultantes de diferentes pressões seletivas.

(D) análogas, coerentes com uma evolução convergente.

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15. Com o objetivo de investigar os efeitos da acidificação do oceano, decorrente da exposição a níveis
elevados de pressão parcial de CO2 (pCO2), na capacidade reprodutiva de um peixe, Gobiusculus
flavescens, que habita o PMPLS, foi realizado o estudo que a seguir se descreve.
• Em março, foi feita a recolha dos peixes, que foram imediatamente transportados para o laboratório e
transferidos para um tanque de 100 L, com circulação contínua de água do mar, permanecendo nestas
condições durante uma semana para recuperarem da captura.
• Posteriormente, os peixes foram transferidos para tanques de 35 L de capacidade, colocando-se um
casal reprodutor em cada tanque. Todos os indivíduos tinham peso e comprimento padrão.
• Todos os casais foram mantidos em condições de temperatura e de salinidade semelhantes às do
campo de recolha (≈ 16 °C e 35 PSU1), com ciclo de luz de 14 horas, e foram alimentados, duas vezes
por dia, com um pequeno crustáceo, Artemia nauplii.
• Em nove tanques, os peixes foram submetidos a pCO2 na água de ≈ 600 μatm e pH ≈ 8,05 – tratamento
controlo.
• Em outros nove tanques, os peixes foram sujeitos a pCO2 na água de ≈ 2300 μatm e pH ≈ 7,60 –
tratamento com pCO2 elevada.
• Os dezoito tanques foram cobertos com tampas de vidro. Os níveis de oxigénio foram mantidos acima
de 90% de saturação, por agitação através de uma bomba de difusão nos tanques.
• Em cada tanque instalou-se um tubo, para servir de abrigo e de local de postura, e uma maternidade
para o desenvolvimento das larvas.
• Os peixes foram mantidos nas referidas condições até à época de reprodução, que decorre de abril a
julho.
Os resultados são apresentados nos Gráficos I, II, III e IV.
Nota:
1 PSU – A Unidade de Salinidade Prática, usada em oceanografia, é determinada com base na relação entre a
condutividade elétrica da água e a sua salinidade.
Média de posturas por casal

Número de ovos por postura

Pressão parcial de CO2 (pCO2) Pressão parcial de CO2 (pCO2)


Área dos ovos (mm2)

Comprimento padrão
das larvas (mm)

Pressão parcial de CO2 (pCO2) Pressão parcial de CO2 (pCO2)

Baseado em: A.M. Faria et al., «Reproductive trade-offs in a temperate reef fish under
high pCO2 levels», in Marine Environmental Research, Elsevier, 2018.

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15.1. Os tanques foram cobertos com tampas de vidro, de modo a

(A) manter estável a temperatura da água.

(B) impedir a libertação de O2 da água para a atmosfera.

(C) limitar as trocas de CO2 da água com a atmosfera.


(D) evitar a diminuição de salinidade da água.

15.2. Habitualmente, na primavera, os peixes do PMPLS estão sujeitos às condições abióticas seguintes:

(A) pCO2 ≈ 2300 μatm e 10 horas sem luz.

(B) salinidade de 35 PSU e pH ≈ 7,60.

(C) temperatura de 16 °C e pH ≈ 8,05.

(D) 14 horas sem luz e pCO2 ≈ 600 μatm.

15.3. Apresente uma razão para o facto de os peixes terem sido recolhidos com a antecipação de um
mês relativamente ao início do estudo.

15.4. Compare os resultados do estudo relativamente aos seguintes aspetos:


– média de posturas por casal;
– comprimento das larvas.

15.5. A investigação sugere que, para a espécie estudada,

(A) a exposição a pCO2 elevada diminui a capacidade reprodutiva.

(B) as larvas que eclodem a pH mais alto sobrevivem mais tempo.

(C) a sobrevivência larvar está dependente da pCO2 e do pH.

(D) a acidificação do meio aumenta a atividade reprodutiva.

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15.6. Os peixes em cativeiro não apresentaram, durante o período reprodutivo, perda de reservas
energéticas, contrariamente ao que aconteceria no estado selvagem.
Apresente um aspeto que possa ter contribuído para tal facto.

16. Relativamente ao ciclo de vida de Gobiusculus flavescens, podemos afirmar que

(A) a meiose é pós-zigótica.

(B) os ovos são haploides.

(C) o ciclo de vida é diplonte.

(D) os gâmetas se formam por mitose.

17. Complete o texto seguinte com a opção adequada a cada espaço.


Transcreva para a folha de respostas cada uma das letras, seguida do número que corresponde à
opção selecionada. A cada letra corresponde um só número.

Os peixes possuem circulação a) e um coração com b) cavidades. Realizam

as trocas gasosas através c) e possuem d) , com digestão e) .

a) b) c)

1. dupla e completa 1. duas 1. das brânquias

2. dupla e incompleta 2. três 2. da superfície corporal


3. simples 3. quatro 3. das traqueias

d) e)

1. tubo digestivo incompleto 1. extracorporal


2. cavidade gastrovascular 2. extracelular

3. tubo digestivo completo 3. intracelular

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GRUPO II

Numa aula de Biologia e Geologia, realizou-se uma atividade com o objetivo de investigar a
influência da luz na absorção de CO2 pelas plantas aquáticas.
Em 4 tubos de ensaio (tubos 1, 2, 3 e 4), colocou-se a mesma quantidade de água gasocarbónica
e acrescentaram-se 4 gotas de solução de azul de bromotimol1 em cada tubo.
Observou-se uma coloração amarela em todos os tubos.
No tubo 1 e no tubo 4, colocou-se um fragmento de uma planta aquática – Elodea densa.
Em todos os tubos foi posta uma tampa.
Os tubos 1 e 2 foram colocados à luz, e os tubos 3 e 4 na obscuridade.
Ao fim de 48 horas registaram-se os resultados.

Nota:
1 Azul de bromotimol – indicador de pH que apresenta cor azul em meio alcalino e cor amarela em meio ácido.

1. Refira todos os tubos de controlo utilizados na atividade.

2. Preveja, justificando, os resultados obtidos ao fim de 48 horas em cada um dos tubos, relativamente
à coloração da solução de azul de bromotimol.

Prevê, justificando, os resultados obtidos relativamente à coloração da solução de azul de


bromotimol notubo 1 (A), nos tubos 2 e 3 (B) e no tubo 4 (C).
(A) No tubo 1, a solução passou de amarelo a azul, uma vez que a planta absorveu CO2 da água.

(B) Nos tubos 2 e 3 não havia nenhuma planta, logo não se realizou a fotossíntese (OU não
houvealteração na concentração de CO2), mantendo-se a coloração amarela.
(C) O tubo 4 foi mantido às escuras, logo a planta deixou de realizar a fotossíntese (OU de absorver
CO2),pelo que se manteve a coloração amarela.

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GRUPO III
A ilha de Krakatau faz parte do arco vulcânico da Indonésia, cujo enquadramento tectónico está
esquematicamente representado na Figura 2A. Em 1883 ocorreram diversas erupções do vulcão
Krakatau. No mês de agosto, uma dessas erupções provocou a morte de 36 000 pessoas, em muitos
casos devido ao tsunami gerado pelo colapso do edifício vulcânico na caldeira, situada abaixo do
nível do mar. A atividade vulcânica continuou após as erupções de 1883 e originou um novo edifício
vulcânico que ali emergiu – o Anak Krakatau («filho de Krakatau»).
Durante o ano de 2018, a monitorização por satélite e as observações no terreno mostraram que
o Anak Krakatau apresentou um elevado estado de atividade, e que os flancos sudoeste esul do
vulcão estavam a mover-se lentamente para oeste. A 30 de junho, registou-se um aumento da
atividade eruptiva que se manteve até 22 de dezembro, quando o colapso repentino dos referidos
flancos originou um tsunami que atingiu as vulneráveis costas de Sumatra e de Java, ilhas
densamente povoadas. As estações sismográficas das principais regiões de alerta de tsunamis
registaram um evento de alta frequência, apenas 115 segundos antes de os flancos colapsarem e
decapitarem o cone vulcânico.
As amostras de cinzas e de rochas recolhidas ao longo da sequência estratigráfica, resultantes
de várias erupções, permitiram estabelecer a relação entre o total de compostos alcalinos (óxidos
de sódio e de potássio) e o total de sílica, como se representa no diagrama da Figura 2B.

2A

2B
Percentagem de Na2O + K2O

Percentagem de SiO2

Figura 2
Baseado em: T. R. Walter, et al., «Complex hazard cascade culminating in the Anak Krakatau sector collapse», in Nature
Comunications, 2019, e em: anakkrakatau-krakatoa.weebly.com/plate-tectonics.html (consultado em setembro de 2019).

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1. O vulcão Anak Krakatau situa-se num limite interplacas onde ocorre

(A) destruição de litosfera oceânica.

(B) mergulho da placa Eurasiática sob a placa Indo-Australiana.


(C) manutenção da espessura crustal.

(D) predominantemente movimento lateral entre as placas.

2. De entre os seguintes acontecimentos relacionados com o sistema vulcânico de Krakatau, selecione


os que ocorreram no ano de 2018, transcrevendo para a sua folha de respostas os números romanos
correspondentes:

I. Colapso do edifício vulcânico na caldeira, situada abaixo do nível do mar.


II. Entrada no mar de uma nuvem piroclástica resultante da atividade vulcânica.
III. Movimento brusco para oeste dos flancos sudoeste e sul do vulcão.
IV. Ocorrência de um sismo associado ao colapso parcial do cone do vulcão.
V. Aumento da temperatura registada durante a monitorização, no mês de junho.

3. A análise do diagrama da Figura 2B permite inferir que

(A) o magma das erupções de 1883 era menos viscoso do que o das erupções de 2018.
(B) não existe diferença significativa na composição do magma entre 1982 e 2018.

(C) o magma anterior às erupções de 1883 era o que tinha uma temperatura mais baixa.

(D) não existem alterações na composição do magma desde as erupções de 1883.

4. De acordo com as amostras de cinzas e de rochas recolhidas, verifica-se

(A) o enriquecimento progressivo do magma em sílica.


(B) a diminuição da percentagem de compostos alcalinos ao longo do tempo.

(C) a manutenção de um padrão litológico com características basálticas.


(D) o predomínio de litologias andesíticas a riolíticas.

5. O conhecimento do interior da geosfera tem resultado da utilização de vários métodos. Consideram-se


métodos indiretos e diretos, respetivamente,

(A) a geotermia e o estudo de fragmentos do manto transportados pelos magmas.

(B) as sondagens e a análise da variação da velocidade das ondas sísmicas.


(C) a análise da variação da velocidade das ondas sísmicas e a geotermia.

(D) o estudo de fragmentos do manto transportados pelos magmas e as sondagens.

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6. As primeiras ondas sísmicas a serem registadas numa estação sismográfica

(A) são longitudinais superficiais.


(B) não se propagam em meio líquido.

(C) propagam-se em todos os meios.

(D) são transversais profundas.

7. As ilhas de Java e de Sumatra encontram-se junto a uma zona de subdução, pelo que possuem
vulcões ativos e apresentam elevado risco sísmico.
Explique, tendo em conta a localização geográfica e o historial do sistema vulcânico de Krakatau, por
que razão o Anak Krakatau é um vulcão que potencia o risco geológico nas ilhas de Java e de
Sumatra.

FIM

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 2.ª Fase | Ensino Secundário | 2020
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

A prova inclui 10 itens, devidamente identificados no enunciado, cujas respostas contribuem


obrigatoriamente para a classificação final (itens I ‒ 16.1., I ‒ 16.2., I ‒ 16.3., II ‒ 1., II ‒ 4., III ‒ 1., III
‒ 2., III ‒ 3., III ‒ 4. e III ‒ 9.). Dos restantes 23 itens da prova, apenas contribuem para a classificação
final os 15 itens cujas respostas obtenham melhor pontuação.

Indique de forma legível a versão da prova.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Prova 702.V1/2.ª F. • Página 1/ 16


GRUPO I

Texto 1
Em setembro de 2019, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) aprovou a candidatura da serra da Estrela a Geoparque Mundial.
A serra situa-se no centro-este de Portugal continental e tem orientação NE-SO. A sua formação
deverá ter ocorrido durante o Cenozoico, quando, devido ao movimento convergente das placas
Africana e Eurasiática, foram reativadas as falhas antigas da região.
Em termos litológicos, a serra é constituída por extensos afloramentos de granitos, com idade
entre 340 e 280 milhões de anos (Ma), formados no final do Paleozoico, durante a orogenia Varisca.
Estas rochas estão implantadas em xistos e metagrauvaques que derivam de uma sequência
detrítica de granularidade variável, de fácies marinha profunda, depositada há cerca de 650-500
Ma.
Durante o máximo da última glaciação (Würm), 20 000 a 18 000 anos, a serra esteve coberta por
glaciares cujos vestígios incluem vales glaciários, moreias1 e grandes blocos rochosos isolados
(blocos erráticos).
A Figura 1 representa um bloco diagrama da serra da Estrela, com a sua litologia e as falhas que
estiveram na origem da formação da serra.

Nota:
1 Moreias – acumulações de sedimentos transportados pelos glaciares.

Figura 1

Baseado em: www.cise.pt e em: N. Ferreira e G.T. Vieira, Guia Geológico e


Geomorfológico do Parque Natural da Serra da Estrela, ICN e IGM, Lisboa, 1999.

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1. A formação da serra da Estrela ocorreu devido a um regime

(A) distensivo, que reativou falhas anteriores ao Cenozoico.


(B) distensivo, associado a falhas normais.

(C) compressivo, que reativou falhas anteriores ao Cenozoico.

(D) compressivo, associado a falhas normais.

2. Na serra da Estrela, as evidências geológicas da orogenia Varisca incluem a presença de

(A) rochas intrusivas e rochas metamórficas que afloram na região.

(B) xistos e metagrauvaques formados há cerca de 650 Ma.

(C) sedimentos marinhos depositados há cerca de 300 Ma.

(D) depósitos sedimentares recentes que afloram na zona de Seia.

3. Complete o texto seguinte com a opção adequada a cada espaço.

Transcreva para a folha de respostas cada uma das letras, seguida do número que corresponde à opção
selecionada. A cada letra corresponde um só número.

Durante a glaciação Würm, ocorrida no a) , o nível médio da água do mar era b) ao

atual. Na serra da Estrela, o gelo dos glaciares erodiu os granitos, rochas c) , em cuja

constituição se identificam cristais de d) , e transportou sedimentos e) , que, após o

degelo, deixaram como vestígio as moreias que hoje se observam na serra.

a) b) c) d) e)

1. Cenozoico 1. superior 1. melanocráticas 1. olivina 1. mal calibrados

2. Mesozoico 2. inferior 2. mesocráticas 2. quartzo 2. compactados


3. Paleozoico 3. semelhante 3. leucocráticas 3. piroxena 3. rolados

4. Na serra da Estrela ocorrem filões de quartzo que se formaram a partir de um magma e


que são mais do que as rochas encaixantes.

(A) rico em cálcio ... recentes


(B) pobre em gases … antigos

(C) com elevada percentagem de sílica ... recentes

(D) com elevada percentagem de ferro … antigos

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5. Os xistos são rochas

(A) resultantes de metamorfismo de contacto de argilitos.


(B) resultantes de metamorfismo regional de arenitos.

(C) sem foliação, resultantes de metamorfismo de contacto.


(D) com foliação, resultantes de metamorfismo regional.

6. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta dos
acontecimentos relacionados com a história geológica da serra da Estrela.

A. Erosão das rochas durante o Mesozoico.

B. Ocorrência de processos de metamorfismo e de plutonismo.

C. Levantamento crustal devido à reativação de falhas antigas.

D. Deposição de sedimentos em meio marinho profundo.

E. Formação de vales glaciários e de moreias.

7. Explique a existência de afloramentos graníticos nos pontos mais elevados da serra da Estrela,
considerando a génese destas rochas e a evolução tectónica da região durante o Cenozoico.

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Texto 2
A serra da Estrela caracteriza-se por ter uma grande variedade de habitats, o que propicia uma
elevada biodiversidade, incluindo algumas espécies que aí ocorrem exclusivamente (espécies
endémicas). Salienta-se a planta Silene foetida foetida, que se desenvolve em fissuras e em
pequenas depressões das rochas, com uma distribuição restrita a esta serra, a altitudes superiores
a 1400 metros. Referem-se, também, a truta-de-rio (Salmo trutta fario) e, pela vulnerabilidade das
suas populações, a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), um anfíbio.
Outra planta existente na serra, o cardo selvagem (Cynara cardunculus), assume uma grande
importância na economia da região, uma vez que é utilizada no fabrico de queijo da serra. Esta
planta, característica de regiões mediterrânicas, desenvolve-se até 600 m de altitude, possui um
sistema radicular profundo e revela uma boa adaptação a ambientes caracterizados por elevado
stress abiótico. A flor desta planta possui diversos tipos de proteases (enzimas hidrolíticas), como
as cardosinas, que se acumulam em vacúolos, na parede celular e no espaço extracelular dos
órgãos femininos da flor.
Baseado em: www.cise.pt/pt/index.php/serra-da-estrela (consultado em setembro de 2019) e em:
M. C. Coelho, «Avaliação de populações espontâneas de cardo-do-coalho (Cynara cardunculus)
numa perspetiva de valorização da espécie», Escola Superior Agrária de Elvas, 2018.

8. Na planta Silene foetida foetida, os iões resultantes da

(A) erosão das rochas são transportados nos vasos floémicos.


(B) meteorização das rochas são transportados nos vasos xilémicos.

(C) meteorização das rochas são transportados nos vasos crivosos.


(D) erosão das rochas são transportados nos vasos lenhosos.

9. A planta Silene foetida foetida possui um ciclo de vida semelhante ao representado no esquema da Figura 2.

Figura 2

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9.1. No esquema da Figura 2, a planta adulta é representada pela letra

(A) X, e as suas células têm a mesma ploidia das células do tipo II.
(B) Z, e as suas células têm a mesma ploidia da célula do tipo I.

(C) X e resulta do desenvolvimento de um zigoto.

(D) Z e resulta da germinação de um esporo.

9.2. As células do tipo III formam-se por um processo de

(A) mitose, em que ocorre a separação de cromossomas homólogos.


(B) mitose, em que ocorre a divisão do centrómero dos cromossomas.

(C) meiose, em que ocorre a formação de duas células haploides.

(D) meiose, em que ocorre a formação de pontos de quiasma.

10. Associe aos processos de reprodução apresentados na Coluna I as características da Coluna II que lhes
podem corresponder. Cada uma das características deve ser associada apenas a uma letra e todas as
características devem ser utilizadas.
Escreva na folha de respostas cada letra da Coluna I seguida do número ou dos números (de 1 a 9)
correspondente(s).

COLUNA I COLUNA II

(1) Desenvolvimento do indivíduo adulto por mitoses sucessivas.

(2) Produção de células reprodutoras por meiose.

(3) Formação de duas células semelhantes entre si, a partir de um


organismo unicelular.

(a) Reprodução assexuada (4) Ocorrência de fenómenos de recombinação génica.

(b) Reprodução sexuada (5) Formação de novos organismos por desenvolvimento de


óvulos sem ter ocorrido fecundação.
(c) Reprodução por ambos
os processos (6) Favorecimento do rápido crescimento de uma população.

(7) Ocorrência de mutações como fonte de variabilidade.

(8) Formação de seres geneticamente iguais ao progenitor.

(9) Restauração do número de cromossomas característico da


espécie.

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11. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de
acontecimentos que conduzem à síntese e à incorporação de cardosinas na parede e no espaço
extracelular de órgãos femininos da flor de Cynara cardunculus.

A. Síntese de proteínas por ribossomas associados ao retículo endoplasmático.


B. Fusão de vesículas golgianas com a membrana citoplasmática.

C. Síntese de uma molécula de RNA pré-mensageiro.


D. Modificações pós-traducionais a nível do complexo de Golgi.

E. Migração de uma molécula de RNA mensageiro para o citoplasma.

12. Segundo uma perspetiva darwinista, a sobrevivência de Cynara cardunculus, em estado selvagem, na
serra da Estrela deve-se à

(A) necessidade de sobrevivência em regiões com elevada precipitação.


(B) reprodução diferencial de plantas resistentes a stress hídrico.

(C) ocorrência de mutações que permitiram a adaptação a solos graníticos.


(D) seleção natural de plantas adaptadas a solos pouco profundos.

13. O peixe Salmo trutta fario e o anfíbio Chioglossa lusitanica possuem tubo digestivo

(A) completo e circulação simples.


(B) incompleto e circulação dupla.
(C) completo e sistema circulatório fechado.

(D) incompleto e sistema circulatório aberto.

14. A truta-de-rio, Salmo trutta fario, e a truta-arco-íris, Onchorhynchus mykiss, esta última introduzida nas
barragens e em algumas lagoas da serra da Estrela,

(A) pertencem ao mesmo género.

(B) podem cruzar-se entre si e originar descendentes férteis.


(C) fazem parte da mesma população.
(D) têm restritivo específico trutta e mykiss, respetivamente.

15. A subespécie Silene foetida foetida é considerada em perigo de extinção na natureza, de acordo com a
União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Relacione o endemismo de Silene foetida foetida com a categoria de conservação atribuída pela UICN.
Na sua resposta, deve fazer referência à variabilidade genética desta planta.

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16. Realizou-se um estudo sobre a ação das cardosinas de Cynara cardunculus no fabrico do queijo. O
fabrico do queijo é um processo complexo, uma vez que envolve muitas etapas e várias modificações
bioquímicas interdependentes, exigindo um controlo minucioso de cada etapa, nomeadamente no que
diz respeito às condições de temperatura e de humidade relativa.
A coagulação, que visa concentrar proteínas do leite (caseínas), retendo também a gordura, é uma etapa
essencial. As cardosinas intervêm na coagulação, assim como no processo bioquímico de proteólise –
degradação das caseínas – que ocorre durante a etapa de maturação ou cura, fase de acabamento em
que as transformações são intensas e em que as características finais do queijo se desenvolvem.
O estudo analisou a influência de três ecótipos1 de Cynara cardunculus (Cynara 1, Cynara 2 eCynara
3) na degradação da as-caseína, utilizando as proteases das respetivas flores ao longo de 63 dias
de maturação. Foi utilizado, também, um agente coagulante e proteolítico animal, designado por
«Animal».
A Tabela 1 apresenta a percentagem de degradação da as-caseína ao longo de vários dias durante a
fase de maturação.

Nota:
1 Ecótipos – populações que apresentam diferenças nos seus genótipos, o que lhes permite uma melhor adaptação
aos diferentes habitats.

Tabela 1

Dia 14 Dia 21 Dia 35 Dia 49 Dia 63

Cynara 1 24,03 40,95 50,89 51,70 55,76

Cynara 2 23,65 38,08 50,19 53,31 54,99

Cynara 3 24,95 41,94 49,65 49,51 53,95

«Animal» 21,30 27,00 43,87 38,21 41,86

Baseado em: A. L. Garrido, «Efeito de três ecótipos de Cynara cardunculus L. na proteólise


do queijo de Évora ao longo da maturação», Universidade de Évora, Escola de
Ciências e Tecnologias, Departamento de Zootecnia, Évora, 2017.

16.1. A experiência pretendeu analisar se a

(A) maturação do queijo ocorre com intervenção externa.

(B) composição do leite influencia o fabrico do queijo.


(C) proteólise ocorre com qualquer tipo de coagulante.

(D) origem do coagulante influencia a maturação do queijo.

16.2. De acordo com o objetivo da experiência, uma das variáveis dependentes em estudo é

(A) a concentração de agentes coagulantes.


(B) a percentagem de degradação proteica.

(C) a humidade das câmaras.

(D) a duração da maturação.

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16.3. De entre as seguintes afirmações relacionadas com os resultados experimentais, selecione
as que estão corretas, transcrevendo para a sua folha de respostas os números romanos
correspondentes:

I. A degradação da as-caseína, usando coagulantes vegetais, é acentuada até aos 35


dias, sendo mais reduzida até ao final da maturação.
II. Dos coagulantes vegetais, Cynara 3 apresenta a menor variação de
percentagem dedegradação entre os 35 e os 49 dias de maturação.
III. No final da maturação, a quantidade de as-caseína é maior quando se utiliza coagulante
vegetal do que quando se utiliza um coagulante animal.
IV. A percentagem de degradação obtida com o coagulante animal aumenta
progressivamente até ao final da maturação.
V. Cynara 1 é o agente coagulante que possibilita uma maior maturação do queijo no período
considerado.

17. Considere o fragmento da caseína constituído pelos resíduos de aminoácidos lisina – arginina, codificados
pelos codões AAG e CGC, respetivamente. Na síntese da caseína verifica-se

(A) a transcrição de 3´ para 5´ da sequência TTCGCG.

(B) que o tRNA para a lisina possui o anticodão TTC.


(C) a migração para o citoplasma da sequência UUCGCG.

(D) que a arginina se liga a um tRNA com o anticodão CGC.

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GRUPO II

A fermentação é um dos processos metabólicos utilizados pelas leveduras, que são fungos unicelulares,
para obtenção de energia a partir de um substrato.

Para conhecer o processo fermentativo, realizou-se a seguinte experiência.


Procedimento:

1. Marcaram-se 3 garrafas térmicas com os números romanos I, II e III.


2. Prepararam-se 200 mL de suspensão de leveduras a 10% (m/V).
3. Encheram-se as garrafas I e II até ¾ da sua capacidade com uma solução de glucose a 30% (m/V), e
encheu-se a garrafa III com igual volume de água destilada.
4. Adicionaram-se às garrafas I e III 100 mL de suspensão de leveduras a 10% (m/V) e à garrafa II
100 mL de água.
5. Introduziu-se água de cal1 em 3 gobelés.
6. Montou-se um dispositivo experimental, semelhante ao representado na Figura 3, para cada uma das
garrafas, I, II e III, e registou-se a temperatura em cada garrafa.
7. Ao fim de 48 horas, registou-se:
– a temperatura do conteúdo das garrafas;
– o aspeto da água de cal.
8. Destaparam-se as garrafas, mexeu-se o respetivo conteúdo com uma vareta e registaram-se os odores
libertados.
9. Retirou-se uma gota de cada uma das suspensões das garrafas I e III, observaram-se estas gotas ao
microscópio ótico composto, com ampliação 10 × 40, e registou-se o número de células de levedura
em cada caso.

Nota:
1 Água de cal – solução de aspeto límpido, que turva na presença de CO2.

Figura 3

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1. Preveja os resultados obtidos nas garrafas I e III, comparando-os quanto a:
– quantidade relativa de leveduras;
– aspeto da água de cal;
– odor do conteúdo.

2. Na garrafa I, relativamente ao início da experiência, pode inferir-se que ocorreu

(A) descida da temperatura, resultante de reações endotérmicas.


(B) libertação de energia, resultante de reações exotérmicas.

(C) produção de oxigénio durante o processo de fosforilação oxidativa.

(D) aumento da concentração da glucose por evaporação da água.

3. Escreva a equação geral da fermentação alcoólica, utilizando as seguintes moléculas:


2 CO2
2 CH3CH2OH

C6H12O6

2 ATP
2 ADP

2 Pi

4. As leveduras podem utilizar dois processos de obtenção de energia a partir de glucose – a fermentação
e a respiração celular aeróbia.

Explique a diferença de rendimento energético entre os dois processos.

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GRUPO III
O sistema de arco vulcânico de Izu-Bonin-Mariana (IBM), no oceano Pacífico, forma-se a partir
da fusão de rochas do manto superior e da consequente subida do material fundido. No entanto,
sabe-se muito pouco acerca do processo de migração desse material e acerca do tempo necessário
para que essa migração ocorra. O enquadramento tectónico deste sistema está representado na
Figura 4.
Vários estudos efetuados, nomeadamente a análise de registos sismográficos, evidenciaram a
existência de enxames sísmicos (conjuntos de focos sísmicos) localizados em duas zonas tubulares,
praticamente verticais, no manto superior, sob o sistema de arco vulcânico de Izu-Bonin-Mariana.
Estes sismos ocorreram em períodos de um dia a um mês, durante dois anos. Os investigadores
inferiram que estes raros enxames sísmicos indiciavam a ascensão rápida de materiais fundidos e
de fluidos provenientes da desidratação da placa em subdução, que originavam ruturas no manto
superior acima desta placa. Esta ideia difere da normalmente aceite, uma vez que, nestas regiões,
a maioria dos sismos está associada a tensões mecânicas.
Na Figura 4A estão assinaladas as duas secções estudadas (AA' – secção Izu-Bonin –
e BB' – secção Mariana).
As Figuras 4B e 4C representam, em corte, a localização dos focos dos sismos sob cada uma
das secções.

4B
4A

4C

Figura 4
Baseado em: L. White et al., «Earth’s deepest earthquake swarms track fluid ascent beneath nascent arc volcanoes», in
Earth and Planetary Science Letters, Elsevier, 2019 e em: https://sp.lyellcollection.org (consultado em outubro de 2019).

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1. Os sismos que ocorreram na secção Izu-Bonin entre 1985 e 1986 resultaram de

(A) tensões criadas pela ascensão de fluidos e pelo movimento da placa em subdução.

(B) alterações químicas provocadas pela introdução de materiais hidratados na astenosfera.

(C) alterações físicas das rochas do manto superior que assumem um comportamento dúctil.

(D) tensões de natureza mecânica acumuladas ao longo de fraturas da crosta continental.

2. De acordo com os dados, nas duas secções do sistema de arco vulcânico de Izu-Bonin-Mariana, os
investigadores verificaram que

(A) a atividade sísmica que resultou diretamente da subdução de litosfera oceânica foi residual.
(B) a ascensão de materiais hidratados na secção BB' teve início a cerca de 250 km de
profundidade.

(C) a zona de rutura das rochas do manto por ascensão de fluidos apresenta um diâmetro de
200 km.
(D) a curta duração dos enxames sísmicos reflete a baixa velocidade a que os fluidos são
transportados.

3. Refira, considerando os cortes AA' e BB', a secção onde se registaram sismos com focos mais
profundos.

4. O sistema de arco vulcânico de Izu-Bonin-Mariana está associado a

(A) um limite convergente, resultante do movimento da placa do Pacífico para oeste.

(B) um limite divergente, resultante do movimento da placa do Pacífico para oeste.

(C) atividade vulcânica explosiva, resultante do movimento da placa do Pacífico para este.

(D) atividade vulcânica efusiva, resultante do movimento da placa do Pacífico para este.

5. Numa zona de subdução, comparativamente com uma zona de rifte,

(A) a litosfera oceânica apresenta menor densidade.


(B) o fluxo térmico é maior.
(C) o grau geotérmico é maior.

(D) a idade das rochas da litosfera oceânica é menor.

6. Estudos geofísicos mostram que a velocidade das ondas sísmicas

(A) aumenta quando estas atravessam a descontinuidade de Moho.

(B) aumenta quando estas passam da litosfera para a astenosfera.

(C) diminui quando estas atravessam a descontinuidade de Lehmann.

(D) diminui quando estas passam da astenosfera para a mesosfera.

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7. Uma das condições que contribui para a formação de magma é

(A) a desidratação dos minerais, que aumenta o ponto de fusão das rochas.
(B) o aumento da temperatura, que aumenta o ponto de fusão das rochas.

(C) o aumento da pressão, que diminui o ponto de fusão das rochas.


(D) a existência de água, que diminui o ponto de fusão das rochas.

8. Na zona em estudo, foram recolhidas amostras de andesito, formado a partir de um magma que, em
profundidade, poderá originar

(A) diorito.

(B) granito.

(C) gabro.

(D) riólito.

9. Justifique a elevada atividade sísmica no arquipélago do Japão.

FIM

COTAÇÕES

As pontuações obtidas Grupo


nas respostas a estes
10 itens da prova contribuem I I I II II III III III III III Subtotal
obrigatoriamente para
a classificação final. 16.1. 16.2. 16.3. 1. 4. 1. 2. 3. 4. 9.

Cotação (em pontos) 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 80


Grupo I
Destes 23 itens, contribuem 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.1. 9.2.
para a classificação final da
10. 11. 12. 13. 14. 15. 17. Subtotal
prova os 15 itens cujas respostas
obtenham melhor pontuação. Grupo II Grupo III
2. 3. 5. 6. 7. 8.
Cotação (em pontos) 15 x 8 pontos 120
TOTAL 200

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | Época Especial | Ensino Secundário | 2020
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 14 Páginas

A prova inclui 10 itens, devidamente identificados no enunciado, cujas respostas contribuem


obrigatoriamente para a classificação final (itens I ‒ 6.1., I ‒ 6.3., I ‒ 7., I ‒ 8., I ‒ 9., I ‒ 19., II ‒ 2., II ‒ 4.,
III ‒ 2. e III ‒ 7.). Dos restantes 23 itens da prova, apenas contribuem para a classificação final os 15
itens cujas respostas obtenham melhor pontuação.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

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GRUPO I
Texto 1
A Bacia Lusitaniana, localizada na orla ocidental ibérica, formou-se, durante o Mesozoico, num
contexto tectónico distensivo associado às primeiras fases de abertura do Atlântico Norte.
As unidades sedimentares mais antigas da Bacia Lusitaniana depositaram-se em ambiente fluvial
continental. Numa etapa posterior, a bacia sofreu invasões marinhas episódicas, tendo-se formado
uma sequência, conhecida por Margas de Dagorda, composta essencialmente por argilitos, por sal-
gema (principalmente NaCl) e por gesso (CaSO 4 hidratado). Seguiu-se uma etapa em que a
instalação de condições marinhas mais francas propiciou a formação de rochas predominantemente
carbonatadas (incluindo calcários). À sedimentação carbonatada sucedeu-se a deposição de
unidades predominantemente detríticas, constituídas por arenitos e argilitos.
O sal-gema e o gesso, cujas densidades são inferiores às das rochas que estão por cima,
migraram para a superfície através de falhas formando anticlinais diapíricos como o das Caldasda
Rainha, o maior diapiro salino1 aflorante na orla ocidental portuguesa. A erosão dos evaporitos deu
origem ao vale das Caldas da Rainha, uma depressão onde se individualizam, atualmente, diversas
colinas de rochas carbonatadas e alguns relevos formados por rochas ígneas intrusivas
melanocráticas.
A região das Caldas da Rainha é conhecida pelas suas águas termais. Estas águas, com origem
na precipitação atmosférica, infiltram-se através de falhas na Serra dos Candeeiros podendo atingir
1600 m de profundidade. Subterraneamente, circulam ao longo do sinclinal Alcobaça-Bombarral,
emergindo no bordo oeste desta estrutura, junto a uma falha.
Na Figura 1 está representado um corte do sinclinal Alcobaça-Bombarral, em cujos bordos se
localizam os anticlinais das Caldas da Rainha e da Fonte da Bica (Rio Maior).
Nota:
1 Diapiro salino – estrutura geológica que tem no seu núcleo rochas muito viscosas, que ascendem na crusta por serem
menos densas do que as rochas que estão por cima.

A Anticlinal diapírico das B


Caldas da Rainha
Serra dos
Anticlinal diapírico
Nascentes termais das Candeeiros
da Fonte da Bica
Caldas da Rainha (Rio Maior)

Rochas detríticas com fósseis de


plantas e de dinossáurios
Calcários e margas

Margas Rochas Rochas do Rochas do


carbonatadas Paleozoico Paleozoico
Calcários
Sinclinal
Margas de Dagorda Alcobaça-Bombarral

Direção do movimento das margas e dos depósitos evaporíticos


Figura 1

Baseado em: J. Kullberg, Evolução tectónica Mesozóica da Bacia Lusitaniana, Lisboa, 2000,
e em: J. Marques et al., «Contribuição de traçadores geoquímicos e isotópicos para a
avaliação das águas termais das Caldas da Rainha», LNEG, 2012.

Prova 702/E. Especial • Página 2/ 14


1. No sinclinal Alcobaça-Bombarral, a transição da unidade das Margas de Dagorda para a unidade que lhe
está por cima reflete

(A) uma transgressão e a deposição de sedimentos em meio marinho.

(B) uma transgressão e a deposição de sedimentos em meio continental.

(C) uma regressão e a deposição de sedimentos em meio marinho.


(D) uma regressão e a deposição de sedimentos em meio continental.

2. Relativamente às características geológicas do vale das Caldas da Rainha, pode referir-se que

(A) as Margas de Dagorda se formaram num contexto tectónico compressivo.


(B) este está instalado em formações, essencialmente, de origem magmática.

(C) os relevos constituídos por gabro são o resultado de erosão diferencial.

(D) este resulta de uma estrutura cujo núcleo é formado por rochas mais recentes.

3. A formação do anticlinal das Caldas da Rainha está associada

(A) ao comportamento frágil das rochas evaporíticas e a movimentos de subsidência.


(B) à ascensão das rochas evaporíticas, que apresentam baixa densidade.

(C) à génese das rochas evaporíticas, num contexto climático frio e húmido.
(D) ao afundimento das rochas evaporíticas devido à pressão litostática.

4. A estrutura Alcobaça-Bombarral é

(A) um antiforma, em que os sedimentos da formação mais recente se depositaram no Mesozoico.


(B) um antiforma, em que os sedimentos da formação mais recente se depositaram no Cenozoico.

(C) um sinforma, em que os sedimentos da formação mais recente se depositaram no Cenozoico.


(D) um sinforma, em que os sedimentos da formação mais recente se depositaram no Mesozoico.

5. As águas mineralizadas das Termas das Caldas da Rainha são classificadas quimicamente como sulfurosas
cloretadas sódicas e emergem, na nascente, a uma temperatura aproximada de 33 ºC.
Justifique as características das águas das Termas das Caldas da Rainha.

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6. Numa aula de Biologia e Geologia, os alunos realizaram a atividade experimental que a seguir se descreve.

Procedimento
• numeraram-se quatro tubos de ensaio;
• no tubo 1 colocou-se água destilada;
• no tubo 2 colocaram-se água destilada e calcite reduzida a pó;
• nos tubos 3 e 4 colocaram-se água gasocarbónica e calcite reduzida a pó;
• agitaram-se os tubos com uma vareta;
• ao fim de 60 minutos, aqueceu-se o tubo 4;
• as quantidades de água destilada e de água gasocarbónica usadas foram iguais em todos os tubos. A
quantidade de calcite utilizada foi igual em todos os tubos.
Os resultados obtidos apresentam-se, simplificadamente, na Tabela 1.

Tabela 1

TUBOS 1 2 3 4

Aspeto inicial
após agitação Límpido Turvo (+++) Turvo (+++) Turvo (+++)
com a vareta

Resultados Límpido Turvo (++) Turvo (+) Turvo (+)


ao fim de 60 formação de
minutos um depósito

Turvo (++)
Resultados após
aquecimento formação de
um precipitado
(+) Nível de turvação (calcite/carbonato de cálcio em suspensão)

6.1. A partir desta experiência, pode inferir-se que

(A) a solubilidade da calcite é maior quando o pH é maior.


(B) o depósito formado no tubo 2 apresenta uma cor escura.

(C) a calcite, em água destilada, apresenta elevada solubilidade.

(D) a turvação, no tubo 3, diminui devido à dissolução da calcite.

6.2. Identifique, tendo em conta os resultados finais, o tubo que permite simular a ação da água da chuva
sobre os calcários. Tubo 3

6.3. Em zonas onde a água de abastecimento é de natureza calcária, existe elevada probabilidade de
entupimento dos tubos de circulação da água quente nas máquinas de lavar.

Explique a situação referida, tendo em conta os resultados experimentais.


Texto 2
As serras de Aire e Candeeiros constituem o mais importante maciço calcário existente em
Portugal.
Nas zonas calcárias, onde frequentemente não existe solo, o coberto vegetal é, na maioria
das vezes, muito pouco evoluído. A flora das serras de Aire e Candeeiros é constituída por dezenas
de plantas aromáticas, medicinais e melíferas e pela presença de pequenas manchas de carvalho-
cerquinho, Quercus faginea, cujos grãos de pólen, estruturas reprodutoras masculinas, são
disseminados pelo vento. Os seus frutos são fonte de alimento para os esquilos, que, por vezes,os
transportam e os enterram no solo sem os consumir.
Nas numerosas grutas das serras abriga-se uma infinidade de seres vivos, de que se destacam
cerca de dez espécies de morcegos e um anfíbio endémico 1 das águas subterrâneas de grutas
calcárias, Proteus anguinus.
Ao contrário da maior parte dos anfíbios, Proteus anguinus é aquático, mantendo durante a fase
adulta características larvares, como brânquias externas, embora possua também pulmões
rudimentares que se mantêm funcionais. O seu corpo é coberto por uma fina camada de pele, que
contém uma reduzida quantidade do pigmento riboflavina, importante para o desenvolvimento e
manutenção da pele, que lhe dá uma cor amarelo-esbranquiçada ou rosada. No entanto, mantém
a capacidade de produzir um pigmento proteico, a melanina, quando exposto à luz. É um animal
predador, que se alimenta de pequenos caranguejos, de caracóis e de insetos. Consome elevadas
quantidades de alimento de uma só vez, podendo estar um ano sem se alimentar. Em situações
críticas, pode reduzir a sua atividade, reabsorvendo tecidos e produzindo ovos com grande
quantidade de reservas alimentares.
No interior das grutas, onde a luz não chega, a produção primária está associada a algumas
bactérias. No entanto, a grande fonte de carbono orgânico provém do exterior, arrastada pela água
que se infiltra, ou resulta de dejetos dos morcegos ou das aves que nidificam à entrada das grutas.

Nota:
1 Endémico – exclusivo de determinada região.

Baseado em: A. Reboleira et al., «Bioespeleologia: Estudos de Biologia subterrânea em zonas


cársicas portuguesas», in Revista do núcleo de Espeleologia, março, 2010.

7. A litologia do maciço condiciona o coberto vegetal, uma vez que

(A) a variedade de sais minerais é reduzida, devido à resistência do calcário à meteorização.


(B) a disponibilidade de água é reduzida, devido à elevada permeabilidade do maciço.

(C) a água escoa superficialmente, devido à reduzida porosidade do calcário.


(D) a formação de solos é incipiente, devido à reduzida infiltração de água na rocha.

8. A diversidade biológica no interior das grutas calcárias resulta essencialmente

(A) do elevado teor de carbonato de cálcio dissolvido na água circulante.


(B) da intensa taxa fotossintética apresentada por procariontes.

(C) da matéria inorgânica dos dejetos das aves que aí nidificam.

(D) do transporte de matéria orgânica pela água que circula nas diáclases.

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9. Complete o texto seguinte com a opção adequada a cada espaço.
Transcreva para a folha de respostas cada uma das letras, seguida do número que corresponde à
opção selecionada. A cada letra corresponde um só número.

Proteus anguinus é um anfíbio que, ao longo da evolução, foi reduzindo a capacidade a) .

Apresenta superfícies respiratórias b) e, ao contrário dos insetos de que se alimenta,


possui c) , pertencendo d) . No ecossistema, desempenha o papel

de e) .

a) b) c)

1. visual 1. externas com difusão direta 1. tubo digestivo completo

2. auditiva 2. internas com difusão direta 2. digestão extracelular

3. olfativa 3. externas com difusão indireta 3. sistema circulatório


fechado
d) e)

1. ao mesmo nível trófico 1. produtor


2. a um nível trófico 2. macroconsumidor
superior
3. microconsumidor
3. a um nível trófico inferior

10. Em situações de stress ambiental, Proteus anguinus

(A) utiliza as reservas nutritivas de que dispõe, mantendo uma intensa atividade.
(B) alimenta-se das suas presas várias vezes ao dia.

(C) reduz o metabolismo celular e produz ovos de maior riqueza alimentar.

(D) aumenta a população, reproduzindo-se com frequência.

11. Em condições de redução da concentração de oxigénio na água das grutas calcárias, verifica-se

(A) a redução da taxa respiratória em insetos cavernícolas.


(B) a utilização dos pulmões em Proteus anguinus.

(C) o aumento da atividade de bactérias heterotróficas.


(D) o bloqueio do transporte ativo em bactérias fotoautotróficas.

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12. Quando um anfíbio da espécie Proteus anguinus é exposto à luz, verifica-se

(A) uma diminuição da síntese de moléculas de riboflavina.


(B) uma alteração no mecanismo de transcrição.
(C) um aumento na expressão de genes geralmente inativos.

(D) uma mudança no genoma das células da pele.

13. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a sequenciar os acontecimentos que
ocorrem na formação de gâmetas em Proteus anguinus.

A. Disjunção aleatória de cromossomas homólogos.


B. Formação de tétradas cromatídicas.

C. Disposição de bivalentes na placa equatorial.


D. Separação dos cromatídeos.

E. Formação de dois núcleos haploides.

14. As asas dos morcegos e as asas das aves são órgãos

(A) análogos e resultam de uma evolução divergente.


(B) homólogos e resultam de uma evolução convergente.

(C) análogos e apresentam uma estrutura interna diferente.


(D) homólogos e apresentam uma estrutura interna idêntica.

15. Relativamente à obtenção de matéria pelos seres vivos do ecossistema, podemos afirmar que

(A) as aves digerem intracelularmente os alimentos ingeridos.


(B) os morcegos absorvem os nutrientes ao longo do tubo digestivo.

(C) as plantas fixam o oxigénio atmosférico para a produção de compostos orgânicos.

(D) os procariontes autotróficos utilizam carbono orgânico como fonte de carbono.

16. O carvalho-cerquinho, em situação de seca, apresenta

(A) elevada turgescência das células estomáticas.

(B) aumento da absorção de CO2 pelas folhas.


(C) diminuição do transporte de sacarose no floema.

(D) reduzido transporte ativo para os vasos xilémicos.

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17. Na fotossíntese, durante a fase diretamente dependente da luz ocorre

(A) redução de moléculas de CO2.


(B) síntese de moléculas de NADPH.

(C) libertação de O2 a partir de CO2.


(D) hidrólise de moléculas de ATP.

18. Associe às teorias apresentadas na Coluna I as afirmações da Coluna II que lhe podem corresponder.
Cada um dos números deve ser associado apenas a uma letra e todos os números devem ser utilizados.
Escreva na folha de respostas cada letra da Coluna I, seguida do número ou dos números (de 1 a 9)
correspondente(s).

COLUNA I COLUNA II

(1) As espécies evoluíram por adaptação ao meio ambiente.

(2) As mutações são fonte de variabilidade genética.

(3) A população de carvalho-cerquinho adaptou-se ao ambiente


do maciço calcário.

(4) O morcego, por viver em grutas, desenvolveu a capacidade


auditiva ao longo do seu tempo de vida.
(a) Lamarquismo
(5) O movimento ondulatório do anfíbio pode levar à atrofia dos
seus membros.
(b) Neodarwinismo
(6) Em maciços calcários, as plantas sujeitas a idênticas pressões
(c) Ambas as teorias
seletivas apresentam analogias estruturais.

(7) As características de adaptação ao ambiente são transmitidas


à descendência.

(8) Os seres mais bem adaptados apresentam sobrevivência


diferencial.

(9) A ausência de melanina em Proteus anguinus constitui uma


adaptação individual.

19. Explique, de acordo com os dados, de que forma as condições ambientais, bióticas e abióticas, nas serras de
Aire e Candeeiros potenciam a dispersão e o aumento da variabilidade genética do carvalho-cerquinho.

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GRUPO II

Os aligatores da Flórida (Estados Unidos da América) passam grande parte das suas vidas
submersos nos lagos da região, estando, por isso, expostos a poluentes drenados para as águas
desses lagos.
O desenvolvimento sexual dos aligatores machos está dependente de androgénios (hormonas
sexuais). Este desenvolvimento constitui um bom indicador de poluição ambiental, pois alguns
poluentes inibem o amadurecimento sexual dos machos, diminuindo os níveis de androgénios ou
atuando como estrogénios (hormonas que, nas fêmeas, são responsáveis pelo desenvolvimento
sexual). O desenvolvimento sexual dos aligatores pode também ser influenciado por outros fatores,
como a nutrição, a temperatura e o fotoperíodo.
Uma equipa de investigadores capturou aligatores, ao longo de dezassete dias, em sete lagos
da Flórida. Os animais foram medidos, de modo a determinar as idades, tendo sido selecionados os
que já se encontravam na fase da puberdade. Foram também recolhidas amostras de sangue para
determinar os níveis plasmáticos de estrogénios e de androgénios.
Na Figura 2 estão representados os resultados relativos à razão estrogénios/androgénios (E/A)
determinada para os aligatores capturados.

2,0
Fêmeas
1,5
Razão E/A

1,0

0,5

0,0

Lagos

Figura 2

Baseado em: P. Raven e G. Johnson, Biology, Nova Iorque, McGraw-Hill Companies, 2002.

1. O objetivo do estudo descrito foi o de

(A) conhecer a constituição sanguínea dos animais.


(B) identificar as substâncias que contaminam os sete lagos da região.

(C) avaliar o impacto da poluição no desenvolvimento sexual dos aligatores.

(D) estudar o amadurecimento sexual dos aligatores.

Prova 702/E. Especial • Página 9/ 14


2. Para a validade do estudo, foi determinante o facto de

(A) os animais capturados terem pesos aproximados.


(B) os animais capturados serem fêmeas e machos em proporções equivalentes.
(C) os animais terem sido capturados na mesma época do ano.

(D) os animais capturados terem sido submetidos à colheita da mesma porção de sangue.

3. Uma das variáveis dependentes do estudo apresentado é

(A) a idade de cada um dos animais capturados.


(B) o teor de androgénios no sangue.

(C) a quantidade de poluentes encontrados.

(D) o lago de proveniência do aligator.

4. Interprete os resultados obtidos neste estudo, prevendo quais os dois lagos que apresentam maior
degradação ambiental.

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GRUPO III

A maior erupção vulcânica do século XX, em termos de volume de materiais expelidos, ocorreu,
de 6 a 8 de junho de 1912, no vulcão Novarupta, situado numa região remota e pouco povoada
do Alaska (Estados Unidos da América). Admite-se que a câmara magmática que alimentou a
erupção do Novarupta estaria localizada 10 km a leste deste centro eruptivo, sob o vulcão Katmai. A
Figura 3 representa o contexto tectónico da região e um pormenor da zona Novarupta-Katmai.
Durante a erupção, que durou 60 horas, formaram-se 13,5 km3 de pedra-pomes, cinzas e rochas
cujo teor em sílica varia entre 51% e 78% ‒ andesito, dacito1 e riólito. No final da erupção, formou-se
um domo riolítico no Novarupta e, no chamado Valley of Ten Thousand Smokes (VTTS), surgiram
numerosas fumarolas.
Cerca de 11 horas depois do início da erupção do Novarupta e após a emissão de 8,5 km3 de
magma, formou-se no vulcão Katmai uma caldeira, cuja subsidência intermitente foi acompanhada
por mais de 50 sismos, dos quais dez tiveram magnitudes de 6,0 a 7,0. Após o término da erupção,
a caldeira deu origem a um lago.

Nota:
1 Dacito – equivalente lávico do granodiorito (rocha com composição intermédia entre o diorito e o granito – 63% a 69%

de SiO2).

Monte Griggs 160º O 140º O 120º O

Caldeira
E.U.A. (Alaska)
Canadá

Vulcão Katmai
Novarupta Placa Norte-Americana

. . . . . . . . . . . . . . . .
65º N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Vulcão Trident . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
0 5 km . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Monte Mageik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
VTTS 55º N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Rios . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . .
Placa do Pacífico . . . . . . . . .
Zona de subdução . . . . . .
500 km .. . .
.....
. . . . . Área de dispersão das cinzas
do Novarupta (1912)

Figura 3

Baseado em: https://pubs.usgs.gov (consultado em janeiro de 2019).

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1. De acordo com os dados da Figura 3, o sistema Novarupta-Katmai

(A) está associado a um vulcanismo intraplaca.


(B) localiza-se num limite divergente de placas.

(C) faz parte do arco vulcânico das ilhas Aleutas.

(D) resulta do movimento lateral das placas litosféricas.

2. De entre os acontecimentos seguintes, selecione os que estão relacionados com a erupção de 1912
no sistema vulcânico Novarupta-Katmai, transcrevendo para a sua folha de respostas os números
romanos correspondentes.

I. As cinzas atingiram 500 km a oeste do cone do Novarupta.


II. Os sismos que ocorreram na região tiveram elevada intensidade.
III. Formou-se um grande volume de piroclastos.
IV. Ocorreu atividade explosiva e formou-se uma caldeira.
V. As lavas deram origem a rochas predominantemente melanocráticas.

3. As fumarolas do Valley of Ten Thousand Smokes constituíram manifestações de vulcanismo

(A) secundário, relacionado com o baixo grau geotérmico no local.

(B) primário, relacionado com o elevado fluxo térmico no local.

(C) primário, relacionado com o alto grau geotérmico no local.


(D) secundário, relacionado com o baixo fluxo térmico no local.

4. As rochas formadas durante a erupção de 1912 apresentam percentagens variáveis de sílica. De acordo
com os dados, podemos inferir que as rochas que apresentam percentagens mais elevadas de sílica são

(A) andesitos, equivalentes lávicos dos granodioritos.


(B) andesitos, equivalentes lávicos dos dioritos.

(C) riólitos, equivalentes lávicos dos gabros.


(D) riólitos, equivalentes lávicos dos granitos.

5. A deteção de câmaras magmáticas é possível, uma vez que, quando as ondas sísmicas S as atingem são

(A) refletidas, aumentando a sua velocidade de propagação.


(B) refratadas, diminuindo a sua velocidade de propagação.

(C) refletidas, por atingirem um meio menos viscoso.

(D) refratadas, por atingirem um meio mais denso.

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6. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a
sequência deacontecimentos relacionados com a evolução do sistema Novarupta-Katmai.

A. Fluxo de magma do Katmai para a câmara magmática do Novarupta.


B. Abatimento da parte central do cone do vulcão Katmai.

C. Formação de um domo riolítico no Novarupta.

D. Rápido esvaziamento da câmara magmática do Katmai.

E. Meteorização das rochas do VTTS devido à atividade das


fumarolas

7. Faça corresponder cada uma das manifestações de vulcanismo, expressas na Coluna I, à respetiva
designação, que consta na Coluna II.

Escreva na folha de respostas cada letra da Coluna I, seguida do número (de 1 a 5) correspondente.
Chave – (a) – (4); (b) – (5); (c) – (2).
COLUNA I COLUNA II

(1) Agulha
(a) Estrutura típica que resulta da consolidação de lavas básicas
em meio subaéreo.
(2) Cone adventício
(b) Mistura de material piroclástico e de gases, com elevada
(3) Domo
temperatura e grande mobilidade.
(4) Escoada
(c) Relevo resultante da acumulação de materiais vulcânicos
expelidos através de uma conduta secundária.
(5) Nuvem ardente

8. Explique o processo de formação de magmas no contexto tectónico do Alaska.

FIM

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 1.ª Fase | Ensino Secundário | 2021
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

A prova inclui 18 itens, devidamente identificados no enunciado, cujas respostas contribuem


obrigatoriamente para a classificação final. Dos restantes 12 itens da prova, apenas contribuem para
a classificação final os 7 itens cujas respostas obtenham melhor pontuação.

Indique de forma legível a versão da prova.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Prova 702.V1/1.ª F. • Página 2/ 164


GRUPO I
Texto 1
A oeste de Lisboa, no concelho de Cascais, há no litoral várias praias interrompidas por falésias
verticais ligadas, na base, a plataformas de abrasão marinha1, plataformas estas que ficam total ou
parcialmente cobertas pelo mar durante a maré-cheia. Na praia da Parede, a dinâmica das marés
expôs uma pista de pegadas de dinossáurios, provavelmente do género Diplodocus. Segundo os
investigadores, trata-se do registo mais recente de saurópodes em Portugal e um dos poucos trilhos
europeus conhecidos com origem no Albiano – 113 a 100 milhões de anos (Ma). As pegadas estão
preservadas no teto de uma camada de calcário com superfície de estratificação quase horizontal
(inclina 5 graus para ENE), pertencente à Formação da Galé. Os sedimentos que deram origem
a estas rochas depositaram-se, há cerca de 100 Ma, na Bacia Lusitaniana, localizada na margem
oeste da microplaca Ibérica, a qual constituía o território precursor da Península Ibérica.
Nesta zona costeira, as rochas apresentam fraturas verticais que atravessam toda a sequência
estratigráfica. No interior de algumas dessas fraturas ocorrem filões, constituídos por rochas
basálticas, por vezes muito meteorizadas, pertencentes ao Complexo Vulcânico de Lisboa-Mafra.
A Figura 1 representa uma carta geológica da zona e a respetiva localização geográfica atual.
A Figura 2 representa a localização da microplaca Ibérica (Ibéria), no Albiano.
Nota:
1 Plataforma de abrasão marinha – superfície litoral rochosa, aplanada pela erosão marinha, que resulta do
desmoronamento e do recuo das falésias, e que fica exposta na maré vazia.

Figura 1 Figura 2

Baseado em: V. Santos et al., «Dinosaur tracks from the Early Cretaceous (Albian) of Parede (Cascais, Portugal): new
contributions for the sauropod palaeobiology of the Iberian Peninsula», in Journal of Iberian Geology, 41 (1), 2015;
e em: https://nationalgeographic.pt/natureza/grandes-reportagens/77-edicoes/165/329-na-praia-de-parede
(consultado em setembro de 2020).

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1. Na zona representada, a Formação do Rodízio é a mais antiga, de acordo com o princípio da

(A) identidade paleontológica.


(B) inclusão.

(C) horizontalidade inicial.

(D) sobreposição.

2. Os filões do Complexo Vulcânico de Lisboa-Mafra são constituídos por rochas com

(A) quartzo e sofreram fraca meteorização.


(B) moscovite e sofreram intensa meteorização.

(C) piroxena e são mais recentes do que os calcários.

(D) olivina e são mais antigos do que os calcários.

3. A calcite (CaCO3), constituinte maioritário dos calcários, é considerada um mineral, por ser uma substância
cristalina sólida e por

(A) possuir clivagem bem definida.


(B) ser natural e inorgânica.

(C) apresentar uma cor fixa.

(D) ter baixa dureza.

4. As pegadas de Diplodocus existentes na praia da Parede fossilizaram, porque

(A) o ambiente de sedimentação possuía um elevado hidrodinamismo.

(B) a sedimentação só se iniciou após um largo período de tempo.

(C) o seu molde ficou preservado em sedimentos detríticos grosseiros.


(D) a formação de rochas bioquimiogénicas permitiu registar a sua forma.

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5. Complete o texto seguinte com a opção adequada a cada espaço.

Transcreva para a folha de respostas cada uma das letras, seguida do número que corresponde à opção
selecionada. A cada letra corresponde um só número.

As pegadas de dinossáurio da praia da Parede, que ficaram expostas devido à ocorrência


de a) , resultaram de um processo de impressão, que ocorreu em b) formados

em ambiente litoral. Os dinossáurios, tal como as aves, apresentavam c) e realizavam trocas


gasosas por d) , desempenhando no ecossistema o papel de e) .

a) b) c)

1. magmatismo 1. argilitos 1. circulação dupla

2. sedimentação 2. evaporitos 2. circulação simples

3. erosão 3. carbonatos 3. sistema circulatório aberto

d) e)

1. hematose branquial 1. microconsumidores

2. hematose pulmonar 2. macroconsumidores

3. difusão direta 3. produtores

6. Relativamente aos processos geológicos relacionados com a evolução da zona da Parede, pode
considerar-se que

(A) existem evidências de deformação das rochas sedimentares.

(B) ocorreu um avanço da linha de costa devido à erosão litoral.

(C) ocorreu deposição detrítica no Mesozoico, a norte da Pedra do Sal.

(D) existem evidências de magmatismo ocorrido durante o Cenozoico.

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7. Os Archaeopteryx, cujos fósseis são conhecidos desde o século XIX, possuíam garras, dentes e, também,
estruturas homólogas às das aves atuais, como bico, asas e penas. Em 1990, foi descoberto, numa
pedreira do sul da Alemanha, em calcários do Jurássico datados a partir de uma fauna de amonites, um
exemplar de uma nova espécie ‒ Archaeopteryx albersdoerferi ‒ mais recente do que os exemplares
anteriormente encontrados.

Baseado em: https://www.researchgate.net/publication/341622707


(consultado em dezembro de 2020).

Os dados apresentados permitem afirmar que as rochas da pedreira foram sujeitas a e que
os Archaeopteryx e as aves atuais resultaram de um processo de .

(A) datação relativa ... evolução convergente


(B) datação radiométrica ... evolução convergente

(C) datação radiométrica ... evolução divergente

(D) datação relativa ... evolução divergente

8. Faça corresponder cada uma das descrições relativas a diferentes tipos de rochas, expressas na Coluna I,
à designação correspondente, que consta na Coluna II.

COLUNA I COLUNA II

(1) Argilito
(a) Rocha que possui grande percentagem de sílica, formada por
solidificação de magma. (2) Basalto

(b) Rocha de granulometria grosseira, que sofreu um processo de (3) Calcário


diagénese.
(4) Conglomerado
(c) Rocha de granulometria fina, geralmente impermeável.
(5) Granito

9. Explique, considerando os dados das Figuras 1 e 2, a mudança de posição da microplaca Ibérica nos
últimos 100 Ma.
Na sua resposta, refira os valores de latitude relativos a essa mudança de posição.

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Texto 2

Na zona da praia da Parede, na Área Marinha Protegida das Avencas (AMPA), as algas
representam um dos macropovoamentos mais importantes. Os tapetes formados pelas algas
na zona entre marés retêm a água durante a baixa-mar, fazendo com que as condições sejam
suportáveis para a grande maioria dos organismos marinhos que aqui têm o seu habitat.
A alga Asparagopsis armata é considerada, de entre as algas existentes nas águas europeias,
uma das espécies com maior potencial invasor. Na AMPA proliferam as duas fases do seu ciclo de
vida, a geração produtora de gâmetas e a geração produtora de esporos. Esta última é caracterizada
pela formação de dois tipos de esporos em momentos diferentes – os carpósporos, que são
diploides, e os tetrásporos, que são haploides. No passado, a entidade designada por tetrasporófito
foi considerada como uma espécie distinta, Falkenbergia rufolanosa. A alga A. armata apresenta
um ciclo de vida com gametófitos fixos a um substrato e esporófitos de vida livre, muito comuns
durante todo o ano. Estas algas requerem uma superfície dura para se fixarem, sendo as rochas o
local mais habitual para o fazerem, mas também se podem fixar noutras algas ou em animais como
as lapas (moluscos com concha univalve que escavam, nas rochas, pequenas cavidades às quais
se ajustam).
Uma particularidade importante dos seres do género Asparagopsis é a produção de metabolitos
que atuam como repelentes de herbívoros. Estes metabolitos são sintetizados em células glandulares
dos filamentos do tetrasporófito.
Na Figura 3, está representado o ciclo de vida de A. armata.

Fase X gametângio
feminino
gametângio
masculino

carpósporo A
Fase Y

gametófito
feminino
gametófito
masculino
tetrásporos tetrasporófito
femininos

tetrasporângio
tetrásporos
masculinos

Figura 3

Baseado em: F. Almada et al., «Monitorização da AMP Avencas – Parte I – Relatório Geral», MARE, ISPA,
30 de abril de 2017; e em: E. Cacabelos et al., «Impacte para o ecossistema e benefícios socioeconómicos
da alga exótica Asparagopsis armata nos Açores», in Açores Magazine, UAciência, 2017.

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10. Considerando as etapas do ciclo de vida representado, pode referir-se que

(A) a célula representada por A tem apenas um cromossoma de cada par de homólogos.
(B) o processo de meiose ocorre para a formação de gâmetas.

(C) a entidade produtora de tetrásporos é uma estrutura multicelular que nada livremente.

(D) o gametófito masculino possui células diploides.

11. Em A. armata, durante o processo de produção dos tetrásporos, ocorre

(A) emparelhamento de cromossomas homólogos na metáfase.


(B) condensação de cromatina durante a telófase.

(C) duplicação do número de cromossomas durante a interfase.

(D) formação de tétradas ou bivalentes na prófase.

12. O sucesso da fecundação em A. armata é facilitado pelo facto de

(A) os gametófitos viverem fixos nas rochas.


(B) o tetrasporófito poder fixar-se em substratos como lapas ou outras algas.

(C) os gametângios masculinos e femininos estarem em indivíduos diferentes.

(D) o tetrasporângio produzir e acumular metabolitos.

13. Durante a baixa-mar, uma das condições que permitem a sobrevivência das lapas é a sua capacidade de
reter água, que é favorecida

(A) pela ação erosiva destes seres vivos sobre as rochas das plataformas.

(B) pela sua fixação nas areias que preenchem as fraturas das rochas.

(C) pela construção de uma concha permeável à água do mar.


(D) pela sua exposição solar em plataformas rochosas viradas a sul.

14. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta
de acontecimentos relacionados com a síntese de metabolitos peptídicos em células especializadas de
A. armata.

A. Formação de vesículas de exocitose.

B. Estabelecimento de ligações entre aminoácidos.

C. Transcrição de uma cadeia da molécula de DNA.

D. Maturação de cadeias polipeptídicas.

E. Remoção de intrões de uma cadeia ribonucleica.

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15. Explique, de acordo com os dados, de que modo as características biológicas de A. armata fazem dela
uma espécie com potencial invasor.

16. Explique de que modo uma alteração do hidrodinamismo, numa praia arenosa, pode contribuir para a
instalação de uma comunidade que integre seres vivos como as lapas e a alga A. armata, referidos no
Texto 2.

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Texto 3
As variações diárias de temperatura ambiente podem ter grande impacto nos sistemas biológicos.
Foi realizado um estudo para analisar os níveis de stress térmico no molusco Patella vulgata
(lapa), em diversos micro-habitats de praias na costa atlântica europeia, nomeadamente em
Portugal. Para o efeito, foram determinados os níveis de uma proteína de stress térmico (HSP70).
Esta proteína tem funções essenciais para a sobrevivência, protegendo as proteínas celulares contra
a desnaturação e conferindo, assim, tolerância à hipotermia, à hipertermia e à radiação ultravioleta.

Procedimento:
• Selecionaram-se 4 praias da costa atlântica oeste a estudar (Moledo, Mindelo, S. Lourenço e
Alteirinhos).
• Colocaram-se 3 «robolapas1», em cada um de 2 micro-habitats opostos (norte e sul), nas
plataformas rochosas da zona entre marés (habitat da P. vulgata), perfazendo 6 «robolapas»
por praia.
• Programaram-se as «robolapas» para recolher dados sobre a temperatura a cada 40 minutos,
durante 6 meses.
• Recolheram-se 8 indivíduos do micro-habitat mais exposto à radiação solar, isto é, orientado a
sul (indivíduos S), e 8 indivíduos do micro-habitat menos exposto à radiação solar, isto é,
orientado a norte (indivíduos N), em cada um dos locais em estudo, em junho e em agosto de
2011.
• Procedeu-se à extração das proteínas em cada indivíduo e determinou-se a concentração de
proteína HSP70.
• Os dados obtidos pelas «robolapas» permitiram estabelecer uma relação entre a temperatura
e os níveis médios de HSP70 presentes nos indivíduos de P. vulgata.

A Figura 4 apresenta os resultados relativos às praias portuguesas estudadas, indicando os


níveis médios de HSP70 presentes nos indivíduos de P. vulgata colhidos no verão de 2011.

Nota:
1 Robolapa – equipamento que é colado à rocha para reproduzir as condições do habitat natural das lapas. Este
equipamento é constituído pela concha de um indivíduo do género Patella, na qual é introduzido um
aparelho de pequenas dimensões, autónomo e com capacidade para registar a temperatura.

20
Micro-habitat
orientado a norte (indivíduos N)
HSP70 (mg/g de proteína)

15 Micro-habitat
orientado a sul (indivíduos S)

10

N S

Figura 4

Baseado em: A. Gomes, «Stress térmico no intertidal rochoso: influência na distribuição geográfica da Patella vulgata»,
mestrado em Recursos Biológicos Aquáticos, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 2012.

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17. De acordo com o objetivo da experiência, uma das variáveis dependentes em estudo é

(A) a exposição solar dos habitats.


(B) a concentração da proteína.

(C) a quantidade de lapas recolhidas.

(D) a periodicidade das medições.

18. Com este estudo, pretende-se testar a hipótese:

(A) Existe uma relação entre os níveis de HSP70 e a sobrevivência de P. vulgata.

(B) A localização do habitat influencia a sobrevivência na zona entre marés.

(C) Os níveis de HSP70 produzidos por P. vulgata variam com o habitat.

(D) P. vulgata apresenta estratégias de reação ao aumento da temperatura.

19. De entre as afirmações seguintes, relacionadas com os resultados experimentais, selecione as duas que
estão corretas, transcrevendo para a folha de respostas os números romanos correspondentes.

I. Os níveis médios de HSP70 são relativamente semelhantes entre os indivíduos N das quatro praias
analisadas.
II. Os níveis médios de HSP70 nos indivíduos N aumentam de norte para sul, ao longo do
litoral português.
III. Os indivíduos do micro-habitat orientado a norte da praia de Moledo são os que apresentam maior
stress térmico.
IV. Os indivíduos N e S da praia dos Alteirinhos apresentam a menor diferença entre si de
níveis de HSP70, comparativamente com os indivíduos das restantes praias.
V. Os indivíduos dos micro-habitats orientados a sul apresentam níveis mais baixos de HSP70.

20. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta de
acontecimentos relacionados com o ciclo de vida de P. vulgata, começando pela etapa da fecundação.

A. União de gâmetas com restabelecimento da diploidia.


B. Expressão diferencial do genoma, originando o indivíduo adulto.
C. Divisão por meiose, que conduz à formação de células sexuais.
D. Desenvolvimento do embrião por sucessivas mitoses.
E. Maturação dos órgãos que darão origem aos gâmetas.

21. Alguns indivíduos de P. vulgata permanecem em habitats caracterizados por elevadas temperaturas
durante as marés baixas diurnas e, por isso, sofrem elevados níveis de stress.
Explique o papel do ambiente no aumento da resistência de P. vulgata ao stress térmico, segundo uma
perspetiva lamarckista e segundo uma perspetiva darwinista.

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GRUPO II
Numa aula de Biologia e Geologia, realizou-se uma experiência com o objetivo de estudar a distribuição
dos estomas em folhas de plantas Monocotiledóneas e Dicotiledóneas.

1. Encheram-se com água seis provetas de 10 mL (A a F).


2. Colocaram-se em três provetas (A, C e E) folhas de uma planta Dicotiledónea, com o pecíolo dentro de
água, e, em outras três provetas (B, D e F), folhas de uma planta Monocotiledónea, com a bainha dentro
de água, como se ilustra na Figura 5.
3. Todas as folhas possuíam a mesma área.
4. Colocou-se vaselina (substância impermeabilizante) na página superior da folha de Dicotiledónea da
proveta A e na página superior da folha de Monocotiledónea da proveta B.
5. Colocou-se vaselina na página inferior da folha de Dicotiledónea da proveta C e na página inferior da folha
de Monocotiledónea da proveta D.
6. Não se colocou vaselina na folha de Dicotiledónea da proveta E nem na folha de Monocotiledónea
da proveta F.
7. Cobriu-se a superfície da água das provetas com parafina líquida, para impermeabilizar.
8. Ao fim de oito dias, mediu-se a diminuição do volume de água em cada proveta e registaram-se os valores
na Tabela 1.

Folha de Folha de
Dicotiledónea Monocotiledónea

A B

Figura 5

Tabela 1

Proveta A B C D E F

Impermeabilização com vaselina Página superior Página inferior Sem impermeabilização

Diminuição do volume de água (mL) 1,4 1,6 0,2 1,6 1,5 2,4

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1. Explique, tendo em conta o objetivo do estudo, os resultados obtidos nas provetas onde se colocaram
folhas de uma planta Dicotiledónea.

2. Da análise do estudo experimental, podemos afirmar que

(A) a proveta F serve de controlo apenas às provetas A e B.


(B) a utilização de parafina contribui para a fiabilidade dos resultados.
(C) a transpiração é maior na folha colocada na proveta D.
(D) a proveta F contém a folha que tem o menor número de estomas ativos.

3. Associe a cada uma das teorias relacionadas com a distribuição de matéria nas plantas, apresentadas na
Coluna I, as afirmações da Coluna II que lhe correspondem. Cada uma das afirmações deve ser associada
apenas a uma das letras, e todas as afirmações devem ser utilizadas.
Escreva na folha de respostas cada letra da Coluna I, seguida do número ou dos números (de 1 a 7)
correspondente(s).

COLUNA I COLUNA II

(1) Explica o transporte dos compostos orgânicos.

(2) Afirma que a circulação nos tubos crivosos ocorre a


favor de um gradiente de concentração.

(3) Defende que se estabelecem ligações entre as moléculas


de água e as paredes do xilema.
(a) Teoria do fluxo de massa
(4) Sustenta que a movimentação da seiva xilémica é
(b) Teoria da pressão radicular
controlada pela abertura e fecho dos estomas.
(c) Teoria da adesão-coesão-tensão
(5) É apoiada pelo fenómeno de gutação.

(6) Explica a movimentação dos açúcares do local de


produção para o local de reserva.

(7) Explica a ascensão da água e dos sais minerais


exclusivamente em plantas de pequeno porte.

Prova 702.V1/1.ª F. • Página 13/


164
GRUPO III
Os efeitos diretos e indiretos do aquecimento global já se fazem sentir um pouco por todo o
mundo, nomeadamente nas regiões litorais, colocando problemas crescentes às cidades que aí se
localizam. Existem estratégias para minimizar este problema, como a proteção de ecossistemas
litorais, por exemplo, pântanos e mangais 1, ou a deslocação de populações para zonas mais
seguras.
Uma das regiões urbanas que apresenta maiores problemas é a cidade de Jacarta, capital
da Indonésia, na ilha de Java. Trata-se de uma região tectonicamente muito ativa, está sujeita
a frequentes inundações costeiras e é uma das zonas mais densamente povoadas do mundo,
estimando-se que, na grande área metropolitana, habitem cerca de 30 milhões de pessoas. A
cidade está construída numa planície litoral, e, devido ao crescimento populacional, tem ocorrido
uma sobre-extração das águas subterrâneas, para uso doméstico e industrial.
Jacarta está a afundar-se mais rapidamente do que qualquer outra cidade do mundo. A zona
norte da cidade afundou-se 2,5 metros em menos de uma década.
Face a estes problemas, em julho de 2019 foi anunciada a intenção de estabelecer uma nova
capital para o país.
A Figura 6 representa o mapa geológico simplificado das ilhas de Java e de Sumatra, onde se
localiza a «Grande Falha de Sumatra».

Nota:
1 Mangais – ecossistemas litorais de transição entre os biomas terrestre e marinho, dominados por espécies vegetais
típicas, característicos de regiões tropicais e subtropicais.

Sedimentos quaternários
(Cenozoico)
0° Rochas vulcânicas
quaternárias (Cenozoico)
Sumatra Rochas vulcânicas
terciárias(Cenozoico)

Placa Eurasiática Rochas metamórficas


Jacarta
Rochas plutónicas
N
Java
Zona de subdução

Grande Falha de Sumatra


10° S Placa Indo-Australiana
500 km
Sentido do movimento
da placa
100° E 110° E

Figura 6

Baseado em: The Global Risks Report 2019, 14.ª ed., World Economic Forum, 2019,
em: https://expresso.pt (consultado em agosto de 2019);
e em: https://slideplayer.com/slide/1708405 (consultado em outubro de 2020).

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164
1. Uma das razões pelas quais Jacarta está sujeita a um elevado risco geológico é

(A) a ocorrência de sismos tectónicos com epicentros no interior da ilha, que dão origem a tsunamis.
(B) a existência de sismos devidos ao movimento de magma no interior das câmaras magmáticas.

(C) a invasão das planícies litorais pela água do mar, devido ao afundamento do terreno.

(D) a intensa sedimentação provocada por correntes marinhas, na costa norte da ilha.

2. Se ocorrer um sismo de elevada magnitude em Jacarta, os sismógrafos localizados em Lisboa, a cerca de


13 000 km, não irão registar as ondas S diretas, porque estas não atravessam o limite

(A) litosfera – astenosfera. (B) mesosfera – núcleo externo.

(C) núcleo externo – núcleo interno. (D) astenosfera – mesosfera.

3. Um sismo gerado a 200 km de profundidade, com epicentro na ilha de Java, pode ser considerado

(A) intraplaca e resulta do comportamento frágil das rochas.


(B) interplaca e está associado a um limite tectónico divergente.

(C) intraplaca e resulta do comportamento dúctil das rochas.


(D) interplaca e está associado a um limite tectónico convergente.

4. De acordo com os dados da Figura 6, pode concluir-se que a «Grande Falha de Sumatra» é

(A) inversa, em que ocorre subida do teto em relação ao muro.

(B) inversa, em que ocorre descida do teto em relação ao muro.

(C) de desligamento, em que ocorre movimento horizontal das rochas.

(D) de desligamento, em que ocorre movimento vertical das rochas.

5. A conservação dos mangais contribui para a manutenção da linha de costa em regiões tropicais, porque

(A) diminuem o impacto das ondas e das marés e promovem a sedimentação.

(B) asseguram o desenvolvimento dos organismos que vivem nos sedimentos.

(C) mantêm a biodiversidade e a temperatura média ao longo do ano.


(D) contribuem para o aumento do oxigénio e intensificam o ciclo da água.

6. Explique, com base nos dados do texto, a necessidade de mudança da capital da Indonésia, considerando
as consequências das alterações climáticas e da sobre-extração das águas subterrâneas.

FIM

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Exame Final Nacional de Biologia e Geologia
Prova 702 | 2.ª Fase | Ensino Secundário | 2021
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho

Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 16 Páginas

VERSÃO 1

A prova inclui 18 itens, devidamente identificados no enunciado, cujas respostas contribuem


obrigatoriamente para a classificação final. Dos restantes 12 itens da prova, apenas contribuem para
a classificação final os 7 itens cujas respostas obtenham melhor pontuação.

Indique de forma legível a versão da prova.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Prova 702.V1/2.ª F. • Página 1/ 16


GRUPO I
Texto 1

A Pateira de Fermentelos, localizada a SE de Aveiro, é considerada uma das maiores lagoas


naturais da Península Ibérica. Desenvolveu-se na foz do rio Cértima, e a sua configuração atual
deve-se a alterações na dinâmica sedimentar, na sua confluência com o rio Águeda, que dificultam
o escoamento da água. A lagoa é alimentada principalmente pelo rio Cértima, mas também pela
ribeira do Pano, que aí desagua, e por água drenada a partir do Aquífero Cretácico de Aveiro,
localizado a oeste da lagoa. A Figura 1 representa um esboço da carta geológica da região de
Aveiro, com as localizações da Pateira de Fermentelos e dos cursos de água que contribuem para
a sua existência (rio Águeda, rio Cértima e ribeira do Pano).
O Aquífero Cretácico de Aveiro é um sistema aquífero costeiro constituído por diversos aquíferos,
sobrepostos, instalados em rochas do Cretácico (145 a 66 milhões de anos – Ma). Desde meados da
década de 60 (século XX) até 1996/1997, o abastecimento de água para uso urbano e industrial na
região de Aveiro foi garantido, na sua maioria, pela exploração deste sistema aquífero. Verificou-se,
desde então, a necessidade de impor algumas restrições no sentido de reduzir o caudal das
captações instaladas. A Figura 2 representa um corte O-E do Sistema Aquífero Cretácico de Aveiro.
A maior ou menor dimensão das setas representa o maior ou menor fluxo de água no interior dos
aquíferos, e as letras J e C identificam camadas formadas, respetivamente, nos períodos Jurássico
e Cretácico da era Mesozoica.
O aprofundamento dos leitos dos rios, no Quaternário (2,6 Ma até à atualidade), pôs a descoberto
rochas do Mesozoico nas vertentes e nos fundos dos vales.
Baseado em: C. Sena, «Interações água subterrânea-água superficial na zona da Pateira de
Fermentelos (Portugal)», Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, 2007.

Figura 1

Baseado em: J. Teixeira, «Geomorfologia e morfotectónica de relevos quartzíticos: implicações na


gestão de georrecursos», Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, 2006.

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Oeste Este

Fermentelos
100

Nível do
mar
Profundidade (metros)

−100

− 200

− 300
F

Calcários margosos ( C2)


− 400
Arenitos (C1)

− 500

Figura 2

Baseado em: A. Gomes, «Evolução geomorfológica da plataforma litoral entre Espinho e


Águeda», Universidade do Porto, Departamento de Geografia, 2008.

1. Relativamente à litologia, os dados da Figura 1 permitem afirmar que

(A) as rochas que afloram na zona da Feira resultaram de baixo grau de metamorfismo.
(B) ocorreram na região, durante a era Mesozoica, fenómenos de magmatismo.

(C) as rochas com fósseis de trilobites foram sujeitas a metamorfismo de baixo grau.

(D) ocorreram, na era Cenozoica, fenómenos de metamorfismo devido a intrusões magmáticas.

2. No Quaternário, a exposição de rochas do Mesozoico ocorreu devido a

(A) uma regressão associada a uma fase de intensa erosão.


(B) uma transgressão associada a uma fase de intensa sedimentação.

(C) uma regressão associada a um recuo da linha de costa.

(D) uma transgressão associada a um avanço da linha de costa.

3. A intensa exploração do Sistema Aquífero Cretácico de Aveiro pode levar

(A) à entrada de água do mar no aquífero.


(B) a um aumento da pressão da água no aquífero.

(C) à diminuição da profundidade de captação da água.


(D) a um alargamento da área de recarga.

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4. De entre as afirmações seguintes, relacionadas com o Sistema Aquífero Cretácico de Aveiro (Figura
2), selecione as três que estão corretas, transcrevendo para a folha de respostas os números romanos
correspondentes.

I. Num furo de captação realizado no ponto assinalado com «Z», a água sairá sob pressão.
II. As rochas da unidade C5 apresentam elevada permeabilidade.
III. O sistema aquífero é confinado na maior parte da sua extensão.
IV. As rochas que limitam inferiormente o sistema aquífero são os xistos do Paleozoico.
V. A renovação da água, no lado oeste do sistema aquífero, é retardada pela presença da falha F1.

5. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta dos
acontecimentos relacionados com a história geológica da região onde se localiza a Pateira de Fermentelos.

A. Fenómenos de metamorfismo sobre rochas com fósseis de trilobites.


B. Aprofundamento dos vales dos rios da região.

C. Deposição de sedimentos marinhos contemporâneos das trilobites.

D. Formação das rochas constituintes do Sistema Aquífero Cretácico de Aveiro.

E. Deformação das camadas rochosas mesozoicas.

6. O granito é uma rocha magmática

(A) vulcânica e, quanto à cor, é classificada como leucocrática.

(B) plutónica e, quanto à cor, é classificada como melanocrática.

(C) plutónica e, quanto à composição, é rica em minerais félsicos.

(D) vulcânica e, quanto à composição, é rica em minerais máficos.

7. A presença de gnaisses a norte da Pateira de Fermentelos resultou da atuação de

(A) tensões litostáticas associadas a metamorfismo regional.

(B) tensões dirigidas, conferindo-lhes uma textura foliada.

(C) tensões dirigidas associadas a metamorfismo de contacto.


(D) tensões litostáticas, conferindo-lhes uma textura não foliada.

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8. A formação e a evolução da Pateira de Fermentelos parecem estar relacionadas com a evolução de uma
laguna que é conhecida como «Ria de Aveiro». A Figura 3 representa a evolução da região.

Antes do séc. X Séc. X Séc. X a séc. XVIII N Presente

Sedimentos

Rio Águeda
Aveiro

Rio
Braço da ria Cértima
Pateira de
10 km Fermentelos

Figura 3

Baseado em: C. Sena, «Interações água subterrânea-água superficial na zona da Pateira de


Fermentelos (Portugal)», Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, 2007.

Reconstitua, com base nos dados do Texto 1 e das Figuras 1 e 3, o processo de formação da Pateira de
Fermentelos, fazendo referência aos processos geológicos ocorridos na região de Aveiro.

Prova 702.V1/2.ª F. • Página 5/ 16


Texto 2

Integrada na Zona de Proteção Especial da Ria de Aveiro, a Pateira de Fermentelos é um


importante local de alimentação e de reprodução para diversas aves aquáticas, nomeadamente para
várias espécies de patos, como o pato-real (Anas platyrhynchos). A zona da pateira proporciona
também refúgio e excelentes condições de desova para peixes como o barbo-comum (Barbus
bocagei).
Em determinadas alturas do ano, extensos tapetes de jacinto-de-água (Eichhornia crassipes)
formam uma massa densa, cobrindo a superfície da lagoa. O jacinto-de-água é uma planta aquática
livre, flutuante, com raízes que podem atingir 60 cm de comprimento, que se reproduz sexuadamente,
por sementes de pequeno tamanho, e assexuadamente, através do desenvolvimento lateral de
estolhos. A partir do outono, as baixas temperaturas danificam as suas partes verdes, que acabam
por secar e perder a capacidade de flutuação, levando à decomposição da planta.
A presença do jacinto-de-água inibe o crescimento do fitoplâncton nos sistemas aquáticos.
No entanto, a sua capacidade de proliferação, de absorção de nutrientes e de bioacumulação1
de contaminantes da água convertem esta planta numa ferramenta útil no tratamento de águas
residuais.
Baseado em: D. Dâmaso, «Recolha e processamento de plantas aquáticas com vista à remoção de nutrientes»,
mestrado em Engenharia do Ambiente, Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, 2008.

Nota:
1 Bioacumulação – processo de concentração de substâncias tóxicas, oriundas do exterior, nos tecidos de seres vivos
expostos a ambientes contaminados.

9. Anas platyrhynchos e Barbus bocagei apresentam, respetivamente,

(A) hematose branquial e circulação dupla incompleta.


(B) hematose alveolar e coração dividido em duas cavidades.

(C) hematose branquial e hemolinfa como fluido circulante.

(D) hematose alveolar e difusão direta de gases.

10. Considerando as estruturas que se formam ao longo do ciclo de vida do jacinto-de-água, pode afirmar-se
que

(A) os gâmetas resultam de meiose.


(B) o gametófito é diploide.
(C) os esporos resultam de mitose.

(D) o esporófito é multicelular.

11. Segundo uma perspetiva neodarwinista, a elevada capacidade de sobrevivência do jacinto-de-água em


ambientes aquáticos contaminados deve-se

(A) ao aumento individual da capacidade de bioacumulação.

(B) à necessidade de adaptação a ambientes adversos.

(C) à evolução de uma população de plantas com diferente resistência à poluição.


(D) ao aparecimento de mutações que impedem o transporte iónico através da raiz.

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12. Complete o texto seguinte com a opção adequada a cada espaço.

Transcreva para a folha de respostas cada uma das letras, seguida do número que corresponde à opção
selecionada. A cada letra corresponde um só número.

O transporte de iões nitrogenados para o interior da célula, através da membrana plasmática, torna o

conteúdo celular a) , promovendo a entrada de água por b) através de proteínas

canal, como consequência da polaridade da água e do carácter c) da zona apolar dos

fosfolípidos. Os d) , monómeros que constituem as proteínas canal, estabelecem entre si

ligações e) .

a) b) c) d) e)

1. hipotónico 1. osmose 1. anfipático 1. monossacarídeos 1. fosfodiéster

2. hipertónico 2. difusão simples 2. hidrofóbico 2. aminoácidos 2. glicosídicas


3. isotónico 3. difusão facilitada 3. hidrofílico 3. nucleótidos 3. peptídicas

13. Explique de que modo a elevada capacidade de proliferação do jacinto-de-água conduz à redução da
biodiversidade aquática da Pateira de Fermentelos.

14. A obstrução à circulação da água e dos sedimentos é o prejuízo mais frequentemente atribuído às
infestantes aquáticas e faz-se sentir com maior intensidade em ambientes aquáticos de pouca
profundidade.

Explique, tendo em conta a morfologia do jacinto-de-água, de que modo a presença desta planta tem
vindo a contribuir para a alteração da profundidade da Pateira de Fermentelos.

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Texto 3

Atualmente, é frequente a referência às plantas aquáticas flutuantes como sistemas naturais


de tratamento de águas residuais, pela capacidade que apresentam de remover vários tipos de
contaminantes, entre os quais, metais. Apesar de elevadas concentrações destes elementos serem
tóxicas, eles são essenciais a funções vitais das plantas, como a fotossíntese e a respiração. O ião
cobre (Cu2+), por exemplo, é um constituinte da plastocianina, proteína existente nos tilacoides e
que integra a cadeia transportadora de eletrões. O ião zinco (Zn2+) é um componente indispensável
à atividade de enzimas envolvidas na síntese de RNA.
Com o objetivo de avaliar a redução da toxicidade das águas residuais decorrente da capacidade
de bioacumulação do jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) e da alface-de-água (Pistia stratiotes),
foi realizado o estudo que a seguir se descreve.

Procedimento:
• Foram recolhidas, num rio não poluído, plantas jovens de Eichhornia crassipes (Ec) e de Pistia
stratiotes (Ps). As suas raízes foram cuidadosamente lavadas, e foi determinada a concentração de
metais presente na totalidade dos tecidos das plantas. Em E. crassipes, foram ainda determinadas,
separadamente, as concentrações de metais nas raízes e nas folhas.
• Em cada um de sete tanques, foram colocados 400 L de águas residuais, provenientes de um
parque industrial.
• Foram adicionados 4 kg de plantas jovens de E. crassipes a três dos tanques e 4 kg de plantas
jovens de P. stratiotes a outros três tanques.
• A cada 5 dias, foi determinada a concentração de metais presentes nas águas residuais.
• Ao fim de 20 dias, foi novamente determinada a concentração de metais presentes nos tecidos
das duas espécies de plantas.

Os gráficos I e II apresentam a variação do teor em zinco (Zn) e em cobre (Cu) nos diferentes
tanques de águas residuais, ao longo do tempo.
Os gráficos III e IV apresentam a concentração de zinco (Zn) e de cobre (Cu) nos tecidos de
E. crassipes (Ec) e de P. stratiotes (Ps), expressa em mg/kg, no início e após os 20 dias de tratamento.

Gráfico I Gráfico II
280 280
240 240
200 200
Zn (g / L)

Cu (g / L)

160 160
120 120 Tanques com água residual
e com Ec
80 80
Tanques com água residual
40 40 e com Ps
0 0 Tanque com água residual
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo (dias) Tempo (dias)

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Gráfico III
2200
2000
Gráfico IV
1800
Zn (mg / kg)

1600 240
1400 220
1200 200
180

Cu (mg / kg)
1000
800 160 Início
140
600
120
400 100 Após 20 dias de
200 80 tratamento
0 60
40
20
0

Folhas-Ec Raízes-Ec Planta-Ec Planta-Ps Folhas-Ec Raízes-Ec Planta-Ec Planta-Ps

Baseado em: K. Victor et al., «Bioaccumulation of heavy metals from wastewaters (Pb, Zn, Cd, Cu and Cr)
in water hyacinth (Eichhornia crassipes) and water lettuce (Pistia stratiotes)»,
in International Journal of ChemTech Research, Vol. 9, 2016.

15. Na investigação descrita, uma das variáveis dependentes é

(A) a variedade de plantas aquáticas utilizada no estudo.

(B) a concentração inicial de metais nas águas residuais.

(C) a biomassa das duas espécies de plantas.

(D) a acumulação de metais em E. crassipes.

16. De acordo com os resultados apresentados,

(A) P. stratiotes apresenta maior eficiência no tratamento de águas ricas em zinco do que E. crassipes.

(B) ao 10.º dia, atinge-se a capacidade máxima de bioacumulação de zinco por parte de P.
stratiotes.

(C) em E. crassipes, as folhas apresentam maior capacidade de bioacumulação de cobre e de zinco do


que as raízes.
(D) a concentração de cobre na água do tanque de controlo é sempre inferior à registada nos restantes
tanques.

17. Em 2006, o município de Águeda adquiriu uma ceifeira-aquática, uma máquina que faz o corte e a
remoção dos jacintos-de-água da Pateira de Fermentelos.
Tendo em conta as informações dos Textos 2 e 3, explique de que modo a remoção das massas de
jacinto-de-água, antes do início do outono, contribui para a diminuição dos níveis de metais na água.

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18. O transporte, até às folhas, dos iões de zinco e de cobre absorvidos pela raiz deve-se

(A) à saída de vapor de água pelos ostíolos limitados pelas células-guarda.

(B) à diminuição da pressão osmótica ao nível dos vasos xilémicos foliares.

(C) à ascensão de uma coluna contínua de água ao longo dos vasos floémicos.

(D) à criação de um défice de água nos tubos crivosos, na zona da raiz.

19. Ordene as expressões identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência correta de
acontecimentos relacionados com a síntese e a atuação da plastocianina.

A. Transferência de eletrões, envolvendo redução e oxidação das moléculas de plastocianina.

B. Transcrição de DNA nuclear.

C. Inclusão da plastocianina nas membranas dos tilacoides.

D. Captação de eletrões pela molécula de NADP+, provocando a sua redução a NADPH.

E. Tradução de RNA mensageiro pelos ribossomas.

20. Associe aos ácidos nucleicos apresentados na Coluna I as afirmações da Coluna II que lhes
correspondem. Cada um dos números deve ser associado apenas a uma letra e todos os números
devem ser utilizados.

Escreva na folha de respostas cada letra da Coluna I, seguida do número ou dos números (de 1 a 7)
correspondente(s).

COLUNA I COLUNA II

(1) Resulta de processos de replicação semiconservativa.

(2) Apresenta uma razão A/T aproximadamente igual a 1.

(3) Pode sofrer maturação após a sua síntese.


(a) DNA
(4) Intervém no processo de síntese proteica.
(b) RNA
(5) Apresenta a desoxirribose como uma das subunidades dos
(c) Qualquer um dos ácidos
nucleótidos.
nucleicos
(6) Possui sequências de nucleótidos denominadas codões.

(7) Possui monómeros constituídos por uma base nitrogenada, um


grupo fosfato e uma pentose.

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GRUPO II
Os organismos vivos obtêm energia, degradando moléculas orgânicas através de processos que podem
ocorrer com ou sem consumo de oxigénio.
Com o objetivo de estudar o processo de respiração celular em células animais e vegetais, realizou-se a
experiência seguinte.

Procedimento:
1. Marcaram-se 6 gobelés com as letras A, B, C, D, E e F.
2. Prepararam-se 300 mL de solução de cloreto de sódio a 2% (m/v), 300 mL de solução de Ringer1 e 60 mL
de solução de azul-de-metileno2 diluída.
3. Encheram-se os gobelés A, B e C com 100 mL de solução de cloreto de sódio, e os gobelés D, E e F com
100 mL de solução de Ringer.
4. Acrescentou-se 10 mL de solução de azul-de-metileno ao conteúdo de cada um dos 6 gobelés.
5. Adicionaram-se 5 amêijoas vivas ao gobelé A, 5 amêijoas previamente cozidas ao gobelé B, 5 rodelas de
cenoura crua ao gobelé D e 5 rodelas de cenoura cozida ao gobelé E.
6. Cobriu-se a superfície do conteúdo dos 6 gobelés com uma camada de óleo vegetal, para impermeabilizar.
7. No início da experiência, registou-se a cor azul em todas as soluções.
8. Ao fim de 24 horas, registou-se novamente a cor das soluções.

Notas:
1 Solução de Ringer – solução que permite a manutenção das estruturas celulares vegetais por ser isotónica ao material
em estudo.
2 Solução de azul-de-metileno – utilizada como indicador de oxidação/redução, torna-se incolor na ausência de oxigénio.

1. Preveja, justificando, os resultados observados ao fim de 24 horas, relativamente à coloração da solução


de azul-de-metileno nos gobelés A e B.

2. Da análise da experiência, podemos afirmar que

(A) a utilização do óleo vegetal contribui para a validade da experiência.

(B) a coloração do azul-de-metileno é uma variável independente.

(C) o gobelé F permite tornar fiáveis os resultados obtidos no gobelé B.


(D) o volume vacuolar das células no gobelé D sofreu variação.

3. Nos gobelés em que houve alteração da cor da solução, este resultado evidencia a ocorrência de

(A) consumo de dióxido de carbono, em reações anabólicas.

(B) consumo de oxigénio, em reações catabólicas.

(C) reações de descarboxilação, nas cristas mitocondriais.

(D) reações de fotofosforilação, no hialoplasma.

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GRUPO III
Na Antártida, estão identificados 138 edifícios vulcânicos subglaciais, distribuídos ao longo de
uma estrutura geológica designada Sistema de Rifte da Antártida Ocidental (SRAO).
A atividade vulcânica está associada à formação de magmas, que é um processo que resulta da
fusão das rochas, condicionado, entre outros fatores, pela diminuição da pressão litostática.
Alguns estudos, realizados na Antártida Ocidental, têm destacado o elevado fluxo de calor
geotérmico como causa da redução do volume da camada de gelo, facto que, no futuro, associado
aos efeitos do aquecimento global, poderá ter um grande impacto na atividade vulcânica da região.
O vulcão Erebus, localizado no SRAO, é um monte com 3800 m de altitude que se eleva acima
da superfície do gelo. Atualmente, é o vulcão mais ativo da Antártida. Na parte inferior, constituída
por lavas basálticas, o cone vulcânico tem forma de escudo. Na parte superior, com vertentes mais
íngremes, é constituído por rochas traquíticas com teor em sílica de aproximadamente 66%. Na
cratera, existe um lago de lava, e têm-se registado emissões frequentes de gases e a formação de
nuvens de cinzas.
Em 2013, um grupo de investigadores recolheu amostras de água do lago Whillans, situado na
Antártida, por baixo de uma massa de gelo com uma espessura de 800 m. A análise das amostras
revelou a presença de um elevado número de espécies de bactérias, que obtêm energia através da
oxidação de compostos minerais ou de compostos orgânicos presentes nos sedimentos depositados
há milhões de anos, numa altura em que a região era coberta por mares pouco profundos, em vez
dos atuais glaciares.
A Figura 4 representa esquematicamente o SRAO e as localizações do vulcão Erebus e do lago
Whillans.
Baseado em: M. de Vries et al., «A new volcanic province: An inventory of subglacial volcanoes in West Antarctica»,
in Geological Society London Special Publications, 2017; e em: D. Parmelee et al., «A new Holocene eruptive
history of Erebus volcano, Antarctica using cosmogenic 3He and 36Cl exposure ages»,
in Quaternary Geochronology, Elsevier, 2015.

SRAO

90°O Vulcões ativos


Í

Lago Whillans
SRAO
Vulcão Erebus
Gelo continental

Gelo flutuante

180°

Figura 4

Baseado em: J. Kamis, Geologic Forces Fueling West Antarctica's Larsen Ice Shelf Cracks,
julho, 2017, in www.plateclimatology.com (consultado em novembro de 2020).

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1. No SRAO, o grau geotérmico é relativamente , e a atividade vulcânica está associada a um
regime de .

(A) baixo ... forças distensivas

(B) baixo ... forças compressivas

(C) elevado ... forças distensivas

(D) elevado ... forças compressivas

2. A atividade vulcânica que originou a parte inferior do vulcão Erebus teve um carácter essencialmente

(A) efusivo e foi sustentada por um magma com elevado grau de viscosidade.

(B) explosivo e esteve associada a lavas com elevada quantidade de sílica.

(C) explosivo e foi sustentada por um magma com elevada percentagem de elementos voláteis.

(D) efusivo e esteve associada a lavas com elevada quantidade de ferro e de magnésio.

3. O traquito é uma rocha vulcânica constituída essencialmente por feldspatos potássicos, que se associam
tipicamente a

(A) olivina e a plagióclase sódica.

(B) biotite e a plagióclase sódica.

(C) piroxena e a plagióclase cálcica.

(D) anfíbola e a plagióclase cálcica.

4. De entre as situações seguintes, identifique a que exemplifica uma interação Biosfera-Geosfera, na região
ocidental da Antártida.

(A) A atividade vulcânica atual no Sistema de Rifte da Antártida Ocidental tem libertado gases que contribuem
para o efeito de estufa.
(B) O fluxo geotérmico provoca a diminuição da espessura dos glaciares.

(C) Na água do lago Whillans, foram encontrados microrganismos do Reino Monera.

(D) Os sedimentos depositados no lago Whillans possibilitam a existência de um ecossistema


de vida microscópica.

5. As falhas características dos limites construtivos de placas são

(A) inversas, associadas a um comportamento dúctil dos materiais.


(B) inversas, em que o teto desce relativamente ao muro.

(C) normais, associadas a um comportamento frágil dos materiais.

(D) normais, em que o teto sobe relativamente ao muro.

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Faça
6. corresponder a cada uma das estruturas vulcânicas, expressas na Coluna I, a respetiva designação,que consta
na Coluna II.

COLUNA I COLUNA II

(1) Agulha
(a) Estrutura alongada resultante da consolidação de lava viscosa.
(2) Cone adventício
(b) Escoada que resulta da erupção submarina de material fluido.
(3) Domo vulcânico
(c) Forma de relevo resultante da acumulação de materiais expelidos
(4) Lava aa
através de condutas secundárias.
(5) Lava em almofada

7.
Explique de que modo os efeitos do aquecimento global podem contribuir para o aumento da atividade vulcânica
subglacial no SRAO.

FIM

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