Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BIOLOGIA E GEOLOGIA
11.º ANO
Grupo I
A eussocialidade é considerada a mais elevada forma de organização social em animais. Térmitas, abelhas,
vespas e formigas são insetos sociais.
Investigações recentes sobre sistemas de reprodução revelaram que as rainhas de algumas espécies de
térmitas fazem um uso condicional de estratégias sexuadas e assexuadas de reprodução, em que são geradas
rainhas adicionais por partenogénese (designado “sistema assexual de sucessão da rainha”) e as obreiras são
formadas por união de gâmetas.
A telitoquia é um tipo de partenogénese em que ovos não-fertilizados originam exclusivamente fêmeas.
Esta estratégia de reprodução é rara em animais, tendo sido identificada em cerca de 1500 espécies, ou seja,
cerca de 1 em cada 1000 espécies de animais atualmente descritas, incluindo alguns lagartos. De entre as
12 500 espécies de formigas e as 2400 espécies de térmitas, este tipo de reprodução foi identificado em 14 e 7
espécies de formigas e de térmitas, respetivamente. Entre os insetos, cerca de 2% das espécies apresentam
telitoquia.
Comparando com a reprodução sexuada, a reprodução assexuada permite às rainhas de insetos sociais o
dobro da contribuição de genes para a descendência, o que levanta a questão “ Porque não será a telotiquia
mais frequente em insetos sociais?”. Uma possível explicação tem que ver com o reduzido número de estudos
realizados sobre esta questão. Por outro lado, poderá ser relevante a importância da diversidade genética
entre os membros de uma colónia: por exemplo, colónias de abelhões, abelhas e formigas-cortadeiras com
baixa diversidade genética são comprovadamente mais afetadas por doenças.
A partenogénese telítoca em térmitas resulta de automixia com fusão terminal, em que dois núcleos
haploides se fundem para originar a célula que dará origem ao novo indivíduo (figura 1).
A arrenotoquia designa um tipo de partenogénese em que são gerados machos de ovos não fertilizados.
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
A figura 2 representa diversas estratégias de reprodução em abelhas.
Rainha
Oócito primário
Crossing-over
Divisão I
Oócito secundário
Divisão II
Fusão terminal
Genótipo
A B C
Geleia real*
Zangão Zangão
Rainha Obreira
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
Nas questões de escolha múltipla, selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
1. As rainhas de insetos sociais enfrentam um dilema relativo aos custos e benefícios da reprodução
assexuada.
Relativamente à reprodução sexuada, a reprodução assexuada apresenta como desvantagem
(A) a reduzida diversidade genética da descendência e consequente redução da capacidade de adaptação
ao stresse ambiental.
(B) um maior contributo para o fundo genético da população nas gerações subsequentes.
(C) um maior gasto energético na produção de células especializadas.
(D) a produção mais rápida de descendentes.
4. A figura seguinte representa o número de cromossomas típico de machos (a) e de fêmeas (b) das
térmitas Reticulitermes sp.
* 5. A reprodução implica a divisão de células, com replicação do material genético ____ e divisão do
material genético durante a _____.
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
(A) em interfase (...) anafase (C) durante a fase mitótica (...) anafase
(B) em interfase (...) citocinese (D) durante a fase mitótica (...) citocinese
6. Uma particularidade da reprodução por telitoquia no grupo dos insetos sociais é o facto de
(A) assegurar um aumento da diversidade genética por mutações durante a divisão mitótica.
(B) originar exclusivamente fêmeas com informação genética idêntica.
(C) não ter sido ainda exaustivamente estudada cientificamente.
(D) implicar o emparelhamento de homólogos para a produção de gâmetas.
Grupo II
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
Os cocolitóforos (figura 1) são algas marinhas, geralmente unicelulares, que integram o fitoplâncton. Uma
característica distintiva destes seres é a produção de placas protetoras de carbonato de cálcio, designadas
cocólitos: estas estruturas depositam-se no fundo marinho, integrando a parte do ciclo de carbono associada
aos sedimentos. Estima-se que os cocolitóforos produzam anualmente cerca de 1,5 milhões de toneladas de
carbono inorgânico, o que representa 30% a 90% dos carbonatos em sedimentos.
Para além de carbonatos, estes organismos contribuem para o ciclo do carbono,
estimando-se que contribuam entre 1% e 40% para a produção primária em meio
marinho, dependendo do habitat.
Para além de integrarem ciclos geoquímicos, os cocolitóforos são parte importante das redes tróficas, o
que aumenta a sua importância nos oceanos, quer à escala regional quer global, e à escala de tempo anual e
geológica.
Têm sido encetados esforços no sentido de compreender a ecologia e fisiologia dos cocolitóforos (por
exemplo, os fatores que controlam a calcificação, a diversidade e a competitividade), mas o seu ciclo de vida
particular, representado na figura 2, com um importante impacte na produção de calcite e potencialmente na
distribuição global destes organismos, não tem merecido grande destaque pela comunidade científica.
As fases haploide e diploide do ciclo de vida diferem de forma de significativa ao nível da estrutura, do
tamanho e da morfologia do cocólito, nas dimensões da célula e no grau de calcificação (por exemplo, a fase
diploide tende a apresentar um grau mais elevado de calcificação do que a fase haploide, que é
moderadamente a não-calcificada). As duas fases contrastam ainda ao nível das preferências ecológicas, o que
poderá permitir a uma única espécie ocupar diversos nichos ecológicos.
X X
Y Y
I II
Ciclo de vida C
Ciclo de vida C
X
Figura 2 – Ciclos de vida de diferentes espécies que constituem o fitoplâncton.
Baseado em www.slate.fr e www.researchgate.net (consultados em novembro 2021) e de Vries, J. et al. (2021) Haplo-diplontic life
cycle expands coccolithophore niche, Biogeosciences, 18, pp. 1161- 1184
Y
Nas questões de escolha múltipla, selecione
I
a opção que completa
II
corretamente as afirmações.
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
(C) quimicamente idêntica ao mineral predominante em calcários.
(D) simultaneamente um constituinte da hidrosfera e da biosfera.
4. O metabolismo dos cocolitóforos implica interações envolvendo ____ e afeta, essencialmente, o ciclo
___.
(A) todos os subsistemas terrestres (...) da água
(B) todos os subsistemas terrestres (...) do carbono
(C) apenas a atmosfera e a biosfera (...) do carbono
(D) apenas a atmosfera e a biosfera (...) da água
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
II- A formação de gâmetas envolve uma divisão reducional em apenas um dos ciclos representados.
III- Em todos os ciclos representados existe uma alternância de gerações, mas não de fases nucleares.
10. O aumento do CO2 atmosférico terá como consequência a acidificação dos oceanos, o que leva a
comunidade científica a alertar para uma alteração recente e significativa do pH dos oceanos.
Explique em que medida o ciclo de vida dos cocolitóforos poderá constituir uma adaptação à variação do
pH dos oceanos por influência das atividades humanas.
11. A figura seguinte representa algumas trocas envolvendo o carbono nos oceanos e a influência dos
cocolitóforos no ciclo desse elemento, em particular em meio marinho.
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
* 11.1. Com base na figura ao lado, relacione a atividade dos cocolitóforos com um potencial contributo
para o controlo do aumento global da temperatura terrestre.
Grupo III
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
Os animais de vida livre apresentam geralmente comportamentos que envolvem atividade intensa, como a
reprodução, a procura de alimento e a migração. Foi comprovado que estas atividades são energeticamente
dispendiosas, assumindo-se por isso que os indivíduos que adotam estes comportamentos apresentam um
elevado gasto energético diário (GED), o que é suportado por estudos que revelam aumentos no gasto de
energia de até nove vezes relativamente ao valor base. Ainda assim, estudos em aves revelaram aumentos
pouco significativos ou mesmo a manutenção do GED entre animais no período de reprodução ou fora dele.
Os cientistas admitem que a ausência de diferenças em aves entre fêmeas em período reprodutivo e
período não-reprodutivo pode ser mascarado pelo facto de geralmente estes animais serem monogâmicos 1 e
de ambos os sexos prestarem cuidados parentais. Um aumento da taxa de provisionamento e de gasto de
energia pelo macho pode compensar a aparente ausência de ajustes energéticos pela fêmea durante a criação
dos pintos, promovendo o sucesso reprodutivo.
Uma equipa de investigadores procurou possíveis variações numa ave, o mandarim (Taeniopygia guttata),
relativamente à massa corporal e ao GED, e eventuais diferenças entre sexos:
- as aves foram mantidas em condições controladas de temperatura (19-23 °C), humidade (35-55%) e
fotoperíodo (14h/10 h);
- foi disponibilizada uma mistura de sementes, água, areia e fonte de cálcio, sem limitações, a todos os
animais;
- foram selecionados aleatoriamente 36 machos e 36 fêmeas para o grupo de alto esforço de alimentação
(AEA) e para o grupo controlo;
- machos e fêmeas do grupo de alto esforço de alimentação (AEA) foram inicialmente colocados em locais
onde a alimentação requeria um esforço elevado;
- após o tratamento, todos os animais foram colocados num ambiente de baixo esforço de alimentação,
possibilitando a reprodução entre indivíduos do mesmo grupo.
As figuras 1 e 2 representam graficamente os resultados.
1
monogamia - relação em que um indivíduo tem apenas um parceiro sexual num determinado período de
tempo.
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
Figura 1 - Variação da massa corporal em T. guttata antes da etapa de AEA (pré-tratamento), depois de AEA
(pós-tratamento) e durante a criação dos pintos (6 dias após a eclosão dos ovos).
Figura 2 - Variação do GED em machos (A) e fêmeas (B) de em T. guttata, pré- e pós-tratamento, e durante a
criação dos pintos.
Baseado em Yap, K. N. et al. (2021). Sex-specific energy management strategies in response to training for increased
foraging effort prior to reproduction in captive zebra finches. Journal of Experimental Biology, 224, pp. 1-8
Nas questões de escolha múltipla, selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
1. Durante períodos de atividade intensa, como as épocas de reprodução, é previsível que aumente a
atividade _______ geral do organismo, associada a ______.
(A) catabólica (...) a manutenção da taxa respiratória
(B) catabólica (...) um aumento da degradação da glicose
(C) anabólica (...) a manutenção da taxa respiratória
(D) anabólica (...) um aumento da degradação da glicose
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
* 3. Relativamente ao grupo das aves, é correto afirmar que
(A) o movimento de água através da membrana celular ocorre por exclusivamente por difusão simples.
(B) apresentam digestão intracelular, que implica a formação de vacúolos digestivos, por fusão com
lisossomas.
(C) apresentam superfícies de trocas gasosas designadas sacos aéreos.
(D) apresentam taxas metabólicas semelhantes às dos mamíferos, em parte devido a semelhanças ao nível
da anatomia do coração.
* 4. O voo é uma atividade que envolve gastos significativos de energia, mas também a intervenção do
sistema nervoso na coordenação entre centros nervosos e os músculos que permitem o voo.
A transmissão de impulsos nervosos
(A) implica a endocitose de neurotransmissores no neurónio pós-sináptico.
(B) ocorre por abertura de canais de K+ aquando da formação de um potencial de ação.
(C) implica a despolarização e repolarização ao nível das fendas sinápticas.
(D) envolve o movimento de substâncias químicas entre neurónios.
* 7. De entre as seguintes afirmações relacionadas com os dados apresentados, selecione as que estão
corretas.
I - Em T. guttata, a massa corporal diminuição de forma constante nas três etapas de medição.
II - A massa corporal diminui de forma significativa na criação dos pintos, independentemente das
condições iniciais em que as aves foram criadas.
III - As condições de AEA resultaram num aumento de GED no pré- e pós-tratamento, independentemente
do sexo dos indivíduos.
IV - A variação do GEE, durante a criação dos pintos, foi oposta nos machos dos dois grupos.
V - Em fêmeas de T. guttata, o GED foi sempre inferior nos indivíduos do grupo AEA.
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
Explique em que medida os resultados expressos na figura 2 apoiam a hipótese de que, em T. guttata,
existe um “teto energético” dependente do sexo do indivíduo.
Osório Matias, Pedro Martins, Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha