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Prof.

Rafael Viegas
rafael.luiz@institutoinvest.edu.br

GESTÃO DE
CUSTOS
Aula 05

1
3 - Princípios
contábeis aplicados
a custos

2
Já foi vista em nossa primeira aula, a origem histórica da
Contabilidade de Custos, e também sua aderência aos
princípios de contabilidade geralmente aceitos em razão de sua
vinculação com a Contabilidade Financeira.
Verificaremos aqui com um pouco mais de detalhes como
alguns dos princípios contábeis são aplicados à
Contabilidade de Custos.

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Princípio da realização da receita

O reconhecimento contábil do resultado (lucro ou prejuízo)


apenas ocorrerá quando da realização da receita.

E quando ocorre a realização da RECEITA?


Ocorre, em regra, quando da transferência do bem ou da
execução do serviço para terceiros.

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Princípio da realização da receita

Contabilmente, já que a receita só será reconhecida


futuramente, o que ocorre com os gastos?

Os gastos vão sendo acumulados na forma de estoques. Logo,


só serão considerados como despesas futuramente.

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Princípio da realização da receita

No caso do SERVIÇO?

Existem dois tipos básicos de transferências (execução):

Tipo 1: numa só vez, ao final de sua execução;

Tipo 2: paulatinamente.

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Princípio da realização da receita

Como exemplo do primeiro caso, temos a execução de


plantas de residências, e como exemplo do segundo temos
a assessoria contínua.

- Quando do caso de serviço executado e entregue numa única


vez, os princípios são exatamente os mesmos que para o caso de
bens: os custos relativos ao trabalho são estocados para
reconhecimento como despesas tão-somente por ocasião do
reconhecimento das receitas.
- E na hipótese de transferência contínua de serviços praticamente
não há estocagem dos custos, já que estes passam
imediatamente à condição de despesas.
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Princípio da competência ou da
confrontação entre despesas e receitas

Pela competência ou confrontação temos o reconhecimento


das despesas.

O conceito deste princípio é:

Após o reconhecimento da receita, deve ser deduzido dela


todos os valores representativos dos esforços (gastos) para sua
consecução.

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Princípio da competência ou da
confrontação entre despesas e receitas

Conforme este princípio, as despesas podem ser subdivididas


em dois grupos:

Grupo 1: despesas realizada especificamente para a


consecução daquelas receitas que estão sendo reconhecidas;

Grupo 2: despesas realizadas de forma genérica para a


obtenção de receitas, e não necessariamente daquelas que
agora estão sendo contabilizadas. Ex: despesas de
administração, despesas com propaganda etc. (Continua…)

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Princípio da competência ou da
confrontação entre despesas e receitas

Resumo desse princípio:

1° Realização da receitas
2º Reconhecimento das Despesas específicas e na sequência
as despesas genéricas;

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Este princípio determina que os ativos devem ser registrados


contabilmente pelo seu valor original de entrada, ou seja, os
estoques são avaliados em função do seu custo histórico de
obtenção, sem correção por inflação ou por valores de
reposição.

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VAMOS PENSAR UM
POUCO!

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Será que a Inflação influencia o meu custo?

Ao somarmos todos os custos de produção de determinado


item, estocá-lo e levá-lo a balanço pelo valor original,
acabamos por ter um ativo que diz quanto custou produzi-lo na
época em que foi elaborado; pode nada ter a ver com o valor
atual de reposição do estoque, nem com o valor histórico
inflacionado (deflacionado) e muito menos ainda com seu valor
de venda.

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Se o custo histórico de fabricação do produto A é $ 5.000,00 e


ele fica estocado durante certo tempo para só então ser
vendido, por $6.500,00, teremos a seguinte demonstração,
supondo que a inflação nesse período seja de 10%:

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Na hipótese de valor puramente histórico:

Venda $6.500,00
(-) Custo do Produto Vendido $5.000.00
Lucro Bruto $1.500,00,

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Na hipótese de se tirar do lucro o efeito da inflação

Venda $6.500,00
(-) Custo Histórico do Produto Vendido
Corrigido = $5.000,00 x 1,1 $5.500.00
Lucro Bruto $1.000,00,

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Princípio do custo histórico como base
de valor

O resultado de $1.500,00 é ilusório, já que está havendo


confrontação de uma receita de agora com um valor de
produção de tantos meses atrás e nesse período houve uma
inflação considerável.

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Imaginemos que o valor de reposição fosse $5.800,00. (A


inflação geral é de 10%, mas a variação específica desse
produto é de 16% — afinal, índices médios valem para a média
e, conseqüentemente, podem não valer para nenhum dos itens
individualmente.)

Continua…

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Na hipótese de se adotar o valor de reposição.

Venda $6.500,00
(-) Custo do Produto Vendido $5.800.00
Lucro Bruto $700,00

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Princípio do custo histórico como base
de valor

Infelizmente, nossas legislações societária e fiscal ainda não


evoluíram a esse ponto. Consequentemente, as boas empresas
são obrigadas a trabalhar com sistemas paralelos à
contabilidade oficial para manter suas informações de custos (e
outras) em valores efetivamente utilizáveis para fins gerenciais.

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Princípio da Consistência ou
uniformidade

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Princípio da Consistência ou
uniformidade

Quando existem diversas alternativas para o registro contábil


de um mesmo evento, todas válidas dentro dos princípios
geralmente aceitos, deve a empresa adotar uma delas de forma
consistente. Isto significa que a alternativa adotada deve ser
utilizada sempre, não podendo a entidade mudar o critério em
cada período.

Ex. Vamos supor que os custos de manutenção devem ser rateados.


Então, neste mês, ele será rateado em função das horas-máquina, no mês
que vem, em função do valor dos equipamentos e no mês seguinte, em
função da média passada. Isso não pode. Tá errado.

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Princípio do
Conservadorismo ou
prudência

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Conservadorismo ou prudência

Determina que quando houver dúvida sobre como tratar um gasto,


seja conservador. Um exemplo é considerar um gasto como Ativo ou
como uma Redução de Patrimônio Líquido, ou seja, despesa. Nesse
caso, deve-se escolher pela opção de maior precaução: Redução de
Patrimônio Líquido.

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Princípio da Materialidade
ou relevância

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Materialidade ou relevância

Valores irrisórios dentro dos gastos totais não precisam de


tratamento rigoroso. Exemplo: pequenos materiais de consumo
entram nos custos gerais de produção, ou seja, essa regra
contábil desobriga um tratamento mais rigoroso de itens cujo
valor monetário é pequeno dentro dos gastos totais.

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CUSTEIO POR
ABSORÇÃO

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O que é CUSTEIO?

Primeiramente, custeio significa apropriação de custos. Ou


seja, custeio é um método. Assim, existem Custeio por
Absorção, Custeio Variável, Custeio ABC, RKW, etc.

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CUSTEIO POR ABSORÇÃO

● Para o caso de empresas de manufatura:


Apropriar todos os custos de produção, e só os de
produção, aos produtos feitos; somente na sequência
apropria-se dos gastos genéricos, as despesas.

● Para o caso de empresas de serviço:


apropriam-se os custos dos serviços prestados e, em
seguida, as despesas.

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OS ENCARGOS FINANCEIROS

O registro dos encargos financeiros (juros, correções e outros


encargos decorrentes de empréstimos e financiamentos)
devem ser tratado na Contabilidade como despesa, e não como
custo.

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SEPARAÇÃO DE CUSTOS E
DESPESAS

Teoricamente, a separação é fácil: os gastos relativos ao


processo de produção são custos, e os relativos à
administração, às vendas e aos financiamentos são despesas.

E onde terminam os custos? Os custos vão até o momento


em que o produto está pronto para a venda. A partir daí, são
despesas.

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ATENÇÃO
GASTOS DENTRO DA PRODUÇÃO
QUE NÃO SÃO CUSTOS

Se a empresa faz uso de seu Departamento de Manutenção


para também fazer reparos em máquinas do Departamento de
Contabilidade, por exemplo, ou se usa pessoal ocioso da
produção para ampliar as instalações de seu Departamento de
Vendas, não pode incluir esses gastos nos custos dos produtos
desse período. Deve ser feito um apontamento da mão-de-obra
e dos materiais utilizados, e esse montante será tratado como
despesa ou imobilização, dependendo do que tiver sido
realizado.

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Algumas
classificações e
nomenclaturas de
custos

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DEMONSTRAÇÃO
DE RESULTADOS
DA INDÚSTRIA

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Suponhamos um caso extremamente simples de uma indústria
que produza um único produto, de forma continuada, e que
tenha os seguintes movimentos em diversos meses seguidos:

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PRIMEIRO MÊS

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PRIMEIRO MÊS - Outra forma de demonstrar

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SEGUNDO MÊS

Dos Custos de Produção do Período de $18.250, $250 referem-se à unidade


parcialmente elaborada. Logo, $18.000 são o Custo das Unidades Acabadas.
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SEGUNDO MÊS - Outra forma de demonstrar

39
TERCEIRO MÊS

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TERCEIRO MÊS - Outra forma de demonstrar

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CONCEITOS IMPORTANTES SOBRE
CUSTOS

Custo de Produção do Período é a soma dos custos incorridos no


período dentro da fábrica.

Custo da Produção Acabada é a soma dos custos contidos na


produção acabada no período. Pode conter Custos de Produção
também de períodos anteriores existentes em unidades que só foram
completas no presente período.

Custo dos Produtos Vendidos é a soma dos custos incorridos na


produção dos bens e serviços que só agora estão sendo vendidos.
Pode conter custos de produção de diversos períodos, caso os itens
vendidos tenham sido produzidos em diversas épocas diferentes.
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CLASSIFICAÇÃO
DOS CUSTOS EM
DIRETOS E
INDIRETOS

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Suponhamos que os seguintes Custos de Produção de determinado Período precisem ser
alocados aos quatros diferentes produtos elaborados pela empresa:

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O responsável por Custos faz os
levantamentos e as análises necessárias e
verifica o seguinte:

Matéria-prima e Embalagens: podem ser apropriadas perfeita e


diretamente aos quatro produtos, já que foi possível identificar
quanto cada um consumiu.

Materiais de Consumo: alguns são lubrificantes de máquinas, e


não há como associá-los a cada produto diretamente, e outros são
de tão pequeno valor que ninguém se preocupou em associá-los a
cada produto.

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O responsável por Custos faz os
levantamentos e as análises necessárias e
verifica o seguinte:

Mão-de-obra: é possível associar parte dela diretamente com cada


produto, pois houve uma medição de quanto cada operário
trabalhou em cada um e quanto custa cada operário para a
empresa. Mas parte dela refere-se aos chefes de equipes de
produção, e não há possibilidade de se verificar quanto atribuir
diretamente aos produtos ($200.000 dos $1.000.000).

Salários da Supervisão: difícil de se alocar por meio de uma


verificação direta e objetiva, já que essa supervisão é a geral da
fábrica.

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O responsável por Custos faz os
levantamentos e as análises necessárias e
verifica o seguinte:

Depreciação das Máquinas: a empresa deprecia linearmente em


valores iguais por período, e não por produto.

Energia Elétrica: parte dela é possível alocar a três dos quatro


produtos, já que a máquina que mais consome força possui um
medidor próprio, e a empresa faz verificações de quanto consome
para cada item elaborado. Porém, o resto da energia só é medido
globalmente, e não há forma direta de alocação ($350.000 são
alocáveis e $150.000 não).

Aluguel do Prédio: impossível de se medir diretamente quanto


pertence a cada produto. 47
Custos Diretos e Indiretos

Após as análises, podemos verificar que alguns custos podem ser


diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma medida
de consumo (quilogramas de materiais consumidos, embalagens
utilizadas, horas de mão-de-obra utilizadas e até quantidade de
força consumida). São os Custos Diretos com relação aos
produtos.
Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva e
qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira
estimada e muitas vezes arbitrária (como o aluguel, a supervisão,
as chefias etc.). São os Custos Indiretos com relação aos
produtos.
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OUTRA
CLASSIFICAÇÃO
DOS CUSTOS:
FIXOS E VARIAVEIS

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Custos Fixos e Variáveis

Além de seu agrupamento em Diretos e Indiretos, os custos podem


ser classificados em Custos em Fixos e Variáveis.

Por exemplo, o valor global de consumo dos materiais diretos por


mês depende diretamente do volume de produção. Quanto maior
a quantidade fabricada, maior seu consumo. Dentro, portanto,
de uma unidade de tempo (mês, nesse exemplo), o valor do custo
com tais materiais varia de acordo com o volume de produção;
logo, materiais diretos são Custos Variáveis.

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Custos Fixos e Variáveis

Por outro lado, o aluguel da fábrica em certo mês é de determinado


valor, independentemente de aumentos ou diminuições naquele
mês do volume elaborado de produtos. Por isso, o aluguel é um
Custo Fixo.

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Custos Fixos e Variáveis

É de grande importância notar que a classificação em Fixos e


Variáveis leva em consideração a unidade de tempo, o valor
total de custos com um item nessa unidade de tempo e o
volume de atividade. Não se trata, como no caso da classificação
de Diretos e Indiretos, de um relacionamento com a unidade
produzida. Por exemplo, a matéria-prima é um Custo Variável, já
que, por mês, seu valor total consumido depende da quantidade de
bens fabricados. Entretanto, por unidade elaborada a quantidade
de matéria-prima é provavelmente a mesma; mas isso não lhe tira
a característica de Variável;

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DESPESAS Fixas e Variáveis

A classificação em Diretos e Indiretos, só se aplica a Custos


propriamente ditos.
Mas a classificação em Fixas e Variáveis também se aplica às
Despesas. Assim, podemos ter Despesas de Vendas Fixas
(propaganda, salários da administração das vendas, parte fixa da
remuneração dos vendedores etc.) e Variáveis (comissão de
vendedores, despesas de entrega etc.).

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DESPESAS Fixas e Variáveis

Existem Despesas Financeiras Fixas (juros e encargos de


empréstimos, propaganda) e também podem existir as Variáveis
(descontos de duplicatas, se a empresa tem por norma a utilização
dessa forma de financiamento). As Despesas de Administração
são quase todas fixas, com raríssimas exceções.

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OUTRAS
NOMENCLATURA
S DE CUSTOS

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Custos Primários e de Transformação

Custos Primários: soma de matéria-prima com mão-de-obra direta.


Não são a mesma coisa que Custos Diretos, já que nos Primários só
estão incluídos aqueles dois itens. Assim, a embalagem é um Custo
Direto, mas não Primário.

Custos de Transformação: soma de todos os Custos de Produção,


exceto os relativos a matérias-primas e outros eventuais adquiridos e
empregados sem nenhuma modificação pela empresa (componentes
adquiridos prontos, embalagens compradas etc.). Representam esses
Custos de Transformação o valor do esforço da própria empresa no
processo de elaboração de um determinado item (mão-de-obra direta
e indireta, energia, materiais de consumo industrial etc.).
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1) A Aurora S/A é uma fábrica especializada na
produção de cadeiras de bebê para automóveis. Ela
foi inaugurada em 01/09/2022. No final do primeiro
mês, foi apurado um custo de produção no período
de $18.000 em matéria-prima. $8.500 em mão de
obra e $3.500 em energia elétrica. No primeiro mês
foram produzidas e vendidas, respectivamente, 30 e
24 unidades. Considerando o custo de produção por
unidade, a empresa vende o produto com 40% de
reajuste sobre este custo.

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Calcule:
a) O custo total de produção no primeiro mês;
b) O estoque final de unidades prontas e acabadas
para vendas;
c) O custo unitário de produção;
d) O preço unitário de vendas;
e) O custo das unidades vendidas;
f) O estoque final de produtos acabados ($);
g) O lucro bruto no período

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2) No segundo mês, o custo total incorrido no período foi de $36.750,
para a produção de 36 e ¾ de unidades. Por causa do pequeno
movimento de final de ano, foram vendidos neste segundo mês apenas
26 unidades do produto.

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Calcule
a) O número de unidade acabadas no segundo mês;
b) O estoque final no segundo mês, em unidade e em $;
c) A receita obtida no segundo mês;
d) O lucro bruto do segundo mês;

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3) Já no terceiro mês, foi terminada a unidade iniciada no segundo mês,
além de ter sido produzido mais 22 unidades novas (iniciadas e terminadas
no terceiro mês), e iniciada e não terminada ¼ de unidade. Nesse terceiro
período, as vendas melhoraram, e a Aurora S/A venderam 30 unidades.

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Calcule:
a) O custo total de produção incorrido no terceiro mês;
b) O custo da produção acabada no terceiro mês;
c) O estoque final acumulado no final do terceiro mês;
d) A receita obtida no terceiro mês;
e) O lucro bruto do terceiro mês;

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Prof. Rafael Viegas
rafael.luiz@institutoinvest.edu.br

HASTA LA VISTA!!
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