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Cesário Verde
da cidade
Cesário - poeta
de Lisboa
dos sentidos etc...
objetivo
subjetivo
O céu parece baixo e de neblina, Num trem de praça arengam dois dentistas;
O gás extravasado enjoa-me, perturba; Um trôpego arlequim braceja numas andas;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Toldam-se duma cor monótona e londrina. Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
➪ O sujeito poético situa-nos na cidade de Lisboa - ''Nas nossas ruas'' - pelas 18 horas
- ''ao anoitecer''.
➪ Alguns sentimentos - melancolia, soturnidade e náusea - provocam no sujeito
poético o ''desejo absurdo de sofrer''.
desejo associado ao espaço e às sensações do ''eu lírico''.
➪ O gás enjoa e perturba ; os edifícios e a turba são de cor monótona e londrina.
➪ As edificações são como ''gaiolas'' - o sujeito sente-se confinado na cidade (gaiola =
falta de liberdade).
➪ Dicotomia espacial e temporal.
As ''nossas'' ruas - presente angustiante e melancólico.
O ''mundo'' - passado grandioso e heroico.
felicidade dos que partem - '' (...) os que se vão. Felizes!''.
recordação de um passado glorioso.
''Luta Camões (...) /
''E evoco, então, as Impossibilidade de
(...) naus que eu não
crónicas navais (...)'' repetir a epopeia
verei jamais!''
Sensações
visuais
auditivas Desencanto e
olfativas regresso ao
presente.
metáfora
➪ ''E num (...) / (...) as varinas.'' - descrição das varinas. adjetivação
anteposição da qualidade
II - Noite fechada
Toca-se às grades, nas cadeias. Som E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Que mortifica e deixa umas loucuras mansas! Nesta acumulação de corpos enfezados;
O Aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças, Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>! Inflama-se um palácio em face de um casebre.
III - Ao gás
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos E eu que medito um livro que exacerbe,
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras. Quisera que o real e a análise mo dessem;
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras Casas de confecções e modas resplandecem;
Um sopro que arripia os ombros quase nus. Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
IV - Horas mortas
O tecto fundo de oxigénio, de ar, Ó nossos filhoes! Que de sonhos ágeis,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras; Pousando, vos trarão a nitidez às vidas!
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas,
Enleva-me a quimera azul de transmigrar. Numas habitações translúcidas e frágeis.
Por baixo, que portões! Que arruamentos! Ah! Como a raça ruiva do porvir,
Um parafuso cai nas lajes, às escuras: E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras, Nós vamos explorar todos os continentes
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos. E pelas vastidões aquáticas seguir!
➪ Noite profunda / luz baça das estrelas - ''Vêm lágrimas de luz dos astros com
olheiras''..
metáfora, personificação.
➪ Registo de sensações visuais e auditivas.
''lágrimas de luz''.
''Um parafuso cai nas lajes''.
➪ Alusão a um ambiente pastoril.
''As notas pastoris de uma longíqua flauta''.
➪ Desejo de perfeição e imortalidade.
''Enleva-me a quimera azul de transmigrar''.
➪ Nova evocação do passado português.
''frotas dos avós'', aliada ao desejo de restaurar a grandeza no ''porvir''
explorando ''todos os continentes''.
➪ Dicotomia (repetição) espacial e temporal.
realidade - presente - as ''nossas ruas''.
o aprisionamento e a estagnação são ideias que prevalecem na conclusão
do poema.
➥ ''triste cidade'' - sem liberdade - onde vivem os ''emparedados'', ''sem árvores'',
no ''vale das muralhas''.