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Análise d’Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões – Proposição (Canto I, est.

1 a 3)

1 1. os guerreiros e os homens ilustres (barões =


varões)
As armas e os barões assinalados1 2. Portugal.
Que, da Ocidental praia Lusitana2, 3. antigo nome da ilha de Ceilão, no oceano
Índico; metaforicamente, representa o limite do
Ocidental Praia Lusitana = Portugal, esta expressão é uma perífrase uma vez que
o poeta diz por muitas palavras o que poderia ser dito apenas por uma – Portugal. mundo conhecido até então.
Além disso, encontramos também uma sinédoque porque Portugal (o todo) está
aqui designado por uma das suas partes.

Por mares nunca dantes navegados


Passaram ainda além da Taprobana3,
Plano da Viagem

Em perigos e guerras esforçados 4. tornaram ilustre.


Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram4;

2 5. terras privadas da religião cristã.


E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas5
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Plano da História

Cantando espalharei por toda parte,


Cantar significa exaltar, enaltecer ou celebrar e neste caso, exaltar, enaltecer ou
celebrar:

- “As armas e os barões assinalados” (est. 1, v.1) porque viajaram por mares
nunca dantes navegados; pelos perigos e guerras enfrentados; edificaram um
novo império

- “E também as memórias gloriosas / Daqueles Reis” (est.2, v. 1 e 2) porque


aumentaram a fé e o império pela África e Ásia

- “E aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da morte libertando” (est. 2,
vv. 5 e 6) porque fizeram obras grandiosas

Se a tanto me ajudar o engenho6 e arte7. 6. talento.


Plano do Poeta 7. arte de dizer (eloquência)

3
Cessem do sábio Grego8 e do Troiano9
“do Sábio Grego e do Troiano” 8. Ulisses (cantado por Homero, na Odisseia).
As navegações grandes que fizeram; – navegações; “Alexandre” e
9. Eneias (cantado por Virgílio, na Eneida).
“Trajano” – Guerras; porque
Cale-se de Alexandre10 e de Trajano11 (“que”) “eu canto o peito 10. Alexandre Magno, rei da Macedónia (séc. VI a.
ilustre Lusitano” C.), que conquistou muitos territórios.
A fama das vitórias que tiveram;
11. Imperador romano, graças a quem o Império
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, Romano iniciou uma época de prosperidade e
alcançou a sua máxima expansão.
Herói coletivo d’Os Lusíadas – povo português

A quem Neptuno12 e Marte13 obedeceram. “Neptuno” – deus do mar –


navegações
Plano da Mitologia
“Marte” – deus da guerra –
vitórias nas guerras
Cesse tudo o que a Musa antiga14 canta, 12. deus dos mares.
13. deus da guerra.
“Cessem”, “cale-se” e “cesse” estão no Presente do Conjuntivo, no entanto,
transmitem a ideia de ordem (Imperativo). Para o poeta, os feitos dos outros heróis
até agora venerados não têm comparação com os dos portugueses que merecem
por isso, ser dignificados (“Que outro valor mais alto se alevanta”) 14. poesia da Antiguidade greco-romana.

Que outro valor mais alto se alevanta.


Musa antiga – Entidade mitológica que inspirava os poetas, escritores,
historiadores da Antiguidade. Logo, tudo o que foi escrito na Antiguidade devia ser
esquecido porque “Que outro valor mais alto se alevanta” (est. 3, v.8) os feitos dos
portugueses são superiores a todos os cantados na Antiguidade

Objetivo do poeta na Proposição


A “Proposição” funciona como uma introdução, uma apresentação geral da
obra. É uma síntese daquilo que o poeta se propõe fazer. Propor significa
precisamente apresentar, expor, anunciar, mostrar. Luís Vaz de Camões pretende
cantar a pátria e a história de Portugal. Os versos camonianos celebram os “feitos
da famosa gente” portuguesa (canto I) e enaltecem “o peito ilustre lusitano” (canto I). A
viagem de expansão marítima torna-se pretexto para que a história de Portugal seja
cantada.

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