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LÍNGUA PORTUGUESA
Artigo
Termo que define ou indefine um substantivo, particularizando-o.
Classificação:
Definidos: o, a, os, as.
Adjetivo
• Pessoa eficiente.
• Caneta alemã.
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• Gentílico: indica origem.
– Comida francesa.
Cuidado importante:
• Pode haver mudança de sentido:
– Homem pobre X Pobre homem.
Flexão do Adjetivo
Grau do Adjetivo
• Comparativo: comparando características. Anote os exemplos.
– De superioridade: (mais do que)
Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou
outro advérbio. São flexionados em grau (comparativo e superlativo) e divididos
em: advérbios de modo, intensidade, lugar, tempo, negação, afirmação, dúvida.
De acordo com a circunstância que os advérbios exprimem nas frases, eles podem
ser:
Advérbio de Modo
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Bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, devagar, acinte, debalde e grande
parte das palavras que terminam em "-mente": cuidadosamente, calmamente,
tristemente, dentre outros.
Exemplos:
Fui bem na prova.
Estava andando depressa por causa da chuva.
Advérbio de Intensidade
Muito, demais, pouco, tão, quão, demasiado, bastante, imenso, demais, mais,
menos, quanto, quase, tanto, assaz, tudo, nada, todo.
Exemplos:
Comeu demasiado naquele almoço.
Ela gosta bastante dele.
Advérbio de Lugar
Aí, aqui, acolá, cá, lá, ali, adiante, abaixo, embaixo, acima, adentro, dentro, afora,
fora, defronte, atrás, detrás, atrás, além, aquém, antes, algures, nenhures, alhures,
aonde, longe, perto.
Exemplos:
Minha casa é ali.
O livro está embaixo da mesa.
Advérbio de Tempo
Hoje, já, afinal, logo, agora, amanhã, amiúde, antes, ontem, tarde, breve, cedo,
depois, enfim, entrementes, ainda, jamais, nunca, sempre, doravante, outrora,
primeiramente, imediatamente, antigamente, provisoriamente, sucessivamente,
constantemente.
Exemplos:
Ontem estivemos numa reunião de trabalho.
Sempre estamos juntos.
Advérbio de Negação
Não, nem, tampouco, nunca, jamais.
Exemplos:
Jamais reatarei meu namoro com ele.
Não saiu de casa naquela tarde.
Advérbio de Afirmação
Sim, deveras, indubitavelmente, decididamente, certamente, realmente, decerto,
certo, efetivamente.
Exemplos:
Certamente passearemos nesse domingo.
Ele gostou deveras do presente de aniversário.
Advérbio de Dúvida
Possivelmente, provavelmente, acaso, porventura, quiçá, será, talvez, casualmente.
Exemplos:
Provavelmente irei ao banco.
Quiçá chova hoje.
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Os advérbios são consideradas palavras invariáveis pois não sofrem flexão de
número (singular e plural) e gênero (masculino, feminino); porém, são flexionadas
nos graus comparativo e superlativo.
Grau Comparativo
No Grau Comparativo, o advérbio pode caracterizar relações de igualdade,
inferioridade ou superioridade.
1. Igualdade: formado por "tão + advérbio + quanto" (como), por exemplo: Joaquim
é tão baixo quanto Pedro.
2. Inferioridade: formado por "menos + advérbio + que" (do que), por exemplo:
Joana é menos alta que Sílvia.
3. Superioridade:
analítico: formado por "mais + advérbio + que" (do que), por exemplo: Ana é mais
alta que Carolina.
sintético: formado por "melhor ou pior que" (do que), por exemplo: Paula tirou
nota melhor que Júlia na prova.
Grau Superlativo
No Grau Superlativo, o advérbio pode ser:
1. Analítico: quando acompanhado de outro advérbio, por exemplo: Isabel fala muito
baixo.
2. Sintético: quando é formado por sufixos, por exemplo: Isabel fala baixíssimo.
Curiosidades
Conjunção
Definição: conjunção é um termo de natureza conectiva que tem por função
ligar elementos em uma sentença. Nessa ligação, há uma relação de sentido que se
impõe na frase. O termo “conjunção” vem do grego syndethos, que significa “união”.
Isso quer dizer que o síndeto serve para criar conjuntos de palavras. Esse tipo de
análise é o que a banca costuma utilizar nas provas.
Para facilitar o estudo, convém fazer uma classificação das conjunções:
1 – Coordenativas: são as conjunções que ligam termos, os quais não
possuem dependência sintática entre si. Isso que dizer que um termo não
desempenha uma função sintática necessária em relação ao outro. Vejamos alguns
exemplos:
Ex.:
• A menina trouxe bolos e salgados.
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•
Pronomes são termos que servem para substituir ou retomar elementos dentro de
uma sequência textual. Podem ser divididos em 7 categorias, a saber:
Pessoais.
De tratamento.
Demonstrativos.
Relativos.
Interrogativos.
Indefinidos
Possessivos.
d.“o” e “a” são formas pronominais diretas: ou seja, servem para retomar elementos
que não são introduzidos por preposição em uma sentença.
Pronomes de Tratamento
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São empregados para qualquer tipo de tratamento, cerimonioso ou não, há
casos para cada pronome. Esse assunto costuma ser incidente nas provas que
cobram Redação Oficial. São pronomes de tratamento você, senhor, senhora,
senhorita, fulano, sicrano, beltrano e as expressões que integram o quadro
seguinte
Observação:
Todas essas expressões se apresentam também com SUA para cujas abreviaturas
basta substituir o "V" por "S".
Detalhes sobre o uso dos pronomes de tratamento.
a) Vossa Excelência etc. x Sua Excelência etc. - Os pronomes de tratamento com
"Vossa(s)" empregam-se em relação direta à pessoa com quem falamos:
Vossa Excelência precisa ler esta carta. (Falando diretamente com a pessoa)
Com "Sua(s)" são empregados, quando falamos a respeito da pessoa:
Sua Excelência precisa ler esta carta. (Falando a respeito da pessoa)
Pronomes demonstrativos
São pronomes que indicam algum referente pontuado no espaço, no tempo ou
no texto.
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Veja alguns exemplos de emprego desses pronomes:
A única saída é esta: rever os conceitos sobre a teoria.
Rever os conceitos sobre a teoria: essa é a única saída.
Vida e morte: esta assusta; aquela gera dúvidas.
Pronomes Relativos
Uma das categorias mais importantes no tocante ao assunto de pronomes. Os
relativos são pronomes que promovem uma relação. Tal que pode se dar entre:
Substantivo e verbo.
Pronome e verbo.
Substantivo e substantivo.
Pronome e substantivo.
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O país onde ocorreu o evento está em crise.
Cujo:
A menina cuja bolsa foi roubada acabou de chegar.
Pronomes Indefinidos
Esvaziam o referente.
Mudança de sentido
Alguma pessoa X Pessoa alguma.
Certo dia X dia certo.
Pronomes interrogativos
Esvaziam o referente.
Que você quer?
Qual é seu nome?
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Quem comprou o carro ontem?
Quanto custa esse carro?
Pronomes Possessivos
Substantivo
É a palavra variável que nomeia seres, conceitos, sentimentos ou ações
presentes na língua. Podemos classificar os substantivos da seguinte maneira.
1. Quanto à existência:
Concreto: pessoa, casa, fada, Deus, carro.
Abstrato: vingança, amor, caridade.
2. Quanto à designação:
Próprio: João, Jonas, Fundação José Clemente.
Comum: homem, dia, empresa.
3. Quanto à composição:
Simples: roupa, casa, sol.
Composto: guarda-roupas, passatempo, girassol.
4. Quanto à derivação:
Primitivo: motor, dente, flor.
Derivado: mocidade, motorista, dentista.
5. Como partitivos: gole, punhado, maioria, minoria.
6. Como coletivos1: enxame, vara, corja, esquadrilha, esquadra.
Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com
iniciais maiúsculas. Porém, alguns substantivos próprios podem vir a se tornar
comuns, pelo processo de derivação imprópria que, geralmente, ocorre pela
anteposição de um artigo e a grafia do substantivo com letra minúscula. (Um judas,
para designar um indivíduo traidor / um panamá, para citar o exemplo do chapéu
que possui esse estilo).
As flexões dos substantivos podem se dar em gênero, número e grau.
Gênero dos substantivos
A distinção de gênero dos substantivos está articulada sob as noções de masculino e
de feminino. Desse modo, os substantivos podem ser classificados como:
Biformes: são aqueles que apresentam uma forma para o masculino e outra
para o feminino. Existe uma distinção entre eles:
a. Desinenciais (fazem a flexão com o acréscimo de uma desinência de
gênero): aluno, aluna / czar, czarina.
b. Heteronímicos (possuem outro vocábulo para fazer a distinção): homem,
mulher / boi, vaca.
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Uniformes: são aqueles que apresentam uma única forma para ambos os gêneros.
Nesse caso, eles estão divididos em:
a. Epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) – jacaré,
mosca, cobra.
b. Comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas. Nesse caso, a
distinção é feita por um elemento que fica ao lado do substantivo (artigo, pronome)
– dentista (o, a), motorista (o, a).
c. Sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de
ambos os sexos – o garfo, a vítima, a criança.
O Grau do substantivo
Diminutivos: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -
zinho é obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo:
cafezinho, paizinho);
Semântica do grau:
Com relação ao grau do substantivo, pode haver noções de:
Tamanho
Desprezo
Afinidade
Ironia
Verbo
Por definição, verbo é a palavra que exprime a ideia de uma ação, de um
estado, de uma mudança de estado ou de um fenômeno natural e que pode ser
conjugada.
A característica mais importante que deve ser notada é o fato de o verbo
poder ser conjugado, isso será central em análises relativas aos verbos.
Classificação:
Para facilitar o entendimento dos verbos, convém dividi-los em categorias distingas
em função do sentido que podem exprimir:
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Permanecer
Ficar
Tornar-se
Vejamos um exemplo de como um verbo dessa natureza pode ser empregado.
Ex.: A prova estava fácil.
Mas nem sempre isso acontece. Há casos em que ocorre a transpredicação verbal,
que consiste – basicamente – em alterar o sentido do verbo, bem como sua natureza
de expressão, ou seja, haverá mudança do tipo de verbo. Vejamos os exemplos:
João anda empolgado. (Verbo “andar” exprimindo o estado de João)
Aquele homem vive uma vida sofrida. (O verbo continua intransitivo, porém
a expressão “uma vida sofrida” funciona como objeto direto do verbo)
Transitivo:
É o verbo que necessita de um complemento, pois “negocia” o seu sentido com o
verbo em questão. A depender da relação entre verbo e complemento, podemos
dividir o verbo em três tipos.
Direto:
Verbo que necessita de um complemento, porém esse complemento não
necessita de uma preposição, ou seja, possui uma relação “direta” do verbo para
o complemento. São exemplos de verbos transitivos diretos os verbos: contar,
ler e dizer.
Ex.: O réu disse a verdade.
Indireto:
Verbo que necessita de um complemento, e esse complemento deve ser
introduzido por uma preposição, ou seja, possui uma relação “indireta” do verbo
para com o complemento. São exemplos de verbos transitivos indiretos os
verbos: gostar, visar, aludir.
Ex.: O concursando visava ao cargo mencionado.
Bitransitivo:
Verbo que necessita de dois tipos de complemento: um tipo deve ser direto; outro
tipo deve ser indireto, por isso também pode ser chamado de verbo transitivo direto
e indireto. São exemplos de verbos bitransitivos os verbos: dar, ceder, doar e pagar.
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Estrutura dos verbos
A fim de fazer uma análise estrutural dos verbos, é preciso destacar os
seguintes itens que lhe são estruturantes:
Raiz / radical:
Também chamado de “morfema lexical” esse é o elemento que guarda o
sentido do verbo. Em tese é a parte invariante da palavra nos verbos regulares.
O exemplo é CANTAR, cuja raiz é CANT.
Vogal temática:
Vogal que, somada à raiz do verbo, forma o “tema” da palavra. São elas – A, E, I.
Desinências:
São “partes” de palavras que são afixadas aos verbos, para que seja possível fazer
as devidas adequações na conjugação ou na estruturação de formas nominas. As
desinências podem ser dividias em:
Verbais:
Que podem ser de modo-tempo e que podem ser de número-pessoa. Essas atuam
para a conjugação do verbo.
Nominais:
Que podem ser de infinitivo, de gerúndio ou de particípio. Essas servem para indicar
uma forma nominal do verbo.
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a. Presente (que): ame, venda, parta.
b. Pretérito imperfeito (se): amasse, vendesse, partisse.
c. Futuro (quando): amar, vender, partir.
Modo Imperativo:
É o modo que exprime uma ideia de ordem, pedido ou súplica.
Não há primeira pessoa no imperativo.
Nesta seção, vamos fazer a classificação dos verbos com relação a sua estrutura de
conjugação. Vejamos como ela ocorre:
Verbo Regular: é o tipo de verbo que mantém sua raiz durante a conjugação. Um
exemplo é o verbo “cantar”.
Canto
Cantas
Canta
Cantamos
Cantais
Cantam
Verbo Irregular: é o tipo de verbo que possui uma pequena alteração em sua raiz
durante a conjugação. Um exemplo é o verbo “dizer”
Digo (veja a alteração na raiz do verbo)
Dizes
Diz
Dizemos
Dizeis
Dizem
Verbo Anômalo: é o tipo de verbo que apresenta grande alteração na raiz durante
a conjugação. Um exemplo e o verbo “ser”.
Sou
És
É
Somos
Sois
São
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Verbo Defectivo: é o tipo de verbo que apresenta um “defeito” – não há algumas
formas para a conjugação. Um exemplo é o verbo “falir”.
Eu -
Tu -
Ele -
Nós falimos
Vós falis
Eles –
Abundante: é o tipo de verbo que possui mais de uma forma. Há dois tipos:
Abundância conjugacional: mais de uma forma para conjugação. Um exemplo é o
verbo “haver”.
Hei
Hás
Há
Havemos (hemos)
Haveis (heis)
Hão
Abundância participial: mais de uma forma para o particípio do verbo. Veja alguns
exemplos:
Exemplos:
Ele havia matado o homem. (Use o particípio regular com os auxiliares “ter” e
“haver”)
Modo Indicativo:
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Modo Subjuntivo
Modo Imperativo
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Formas Nominais do Verbo
Infinitivo: amar, correr, partir
Gerúndio: amando, correndo, partindo
Particípio: amado, corrido, partido
Vozes Verbais
A noção de voz do verbo está relacionada à atitude que o verbo exprime
quando empregado em uma sentença. É possível definir quatro vozes para os verbos
na Língua Portuguesa. São elas:
Voz ativa: que se caracteriza por possuir um sujeito agente, ou seja, que pratica
uma ação.
Voz passiva: que se caracteriza por possuir um sujeito de natureza paciente, ou
seja, que é alvo da ação do verbo.
Voz reflexiva: que apresenta um sujeito agente e, ao mesmo tempo, paciente. Isso
quer dizer que a noção do verbo é executada pelo sujeito e o próprio sujeito a
recebe.
Voz recíproca: que diverge da anterior pelo simples fato de haver mais de um
elemento envolvido na execução da ação e pelo fato de a ação expressa ser mútua.
Voz Ativa
Reconhecer um verbo na voz ativa não é algo difícil, basta identificar um
sujeito que pratica a ação expressa pelo verbo.
Exemplos:
Meu amigo aluga casas.
Os alunos farão aquela prova.
O autor está escrevendo um livro.
Voz Passiva
A voz passiva focaliza o alvo da ação, ou seja, o paciente (ou afetado). É preciso
prestar atenção que há dois tipos de voz passiva: a analítica e a sintética. Vejamos.
1 – Analítica: que possui (usualmente) a seguinte estrutura
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Sujeito Paciente + Locução Verbal + Agente da Passiva.
Exemplos:
Casas são alugadas por meu amigo.
Aquela prova será feita pelos alunos.
Um livro está sendo escrito pelo autor.
2 – Sintética: que possui (usualmente) a seguinte estrutura
Verbo + pronome “se” + Sujeito Paciente.
Exemplos:
Alugam-se casas.
Voz Recíproca
A voz recíproca é semelhante à reflexiva, com a distinção de que aquela exige a
identificação de mais de um elemento no sujeito e a ação deve exprimir
mutualidade.
Vejamos:
Os concorrentes se cumprimentaram.
Pedro e Paulo se esbofetearam.
Nominais:
Gênero: Aluno / Aluna.
Número: Pessoa / Pessoas.
Grau: Cadeira / Cadeirinha.
Verbais:
Modo-tempo: Cantávamos / Vendêramos.
Número-pessoa: Fizemos / Comprastes
Consoante de ligação:
Girassol / Cafeteira / Paulada / Chaleira
Prefixal (prefixação)
reforma, anfiteatro, cooperação
Sufixal (sufixação)
pedreiro, engenharia, florista
Prefixal – sufixal
infelizmente, ateísmo, desordenamento
Onomatopeia ou reduplicação
Redução ou abreviação
Eliminação do segmento de alguma palavra
Fone (telefone), cinema (cinematógrafo), pneu (pneumático) etc.
Sintaxe
Sujeito
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Sujeito é o termo sobre o qual se declara ou se constata algo. É
superimportante lembrar: sujeito não é um cara; não precisa começar a sentença
e não começa com preposição. Estudemos os tipos de sujeito.
Tipos de sujeito:
1. Simples: é o sujeito que possui apenas um núcleo. Podem ser núcleos do sujeito
os seguintes termos:
a. Substantivo: Chegaram os convidados para a festa.
b. Pronome: A pessoa que saiu é meu pai.
c. Expressão Substantivada: O falar demais denuncia a burrice.
2. Composto: é o sujeito que possui mais de um núcleo. Isso que dizer possui mais
de um dos termos mencionados anteriormente.
a. Quincas e Brás Cubas são personagens de Machado.
3. Oculto: é o tipo de sujeito cujo núcleo não aparece expresso antes do verbo,
sendo retomado pela desinência que o verbo apresenta.
Indeterminado:
É o tipo de sujeito cujo núcleo não se consegue determinar, porque não está
saliente no texto. Existem alguns casos para estudarmos:
Verbo na 3ª pessoa do plural sem um referente expresso.
Compraram a casa ao lado.
Verbo transitivo indireto, verbo de ligação ou verbo intransitivo + palavra
SE. Note-se que, nesse caso, a palavra SE será classificada como um ÍNDICE DE
INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO. Além disso, o verbo deverá ficar no singular.
Inexistente:
Ocorre nas situações em que o verbo puder ser classificado como verbo impessoal.
Vejamos alguns casos principais:
Verbos que denotam fenômeno natural:
Nevava naquela manhã de domingo.
A mulher chovia críticas sobre o marido.
Verbo “haver” (no sentido de existir, ocorrer ou acontecer):
Havia problemas com as máquinas.
Deverá haver alunos aprovados no concurso
Oracional:
Trata-se do sujeito formado por uma Oração (frase com um verbo). O outro nome
pode ser Oração Subordinada Substantiva Subjetiva.
É importante que você estude Sintaxe.
Convém que o povo reflita sobre a política.
Tipos de sujeito
2. Composto:
É o sujeito que possui mais de um núcleo. Isso quer dizer possui mais de um dos
termos mencionados anteriormente.
a. Quincas e Brás Cubas são personagens de Machado.
3. Oculto:
É o tipo de sujeito cujo núcleo não aparece expresso antes do verbo, sendo
retomado pela desinência que o verbo apresenta.
a. Aquele candidato estudou para o concurso e gabaritou a prova.
b. Fiz o trabalho sem dificuldades.
4. Indeterminado:
É o tipo de sujeito cujo núcleo não se consegue determinar, porque não está saliente
no texto. Existem alguns casos para estudarmos:
- Verbo na 3ª pessoa do plural sem um referente expresso.
5. Inexistente:
Ocorre nas situações em que o verbo puder ser classificado como verbo
impessoal. Vejamos alguns casos principais:
- Verbos que denotam fenômeno natural:
a. Nevava naquela manhã de domingo.
b. A mulher chovia críticas sobre o marido.
- Verbo “ser” (no sentido de tempo ou distância): note-se que, nesse caso, o
verbo concorda com o predicativo.
f. Daqui até ali são 300 metros.
2. Oracional:
Trata-se do sujeito formado por uma Oração (frase com um verbo). O outro nome
pode ser Oração Subordinada Substantiva Subjetiva.
a. Eu não lembro o exemplo do sujeito oracional (e não fotografei)
Predicado
Por definição, o predicado é aquilo que se declara ou que se constata do
sujeito. A depender da natureza do predicado, podemos ter três tipos:
a) Verbal: formado essencialmente por um verbo nocional.
b) Nominal: formado por um verbo relacional e um predicativo do sujeito.
c) Verbo-nominal: formado por um verbo relacional e por um predicativo (do sujeito
ou o objeto).
Vejamos os exemplos:
Eu li o livro de Matemática. (predicado verbal)
Josias parece abalado. (predicado nominal)
Meus alunos chegaram animados. (predicado verbo-nominal)
Achei você chato. (predicado verbo-nominal)
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Ex.: Adamastor morreu uma morte triste.
Apagamento do Objeto Direto: faz-se a elipse do objeto quando contexto permite
compreender sua presença semântica.
Ex.: -Você comprou o carro?
- Comprei. (Subentende-se o emprego do termo “carro”)
Objeto Direto Oracional: trata-se de uma oração que possui a função de objeto
direto.
Ex.: Aquele homem maluco diz que foi traído.
2. Objeto Indireto:
Termo que completa o sentido de um VERBO TRANSITIVO INDIRETO. Atente nesse
caso para a presença da preposição.
Ex.: O Governo precisa de novos rumos.
Objeto Indireto Oracional: trata-se de uma oração que desempenha a função de
objeto indireto.
Ex.: Márcia gosta de que limpem a casa com cuidado.
• O qual
• Quem
• Quanto
• Onde
• Cujo
Como analisar?
A primeira coisa que você deve fazer é decompor as sentenças em partes
menores, a fim de isolar a oração introduzida pelo pronome relativo. Depois disso,
será necessário trocar o pronome pelo referente que ele retoma. Feito isso, o
importante é analisar a sentença para reconhecer a função do termo que foi
empregado no lugar do pronome relativo.
Acompanhe os exemplos e anote as análises.
• O escritor que assinou o livro era João.
Nota: é preciso, para não criar confusão, fazer uma distinção entre adjunto
adnominal e complemento nominal.
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O complemento nominal surgirá como resultado da ação que o substantivo pode
exprimir, como é o caso de “descoberta do remédio” – o remédio foi descoberto,
ou seja, é o resultado da ação de “descobrir”.
O adjunto adnominal surgirá como o sujeito da ação que o substantivo pode
exprimir, como é o caso de “descoberta do cientista” – o cientista descobriu algo,
ou seja, é o sujeito da ação de “descobrir”.
Adjunto adverbial
Trata-se do termo que imprime uma circunstância sobre verbo, adjetivo ou
advérbio. Na verdade, adjunto adverbial é o nome sintático de um advérbio ou
de uma locução adverbial.
Por medo, o homem ficou calado.
Na semana anterior, não houve aula.
Talvez ele faça parte do grupo.
Aposto
Trata-se do termo que serve para explicar, resumir, especificar, enumerar
ou distribuir um referente, com o qual estabeleça identificação semântica. Veja
quais são os tipos de aposto.
1 . Explicativo.
Graciliano Ramos, o autor de “Vidas Secas”, era nordestino.
2. Resumitivo.
AFO, Economia, Português, RLM, tudo ele gabaritou.
3. Especificativo.
O vereador Jucelino Doidivanas assinou a correspondência.
4. Enumerativo.
Há dois problemas para a produção de alimentos: o da seca e o das chuvas
5. Distributivo.
Os comunicados vieram separadamente: o do concurso, primeiro; o do
processo, depois.
6. Oracional.
Solicitei esta alteração: que ela não fosse a primeira da lista.
O pedido, que fizessem um curso específico, foi atendido.
Vocativo
Trata-se de uma interpelação que indica com quem se fala. É o termo que
indica quem é o interlocutor da sentença.
Senhor, traga suas credenciais!
Preste atenção, menina!
Predicativo do Objeto
Trata-se da característica ou qualidade do objeto que foi atribuída pelo
sujeito da sentença.
O povo achou a atitude incorreta.
O marido deixou a mulher louca.
Período Composto
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Definição: chama-se “período composto” o período que apresenta mais de
uma oração. Para que seja possível isso ocorrer, deve haver um processo de
composição do período. Usualmente, dois processos concorrem para a formação
de um período. Vejamos:
Processos de composição:
a) Coordenação: é o processo em que não há dependência sintática entre as
orações. Ou seja, estruturalmente elas são autônomas.
Orações Coordenadas
Definição: são aquelas que não possuem dependência sintática.
Classificam-se de acordo com o seguinte critério:
Assindéticas: são as que não possuem conjunção para realizar a conexão.
Ex.: A menina brincou, pulou, dançou.
Ex.: Entrei na sala, vi a menina, desanimei.
Sindéticas: são as que aparecem introduzidas por uma conjunção coordenativa.
Vejamos:
1. Aditivas: exprimem noção de soma.
Orações Subordinadas
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São as orações que desempenham a função de um substantivo. Quando
desenvolvidas, são introduzidas por uma Conjunção Subordinativa Integrante.
Para facilitar o entendimento, vamos fazer uma comparação entre período simples e
período composto.
1 – Subjetiva: desempenha a função de sujeito.
Período Simples:
- É necessário o estudo.
Período Composto:
- É necessário que você estude.
- Convém que ele trabalhe.
2 – Objetiva Direta: desempenha a função de objeto direto.
Período Simples:
- Pedro disse algo importante.
Período Composto:
- Pedro disse que entendeu a matéria.
3 – Objetiva Indireta: desempenha a função de objeto indireto.
Período Simples:
- O Governo necessita de novos rumos.
Período Composto:
- O Governo necessita de que haja manifestações.
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Orações Reduzidas
2 – Adjetivas:
Vi a menina passando por mim na rua. (Restritiva)
O conteúdo, já cobrado em outras provas, caiu novamente. (Explicativa)
3 – Adverbiais:
Ao sair da sala, desligue a luz. (Temporal)
Sentindo-se preparado, fez o concurso. (Causal)
Acentuação Gráfica
Antecedentes da acentuação gráfica
2 – Encontros vocálicos.
Hiato (encontro vocálico que se separa na pronúncia): saúde / egoísta
Ditongo (encontro vocálico que não se separa, com 2 termos): céu / pai
Tritongo (encontro vocálico que não se separa, com 3 termos): Paraguai / Saguão
Regras de Acentuação Gráfica
1 – Proparoxítonas: todas são acentuadas.
Ex.: Sádico, amazônico, hipócrita, médico.
2 – Paroxítonas:
a) Não são acentuadas as terminadas em:
A (S): fada.
L: lavável.
X: tórax.
I(S): lápis.
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Ã(S): ímã.
US: ônus.
UM (UNS): álbum.
DITONGO: fáceis.
3 – Oxítonas: são acentuadas as terminadas em:
A(S): será / marajá
E(S): filé / sopé
Colocação Pronominal
A colocação pronominal, também pode ser chamada de toponímia ou de
tmese e se trata do estudo da posição do Pronome Oblíquo Átono em uma
sentença. Caso você não se lembre dos pronomes oblíquos, segue a lista:
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A partir de agora, você precisa memorizar os casos de colocação e buscar empregá-
los nas questões. Antecipando, as regras mais incidentes em concursos são as de
próclise.
Regras de próclise: essas regras são as mais fortes!
1) Palavras ou expressões negativas:
- Não lhe devemos explicações.
2) Conjunção subordinativa:
- Necessito de que o alertem a respeito da prova.
3) Pronome relativo:
- Os conceitos a que me refiro são daquele imbecil.
4) Pronomes Indefinidos:
Colocação Pronominal
Regras de mesóclise:
Essas regras são as mais fracas.
1) Verbo conjugado no futuro do presente do indicativo:
Nota: se houver algum caso de próclise nessas frases acima, a regra de mesóclise
há de ceder lugar para a próclise. Como disse anteriormente, as palavras “atrativas”
são mais fortes.
Regras de ênclise:
1) Início de sentença: não se inicia sentença com pronome oblíquo átono.
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3) Verbo no gerúndio:
Conceituação
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Concordar - deixar igual.
• Gênero: masculino e feminino.
• Número: singular e plural.
• Pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.
Os casos mais incidentes são os de concordância de número.
Distinção importante:
37
Sujeito construído com a expressão “um dos que”: o verbo deve ir para o
plural.
César foi um dos intelectuais que mais apoiaram a nova visão de cultura.
Sujeito construído com núcleos sinônimos: verbo no singular ou no plural.
Tragédia, catástrofe e incidente é / são o futuro daquele lugar.
Sujeito composto ligado pela palavra “com” (no sentido aditivo): o verbo
deve ir para o plural:
A menina com sua mãe registraram a queixa.
Obs.: se separada por vírgulas a expressão que inicia com a preposição o verbo fica
no singular.
A menina, com sua mãe, registrou a queixa.
Sujeito composto ligado pela palavra “nem”: não há consenso, mas o usual é
empregar no plural:
a) Nem dinheiro nem fama encantavam aquela menina.
Sujeito construído com a expressão “um ou outro”: verbo deve ser empregado
no singular.
Dos meninos que estavam na sala, um ou outro entenderá a matéria explicada.
Sujeito construído com a expressão “nem um, nem outro”: verbo deve ficar no
singular.
Das saídas propostas para a crise; nem uma, nem outra me parece cabível.
Concordância Nominal
• Interjeição
• Conjunção
• Advérbio.
40
Ex.: Trouxe casaco e sapato preto.
Ex.: Trouxe casaco e sapato pretos.
Ex.: Trouxe preto casaco e sapato.
Ex.: Trouxe pretos casaco e sapato.
Ex.: Trouxe camisa e sapato preto.
• Adjetivo referindo-se a vários substantivos do singular e no mesmo gênero:
a) Se estiver posposto ao termo de referência: concorda com o plural e com o
gênero do substantivo ou fica no singular:
41
Depois da discussão, ela queria ficar a sós com a irmã.
• Obrigado, mesmo e próprio: concordam com o referente.
o Ela mesma, ele mesmo.
• Substantivo:
– Não havia acesso aos documentos naquele estabelecimento.
• Adjetivo:
– Maria é orgulhosa de seus filhos.
• Advérbio:
– O candidato mora longe de sua cidade natal.
42
– Ir a / para
• Chamar: é VTD e admite as seguintes construções:
– Eu chamei seu nome.
• Lembraram os compromissos.
43
– Responda às perguntas anteriores.
• Simpatizar / Antipatizar: VTI (com)
– Eu não simpatizo com essa música.
• Suceder:
– VTI: substituir.
• Este governo sucedeu ao regime anterior.
– VI: ocorrer.
• Sucederam eventos terríveis.
• Visar:
– VTD: mirar.
• O arqueiro visava o alvo vermelho.
– VTI (a): pretender.
• Aquele rapaz visava ao cargo de gerente.
– VTD: assinar.
• Meu pai visou aquele documento.
• Perdoar: verbo bitransitivo
– Eu perdoarei a dívida aos meus devedores.
Regência Nominal
Crase
Crase é o nome do fenômeno linguístico em que se pronuncia o som de duas
vogais em apenas uma emissão sonora. Na verdade, trata-se de uma união, como o
próprio nome grego “krásis” O acento grave indicativo de crase (`) deve ser
empregado em contrações da preposição “a” com:
a) O artigo definido feminino:
• O homem foi à reunião descrita na ata.
b) Os pronomes “aquele”, “aquela” ou “aquilo”.
• Referimo-nos àquele assunto mencionado.
c) O pronome demonstrativo “a”:
• Tenho uma calça semelhante à que você tem.
44
Essa é a parte da teoria, a partir de agora, é possível segmentar a matéria em três
tipos: casos proibitivos, casos obrigatórios e casos facultativos.
Casos Proibitivos (Não se pode empregar o acento grave)
1. Diante de palavra masculina:
• Ele fazia menção a dissídio trabalhista.
2. Diante de palavra com sentido indefinido:
• O homem não assiste a filmes medíocres.
3. Diante de verbos:
• Os meninos estavam dispostos a estudar Gramática.
4. Diante de alguns pronomes: (pessoais, de tratamento, indefinidos, interrogativos)
• A Sua Excelência, dirigimos um comunicado.
Crase -II
Casos Obrigatórios (Deve-se empregar o acento grave).
Regra do Boi
Anote o procedimento para aplicar a Regra do Boi.
Finalizamos esse tópico! Ele é muito importante e muito incidente! Concentre-se
para acertar todas as questões que houver a respeito de crase.
46
Pontuação
O conteúdo de pontuação é importantíssimo nas provas de concurso
público, principalmente porque os falantes desconhecem a maioria das regras.
Para que seja possível entender esse conteúdo propriamente, é recomendável ter
uma boa noção de Sintaxe.
A pontuação é feita por meio de sinais que indicam as pausas e as
melodias da fala. O sinal mais importante e mais cobrado em provas é o da
vírgula. Estudemos mais profundamente.
1. Vírgula
Regra de ouro
Fique atento para a regra fundamental de emprego da vírgula. Uma das mais
cobradas em concursos.
Não se emprega vírgula entre:
• Sujeito e verbo.
b) isolar o vocativo:
- Força, guerreiro!
c) isolar o aposto explicativo:
i) omitir um termo:
- Pedro estudava pela manhã; Mariana, à tarde.
Pontuação II
Ponto final – pausa total.
a) É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:
- O jogo acabou.
b) Em abreviaturas:
- Sr., a. C., Ltda., num., adj., obs.
Ponto-e-vírgula – pausa maior do que uma vírgula e menor do que um ponto
final.
Usa-se para:
a) separar itens que aparecem enumerados:
Uma boa dissertação apresenta:
- coesão;
- coerência;
- progressão lógica;
- riqueza lexical;
- concisão;
- objetividade; e
- aprofundamento.
48
Senhor Barriga exclamou:
- Tinha que ser o Chaves!
b) Em citações:
De acordo com Platão: “A Democracia conduz à oligarquia”.
c) Introduzir uma enumeração:
- Quero apenas duas coisas: que o aluno entenda essa matéria e que ele passe
no concurso.
d) Introduzir sentença comprobatória à anterior:
Caos e revolta na cidade: cobrança de impostos abusiva faz o povo se rebelar.
Aspas – indicativo de destaque.
São usadas para indicar:
a) Citação literal:
“A mente do homem é como uma távola rasa” – disse o filósofo.
b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias:
“Peace” foi o que escreveram na faixa.
Ficava “desmorrendo” com aquela feitiçaria.
Estou sentido uma “treta”.
c) Indicar o sentido não usual de um termo.
Energia “limpa” custa caro.
d) Indicar título de obra.
“Sentimento do Mundo” é uma obra do Modernismo Brasileiro.
e) Indicar ironia
Ele é um grande “pensador” da humanidade.
Reticências (...)
São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção na fala, ou dar ideia de
continuidade ao segmento.
(...) O amor na humanidade é uma mentira! É. E é por isso que na minha lira (...)
- Então, ele entrou na sala e...
- Oi, galera!
Parênteses
São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples
indicações.
49
Leitura e interpretação de textos
Muito da interpretação de textos está relacionado com a capacidade de
reconhecer os assuntos do texto e as estratégias de desenvolvimento de uma
base textual. Para que isso seja possível, convém tomar três providências:
• Eliminação dos vícios de leitura: para concentrar-se melhor na leitura.
Vícios de leitura
• Movimento: consiste em não conseguir estudar, ler, escrever etc. sem ficar
arrumando algum subterfúgio para distrair-se. Comer, beber, ouvir música, ficar no
sofá, brincar com o cachorro são coisas que devem ser evitadas no momento de
estudar.
Interpretação de Textos
O conteúdo de interpretação de textos costuma ser muito incidente em provas
de concurso. Para cada base textual, cerca de 4 ou 5 questões desse assunto são
cobradas. Nem sempre o candidato entende o que deve responder, ou mesmo o
texto que acabou de ler. Isso é o que torna essa parte tão importante: a dificuldade
que a maioria do povo tem para interpretar textos.
Fundamentalmente, o problema se centra no hábito de leitura, que poucos
têm. Como não praticam a leitura, as pessoas dificilmente reconhecem uma tipologia
textual, uma inferência ou uma analogia. Pensando nisso, vamos dividir o conteúdo
em partes menores e, de modo sucinto, solucionar os problemas de interpretação.
50
Exemplos de linguagem verbal
Vire à direita.
Vá com cautela.
Perigo.
Radiação.
Aí você se pergunta: como é que isso pode cair em uma prova? A resposta é
simples: em questões cuja base textual seja uma charge, uma tirinha ou um cartaz
publicitário, pois seus autores utilizam uma fonte imagética junto com uma verbal
para comunicar aquilo que desejam. Usualmente, o que se costuma cobrar é qual é o
tema da charge ou da tirinha; se há crítica ou se há efeito de humor.
Tipologia Textual
Todo texto é concebido para ser veiculado em determinado espaço, tempo e
suporte de divulgação. Isso quer dizer que há características próprias que fazem os
textos serem agrupados em tipos, daí a noção de tipologia. Há muita discussão
acadêmica a respeito de quais sejam as tipologias e suas características; aqui, no
entanto, vamos nos limitar a entender os princípios básicos de análise dessas
estruturas.
Primeiramente, é necessário observar o critério de predominância. Isso quer
dizer que vamos analisar um texto por aquilo que ele mais apresenta: se apresenta
fatos, se apresenta ações, se apresenta opiniões, cada item permite classificar as
tipologias em:
• Narração: tipo de texto que está centrado nas ações de personagens.
• Charge: texto que mistura linguagem verbal (escrita) e não verbal (desenhada), a
fim de estabelecer algum tipo de crítica ou opinião a respeito de algo definido no
espaço e no tempo.
Texto instrucional: texto que apresenta instruções sobre como fazer algo.
Exemplos são receitas, manuais ou guias.
Dentre as tipologias mais cobradas, destacam-se:
51
Texto narrativo
• Foco nas ações: portanto, preste atenção ao emprego dos verbos. Usualmente,
os verbos são empregados no pretérito perfeito do indicativo.
A mulher do vizinho
Fernando Sabino
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser
um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que
realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da
mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O
delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:
— O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir
fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES
CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe
uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que
negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que
bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a
lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber
que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar
gringos feito o senhor.
Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do
escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi
então que a mulher do sueco interveio:
52
— Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? O delegado apenas
olhou-a espantado com o atrevimento.
— Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor.
Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram
o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando.
E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de
um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar
humildemente:
— Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços
desalentado:
— Da ativa, Motinha! Sai dessa...
Texto extraído do livro "Fernando Sabino - Obra Reunida - Vol.01", Editora Nova
Aguilar - Rio de Janeiro, 1996, pág. 872.
Texto descritivo:
• Foco nas características: portanto, abundam os adjetivos e os verbos de ligação.
Veja um exemplo:
DETALHES DO PRODUTO
O Sapato Social Lucca Salvatore Recorte preto é confeccionado em verniz com
recortes decorativos e elástico para facilitar o calce. Interior em material sintético,
palmilha macia e solado de borracha.
INFORMAÇÕES
53
Acontecia-lhe chorar algumas vezes por causa de um vestido que a
modista não lhe fizera a gosto, ou de um baile muito desejado que se
transferia; mas essas lágrimas efêmeras que saltavam em bagas dos
grandes olhos luminosos, iam nas covinhas da boca transformar-se em
cascatas de risos frescos e melodiosos.
(José de Alencar)
Texto dissertativo
O texto é dito dissertativo, quando carreia opiniões, argumentos, teses e
pontos de vista. Há duas orientações fundamentais para classificá-lo.
• Dissertativo-expositivo: é o tipo de texto que não busca persuadir o
leitor, apenas informar ou explicar algo. Esse tipo de texto é muito comum em
reportagens ou notícias de jornal.
Linguística textual é uma orientação possível na análise de textos. A linguística textual é
basicamente uma criação da Europa continental, e é especialmente valorizada na Alemanha e na
Holanda. Ao contrário das correntes estruturalistas, cujo foco de estudos são os aspectos formais e
estruturais do texto, essa vertente concentra suas atenções no processo comunicativo estabelecido entre
o autor, o leitor e o texto em um determinado contexto. A interação entre eles é que define a
textualidade de um texto. Na década de 1970, um projeto pioneiro da universidade de Konstanz, na
Alemanha, tentou construir uma gramática de texto explícita; o projeto pareceu não ter sucesso, e as
investigações que se seguiram caracterizaram-se por uma elaboração e sofisticação maiores.
A linguística textual faz um uso pesado dos conceitos e da terminologia linguística
corrente, e muito do que se faz nesse campo são tentativas de estender os tipos correntes de
análise linguística a unidades maiores do que a sentença. Consequentemente, essa orientação
tem muito em comum com a abordagem que, no mundo de língua inglesa, é conhecida como
discourse analysis, e alguns estudiosos que olham para as coisas de fora não conseguem ver
grandes diferenças entre as duas. A orientação funcionalista chamada linguística sistêmica
compartilha algumas ideias importantes com a linguística textual, mas tem uma natureza bastante
diferente.
(Fonte: Wikipédia)
Figuras de Linguagem
Recursos para transformar o conteúdo das mensagens.
Alteração do sentido.
57
Hoje em dia é essencial saber interpretar corretamente os textos,
entender melhor sobre suas tipologias e as funções da linguagem
relacionadas a ele.
Resumindo:
58
A Coesão e a Coerência são mecanismos fundamentais na construção
textual.
Para que um texto seja eficaz na transmissão da sua mensagem é
essencial que faça sentido para o leitor.
Coesão Textual
Mecanismos de Coesão
Algumas Regras
Confira abaixo algumas regras que garantem a coesão textual:
Referência
Pessoal: utilização de pronomes pessoais e
possessivos. Exemplo: João e Maria casaram. Eles são pais de Ana e
Beto. (Referência pessoal anafórica).
Substituição
Conjunção
A conjunção liga orações estabelecendo relação entre elas.
Coesão Lexical
Coerência Textual
A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da
sua argumentação - resultado especialmente dos conhecimentos do
transmissor da mensagem.
Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias iniciadas não são
concluídas, é um texto incoerente. A incoerência compromete a clareza do
discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Assim a incoerência não é só uma questão de conhecimento, decorre
também do uso de tempos verbais e da emissão de ideias contrárias
Exemplos:
O relatório está pronto, porém o estou finalizando até agora. (processo
verbal acabado e inacabado)
Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal passado. (os
vegetarianos são assim classificados pelo fato de se alimentar apenas
de vegetais)
60
Fatores de Coerência
São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto,
tendo em vista a sua abrangência. Vejamos alguns:
Conhecimento de Mundo
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que
são arquivados na nossa memória.
62
Entenda o conceito e os elementos de uma narrativa!
O texto narrativo é aquele que apresenta uma história por meio da
narração, ou seja, narra um fato, conta uma história com detalhes preciosos
para a interpretação e o entendimento do conteúdo. O texto narrativo tem
uma visão, um tempo, um espaço e elementos específicos e importantes.
De uma forma geral, o texto narrativo apresenta uma sequência de
ações ou acontecimentos. Esses fatos podem ser reais ou imaginários. Por
meio dessa sucessão de fatos, o narrador cria o contexto e o desenvolvimento
do conteúdo.
O texto narrativo conta com introdução, desenvolvimento e
conclusão. Os principais elementos desse tipo de conteúdo são: o
personagem, o enredo, o tempo, o espaço e o narrador (aquele que
conta a história).
Os elementos da narração são fundamentais para a compreensão e
correta interpretação das mensagens. O espaço diz respeito ao local onde a
história acontece; o tempo é a duração dos fatos ou acontecimentos (pode
ser cronológico ou psicológico); e os personagens são aqueles agentes que
apresentam qualidades psicológicas e físicas.
No texto narrativo, é importante apresentar as ações dos personagens
dentro de um tempo e espaço, a fim de orientar o leitor e guiá-lo no
desenvolvimento da história. A narração precisa ser clara, criativa, objetiva e
interessante, para prender a atenção do leitor. Os principais tipos de textos
narrativos são as novelas, as crônicas, os romances, os contos e as fábulas.
A estrutura da narrativa tem a apresentação ou introdução, o
desenvolvimento da história, o clímax ou momento mais importante e
emocionante do texto, e o desfecho ou conclusão.
O narrador é um elemento essencial do texto narrativo, pois é ele
quem conta (narra) a história. É possível ter um narrador observador,
um narrador personagem ou narrador onisciente. O narrador é
considerado a voz do texto.
O enredo do texto narrativo é a própria estrutura do conteúdo, que
apresenta a forma como as ações acontecem. O enredo pode ser linear,
não linear, psicológico e cronológico. Ainda no que diz respeito aos
personagens, o texto narrativo tem protagonista, antagonistas e
personagens secundários.
O tempo do texto narrativo pode ser o ano, a hora, uma data ou
momento histórico específico. O texto narrativo pode ter um discurso
direto, no qual o personagem fala; ou um discurso indireto, no qual o
narrador conduz a fala do personagem. Na maioria dos casos, a
narração acontece em 3ª pessoa.
63
Uma outra opção é utilizar o discurso indireto livre, que apresenta as
falas dos personagens e também a intervenção do narrador.
Estrutura do Texto – Dissertação
1 – Introdução
Também chama de “tese”, é onde inicia-se a dissertação, colocando a
ideia central sobre o tema de forma clara. Trata-se da parte mais importante
do texto, sendo por isso que as informações deverão estar inseridas e, a o
longo do texto, desenvolvidas.
É onde deve estar bem inserido o texto, de modo que o leitor queira
continuar lendo. É nesse momento que será definido o que será dito, é onde o
escritor informa ao leitor que o seu texto merece ter atenção.
A introdução pode ser apresentada como:
Afirmação geral sobre o assunto;
Consideração do tipo histórico-filosófico;
Citação;
Comparação;
Algumas perguntas;
64
Narração.
2 – Desenvolvimento
Também conhecido como “antí-tese” ou “antítese”, é nessa parte do
texto que são desenvolvidas a argumentação através de opiniões, dados,
levantamentos, estatísticas, fatos e exemplos sobre o tema, a fim de que a
sua ideia central colocada na introdução seja defendida com propriedade.
Nessa parte do texto, a convicção do autor aparecerá de forma mais
explícita, se fazendo presente no desenvolvimento do texto. Nessa hora que
será desenvolvido o tema, podendo ser de argumentação por citação,
comprovação ou um raciocínio lógico.
O conteúdo poderá ser organizado de diversas maneiras, dependendo
apenas da proposta do texto e das informações que estão sendo discutidas.
3 – Conclusão
O nome já informa o que se deve esperar dela. É o lugar onde o texto é
concluído. Ou seja, não se pode deixar um texto sem a sua conclusão, e é
justamente nesse momento que o nome “nova tese” é mencionado, pois é um
momento em que há o fechamento das ideias, principalmente quando há uma
inserção de uma nova ideia no texto, ou seja, uma “nova tese”.
É a parte final do texto, um resumo com força e brevidade do texto. É
nessa parte que serão respondidas as questões propostas inicialmente no
texto, expondo uma avaliação final do assunto.
Tipos de dissertação
A dissertação pode ser encontrada de duas formas: dissertação
argumentativa e dissertação expositiva.
No texto dissertativo argumentativo, a intenção é persuadir o leitor,
convencendo-o de sua ideia central, a partir de correntes argumentações,
fatos, exemplos, entre outros.
Já no texto dissertativo expositivo, é onde as ideias, teorias e conceitos
são expostos, mas sem a necessidade de tentar convencer o leitor.
Quando nos deparamos com o desafio de escrever um texto
dissertativo-argumentativo, seja em provas escolares ou vestibulares, é
preciso ter em mente que este tipo de produção textual tem o objetivo de
defender um ponto de vista ou tema apresentado, o que não significa que o
texto deva ter a opinião pessoal do redator.
A base deste tipo de dissertação é a defesa de um raciocínio dentro de
um determinado contexto ou realidade. Sendo assim, o autor deve ter
65
argumentos e dados que o ajudem a apresentar justificativas para suas
ideias. Por isso, é essencial estar sempre atualizado, ler jornais e revistas e
acompanhar tudo o que está acontecendo de mais relevante no Brasil e no
mundo. Afinal, em provas de redação, o tema da dissertação é sempre um
mistério, e é preciso estar preparado para o que vier!
Como escrever uma dissertação argumentativa?
Três elementos importantes para uma boa dissertação argumentativa
são: a apresentação do ponto de vista e dos argumentos e a análise crítica. O
texto tem a missão de testar a argumentação do autor.
A dissertação pode ser feita na terceira pessoa do plural, apresentando
os argumentos de maneira objetiva e impessoal. É importante manter uma
postura imparcial, mesmo que você tenha um posicionamento sobre o
assunto. Ao adotar uma abordagem distanciada do tema, o autor consegue
fazer com que o leitor aceite melhor as ideias colocadas no texto.
Confira um exemplo de texto dissertativo-argumentativo:
Ex.:
O cenário político e econômico do Brasil vem passando por tempos
desafiadores. A movimentação em torno dos diversos casos de corrupção, a
falta de ética nas relações políticas e institucionais e os bilhões desviados dos
cofres públicos colocam a população em um desolador estado de
desesperança e incapacidade.
Veja que neste trecho não se usou a primeira pessoa do singular ou do
plural. Essa é uma característica clara da impessoalidade do texto. Mesmo
que ele esteja transmitindo uma visão pessoal, o autor não usa frases
como “Eu vejo que”, “Eu acredito que”, “Na minha opinião”.
Nas redações, empregue sempre a escrita objetiva, na terceira pessoa
do plural e com argumentos consistentes. Antes de fazer uma prova que
cobre um texto dissertativo-argumentativo, pratique suas redações em casa e
se informe sobre tudo o que pode ser usado como tema para o texto.
A redação dissertativa-argumentativa é um gênero textual muito
importante, que forma e influencia a opinião do leitor. Este é o tipo de texto
cobrado na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e,
normalmente, apresenta temas voltados às questões de ordem social,
cultural, política ou científica. Para escrevê-lo, use o seguinte esquema:
apresente o problema, faça a argumentação e a defesa do ponto de vista,
organize bem as ideias, apresente dados (se possível) e faça uma boa
conclusão, apresentando uma solução para o problema inicial.
Entenda o conceito de texto editorial e saiba onde ele é usado!
O texto editorial tem caráter jornalístico e aparece
frequentemente em jornais, revistas, sites de notícias, entre outros
veículos de comunicação e imprensa. O editorial é escrito normalmente
66
pelo editor-chefe ou por um jornalista mais experiente, e apresenta sempre
um perfil opinativo.
Na verdade, este é o único texto jornalístico que pode expressar
opiniões, já que os demais conteúdos escritos pelos profissionais da área
precisam, obrigatoriamente, ser imparciais e neutros.
Texto expositivo-argumentativo
Neste caso, além de evidenciar o tema central através da exposição do
mesmo e da descrição de características, há uma explícita defesa de tese,
com apresentação de dados, presença de um discurso e argumentos.
Texto expositivo-informativo
Este tipo de texto expositivo não apresenta defesa de tese ou opinião,
fica livre de apreciações e busca a imparcialidade. Por isso, baseia-se mais
em fatos do que em opiniões, como os tipos de produção textual
apresentados a seguir:
Gráficos;
68
Pesquisas;
Índices;
Conjunto de dados.
69
Ao escrever um texto descritivo, é fundamental mencionar aspectos
relevantes, características e diferenciais de cada fato, lugar, personagem ou
objeto. Também é possível utilizar trechos descritivos dentro de textos
narrativos, sendo este um recurso que valoriza a narrativa e apresenta
informações detalhadas para o leitor sobre acontecimentos.
De uma forma geral, as principais características presentes na estrutura
do texto descritivo são: introdução que apresenta e identifica aquilo que será
descrito, o desenvolvimento que apresenta aspectos importantes daquilo que
é o foco do texto, e a conclusão que finaliza a caracterização daquilo que é o
foco da descrição.
Características do texto descritivo
O texto descritivo garante muita liberdade de criação ao autor, pois este
formato de texto não está limitado por tempo ou espaço. É possível descrever
todos os tipos de objetos, pessoas, situações e personagens. Em geral, os
textos descritivos utilizam muitos adjetivos e locuções adjetivas, além de
verbos de estado.
A linguagem precisa ser clara, objetiva e dinâmica, a fim de atrair a
atenção do leitor. O vocabulário deve ser variado e é possível abusar de
figuras de linguagem, comparações e outros recursos que valorizem a
descrição. No caso da descrição de personagens, vale a pena reforçar
aspectos físicos, psicológicos e emocionais.
O texto precisa ser equilibrado, rico e de alta qualidade. A ideia é captar
impressões, representar algo ou alguém em palavras e criar uma verdadeira
imagem daquilo que está sendo descrito, a fim de que o leitor possa criar um
retrato em sua mente.
Na hora de escrever, é importante enumerar todas as informações e
características importantes para a descrição, como cor, peso, textura, aroma,
dimensão, altura, comprimento, clima, localização, função, vegetação,
sensações, emoções, entre outros aspectos. Um bom texto descritivo é um
verdadeiro retrato verbal, composto por introdução, desenvolvimento e
conclusão. A descrição pode ser subjetiva, com destaque das impressões
pessoais do autor; ou objetiva, com informações e formas exatas e realistas.
Os textos descritivos são aqueles que fazem a descrição de um fato, um
objeto, uma pessoa, um cenário, uma situação ou qualquer outra coisa que
possa ser apresentada em detalhes. Em muitos casos, os textos descritivos
comunicam situações e ocorrências cotidianas, descrevendo espaços,
ambientes e particularidades de determinado objeto.
O texto descritivo comunica ao leitor as impressões do autor sobre
determinada situação, expressando as qualidades e características
particulares de um fato, pessoa, lugar ou objeto. Com a descrição é possível
criar um retrato visual por meio das palavras.
70
As principais características dos textos descritivos são: a apresentação
de aspectos físicos, psicológicos e dados específicos sobre aquilo que está
sendo descrito, como localização, texturas, sabores, sensações, cores,
dimensões, comprimentos e outros dados relevantes para o entendimento do
leitor.
PROPOSIÇÕES LÓGICAS
71
não se enquadram no conceito de proposição justamente por não serem
declarativas ou não nos conduzirem para um valor exclamativas:
“Meu Deus!” interrogativas:
“Você me ama?” imperativas:
“Não estude para passar, mas até passar! sem verbo:
“o mundo dos concursos públicos.” abertas: “x + 1 = 7” ; “Ela é a melhor
esposa do mundo.” paradoxais:
“Só sei que nada sei.” Não são proposições.
As proposições
Podem ser classificadas em simples ou compostas.
Uma proposição lógica é dita simples quando declara uma única coisa sobre
um único objeto. Ou seja, não pode ser dividida em proposições menores.
Exemplo:
72
P: Fernanda é empresária.
Q: Bárbara é rica.
É possível perceber que em cada uma das frases temos uma única informação
(profissão e grau da situação financeira, respectivamente) a respeito de uma
única pessoa (Fernanda e Bárbara, respectivamente).
Logo, certamente estamos diante de uma proposição lógica simples!
Já as compostas são duas ou mais proposições conectadas entre si,
resultando numa única declaração.
Exemplo: R: Fernanda é empresária e Bárbara é rica.
Lógica Proposicional
O Raciocínio Lógico Matemático tem sido matéria frequente em
concursos públicos de todas as esferas. Normalmente a cobrança é feita sobre
a Lógica proposicional, que trata, isto é, tem como objeto de estudo as
proposições.
Os editais das bancas aparecem com termos variados, como por
exemplo, lógica proposicional, lógica sentencial, lógica de argumentação,
entre outros, mas em suma, tratam do mesmo assunto: Proposições.
.
Proposição Simples
Trata-se de sentença declarativa, que pode ser classificada apenas
como falsa ou verdadeira, mas nunca ambas. Em outras palavras, proposição
é um conjunto de palavras com sentido completo, que declara algo, por isso,
declarativa. É válido compreender que as sentenças precisam ter sempre
Sujeito e Verbo, como nos exemplos abaixo:
1)O Brasil fica na América. (Sujeito = Brasil / Verbo = fica)
2)Cuba é um país da Europa. (Sujeito = Cuba / Verbo = é)
73
Perceba que não tem importância o fato de ser verdadeira ou falsa para
ser proposição. Porém, tem de ser classificada obrigatoriamente como um dos
dois.
CUIDADO!
Não serão proposições as seguintes sentenças:
a) interrogativas – Ex: Qual o seu nome?
b) exclamativas – Ex: Bom dia!
c)imperativas – Faça o seu trabalho corretamente.
d)sentenças abertas – é declarativa; é vaga; Ex: Ele vai passar.
Sentença aberta
Trata-se de Sentença declarativa que não permite a classificação falsa
ou verdadeira. NÃO É PROPOSIÇÃO.
São perigosas, pois tem sujeito e tem verbo, contudo, são vagas e por
esse motivo não são proposição.
Exemplos
1)x + 4 = 5 (sem saber o valor de x, não é possível saber se é verdade
ou não.)
2) o País fica na América. (Qual País? sem saber o país nada se pode
afirmar.)
PROPOSIÇÃO COMPOSTA
Trata-se da reunião de duas ou mais proposições simples. Essa reunião
é realizada por meio de termos denominados conectivos, os quais serão – a
partir de agora – estudados.
CONECTIVOS
São termos que promovem a ligação entre proposições simples.
74
EXEMPLOS
1.O Brasil é um País E Cuba fica na Europa.
75
Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V, pois são duas verdades.
Na segunda linha: V com F = F, pois tem uma verdade só.
Na terceira linha: F com V = F, pois tem uma só verdade.
Na quarta linha: F com F = F, pois não tem verdade alguma.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo E, veja os exemplos:
Em cada frase julgue em certa ou errada:
a) Cuba é um País e O Brasil é um País. (V )
b) Belo Horizonte é uma cidade e Cuba um continente. ( F )
c) Porto Alegre é um estado e Curitiba é uma cidade. ( F )
d) Curitiba é um estado e Cuba é um continente. ( F )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo E: Duas verdades = V
Sinônimos do conectivo E
O conectivo E nem sempre aparece do modo tradicional, muitas vezes,
aparece de outras formas, como o tradicional, “MAS” que tem o mesmo
sentido de E. Destacamos no quadro abaixo as principais.
76
Exemplos:
Luiz é alto, mas não joga basquete. = Luiz é alto e não joga basquete.
Carlos é rico, vai à praia. = Carlos é rico e vai à praia.
Não sou Gordo nem magro. = Não sou gordo e não sou magro
Beijos não são contratos, tampouco promessas de amor eterno. =
Beijos não são contratos e não são promessas de amor eterno.
Tabela Verdade “OU”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases, o conectivo OU, por
exemplo, tem como função a simultaneidade. Quando o autor utiliza o
conectivo OU, ele está afirmando que HÁ PELO MENOS UMA VERDADE.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:
Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V, pois são duas verdades.
Na segunda linha: V com F = V, pois tem uma verdade.
Na terceira linha: F com V = V, pois tem uma verdade.
Na quarta linha: F com F = F, pois não tem verdade alguma.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
Em cada frase julgue em certa ou errada:
a) Cuba é um País ou O Brasil é um País. ( V )
b) Curitiba é uma cidade ou Cuba um continente. ( V )
c)Porto Alegre é um estado ou Curitiba é uma cidade. ( V )
d)Belo Horizonte é um estado ou Cuba é um continente. ( F )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo OU: PELO MENOS UMA VERDADE = V
77
Tabela Verdade “OU...OU”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases. Quando o autor
utiliza o conectivo OU...OU, ele está afirmando que na frase só uma parte é
verdade, ou seja, se na frase houver SÓ UMA proposição verdadeira, a frase
será verdadeira.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:
Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = F, pois são duas verdades, e poderia ter
uma só verdade.
Na segunda linha: V com F = V, pois tem uma verdade só.
Na terceira linha: F com V = V, pois tem uma só verdade.
Na quarta linha: F com F = F, pois não tem verdade alguma.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
a) OU Cuba é um País OU O Brasil é um País. ( F )
b) OU Curitiba é uma cidade OU Cuba um continente. ( V )
c)OU Curitiba é um estado OU Curitiba é uma cidade. ( V )
d)OU Porto alegre é um estado OU Cuba é um continente. ( F )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo OU...OU: SÓ UMA VERDADE = V
Tabela Verdade “SE...ENTÃO”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases. Quando o autor
utiliza o conectivo SE...ENTÃO, ele está afirmando quando a primeira é
verdadeira obrigatoriamente a segunda tem que ser verdadeira.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:
78
Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V,
pois segue a definição, isto é, sendo a primeira verdadeira, a segunda
também é verdadeira.
Na segunda linha: V com F = F,
pois sendo a primeira verdadeira, a segunda deveria ser verdadeira e
não é.
Na terceira linha: F com V = V,
pois quando a primeira é falsa, automaticamente o resultado é
verdadeiro.
Na quarta linha: F com F = V,
pois quando a primeira é falsa, automaticamente o resultado é
verdadeiro.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
a) SE Cuba é um País ENTÃO O Brasil é um País. ( V )
b) SE Cuiabá é uma cidade ENTÃO Cuba um continente. ( F )
c) SE Porto Alegre é um estado ENTÃO Curitiba é uma cidade. ( V )
d)SE Curitiba é um estado ENTÃO Cuba é um continente. ( V )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo SE...ENTÃO: quando a 1ª = V então obrigatoriamente
a 2ª = V
Sinônimos
do conectivo
Se ... então
79
Exemplos
1.Se no Nordeste faz muito calor, muitas pessoas tem ar condicionado.
=Se no Nordeste faz muito calor, então muitas pessoas tem ar condicionado.
2.Quando faz dieta, Lúcio emagrece. = Se Lúcio faz dieta, então
emagrece.
3.Como não nasci rico, trabalho bastante. = Se não nasci rico, então
trabalho bastante.
4.Beto passou por que estudou muito. = Se Estudou muito, então Beto
passou. (invertido)
5.Jhoni é feliz, pois é Professor. = Se Jhoni é professor, então Jhoni
éfeliz. (invertido)
Perceba que os únicos nos quais devemos fazer a inversão são o pois e
o porquê.
Tabela Verdade “SE, E SOMENTE SE”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases. Quando o autor
utiliza o conectivo SE, E SOMENTE SE, ele está afirmando AS DUAS
PROPOSIÇÕES TEM O MESMO VALOR LÓGICO, ISTO É, SÃO IGUAIS.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:
Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V, pois são duas verdades, são iguais.
80
Na segunda linha: V com F = F, pois são diferentes.
Na terceira linha: F com V = V, pois são diferentes.
Na quarta linha: F com F = V, pois são iguais.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
a) Cuba é um País SE, E SOMENTE SE O Brasil é um País. ( V )
b) Belo Horizonte é uma cidade SE, E SOMENTE SE Cuba um continente. (F)
c)Curitiba é um estado SE, E SOMENTE SE Porto Alegre é uma cidade. ( F )
d)Curitiba é um estado SE,E SOMENTE SE Cuba é um continente. ( V )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo SE, E SOMENTE SE está correto se forem iguais.
SIMBOLIZAÇÃO DE EXPRESSÕES
EXEMPLO
1)Esta prova está difícil ou estudei bastante.
2)Se estudo bastante e faço simulados, então serei aprovado.
3)Vou ao shopping se, e somente se tenho dinheiro.
81
4)Ou vou levar uma vida tranquila ou vou atrás dos meus sonhos.
5)Eu não sou policial, mas gosto de justiça.
6)Usando as letras, simbolize:
P: o salário é do nível A;
Q: o salário possui dedução;
R: o salário tem bônus.
a) Se o salário possui dedução então ele é do nível A e tem bônus.
RESULTADO = Q → P ^ R
b) O salário tem bônus se e somente se não for no nível A.
Resultado = R ↔ ¬ P
3)Usando as letras, simbolize:
P: cavalo está descansado.
Q: cavaleiro vencerá.
R: a armadura é forte.
a) Se o cavalo estiver descansado, o cavaleiro vencerá.
Resultado = P → Q
b) como a armadura é forte, o cavaleiro vencerá.
Resultado = R → Q
4)Usando as letras, simbolize:
P: rosas são vermelhas;
Q: violetas são azuis;
R: açúcar é doce;
a) Rosas são vermelhas e violetas são azuis.
Resultado = P ^ Q
b) Rosas não são vermelhas ou violetas são azuis.
82
Resultado = ¬ P v Q
Negação de Proposições
A negação de proposições é tema comum nas Bancas. Embora no nosso
cotidiano, estejamos habituados a fazer negações, no aspecto lógico existem
cuidados especiais e detalhes que fazem toda a diferença. Para melhor
compreensão, separamos a negação simples, da composta, aquela que possui
conectivos.
Negação Simples
1)introduz o negador NÃO;
¬ (A e B) = ¬A ou ¬B
Exemplos
Proposição = Sou feliz e Canto.
Negação = NÃO sou feliz ou NÃO canto.
Negue a proposição " os alunos passarão no concurso ou não estudaram
muito."
Negue a proposição:
“O Brasil é um país e cuba um continente.”
Conectivo OU
¬ (A ou B) = ¬ A e ¬ B
84
Exemplo
Proposição = sou professor ou sou rico.
negação = NÃO sou professor rico. e NÃO sou
Negue a proposição “Faço dieta ou sou feliz.”
Negue a proposição “Não estudo ou passo no concurso.
Exemplo
Vou à academia todos os dias da semana e corro três dias na semana.
Uma afirmação que corresponde à negação lógica da afirmação anterior é
a) Não vou à academia todos os dias da semana ou não corro
três dias na semana.
b) Vou à academia quase todos os dias da semana e corro dois dias na
semana.
c)Nunca vou à academia durante a semana e nunca corro durante a
semana.
d)Não vou à academia todos os dias da semana e não corro três dias na
semana.
e) Se vou todos os dias à academia, então corro três dias na semana.
Determine a negação da proposição “Lívia é estudiosa e Marcos decora”.
a) Lívia é estudiosa ou Marcos decora
b) Lívia não é estudiosa e Marcos decora.
c)Lívia não é estudiosa ou Marcos decora.
d)Lívia não é estudiosa ou Marcos não decora.
e) Marcos não decora e Lívia é estudiosa.
Exemplo
A negação lógica da frase “Maurício comprou um notebook ou Paula não
foi à escola” é dada por:
a) Maurício não comprou um notebook ou Paula foi à escola.
b) Se Maurício não comprou um notebook, então Paula foi à escola
c)Maurício não comprou um notebook e Paula não foi à escola.
d)Maurício não comprou um notebook e Paula foi à escola.
Negação de Compostas
85
Simbolicamente a negação ocorre segundo a regra abaixo:
Exemplo 1
Exemplo 2
Ou cai o ministro ou cai o dólar.
Negação: Cai o ministro SE, E SOMENTE SE cai o dólar.
86
Negação da Bicondicional – regra 1
Simbolicamente a negação ocorre segundo a regra abaixo:
Exemplo 1
Exemplo 1
Faço dieta SE, E SOMENTE SE sou feliz.
87
Negação: faço dieta e não sou feliz OU sou feliz e não faço dieta.
Negação de Condicional
Quando falamos da negação da condicional, precisamos entender que
existem alguns passos que devem ser seguidos. Simbolicamente, esses
passos estão descritos no quadro abaixo:
Exemplo 1
Se Luiz é alto, então joga basquete.
Negação: Luiz é alto e não joga basquete.
Repete a 1ª nega a 2ª
Exemplo 2
Se Lúcio faz dieta e corre, então emagrece.
Exemplo 3
Se nasci rico, trabalho bastante e sou feliz.
Negação de Quantificadores
Exemplo 2
Negue a proposição: "algum homem é feio."
Negação: nenhum homem é feio.
Exemplo 3
Negue a proposição: "nenhum gato é pardo."
Negação: algum gato é pardo.
Exemplos
A negação de “todos os homens dirige bem" é:
Comentário: usando a regra de trocar Todos por Existe e negar temos
“existe homem que não dirige bem”
Linguagem na Condicional –suficiente X necessário
Muitas vezes em questões que envolvem a condicional, aparece uma
linguagem específica, que utiliza termos como “condição suficiente” e
“condição necessária”, faremos um estudo detalhado, sobre essa linguagem e
como as questões costumam explorar esses conceitos.
Exemplos
89
“Se estudo então passo.”
90
1)Mudaremos a ordem:
Se passo, então estudo.
2)Negaremos tudo
Se não passo, então não estudo.
Resposta correta: “Se não passo, então não estudo”
É importante destacar que os dois passos são obrigatórios, ou seja, se
apenas for feita a inversão, não será equivalente, e se apenas forem negadas
as sentenças, também não teremos uma equivalência.
Regra 2
Nesta segunda regra, a frase original terá o conectivo “Se então” e
trocaremos esse conectivo pelo conectivo “Ou”. Para poder fazer essa troca
sem perder o sentido original, deveremos negar a primeira componente e
repetir a segunda, veja no esquema a seguir:
Exemplo
Dada a sentença “Se estudo, então passo” escreve uma sentença
logicamente equivalente.
Resolução
Componente 1: estudo
Componente 2: passo
1)negaremos a primeira
Não estudo
2)repetiremos a 2ª
Passo
Resposta correta:
“Não estudo OU passo”
Regra 3
91
Dada a sentença “a inflação cai OU o dólar aumenta” escreve uma
sentença logicamente equivalente.
Resolução
Componente 1: a inflação cai
Componente 2: o dólar aumenta
1)negaremos a primeira
A inflação não cai.
2)repetiremos a 2ª
O dólar aumenta
Resposta correta:
“Se a inflação não cai, então o dólar aumenta”
Lógica de argumentação
Exemplo
Premissa 1 = Todo cachorro é verde.
Premissa 2 = Tudo o que é verde é vegetal.
92
Conclusão = Todo cachorro é vegetal
Importante perceber que não importa o conteúdo das premissas,
quero dizer, se concordamos ou não, se é verdade ou não, o que vale
é a conclusão estar de acordo com as premissas.
Modelo de questão
Se o jardim não é florido, então o gato mia. Se o jardim é florido, então
o passarinho não canta. Ora, o passarinho canta. Logo:
a) o jardim é florido e o gato mia
b) o jardim é florido e o gato não mia
c) o jardim não é florido e o gato mia
d) o jardim não é florido e o gato não mia
e) se o passarinho canta, então o gato não mia
Perceba que a conclusão é o que falta no argumento e precisamos
selecionar qual alternativa apresenta essa conclusão
Para resolver questões com esse modelo, utilizaremos alguns passos:
1) escrever a linguagem simbólica;
2) utilizar a tabela verdade para resolver o argumento;
3) verificar a alternativa que bate com o argumento;
Passo 1:
P1: ~ J → G
P2: J → ~P
P3: P
Passo 2:
Todas devem ser verdadeiras:
P1: ~ J → G = V
P2: J → ~P = V
P3: P = V
Passo 3:
Resolve debaixo para cima:
P1: ~ J → G = V
P2: J → ~P = V
→F
P3: P = V
93
P1: ~ J → G = V
P2: J → ~P = V
F → F ( o falso anda para trás)
P3: P = V
P1: ~ J → G = V
V ( o negador não troca o valor)
P2: J → ~P = V
F → F ( o falso anda para trás)
P3: P = V
P1: ~ J → G = V
V → V ( o verdadeiro anda para frente)
P2: J → ~P = V
F → F ( o falso anda para trás)
P3: P = V
Fechamos o argumento e temos algumas conclusões:
J = F (ou seja, o jardim não é florido)
G = V (isto é, o gato mia)
~P = F (é falso que o passarinho não canta, ou seja, ele canta)
Olhando agora as alternativas, marcamos a alternativa C.
Argumento
94
Conclusão: todo cachorro é vegetal.
Observe que não estamos interessados no conteúdo do argumento, isto
é, não queremos discutir se realmente todo cachorro é um vegetal, e sim
analisar a estrutura, a formação do argumento.
Para uma melhor adaptação, é necessário saber algumas classificações,
são elas:
Argumento Válido
Um argumento é válido sempre que a veracidade das declarações
iniciais (premissas) garante a veracidade da conclusão. Em outras palavras,
se as premissas forem todas verdadeiras, a conclusão necessariamente deve
ser verdadeira.
Argumento Inválido
Um argumento é inválido quando todas as premissas são verdadeiras e
a conclusão é falsa.
Silogismo
Argumento formado por apenas duas premissas e uma conclusão.
Argumento hipotético
As premissas e a conclusão são proposições simples ou compostas, que
utilizam os conectivos lógicos.
Veja a análise de alguns argumentos:
Exemplo 1
Daniel é aluno (premissa 1)
Todo aluno é aprovado (premissa 2)
Daniel é aprovado (conclusão)
Notamos que quando a conclusão é lida, ela é uma consequência
natural das premissas. Ela é óbvia. Por esse motivo, o argumento é válido.
Exemplo 2
São Paulo é uma cidade
O brasil é um país.
A Itália fica na Europa
Note que a conclusão não tem sentido, não tem conexão com as
premissas. Não tem nada a ver a Itália ficar na Europa com São Paulo ser
uma cidade e o Brasil um país. Esse argumento é inválido.
Exemplo 3
95
O Brasil fica na África.
Todo país da África é desenvolvido.
O Brasil é desenvolvido.
Nesse argumento, embora as premissas sejam falaciosas, isto é,
erradas, pois analisando com a realidade, o Brasil não fica na África,
tampouco os países da África são desenvolvidos, o argumento é válido. Lendo
as premissas, a conclusão faz sentido.
Argumentos categóricos
São argumentos em que as premissas são formadas através de
quantificadores.
Nenhum
Não existe intersecção entre os conjuntos. Por exemplo, ao dizer que
nenhum A é B garante-se que não existe um elemento de A que também
esteja em B. Sendo a recíproca verdadeira.
Exemplo:
A: nenhum arquiteto é bancário.
Algum
Os diagramas possuem intersecção e por isso pelo menos um elemento
na intersecção dos dois conjuntos, ou seja, que pertence a ambos.
Exemplo:
Algum arquiteto é bancário.
Todo
Um dos conjuntos é subconjunto do outro.
96
Exemplo
Todo arquiteto é bancário.
Associação Lógica
Trata-se de questões de organização que trazem muitas informações,
normalmente sobre três personagens e duas ou três características. Não há
mentiras, todas as informações são confiáveis, bastando uma boa
organização.
Exemplo
Quatro empresas (Maccorte, Mactex, Macval, Macmais) participam de
uma concorrência para compra de certo tipo de máquina. Cada empresa
apresentou um modelo diferente do das outras (Thor, Hércules, Netuno,
Zeus) e os prazos de entrega variavam de 8, 10, 12 e 14 dias. Sabe-se que:
Sobre os prazos de entrega, Macval apresentou o menor e Mactex o
maior.
O modelo Zeus foi apresentado pela Maccorte, com prazo de entrega de
2 dias a menos do que a Mactex.
O modelo Hércules seria entregue em 10 dias.
Macval não apresentou o modelo Netuno.
97
Os personagens da questão serão as colunas de uma tabela e as
características (aquilo que desejamos saber) serão as linhas:
maior.
Sequências lógicas -
98
Fibonacci
{1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, ...}
Progressões aritméticas - aumentam sempre a mesma
quantidade
{3, 7, 11, 15, 19, 23, 27, ...} – aumentam de 4 em 4.
{5, 8, 11, 14, 17, 20, 23, ...} – aumentam de 3 em 3.
Progressões geométricas – multiplica-se sempre pelo mesmo
número
{2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, ...} – multiplica por 2
{1, 3, 9, 27, 81,} multiplica por 3
Exemplo
Qual o próximo número da sequência 36, 64, 100, 144 ?
Sequências de letras
Quando se trata de uma sequência de letras, precisamos diagnosticar se
as letras se apresentam respeitando a ordem alfabética ou não, pois em cada
caso, há uma solução diferente.
Sequências fora da ordem alfabética
Nesses casos precisamos pensar em situações que envolvam os nomes
dos meses, dos dias da semana, e outras situações que não são um padrão
normal.
Exemplo
Qual o próximo termo da sequência JJASOND?
Nesse caso a solução é J, pois cada letra é a inicial dos meses do ano,
começando por junho, veja:
Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
E logicamente o próximo mês é janeiro.
Exemplo
Determine o próximo termo da sequência TQQSS.
Exemplo
Qual a próxima letra da sequência UDTQCSS?
Sequências respeitando a ordem alfabética
Nesses casos, devemos escrever o alfabeto e marcar as letras que
aparecem na sequência, observando que surgirá um padrão.
Exemplo
99
BFHLNR
Primeiro escrevemos o alfabeto:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U ...
Após isso, marcamos as da sequência:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U ...
Veja que existe um padrão: Pula 3 letras e depois pula uma e assim
segue. Como o último salto foi de 3, agora salta uma: logo a resposta é T.
Exemplo
ACEGI
Exemplo
CFHKM
Exemplo
Considere que a sequência (C, E, G, F, H, J, I, L, N, M, O, Q, ...) foi
formada a partir de certo critério. Se o alfabeto usado é o oficial, que tem 23
letras, então, de acordo com esse critério, qual a próxima letra dessa
sequência?
Sequência de figuras
As sequências de figuras são mais simples e exigem apenas
observação. Mostraremos alguns exemplos e será o suficiente.
Exemplo
Em cada linha do quadro abaixo, as figuras foram desenhadas
obedecendo a um mesmo padrão de construção.
Princípios de contagem e
probabilidades
100
A análise combinatória ou combinatória é a parte da Matemática
que estuda métodos e técnicas que permitem resolver problemas
relacionados com contagem.
Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise das
possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto de elementos.
Princípio Fundamental da Contagem
O princípio fundamental da contagem, também chamado de princípio
multiplicativo, postula que:
“quando um evento é composto por n etapas sucessivas e independentes, de
tal modo que as possibilidades da primeira etapa é x e as possibilidades da
segunda etapa é y, resulta no número total de possibilidades de o evento
ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”.
Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica-se o número
de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas.
Exemplo
Uma lanchonete vende uma promoção de lanche a um preço único. No
lanche, estão incluídos um sanduíche, uma bebida e uma sobremesa. São
oferecidas três opções de sanduíches: hambúrguer especial, sanduíche
vegetariano e cachorro-quente completo. Como opção de bebida pode-se
escolher 2 tipos: suco de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem
quatro opções: cupcake de cereja, cupcake de chocolate, cupcake de
morango e cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de
quantas maneiras um cliente pode escolher o seu lanche?
Solução
Podemos começar a resolução do problema apresentado, construindo uma
árvore de possibilidades, conforme ilustrado abaixo:
101
Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar quantos tipos
diferentes de lanches podemos escolher. Assim, identificamos que existem 24
combinações possíveis
102
O! = 1
1! = 1
3! = 3.2.1 = 6
7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5 040
10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3 628 800
Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme cresce o número.
Então, frequentemente usamos simplificações para efetuar os cálculos de
análise combinatória.
Arranjos
Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da ordem e da
natureza dos mesmos.
Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p ≤ n), utiliza-
se a seguinte expressão:
Exemplo
Como exemplo de arranjo, podemos pensar na votação para escolher um
representante e um vice-representante de uma turma, com 20 alunos. Sendo
que o mais votado será o representante e o segundo mais votado o vice-
representante.
Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá ser feita?
Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que altera o resultado
final.
Exemplo
Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras diferentes 6 pessoas
podem se sentar em um banco com 6 lugares.
103
Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número de lugares é
igual ao número de pessoas, iremos usar a permutação:
Exemplo
A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de 3 membros para formar
uma comissão organizadora de um evento, dentre as 10 pessoas que se
candidataram.
De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser formada?
Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem dos elementos
não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria, João e José é equivalente
à escolher João, José e Maria.
Sendo:
104
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A
n (A): número de resultados favoráveis
n (Ω): número total de resultados possíveis
Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis, muitas vezes
necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em análise combinatória.
Adição
a+b=c
Exemplo: 2 + 3 = 5
Subtração (com a > b)
a–b=c
Exemplo: 7 – 4 = 3
Multiplicação
axb=c
Exemplo: 3 x 5 = 15
Divisão (com a múltiplo de b)
a:b=c
Exemplo: 12 : 4 = 3
Potenciação
106
Radiciação
107
Exemplos: (+2) . (-5) = -10.
(-3) . (-7) = +21
Divisão – analogamente a multiplicação, o quociente entre dois números
será positivo se dividendo e divisor tiverem sinais iguais, e negativo, se
tiverem sinais diferentes.
Exemplos: (-26) : (-13) = +2
(+36) : (-4) = -9
Multiplicação em ℤ
Para multiplicar números inteiros, deve-se proceder da forma usual,
respeitando a regra dos sinais
Regra dos sinais
Sinais iguais, resultado positivo:
(+).(+) = (+)
(–).(–) = (+)
Sinais diferentes, resultado negativo:
(+).(–) = (–)
(–).(+) = (–)
Expressões Numéricas em Z
Para resolver uma expressão numérica devemos obedecer a seguinte ordem:
1º) Resolver as potenciações e radiciações na ordem em que aparecem
2º) Resolver as multiplicações e divisões na ordem em que elas aparecem
3º) Resolver as adições e subtrações na ordem em elas aparecem
108
CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS (ℚ)
Os números racionais são todos aqueles que podem ser colocados na forma
de fração (com numerador e denominador inteiros). Ou seja, o conjunto dos
números racionais é a união do conjunto dos números inteiros com as frações
positivas e negativas.
Exemplos:
Note que todo número inteiro é racional, como mostra o exemplo a seguir:
109
CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIONAIS (ℚ′ ou II)
√2=1,4142135…
√3=1,7320508…
110
Dados os conjuntos dos números racionais (ℚ) e dos irracionais (), definimos
o conjunto dos números reais como:
ℝ=ℚ∪
O diagrama abaixo mostra a relação entre os conjuntos numéricos:
Relação de Pertinência
A relação de pertinência indica se um determinado elemento pertence ou não
a um determinado conjunto.
Exemplo: considerando A = {0; 2; 4; 6; 8}, temos:
2∈𝐴
(o elemento 2 pertence ao conjunto A)
3∉𝐴
(o elemento 3 não pertence ao conjunto A)
Quando fazemos uso da relação de pertinência, estamos, necessariamente,
relacionando um elemento a um conjunto, nesta ordem. Assim, pode
acontecer:
“elemento” ∈ “conjunto” ou
112
“elemento” ∉ “conjunto”.
113
Conjunto Vazio
O Conjunto vazio é o conjunto que não possui elementos. Para
representarmos o conjunto vazio usaremos os símbolos: { }
ou
Conjunto Unitário
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Assim, um conjunto com 4 elementos, terá 24 elementos no seu conjunto das
partes, ou seja, o conjunto A terá no total 16 subconjuntos.
Igualdade de Conjuntos
Dois ou mais conjuntos são iguais quando apresentam exatamente os
mesmos elementos, em qualquer ordem, sendo que elementos iguais, num
mesmo conjunto, serão considerados uma única vez. Daí, podemos afirmar
que é verdadeira a igualdade dada por:
A= { a; b; c} = { c; b; a} = { a; a; a; b; b; b; c; c}
Simbolicamente a igualdade entre conjuntos fica definida como:
Intersecção de Conjuntos
Dados os conjuntos A e B, define-se como intersecção dos conjuntos A e B ao
conjunto representado por , formado por todos os elementos
pertencentes a A e B, simultaneamente ou seja:
𝐴∩𝐵={𝑥 | 𝑥∈𝐴 𝑒 𝑥∈𝐵}
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Diferença de Conjuntos
Dados os conjuntos A e B, define-se como diferença entre A e B (nesta
ordem) ao conjunto representado por A – B, formado por todos os elementos
pertencentes a A, mas que não pertencem a B, ou seja:
𝐴−𝐵={𝑥 | 𝑥∈𝐴 𝑒 𝑥∉𝐵}
Produto Cartesiano
Dados os conjuntos A e B, chama-se produto cartesiano de A por B ao
conjunto A X B, formado por todos os pares ordenados (x,y), onde x é
elemento de A e y é elemento de B, ou seja:
𝐴 𝑋 𝐵={(𝑥,𝑦) | 𝑥∈𝐴 𝑒 𝑦∈𝐵}
Número de subconjuntos de um conjunto
Se um conjunto A possuir n elementos, então existirão 2n subconjuntos de A
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Razão e Proporção
A razão entre dois números a e b é obtida dividindo-se a por b.
Obviamente b deve ser diferente de zero. 32: 16 é um exemplo de razão cujo
valor é 2, isto é, a razão de 32 para 16 é igual a 2.
Você só poderá obter a razão entre o comprimento de duas avenidas, se as
duas medidas estiverem, por exemplo, em quilômetros, mas não poderá
obtê-la caso uma das medidas esteja em metros e a outra em quilômetros ou
qualquer outra unidade de medida que não seja o metro. Neste caso seria
necessário que fosse eleita uma unidade de medida e se convertesse para
ela, a grandeza que estivesse em desacordo.
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Grandezas inversamente proporcionais
Porcentagem
Cálculo de Percentual
119
2) corta-se dois zeros: 3ՓՓ = 3
Logo, 5% de 60 = 3.
Perceba que sugerimos um método novo para o cálculo de porcentagem! Seu
uso é importante em provas de concursos pela rapidez.
120
V = valores
P = pesos dos valores
Exemplo
ÂNGULOS
Ângulo é qualquer uma das duas regiões do plano limitadas por duas
semirretas de mesma origem.
As semirretas que limitam um ângulo são os seus lados e sua origem
comum é o vértice do ângulo. Um ângulo de vértice A e lados 𝑨𝑩 e 𝑨𝑪 é
denotado pelo
símbolo ∢BAC, ou simplesmente por ∢A. O símbolo ∢BAC representa o
ângulo convexo de lados 𝑨𝑩 e 𝑨𝑪 , salvo menção contrária.
121
Dois ângulos são chamados congruentes quando possuem medidas
iguais.
PRISMAS
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ÁREAS E VOLUME DOS PRISMAS RETOS
PIRÂMIDES
123
ÁREAS E VOLUME DAS PIRÂMIDES RETAS
RELAÇÃO
ENTRE
ALTURA, RAIO E GERATRIZ
124
ESFERAS
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
125
A Psicologia e a Saúde: o papel do psicólogo na equipe
multidisciplinar
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IDADE MÉDIA= RETORNO DO PENSAMENTO MÁGICO- RELIGIOSO
Ascensão da Igreja Católica que retoma a concepção mágico-religiosa
da saúde e doença, considerando o adoecimento como punição divina a
pecados cometidos pelos indivíduos. A cura para as enfermidades baseava-se
na realização de penitências e exorcismos. Ademais, qualquer indivíduo que
contrariasse as ideias da igreja sofria perseguição.
CONTEMPORANEIDADE = PLURALIDADE
As concepções de saúde e doença passam a envolver também dimensões
subjetivas além das biológicas. Há a compreensão que as doenças variam
historicamente.
Podemos compreender esse histórico também em termos de Revoluções da
Saúde, momentos demarcados por drásticas mudanças nos paradigmas sobre
saúde e doença.
131
• Foi um dos primeiros campos de aplicação do modelo biomédico;
• Implementação de ações sanitárias e políticas de saúde; e
• Intervenções centradas na doença.
SEGUNDA REVOLUÇÃO
TERCEIRA REVOLUÇÃO
A psicologia hospitalar por ser uma área que lida diretamente com a
subjetividade e sofrimento do outro exige que o psicólogo entenda os limites
de sua atuação para não se tornar um dos elementos invasivos provenientes
da hospitalização, bem como promover a humanização e a transformação
social no ambiente hospitalar, sem ficar preso nas teorizações que isolam
conflitos mais amplos. Conjuntamente com o enfoque da humanização e do
atendimento em saúde, a interdisciplinaridade é uma das bases da tarefa do
psicólogo que adentra no hospital, pois partindo desse pressuposto o sujeito
doente deve ser considerado biopsicossocial.
Contudo, é um desafio para o profissional da psicologia adentrar em um
contexto onde se predomina o olhar biomédico, onde há limites institucionais
regidos por regras, condutas e normas, além disso, o trabalho do psicólogo é
muitas vezes deficiente no contexto hospitalar, pois a ausência de estrutura
física impossibilita o espaço de cuidado do psicólogo. Ainda é muito presente
o modelo tradicional de atuação do mesmo nesse contexto, porém, na
verdade, mesmo que se busquem novas formas de cuidados psicológicos, nos
deparamos com situações onde o profissional obriga-se a exercer seu
trabalho nos corredores e entre macas.
O estado precário da saúde da população brasileira é um entrave dentro
do saber psicológico, pois exige do profissional uma revisão de seus valores
pessoais, acadêmicos e emocionais. Assim, nessa perspectiva, o contexto
hospitalar difere-se do contexto de aprendizagem e orientação acadêmica, já
que se percebe uma realidade precária nas condições de saúde da população
que é alvo constante das injustiças sociais e aspira por um tratamento
hospitalar digno. Diante dessa concepção e das dúvidas que abarcam a
psicologia e o papel do psicólogo hospitalar, a pesquisa realizada teve como
objetivo entender a construção do papel do psicólogo hospitalar na
atualidade, verificando a construção histórica do perfil desse profissional na
133
realidade brasileira e seus possíveis desdobramentos, levando em
consideração sua atuação na dimensão assistencial e na saúde pública
atualmente.
A Psicologia Hospitalar é um conjunto de contribuições científicas,
educativas e profissionais que as várias correntes da psicologia oferecem para
prestar uma assistência de maior qualidade aos pacientes hospitalizados. O
psicólogo hospitalar é o profissional que detém esses saberes e técnicas para
aplicá-los de forma sistemática e coordenada, sempre com o intuito de
melhorar a assistência integral do sujeito hospitalizado. O trabalho do
psicólogo hospitalar é especificamente direcionado ao restabelecimento do
estado de saúde do doente ou, ao controle dos sintomas que comprometem
bem-estar do paciente. Ainda segundo esse mesmo autor existem seis tarefas
básicas do psicólogo hospitalar:
134
Está abrangência multidisciplinar e estratégica da atuação do psicólogo
hospitalar, pelo reconhecimento do campo de saúde como uma realidade
complexa, e que necessita de conhecimentos distintos integrados é que define
a necessidade de intervenção de forma imediata. Portanto, estas ações
deveriam envolver profissionais de diferentes áreas em uma rede de
complementaridade onde são mantidas as exigências organizacionais
unitárias.
136
ou perda de significado da existência pelo paciente pode despertar nos
profissionais as mesmas vivências.
137
estudioso no assunto, filósofo e médico, Georges Canguilhem (1978), autor
do livro “o normal e o patológico”.
Nessa perspectiva, não se pode estudar o conceito de normalidade sem
se debruçar também nos conceitos de saúde e doença mental. Além disso,
essas definições são diferentes a depender da área de saúde mental, como
por exemplo:
Psiquiatria legal e forense: esses conceitos possuem implicações legais,
criminais e éticas, com capacidade de definir o futuro social, institucional e
legal de alguém.
Epidemiologia psiquiátrica: esse campo possui a definição de
normalidade como um problema e um objeto de pesquisa e trabalho. Assim,
ela visa aprofundar esse debate conceitual.
Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria: nessa área o fenômeno,
supostamente patológico, é estudado com embasamento no contexto
sociocultural em que se manifestou.
Planejamento em saúde mental e políticas de saúde: nesse ambiente,
há de se estabelecer os critérios de normalidade para que as demandas
assistenciais sejam atendidas e verificadas.
Orientação e capacitação profissional: necessário para definir a
capacidade e adequação de um indivíduo a exercer dada profissão, utilizar
máquinas, portar armas, dirigir veículos, entre outros.
Prática clínica: vale evidenciar a capacidade de discriminar, no
momento de avaliação e planejamento clínico, se o fenômeno é patológico ou
normal.
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE
138
Normalidade ideal: nesse ramo, a normalidade é vista de forma utópica.
Assim, estabelece-se a norma ideal, o suspostamente “sadio” e “mais
evoluído” a partir de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários, e, em
algumas ocasiões, dogmáticos e doutrinários.
Normalidade estatística: o conceito de normalidade é visto como aquilo
que se observa com mais frequência na população geral. Logo, ele se aplica a
fenômenos quantitativos. Os indivíduos nos extremos das curvas de
distribuição passam a ser considerados anormais ou doentes. Esse critério
também é bastante falho, já que nem sempre fenômenos muito frequentes
são um sinal de normalidade ou os extremos são, anormal. Pode-se citar
como exemplo: cáries dentárias, uso abusivo de álcool, presbiopia, sintomas
ansiosos e depressivos leves, entre outros.
Normalidade como bem-estar: a OMS definiu a saúde como “completo
bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de
doença. Esse conceito também, infelizmente, é criticável, já que é difícil
defini-lo de forma objetiva, por ser muito vasto e impreciso. Além disso,
pode-se cair na categoria de utopia, na qual poucas pessoas estariam
realmente “saudáveis”.
Normalidade funcional: esse critério baseia-se na funcionalidade do ser,
em que o fenômeno patológico é disfuncional a ponto de produzir sofrimento
à própria pessoa ou ao seu grupo social.
Normalidade como processo: nesse sentido, a normalidade é vista de
forma dinâmica, e não estática. Assim, há de se considerar os aspectos
dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das estruturações e
reestruturações ao longo do tempo, de crises e mudanças próprias do ciclo de
vida da pessoa. Vale salientar que este conceito é muito aplicado na
psiquiatria infantil, do adolescente e do idoso.
Normalidade Subjetiva: esse critério utiliza a perspectiva subjetiva do
sujeito como a principal categórica na determinação do estado de saúde do
mesmo. Esse quesito falha, infelizmente, nas pessoas em fase maníaca, em
que se sentem “muito bem e saudáveis”, mas, na verdade, possuem um
transtorno mental grave.
Normalidade como liberdade: vale citar que alguns estudiosos do ramo
fenomenológico e existencial, como Henri Ey, creditam à doença mental como
perda da liberdade existencial, como um constrangimento do ser, fechamento
e fossilização das possibilidades existenciais.
Normalidade operacional: esse é um critério assumidamente arbitrário,
com fins pragmáticos evidentes. Nesse contexto, as definições de normal e
patológico são decididas a priori e, após, busca-se trabalhar com esses
critérios, ciente das possíveis consequências deste ato.
139
Contribuições da psiquiatria, psicologia e psicanálise.
140
histeria só existe se atrelada à concepção de inconsciente e, portanto, à
própria psicanálise. A psicanálise faz a histeria existir.
Na psiquiatria atual, não há um diagnóstico do sujeito e sim de uma
coleção de fenômenos que nada dizem a respeito dele. Um exemplo gritante
disso ocorre com a categoria diagnóstica de histeria. De acordo com os
manuais diagnósticos em psiquiatria (CID 9 e 10, DSM III e IV), a histeria
“sumiu do mapa”, não existe mais, acabou. Existem descrições de todo tipo
que fragmentam essa categoria em síndromes e transtornos: dissociativo,
conversivo ou somatoforme, histriônico, para citar os principais. Assim, a
histeria só existe se atrelada à concepção de inconsciente e, portanto, à
própria psicanálise. A psicanálise faz a histeria existir.
Se reabilitar denega a clínica, inevitavelmente caímos na armadilha da
reeducação. Não que isso não aconteça, Freud mesmo já nos dizia que a
psicanálise é uma espécie de reeducação, mas também nos avisou que as
pulsões são ineducáveis, indomáveis. Eis o paradoxo.
O trabalho em equipe é extremamente complexo, e o modo como as
equipes se estruturam também é decisivo para o destino da clínica.
Destacamos duas lógicas ou modalidades de organização das equipes que
podem melhor situar o problema. São elas: a formação hierárquica e a
formação igualitária. Se as equipes são formadas mais na lógica hierárquica
de funções e saberes, tendem a burocratizar a clínica, a verticalizar o poder e
o saber, e a cristalizar as práticas. Se são mais igualitárias, tendem a
horizontalizar o poder, a misturar as funções, escapando das especialidades
(isso em si pode ser muito bom), mas caindo na falta de especificidade e
confundindo as funções a ponto de perder a referência da clínica e imobilizar
o trabalho conjunto.
A equipe de saúde mental tem uma indicação preciosa no termo que
Lacan usou para definir a relação de trabalho nos cartéis: “transferência de
trabalho”. Este termo permite que se dissolvam os efeitos narcísicos
imaginários que inevitavelmente ocorrem, seja na confusão de papéis
(modelo igualitário), seja na fixação de papéis (modelo hierárquico).
Quanto ao sujeito, o importante é seguir seu estilo para a partir daí lhe
indagar o que é pertinente a seu sintoma, e fazê-lo tomar sua
responsabilidade como tal, por seus atos, no mínimo que seja, mesmo que
não tenha responsabilidade plena, no sentido jurídico. É preciso separar esse
campo de responsabilidades porque, na maioria das vezes, os sujeitos se
apresentam tutelados, desresponsabilizados, mas nem por isso sentindo-se
menos culpados, ainda que se percebam como vítimas (em muitos casos o
são de fato). Isso os leva à imobilidade, à falta de solução, à confirmação da
doença. Se nesse momento lhes apresentamos o “remédio”, sabemos que
este não é a cura, nem a restituição pura e simples ao estado anterior à crise
ou ao surto
141
Psicopatologia: produção de sintomas, aspectos estruturais
e dinâmicos das neuroses e perversões na clínica com
crianças, adolescentes e adultos.
143
psicogênicos são classificados em neuroses, psicoses, perversões e afecções
psicossomáticas.
Freud considera que a personalidade já está bem formada no final do
quinto ano de vida e que o desenvolvimento ulterior é essencialmente a
elaboração dessa estrutura básica. O modelo psicanalítico propõe que
inicialmente a criança não imagina que existem diferenças anatômicas e
acredita que homens e mulheres têm anatomias semelhantes. Ao serem
defrontadas com as diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam
as chamadas "teorias sexuais infantis", imaginando que as meninas não têm
pênis porque este órgão lhe foi arrancado (complexo de castração). As
meninas veem-se incompletas (por causa da ausência e consequente inveja
do pênis).
Neste período surge o complexo de Édipo, no qual o menino passa a
apresentar uma atração pela mãe e a se rivalizar com o pai, e na menina
ocorre o inverso. A estrutura da personalidade se constitui a partir da solução
dada pelo sujeito ao conflito advindo da vivência do Complexo de Édipo e da
saída que encontra para lidar com a ansiedade intensa vivenciada frente à
constatação da castração.
Ao longo do texto, Freud afirma que a neurose se caracteriza pela
recusa do ego em aceitar a poderosa pulsão do id, rejeitando a posição de
mediador da satisfação pulsional. Ele opera a serviço do superego e da
realidade (princípios morais), a partir do mecanismo do recalcamento. O
material recalcado insiste em se fazer conhecido, logo, ele escolhe vias
substitutas. O sintoma neurótico aparece, então, como sendo uma
representação substitutiva.
A patologia neurótica se caracteriza pelo recalque do desejo durante o
Complexo de Édipo. A somatização de conversão histérica, por exemplo, se
fundamenta na presença de um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias
normais. O neurótico não tenta abrandar a castração: a castração existe, mas
ele tenta fazer com que quem seja castrado seja o outro e não ele.
É o outro que fica no lugar da falta. O neurótico está marcado pela
castração, investindo grandes quantidades de energia corporal e psíquica
para manter inconsciente este conhecimento. O mecanismo da repressão está
presente nesta defesa. O sintoma neurótico aparece, então, como sendo uma
representação substitutiva, resultado da formação de compromisso entre o
ego e o id. Por exemplo, a somatização de conversão histérica se fundamenta
na presença de um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias normais. Na
patologia psicótica há uma rejeição da realidade e do Complexo de Édipo. Os
delírios, alucinações e depressões são uma tentativa frustrada de dar sentido
e lógica a uma visão de mundo particular, ocupando o lugar da fissura na
relação do eu com o mundo. O sujeito cria uma nova realidade que é
constituída de acordo com os impulsos desejosos do id.
O ponto central da observação de Freud está na constatação de que,
em ambas as estruturas, o mais importante não é a questão relativa à perda
144
da realidade, mas sim os substitutos encontrados frente à castração. Na
neurose, o substituto encontrado ocorre via mundo da fantasia; já na psicose,
os substitutos são delírio e alucinação.
Na patologia perversa o que ocorre é a recusa da Castração Edipiana. O
perverso não aceita ser submetido às leis paternas e, em consequência, às
leis e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus
desejos. Ele escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da alteridade
e passa a satisfazer sua libido sexual consigo mesmo (narcisismo). Em "Três
ensaios sobre a sexualidade" (1905), Freud afirma que "a neurose é o
negativo da perversão". Esta frase se refere ao fato de que os sintomas
mórbidos do neurótico representam uma conversão das pulsões sexuais que
deveriam ser chamadas de perversas, se pudessem encontrar uma expressão
em atos imaginários ou reais.
As perversões atualizam, na realidade, modos de satisfação sexual
recusados na neurose, mas ativamente presentes nelas, sob os disfarces dos
sintomas (Kaufmann, 1996). Para se defender da castração, o perverso usa
um mecanismo mais poderoso que a repressão (usada com frequência pelo
neurótico) que é a recusa. Ele tentará provar o tempo todo que a castração
não existe, ou que é ele quem a faz. A recusa é um mecanismo em que uma
percepção é substituída por uma crença. Ela vem junto com uma cisão do ego
em que parte deste usa a repressão e parte usa a recusa.
A elaboração do objeto fetiche é uma formação de compromisso entre
duas correntes psíquicas conflitantes: uma sinaliza a ausência do pênis na
mãe, a outra lhe atribui imaginariamente o pênis que supostamente falta na
formação do objeto fetiche. Enquanto a psicose e a neurose surgem como
resultados do conflito intrapsíquico, a perversão se apresenta como uma
renegação da castração. Ao recusar a castração, o perverso mantém a crença
na onipotência da mãe, na onipotência do desejo, mantém-se acreditando em
um atributo fálico onipresente e onipotente. A castração coloca em jogo a
percepção de que há um mundo de gozo e desejo entre os pais do qual a
criança está excluída.
Nas atuações do perverso, há uma encenação da castração. O fetiche é
o equivalente ao pênis da mãe; ocorre o uso de uma equação simbólica e não
de um símbolo como o histérico é mais capaz de fazer, denunciando uma
menor capacidade de simbolização do perverso perante o histérico. Diversos
campos do saber têm tentado formular modelos explicativos para o
surgimento dos distúrbios de conduta. Por muito tempo a sociologia propôs
que jovens socialmente e economicamente desprivilegiados tendiam à
criminalidade como forma de obterem sucesso.
No entanto, essa teoria foi incapaz de sustentar-se, pois se pode
observar frequentemente que a tendência antissocial surge também entre
pessoas com grande oferta de recursos financeiros e sociais. Quando
estudamos os transtornos de personalidade a partir do referencial da
psiquiatria, verificamos que os quadros descritos são apresentados em uma
145
nosologia que independe do modelo estrutural proposto pela psicanálise, mas
ainda assim podemos estabelecer correlatos com as três grandes categorias
clínicas, que são a
(1) neurose histeria e neurose obsessiva;
(2) psicose paranoia, esquizofrenia, melancolia e hipocondria;
(3) perversão. A partir do referencial psicanalítico, Fenichel, citado por Telles
(1999), organizou os transtornos de personalidade em três categorias:
Os decorrentes de uma conduta patológica frente ao id (frigidez e
pseudoemotividade, defesas contra angústia, racionalização, idealização,
traços anais, orais, fálicos, uretrais, castração, caráter fálico e genital);
Os decorrentes de uma conduta patológica frente ao superego (defesas
contra culpas, masoquismo moral, dom juanismo, falta aparente de
sentimento de culpa, criminalidade e má identificação, atuação, neurose de
destino);
Os decorrentes de uma conduta patológica frente a objetos externos
(fixações em etapas prévias do amor, inibições sociais, ciúmes, ambivalência,
pseudo sexualidade).
Na patologia psicótica há uma rejeição da realidade e do Complexo de
Édipo. Os delírios, alucinações e depressões são uma tentativa frustrada de
dar sentido e lógica a uma visão de mundo particular, ocupando o lugar da
fissura na relação do eu com o mundo. O sujeito cria uma nova realidade que
é constituída de acordo com os impulsos desejosos do id.
O ponto central da observação de Freud está na constatação de que,
em ambas as estruturas, o mais importante não é a questão relativa à perda
da realidade, mas sim os substitutos encontrados frente à castração. Na
neurose, o substituto encontrado ocorre via mundo da fantasia; já na psicose,
os substitutos são delírio e alucinação.
A teoria freudiana, baseada no modelo da neurose e concebendo o
psiquismo ao modo de um aparelho psíquico animado por pulsões, outorga ao
complexo de Édipo e à sexualidade os eixos básicos da vida psíquica e, como
consequência, dá ao pai um lugar central na estruturação da personalidade,
nas formas e contornos do adoecer psíquico, além de estar na base da moral
e da própria vida cultural. O trabalho de Lacan que permitiu o
estabelecimento rigoroso e sistemático do conceito de estrutura em
psicanálise, distinguindo neurose, psicose e perversão como estruturas
clínicas. Na neurose estaria em jogo o recalque; na psicose, a forclusão e na
perversão, a recusa da lei interditora do pai. Lacan considera a
recusa/rejeição da realidade o mecanismo específico da estrutura psicótica,
nomeado por ele como a foraclusão do nome-do-pai. A partir da análise de
Freud sobre as formações inconscientes (lapsos, sonhos e jogos de palavras),
Lacan formulou sua hipótese central de que o inconsciente é estruturado
como linguagem. A capacidade humana de atribuir significação ocorre a partir
146
do momento em que o sujeito adentra a função simbólica e esta inserção
ocorre por intermédio da vivência do Complexo de Édipo.
Durante a estruturação da personalidade, a criança inicialmente não
está inserida no simbólico e seu contato com o mundo ocorre por intermédio
da mãe, que identifica o filho como objeto de seu desejo e a sujeita às suas
escolhas. Existe uma vivência simbiótica, em que a criança tem a experiência
de ser cuidada por completo e atendida em suas necessidades por aquela que
lhe possibilita uma experiência de completude e onipotência.
Este significante inicial atribuído pela mãe vai marcar a identidade do
sujeito e seu desenvolvimento mental. No primeiro tempo lógico o Outro é a
mãe, pois o agente materno toma o bebê em uma posição de desejante e, ao
cuidar dele, faz de si mesma o instrumento da vivência de satisfação do bebê.
Este significante inicial atribuído pela mãe vai marcar a identidade do sujeito
e seu desenvolvimento mental. O segundo tempo lógico ocorre com a entrada
de um terceiro que introduz a lei da interdição, mostrando à criança a
existência do Outro e marcando simbolicamente o fim da ilusória relação de
completude e onipotência com a mãe. Nesse momento aparece a instância
paterna como metáfora do pai o nome-do-pai. Esta instância é marcada pelo
discurso da mãe, demonstrando para a criança que o desejo da mãe se
encontra em outro lugar e que ela também é submetida a uma lei.
A instância paterna não precisa estar associada a um pai concreto, mas
a um discurso ou situação que seja capaz de demonstrar simbolicamente à
criança que existem outros objetos a serem desejados.
O nome-do-pai representa tudo o que marca para a criança a ausência
da mãe. Por exemplo, quando a mãe precisa deixar a criança para ir
trabalhar. Deste modo, enquanto no primeiro tempo lógico o Outro é a mãe,
a instauração do Nome-do-Pai é o que vem barrar o Outro onipotente e
absoluto, inaugurando a entrada da criança na ordem simbólica. Por fim,
podemos falar da entrada em um terceiro tempo lógico, em que ocorre a
dissolução do complexo de Édipo, pois nessa etapa do desenvolvimento a
criança não considera mais o pai como seu rival, e sim, como aquele que
possui o objeto de desejo de sua mãe, o falo. Essa é a fase das identificações,
que acontecem de maneira diferente de acordo com a escolha de objeto da
criança. Quando Lacan afirma que a foraclusão é o mecanismo da psicose, o
que devemos compreender é que a rejeição do nome-do-pai implica que o
sujeito não foi submetido à castração simbólica do processo edipiano.
Ou seja, o sujeito psicótico é aquele que durante a vivência do
Complexo de Édipo não sofreu a castração simbólica e, portanto, não
desenvolveu a capacidade de simbolizar. A não inscrição do significante no
Outro resulta nos distúrbios da linguagem e nas alucinações, que marcam a
psicose. Na patologia perversa o que ocorre é a recusa da Castração Edipiana.
O perverso não aceita ser submetido às leis paternas e, em consequência, às
leis e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus
desejos. Ele escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da alteridade
147
e passa a satisfazer sua libido sexual consigo mesmo (narcisismo). Em "Três
ensaios sobre a sexualidade" (1905), Freud afirma que "a neurose é o
negativo da perversão". Esta frase se refere ao fato de que os sintomas
mórbidos do neurótico representam uma conversão das pulsões sexuais que
deveriam ser chamadas de perversas, se pudessem encontrar uma expressão
em atos imaginários ou reais.
As perversões atualizam, na realidade, modos de satisfação sexual
recusados na neurose, mas ativamente presentes nelas, sob os disfarces dos
sintomas (Kaufmann, 1996). Para se defender da castração, o perverso usa
um mecanismo mais poderoso que a repressão (usada com frequência pelo
neurótico) que é a recusa. Ele tentará provar o tempo todo que a castração
não existe, ou que é ele quem a faz. A recusa é um mecanismo em que uma
percepção é substituída por uma crença. Ela vem junto com uma cisão do ego
em que parte deste usa a repressão e parte usa a recusa.
A elaboração do objeto fetiche é uma formação de compromisso entre
duas correntes psíquicas conflitantes: uma sinaliza a ausência do pênis na
mãe, a outra lhe atribui imaginariamente o pênis que supostamente falta na
formação do objeto fetiche. Enquanto a psicose e a neurose surgem como
resultados do conflito intrapsíquico, a perversão se apresenta como uma
renegação da castração. Ao recusar a castração, o perverso mantém a crença
na onipotência da mãe, na onipotência do desejo, mantém-se acreditando em
um atributo fálico onipresente e onipotente. A castração coloca em jogo a
percepção de que há um mundo de gozo e desejo entre os pais do qual a
criança está excluída. Nas atuações do perverso, há uma encenação da
castração. O fetiche é o equivalente ao pênis da mãe; ocorre o uso de uma
equação simbólica e não de um símbolo como o histérico é mais capaz de
fazer, denunciando uma menor capacidade de simbolização do perverso
perante o histérico. Assim, os mecanismos utilizados por cada uma das
estruturas clínicas na Psicanálise são:
Neurose mecanismo: repressão da castração. No processo de solução
do conflito edipiano, o sujeito rejeitou o conhecimento da existência da
castração e, para lidar com a angústia, recalcou este conteúdo. No caso da
repressão, o inconsciente sabe da realidade e a consciência, não. A
representação reprimida encontra-se no inconsciente e vem à consciência por
meio dos sintomas, enquanto substitutos simbólicos. Psicose mecanismo:
negação da castração. O psicótico se estrutura afirmando que a castração não
existiu e para tanto cria outra realidade, que transparece por meio dos
delírios e alucinações. Perversão mecanismo: renegação da castração. O
perverso substitui a crença da falta do falo na mãe pela convicção de que esta
o possui ou mesmo de que ele é o próprio falo que falta à mãe. Neste
mecanismo, a presença de uma crença implica a renegação da outra.
A formação de compromisso se expressa na ritualização da castração
através do objeto fetiche. A teoria freudiana, baseada no modelo da neurose
e concebendo o psiquismo ao modo de um aparelho psíquico animado por
pulsões, outorga ao complexo de Édipo e à sexualidade os eixos básicos da
148
vida psíquica e, como consequência, dá ao pai um lugar central na
estruturação da personalidade, nas formas e contornos do adoecer psíquico,
além de estar na base da moral e da própria vida cultural. E quanto ao
autismo? Estaria situado em qual estrutura clínica? Considerando as
estruturas clínicas inicialmente propostas pela teoria da libido freudiana,
podemos diferenciar dois polos dentro da estrutura psicótica: a esquizofrenia
e a paranoia. Contudo, nenhum desses polos contempla claramente o
autismo.
Existe no interior do campo psicanalítico uma discussão acirrada sobre o
lugar do autismo junto às estruturas clínicas. O autismo seria uma faceta da
psicose ou outra estrutura? Sabemos que na psicose o mecanismo presente é
o da foraclusão do nome-do-pai, ou seja, a negação da castração.
Mas quanto ao autismo? Proeminentes psicanalistas que vêm
desenvolvendo sua prática junto à clínica do autismo propõem diversas
possibilidades psicodinâmicas para explicar a constituição psíquica nos
quadros autistas. Autores como Melanie Klein e Jacques Lacan consideram o
autismo como uma patologia resultante da estrutura psicótica; enquanto
outros psicanalistas como Alfredo Jerusalinsky, Marie-Christine Laznik e
Robert Lefort referem-se ao autismo como uma construção fora dos padrões
das estruturas clínicas estabelecidas pela psicanálise.
Jerusalinsky afirma não ser possível identificar a psicose e o autismo em
uma mesma estrutura, pois, na psicose, está presente o mecanismo da
forclusão, ao passo que no autismo trata-se da exclusão do campo
significante.
Conforme vimos, no mecanismo da foraclusão ocorre a rejeição do
nome-do-pai, implicando na não submissão do sujeito à castração simbólica
do processo edipiano. A não inscrição do significante no Outro resulta nos
distúrbios da linguagem e nas alucinações, que marcam a psicose. No caso da
exclusão o sujeito não chegou a ser inscrito no significante.
O autista seria o sujeito que, por motivos variados, estaria
impossibilitado de ser introduzido no campo da linguagem. A falta de
alucinações no autismo permite diferenciar psicodinamicamente este quadro
da esquizofrenia e fundamenta o argumento de que estes os dois não podem
fazer parte de uma mesma estrutura psíquica. Enquanto o autista não
compreende o mundo que o rodeia e, para se defender, tende a se isolar
dele, o psicótico cria uma compreensão delirante do mundo e espera que
todos no mundo se comportem de acordo com seu imaginário. Para
entendermos essa discussão, precisamos retomar alguns conceitos
fundamentais da Psicanálise.
Conforme estudamos, a teoria freudiana concebe que o aparelho
psíquico é animado por pulsões e outorga ao complexo de Édipo e à
sexualidade os eixos básicos da vida psíquica.
149
A pulsão pode ser compreendida como uma energia potencial e
constante, que advêm do próprio organismo e alimenta a psique, realizando a
ligação entre o somático e o psíquico. Freud descreveu o trajeto pulsional em
três tempos:
Primeiro tempo - o bebê vai em busca de um objeto oral para apoderar-
se dele, sendo este considerado um movimento ativo e que pode ser
observado no encontro com o seio, com a mamadeira, entre outros.
Segundo tempo - o bebê vai em busca de si mesmo e seu próprio corpo
passa a ser o objeto. Esse movimento também ativo é nomeado como
autoerotismo e pode ser percebido quando o bebê chupa sua mão, seu dedo,
a chupeta, etc.;
Terceiro tempo - o bebê se faz objeto de um novo sujeito, ou seja,
passa a sujeitar-se a outro. Esse movimento pode facilmente ser nomeado
como passivo, mas se sujeitar, oferecer-se ao outro, também é um
movimento ativo. Como exemplo dessas ações da criança em busca de fazer-
se objeto temos: o ato da criança colocar o dedo na boca da mãe, o olhar da
criança em busca do olhar da mãe, o balbuciar na presença do cuidador.
A psicanalista Marie-Christine Laznik considera que o autismo resulta de
uma falha de estruturação do aparelho psíquico por conta do fracasso do
circuito pulsional, sobretudo no terceiro tempo, podendo levar à constituição
de patologias diversas com déficits gravíssimos que fazem lembrar a
oligofrenia. Quanto à discussão sobre o lugar do autismo entre as estruturas
clínicas propostas pela psicanálise, Laznik afirma que o fracasso do circuito
pulsional completo é um aspecto que favorece o diagnóstico diferencial entre
psicose e autismo. Conforme vimos, a estruturação da personalidade ocorre a
partir da solução dada pelo sujeito ao conflito decorrente da vivência do
Complexo de Édipo.
No caso da criança que virá a ser psicótica, a sua sujeição ao desejo do
outro (mãe) ocorre normalmente, podendo se verificar isto através dos sinais
que comprovam uma inserção no terceiro tempo do circuito pulsional. Assim,
o desenvolvimento psicossexual ocorre normalmente, possibilitando a
vivência do Complexo de Castração.
ATENÇÃO: No caso de risco de evolução autística, o que ocorre é o
fracasso do terceiro tempo do circuito pulsional, ou seja, a criança não
vivencia a experiência de ser sujeito do desejo do outro e não chega nem
mesmo a vivenciar o Complexo de Édipo. Por esta razão, alguns autores
afirmam que o autismo é uma quarta estrutura psíquica, elaborada sem a
vivência do Complexo do Édipo; enquanto outros autores afirmam que sem a
entrada na linguagem não existe a formação de uma estrutura, sendo o
quadro autista uma patologia instalada antes da estruturação psíquica.
O autismo representa a não instauração da relação simbólica
fundamental e sem o simbólico não existe a subjetividade. No autista, tudo é
real e o espaço virtual não existe. Nesta perspectiva, a manifestação da
150
síndrome autística está relacionada à não instauração das estruturas
psíquicas, trazendo como consequência déficits no desenvolvimento do bebê.
Tendo em vista que o terceiro tempo do circuito pulsional está ausente
nas crianças autistas, é fundamental identificar a presença deste terceiro
tempo pulsional no bebê para que se possa fazer um diagnóstico precoce,
antes que se instale a síndrome autística. Laznik identificou dois sinais clínicos
que podem ser percebidos ainda no primeiro ano de vida da criança e
permitem um diagnóstico precoce:
1. O não olhar entre a mãe e seu bebê, sobretudo se a mãe não percebe este
fato. Este sinal permite pensar na hipótese de autismo, logo nos primeiros
meses de vida.
2. O segundo e mais importante sinal consistiria na não instauração do
circuito pulsional completo, quando o terceiro tempo do circuito pulsional não
é alcançado.
Estes sinais podem ser identificados precocemente se os pediatras
estiverem atentos às interações entre bebê-mãe/cuidador durante as
consultas no primeiro ano de vida da criança. A falha na instauração do
circuito pulsional sinaliza importante impasse na relação mãe-bebê. Este
impedimento tanto pode ocorrer devido a limitações orgânicas da própria
criança, dificultando que o bebê seja responsivo aos cuidados da mãe; quanto
pode ocorrer quando a mãe não consegue responder às investidas da criança,
devido a um quadro de comprometimento emocional, tal qual a melancolia.
INTRODUÇÃO A SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA
A semiologia geral é a ciência dos signos, postulada pelo linguista
Ferdinand Saussure. Embora esteja intimamente relacionada à linguística, a
semiologia geral transcende a comunicação verbal, visto que os gestos,
atitudes, comportamentos não verbais, sinais matemáticos também são
signos.
Os signos de maior interesse para a psicopatologia são os sinais
comportamentais objetivos, verificáveis pela observação direta do paciente, e
os sintomas, isto é, as vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas
queixas e narrativas, aquilo que o sujeito experimenta e, de alguma forma,
comunica a alguém.
Todo signo é constituído por dois elementos: o significante que é o
suporte material, o veículo do signo; e o significado, que é a aquilo que é
designado e está ausente, o conteúdo do veículo.
De acordo com o filósofo Charles Pierce, existem três tipos de signos:
Ícone é um tipo de sinal no qual o elemento significante evoca imediatamente
o significado, pois existe uma grande semelhança entre eles, como se o
Exemplo: O ícone de masculino ou feminino na porta do sanitário. Indicador
ou índice a relação entre o significante e o significado é de contiguidade, ou
seja, o significante é um índice, algo que aponta para o objeto significado.
151
Exemplo: a pegada é indicador de que alguém pisou naquele local. Símbolo o
elemento significante e o objeto ausente (significado) são distintos em
aparência e sem relação de contiguidade. Não há qualquer ligação direta
entre eles; trata-se de uma relação arbitrária estabelecida por convenção.
A semiologia médica diz respeito aos sintomas e sinais das doenças,
permitindo aos profissionais de saúde: Identificar alterações físicas e mentais
ordenar os fenômenos observados Formular diagnósticos Empreender
terapêuticas A semiologia psicopatológica cuida especificamente do estudo
dos sinais e sintomas produzidos pelos transtornos mentais. Os sintomas
médicos e psicopatológicos têm uma dimensão dupla: são tanto um índice
(indicador) como um símbolo. O sintoma como índice aponta para uma
disfunção que está em outro ponto do organismo ou do aparelho psíquico. Por
exemplo: mãos geladas, tremores e aperto na garganta são indicadores de
uma disfunção no sistema nervoso autônomo.
DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA A psicopatologia pode ser definida
como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser
humano. É uma ciência autônoma que busca ser sistemático, elucidativo e
desmistificante.
ACERTE O ALVO: Psicopatologia é o campo da ciência que trata da
natureza essencial da doença mental suas causas, as mudanças estruturais e
funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação. Dalgalarrondo
apresenta a classificação das principais perspectivas dentro do campo da
psicopatologia. Esse conteúdo tem pouca chande de ser cobrado diretamente
como tema de uma questão, mas esses conceitos podem estar presentes de
modo secundário, como parte de algumas alternativas, por isso recomendo
que você tenha ao menos algum conhecimento, ainda que superficial, sobre
quais são as características dessas perspectivas e quais as diferenças entre
elas.
Psicopatologia Descritiva X Psicopatologia Dinâmica Psiquiatria
Descritiva
interessa-se pela forma das alterações psíquicas, a estrutura dos
sintomas, aquilo que caracteriza a vivência patológica como sintoma mais ou
menos típico. Psiquiatria Dinâmica o enfoque recai sobre o conteúdo da
vivência, os movimentos internos de afetos, desejos e temores do indivíduo,
sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em
sintomas previamente descritos.
152
É um processo cientifico que é limitado no tempo, utilizando testes e
técnicas psicológicas em nível individual ou não para entender aspectos
específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso e comunicar os
resultados, na base dos quais são propostas as soluções.
153
Os objetivos clínicos do psicodiagnóstico são:
– Investigar aspectos da personalidade quanto aspectos cognitivos
abordar os possíveis sintomas;
– Investigar questões do desenvolvimento;
– Investigar questões Neuropsicológicas;
– Investigar características adaptativas e desadaptarias, entre outros
permitindo assim, que se chegue a um Prognóstico e á melhor estratégia e
ou á abordagem terapêutica necessária.
– Realização de diagnóstico diferencial.
Os profissionais que podem solicitar Avaliação Psicológica são:
– Neurologista de Adultos;
– Neuropediatras;
– Psiquiatras Psicopedagogos; entre outros.
O psicodiagnóstico pode ser realizado em:
– Consultórios privados;
– Clínicas psicológicas ou psiquiátricas;
– Instituições;
– Postos de saúde ou hospitais.
PASSOS DO PROCESSO DO PSICODIAGNÓSTICO
155
A psicologia clínica, num primeiro momento, se associa à ideia de
doença, pois como coloca, descende em linha direta da psicopatologia e não
consegue disfarçar a evidência da filiação. Não haveria problema nisso se a
psicologia clínica conseguisse tornar-se autônoma, se elaborasse os seus
próprios conceitos e a sua linguagem específica.
Outro ponto a considerar, é a necessidade de isenção de qualquer
preconceito por parte do psicoterapeuta sobre o estado de saúde do indivíduo
a examinar, não forçando qualquer tipo de desajuste.
Afirma que: “… todos os seres humanos, por maior que seja seu
comprometimento emocional ou mental, têm recursos de forma que, se
ajudados possam vir a superar seus problemas”.
Para essa autora existe a necessidade de olhar o ser humano inserido
num contexto, num sistema socializado, dando ênfase aos aspectos positivos
de sua personalidade, observando o ego e sua força, vulnerabilidade,
normalidade ou patologia.
Essa perspectiva, embora muito importante, não preenche todos os
requisitos necessários à prática psicoterapêutica, que exige formas de
diagnóstico que auxiliem na direção da intervenção e no processo.
Em função dessa necessidade, muitos psicoterapeutas se dedicaram em
buscar uma ferramenta específica que contemplasse as exigências de uma
avaliação na prática clínica, agregando os objetivos psicoterapêuticos de
longo prazo.
O termo diagnóstico teve origem em duas palavras gregas, que
significam “saber” e “por meio de ou entre”. Num significado mais amplo,
refere-se a distinguir ou discriminar.
Um bom diagnóstico clínico está na base de qualquer trabalho,
segundo. Diagnóstico pode ser compreendido sempre que se explicita a
compreensão sobre um fenômeno. Se o psicoterapeuta é consultado, fica
caracterizada a existência de um problema, alguém sofre ou está incomodado
e a verdadeira causa deve ser investigada.
O objetivo do diagnóstico é buscar uma compreensão efetiva e humana
da pessoa por meio de uma descrição dinâmica, em que a etiologia do quadro
também seja considerada. Para essa autora não é objetivo do diagnóstico
psicológico catalogar o sujeito, tampouco enumerar os elementos
constitutivos de sua personalidade.
Diagnosticar é discernir os aspectos, características e relações que
compõe um todo. “Quando procuramos ler determinado fato a partir de
conhecimentos específicos, estamos realizando um diagnóstico no campo da
ciência ao qual esses conhecimentos se referem”.
Identificar e explicitar o modo de existência do sujeito no seu
relacionamento com o ambiente, em determinado momento, é uma forma de
diagnosticar. “O diagnóstico procurará dizer em que ponto de sua existência o
156
indivíduo se encontra e que feixe de significados ele constrói em si e no
mundo”.
O cliente manifesta a sua realidade de várias maneiras diferentes. Para
a manifestação se dá a partir da sua fala, onde são trazidas as suas vivências,
a sua história, o seu corpo, a sua estranheza, o seu fazer-se. O diagnóstico
apreende o indivíduo em sua realidade e esse processo é fruto da coautoria
entre cliente e psicoterapeuta.
Diagnosticar é uma condição do conhecimento e não uma opção. É
importante chegar a um todo integrado de significados que forneçam uma
compreensão dinâmica da personalidade do indivíduo.
“O fato é que a prática e a teoria se alimentam mutuamente. Uma não
se desenvolve sem a outra, não podendo haver desvinculação e nem
subordinação total entre elas”.
A prática psicológica deve ser claramente articulada a uma teoria na
reflexão que defende:
157
da criança, de modo a possibilitar a estruturação adequada de sua
personalidade e evitar problemas psicológicos na vida adulta.
Neste tipo de orientação, o Psicólogo busca a relação com a criança
através de técnicas, o que possibilita à criança, entrar em contato com seu
mundo interno, fazendo com que ela expresse seus sentimentos, conflitos e
medos, levando assim, a superação dos mesmos.
158
Essas e outras questões atormentam muitas mães, e muitas vivenciam
essas angústias sozinhas. Entrar em contato com tudo isso é fundamental
para fazer escolhas mais conscientes em relação a si e ao futuro bebê.
160
Foulkes, teórico da escola inglesa, pensa o grupo como um todo social,
mais do que a mera soma das partes. Considera que na análise individual há
um caráter vertical na transferência (referindo-se ao passado); já o grupo
teria um caráter horizontal (plano atual e multipessoal).
A função do grupo é buscar a remoção das inibições sociais através da
discussão flutuante livre, que seria o correspondente grupal da associação
livre. O grupo será analisado segundo sua estrutura e organização, os
processos dinâmicos da interação grupal e os conteúdos que relacionam
atitudes, ideais, valores, sensações e "patologia" (Saidon, 1983).
Já a escola francesa, através do pensamento de René Kaës, entende
que a análise de grupo deve focar o papel das representações do grupo sobre
ele mesmo e a contrapartida da influência do processo grupal sobre a
produção das representações; o termo representação está ligado às relações
de objeto encenadas no contexto grupal. Anzieu (1983) afirma que o grupo é
o continente dentro do qual uma circulação fantasmática e identificadora vai
se ativar entre as pessoas.
MODOS DE FUNCIONAMENTO DOS GRUPOS
O que pretendemos é entender como funcionam os grupos
psicoterápicos e os benefícios que cada tipo de grupo pode proporcionar.
Baremblitt (1982) afirma que a “grupoterapia” passou pela seguinte evolução
na forma de tratamento: primeiro houve a psicoterapia pelo grupo, no qual se
utilizavam técnicas de sugestão e identificação para alcançar os objetivos
desejados. Foi a primeira técnica empregada pelos pioneiros em grupoterapia
e o modelo clássico de grupo que funciona dessa maneira são os Alcoólicos
Anônimos que iniciaram seu trabalho em 1935, nos Estados Unidos, e até
hoje produzem excelentes resultados em seus mais de 95 mil grupos
espalhados por quarenta países ao redor do mundo (AA, 2006).
A segunda modalidade de técnica foi a psicoterapia no grupo, na qual o
terapeuta ou analista tratava individualmente cada membro na presença dos
demais.
O modelo da Psicanálise no grupo reporta-se à Escola Americana, tendo
Shilder e Slavson como seus expoentes. Nele predomina a oposição homem-
sociedade e, em termos terapêuticos, busca-se a cura através da análise das
motivações intra-individuais dos membros do grupo. A referência básica é a
análise individual no grupo. E, por último, a psicoterapia do grupo, em que o
inconsciente grupal aparece tal como uma unidade, com seus fantasmas e
ansiedades.
Esta última forma de psicoterapia é a que nos propomos defender. No
entanto, algumas considerações precisam ser feitas a seu respeito. Suas
raízes remetem à Escola Inglesa, em sua origem: Bion, Foulkes, Sutherland,
e na América Latina, Grinberg, Langer e Rodrigué. É inspirado inicialmente na
vertente kleiniana e o modelo contém a idéia de que o grupo tem uma
161
estrutura básica. O sujeito, socializando-se, passa a integrar, enquanto
"parte", uma mentalidade grupal.
Objetiva-se a integração grupal, com a assimilação de uma identificação
grupal por parte de cada membro (Saidon, 1983). Parece que os primeiros
trabalhos desenvolvidos pelas escolas inglesa e argentina adotam uma
postura muito radical ao considerar apenas o grupo em suas análises,
provocando a diluição da identidade dos indivíduos na massa grupal (Py e
outros, 1987).
Tal postura acabou tornando-se prejudicial para o desenvolvimento da
psicoterapia de grupo, pois produzia grande resistência nos pacientes e um
sentimento que em psicanálise conhecemos como angústia por separação (o
inverso da angústia de separação). Tentaremos explicar isso através da ilusão
grupal, que corresponde a um desejo de segurança, por parte dos membros
do grupo; desejo de preservação da unidade egóica ameaçada, substituindo a
identidade do indivíduo por uma identidade de grupo: o indivíduo responde à
ameaça ao seu narcisismo individual, instaurando um narcisismo grupal. O
grupo encontra sua identidade, ao mesmo tempo em que os indivíduos nele
se afirmam todos iguais.
A ilusão grupal ilustra o funcionamento de um eu ideal nos grupos,
substituindo o eu ideal de cada um por um eu ideal comum (Anzieu, 1993).
Daí a ênfase colocada, então, no caráter caloroso das relações entre os
membros, na reciprocidade da fusão de uns com os outros e na proteção que
o grupo traz aos seus integrantes. No entanto essa ilusão não pode
permanecer dominante na dinâmica dos grupos.
Faz-se necessário que o sujeito consiga se diferenciar e se
individualizar, mesmo estando imerso no grupo. E é a possibilidade de morte
do grupo que propicia essa busca de identidade, o reconhecimento das
singularidades, permitindo que o sujeito se perceba como desejante e
constituído por elementos desejantes (Saidon, 1983).
Anzieu (1983) vai mostrar que o grupo é como um envelope que agrega
as imagens ilusórias que cada sujeito faz dos demais integrantes do grupo,
em seu entender trata-se do consciente articulando representações, não só
de palavras como também de coisas. A este processo dá-se o nome de
fantasmatização. Assim, a fantasia inconsciente do grupo se constitui das
projeções e desejos de todos os membros, na medida em que estas são
lançadas ao terapeuta e este as recolhe. Não sendo possível considerar
apenas o conteúdo grupal, mas a forma como este foi constituído e em nível
mais profundo as relações estabelecidas entre indivíduo e grupo. Falando de
forma geral, podemos analisar as produções do grupo em três níveis
distintos.
O primeiro são as produções usuais de qualquer grupo, tal como Freud
analisou em seu texto sobre a psicologia das massas; Freud (1921) afirma
neste trabalho primoroso que o indivíduo é o “verdadeiro homem” apenas nos
grupos. Em sua concepção os componentes de uma multidão estão ligados
162
por laços de união de natureza libidinal que “atravessam a multidão de ponta
a ponta” e a somatória das libidos individuais torna a “libido grupal” muito
maior e mais potente que a censura dos sujeitos. Ocorre assim uma
regressão psíquica nos indivíduos que passam a reviver, por alguns
momentos, situações primitivas e há muito esquecidas. Sempre que um
grupo se forma surgirá um líder, e este se torna o representante de todos os
superegos, que nele se fundem e se unem. Magnífica expressão utilizada por
Freud é aquela de um dos Generais dos exércitos de Hitler ao declarar “eu
não tenho consciência; a minha consciência é o Fühere”.
O segundo nível de análise diz respeito às manifestações particulares
daquele grupo como unidade, e nesse ponto cada grupo possui uma
característica distinta; Bion delimita algumas divisões típicas para os grupos
segundo sua lógica de funcionamento que guardam relação também com os
grupos analisados por Freud.
A saber, para Bion (1975) os grupos, em seu nível mais primário, se
organizam segundo três tipos de Suposições Básicas (SB). Estas surgem
como formações secundárias a uma cena primária extremamente antiga,
representada num nível de objetos parciais e associada com ansiedades
psicóticas.
A primeira é a SB de Dependência, onde os membros do grupo se
voltam para o terapeuta na esperança de que ele os conduza para um bem
maior.
A segunda é a SB de Fuga-luta, onde um dos membros do grupo se
destaca como líder e o grupo elege algo ou alguém como o inimigo a ser
combatido (nos grupos psicoterápicos este inimigo pode ser a doença).
E a terceira é a SB de Acasalamento, onde dois membros do grupo
direcionam o foco dos demais, tal como se fossem os “pais” do grupo (Bion,
1975). É interessante notar que esses três modos de funcionar descrevem
adequadamente os três grupos que Freud escolheu para analisar em seu
trabalho sobre grupos. Assim podemos perceber que à Igreja caberia o
pressuposto de dependência, ao Exército, o de luta e fuga, e à aristocracia o
de acasalamento O terceiro nível de análise de grupo associa as
particularidades dos grupos às singularidades de cada paciente.
É interessante notar que cada sujeito sofrerá modificações em sua
dinâmica e por sua vez, também influenciará de maneira peculiar o
funcionamento do grupo. Este tipo de análise permite conjugar os fantasmas
grupais com o simbólico de cada indivíduo. Vale assinalar que a partir da
década de 30 já surgem as primeiras concepções de grupo como uma
reconstituição da família: o terapeuta como figura paterna e os pacientes
como irmãos. Depreende-se disso que em qualquer estrutura de grupo
psicoterápico, a relação emocional mais intensa e constante é sempre
orientada para o terapeuta. E a rivalidade entre membros do grupo é sempre
dirigida ao terapeuta como uma disputa pelo amor e atenção do pai. Podemos
pensar que o sujeito entra em análise para criar condições de se inserir em
163
algum grupo social ou aceitar sua atual inserção nos grupos dos quais faz
parte, aceitar a Lei do Pai (Py e outros, 1987).
A psicoterapia de grupo então auxilia o sujeito nessas “inserções” tanto
simbólica e fantasmaticamente, como o faz a análise individual, quanto na
vivência prática do “estar em grupo” e ter de se haver com isso. A
oportunidade de identificar nos outros nossa própria problemática de vida
possibilita o conhecimento de si, a sensação de não estar “só no mundo com
as próprias dores” e a chance de modificar algumas posturas e condutas.
Nossa proposta é trabalhar com esta entidade que surge a partir dos
fenômenos grupais como unidade integrada, questionando e pontuando as
falas e construções feitas pelo grupo como um todo. Nas palavras de Lancetti
(1982) para a psicanálise tradicional o paciente é o único indivíduo, enquanto
que para a análise de grupo o paciente é um grupo de indivíduos. Assim,
podemos perceber o grupo, do ponto de vista da dinâmica psíquica, como um
sonho.
O CAMPO E O PÚBLICO DA PSICOTERAPIA DE GRUPO
A psicoterapia de grupo nasce na instituição pública. E é também aí que
focamos nossa proposta de intervenção através desta técnica. Não pensamos
que a psicoterapia de grupo seja a resposta para a atual falta de profissionais
do cuidado na rede pública. Nem tão pouco deve ser encarada como a melhor
opção para levar a psicanálise aos menos favorecidos, ideia largamente
difundida nas décadas de 50 e 60. Deve-se tomar cuidado aqui com o
chamado “Apartheid Clínico”, que vê diferenças entre sujeitos ricos e pobres,
baseado em razões preconceituosas e etnocêntricas.
Em uma vertente contrária pensamos a psicoterapia de grupo como
uma proposta que se sustenta na postura pela qual toda doença, como
processo sócio-histórico e simbólico, atinge de entrada a identidade do doente
e de seus familiares. E o palco por excelência dos processos de transformação
da identidade é a relação de alteridade, cujo espaço privilegiado é a mediação
grupal.
Esta mediação também pode ocorrer nos grupos operativos. A análise,
porém, permite que o grupo seja o palco por excelência de representação,
recordação e elaboração de conflitos familiares primitivos e constitutivos, na
medida em que há ali alguém para servir como tela de projeção para as falas
e as fantasias dos sujeitos.
Nas instituições, enfrentaremos algumas dificuldades com a questão da
inclusão ou não de novos pacientes no grupo, de forma que essas alterações
sejam benéficas tanto para o novo membro quanto para a dinâmica grupal.
Um grupo psicoterápico é sempre visto como um bom lugar para se
encaminhar pacientes. Então é fundamental ao analista priorizar o grupo em
detrimento da demanda institucional, pois em alguns casos o grupo não
comporta mais ninguém; está fechado! Outra questão diz respeito à escolha
daqueles que têm realmente condições para participar do processo.
164
Estar em um grupo psicoterápico demanda certo nível de elaboração e
abstração. E alguns pacientes institucionalizados não possuem estes
requisitos. Para estes é recomendado que participem dos chamados grupos
operativos. Vale aqui a distinção entre grupos psicoterápicos e o grupo
operativo que é aquele no qual a explicitação da tarefa e a participação
através dela permitem, não só sua compreensão, mas também sua execução.
Várias propostas de trabalho dentro das instituições se encaixam nesta
perspectiva; os grupos de artesanato, pintura, reconstrução de formas etc.
Uma diferença marcante entre a clínica individual e a psicoterapia de grupo
trata da necessidade de compromisso e fala por parte dos pacientes. Em uma
sessão individual o paciente pode ficar em silêncio o tempo todo e por vários
encontros, resta ao analista a opção de pontuar ou não este silêncio, esta
escolha dependendo de muitas questões relativas à subjetividade e à
transferência. Em um grupo essa postura não é aceitável, pois todos os
membros estão ali “expostos” compartilhando suas questões pessoais.
Caso um integrante se negue a falar durante várias sessões os demais
se sentirão desfavorecidos ou ameaçados e exigirão a participação ou
exclusão daquele participante.
165
Depois do primeiro CAPS paulista, outras experiências regionais bem
sucedidas em atendimento psicossocial de base comunitária inspiraram, ainda
no final dos anos 80, a formulação – e posterior aprovação – da Lei nº
10.216, conhecida nacionalmente como “Lei da Reforma Psiquiátrica”.
Promulgada em 2001, a legislação estabeleceu novas diretrizes para políticas
públicas de saúde mental, orientadas pelo respeito à cidadania e aos direitos
da pessoa com transtorno mental.
Nesse contexto, as políticas do campo passaram a ser pensadas para
funcionar a partir de uma rede ampla e multidisciplinar, instituída em 2011 e
batizada de Rede de Atenção Psicossocial, a RAPS, que integra o SUS
(Sistema Único de Saúde) e, nos últimos anos, vem sendo alvo de alterações
por parte do governo federal.
Desde a sua criação, a RAPS é composta por serviços e equipamentos
variados, em sua maioria guiados por princípios de cuidado comunitário e em
liberdade, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e as
Unidade de Acolhimento (UAs).
167
de pacientes e familiares, mediante a criação e o desenvolvimento de
iniciativas articuladas com os recursos do território nos campos do trabalho,
habitação, educação, cultura, segurança e direitos humanos.
Praticar hábitos saudáveis e adotar um estilo de vida de qualidade,
ajudam a manter a saúde mental em dia.
Jamais se isole;
Consulte o médico regularmente;
Faça o tratamento terapêutico adequado;
Mantenha o físico e o intelectual ativos;
Pratique atividades físicas;
Tenha alimentação saudável;
Reforce os laços familiares e de amizades.
Conheça a plataforma Saúde Brasil e veja quais hábitos adotar, em
todas as áreas da vida, para ter mais qualidade de vida.
Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etária,
podem ser afetadas, em algum momento, por problemas de saúde mental ou
dependência química, de maior ou menor gravidade. Algumas fases, no
entanto, podem servir como gatilhos para início do problema.
Entrada na escola (início dos estudos);
Adolescência;
Separação dos pais;
Conflitos familiares;
Dificuldades financeiras;
Menopausa;
Envelhecimento;
Doenças crônicas;
Divórcio;
Perda entes queridos;
Desemprego;
Fatores genéticos;
Fatores infecciosos;
Traumas.
Ética Profissional.
168
RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05 Aprova o Código de Ética Profissional
do Psicólogo.
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas
atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei no 5.766, de
20 de dezembro de 1971;
CONSIDERANDO o disposto no Art. 6º, letra “e”, da Lei no 5.766 de
20/12/1971, e o Art. 6º, inciso VII, do Decreto nº 79.822 de 17/6/1977;
CONSIDERANDO o disposto na Constituição Federal de 1988, conhecida como
Constituição Cidadã, que consolida o Estado Democrático de Direito e
legislações dela decorrentes;
CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião realizada no
dia 21 de julho de 2005; RESOLVE: Art. 1º - Aprovar o Código de Ética
Profissional do Psicólogo. Art. 2º - A presente Resolução entrará em vigor no
dia 27 de agosto de 2005. Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário,
em especial a Resolução CFP n º 002/87.
(d) incentivar a avaliação processual dos resultados obtidos;
(e) coordenar a realização de projetos de trabalhos específicos que
demandam conhecimentos e habilidades relativas ao campo da psicologia;
(f) participar ativamente na formação continuada de professores; e
(g) colaborar no sistema de seleção de professores e coordenadoras
pedagógicas.
As referidas atividades se articulariam com as outras possibilidades
tradicionais de trabalho para contribuir para a real efetivação da proposta
pedagógica no contexto educativo. Em um estudo a respeito da parceria do
psicólogo escolar na elaboração de projetos político pedagógicos, apontam
que o psicólogo pode possuir um papel mediador em que não sobreporia seus
conhecimentos de autoridade científica, mas estaria juntamente com os
profissionais da escola experenciando e analisando conflitos, contribuindo
para a internalizacão da emocionalidade. Com base nos referenciais de Agnes
Heller sobre a vida cotidiana, os autores destacam que a atuação do psicólogo
junto às comunidades escolares necessita envolver uma relação de
proximidade para compreender a dinâmica da escola e os processos de
alienação que ali se evidenciam. Outra perspectiva na área é a investigação
acerca das concepções e sentidos do P.P.P para os educadores.
A partir da Psicologia histórico-cultural e da Teoria da Atividade de
Leontiev, o sentido pessoal da ação docente em uma escola pública no
contexto de produção do projeto político-pedagógico, que serviria de base
para toda a organização da ação pedagógica. Em sua análise, a autora diz
que as condições objetivas de trabalho e de produção de vida convertem-se
em uma estrutura de consciência e que é frente a essas condições que
surgem as dificuldades e impossibilidades de os professores se humanizarem
na relação com o trabalho, isto é, na atividade pedagógica. Segundo a autora,
169
isso se expressa por meio da cisão existente entre os sentidos das atividades
pedagógicas para o professor e os resultados (significados) concretos de suas
ações.
Nesse contexto, a fragmentação é produzida pela organização do
modelo capitalista de produção que desapropria a classe trabalhadora dos
produtos do seu trabalho, bem como do próprio trabalho, que deixa de lhe
pertencer. No caso do trabalho docente, a ruptura entre sentido e significado
provoca uma dissonância entre a ação educativa e o significado social dessa
ação. Em decorrência, os significados sociais da atividade educativa podem
até ser apropriados e reproduzidos pelo professor, mas não são refletidos em
propostas práticas ou resultados educacionais em virtude das condições
desumanas de trabalho. Torna-se importante assinalar que, diante do cenário
neoliberal em que a educação é vista como mercadoria, evidencia-se a
tendência em se atribuir ao setor público a responsabilidade pela crise e pela
ineficiência do sistema educacional em nosso país.
A culpa dos problemas na rede pública recai, por conseguinte, nos
participantes do processo educacional (educadores, alunos, famílias), sendo
desconsiderados os condicionantes políticos e econômicos responsáveis por
este processo, o que contribui para a manutenção da política atual que está
atrelada aos interesses do capital. Ao considerar as condições concretas da
comunidade e do contexto educativo e suas multideterminações, o psicólogo
pode direcionar sua prática visando favorecer a autonomia dos sujeitos e a
melhoria das práticas pedagógicas, por meio do diálogo com os diferentes
agentes da escola. Nesta perspectiva, a prática do psicólogo no âmbito
educacional necessita pautar-se em uma perspectiva emancipadora a fim de
fomentar a consciência crítica das pessoas para que possam intervir na
realidade, contribuindo para a melhoria de suas condições de vida.
Os princípios teóricos da conscientização e da libertação podem resultar
em um modelo que subsidie as intervenções do psicólogo na busca de
transformação do espaço educativo. A conscientização é vista dentro de um
posicionamento político a partir do referencial de Paulo Freire (1979) e se
constitui como um processo de reflexão crítica acerca da realidade, do
cotidiano da escola e dos seus agentes. Outro referencial adotado é a
Psicologia da Libertação, que tem como propósito favorecer mudanças na
realidade dos indivíduos, atentando para o homem em sua corporeidade, em
suas características específicas e também para a comunidade sem, contudo,
desconsiderar os aspectos estruturais e de ordem social que condicionam
situações de opressão e desigualdade.
Cabe enfatizar que um importante aspecto da ação do psicólogo se
refere ao fortalecimento dos indivíduos ou grupos sociais. O processo de
fortalecimento necessariamente supõe as seguintes fases: o desenvolvimento
de um forte sentido da pessoa em sua relação com o mundo; a construção de
uma concepção crítica sobre as forças sociais e políticas que compõem a
realidade e que influenciam o contexto de vida dos indivíduos e das
comunidades; o desenvolvimento da capacidade de relacionar reflexão e
170
ação; e, por último, a criação e a aplicação de estratégias e recursos visando
fortalecer os grupos e produzir intervenções que beneficiem a coletividade.
Para isso, entendemos que o psicólogo necessita estar junto a esses
profissionais, participando da rotina escolar e de encontros de trabalho
docente com o objetivo de favorecer a discussão e a reflexão acerca das
práticas e dos conflitos verificados no cotidiano da escola. Tais momentos são
essenciais, pois há troca de experiências entre os participantes e podem
configurar-se como espaços nos quais o professor fale de suas percepções,
emoções, dificuldades e potencialidades em sua atuação.
Pedagogia de Projetos.
171
as dificuldades encontradas pelas crianças de segundo ano em relação à
aprendizagem da escrita. A realização de oficinas de leitura e escrita que
seriam conduzidas pela professora de educação especial. Todavia, essa
proposta não foi concretizada devido à troca de professores desta área e a
diferenças de perspectivas sobre o trabalho a ser efetuado.
Outro fato relevante que consiste na falta de esperança ou de confiança
do docente na instituição, isto é, refere-se à crença de que certas situações
não vão acontecer ou não vão mudar. É o que Martín-Baró (1996) denomina
de fatalismo. Tal tema foi discutido em alguns encontros do grupo a fim de
favorecer o seu fortalecimento e a busca de possibilidades de ação.
A esse respeito, os principais obstáculos apontados na concretização do
P.P.P. fazem referência ao comodismo e ao formalismo à não participação
efetiva e responsável de grupos a partir de objetivos comuns, não bastando a
participação isolada de sujeitos, bem como à adoção de uma matriz individual
que não está em consonância com a matriz coletiva de pensamento e ação.
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pelos alunos é fruto de sua ação, o que faz com que eles se tornem cada vez
mais autônomos intelectualmente.
Estudos de Vygotsky.
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consolidado. O segundo nível é o potencial, ou seja, a criança só alcança uma
reposta com o auxílio de outros. Este é o conceito de Zona de
desenvolvimento proximal e relaciona-se à diferença entre o que a criança
realizar sozinha e aquilo que é capaz de aprender a realizar com o auxílio de
alguém mais experiente. Deste modo, este conceito tão importante na teoria
da aprendizagem de Vygotsky, diz de tudo o que a criança tem possibilidade
de adquirir, no âmbito intelectual, quando o devido suporte educacional lhe é
oferecido.
Vygotsky construiu sua teoria tomando o desenvolvimento como
resultado de um processo sócio-histórico, dando relevância ao papel da
linguagem e da aprendizagem. A questão colocada por Vygotsky tem como
centro a aquisição de conhecimento através da interação entre sujeito e meio.
Isto significa que o autor concebe o desenvolvimento do ser humano como
marcado por sua inserção em um grupo social e, ainda, concebe o meio como
o que mediatiza a relação eu-outro social. A relação mediatizada ocorre com a
possibilidade da interação com símbolos culturais, signos e objetos, ou
de humana.
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