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psicólogo

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LÍNGUA PORTUGUESA
Artigo
Termo que define ou indefine um substantivo, particularizando-o.
Classificação:
Definidos: o, a, os, as.

Indefinidos: um, uma, uns, umas.

Adjetivo

Por definição, trata-se do termo que qualifica, caracteriza ou indica a origem


de outro.
• Casa vermelha.

• Pessoa eficiente.

• Caneta alemã.

Classificação quanto ao sentido:


• Restritivo: adjetivo que introduz característica nova ao substantivo.
– Ex.: cachorro inteligente, menina dedicada.
• Explicativo: adjetivo que introduz característica já pertencente ao substantivo.
– Ex.: treva escura, animal mortal.

Classificação quanto à expressão:


• Objetivo: indica caraterística.
– Roupa verde.
• Subjetivo: indica qualidade.
– Menina interessante.

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• Gentílico: indica origem.
– Comida francesa.

Adjetivo X Locução Adjetiva

Há uma diferença entre um adjetivo e uma locução adjetiva: o adjetivo possui


apenas um termo; uma locução adjetiva possui mais de uma palavra em sua
formação, porém apresenta apenas um sentido.
• Ela fez a sua leitura do dia.

• Ela fez a sua leitura diária.

Cuidado importante:
• Pode haver mudança de sentido:
– Homem pobre X Pobre homem.

Flexão do Adjetivo

Se trata de um termo na natureza nominal, o adjetivo pode fazer flexão de:


• Gênero: masculino / feminino.

• Número: singular / plural.

• Grau: comparativo / superlativo.

Grau do Adjetivo
• Comparativo: comparando características. Anote os exemplos.
– De superioridade: (mais do que)

– De igualdade: (tanto quanto)

– De inferioridade: (menos do que)


• Superlativo:
– Relativo:
• De superioridade: (o mais __ de / dentre)

• De inferioridade: (o menos ___ de / dentre)


– Absoluto:
• Sintético: (formado com o auxílio de mais palavras)

• Analítico: (formado com os sufixos –íssimo ou –érrimo)

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou
outro advérbio. São flexionados em grau (comparativo e superlativo) e divididos
em: advérbios de modo, intensidade, lugar, tempo, negação, afirmação, dúvida.

Classificação dos Advérbios

De acordo com a circunstância que os advérbios exprimem nas frases, eles podem
ser:
Advérbio de Modo

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Bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, devagar, acinte, debalde e grande
parte das palavras que terminam em "-mente": cuidadosamente, calmamente,
tristemente, dentre outros.
Exemplos:
 Fui bem na prova.
 Estava andando depressa por causa da chuva.

Advérbio de Intensidade
Muito, demais, pouco, tão, quão, demasiado, bastante, imenso, demais, mais,
menos, quanto, quase, tanto, assaz, tudo, nada, todo.
Exemplos:
 Comeu demasiado naquele almoço.
 Ela gosta bastante dele.

Advérbio de Lugar
Aí, aqui, acolá, cá, lá, ali, adiante, abaixo, embaixo, acima, adentro, dentro, afora,
fora, defronte, atrás, detrás, atrás, além, aquém, antes, algures, nenhures, alhures,
aonde, longe, perto.
Exemplos:
 Minha casa é ali.
 O livro está embaixo da mesa.

Advérbio de Tempo
Hoje, já, afinal, logo, agora, amanhã, amiúde, antes, ontem, tarde, breve, cedo,
depois, enfim, entrementes, ainda, jamais, nunca, sempre, doravante, outrora,
primeiramente, imediatamente, antigamente, provisoriamente, sucessivamente,
constantemente.
Exemplos:
 Ontem estivemos numa reunião de trabalho.
 Sempre estamos juntos.

Advérbio de Negação
Não, nem, tampouco, nunca, jamais.
Exemplos:
 Jamais reatarei meu namoro com ele.
 Não saiu de casa naquela tarde.

Advérbio de Afirmação
Sim, deveras, indubitavelmente, decididamente, certamente, realmente, decerto,
certo, efetivamente.
Exemplos:
 Certamente passearemos nesse domingo.
 Ele gostou deveras do presente de aniversário.

Advérbio de Dúvida
Possivelmente, provavelmente, acaso, porventura, quiçá, será, talvez, casualmente.

Exemplos:
 Provavelmente irei ao banco.
 Quiçá chova hoje.

Flexão dos Advérbios

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Os advérbios são consideradas palavras invariáveis pois não sofrem flexão de
número (singular e plural) e gênero (masculino, feminino); porém, são flexionadas
nos graus comparativo e superlativo.

Grau Comparativo
No Grau Comparativo, o advérbio pode caracterizar relações de igualdade,
inferioridade ou superioridade.

1. Igualdade: formado por "tão + advérbio + quanto" (como), por exemplo: Joaquim
é tão baixo quanto Pedro.
2. Inferioridade: formado por "menos + advérbio + que" (do que), por exemplo:
Joana é menos alta que Sílvia.
3. Superioridade:
 analítico: formado por "mais + advérbio + que" (do que), por exemplo: Ana é mais
alta que Carolina.
 sintético: formado por "melhor ou pior que" (do que), por exemplo: Paula tirou
nota melhor que Júlia na prova.

Grau Superlativo
No Grau Superlativo, o advérbio pode ser:
1. Analítico: quando acompanhado de outro advérbio, por exemplo: Isabel fala muito
baixo.
2. Sintético: quando é formado por sufixos, por exemplo: Isabel fala baixíssimo.

Curiosidades

 Há também os advérbios que exprimem exclusão (só, somente, salvo,


exclusivamente, apenas), inclusão (também, inclusivamente, ainda, mesmo, até) e
ordem (ultimamente, depois, primeiramente).

 Os Advérbios Interrogativos são utilizados nas interrogações diretas e indiretas
relacionados com as circunstâncias de modo, tempo, lugar e causa. São eles:
quando, como, onde, aonde, donde e por que.
 As locuções adverbiais são duas ou mais palavras que exercem a função de advérbio,
por exemplo, às pressas, passo a passo, de longe, hoje em dia, de vez em quando,
dentre outras.

Conjunção
Definição: conjunção é um termo de natureza conectiva que tem por função
ligar elementos em uma sentença. Nessa ligação, há uma relação de sentido que se
impõe na frase. O termo “conjunção” vem do grego syndethos, que significa “união”.
Isso quer dizer que o síndeto serve para criar conjuntos de palavras. Esse tipo de
análise é o que a banca costuma utilizar nas provas.
Para facilitar o estudo, convém fazer uma classificação das conjunções:
1 – Coordenativas: são as conjunções que ligam termos, os quais não
possuem dependência sintática entre si. Isso que dizer que um termo não
desempenha uma função sintática necessária em relação ao outro. Vejamos alguns
exemplos:
Ex.:
• A menina trouxe bolos e salgados.

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Pronomes são termos que servem para substituir ou retomar elementos dentro de
uma sequência textual. Podem ser divididos em 7 categorias, a saber:

 Pessoais.
 De tratamento.
 Demonstrativos.
 Relativos.
 Interrogativos.
 Indefinidos
 Possessivos.

Classificação quanto à função:


a. Pronome substantivo: desempenha a função de um substantivo na sentença.
Eu farei a colocação.

b. Pronome adjetivo: desempenha a função de um adjetivo na sentença.

Meu aluno entrou no Facebook.

Análise e emprego das categorias pronominais.


Pessoais: são os pronome que fazem referências às pessoas do discurso.
1ª: quem fala
2ª: para quem se fala.
3ª: sobre quem se fala.

Veja a tabela dos pronomes pessoais:

Explicação das funções sintáticas:


Função de sujeito:

Joana pediu para eu lavar o carro.


Função de complemento:

Comprei um presente e o dei para minha mãe.


 Função de adjunto:

A menina pegou-me a mão.


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Com causativos e sensitivos: dupla função.
O rapaz mandou-me ler o resultado.

Emprego de algumas formas:


a.Eu e tu x mim e ti – após preposição essencial, emprega-se o pronome do caso
oblíquo.
Comprei um carro para mim.
Entre mim e ti, não há problemas.
Trouxe um livro para ti.

Se o pronome desempenhar função de sujeito, usa-se o caso reto:

Comprei um carro para eu guiar.


Entre eu ficar e tu saíres, prefiro a primeira opção.
Trouxe um livro para tu leres.

b.Si e consigo – são formas reflexivas.


O homem olha para si.
O mestre carrega a sabedoria consigo.

c.Conosco e convosco - Se vierem seguidos de uma expressão complementar,


desdobram-se em “com nós" e "com vós":
Este trabalho é com nós mesmos.

d.“o” e “a” são formas pronominais diretas: ou seja, servem para retomar elementos
que não são introduzidos por preposição em uma sentença.

e.“lhe” é uma forma pronominal indireta, equivalente a “a ele ou a ela”: ou seja,


substitui elemento que, na sentença, surge introduzido por uma preposição.

A empresa pagou o salário ao empregado.

A empresa pagou-o ao empregado. (Substituição do objeto direto)

A empresa pagou-lhe o salário. (Substituição do objeto indireto)

A empresa pagou-lho. (Substituição dos dois em apenas uma forma).

Emprego de “o” e “a” na ênclise (após verbos).

a.Se a palavra terminar em R, S ou Z, deve-se retirar a última letra eempregar –lo, -


la, -los ou –las.
Prender o homem – Prendê-lo.
Fez a tarefa – Fê-la.
b. Se a palavra terminar em “Ão”, “Õe” ou “M”, deve-se empregar –no, -na, -
nos, ou –nas.
Compram a casa – Compram-na.
Dão a notícia – Dão-na.

Pronomes de Tratamento

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São empregados para qualquer tipo de tratamento, cerimonioso ou não, há
casos para cada pronome. Esse assunto costuma ser incidente nas provas que
cobram Redação Oficial. São pronomes de tratamento você, senhor, senhora,
senhorita, fulano, sicrano, beltrano e as expressões que integram o quadro
seguinte

Observação:
Todas essas expressões se apresentam também com SUA para cujas abreviaturas
basta substituir o "V" por "S".
Detalhes sobre o uso dos pronomes de tratamento.
a) Vossa Excelência etc. x Sua Excelência etc. - Os pronomes de tratamento com
"Vossa(s)" empregam-se em relação direta à pessoa com quem falamos:
Vossa Excelência precisa ler esta carta. (Falando diretamente com a pessoa)
Com "Sua(s)" são empregados, quando falamos a respeito da pessoa:
Sua Excelência precisa ler esta carta. (Falando a respeito da pessoa)

b) Concordância com a 3ª pessoa - Os pronomes de tratamento são da 3ª pessoa;


portanto, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados
em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa;
Necessitamos de que Vossa Excelência apresente os seus projetos para a campanha.

Pronomes demonstrativos
São pronomes que indicam algum referente pontuado no espaço, no tempo ou
no texto.

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Veja alguns exemplos de emprego desses pronomes:
A única saída é esta: rever os conceitos sobre a teoria.
Rever os conceitos sobre a teoria: essa é a única saída.
Vida e morte: esta assusta; aquela gera dúvidas.

Existem outros pronomes demonstrativos, são eles:


O, A – (permutáveis por “aquilo” ou “aquela”) – usualmente próximos a
pronomes reativos e preposições.
O aluno fez o que podia para passar.
A pessoa à que fiz alusão é Marina.

Tal e Semelhante (permutáveis por qualquer demonstrativo)


Não seria possível resolver semelhante problema.
Tal assunto não deve ser discutido aqui.

Pronomes Relativos
Uma das categorias mais importantes no tocante ao assunto de pronomes. Os
relativos são pronomes que promovem uma relação. Tal que pode se dar entre:
Substantivo e verbo.
Pronome e verbo.
Substantivo e substantivo.
Pronome e substantivo.

Os pronomes relativos da língua são:


Que:
O material de que preciso está aqui.
O qual:
Eis a mãe do menino, a qual passou a noite comigo.
Quem:
A pessoa a quem fiz referência é Joana.
Quanto:
Ele fez tudo quanto pôde.
Onde:

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O país onde ocorreu o evento está em crise.
Cujo:
A menina cuja bolsa foi roubada acabou de chegar.

Pronomes Indefinidos
Esvaziam o referente.

Mudança de sentido
Alguma pessoa X Pessoa alguma.
Certo dia X dia certo.

Pronomes interrogativos

Esvaziam o referente.
Que você quer?
Qual é seu nome?

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Quem comprou o carro ontem?
Quanto custa esse carro?

Pronomes Possessivos

Indicam posse, familiaridade ou aproximação.


Meu, minha (s)
Teu, tua (s)
Seu, sua (s)
Nosso, nossa (s)
Vosso, vossa (s)
Seu, sua (s)

Tome algumas precauções ao estudar esses pronomes, principalmente no quesito de


eliminar a ambiguidade possível no emprego das formas possessivas.
Veja um exemplo:
João levou Telêmaco para casa em seu carro!

Substantivo
É a palavra variável que nomeia seres, conceitos, sentimentos ou ações
presentes na língua. Podemos classificar os substantivos da seguinte maneira.
1. Quanto à existência:
Concreto: pessoa, casa, fada, Deus, carro.
Abstrato: vingança, amor, caridade.
2. Quanto à designação:
Próprio: João, Jonas, Fundação José Clemente.
Comum: homem, dia, empresa.
3. Quanto à composição:
Simples: roupa, casa, sol.
Composto: guarda-roupas, passatempo, girassol.
4. Quanto à derivação:
Primitivo: motor, dente, flor.
Derivado: mocidade, motorista, dentista.
5. Como partitivos: gole, punhado, maioria, minoria.
6. Como coletivos1: enxame, vara, corja, esquadrilha, esquadra.
Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com
iniciais maiúsculas. Porém, alguns substantivos próprios podem vir a se tornar
comuns, pelo processo de derivação imprópria que, geralmente, ocorre pela
anteposição de um artigo e a grafia do substantivo com letra minúscula. (Um judas,
para designar um indivíduo traidor / um panamá, para citar o exemplo do chapéu
que possui esse estilo).
As flexões dos substantivos podem se dar em gênero, número e grau.
Gênero dos substantivos
A distinção de gênero dos substantivos está articulada sob as noções de masculino e
de feminino. Desse modo, os substantivos podem ser classificados como:

Biformes: são aqueles que apresentam uma forma para o masculino e outra
para o feminino. Existe uma distinção entre eles:
a. Desinenciais (fazem a flexão com o acréscimo de uma desinência de
gênero): aluno, aluna / czar, czarina.
b. Heteronímicos (possuem outro vocábulo para fazer a distinção): homem,
mulher / boi, vaca.

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Uniformes: são aqueles que apresentam uma única forma para ambos os gêneros.
Nesse caso, eles estão divididos em:
a. Epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) – jacaré,
mosca, cobra.
b. Comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas. Nesse caso, a
distinção é feita por um elemento que fica ao lado do substantivo (artigo, pronome)
– dentista (o, a), motorista (o, a).
c. Sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de
ambos os sexos – o garfo, a vítima, a criança.

Em algumas situações, a mudança de gênero (com a mudança do gênero do artigo)


altera também o sentido do substantivo:
O cobra (perito em algo) / A cobra (animal).

O número dos substantivos

Tentemos resumir as principais regras de formação do plural nos substantivos.

Alguns substantivos são grafados apenas no plural:


alvíssaras;
anais;
antolhos;
arredores;
belas-artes;
calendas;
cãs;
condolências;
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esponsais;
exéquias;
fastos;
férias;
fezes;
núpcias;
óculos;
pêsames;

O Grau do substantivo

Normal / Aumentativo / Diminutivo


Analítico: quando se associam os adjetivos ao substantivo.
Ex: casa grande, rapaz pequeno;
Sintético: quando se adiciona ao substantivo sufixos indicadores de grau.
Ex: casarão, rapazito.
Sufixos
Aumentativos: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão;

Diminutivos: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -
zinho é obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo:
cafezinho, paizinho);
Semântica do grau:
Com relação ao grau do substantivo, pode haver noções de:
Tamanho
Desprezo
Afinidade
Ironia

Verbo
Por definição, verbo é a palavra que exprime a ideia de uma ação, de um
estado, de uma mudança de estado ou de um fenômeno natural e que pode ser
conjugada.
A característica mais importante que deve ser notada é o fato de o verbo
poder ser conjugado, isso será central em análises relativas aos verbos.
Classificação:
Para facilitar o entendimento dos verbos, convém dividi-los em categorias distingas
em função do sentido que podem exprimir:

1 - Relacional (ou de ligação):


É o verbo que exprime noção de estado ou de mudança de estado. Vale a
pena decorar uma lista de verbos relacionais.
Ser
Estar
Continuar
Andar
Parecer

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Permanecer
Ficar
Tornar-se
Vejamos um exemplo de como um verbo dessa natureza pode ser empregado.
Ex.: A prova estava fácil.
Mas nem sempre isso acontece. Há casos em que ocorre a transpredicação verbal,
que consiste – basicamente – em alterar o sentido do verbo, bem como sua natureza
de expressão, ou seja, haverá mudança do tipo de verbo. Vejamos os exemplos:
João anda empolgado. (Verbo “andar” exprimindo o estado de João)

anda lentamente. (Verbo “anda” exprimindo a ação de caminhar)


2 - Nocional:
É o verbo que exprime o sentido de ação ou de fenômeno natural. Como não há
uma lista para verbos dessa natureza, o conveniente é fazer uma divisão, que
deve se pautar pela necessidade ou não de haver um complemento. Vejamos.
Intransitivo:
É o verbo que não necessita de um complemento. Seu sentido se encerra no
próprio verbo. São exemplos de verbos intransitivos: viver, correr, crescer e
germinar.
Aplicando nas sentenças:

Aquela criança cresceu. (Verbo com o sentido encerrado em si)

Aquela criança cresceu rapidamente. (A palavra “rapidamente” exprime


circunstância de “modo” em relação ao verbo)

Aquele homem vive uma vida sofrida. (O verbo continua intransitivo, porém
a expressão “uma vida sofrida” funciona como objeto direto do verbo)

Transitivo:
É o verbo que necessita de um complemento, pois “negocia” o seu sentido com o
verbo em questão. A depender da relação entre verbo e complemento, podemos
dividir o verbo em três tipos.
Direto:
Verbo que necessita de um complemento, porém esse complemento não
necessita de uma preposição, ou seja, possui uma relação “direta” do verbo para
o complemento. São exemplos de verbos transitivos diretos os verbos: contar,
ler e dizer.
Ex.: O réu disse a verdade.
Indireto:
Verbo que necessita de um complemento, e esse complemento deve ser
introduzido por uma preposição, ou seja, possui uma relação “indireta” do verbo
para com o complemento. São exemplos de verbos transitivos indiretos os
verbos: gostar, visar, aludir.
Ex.: O concursando visava ao cargo mencionado.
Bitransitivo:
Verbo que necessita de dois tipos de complemento: um tipo deve ser direto; outro
tipo deve ser indireto, por isso também pode ser chamado de verbo transitivo direto
e indireto. São exemplos de verbos bitransitivos os verbos: dar, ceder, doar e pagar.

Ex.: O gerente deu explicações ao funcionário.

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Estrutura dos verbos
A fim de fazer uma análise estrutural dos verbos, é preciso destacar os
seguintes itens que lhe são estruturantes:
Raiz / radical:
Também chamado de “morfema lexical” esse é o elemento que guarda o
sentido do verbo. Em tese é a parte invariante da palavra nos verbos regulares.
O exemplo é CANTAR, cuja raiz é CANT.
Vogal temática:
Vogal que, somada à raiz do verbo, forma o “tema” da palavra. São elas – A, E, I.

Desinências:
São “partes” de palavras que são afixadas aos verbos, para que seja possível fazer
as devidas adequações na conjugação ou na estruturação de formas nominas. As
desinências podem ser dividias em:
Verbais:
Que podem ser de modo-tempo e que podem ser de número-pessoa. Essas atuam
para a conjugação do verbo.
Nominais:
Que podem ser de infinitivo, de gerúndio ou de particípio. Essas servem para indicar
uma forma nominal do verbo.

Veja o exemplo da forma verbal abaixo:


FALÁVAMOS
Em que:
FAL: é a raiz.
A: é a vogal temática.
VA: é a desinência de modo-tempo (que indica Pretérito Imperfeito do Indicativo)

MOS: é a desinência de número-pessoa (que indica se tratar de verbo conjugado na


1ª pessoa do plural).
Famílias Verbais
Para facilitar a organização dos verbos, a Gramática os dividiu em três famílias de
conjugação. Essa divisão leva em consideração a terminação das palavras. São elas:
1ª: verbos terminados em –AR (cantar, falar, brincar)
2ª: verbos terminados em –ER ou –OR (vender, pôr)
3ª: verbos terminados em –IR (partir, sorrir)

Tempos e Modos verbais


Uma parte da análise estrutural dos verbos, que serve de base à conjugação verbal,
é o entendimento dos tempos e dos modos verbais. Estudemos particularmente cada
um deles.
Modo Indicativo:
É o modo em que as formas exprimem uma ideia de certeza. Seus tempos são:
a. Presente: amo, vendo, parto.
b. Pretérito perfeito: amei, vendi, parti.
c. Pretérito imperfeito: amava, vendia, partia.
d. Pretérito mais-que-perfeito: amara, vendera, partira.
e. Futuro do presente: amarei, venderei, partirei.
f. Futuro do pretérito: amaria, venderia, partiria.
Modo Subjuntivo:
É o modo em que suas formas exprimem ideia de hipótese provável. Seus tempos
são:

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a. Presente (que): ame, venda, parta.
b. Pretérito imperfeito (se): amasse, vendesse, partisse.
c. Futuro (quando): amar, vender, partir.
Modo Imperativo:
É o modo que exprime uma ideia de ordem, pedido ou súplica.
Não há primeira pessoa no imperativo.

Como montar as formas de Imperativo:


Afirmativo:
É preciso retirar a forma da segunda pessoa do singular e da segunda pessoa do
plural (provenientes do Presente do Indicativo), retirando a letra “s” do final da
palavra. As demais formas advêm do Presente do Subjuntivo.
Negativo:
Basta utilizar a palavra “não” e somar aos elementos provenientes do Presente do
Subjuntivo.
Exemplo: formação do Imperativo do verbo “amar”.

Formas Nominais do Verbo


1. Infinitivo: verbo terminado em –R. Amar, vender, partir.

2. Gerúndio: verbo terminado em –NDO. Amando, vendendo, partindo.

3. Particípio: verbo terminado em –ADO / -IDO. Amado, vendido, partido .

Classificação verbal (Conjugação)

Nesta seção, vamos fazer a classificação dos verbos com relação a sua estrutura de
conjugação. Vejamos como ela ocorre:
Verbo Regular: é o tipo de verbo que mantém sua raiz durante a conjugação. Um
exemplo é o verbo “cantar”.
Canto
Cantas
Canta
Cantamos
Cantais
Cantam

Verbo Irregular: é o tipo de verbo que possui uma pequena alteração em sua raiz
durante a conjugação. Um exemplo é o verbo “dizer”
Digo (veja a alteração na raiz do verbo)
Dizes
Diz
Dizemos
Dizeis
Dizem
Verbo Anômalo: é o tipo de verbo que apresenta grande alteração na raiz durante
a conjugação. Um exemplo e o verbo “ser”.

Sou
És
É
Somos
Sois
São
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Verbo Defectivo: é o tipo de verbo que apresenta um “defeito” – não há algumas
formas para a conjugação. Um exemplo é o verbo “falir”.
Eu -
Tu -
Ele -
Nós falimos
Vós falis
Eles –
Abundante: é o tipo de verbo que possui mais de uma forma. Há dois tipos:
Abundância conjugacional: mais de uma forma para conjugação. Um exemplo é o
verbo “haver”.

Hei
Hás

Havemos (hemos)
Haveis (heis)
Hão

Abundância participial: mais de uma forma para o particípio do verbo. Veja alguns
exemplos:

Exemplos:
Ele havia matado o homem. (Use o particípio regular com os auxiliares “ter” e
“haver”)

O homem estava morto. (Use o particípio irregular com os auxiliares do SECAPPFT)


Conjugação dos verbos para exemplo:
Leia essa conjugação e preste atenção ao modo como as palavras variam. Isso
ajudará a resolver várias questões no concurso.

Modo Indicativo:

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Modo Subjuntivo

Modo Imperativo

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Formas Nominais do Verbo
Infinitivo: amar, correr, partir
Gerúndio: amando, correndo, partindo
Particípio: amado, corrido, partido

Vozes Verbais
A noção de voz do verbo está relacionada à atitude que o verbo exprime
quando empregado em uma sentença. É possível definir quatro vozes para os verbos
na Língua Portuguesa. São elas:
Voz ativa: que se caracteriza por possuir um sujeito agente, ou seja, que pratica
uma ação.
Voz passiva: que se caracteriza por possuir um sujeito de natureza paciente, ou
seja, que é alvo da ação do verbo.
Voz reflexiva: que apresenta um sujeito agente e, ao mesmo tempo, paciente. Isso
quer dizer que a noção do verbo é executada pelo sujeito e o próprio sujeito a
recebe.
Voz recíproca: que diverge da anterior pelo simples fato de haver mais de um
elemento envolvido na execução da ação e pelo fato de a ação expressa ser mútua.

Voz Ativa
Reconhecer um verbo na voz ativa não é algo difícil, basta identificar um
sujeito que pratica a ação expressa pelo verbo.
Exemplos:
Meu amigo aluga casas.
Os alunos farão aquela prova.
O autor está escrevendo um livro.

Voz Passiva
A voz passiva focaliza o alvo da ação, ou seja, o paciente (ou afetado). É preciso
prestar atenção que há dois tipos de voz passiva: a analítica e a sintética. Vejamos.
1 – Analítica: que possui (usualmente) a seguinte estrutura
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Sujeito Paciente + Locução Verbal + Agente da Passiva.

Exemplos:
Casas são alugadas por meu amigo.
Aquela prova será feita pelos alunos.
Um livro está sendo escrito pelo autor.
2 – Sintética: que possui (usualmente) a seguinte estrutura
Verbo + pronome “se” + Sujeito Paciente.
Exemplos:
Alugam-se casas.

Far-se-á aquela prova.


Está-se escrevendo um livro.
Voz Reflexiva
Na voz reflexiva, o sujeito e o afetado pela ação são o mesmo referente.
Veja:
A criança rabiscou-se com a caneta.
Joana penteava-se no quarto.

Voz Recíproca
A voz recíproca é semelhante à reflexiva, com a distinção de que aquela exige a
identificação de mais de um elemento no sujeito e a ação deve exprimir
mutualidade.
Vejamos:
Os concorrentes se cumprimentaram.
Pedro e Paulo se esbofetearam.

Estrutura das Palavras


Para compreender os termos da Língua Portuguesa, deve-se observar, nos
vocábulos, a presença de algumas estruturas como raiz, desinências e afixos:
Raiz ou Radical (morfema lexical): parte que guarda o sentido da palavra.
Flor
Floreira
Florista
Aflorar
Florescer

Desinências (fazem a flexão dos termos)

Nominais:
Gênero: Aluno / Aluna.
Número: Pessoa / Pessoas.
Grau: Cadeira / Cadeirinha.

Verbais:
Modo-tempo: Cantávamos / Vendêramos.
Número-pessoa: Fizemos / Comprastes

Afixos (conectam-se às raízes dos termos)


Prefixos: colocados antes da raiz
Ilegal, desleal, refazer.
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Sufixos: colocados após a raiz
Felicidade, inicialmente, mocidade

Também é importante ficar atento aos termos de ligação. São eles:


Vogal de ligação:
Gasômetro / Barômetro / Cafeicultura / Carnívoro

Consoante de ligação:
Girassol / Cafeteira / Paulada / Chaleira

Processos de Formação de Palavras

Há dois processos mais fortes (presentes) na formação de palavras em Língua


Portuguesa: a composição e a derivação. Vejamos suas principais características.
Composição: é muito mais uma criação de vocábulo. Pode ocorrer por:
Justaposição (sem perda de elementos):

Guarda-chuva, girassol, arranha-céu etc.


Aglutinação (com perda de elementos):

Embora, fidalgo, aguardente, planalto, boquiaberto etc.


Hibridismo (união de radicais oriundos de línguas distintas):

Automóvel (latim e grego); Sambódromo (tupi e grego).


Derivação: é muito mais uma transformação no vocábulo. Pode ocorrer por:

Prefixal (prefixação)
reforma, anfiteatro, cooperação

Sufixal (sufixação)
pedreiro, engenharia, florista

Prefixal – sufixal
infelizmente, ateísmo, desordenamento

Parassintética: prefixo e sufixo simultaneamente, sem a possibilidade de remover


umas das partes.
avermelhado, anoitecer, emudecer, amanhecer

Regressão (regressiva) ou deverbal: advinda de um verbo


Abalo (abalar), luta (lutar), fuga (fugir)

Imprópria (conversão): mudança de classe gramatical


O jantar, um não, o seu sim, o pobre.
Estrangeirismo
Pode-se entender como um empréstimo linguístico

Com aportuguesamento: abajur (do francês "abat-jour"), algodão (do árabe


"al-qutun"), lanche (do inglês "lunch") etc.
Sem aportuguesamento: networking, software, pizza, show, shopping etc.
Acrônimo ou Sigla
Silabáveis: podem ser separados em sílabas.
Infraero (Infraestrutura Aeroportuária), Petrobras (Petróleo Brasileiro) etc.
Não-silabáveis: não podem ser separados em sílabas.
21
FMI, MST, SPC, PT, INSS, MPU etc.

Onomatopeia ou reduplicação

Onomatopeia: tentativa de representar um som da natureza.


Pow, paf, tum, psiu, argh.
Reduplicação: repetição de palavra com fim onomatopaico.
Reco-reco, tique-taque, pingue-pongue.

Redução ou abreviação
Eliminação do segmento de alguma palavra
Fone (telefone), cinema (cinematógrafo), pneu (pneumático) etc.

Sintaxe

Sintaxe é a parte da Gramática normativa que estuda a função que os termos


estabelecem entre si quando em um período. Para saber mais propriamente o que
isso significa, convém fazer uma distinção:
1. Frase: sentença que é dotada de sentido.

2. Oração: frase que se organiza em torno de uma forma verbal.

3. Período: trata-se do conjunto de orações e pode se dividir em:


a. Simples: apenas uma oração (oração absoluta).
b. Composto: mais de uma oração.
c. Misto: mais de um processo de composição.

A fim de facilitar o estudo da Sintaxe, é interessante começar com uma divisão do


período simples, ou seja, estudar quais são os termos da oração. Vejamos:
Termos Essenciais
 Sujeito
 Predicado
Termos Integrantes
 Complementos Verbais
 Complemento Nominal
 Agente da Passiva
 Predicativo do Sujeito
Termos Acessórios
 Adjunto Adnominal
 Adjunto Adverbial
 Aposto
 Vocativo
 Predicativo do Objeto

Sujeito
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Sujeito é o termo sobre o qual se declara ou se constata algo. É
superimportante lembrar: sujeito não é um cara; não precisa começar a sentença
e não começa com preposição. Estudemos os tipos de sujeito.
Tipos de sujeito:
1. Simples: é o sujeito que possui apenas um núcleo. Podem ser núcleos do sujeito
os seguintes termos:
a. Substantivo: Chegaram os convidados para a festa.
b. Pronome: A pessoa que saiu é meu pai.
c. Expressão Substantivada: O falar demais denuncia a burrice.

2. Composto: é o sujeito que possui mais de um núcleo. Isso que dizer possui mais
de um dos termos mencionados anteriormente.
a. Quincas e Brás Cubas são personagens de Machado.

3. Oculto: é o tipo de sujeito cujo núcleo não aparece expresso antes do verbo,
sendo retomado pela desinência que o verbo apresenta.

a. Aquele candidato estudou para o concurso e gabaritou a prova.


b. Fiz o trabalho sem dificuldades.

Demais tipos de Sujeito

Indeterminado:

É o tipo de sujeito cujo núcleo não se consegue determinar, porque não está
saliente no texto. Existem alguns casos para estudarmos:
Verbo na 3ª pessoa do plural sem um referente expresso.
Compraram a casa ao lado.
Verbo transitivo indireto, verbo de ligação ou verbo intransitivo + palavra
SE. Note-se que, nesse caso, a palavra SE será classificada como um ÍNDICE DE
INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO. Além disso, o verbo deverá ficar no singular.

Necessita-se de novos concursos.


Nem sempre se parece feliz.
Chegou-se a bons resultados com o trabalho.

Inexistente:
Ocorre nas situações em que o verbo puder ser classificado como verbo impessoal.
Vejamos alguns casos principais:
Verbos que denotam fenômeno natural:
Nevava naquela manhã de domingo.
A mulher chovia críticas sobre o marido.
Verbo “haver” (no sentido de existir, ocorrer ou acontecer):
Havia problemas com as máquinas.
Deverá haver alunos aprovados no concurso

Verbo “haver”, “fazer” ou “ir” (no sentido de tempo transcorrido):


Há meses, não a vejo.
Faz anos que leciono.
Vai semanas que parti de casa.
Verbo “chegar” ou “bastar”(no sentido de cessamento):
Chega dessa folia!
Basta de preguiça!
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Verbo “ser” (no sentido de tempo ou distância): note-se que, nesse caso, o
verbo concorda com o predicativo.
Daqui até ali são 300 metros.

Oracional:
Trata-se do sujeito formado por uma Oração (frase com um verbo). O outro nome
pode ser Oração Subordinada Substantiva Subjetiva.
É importante que você estude Sintaxe.
Convém que o povo reflita sobre a política.

Tipos de sujeito
2. Composto:
É o sujeito que possui mais de um núcleo. Isso quer dizer possui mais de um dos
termos mencionados anteriormente.
a. Quincas e Brás Cubas são personagens de Machado.

3. Oculto:

É o tipo de sujeito cujo núcleo não aparece expresso antes do verbo, sendo
retomado pela desinência que o verbo apresenta.
a. Aquele candidato estudou para o concurso e gabaritou a prova.
b. Fiz o trabalho sem dificuldades.

4. Indeterminado:

É o tipo de sujeito cujo núcleo não se consegue determinar, porque não está saliente
no texto. Existem alguns casos para estudarmos:
- Verbo na 3ª pessoa do plural sem um referente expresso.

a. Compraram a casa ao lado.


- Verbo transitivo indireto, verbo de ligação ou verbo intransitivo +
palavra SE.
Note-se que, nesse caso, a palavra SE será classificada como um ÍNDICE DE
INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO. Além disso, o verbo deverá ficar no singular.
b. Necessita-se de novos concursos.
c. Nem sempre se parece feliz.
d. Chegou-se a bons resultados com o trabalho.

5. Inexistente:

Ocorre nas situações em que o verbo puder ser classificado como verbo
impessoal. Vejamos alguns casos principais:
- Verbos que denotam fenômeno natural:
a. Nevava naquela manhã de domingo.
b. A mulher chovia críticas sobre o marido.

- Verbo “haver” (no sentido de existir, ocorrer ou acontecer):

c. Havia problemas com as máquinas.


d. Deverá haver alunos aprovados no concurso

- Verbo “haver”, “fazer” ou “ir” (no sentido de tempo transcorrido):


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a. Há meses, não a vejo.
b. Faz anos que leciono.
c. Vai semanas que parti de casa.

- Verbo “chegar” ou “bastar”(no sentido de cessamento):


d. Chega dessa folia!
e. Basta de preguiça!

- Verbo “ser” (no sentido de tempo ou distância): note-se que, nesse caso, o
verbo concorda com o predicativo.
f. Daqui até ali são 300 metros.

2. Oracional:

Trata-se do sujeito formado por uma Oração (frase com um verbo). O outro nome
pode ser Oração Subordinada Substantiva Subjetiva.
a. Eu não lembro o exemplo do sujeito oracional (e não fotografei)

Predicado
Por definição, o predicado é aquilo que se declara ou que se constata do
sujeito. A depender da natureza do predicado, podemos ter três tipos:
a) Verbal: formado essencialmente por um verbo nocional.
b) Nominal: formado por um verbo relacional e um predicativo do sujeito.
c) Verbo-nominal: formado por um verbo relacional e por um predicativo (do sujeito
ou o objeto).

Vejamos os exemplos:
Eu li o livro de Matemática. (predicado verbal)
Josias parece abalado. (predicado nominal)
Meus alunos chegaram animados. (predicado verbo-nominal)
Achei você chato. (predicado verbo-nominal)

Termos integrantes da oração


Dentre os termos integrantes, disparadamente o mais cobrado é o objeto
direto. Entretanto, é preciso saber a definição de todos e quais são suas estruturas.
Estudemos um a um.
1. Objeto Direto:

É o termo que completa o sentido de um verbo sem necessitar de preposição.


Ex.: Aquela menina fez algo terrível.
Ex.: Trouxeram canetas para os candidatos.
Tipos de objeto direto: é importante analisar a construção das sentenças para
descobrir o tipo de objeto direto.
Objeto Direto Preposicionado: objeto direto que recebe uma preposição para
mudar o sentido sem alterar a transitividade.

Ex.: O fiel comeu do pão da vida.


Objeto Direto Pleonástico: nesse caso, emprega-se um termo que retoma o
objeto direto, o que cria duas formas (por isso, pleonástico).
Ex.: O processo, nós o escrevemos ontem.
Objeto Direto Cognato: objeto que possui a mesma raiz do verbo da oração.

25
Ex.: Adamastor morreu uma morte triste.
Apagamento do Objeto Direto: faz-se a elipse do objeto quando contexto permite
compreender sua presença semântica.
Ex.: -Você comprou o carro?
- Comprei. (Subentende-se o emprego do termo “carro”)

Objeto Direto Oracional: trata-se de uma oração que possui a função de objeto
direto.
Ex.: Aquele homem maluco diz que foi traído.
2. Objeto Indireto:
Termo que completa o sentido de um VERBO TRANSITIVO INDIRETO. Atente nesse
caso para a presença da preposição.
Ex.: O Governo precisa de novos rumos.
Objeto Indireto Oracional: trata-se de uma oração que desempenha a função de
objeto indireto.
Ex.: Márcia gosta de que limpem a casa com cuidado.

Termos integrantes da oração


3. Complemento Nominal:

É o termo que completa o sentido de um substantivo, de um adjetivo ou de


um advérbio. É importante ressaltar que o Complemento Nominal é sempre um
termo indireto, ou seja, é introduzido por uma preposição ou representado por um
pronome de forma indireta.
Ex.: Naquele lugar, não há acesso a conteúdo específicos.
Ex.: O vídeo não era adequado / simples para João.
Ex.: Marina mora perto de sua mãe.
Obs.: Esse nome não me é estranho. (Pronome com função de complemento
nominal).
Complemento Nominal Oracional: trata-se da oração que desempenha a função
de complemento nominal.
Ex.: Gracindo tem esperança de que a prova seja fácil.
4. Agente da Passiva:

Termo que pratica a ação da voz passiva analítica.


Ex.: O crime foi cometido por um desconhecido.
5. Predicativo do Sujeito:

Termo que pertence formalmente ao predicado, mas que caracteriza o sujeito.


Ex.: O cão está rico.
Ex.: José nasceu rico.
6. Predicativo do Sujeito Oracional: trata-se da oração que exerce a função de
predicativo do sujeito.
Ex.: O bom é que você estude até sair sangue dos olhos.

Função sintática do pronome relativo


Essa matéria é extremamente interessante e costuma ser muito cobrada em
provas de concurso público. Você precisa seguir alguns detalhes para facilitar o
reconhecimento das funções sintáticas desses pronomes. Vamos lembrar quais são
os pronomes relativos, inicialmente.
Pronomes Relativos
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• Que

• O qual

• Quem

• Quanto

• Onde

• Cujo

Como analisar?
A primeira coisa que você deve fazer é decompor as sentenças em partes
menores, a fim de isolar a oração introduzida pelo pronome relativo. Depois disso,
será necessário trocar o pronome pelo referente que ele retoma. Feito isso, o
importante é analisar a sentença para reconhecer a função do termo que foi
empregado no lugar do pronome relativo.
Acompanhe os exemplos e anote as análises.
• O escritor que assinou o livro era João.

• A matéria de que gosto é gramática.

• A dúvida a que fiz alusão foi sanada.

• Não é aquele o país aonde vou.

A mulher cuja bolsa foi roubada é Helena.

• O material que meu amigo comprou é ótimo.

Termos Acessórios da Oração


Os termos que são ditos acessórios servem para estender o sentido das
expressões. Isso quer dizer que esses termos aumentam a informação
relacionada a um referente. Vejamos quais são esses elementos.
Adjunto Adnominal:
Trata-se do termo que particulariza o núcleo de uma expressão de caráter
nominal. Usualmente, artigos, pronomes, adjetivos, locuções adjetivas e
numerais desempenham a função de adjuntos adnominais.
 Uma medida será necessária.
 Duas posições foram criticadas.
 A mulher do vizinho comprou minha casa.
 Aquela questão fácil me salvou na prova

Nota: é preciso, para não criar confusão, fazer uma distinção entre adjunto
adnominal e complemento nominal.

A descoberta do remédio foi benéfica. (Complemento nominal)


A descoberta do cientista foi benéfica. (Adjunto adnominal)

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O complemento nominal surgirá como resultado da ação que o substantivo pode
exprimir, como é o caso de “descoberta do remédio” – o remédio foi descoberto,
ou seja, é o resultado da ação de “descobrir”.
O adjunto adnominal surgirá como o sujeito da ação que o substantivo pode
exprimir, como é o caso de “descoberta do cientista” – o cientista descobriu algo,
ou seja, é o sujeito da ação de “descobrir”.

Adjunto adverbial
Trata-se do termo que imprime uma circunstância sobre verbo, adjetivo ou
advérbio. Na verdade, adjunto adverbial é o nome sintático de um advérbio ou
de uma locução adverbial.
Por medo, o homem ficou calado.
Na semana anterior, não houve aula.
Talvez ele faça parte do grupo.

Aposto
Trata-se do termo que serve para explicar, resumir, especificar, enumerar
ou distribuir um referente, com o qual estabeleça identificação semântica. Veja
quais são os tipos de aposto.

1 . Explicativo.
Graciliano Ramos, o autor de “Vidas Secas”, era nordestino.
2. Resumitivo.
AFO, Economia, Português, RLM, tudo ele gabaritou.
3. Especificativo.
O vereador Jucelino Doidivanas assinou a correspondência.
4. Enumerativo.
Há dois problemas para a produção de alimentos: o da seca e o das chuvas

5. Distributivo.
Os comunicados vieram separadamente: o do concurso, primeiro; o do
processo, depois.
6. Oracional.
Solicitei esta alteração: que ela não fosse a primeira da lista.
O pedido, que fizessem um curso específico, foi atendido.

Vocativo
Trata-se de uma interpelação que indica com quem se fala. É o termo que
indica quem é o interlocutor da sentença.
Senhor, traga suas credenciais!
Preste atenção, menina!

Predicativo do Objeto
Trata-se da característica ou qualidade do objeto que foi atribuída pelo
sujeito da sentença.
O povo achou a atitude incorreta.
O marido deixou a mulher louca.

Período Composto

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Definição: chama-se “período composto” o período que apresenta mais de
uma oração. Para que seja possível isso ocorrer, deve haver um processo de
composição do período. Usualmente, dois processos concorrem para a formação
de um período. Vejamos:
Processos de composição:
a) Coordenação: é o processo em que não há dependência sintática entre as
orações. Ou seja, estruturalmente elas são autônomas.

b) Subordinação: é o processo em que há uma dependência sintática entre as


orações. Isso quer dizer que uma oração (subordinada) desempenhará alguma
função em relação a outra (principal).

Orações Coordenadas
Definição: são aquelas que não possuem dependência sintática.
Classificam-se de acordo com o seguinte critério:
Assindéticas: são as que não possuem conjunção para realizar a conexão.
Ex.: A menina brincou, pulou, dançou.
Ex.: Entrei na sala, vi a menina, desanimei.
Sindéticas: são as que aparecem introduzidas por uma conjunção coordenativa.
Vejamos:
1. Aditivas: exprimem noção de soma.

- Gumercindo falou com a mãe e a trouxe para casa.

- Joselito não é honesto nem tem bom caráter.

2. Adversativas: exprimem oposição ou negação de uma sentença anterior.

- João Paulo sofre, mas tenta resistir.


- Pedro está cansado; continua, porém.

3. Alternativas: exprimem alternância.


- Faça o exercício ou volte aos livros

4. Conclusivas: exprimem conclusão.


- O aluno é esperto, portanto estudará Gramática.

5. Explicativas: exprimem a explicação sobre algo.


- Traga o jantar, porque estou faminto.
- Deve ter chovido, pois o chão está molhado.

Orações Subordinadas

São as orações que possuem dependência sintática. Há três naturezas de


subordinação. Convém estuda-las individualmente.
o Substantivas: 6 tipos.
o Adjetivas: 2 tipos.
o Adverbiais: 9 tipos.

Orações Subordinadas Substantivas

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São as orações que desempenham a função de um substantivo. Quando
desenvolvidas, são introduzidas por uma Conjunção Subordinativa Integrante.
Para facilitar o entendimento, vamos fazer uma comparação entre período simples e
período composto.
1 – Subjetiva: desempenha a função de sujeito.
Período Simples:
- É necessário o estudo.
Período Composto:
- É necessário que você estude.
- Convém que ele trabalhe.
2 – Objetiva Direta: desempenha a função de objeto direto.
Período Simples:
- Pedro disse algo importante.
Período Composto:
- Pedro disse que entendeu a matéria.
3 – Objetiva Indireta: desempenha a função de objeto indireto.
Período Simples:
- O Governo necessita de novos rumos.
Período Composto:
- O Governo necessita de que haja manifestações.

4 – Completiva Nominal: desempenha a função de complemento nominal.


Período Simples:
- O aluno tem esperanças de aprovação.
Período Composto:
- O aluno tem esperanças de que a prova seja fácil.
5 – Predicativa: desempenha a função de predicativo do sujeito.
Período Simples:
- O importante é Língua Portuguesa.
Período Composto:
- O importante é que você fale a verdade.
6 – Apositiva: desempenha a função de aposto.
Período Simples:
- Eu quero apenas isto: o meu cargo.
Período Composto:
- Eu quero apenas isto: que o cargo seja meu.

Orações Subordinadas Adjetivas


As orações subordinadas adjetivas desempenham a função de um adjetivo
na sentença em que aparecem. Essas são muito cobradas em concursos públicos,
portanto, é preciso ficar muito atento à definição e à classificação dessas
orações. A depender da banca com que se trabalha, elas podem receber o nome
de Orações Subordinadas Relativas, em razão de as desenvolvidas serem
introduzidas por um pronome relativo.
Comparação entre período simples e período composto:
Período Simples:
- Eu gosto de mulher estudiosa.
Período Composto:
- Eu gosto de mulher que estuda.
Note que o sentido é o mesmo, a despeito de haver mudança na quantidade de
verbos.
Classificação das orações:
1 – Oração Subordinada Adjetiva Restritiva: é a que restringe o conteúdo da
sentença anterior. Sua estrutura comum é: Pronome Relativo + Verbo – Vírgula.
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O quadro que Dali pintou é caro.
O lugar para onde ele vai é desconhecido.
2 – Oração Subordinada Adjetiva Explicativa: é a que apresenta um conteúdo
que já pertente ao referente (por isso, explicativo). Sua estrutura comum é:
Pronome Relativo + Verbo + Vírgula.
O homem, que não é Deus, deve ser humilde.
Aquela pessoa, de cuja irmã eu falava, testemunhou o crime.

Orações Subordinadas Adverbiais


São as orações que desempenham a função de um adjunto adverbial na
sentença. Sua característica fundamental, quando desenvolvidas, é que surgem
introduzidas por uma conjunção subordinativa adverbial. Logo, a nomenclatura
das orações fica condicionada à classificação semântica das conjunções. É
importante atentar para o sentido das conjunções na sentença, pois costuma ser
alvo de questões. Além disso, é importante observar o critério de mobilidade –
possibilidade de deslocar a oração na sentença –, pois nesse caso há uma vírgula
obrigatoriamente.
Comparação para facilitar o entendimento:
Período Simples:
- Amanhã, venha estudar.
Período Composto:
- Quando tiver tempo, venha estudar.
Classificação das orações: 9 tipos.
1 – Causal: exprimem sentido de causa. Suas principais conjunções são já que,
porque, uma vez que, como etc.
Ex.: Já que estava preparado, resolveu a prova.
2 – Comparativa: exprimem ideia de comparação. Algumas conjunções são
como, mais (do) que, menos (do) que.
Ex.: Executou a tarefa como um perito faria.
3 – Condicional: exprimem ideia de condição. Algumas conjunções são se,
desde que, contanto que etc.
Ex.: Desde que haja garra, o cargo será seu.

4 – Conformativa: exprimem a ideia de conformidade. Algumas conjunções são


conforme, segundo, consoante etc.
Ex.: Eu farei o teste segundo o professor recomendou.
5 – Consecutiva: exprimem a ideia de consequência. Algumas conjunções são
tanto que, de modo que, de sorte que.
Ex.: O candidato estava tão preparado que gabaritou a prova.
6 – Concessiva: exprimem a ideia de concessão. Algumas conjunções são
embora, ainda que, mesmo que etc.
Ex.: Embora haja muitos concorrentes, o cargo será meu!
7 – Final: exprimem ideia de finalidade. Algumas conjunções são para que, a fim
de que, porque etc.
Ex.: Separou o tema, a fim de que pudesse estudar.
8 – Proporcional: exprimem ideia de proporção. Algumas conjunções são à
medida que, à proporção que, ao passo que etc.
Ex.: Ganhava dinheiro, à medida que enganava os professores.
9 – Temporal: exprimem ideia de tempo. Algumas conjunções são sempre que,
logo que, mal, assim que etc.
Ex.: Sempre que a vida parecer difícil, resista!

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Orações Reduzidas

São ditas orações reduzidas as orações que não apresentam conjunção ou


pronome relativo e que possuem um verbo em uma forma nominal (infinitivo,
gerúndio ou particípio). Para ficar mais clara sua classificação, a recomendação é
desenvolver a oração. Daí, fica mais fácil perceber sua estrutura. Vejamos alguns
exemplos.
1 – Substantivas:
É aconselhável você ler os livros. (Subjetiva)
Pedro disse não saber o assunto. (Objetiva Direta)

2 – Adjetivas:
Vi a menina passando por mim na rua. (Restritiva)
O conteúdo, já cobrado em outras provas, caiu novamente. (Explicativa)
3 – Adverbiais:
Ao sair da sala, desligue a luz. (Temporal)
Sentindo-se preparado, fez o concurso. (Causal)

Acentuação Gráfica
Antecedentes da acentuação gráfica

1 – Prosódia (padrões de tonicidade da língua)


Oxítonas (última sílaba tônica): fubá, saci.
Paroxítonas (penúltima sílaba tônica): casa, próprio.
Proparoxítonas (antepenúltima sílaba tônica): mágica, tétrico.

2 – Encontros vocálicos.
Hiato (encontro vocálico que se separa na pronúncia): saúde / egoísta
Ditongo (encontro vocálico que não se separa, com 2 termos): céu / pai
Tritongo (encontro vocálico que não se separa, com 3 termos): Paraguai / Saguão
Regras de Acentuação Gráfica
1 – Proparoxítonas: todas são acentuadas.
Ex.: Sádico, amazônico, hipócrita, médico.

2 – Paroxítonas:
a) Não são acentuadas as terminadas em:
A (S): fada.

E (S): plebe.


O (S): carro.

M / ENS: miragem / hifens.


Prefixos terminados em “i” ou “r”: semi / super

b) São acentuadas as terminadas em:


R: caráter.
N: hífen.

L: lavável.
X: tórax.

I(S): lápis.
32
Ã(S): ímã.

US: ônus.
UM (UNS): álbum.

OM (ON, ONS): iândom, prótons.


PS: bíceps.

DITONGO: fáceis.
3 – Oxítonas: são acentuadas as terminadas em:
A(S): será / marajá
E(S): filé / sopé

O(S): dominó / Caiapó


EM / ENS: amém / parabéns.

4 – Monossílabos tônicos: são acentuados os terminados em:


A(S): lá, má, dá, já.
E(S): pé, vê, ré, Zé.

O(S): dó, pó, só.

5 – Acentuação de Hiatos: “I” e “U” sozinhos ou seguidos de S:


Carnaúba / Saída / Egoísta / Balaústre

Obs.: não são acentuados nos seguintes casos:


- Seguidos de NH: rainha.
- Paroxítonos antecedidos de ditongo: feiura / Bocaiuva.
- i / u duplicados: xiita / uuçango.
Obs. 2: iídiche / friíssimo.
6 – Ditongos abertos: éu, éi, ói.
a) Monossilábicos: véu, rói, dói, réis.

b) Oxítonos: caracóis, pincéis, troféus.

7 – Formas Verbais com Hífen:


Deve-se tratar cada forma como se fosse uma palavra distinta.
Ex.: Contar-lhe.
Ex.: Sabê-la.
Ex.: Convidá-la-íamos.
8 – Verbos “Ter” e “Vir”
Se empregados na terceira pessoa do singular (Presente do Indicativo): sem acento.
Ex.: O homem tem / o homem vem.
Se empregados na terceira pessoa do plural (Presente do Indicativo): com acento
circunflexo.
Ex.: Os homens têm / os homens vêm.
9 – Verbos derivados de “Ter” e “Vir”
Se empregados na terceira pessoa do singular (Presente do Indicativo): com acento
agudo.
Ex.: João mantém / o frasco contém.
Se empregados na terceira pessoa do plural (Presente do Indicativo): com acento
circunflexo.
Ex.: Os homens mantêm / os frascos contêm.
10 – Acentos diferenciais:
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Permanecem:
Pôr (verbo) / Por (preposição)
Pôde (pretérito perfeito) / Pode (presente)
Fôrma (substantivo – recipiente) / Forma (verbo “formar” / substantivo – formato)
Desaparecem:
Pára - Para
Pêra - Pera
Pólo - Polo
Pêlo - Pelo
Novo Acordo Ortográfico
Com relação à acentuação, eis as principais mudanças do Novo Acordo Ortográfico:
a) Ditongos abertos paroxítonos não são mais acentuados.
Ideia, boia, jiboia, assembleia.
b) EE / OO – paroxítonos (não são mais acentuados)
Veem, leem, creem.

Voo, enjoo, perdoo.


c) Não há mais trema em palavras da língua portuguesa.
Linguiça; tranquilo.

Colocação Pronominal
A colocação pronominal, também pode ser chamada de toponímia ou de
tmese e se trata do estudo da posição do Pronome Oblíquo Átono em uma
sentença. Caso você não se lembre dos pronomes oblíquos, segue a lista:

Posições dos pronomes – Casos de colocação

Próclise: pronome antes do verbo.


Não me avisaram sobre o evento.
Mesóclise: pronome no meio do verbo.
Denunciá-lo-emos às autoridades.
Ênclise: pronome após o verbo.
Vista-se e vamos até o local.
Apossínclise: intercalação de palavras entre pronome e verbo.
A mulher o já não via como marido.

34
A partir de agora, você precisa memorizar os casos de colocação e buscar empregá-
los nas questões. Antecipando, as regras mais incidentes em concursos são as de
próclise.
Regras de próclise: essas regras são as mais fortes!
1) Palavras ou expressões negativas:
- Não lhe devemos explicações.

2) Conjunção subordinativa:
- Necessito de que o alertem a respeito da prova.
3) Pronome relativo:
- Os conceitos a que me refiro são daquele imbecil.
4) Pronomes Indefinidos:

-Tudo me parecia familiar.


5) Pronomes interrogativos:
- Que te parece essa situação toda?
6) Advérbios:
- Nunca o levaria para aquele lugar.
7) “Em” + gerúndio:

- Em se desculpando pela ofensa, ele poderá sair.


8) Verbo no particípio:
- As meninas me haviam questionado sobre a prova.
- As meninas haviam-me questionado sobre a prova.
- As meninas haviam me questionado sobre a prova.
9) Sentenças optativas:

- Deus lhe pague!


Observação: não caia na pegadinha!
Ele disse que, já faz tempo, me pagou.

Colocação Pronominal
Regras de mesóclise:
Essas regras são as mais fracas.
1) Verbo conjugado no futuro do presente do indicativo:

- Notificá-lo-emos em razão de tal injúria.


2) Verbo conjugado no futuro do pretérito do indicativo:

- Informá-la-ia quando retornasse de viagem.

Nota: se houver algum caso de próclise nessas frases acima, a regra de mesóclise
há de ceder lugar para a próclise. Como disse anteriormente, as palavras “atrativas”
são mais fortes.

Regras de ênclise:
1) Início de sentença: não se inicia sentença com pronome oblíquo átono.

- Faz-se muito com a dedicação.


2) Verbo no infinitivo impessoal:

- É fundamental esforçar-se para novos rumos.

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3) Verbo no gerúndio:

- Mariana saiu desculpando-se pela situação.


4) Verbo no imperativo afirmativo:

- Tragam-me o livro solicitado!


5) Verbo no infinitivo + preposição “a” + pronomes “o” ou “a”.

- O lenhador saiu pela floresta a procurá-la apressadamente.


Colocação Facultativa
Memorize esses casos! É muito comum as bancas questionarem se o pronome pode
ser “deslocado” na sentença, sem problemas para a construção gramatical. Há
apenas dois casos.
1) Sujeito expresso próximo ao verbo.
- Aquela senhorita se refere (-se) ao mendigo.
2) Verbo no infinitivo antecedido por “não” ou por preposição.

- Todos sabemos que, ao se acostumar(-se) com a vida, tendemos ao comodismo.


Conceitos importantes para lembrar:
Uma das primeiras coisas importantes para relembrar é o que acontece na ênclise
dos pronomes “o” e “a”.
a) Se a palavra terminar em “R , “S” ou “Z”: retiram-se essas letras e
empregam-se as formas lo, la, los ou las.
Ex.: O meliante pretendia furtar a carteira / O meliante pretendia furtá-la.
Ex.: O menino quis o brinquedo ontem. / O menino qui-lo ontem.
Ex.: Faz essa cara mais uma vez. / Fá-la mais uma vez.
b) Se a palavra terminar em “ÃO”, “ÕE” ou “M” (sons nasais): empregam-se
as formas no, na, nos ou nas.

Ex.: Falem a verdade / Falem-na.


Ex.: Dão um conselho / Dão-no.
Ex.: Põe a mão aqui / Põe-na aqui.

Outra coisa importante para lembrar é que há possibilidade de os pronomes se


combinarem, veja:
Mo = me + o:
* Deu o recado para mim / Deu-me o recado / Deu-me-o / Deu-mo.
To = te + o:
* Deu o recado para ti / Deu-te o recado / Deu-te-o / Deu-to.
Lho = lhe + o:

* Deu o recado para Joana / Deu-lhe o recado / Deu-lhe-o / Deu-lho.


No-lo = nos + o:
* Ele deu o recado para nós / Ele nos deu o recado /Ele no-lo deu.
Vo-lo = vos + o:
* Ele deu o recado para vós / Ele vos deu o recado / Ele vo-lo deu.

Concordância Verbal e Nominal – I

Conceituação

“Concordar”, de uma maneira geral, significa modificar as palavras de modo de


elas se relacionem harmoniosamente em uma sentença. Essa harmonia está
relacionada à flexão das palavras.

36
Concordar - deixar igual.
• Gênero: masculino e feminino.
• Número: singular e plural.
• Pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.
Os casos mais incidentes são os de concordância de número.
Distinção importante:

Concordância Verbal: análise da relação entre sujeito e verbo.


• Minhas alunas devem fazer aquela prova.
Concordância Nominal: análise da relação entre os termos do grupo nominal –
substantivo, artigo, adjetivo, pronome e numeral.
• “As pessoas boas devem amar seus inimigos.”(Seu Madruga

Regras de Concordância Verbal


• Regra Geral (regra do Sujeito Simples): o verbo concorda com o núcleo do sujeito
em número e pessoa.
• Ocorreram manifestações ao longo do país.
• Regra do Sujeito Composto: há duas possibilidades claras:
a) Sujeito anteposto ao verbo: verbo no plural

Brasil e China hão de sediar o evento.


b) Sujeito posposto ao verbo: verbo no plural ou concorda com o referente mais
próximo:
Chegou / chegaram Manoel e sua família.
• Regra do Sujeito Oracional: verbo deve ficar no singular

• É necessário que haja superávit primário.


• Convém que o aluno estude Gramática.

Regras relativas à Construção do Sujeito:


Sujeito construído com expressão partitiva seguida de nome no plural: verbo
no singular ou no plural.
Grande parte dos jogadores fez / fizeram uma preparação intensa.
Sujeito construído com expressão que indica quantidade aproximada
seguida de numeral: verbo concorda com o substantivo que estiver na expressão.
Cerca de 50 % das pessoas gabaritaram a prova.
Cerca de 50% do povo gabaritou a prova.
Obs.: se houver porcentagem sem o substantivo, o verbo concorda com a noção de
quantidade.
50% gabaritaram a prova.
Sujeito construído com substantivo plural: duas possibilidades.
a) Sem artigo ou com artigo no singular: verbo no singular.

Minas Gerais exporta cultura.


O Amazonas é vasto.
b) Com artigo no plural: verbo no plural.
Os Estados Unidos entraram no conflito.
Sujeito construído com pronome interrogativo / indefinido (no plural) +
pronome pessoal: pode o verbo concordar com um dos pronomes em questão:
Quais de nós encontrarão / encontraremos a resposta?
Muitos de nós reivindicam / reivindicamos as medidas mencionadas.
Obs.: se os pronomes estiverem no singular, o verbo também permanece no
singular:
Qual de nós é capaz de resolver o problema?

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Sujeito construído com a expressão “um dos que”: o verbo deve ir para o
plural.
César foi um dos intelectuais que mais apoiaram a nova visão de cultura.
Sujeito construído com núcleos sinônimos: verbo no singular ou no plural.
Tragédia, catástrofe e incidente é / são o futuro daquele lugar.

Sujeito construído com núcleos em gradação: verbo no plural ou concorda com


o último núcleo:
Um dia, um mês, um ano, uma vida de opressão não é suficiente (são
suficientes) para nos vencer.

Sujeito construído por pessoas gramaticais diferentes: o plural se dá para a


pessoa predominante:
Marina e eu vamos à festa da praia hoje.

Sujeito composto ligado pela palavra “com” (no sentido aditivo): o verbo
deve ir para o plural:
A menina com sua mãe registraram a queixa.

Obs.: se separada por vírgulas a expressão que inicia com a preposição o verbo fica
no singular.
A menina, com sua mãe, registrou a queixa.

Sujeito composto ligado pela palavra “nem”: não há consenso, mas o usual é
empregar no plural:
a) Nem dinheiro nem fama encantavam aquela menina.

Concordância Verbal e Nominal-II


Sujeito composto ligado pela palavra “ou”: há alguns casos:
a) Sem exclusão de referente: verbo no plural.
Cebola ou tomate devem ser usados em qualquer almoço.

b) Com exclusão de referente: verbo no singular.


Mariano ou Pedrito conquistará o cargo dos sonhos.

• Sujeito construído com a expressão “um e outro”: verbo no singular ou no


plural, a menos que haja reciprocidade (daí vai para o plural):
Um e outro fez / fizeram a inscrição do concurso.
Um e outro se cumprimentaram naquela tarde quente.

Sujeito construído com a expressão “um ou outro”: verbo deve ser empregado
no singular.
Dos meninos que estavam na sala, um ou outro entenderá a matéria explicada.

Sujeito construído com a expressão “nem um, nem outro”: verbo deve ficar no
singular.
Das saídas propostas para a crise; nem uma, nem outra me parece cabível.

Regras com Verbos impessoais

É muito comum haver questões a respeito desses verbos impessoais. A


sugestão é memorizar e buscar compreender os casos em que o verbo deverá
permanecer no singular.
• Haver (no sentido de existir, ocorrer e acontecer): verbo fica no singular.
38
Há meios de conseguir a vitória.

Deve haver livros importantes na minha estante.

• Haver, fazer ou ir (no sentido de tempo transcorrido): verbo fica no singular.


Há duas semanas, comecei a estudar para o concurso.

Faz três meses que iniciei minha preparação.

Vai para três anos que não pego nos cadernos.

• Regra do verbo “ser” (indicando tempo ou distância): o verbo concorda com o


predicativo.
Daqui até ali são 60 metros.

De Cascavel até São Paulo, é uma hora de avião.

Hoje é dia 20 de dezembro.

Amanhã serão 25 de março.

Verbo “parecer” + infinitivo: se o sujeito estiver no plural, há duas possibilidades:


o Verbo parecer no plural:
Os alunos parecem estudar muito.
o Verbo no infinitivo que vai para o plural:
Os alunos parece estudarem muito.

O trabalho com a concordância ainda não acabou. Há várias outras regras


que devemos estudar sistematicamente! Vamos lá!
Pronome “Que” (como sujeito da oração): verbo concorda com o referente do
pronome.
O indivíduo que vir esses indícios deve procurar ajuda.

As mulheres que estudam crescem na vida.

Pronome “Quem” (como sujeito de oração): verbo fica na 3ª pessoa do singular.


Foram os bandeirantes quem explorou a área.

São os homens quem destruiu o planeta.

Concordância Verbal e Nominal- III

Verbo “dar” (indicando “bater” ou “soar”) + horas: deve-se identificar o


sujeito para realizar a concordância.
Deu três horas o relógio da parede.
Deram três horas no relógio da parede.

Verbos acompanhados da palavra “SE”

Quando se trabalha com verbos acompanhados da palavra “se”, o maior


compromisso é desvendar a função da palavra “se”. A partir de então, torna-se mais
fácil a análise da concordância. Veja os casos seguintes.
a) Se – partícula apassivadora / pronome apassivador: verbo concorda com o sujeito
paciente:
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• Vendem-se sapatos.

• Ofereceram-se prêmios ao vencedor da corrida.

• Sabe-se que há problemas no país.

b) Se – índice de indeterminação do sujeito: verbo fica na 3ª pessoa do singular.


• Visava-se a cargos importantes para o concurso.

• Não se fica famoso sem esforço.

• Vive-se feliz em algumas partes do mundo.

Concordância Nominal

A Concordância Nominal investiga a relação entre os termos do grupo


nominal. Para quem não se lembra de quais são esses termos, basta ver o
seguinte esquema:

Além de saber quais são esses termos, é conveniente também lembrar


quais são as palavras por natureza invariáveis (que não flexionam) da língua.
Palavras invariáveis da Língua
• Preposição

• Interjeição

• Conjunção

• Advérbio.

Regras de Concordância Nominal

Regra Geral: o adjetivo, o numeral, o pronome e o artigo concordam em gênero


e número com o substantivo a que se referem.
• O primeiro momento árduo por que passei foi aquele citado por você.

É preciso atentar para alguns casos especiais.


Casos especiais
• Concordância atrativa: a fim de escolher o referente:

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Ex.: Trouxe casaco e sapato preto.
Ex.: Trouxe casaco e sapato pretos.
Ex.: Trouxe preto casaco e sapato.
Ex.: Trouxe pretos casaco e sapato.
Ex.: Trouxe camisa e sapato preto.
• Adjetivo referindo-se a vários substantivos do singular e no mesmo gênero:
a) Se estiver posposto ao termo de referência: concorda com o plural e com o
gênero do substantivo ou fica no singular:

Ex.: Esforço, combate, resultado reunidos em apenas um dia.


Ex.: Miséria e tristeza humana era o que se via no mundo.
b) Se estiver anteposto ao termo de referência: concorda com o mais próximo:

Ex.: Especificada hora e situação, poderemos sair.


Atente para esses casos, pois eles tendem a ser sorrateiros.
• Palavra “bastante”. Para não errar seu emprego, basta entender a diferença de
classificação morfológica:
• Advérbio: invariável.
Meu irmão estudou bastante.
• Pronome indefinido: variável.
Meu irmão estudou bastantes matérias.
• Adjetivo: variável.
Havia indícios bastantes sobre o caso.
• A palavra “menos”: invariável, por ser um advérbio.
• Havia menos mulheres no festival.
• A palavra “meio”: depende da classificação.
• Advérbio: Aquela menina parece meio abatida.

• Numeral: Nhonho comeu meia melancia.

• Substantivo: João não encontrou meios para mudar de vida.


• Anexo, incluso e apenso: são termos variáveis e devem concordar com o
substantivo.
• Seguem anexas as imagens descritas.

• Seguem apensos os documentos.

• Seguem inclusas as provas.

Obs.: A expressão “em anexo” é invariável:


• Seguem em anexo as comprovações de renda.
• É necessário, é proibido, é permitido. Casos em que há verbo de ligação + um
predicativo variável. Só variam se houver na sentença um determinante à esquerda
do núcleo do sujeito.

• É necessária a vinda antecipada/ É necessário chegar cedo.


• A palavra “Só”
o Adjetivo:
O menino estava só.
As crianças ficaram sós.
o Advérbio:
Hoje à noite, só quero estudar.
Obs.: A expressão “a sós” é invariável.

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Depois da discussão, ela queria ficar a sós com a irmã.
• Obrigado, mesmo e próprio: concordam com o referente.
o Ela mesma, ele mesmo.

Regência Verbal e Nominal - I


Regência é a parte da Sintaxe que estuda a relação entre as palavras e seus
possíveis complementos. Pode-se dividi-la em duas partes fundamentais:
– Regência Verbal: relação entre o verbo e seus possíveis complementos.
– O menino assistia ao jogo de seus amigos.
– Regência Nominal: relação entre substantivo, adjetivo ou advérbio e seus
possíveis complementos.

• Substantivo:
– Não havia acesso aos documentos naquele estabelecimento.
• Adjetivo:
– Maria é orgulhosa de seus filhos.
• Advérbio:
– O candidato mora longe de sua cidade natal.

Na realidade, o estudo da regência leva tempo e depende muito da leitura. Ocorre


que, em grande parte das questões, há verbos que são mais incidentes. Esses
compõem os “casos fundamentais de estudo”. Isso é o que faremos a partir de
então.
Principais casos de Regência Verbal:
• Agradar:
– VTD: acariciar.
• A garota agradava seu animal de estimação.
– VTI (a): contentar.
• O aluno agradou ao professor com seu desempenho.
• Assistir:
– VTD: ajudar.
• O professor assistiu seus alunos.
– VTI (a): ver.
• O ministro assistiu à apresentação do evento.
– VTI (a): pertencer.

• Assiste ao homem o direito à vida.


– VI (em): morar.
• Assistiremos em Manaus até o dia da prova.
• Aspirar
– VTD: sorver
• À tarde, aspirava o perfume das flores.
– VTI (a): ter em vista, desejar.
• Aspiramos ao cargo mais alto.
• Chegar / Ir: são verbos intransitivos
– Preposição “a” (destino).
• Chegaremos ao local mencionado.

• Irei ao salão horas mais tarde.


– Preposição “em” (estaticidade).
• Cheguei no trem à estação.

• Irei no carro de Marina.

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– Ir a / para
• Chamar: é VTD e admite as seguintes construções:
– Eu chamei seu nome.

– Eu chamei por seu nome.

– Eu chamei o concorrente de derrotado.

– Eu lhe chamei derrotado.


• Corroborar: é um VTD.
– A pesquisa corroborou a tese apresentada.
• Esquecer / Lembrar
– Sem pronome, sem preposição:
• Esqueceram os compromissos.

• Lembraram os compromissos.

– Com pronome, com preposição.


• Esqueceram-se dos compromissos.

• Lembraram-se dos compromissos.


• Ensinar
– Algo a alguém.
• Ensinei Gramática a meus alunos.
– Alguém a “verbo”.
• O menino ensinou seu amigo a jogar futebol.
• Implicar
– VTD: acarretar.
• Cada escolha implica uma renúncia.
– VTI (com): rivalizar.
• José implicava com as ideias de seu chefe.
– VTDI: envolver.
• Implicamos muito dinheiro na negociação.
Os casos não acabam aqui! Siga firme no estudo dessa matéria!

Regência Verbal e Nominal - II

• Morar / Residir (em): VI


– O local em que moro aparenta ser antigo.
• Namorar: VTD
– Juliana namora seu amigo de infância.
• Obedecer / desobedecer: VTI (a)
– Não se deve desobedecer aos princípios éticos.
• Pagar: verbo bitransitivo
– O menino pagou a conta ao dono da venda.
• Preferir: verbo bitransitivo. (Não é possível reforçar esse verbo)
– A mulher preferia o livro ao computador.
• Querer: VTD.
– Quero um bom resultado na prova.

– Quando no sentido de desejar bem, usa-se com objeto direto preposicionado.


• Eu quero bem a meus alunos.
• Responder: VTI (a):

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– Responda às perguntas anteriores.
• Simpatizar / Antipatizar: VTI (com)
– Eu não simpatizo com essa música.
• Suceder:
– VTI: substituir.
• Este governo sucedeu ao regime anterior.
– VI: ocorrer.
• Sucederam eventos terríveis.
• Visar:

– VTD: mirar.
• O arqueiro visava o alvo vermelho.
– VTI (a): pretender.
• Aquele rapaz visava ao cargo de gerente.
– VTD: assinar.
• Meu pai visou aquele documento.
• Perdoar: verbo bitransitivo
– Eu perdoarei a dívida aos meus devedores.

Regência Nominal

Para a regência nominal, seria necessário – no mínimo – um dicionário, o


que verdadeiramente costuma ser publicado. Na verdade, essa tabela abaixo
demonstra apenas alguns casos de regência nominal. O importante é que,
durante a leitura, você tenha a capacidade de perceber as preposições que
aparecem ali, povoando o entorno desses termos. Desse modo, a noção de
regência fica mais intuitiva para quem está lendo. Veja os exemplos seguintes:

Crase
Crase é o nome do fenômeno linguístico em que se pronuncia o som de duas
vogais em apenas uma emissão sonora. Na verdade, trata-se de uma união, como o
próprio nome grego “krásis” O acento grave indicativo de crase (`) deve ser
empregado em contrações da preposição “a” com:
a) O artigo definido feminino:
• O homem foi à reunião descrita na ata.
b) Os pronomes “aquele”, “aquela” ou “aquilo”.
• Referimo-nos àquele assunto mencionado.
c) O pronome demonstrativo “a”:
• Tenho uma calça semelhante à que você tem.
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Essa é a parte da teoria, a partir de agora, é possível segmentar a matéria em três
tipos: casos proibitivos, casos obrigatórios e casos facultativos.
Casos Proibitivos (Não se pode empregar o acento grave)
1. Diante de palavra masculina:
• Ele fazia menção a dissídio trabalhista.
2. Diante de palavra com sentido indefinido:
• O homem não assiste a filmes medíocres.
3. Diante de verbos:
• Os meninos estavam dispostos a estudar Gramática.
4. Diante de alguns pronomes: (pessoais, de tratamento, indefinidos, interrogativos)
• A Sua Excelência, dirigimos um comunicado.

5. Em expressões com palavras repetidas.


• Cara a cara, dia a dia, mano a mano.

6. Diante de topônimos que não admitem o artigo.


• Agripino viajará a São Paulo.

Veja que há uma observação em relação a essa regra!


Ex.: Agripino viajará à São Paulo de sua infância.
7. Diante da palavra “casa” (no sentido de “própria residência”).

• O menino voltou a casa para falar com a mãe.


Veja que há uma observação em relação a essa regra!
Ex.: O menino voltou à casa da mãe.
8. Diante da palavra “terra” (no sentido de “solo”).
• Muito virão a terra após navegar.

Veja que há uma observação em relação a essa regra!


9. Diante de numerais cardinais referentes a substantivos não determinados pelo
artigo.
• O presidente iniciou a visita a quatro regiões devastadas.

Crase -II
Casos Obrigatórios (Deve-se empregar o acento grave).

Vejamos agora os casos obrigatórios de crase!

1. Locução adverbial feminina: à vista, à noite, à esquerda, à direta.

2. Expressão (masculina ou feminina) com o sentido de “à moda de”: gol à Pelé,


cabelos à Sansão, poema à Bilac, conto à Machado.

3. Locução prepositiva: à vista de, à beira de, à mercê de.

4. Locução conjuntiva proporcional: à medida que, à proporção que.

5. Para evitar ambiguidade:


• Ama a mãe a filha.
6. Diante de “madame”, “senhora” e “senhorita”:
• Enviaremos uma carta à senhorita.
7. Diante da palavra “distância” (quando estiver determinada):
• O acidente se deu à distância de 100 metros.
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Casos Facultativos (Pode-se empregar facultativamente o acento grave).
1. Após a preposição “até”:
• Caminharemos até a sala do diretor.

2. Diante de pronome possessivo feminino:


• Ninguém fará menção a sua citação.

3. Diante de substantivo próprio feminino:


• Houve uma homenagem a Cecília.
• Obs.: não se emprega acento grave com nomes históricos ou sagrados.

4. Diante da palavra “Dona”.


• Enviamos a correspondência a Dona Nádia.

Nota: Paralelismo sintático


Ele se referia a saúde, educação, turismo e esporte.

1. Diante de pronome, crase passa fome.

2. Diante de masculino, crase é pepino.

3. Diante de ação, crase é marcação.

4. Vou à, volto da = crase há; vou a, volto de = crase pra quê?

5. “A”no singular + palavra no plural = crase nem a pau.

6. Com pronome de tratamento = crase é um tormento.

7. Adverbial, feminina e locução = manda crase, meu irmão.

8. A + aquele = crase nele.

9. Palavras repetidas = crases proibidas.

10. Palavra determinada = crase liberada.

11. Se for “à moda de” = crase vai vencer!

12. Diante de pronome pessoal = crase faz mal!

13. Com hora exata = crase é mamata!

14. Trocando “a” por “ao” = crase nada mal!

15. Trocando “a” por “o” = crase se lascou!


Essas regras ajudam, contudo não resolvem todo o problema! Não seja preguiçoso e
estude todos os casos particularmente.

Regra do Boi
Anote o procedimento para aplicar a Regra do Boi.
Finalizamos esse tópico! Ele é muito importante e muito incidente! Concentre-se
para acertar todas as questões que houver a respeito de crase.

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Pontuação
O conteúdo de pontuação é importantíssimo nas provas de concurso
público, principalmente porque os falantes desconhecem a maioria das regras.
Para que seja possível entender esse conteúdo propriamente, é recomendável ter
uma boa noção de Sintaxe.
A pontuação é feita por meio de sinais que indicam as pausas e as
melodias da fala. O sinal mais importante e mais cobrado em provas é o da
vírgula. Estudemos mais profundamente.
1. Vírgula
Regra de ouro
Fique atento para a regra fundamental de emprego da vírgula. Uma das mais
cobradas em concursos.
Não se emprega vírgula entre:
• Sujeito e verbo.

• Verbo e objeto (na ordem direta da sentença).

Para facilitar a memorização dos casos de emprego da vírgula, lembre-se de que:


A vírgula é:
Desloca
Enumera
Explica
Enfatiza
Isola
Separa
Emprego da vírgula
Emprega-se para:
a) separar termos que possuem mesma função sintática no período:
- João, Mariano, César e Pedro farão a prova.

- Li Goethe, Nietzsche, Montesquieu, Rousseau e Merleau-Ponty.

b) isolar o vocativo:
- Força, guerreiro!
c) isolar o aposto explicativo:

José de Alencar, o autor de Lucíola, foi um romancista brasileiro.


d) mobilidade sintática:
- Temeroso, Amadeu não ficou no salão.

- Na semana anterior, ele foi convocado a depor.

- Por amar, ele cometeu crimes.

e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos:


- isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto,
assim, etc.
f) separar os nomes dos locais de datas:
- Cascavel, 10 de março de 2012.

g) isolar orações adjetivas explicativas:


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- O Brasil, que busca uma equidade social, ainda sofre com a desigualdade.

h) separar termos enumerativos:


- O palestrante falou sobre fome, tristeza, desemprego e depressão.

i) omitir um termo:
- Pedro estudava pela manhã; Mariana, à tarde.

j) separar algumas orações coordenadas


- Júlio usou suas estratégias, mas não venceu o desafio.
Vírgula + E
Existem muitos mitos sobre o emprego da vírgula com o conectivo “e”. É preciso
saber que há casos em que a vírgula será bem empregada. Como os posteriores:
1) Para separar orações coordenadas com sujeitos distintos:

Minha professora entrou na sala, e os colegas começaram a rir.


2) Polissíndeto:
Luta, e luta, e luta, e luta, e luta: é um filho da pátria.
3) Conectivo “e” com o valor semântico de “mas”:
Os alunos não estudaram, e passaram na prova.
4) Para enfatizar o elemento posterior:
A menina lhe deu um fora, e ainda o ofendeu.

Pontuação II
Ponto final – pausa total.
a) É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:

- O jogo acabou.

b) Em abreviaturas:
- Sr., a. C., Ltda., num., adj., obs.
Ponto-e-vírgula – pausa maior do que uma vírgula e menor do que um ponto
final.
Usa-se para:
a) separar itens que aparecem enumerados:
Uma boa dissertação apresenta:
- coesão;
- coerência;
- progressão lógica;
- riqueza lexical;
- concisão;
- objetividade; e
- aprofundamento.

b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas:


- Queria ter o marido novamente; mudar não queria, porém.
c) separar partes do texto que se equilibram em importância:
- O Capitalismo é a exploração do homem pelo homem; o Socialismo é exatamente o
contrário.
Dois-pontos – indicam algum tipo de apresentação.
São usados quando:
a) Discurso direto:

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Senhor Barriga exclamou:
- Tinha que ser o Chaves!

b) Em citações:
De acordo com Platão: “A Democracia conduz à oligarquia”.
c) Introduzir uma enumeração:
- Quero apenas duas coisas: que o aluno entenda essa matéria e que ele passe
no concurso.
d) Introduzir sentença comprobatória à anterior:
Caos e revolta na cidade: cobrança de impostos abusiva faz o povo se rebelar.
Aspas – indicativo de destaque.
São usadas para indicar:
a) Citação literal:
“A mente do homem é como uma távola rasa” – disse o filósofo.
b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias:
“Peace” foi o que escreveram na faixa.
Ficava “desmorrendo” com aquela feitiçaria.
Estou sentido uma “treta”.
c) Indicar o sentido não usual de um termo.
Energia “limpa” custa caro.
d) Indicar título de obra.
“Sentimento do Mundo” é uma obra do Modernismo Brasileiro.

e) Indicar ironia
Ele é um grande “pensador” da humanidade.

Reticências (...)

São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção na fala, ou dar ideia de
continuidade ao segmento.
(...) O amor na humanidade é uma mentira! É. E é por isso que na minha lira (...)
- Então, ele entrou na sala e...
- Oi, galera!

Eu até acho você aceitável, mas...

Parênteses

São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples
indicações.

Não posso mais fazer a inscrição (o prazo expirou).


Travessão
1 - Indica a fala de um personagem no discurso direto.
Cíntia disse:
- Amigo, preciso pedir-lhe algo.
2 - Isola um comentário no texto (sentença interferente).
Aquela pessoa – eu já havia falado isso – acabou de mostrar que tem péssimo
caráter.
3 - Isola um aposto na sentença.
Minha irmã – a dona da loja – ligou para você.
4 - Reforçar a parte final de um enunciado:
Para passar no concurso você deve estudar muito – muito mesmo!

49
Leitura e interpretação de textos
Muito da interpretação de textos está relacionado com a capacidade de
reconhecer os assuntos do texto e as estratégias de desenvolvimento de uma
base textual. Para que isso seja possível, convém tomar três providências:
• Eliminação dos vícios de leitura: para concentrar-se melhor na leitura.

• Organização: para entender o que se pode extrair da leitura.

• Conhecimento da tradição da banca: para optar pelas respostas que seguem o


padrão comum da banca examinadora.

Vícios de leitura
• Movimento: consiste em não conseguir estudar, ler, escrever etc. sem ficar
arrumando algum subterfúgio para distrair-se. Comer, beber, ouvir música, ficar no
sofá, brincar com o cachorro são coisas que devem ser evitadas no momento de
estudar.

• Apoio: o vício do apoio é péssimo para a leitura, pois diminui a velocidade e a


capacidade de aprofundamento do leitor. Usar dedo, régua, papel ou qualquer coisa
para “escorar” as linhas significa que você está com sérios problemas de
concentração.

• Garoto da borboleta: se você possui os vícios anteriores, certamente é um


“garoto da borboleta”. Isso quer dizer que você se distrai por qualquer coisa e que o
mínimo ruído é suficiente para acabar com o seu fluxo de leitura. Já deve ter
acontecido: terminou de ler uma página e se perguntou: “que foi mesmo que eu li”.
Pois é, você só conseguirá se curar se começar a se dedicar para obter o melhor de
uma leitura mais aprofundada.

Interpretação de Textos
O conteúdo de interpretação de textos costuma ser muito incidente em provas
de concurso. Para cada base textual, cerca de 4 ou 5 questões desse assunto são
cobradas. Nem sempre o candidato entende o que deve responder, ou mesmo o
texto que acabou de ler. Isso é o que torna essa parte tão importante: a dificuldade
que a maioria do povo tem para interpretar textos.
Fundamentalmente, o problema se centra no hábito de leitura, que poucos
têm. Como não praticam a leitura, as pessoas dificilmente reconhecem uma tipologia
textual, uma inferência ou uma analogia. Pensando nisso, vamos dividir o conteúdo
em partes menores e, de modo sucinto, solucionar os problemas de interpretação.

Linguagem verbal e Linguagem não verbal


Essa distinção é empregada para que haja possibilidade de analisar a
interpretação de textos separadamente. Vamos à explicação: linguagem verbal é
simplesmente aquela que se expressa por meio de palavras: poemas, frases,
contos, romances etc., tudo isso faz uso da linguagem verbal. Já a linguagem
não verbal é a que se vale de sinais, desenhos, gestos ou símbolos para
comunicar algo.

50
Exemplos de linguagem verbal
Vire à direita.
Vá com cautela.
Perigo.
Radiação.

Exemplo de linguagem não verbal

Aí você se pergunta: como é que isso pode cair em uma prova? A resposta é
simples: em questões cuja base textual seja uma charge, uma tirinha ou um cartaz
publicitário, pois seus autores utilizam uma fonte imagética junto com uma verbal
para comunicar aquilo que desejam. Usualmente, o que se costuma cobrar é qual é o
tema da charge ou da tirinha; se há crítica ou se há efeito de humor.

Tipologia Textual
Todo texto é concebido para ser veiculado em determinado espaço, tempo e
suporte de divulgação. Isso quer dizer que há características próprias que fazem os
textos serem agrupados em tipos, daí a noção de tipologia. Há muita discussão
acadêmica a respeito de quais sejam as tipologias e suas características; aqui, no
entanto, vamos nos limitar a entender os princípios básicos de análise dessas
estruturas.
Primeiramente, é necessário observar o critério de predominância. Isso quer
dizer que vamos analisar um texto por aquilo que ele mais apresenta: se apresenta
fatos, se apresenta ações, se apresenta opiniões, cada item permite classificar as
tipologias em:
• Narração: tipo de texto que está centrado nas ações de personagens.

• Descrição: tipo de texto que está focado em apresentar características de algo ou


de alguém.

• Dissertação: tipo de texto que se preocupa em apresentar conceitos e opiniões


sobre determinado fato ou assunto.

• Charge: texto que mistura linguagem verbal (escrita) e não verbal (desenhada), a
fim de estabelecer algum tipo de crítica ou opinião a respeito de algo definido no
espaço e no tempo.

Texto instrucional: texto que apresenta instruções sobre como fazer algo.
Exemplos são receitas, manuais ou guias.
Dentre as tipologias mais cobradas, destacam-se:

51
Texto narrativo
• Foco nas ações: portanto, preste atenção ao emprego dos verbos. Usualmente,
os verbos são empregados no pretérito perfeito do indicativo.

• Personagens: são os indivíduos que praticam as ações da narração. Uma dica


interessante é atentar para suas características e o comportamento que
demonstram.

• Espaço: é o local em que as ações ocorrem. Se houver mais de um lugar,


chamamos de espaço aberto; se houver ação em apenas um lugar, chamamos de
espaço fechado.

• Tempo: pode ser bem marcado (cronológico); não marcado e desregrado


(psicológico); ou não marcado, mas linear (tempo da narrativa).

• Ação: o que motiva a narração. Praticamente é o papel de cada personagem.

• Narrador: voz que narra as ações. Pode ser personagem (protagonista ou


coadjuvante) ou ainda estar fora da estória narrada.

Exemplo de texto narrativo:

A mulher do vizinho
Fernando Sabino

Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático


general de nosso Exército morava (ou mora) também um sueco cujos filhos
passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a
bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao
delegado do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a
comparecer à delegacia.

O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser
um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que
realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da
mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O
delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:

— O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir
fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES
CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe
uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que
negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que
bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a
lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber
que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar
gringos feito o senhor.

Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do
escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi
então que a mulher do sueco interveio:
52
— Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? O delegado apenas
olhou-a espantado com o atrevimento.
— Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor.
Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram
o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando.
E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de
um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar
humildemente:
— Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços
desalentado:
— Da ativa, Motinha! Sai dessa...
Texto extraído do livro "Fernando Sabino - Obra Reunida - Vol.01", Editora Nova
Aguilar - Rio de Janeiro, 1996, pág. 872.

Texto descritivo:
• Foco nas características: portanto, abundam os adjetivos e os verbos de ligação.

• Descrição objetiva: é realizada sem transparecer sentimentos, principalmente com


adjetivos caracterizadores.

Veja um exemplo:
DETALHES DO PRODUTO
O Sapato Social Lucca Salvatore Recorte preto é confeccionado em verniz com
recortes decorativos e elástico para facilitar o calce. Interior em material sintético,
palmilha macia e solado de borracha.

INFORMAÇÕES

Descrição subjetiva: é realizada transparecendo sentimentos, principalmente com


adjetivos qualificadores.

Amália seduzia especialmente pela graça radiante e pela viçosa e


ingênua alegria que manava nos lábios vermelhos como dos olhos de
topázio, e lhe rorejava a lúcida beleza.
Sua risada argentina era a mais cintilante das volatas que ressoavam
entre os rumores festivos da casa, onde à noite o piano trinava sob os dedos
ágeis da melhor discípula do Amaud.

53
Acontecia-lhe chorar algumas vezes por causa de um vestido que a
modista não lhe fizera a gosto, ou de um baile muito desejado que se
transferia; mas essas lágrimas efêmeras que saltavam em bagas dos
grandes olhos luminosos, iam nas covinhas da boca transformar-se em
cascatas de risos frescos e melodiosos.
(José de Alencar)

Texto dissertativo
O texto é dito dissertativo, quando carreia opiniões, argumentos, teses e
pontos de vista. Há duas orientações fundamentais para classificá-lo.
• Dissertativo-expositivo: é o tipo de texto que não busca persuadir o
leitor, apenas informar ou explicar algo. Esse tipo de texto é muito comum em
reportagens ou notícias de jornal.
Linguística textual é uma orientação possível na análise de textos. A linguística textual é
basicamente uma criação da Europa continental, e é especialmente valorizada na Alemanha e na
Holanda. Ao contrário das correntes estruturalistas, cujo foco de estudos são os aspectos formais e
estruturais do texto, essa vertente concentra suas atenções no processo comunicativo estabelecido entre
o autor, o leitor e o texto em um determinado contexto. A interação entre eles é que define a
textualidade de um texto. Na década de 1970, um projeto pioneiro da universidade de Konstanz, na
Alemanha, tentou construir uma gramática de texto explícita; o projeto pareceu não ter sucesso, e as
investigações que se seguiram caracterizaram-se por uma elaboração e sofisticação maiores.
A linguística textual faz um uso pesado dos conceitos e da terminologia linguística
corrente, e muito do que se faz nesse campo são tentativas de estender os tipos correntes de
análise linguística a unidades maiores do que a sentença. Consequentemente, essa orientação
tem muito em comum com a abordagem que, no mundo de língua inglesa, é conhecida como
discourse analysis, e alguns estudiosos que olham para as coisas de fora não conseguem ver
grandes diferenças entre as duas. A orientação funcionalista chamada linguística sistêmica
compartilha algumas ideias importantes com a linguística textual, mas tem uma natureza bastante
diferente.
(Fonte: Wikipédia)

• Dissertativo-argumentativo: é o tipo de texto que levanta uma tese a respeito


de algo e tenta convencer o leitor dessa tese, ou seja, busca a persuasão de
quem lê. Para isso, o texto dissertativo argumentativo possui uma estratégia
argumentativa, que costuma ser alvo dos questionamentos da banca.

Estamos perante as primeiras gerações de crianças e jovens que crescem, utilizando


quotidianamente a internet. A rede é cada vez mais utilizada para satisfazer um maior número de
necessidades. À vertente de investigação e de conhecimento, soma-se ainda a vertente de consumo,
publicidade, lazer e ainda de convivialidade. Esta disseminação é fomentada por ministérios da
educação de diversos países, não sendo acompanhada pela correspondente necessidade de formação.
Muitas ideias que nos parecem sólidas e evidentes, estão em profunda mutação. Citamos um
pouco ao acaso: a ideia de autoria, uma vez que o texto está on-line a sua propriedade não é
imediatamente evidente; a ideia de privacidade, pois colocar imagens ou pequenos filmes na net é quase
um gesto maquinal; a ideia de amizade e de relacionamento afectivo que pode, do nada, transformar-se
em algo muito intenso sem que as pessoas se conheçam a nível físico.
Os desenhos animados dos mais novos existem on-line e disponibilizam pequenas actividades. As
redes sociais disputam também este público mais jovem com jogos dirigidos às suas idades. Para os
adolescentes, a tudo isso somam-se as já tradicionais salas de chat ou programas de troca de mensagem
instantânea como os vários messenger existentes no mercado.
Temos, pois, amplas franjas da população para as quais a internet é algo de evidente. A rede
transformou-se num espaço de estar e de viver que, forçosamente, replicará formas de mal-estar social e
psicológico. Mas que formas de mal-estar e de disfuncionalidade serão essas? A interrogação tem ainda
poucos dados que possibilitem respostas. No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram
algum furor mediático: a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal;
a do marido ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem
54
que é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo
real. Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes esboços…
Interessa-nos ainda o modo como certas pessoas com dificuldades de relacionamento
interpessoal se reinventam na rede como outro eu; ou ainda como outros dão azo a esferas dos seus eus,
a desejos ocultos e as afirmam de uma forma, desbragada até, no contexto de certas plataformas
virtuais…
Quais serão as consequências destes movimentos de centrifugação do eu no desenvolvimento
psicológico? De que forma a perda da necessidade de coerência em plataformas internáuticas ou da
ausência de consequências para determinados comportamentos virtuais (passe-se a contradição dos
termos) serão refletidas no sujeito psicológico?
O uso intensivo de computador pode até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais e
fisiológicas… A multiplicação de identidades virtuais poderá ainda reforçar essa tendência de
dissipação.
O que será, para os vindouros, existir?

Estilística: figuras de linguagem.


A Estilística é o ramo da linguística que estuda a manipulação da língua, inclusive
para seu uso estético.
• Em sentido lato, trabalha com os sentidos possíveis das elocuções.

Figuras de Linguagem
 Recursos para transformar o conteúdo das mensagens.

 Alteração do sentido.

 Função poética da linguagem.

 Não ficam restritas à Literatura.

1 – Metáfora: trata-se de um tipo de comparação subentendida, sem utilizar


conjunções comparativas.
Ex.: A corrupção é um câncer.
Ex.: Meu aluno é fera.
Ex.: As lágrimas que verteu foram mágoas passadas.
2 – Metonímia: trata-se de um tipo de substituição com efeito expressivo.
Alguns exemplos de metonímia são:
a) De parte pelo todo:
Todos os olhos da sala me olhavam.
b) Continente pelo conteúdo:
Bebeu duas garrafas de conhaque.
c) Autor pela obra:
Eu nunca havia lido Tomás Antônio Gonzaga.
d) Efeito pela causa:
Jacira inalou a morte naquela sala.
e) Matéria pelo objeto:
Onde estão as minhas pratas?
f) Marca pelo produto:
Eu tive de comprar uma Gilette.
g) O símbolo pela coisa:
55
Naquele ano, caiu a coroa espanhola.

3 – Prosopopeia, ou personificação: trata-se da figura que atribui


características humanas a seres não humanos ou características animadas a seres
não animados.
Ex.: O vento vem beijar-me a face.
Ex.: E a noite grita em minha mente.
Ex.: Naquele dia, os crisântemos sorriram para ela.
4 – Antítese: consiste na tentativa de aproximar palavras com sentidos
contrários. Ex.: “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a
noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a
alegria.”
(Gregório de Matos)
5 – Pleonasmo: é uma repetição que pode ser classificada de duas formas:
a) Pleonasmo lírico:
Ex.: Lutaram a luta dos lutadores.
b) Pleonasmo vicioso (deve ser evitado):
Ex.: subir para cima, descer para baixo, hemorragia de sangue, elo de ligação,
goteira no teto etc.

Apreensão dos sentidos de um texto


O texto é a resultante – no sentido que a Física dá a esse termo – dos
componentes de um processo de transação de sentido entre dois parceiros
ligados por uma finalidade de ação. Trata-se de uma construção de sentido
que só se realiza plenamente ao final do ato interativo. Nesse processo, cada
um dos parceiros cumpre um papel que lhe é próprio: o de enunciador que se
encontra diante de um mundo a significar e se dirige ao outro por meio de um
ato de comunicação, tornando-se, então, produtor de um sentido, ou melhor,
“colocador em cena” de um sentido; a esse parceiro denomina-se sujeito
comunicante.
O texto constitui, portanto, uma configuração significativa, objeto de
uma transação, em um quadro intencional que determina uma finalidade. Se,
por um lado, está repleto das condições de realização/produção do processo,
por outro, é pleno do projeto de fala do enunciador e deve ser reconhecido
pelo interlocutor interpretante.
Para a composição do texto, concorrem algumas operações discursivas
que estão relacionadas à tematização e à relação. A tematização, de ordem
categorial, em um movimento centrípeto de aglutinação coercitiva, permite
caracterizar os elementos com seus traços distintivos específicos, garantindo,
assim, um sentido literal ou explícito, o sentido de língua. De outra operação
de relação, ou de transação, resulta a expressão textual, realizada nos vários
modos de organização do discurso (enunciativo, descritivo narrativo e
argumentativo). Nesse caso, em que se articulam sentido e formas e se
constitui o processo de semitização do mundo, as operações se medem por
critérios de coesão.
56
A compreensão traz em si essa marca de intersubjetividade entre um
sentido intencional − o que o “eu” quis significar − e um sentido reconstruído
pelo interpretante.
Uma vez que texto envolve uma rede de relações – entre enunciado,
autor e leitor –, é importante considerar, do ponto de vista linguístico, a
escolha lexical, a estrutura e a organização das frases, a adequação na
representação linguística de referentes e a intenção argumentativa dos
enunciadores, detectada nos operadores linguístico-discursivos. Tais análises
permitem ao autor afirmar que há uma impossibilidade de se obter a
compreensão/interpretação de um texto em sua totalidade.
Com a convicção de que há uma série de complexidades que envolvem
o ato de compreender, o autor propõe observar o processo em dois níveis: o
da compreensão literal, explícita, compartilhada por sujeitos que conhecem o
Sistema e o da compreensão específica ou interpretação, que depende das
circunstâncias do ato de produção. O nível da compreensão literal, embora se
trate de um sentido captado no âmbito de uma semântica fora do contexto,
também necessita de uma atividade interpretativa com base em elementos
categorizados e compartilhados. Esse primeiro processo é essencial para o ato
de interpretar, mesmo que se situe na ordem do provável e do sentido em
potencial. Interpretar torna-se, então, uma operação mental que leva em
consideração diversos “índices” do sentido para deles extrair hipóteses de
significação.
A inferência resulta de uma operação mental que consiste em se tirar
uma conclusão da relação entre dados advindos de ações, fatos,
acontecimentos. O autor estende a noção de inferência a todas as operações
de interpretação, como um mecanismo cognitivo generalizado por meio do
qual o receptor retoma elementos que formam o enunciado, relaciona-os a
dados da vizinhança linguística, a seus saberes sobre os interlocutores e às
circunstâncias da situação. Considera que isso se dá em dois momentos, em
relação aos dados internos do texto – inferência centrípeta – e aos dados
externos ao texto – inferência centrífuga. O exemplo a seguir ilustra a
diferença entre a concepção de inferência centrípeta (sentido de língua) e a
centrífuga (sentido de discurso), ambos os sentidos recuperados por
diferentes processos inferenciais. O enunciado “Tenho 30 anos”, por meio de
inferências centrípetas e/ou relações paradigmáticas e sintagmáticas do
sistema linguístico, permite deduzir que está sendo informada a idade de uma
pessoa – que tem 30 anos e não 20 ou 25, por exemplo. Trata-se de
inferência estrutural, contextual.
A compreensão e interpretação de texto são duas ações que estão
relacionadas, uma vez que quando se compreende corretamente um texto e
seu propósito comunicativo chegamos a determinadas conclusões
(interpretação).

57
Hoje em dia é essencial saber interpretar corretamente os textos,
entender melhor sobre suas tipologias e as funções da linguagem
relacionadas a ele.
Resumindo:

 Compreensão de textos: é a decodificação da mensagem, ou seja,


análise do que está no explícito no texto.

 Interpretação de textos: é a interpretação que fazemos do conteúdo,


ou seja, quais conclusões chegamos por meio da conexão de ideias e,
por isso, vai além do texto.

O que é interpretação de textos?


A interpretação de textos envolve a capacidade de chegar a
determinadas conclusões após fazer a leitura de algum tipo de texto (visual,
auditivo, escrito, oral).

Por isso, a interpretação de texto é algo subjetivo e que pode variar de


leitor para leitor. Isso porque cada um possui um repertório interpretativo
que foi sendo adquirido ao longo da vida.
Vale lembrar que o repertório interpretativo do leitor advém, em grande
parte, da leitura. Portanto, ler é um ato essencial e que auxilia na melhor
interpretação dos textos e conexão das ideias.

O que é compreensão de textos?

Compreender um texto é entender a mensagem que ele está


transmitindo de maneira objetiva. Assim, a compreensão textual envolve a
decodificação da mensagem que é realizada pelo leitor.
Quando ouvimos, por exemplo, um noticiário, compreendemos a
mensagem passada e qual sua finalidade (informar o ouvinte de algum
acontecimento, por exemplo).

Para compreender os textos escritos não é diferente, porém requer o


conhecimento da língua, do vocabulário e das funções relacionadas com
linguagem e a comunicação.

Logo, por meio da interpretação das palavras e das frases podemos


compreender melhor a mensagem que está sendo transmitida. Por isso, ter
um dicionário por perto é sempre uma dica boa, se caso houver algum termo
desconhecido.

Coesão e Coerência textuais

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A Coesão e a Coerência são mecanismos fundamentais na construção
textual.
Para que um texto seja eficaz na transmissão da sua mensagem é
essencial que faça sentido para o leitor.

Além disso, deve ser harmonioso, de forma a que a mensagem flua de


forma segura, natural e agradável aos ouvidos.

Coesão Textual

A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras


que propiciam a ligação entre frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela
colabora com sua organização e ocorre por meio de palavras chamadas
de conectivos.

Mecanismos de Coesão

A coesão pode ser obtida através de alguns mecanismos: anáfora e


catáfora.

A anáfora e a catáfora se referem à informação expressa no texto e, por


esse motivo, são qualificadas como endofóricas.

Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa,


contribuindo com a ligação e a harmonia textual.

Algumas Regras
Confira abaixo algumas regras que garantem a coesão textual:

Referência
 Pessoal: utilização de pronomes pessoais e
possessivos. Exemplo: João e Maria casaram. Eles são pais de Ana e
Beto. (Referência pessoal anafórica).

 Demonstrativa:  utilização de pronomes demonstrativos e


advérbios. Exemplo: Fiz todas as tarefas, com exceção desta:
arquivar a correspondência. (Referência demonstrativa catafórica).

 Comparativa: utilização de comparações através de


semelhanças. Exemplo: Mais um dia igual aos outros… (Referência
comparativa endofórica)

Substituição

Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro é uma forma


de evitar as repetições.
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Exemplo: Vamos à prefeitura amanhã, eles irão na próxima semana.
Observe que a diferença entre a referência e a substituição está
expressa especialmente no fato de que a substituição acrescenta uma
informação nova ao texto.
No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais de Ana e Beto”, o
pronome pessoal referência as pessoas João e Maria, não acrescentando
informação adicional ao texto.
Elipse
Um componente textual, quer seja um nome, um verbo ou uma frase,
pode ser omitido através da elipse.
Exemplo: Temos ingressos a mais para o concerto. Você os quer?
(A segunda oração é perceptível mediante o contexto. Assim, sabemos que o
que está sendo oferecido são ingressos para o concerto.)

Conjunção
A conjunção liga orações estabelecendo relação entre elas.

Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado, mas ele sabe. (adversativa)

Coesão Lexical

A coesão lexical consiste na utilização de palavras que possuem sentido


aproximado ou que pertencem a um mesmo campo lexical. São elas:
sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, entre outros.

Exemplo: Aquela escola não oferece as condições mínimas de trabalho. A


instituição está literalmente caindo aos pedaços.

Coerência Textual
A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da
sua argumentação - resultado especialmente dos conhecimentos do
transmissor da mensagem.
Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias iniciadas não são
concluídas, é um texto incoerente. A incoerência compromete a clareza do
discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Assim a incoerência não é só uma questão de conhecimento, decorre
também do uso de tempos verbais e da emissão de ideias contrárias
Exemplos:
 O relatório está pronto, porém o estou finalizando até agora. (processo
verbal acabado e inacabado)
 Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal passado. (os
vegetarianos são assim classificados pelo fato de se alimentar apenas
de vegetais)
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Fatores de Coerência
São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto,
tendo em vista a sua abrangência. Vejamos alguns:

Conhecimento de Mundo
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que
são arquivados na nossa memória.

São os chamados frames (rótulos), esquemas (planos de


funcionamento, como a rotina alimentar: café da manhã, almoço e jantar),
planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts
(roteiros, tal como normas de etiqueta).
Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a postos para o
Carnaval!
Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é
incoerente. Isso porque “peru, panetone, frutas e nozes” (frames) são
elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa de carnaval.
Inferências
Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se
partimos do pressuposto que os interlocutores partilham do mesmo
conhecimento.
Exemplo: Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são
indianos. (ou seja, em princípio, esses convidados não comem carne de vaca)
Fatores de contextualização
Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem providenciando a
sua clareza, como os títulos de uma notícia ou a data de uma mensagem.
Exemplo:
— Está marcado para às 10h.
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre o que está falando.
Informatividade
Quanto maior informação não previsível um texto tiver, mais rico e
interessante ele será. Assim, dizer o que é óbvio ou insistir numa informação
e não a desenvolver, com certeza desvaloriza o texto.
Exemplo: O Brasil foi colonizado por Portugal.
Princípios Básicos
Após termos visto os fatores acima, é essencial ter em atenção os
seguintes princípios para se obter um texto coerente:
61
 Princípio da Não Contradição - ideias contraditórias
 Princípio da Não Tautologia - ideias redundantes
 Princípio da Relevância - ideias que se relacionam
Diferença entre Coesão e Coerência
Coesão e coerência são coisas diferentes, de modo que um texto coeso
pode ser incoerente. Ambas têm em comum o fato de estarem relacionadas
com as regras essenciais para uma boa produção textual.
A coesão textual tem como foco a articulação interna, ou seja, as
questões gramaticais. Já a coerência textual trata da articulação externa e
mais profunda da mensagem.
Estrutura e Organização Textual

A estrutura do texto pode ser classificada de acordo com os seguintes


tipos principais:
 Narração;
 Argumentação;
 Descrição;
 Injunção;
 Exposição.

Por isso, é comum identificar em cada uma dessas estruturas alguns


componentes identitários, entre os quais estão:
 Lógica estrutural
 Tempos verbais
 Construções de frases
 Vocabulário
 Entre outras.

Estrutura do Texto – Narração

É uma estrutura de texto usada para narrar uma história, apresentando


personagens. Pode ser ficcional ou real. Possuem estrutura de texto narrativo
a crônica, o romance, os contos, as fábulas e outros.

62
Entenda o conceito e os elementos de uma narrativa!
O texto narrativo é aquele que apresenta uma história por meio da
narração, ou seja, narra um fato, conta uma história com detalhes preciosos
para a interpretação e o entendimento do conteúdo. O texto narrativo tem
uma visão, um tempo, um espaço e elementos específicos e importantes.
De uma forma geral, o texto narrativo apresenta uma sequência de
ações ou acontecimentos. Esses fatos podem ser reais ou imaginários. Por
meio dessa sucessão de fatos, o narrador cria o contexto e o desenvolvimento
do conteúdo.
O texto narrativo conta com introdução, desenvolvimento e
conclusão. Os principais elementos desse tipo de conteúdo são: o
personagem, o enredo, o tempo, o espaço e o narrador (aquele que
conta a história).
Os elementos da narração são fundamentais para a compreensão e
correta interpretação das mensagens. O espaço diz respeito ao local onde a
história acontece; o tempo é a duração dos fatos ou acontecimentos (pode
ser cronológico ou psicológico); e os personagens são aqueles agentes que
apresentam qualidades psicológicas e físicas.
No texto narrativo, é importante apresentar as ações dos personagens
dentro de um tempo e espaço, a fim de orientar o leitor e guiá-lo no
desenvolvimento da história. A narração precisa ser clara, criativa, objetiva e
interessante, para prender a atenção do leitor. Os principais tipos de textos
narrativos são as novelas, as crônicas, os romances, os contos e as fábulas.
A estrutura da narrativa tem a apresentação ou introdução, o
desenvolvimento da história, o clímax ou momento mais importante e
emocionante do texto, e o desfecho ou conclusão.
 O narrador é um elemento essencial do texto narrativo, pois é ele
quem conta (narra) a história. É possível ter um narrador observador,
um narrador personagem ou narrador onisciente. O narrador é
considerado a voz do texto.
 O enredo do texto narrativo é a própria estrutura do conteúdo, que
apresenta a forma como as ações acontecem. O enredo pode ser linear,
não linear, psicológico e cronológico. Ainda no que diz respeito aos
personagens, o texto narrativo tem protagonista, antagonistas e
personagens secundários.
 O tempo do texto narrativo pode ser o ano, a hora, uma data ou
momento histórico específico. O texto narrativo pode ter um discurso
direto, no qual o personagem fala; ou um discurso indireto, no qual o
narrador conduz a fala do personagem. Na maioria dos casos, a
narração acontece em 3ª pessoa.

63
Uma outra opção é utilizar o discurso indireto livre, que apresenta as
falas dos personagens e também a intervenção do narrador.
Estrutura do Texto – Dissertação

É uma estrutura de texto muito conhecida por ser cobrada nos


vestibulares. Trata-se de um texto opinativo, que não pode ser escrito em
primeira pessoa. De forma estratégica, apresenta os argumentos para
convencer o leitor. São textos argumentativos bastante conhecidos a
dissertação-argumentativa e o editorial.
 texto dissertativo é um texto onde sua natureza teórica tem por
objetivo colocar, detalhadamente, um tema, desdobrando-o em todos
os seus aspectos. É através dessa forma lógica de escrita, com suas
concepções iniciais que o autor propõe reflexões, coloca uma forma de
pensar, defende um ponto de vista, elabora um texto sobre alguma ideia, cria
temas polêmicos, menciona fatos que levarão a debates, coloca pensamentos
que levarão a tirarem consequências dos fatos, fará com que interrogações e
pesquisa sejam feitas para abalarem determinadas certezas absolutas.
Este tipo de texto se representa de duas formas: argumentativo e
opinativo, pois expõe a opinião sobre um determinado fato, através de uma
comunicação lógica, coerente e coesa.
Parte de uma dissertação
Um texto dissertativo pode ser repartido em três partes que se
interligam:

1 – Introdução
Também chama de “tese”, é onde inicia-se a dissertação, colocando a
ideia central sobre o tema de forma clara. Trata-se da parte mais importante
do texto, sendo por isso que as informações deverão estar inseridas e, a o
longo do texto, desenvolvidas.
É onde deve estar bem inserido o texto, de modo que o leitor queira
continuar lendo. É nesse momento que será definido o que será dito, é onde o
escritor informa ao leitor que o seu texto merece ter atenção.
A introdução pode ser apresentada como:
 Afirmação geral sobre o assunto;
 Consideração do tipo histórico-filosófico;
 Citação;
 Comparação;
 Algumas perguntas;
64
 Narração.

2 – Desenvolvimento
Também conhecido como “antí-tese” ou “antítese”, é nessa parte do
texto que são desenvolvidas a argumentação através de opiniões, dados,
levantamentos, estatísticas, fatos e exemplos sobre o tema, a fim de que a
sua ideia central colocada na introdução seja defendida com propriedade.
Nessa parte do texto, a convicção do autor aparecerá de forma mais
explícita, se fazendo presente no desenvolvimento do texto. Nessa hora que
será desenvolvido o tema, podendo ser de argumentação por citação,
comprovação ou um raciocínio lógico.
O conteúdo poderá ser organizado de diversas maneiras, dependendo
apenas da proposta do texto e das informações que estão sendo discutidas.

3 – Conclusão
O nome já informa o que se deve esperar dela. É o lugar onde o texto é
concluído. Ou seja, não se pode deixar um texto sem a sua conclusão, e é
justamente nesse momento que o nome “nova tese” é mencionado, pois é um
momento em que há o fechamento das ideias, principalmente quando há uma
inserção de uma nova ideia no texto, ou seja, uma “nova tese”.
É a parte final do texto, um resumo com força e brevidade do texto. É
nessa parte que serão respondidas as questões propostas inicialmente no
texto, expondo uma avaliação final do assunto.

Tipos de dissertação
A dissertação pode ser encontrada de duas formas: dissertação
argumentativa e dissertação expositiva.
No texto dissertativo argumentativo, a intenção é persuadir o leitor,
convencendo-o de sua ideia central, a partir de correntes argumentações,
fatos, exemplos, entre outros.
Já no texto dissertativo expositivo, é onde as ideias, teorias e conceitos
são expostos, mas sem a necessidade de tentar convencer o leitor.
Quando nos deparamos com o desafio de escrever um texto
dissertativo-argumentativo, seja em provas escolares ou vestibulares, é
preciso ter em mente que este tipo de produção textual tem o objetivo de
defender um ponto de vista ou tema apresentado, o que não significa que o
texto deva ter a opinião pessoal do redator.
A base deste tipo de dissertação é a defesa de um raciocínio dentro de
um determinado contexto ou realidade. Sendo assim, o autor deve ter
65
argumentos e dados que o ajudem a apresentar justificativas para suas
ideias. Por isso, é essencial estar sempre atualizado, ler jornais e revistas e
acompanhar tudo o que está acontecendo de mais relevante no Brasil e no
mundo. Afinal, em provas de redação, o tema da dissertação é sempre um
mistério, e é preciso estar preparado para o que vier!
Como escrever uma dissertação argumentativa?
Três elementos importantes para uma boa dissertação argumentativa
são: a apresentação do ponto de vista e dos argumentos e a análise crítica. O
texto tem a missão de testar a argumentação do autor.
A dissertação pode ser feita na terceira pessoa do plural, apresentando
os argumentos de maneira objetiva e impessoal. É importante manter uma
postura imparcial, mesmo que você tenha um posicionamento sobre o
assunto. Ao adotar uma abordagem distanciada do tema, o autor consegue
fazer com que o leitor aceite melhor as ideias colocadas no texto.
Confira um exemplo de texto dissertativo-argumentativo:
Ex.:
O cenário político e econômico do Brasil vem passando por tempos
desafiadores. A movimentação em torno dos diversos casos de corrupção, a
falta de ética nas relações políticas e institucionais e os bilhões desviados dos
cofres públicos colocam a população em um desolador estado de
desesperança e incapacidade.
Veja que neste trecho não se usou a primeira pessoa do singular ou do
plural. Essa é uma característica clara da impessoalidade do texto. Mesmo
que ele esteja transmitindo uma visão pessoal, o autor não usa frases
como “Eu vejo que”, “Eu acredito que”, “Na minha opinião”.
Nas redações, empregue sempre a escrita objetiva, na terceira pessoa
do plural e com argumentos consistentes. Antes de fazer uma prova que
cobre um texto dissertativo-argumentativo, pratique suas redações em casa e
se informe sobre tudo o que pode ser usado como tema para o texto.
A redação dissertativa-argumentativa é um gênero textual muito
importante, que forma e influencia a opinião do leitor. Este é o tipo de texto
cobrado na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e,
normalmente, apresenta temas voltados às questões de ordem social,
cultural, política ou científica. Para escrevê-lo, use o seguinte esquema:
apresente o problema, faça a argumentação e a defesa do ponto de vista,
organize bem as ideias, apresente dados (se possível) e faça uma boa
conclusão, apresentando uma solução para o problema inicial.
Entenda o conceito de texto editorial e saiba onde ele é usado!
O texto editorial tem caráter jornalístico e aparece
frequentemente em jornais, revistas, sites de notícias, entre outros
veículos de comunicação e imprensa. O editorial é escrito normalmente

66
pelo editor-chefe ou por um jornalista mais experiente, e apresenta sempre
um perfil opinativo.
Na verdade, este é o único texto jornalístico que pode expressar
opiniões, já que os demais conteúdos escritos pelos profissionais da área
precisam, obrigatoriamente, ser imparciais e neutros.

Qual é o objetivo do texto editorial?


Além de expressarem pontos de vista, os textos editoriais também são
destinados a apresentar os temas abordados nas principais matérias
jornalísticas de cada seção do periódico, como economia, cultura, política,
cidade, país, entre outras. Os responsáveis pelos editoriais são chamados de
editorialistas, profissionais do jornalismo que têm o aval da direção para
expressar opiniões em nome do veículo de imprensa.
Em algumas revistas e jornais, os editoriais recebem o nome de “Carta
do Editor”. Em geral, este tipo de conteúdo faz uma síntese das notícias. O
formato do texto é geralmente dissertativo-argumentativo, com uma
estrutura formada da seguinte maneira: introdução, desenvolvimento e
conclusão.
Os editoriais podem ter perfil objetivo ou subjetivo, uma linguagem
culta e clara e temáticas atuais. Assim como todos os outros formatos de
textos jornalísticos, o editorial também tem como objetivo informar o leitor.
Essa tipologia de texto relata acontecimentos cotidianos e demonstra a
opinião do grupo de comunicação sobre os fatos. De certa forma, o editorial
apresenta argumentos que sustentam uma ideia central, expondo um ponto
de vista crítico.
Hoje, com o avanço das tecnologias, o texto dissertativo-argumentativo
no formato editorial também é publicado em blogs e redes sociais. A
introdução do texto foca na apresentação dos temas principais, o
desenvolvimento conta com as argumentações e com dados e a conclusão faz
o arremate das ideias.
O final do texto também pode estimular o leitor a continuar a leitura
completa da revista ou do jornal em questão, apresentando a expressão “Boa
leitura”
Estrutura do Texto – Exposição
É um texto com uma estrutura para enumerar, apresentar e informar o
leitor de forma eficiente e precisa. Fazem parte deste tipo de texto o artigo
científico, a reportagem, o fichamento e o resumo.
O texto expositivo é uma categoria de texto que apresenta suas
características específicas e tem suas determinadas aplicações dentro da
comunicação. Antes de compreender o que é o texto expositivo, é preciso
primeiro relembrar o que caracteriza um texto.
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O que é texto?
A definição de texto é bem simples: um conjunto de palavras
organizadas em frases que possuem um sentido, usadas para compor uma
informação, formular uma mensagem, transmitir ideias. O texto faz parte de
obras escritas, desde as mais simples até as mais elaboradas: desde
mensagens de “texto” em smartphones até peças de teatro, documentos e
livros. Em escala de superioridade, o texto se encontra um nível acima da
frase.
Veja mais: O que é um Texto

Definição do texto expositivo


Entre os tipos de textos existentes está o texto expositivo, usado para
apresentar de forma descritiva uma situação, um objeto, um fato ou um
conceito específico. Algumas características são essenciais para identificar o
texto expositivo:
 O tema principal do texto fica exposto ao leitor de forma evidente;
 Para isso, o autor do texto utiliza diversos recursos, principalmente a
enumeração de detalhes e características a respeito do objeto central;
 A descrição é um método fundamental no texto expositivo.

Tipos de texto expositivo


Pelo fato de o texto expositivo ser bastante abrangente, ele pode ser
subdivido em algumas categorias, como o texto expositivo-argumentativo e o
texto expositivo-informativo.

Texto expositivo-argumentativo
Neste caso, além de evidenciar o tema central através da exposição do
mesmo e da descrição de características, há uma explícita defesa de tese,
com apresentação de dados, presença de um discurso e argumentos.

Texto expositivo-informativo
Este tipo de texto expositivo não apresenta defesa de tese ou opinião,
fica livre de apreciações e busca a imparcialidade. Por isso, baseia-se mais
em fatos do que em opiniões, como os tipos de produção textual
apresentados a seguir:
 Gráficos;
68
 Pesquisas;
 Índices;
 Conjunto de dados.

Exemplo de texto expositivo


A definição de significados de palavras é um exemplo de textos
expositivos. Confira!
Definição de amor: amor é um sentimento abrangente com
demonstração de afeto, carinho e cuidado entre seres humanos e outros
seres. O amor pode ter diversas classificações, tais como amor platônico,
amor físico, amor maternal, amor próprio e amor pela natureza.
Estrutura do Texto – Injunção
São textos com estruturas para a instrução do leitor. É comum os
verbos serem usados no modo imperativo. São estruturas de texto bastante
usadas em receitas, manual de instrução, editais e bulas.
Estrutura do Texto – Descrição
São estruturas de texto que descrevem situações, pessoas, cenas,
coisas, entre outros. São repletos de detalhes. São muito usados em guias,
atas, laudos e relatórios.
É muito importante saber identificar cada uma das estruturas textuais e
usá-las de maneira assertiva e inteligente. Dessa forma, é possível
desenvolver as habilidades necessárias para uma escrita de qualidade.
Conhecer as tipologias textuais também contribui para que os
estudantes aprimorem suas habilidades linguísticas e de estilo. Também é
importante entender como um texto se apresenta para que seja possível
interpretá-lo corretamente
Entenda o conceito de texto descritivo e saiba como interpretá-
lo!
O texto descritivo, como o próprio nome deixa claro, faz uma
descrição de alguma coisa. A ideia é apresentar detalhes, informações
e características sobre um fato, objeto, pessoa, animal,
acontecimento, entre outras coisas. Esse tipo de texto é pensado para
transmitir ao leitor uma imagem e uma ideia ampla de algo, com suas
qualidades e impressões particulares.
A descrição precisa ser feita da forma mais detalhada possível, a fim de
facilitar o entendimento do fato e permitir a criação de uma imagem mental
do acontecimento ou objeto. Com isso, o leitor consegue interpretar
corretamente as informações e formatar uma interpretação ou opinião.

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Ao escrever um texto descritivo, é fundamental mencionar aspectos
relevantes, características e diferenciais de cada fato, lugar, personagem ou
objeto. Também é possível utilizar trechos descritivos dentro de textos
narrativos, sendo este um recurso que valoriza a narrativa e apresenta
informações detalhadas para o leitor sobre acontecimentos.
De uma forma geral, as principais características presentes na estrutura
do texto descritivo são: introdução que apresenta e identifica aquilo que será
descrito, o desenvolvimento que apresenta aspectos importantes daquilo que
é o foco do texto, e a conclusão que finaliza a caracterização daquilo que é o
foco da descrição.
Características do texto descritivo
O texto descritivo garante muita liberdade de criação ao autor, pois este
formato de texto não está limitado por tempo ou espaço. É possível descrever
todos os tipos de objetos, pessoas, situações e personagens. Em geral, os
textos descritivos utilizam muitos adjetivos e locuções adjetivas, além de
verbos de estado.
A linguagem precisa ser clara, objetiva e dinâmica, a fim de atrair a
atenção do leitor. O vocabulário deve ser variado e é possível abusar de
figuras de linguagem, comparações e outros recursos que valorizem a
descrição. No caso da descrição de personagens, vale a pena reforçar
aspectos físicos, psicológicos e emocionais.
O texto precisa ser equilibrado, rico e de alta qualidade. A ideia é captar
impressões, representar algo ou alguém em palavras e criar uma verdadeira
imagem daquilo que está sendo descrito, a fim de que o leitor possa criar um
retrato em sua mente.
Na hora de escrever, é importante enumerar todas as informações e
características importantes para a descrição, como cor, peso, textura, aroma,
dimensão, altura, comprimento, clima, localização, função, vegetação,
sensações, emoções, entre outros aspectos. Um bom texto descritivo é um
verdadeiro retrato verbal, composto por introdução, desenvolvimento e
conclusão. A descrição pode ser subjetiva, com destaque das impressões
pessoais do autor; ou objetiva, com informações e formas exatas e realistas.
Os textos descritivos são aqueles que fazem a descrição de um fato, um
objeto, uma pessoa, um cenário, uma situação ou qualquer outra coisa que
possa ser apresentada em detalhes. Em muitos casos, os textos descritivos
comunicam situações e ocorrências cotidianas, descrevendo espaços,
ambientes e particularidades de determinado objeto.
O texto descritivo comunica ao leitor as impressões do autor sobre
determinada situação, expressando as qualidades e características
particulares de um fato, pessoa, lugar ou objeto. Com a descrição é possível
criar um retrato visual por meio das palavras.

70
As principais características dos textos descritivos são: a apresentação
de aspectos físicos, psicológicos e dados específicos sobre aquilo que está
sendo descrito, como localização, texturas, sabores, sensações, cores,
dimensões, comprimentos e outros dados relevantes para o entendimento do
leitor.

Os principais tipos de textos descritivos


No texto descritivo, quanto mais detalhes forem apresentados, melhor
será a compreensão do leitor. Para que a interpretação seja assertiva, é
fundamental apostar em detalhes que esclareçam a situação descrita, criando
uma fotografia verbalizada. Neste tipo de texto, o autor se torna um
verdadeiro observador, para que possa descrever tudo o que está
acontecendo.
Os textos descritivos são produzidos para expor observações do autor,
com todos os pormenores e informações relevantes. O uso de recursos
linguísticos especiais garante um toque a mais de qualidade para as
produções. De uma forma geral, os textos descritivos utilizam muitos
adjetivos, figuras de linguagem, comparações, verbos de ligações e
metáforas.
O texto descritivo é formado por introdução, desenvolvimento e
conclusão. Os principais tipos de textos descritivos são: os textos descritivos
objetivos e subjetivos.
Confira o conceito de cada um deles:
Descrição Objetiva – Esse texto descritivo apresenta as informações
de maneira exata, com aspectos realistas e concretos. Neste caso, não existe
juízo de valor ou opiniões expressas, mas sim dados e características
objetivas. Alguns exemplos de descrições objetivas são os retratos falados e
os verbetes dos dicionários.
Descrição Subjetiva – As descrições subjetivas são feitas com a
expressão das opiniões e impressões pessoais do autor, com juízo de valor.
Exemplos de descrições subjetivas são os textos literários.

Raciocínio Lógico Matemático

PROPOSIÇÕES LÓGICAS

71
não se enquadram no conceito de proposição justamente por não serem
declarativas ou não nos conduzirem para um valor exclamativas:
“Meu Deus!” interrogativas:
“Você me ama?” imperativas:
“Não estude para passar, mas até passar! sem verbo:
“o mundo dos concursos públicos.” abertas: “x + 1 = 7” ; “Ela é a melhor
esposa do mundo.” paradoxais:
“Só sei que nada sei.” Não são proposições.

Uma técnica que é muito interessante utilizarmos quando formos resolver


uma questão envolvendo proposições é a representação destas por meio de
letras. Por exemplo:
p: João é professor.
q: 10 > 12.
r: Eva foi ao hospital visitar Bia.

As proposições
Podem ser classificadas em simples ou compostas.
Uma proposição lógica é dita simples quando declara uma única coisa sobre
um único objeto. Ou seja, não pode ser dividida em proposições menores.
Exemplo:

72
P: Fernanda é empresária.
Q: Bárbara é rica.
É possível perceber que em cada uma das frases temos uma única informação
(profissão e grau da situação financeira, respectivamente) a respeito de uma
única pessoa (Fernanda e Bárbara, respectivamente).
Logo, certamente estamos diante de uma proposição lógica simples!
Já as compostas são duas ou mais proposições conectadas entre si,
resultando numa única declaração.
Exemplo: R: Fernanda é empresária e Bárbara é rica.

Lógica Proposicional
O Raciocínio Lógico Matemático tem sido matéria frequente em
concursos públicos de todas as esferas. Normalmente a cobrança é feita sobre
a Lógica proposicional, que trata, isto é, tem como objeto de estudo as
proposições.
Os editais das bancas aparecem com termos variados, como por
exemplo, lógica proposicional, lógica sentencial, lógica de argumentação,
entre outros, mas em suma, tratam do mesmo assunto: Proposições.
.
Proposição Simples
Trata-se de sentença declarativa, que pode ser classificada apenas
como falsa ou verdadeira, mas nunca ambas. Em outras palavras, proposição
é um conjunto de palavras com sentido completo, que declara algo, por isso,
declarativa. É válido compreender que as sentenças precisam ter sempre
Sujeito e Verbo, como nos exemplos abaixo:
1)O Brasil fica na América. (Sujeito = Brasil / Verbo = fica)
2)Cuba é um país da Europa. (Sujeito = Cuba / Verbo = é)

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Perceba que não tem importância o fato de ser verdadeira ou falsa para
ser proposição. Porém, tem de ser classificada obrigatoriamente como um dos
dois.
CUIDADO!
Não serão proposições as seguintes sentenças:
a) interrogativas – Ex: Qual o seu nome?
b) exclamativas – Ex: Bom dia!
c)imperativas – Faça o seu trabalho corretamente.
d)sentenças abertas – é declarativa; é vaga; Ex: Ele vai passar.

Sentença aberta
Trata-se de Sentença declarativa que não permite a classificação falsa
ou verdadeira. NÃO É PROPOSIÇÃO.
São perigosas, pois tem sujeito e tem verbo, contudo, são vagas e por
esse motivo não são proposição.
Exemplos
1)x + 4 = 5 (sem saber o valor de x, não é possível saber se é verdade
ou não.)
2) o País fica na América. (Qual País? sem saber o país nada se pode
afirmar.)
PROPOSIÇÃO COMPOSTA
Trata-se da reunião de duas ou mais proposições simples. Essa reunião
é realizada por meio de termos denominados conectivos, os quais serão – a
partir de agora – estudados.

CONECTIVOS
São termos que promovem a ligação entre proposições simples.

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EXEMPLOS
1.O Brasil é um País E Cuba fica na Europa.

2.Cai o Dólar OU Cai o ministro.

3.OU cai o dólar OU cai o ministro.

4.SE eu estudo, ENTÃO eu vou passar.

5.Passarei no concurso SE, E SOMENTE SE estudei muito.

Tabela Verdade “E”


Cada conectivo lógico tem uma função nas frases, o conectivo E, por
exemplo, tem como função a simultaneidade. Quando o autor utiliza o
conectivo E, ele está afirmando que na frase tudo é verdade, ou seja, se na
frase houver duas proposições, as duas deverão ser verdadeiras.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:

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Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V, pois são duas verdades.
Na segunda linha: V com F = F, pois tem uma verdade só.
Na terceira linha: F com V = F, pois tem uma só verdade.
Na quarta linha: F com F = F, pois não tem verdade alguma.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo E, veja os exemplos:
Em cada frase julgue em certa ou errada:
a) Cuba é um País e O Brasil é um País. (V )
b) Belo Horizonte é uma cidade e Cuba um continente. ( F )
c) Porto Alegre é um estado e Curitiba é uma cidade. ( F )
d) Curitiba é um estado e Cuba é um continente. ( F )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo E: Duas verdades = V

Sinônimos do conectivo E
O conectivo E nem sempre aparece do modo tradicional, muitas vezes,
aparece de outras formas, como o tradicional, “MAS” que tem o mesmo
sentido de E. Destacamos no quadro abaixo as principais.

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Exemplos:
Luiz é alto, mas não joga basquete. = Luiz é alto e não joga basquete.
Carlos é rico, vai à praia. = Carlos é rico e vai à praia.
Não sou Gordo nem magro. = Não sou gordo e não sou magro
Beijos não são contratos, tampouco promessas de amor eterno. =
Beijos não são contratos e não são promessas de amor eterno.
Tabela Verdade “OU”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases, o conectivo OU, por
exemplo, tem como função a simultaneidade. Quando o autor utiliza o
conectivo OU, ele está afirmando que HÁ PELO MENOS UMA VERDADE.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:

Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V, pois são duas verdades.
Na segunda linha: V com F = V, pois tem uma verdade.
Na terceira linha: F com V = V, pois tem uma verdade.
Na quarta linha: F com F = F, pois não tem verdade alguma.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
Em cada frase julgue em certa ou errada:
a) Cuba é um País ou O Brasil é um País. ( V )
b) Curitiba é uma cidade ou Cuba um continente. ( V )
c)Porto Alegre é um estado ou Curitiba é uma cidade. ( V )
d)Belo Horizonte é um estado ou Cuba é um continente. ( F )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo OU: PELO MENOS UMA VERDADE = V

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Tabela Verdade “OU...OU”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases. Quando o autor
utiliza o conectivo OU...OU, ele está afirmando que na frase só uma parte é
verdade, ou seja, se na frase houver SÓ UMA proposição verdadeira, a frase
será verdadeira.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:

Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = F, pois são duas verdades, e poderia ter
uma só verdade.
Na segunda linha: V com F = V, pois tem uma verdade só.
Na terceira linha: F com V = V, pois tem uma só verdade.
Na quarta linha: F com F = F, pois não tem verdade alguma.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
a) OU Cuba é um País OU O Brasil é um País. ( F )
b) OU Curitiba é uma cidade OU Cuba um continente. ( V )
c)OU Curitiba é um estado OU Curitiba é uma cidade. ( V )
d)OU Porto alegre é um estado OU Cuba é um continente. ( F )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo OU...OU: SÓ UMA VERDADE = V
Tabela Verdade “SE...ENTÃO”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases. Quando o autor
utiliza o conectivo SE...ENTÃO, ele está afirmando quando a primeira é
verdadeira obrigatoriamente a segunda tem que ser verdadeira.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:

78
Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V,
pois segue a definição, isto é, sendo a primeira verdadeira, a segunda
também é verdadeira.
Na segunda linha: V com F = F,
pois sendo a primeira verdadeira, a segunda deveria ser verdadeira e
não é.
Na terceira linha: F com V = V,
pois quando a primeira é falsa, automaticamente o resultado é
verdadeiro.
Na quarta linha: F com F = V,
pois quando a primeira é falsa, automaticamente o resultado é
verdadeiro.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
a) SE Cuba é um País ENTÃO O Brasil é um País. ( V )
b) SE Cuiabá é uma cidade ENTÃO Cuba um continente. ( F )
c) SE Porto Alegre é um estado ENTÃO Curitiba é uma cidade. ( V )
d)SE Curitiba é um estado ENTÃO Cuba é um continente. ( V )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo SE...ENTÃO: quando a 1ª = V então obrigatoriamente
a 2ª = V
Sinônimos
do conectivo
Se ... então

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Exemplos
1.Se no Nordeste faz muito calor, muitas pessoas tem ar condicionado.
=Se no Nordeste faz muito calor, então muitas pessoas tem ar condicionado.
2.Quando faz dieta, Lúcio emagrece. = Se Lúcio faz dieta, então
emagrece.
3.Como não nasci rico, trabalho bastante. = Se não nasci rico, então
trabalho bastante.
4.Beto passou por que estudou muito. = Se Estudou muito, então Beto
passou. (invertido)
5.Jhoni é feliz, pois é Professor. = Se Jhoni é professor, então Jhoni
éfeliz. (invertido)

Perceba que os únicos nos quais devemos fazer a inversão são o pois e
o porquê.
Tabela Verdade “SE, E SOMENTE SE”
Cada conectivo lógico tem uma função nas frases. Quando o autor
utiliza o conectivo SE, E SOMENTE SE, ele está afirmando AS DUAS
PROPOSIÇÕES TEM O MESMO VALOR LÓGICO, ISTO É, SÃO IGUAIS.
Na tabela abaixo, representamos essa situação:

Veja a análise:
Na primeira linha: V com V = V, pois são duas verdades, são iguais.
80
Na segunda linha: V com F = F, pois são diferentes.
Na terceira linha: F com V = V, pois são diferentes.
Na quarta linha: F com F = V, pois são iguais.
Na prática isso se utiliza para avaliar frases completas, quando estas
possuem o conectivo OU, veja os exemplos:
a) Cuba é um País SE, E SOMENTE SE O Brasil é um País. ( V )
b) Belo Horizonte é uma cidade SE, E SOMENTE SE Cuba um continente. (F)
c)Curitiba é um estado SE, E SOMENTE SE Porto Alegre é uma cidade. ( F )
d)Curitiba é um estado SE,E SOMENTE SE Cuba é um continente. ( V )
Em resumo, grave o seguinte:
Conectivo SE, E SOMENTE SE está correto se forem iguais.

SIMBOLIZAÇÃO DE EXPRESSÕES

Consiste em transformar uma sentença em uma frase simbólica.

EXEMPLO
1)Esta prova está difícil ou estudei bastante.
2)Se estudo bastante e faço simulados, então serei aprovado.
3)Vou ao shopping se, e somente se tenho dinheiro.
81
4)Ou vou levar uma vida tranquila ou vou atrás dos meus sonhos.
5)Eu não sou policial, mas gosto de justiça.
6)Usando as letras, simbolize:

P: o salário é do nível A;
Q: o salário possui dedução;
R: o salário tem bônus.
a) Se o salário possui dedução então ele é do nível A e tem bônus.

RESULTADO = Q → P ^ R
b) O salário tem bônus se e somente se não for no nível A.

Resultado = R ↔ ¬ P
3)Usando as letras, simbolize:
P: cavalo está descansado.
Q: cavaleiro vencerá.
R: a armadura é forte.
a) Se o cavalo estiver descansado, o cavaleiro vencerá.

Resultado = P → Q
b) como a armadura é forte, o cavaleiro vencerá.

Resultado = R → Q
4)Usando as letras, simbolize:
P: rosas são vermelhas;
Q: violetas são azuis;
R: açúcar é doce;
a) Rosas são vermelhas e violetas são azuis.

Resultado = P ^ Q
b) Rosas não são vermelhas ou violetas são azuis.

82
Resultado = ¬ P v Q

Negação de Proposições
A negação de proposições é tema comum nas Bancas. Embora no nosso
cotidiano, estejamos habituados a fazer negações, no aspecto lógico existem
cuidados especiais e detalhes que fazem toda a diferença. Para melhor
compreensão, separamos a negação simples, da composta, aquela que possui
conectivos.
Negação Simples
1)introduz o negador NÃO;

Veja que é o processo natural de negação, usar a palavra não!


2)Se já houver, retire-o;

Algumas sentenças já são negativas, ou seja, já tem o “não” e nesses


casos, para fazer a negação, retiramos o negador “não”. Veja os exemplos
abaixo:
EXEMPLOS
a) A negação da proposição “O Brasil é um país. = O Brasil não é um
país.

Veja que nesse caso, apenas acrescentamos o negador não.


b) A negação da proposição “Cuba não é um continente.” = Cuba é um
continente.

Nesse caso, como já havia o não, foi necessário retirá-lo.


c)A negação da proposição “O policial precisa de informações precisas.”
= O Policial não precisa de informações precisas.

Nesse exemplo, acrescentamos o negador não.


d)A negação da proposição “Felipe é bonito” = Felipe não é Bonito.

Mais uma vez acrescentamos o negador não. Nesse exemplo, um


cuidado especial reside no fato de alguns candidatos pensarem que seria
83
possível dizer “Felipe é feio”, quando na verdade seria um erro grave, pois
dizer que Felipe não é bonito, não acarreta que ele seja feio.
e) A negação da proposição “Jhoni é rico” = Jhoni Não é rico.

Mais uma vez acrescentamos o negador não.


f) A negação da proposição “João está vivo” = João não está vivo.

Acrescentamos o negador não.


Exemplo
A negação da proposição “o motorista foi pego dirigindo veículo de
categoria diferente daquela para a qual está habilitado.” É “O motorista não
foi pego dirigindo veículo de categoria igual àquela para a qual não está
habilitado.”
( ) CERTO ( X ) ERRADO

Negação de proposições compostas


A negação composta depende do conectivo empregado na sentença.
Para cada conectivo há uma regra a ser empregado.
Conectivo E

¬ (A e B) = ¬A ou ¬B

Exemplos
Proposição = Sou feliz e Canto.
Negação = NÃO sou feliz ou NÃO canto.
Negue a proposição " os alunos passarão no concurso ou não estudaram
muito."
Negue a proposição:
“O Brasil é um país e cuba um continente.”

Conectivo OU
¬ (A ou B) = ¬ A e ¬ B

84
Exemplo
Proposição = sou professor ou sou rico.
negação = NÃO sou professor rico. e NÃO sou
Negue a proposição “Faço dieta ou sou feliz.”
Negue a proposição “Não estudo ou passo no concurso.
Exemplo
Vou à academia todos os dias da semana e corro três dias na semana.
Uma afirmação que corresponde à negação lógica da afirmação anterior é
a) Não vou à academia todos os dias da semana ou não corro
três dias na semana.
b) Vou à academia quase todos os dias da semana e corro dois dias na
semana.
c)Nunca vou à academia durante a semana e nunca corro durante a
semana.
d)Não vou à academia todos os dias da semana e não corro três dias na
semana.
e) Se vou todos os dias à academia, então corro três dias na semana.
Determine a negação da proposição “Lívia é estudiosa e Marcos decora”.
a) Lívia é estudiosa ou Marcos decora
b) Lívia não é estudiosa e Marcos decora.
c)Lívia não é estudiosa ou Marcos decora.
d)Lívia não é estudiosa ou Marcos não decora.
e) Marcos não decora e Lívia é estudiosa.
Exemplo
A negação lógica da frase “Maurício comprou um notebook ou Paula não
foi à escola” é dada por:
a) Maurício não comprou um notebook ou Paula foi à escola.
b) Se Maurício não comprou um notebook, então Paula foi à escola
c)Maurício não comprou um notebook e Paula não foi à escola.
d)Maurício não comprou um notebook e Paula foi à escola.
Negação de Compostas

Negação de disjunção exclusiva – Ou...Ou

85
Simbolicamente a negação ocorre segundo a regra abaixo:

Em outras palavras, significa que para negar o OU ... OU, precisamos


trocá-lo por SE, E SOMENTE SE e pronto! Está feita a negação. Acompanhe o
exemplo resolvido abaixo:
Exemplo

Observe que não foi usar o negador NÃO, apenas trocamos o


conectivo.

Exemplo 1

Exemplo 2
Ou cai o ministro ou cai o dólar.
Negação: Cai o ministro SE, E SOMENTE SE cai o dólar.
86
Negação da Bicondicional – regra 1
Simbolicamente a negação ocorre segundo a regra abaixo:

Em outras palavras, significa que para negar o SE, E SOMENTE SE,


precisamos trocá-lo por OU ... OU e pronto! Está feita a negação. Acompanhe
o exemplo resolvido abaixo:
Exemplo

Sou feliz SE, E SOMENTE SE canto.


Negação: OU sou feliz OU canto.
Veja que analogamente ao que ocorre no OU...OU ocorre com o SE, E
SOMENTE SE, pois basta trocar conectivo e a negação está pronta!

Exemplo 1

Faço dieta SE, E SOMENTE SE sou feliz.


Negação: OU Faço dieta OU Sou feliz.
Negação da Bicondicional – regra 2
Simbolicamente a negação ocorre segundo a regra abaixo:

Olhando essa regra com mais calma, percebemos que repetimos a


primeira e negamos a segunda, colocamos o OU e repetimos a segunda e
negamos a primeira.
Exemplo

Exemplo 1
Faço dieta SE, E SOMENTE SE sou feliz.
87
Negação: faço dieta e não sou feliz OU sou feliz e não faço dieta.

Negação de Condicional
Quando falamos da negação da condicional, precisamos entender que
existem alguns passos que devem ser seguidos. Simbolicamente, esses
passos estão descritos no quadro abaixo:

Traduzindo para a linguagem corrente significa:


Repete a primeira proposição;
Troca o conectivo SE...ENTÃO por E;
Nega o final;
Veja o exemplo resolvido abaixo:
Exemplo resolvido
Proposição = SE eu fico rico, ENTÃO compro um carro.
Negação = eu fico rico e NÃO compro um carro.

Exemplo 1
Se Luiz é alto, então joga basquete.
Negação: Luiz é alto e não joga basquete.
Repete a 1ª nega a 2ª
Exemplo 2
Se Lúcio faz dieta e corre, então emagrece.
Exemplo 3
Se nasci rico, trabalho bastante e sou feliz.

Negação de Quantificadores

Os quantificadores lógicos têm a dizer ao leitor quantos elementos


participam ou tem alguma característica. São eles: Todo, Algum e Nenhum.
Abordaremos nessa aula a Negação desses quantificadores, que é o tópico
que tem aparecido em provas.
No quadro abaixo, mostramos a regra de negação de cada quantificador
e logo apresentamos exemplos.
88
Exemplo 1
Negue a proposição: "todo cachorro é verde."
 Opção 1: algum cachorro não é verde.
 Opção 2: existe um cachorro que não é verde.
 Opção 3: pelo menos um cachorro não é verde.

Exemplo 2
 Negue a proposição: "algum homem é feio."
 Negação: nenhum homem é feio.

Exemplo 3
Negue a proposição: "nenhum gato é pardo."
Negação: algum gato é pardo.
Exemplos
A negação de “todos os homens dirige bem" é:
Comentário: usando a regra de trocar Todos por Existe e negar temos
“existe homem que não dirige bem”
Linguagem na Condicional –suficiente X necessário
Muitas vezes em questões que envolvem a condicional, aparece uma
linguagem específica, que utiliza termos como “condição suficiente” e
“condição necessária”, faremos um estudo detalhado, sobre essa linguagem e
como as questões costumam explorar esses conceitos.

Exemplos

89
“Se estudo então passo.”

Estudar é condição SUFICIENTE para passar.


Passar é condição NECESSÁRIO para estudar.

“Se trabalho, então ganho dinheiro.”

Trabalhar é condição suficiente para ganhar dinheiro.


Ganhar dinheiro é condição necessária trabalhar.
Vou ao cinema se, e somente se tenho dinheiro.
Equivalências Lógicas
Quando escrevemos uma sentença, escolhemos as palavras e a melhor
maneira de transmitir aquilo que desejamos. Contudo, a forma que
escolhemos não é única a maneira de fazer isso. Por exemplo, se desejamos
dizer que Franco está vivo, podemos dizer: “Franco está vivo”, mas
poderíamos ter escrito “Franco não está morto”, pois as duas sentenças
teriam o mesmo sentido, o mesmo significado, ou em outras palavras, seriam
equivalentes. Veja o conceito no quadro abaixo.

Em lógica proposicional são comuns as questões sobre sentenças


equivalentes, que em regra, pedem que você identifique uma frase com
mesmo significado a uma proposição dada. Embora, possa parecer fácil,
quando colocamos conectivos essa tarefa pode dar trabalho e por esse
motivo, precisamos aprender três regras de equivalência.
Regra 1
Nesta regra, a frase original terá o conectivo “Se...então” e ele será
mantido. Mudaremos, no entanto, a ordem das sentenças e ainda negaremos
cada uma delas,
Exemplo
Dada a sentença “Se estudo, então passo” escreve uma sentença
logicamente equivalente.
Resolução
Componente 1: estudo
Componente 2: passo

90
1)Mudaremos a ordem:
Se passo, então estudo.
2)Negaremos tudo
Se não passo, então não estudo.
Resposta correta: “Se não passo, então não estudo”
É importante destacar que os dois passos são obrigatórios, ou seja, se
apenas for feita a inversão, não será equivalente, e se apenas forem negadas
as sentenças, também não teremos uma equivalência.

Regra 2
Nesta segunda regra, a frase original terá o conectivo “Se então” e
trocaremos esse conectivo pelo conectivo “Ou”. Para poder fazer essa troca
sem perder o sentido original, deveremos negar a primeira componente e
repetir a segunda, veja no esquema a seguir:
Exemplo
Dada a sentença “Se estudo, então passo” escreve uma sentença
logicamente equivalente.
Resolução
Componente 1: estudo
Componente 2: passo
1)negaremos a primeira
Não estudo
2)repetiremos a 2ª
Passo
Resposta correta:
“Não estudo OU passo”

Regra 3

Esta última regra é exatamente o oposto da anterior, pois trocaremos o


“OU” pelo “Se...então” e os passos serão os mesmos:
Se...então
Exemplo

91
Dada a sentença “a inflação cai OU o dólar aumenta” escreve uma
sentença logicamente equivalente.
Resolução
Componente 1: a inflação cai
Componente 2: o dólar aumenta
1)negaremos a primeira
A inflação não cai.
2)repetiremos a 2ª
O dólar aumenta
Resposta correta:
“Se a inflação não cai, então o dólar aumenta”

Tautologia, contingência e falácia

Tautologia, contingência e falácia


Dependendo dos resultados da tabela verdade, podemos classificar a
expressão como sendo Tautologia, contingência e ainda falácia. Colocaremos
o conceito de cada termo.
Tautologia – Todos os resultados da tabela verdade são verdadeiros
Contingência – alguns resultados são verdadeiros e alguns são falsos.
Falácia – todos os resultados são falsos.

Lógica de argumentação

Quando falamos de lógica de argumentação precisamos entender o


conceito de um argumento:

Exemplo
Premissa 1 = Todo cachorro é verde.
Premissa 2 = Tudo o que é verde é vegetal.

92
Conclusão = Todo cachorro é vegetal
Importante perceber que não importa o conteúdo das premissas,
quero dizer, se concordamos ou não, se é verdade ou não, o que vale
é a conclusão estar de acordo com as premissas.
Modelo de questão
Se o jardim não é florido, então o gato mia. Se o jardim é florido, então
o passarinho não canta. Ora, o passarinho canta. Logo:
a) o jardim é florido e o gato mia
b) o jardim é florido e o gato não mia
c) o jardim não é florido e o gato mia
d) o jardim não é florido e o gato não mia
e) se o passarinho canta, então o gato não mia
Perceba que a conclusão é o que falta no argumento e precisamos
selecionar qual alternativa apresenta essa conclusão
Para resolver questões com esse modelo, utilizaremos alguns passos:
1) escrever a linguagem simbólica;
2) utilizar a tabela verdade para resolver o argumento;
3) verificar a alternativa que bate com o argumento;
Passo 1:
P1: ~ J → G
P2: J → ~P
P3: P
Passo 2:
Todas devem ser verdadeiras:
P1: ~ J → G = V
P2: J → ~P = V
P3: P = V
Passo 3:
Resolve debaixo para cima:
P1: ~ J → G = V
P2: J → ~P = V
→F
P3: P = V
93
P1: ~ J → G = V
P2: J → ~P = V
F → F ( o falso anda para trás)
P3: P = V
P1: ~ J → G = V
V ( o negador não troca o valor)
P2: J → ~P = V
F → F ( o falso anda para trás)
P3: P = V
P1: ~ J → G = V
V → V ( o verdadeiro anda para frente)
P2: J → ~P = V
F → F ( o falso anda para trás)
P3: P = V
Fechamos o argumento e temos algumas conclusões:
J = F (ou seja, o jardim não é florido)
G = V (isto é, o gato mia)
~P = F (é falso que o passarinho não canta, ou seja, ele canta)
Olhando agora as alternativas, marcamos a alternativa C.
Argumento

Na lógica proposicional ou sentencial, entendemos como argumento


uma sequência lógica de declarações que levam a uma conclusão.
Essa sequência lógica de declarações chamamos de Premissas. Elas são
compostas por conectivos lógicos e por esse fato, o bom entendimento da
tabela verdade é essencial.
Exemplos
Declaração 1: Todo homem é Mortal. (Premissa)
Declaração 2: Roberto é um homem. (Premissa)
Conclusão: Roberto é Mortal. (Conclusão)
P1: todo cachorro é verde.
P2: tudo o que é verde é vegetal.

94
Conclusão: todo cachorro é vegetal.
Observe que não estamos interessados no conteúdo do argumento, isto
é, não queremos discutir se realmente todo cachorro é um vegetal, e sim
analisar a estrutura, a formação do argumento.
Para uma melhor adaptação, é necessário saber algumas classificações,
são elas:
Argumento Válido
Um argumento é válido sempre que a veracidade das declarações
iniciais (premissas) garante a veracidade da conclusão. Em outras palavras,
se as premissas forem todas verdadeiras, a conclusão necessariamente deve
ser verdadeira.
Argumento Inválido
Um argumento é inválido quando todas as premissas são verdadeiras e
a conclusão é falsa.
Silogismo
Argumento formado por apenas duas premissas e uma conclusão.

Argumento hipotético
As premissas e a conclusão são proposições simples ou compostas, que
utilizam os conectivos lógicos.
Veja a análise de alguns argumentos:
Exemplo 1
Daniel é aluno (premissa 1)
Todo aluno é aprovado (premissa 2)
Daniel é aprovado (conclusão)
Notamos que quando a conclusão é lida, ela é uma consequência
natural das premissas. Ela é óbvia. Por esse motivo, o argumento é válido.
Exemplo 2
São Paulo é uma cidade
O brasil é um país.
A Itália fica na Europa
Note que a conclusão não tem sentido, não tem conexão com as
premissas. Não tem nada a ver a Itália ficar na Europa com São Paulo ser
uma cidade e o Brasil um país. Esse argumento é inválido.
Exemplo 3
95
O Brasil fica na África.
Todo país da África é desenvolvido.
O Brasil é desenvolvido.
Nesse argumento, embora as premissas sejam falaciosas, isto é,
erradas, pois analisando com a realidade, o Brasil não fica na África,
tampouco os países da África são desenvolvidos, o argumento é válido. Lendo
as premissas, a conclusão faz sentido.

Argumentos categóricos
São argumentos em que as premissas são formadas através de
quantificadores.
Nenhum
Não existe intersecção entre os conjuntos. Por exemplo, ao dizer que
nenhum A é B garante-se que não existe um elemento de A que também
esteja em B. Sendo a recíproca verdadeira.
Exemplo:
A: nenhum arquiteto é bancário.

Algum
Os diagramas possuem intersecção e por isso pelo menos um elemento
na intersecção dos dois conjuntos, ou seja, que pertence a ambos.
Exemplo:
Algum arquiteto é bancário.

Todo
Um dos conjuntos é subconjunto do outro.

96
Exemplo
Todo arquiteto é bancário.

Associação Lógica
Trata-se de questões de organização que trazem muitas informações,
normalmente sobre três personagens e duas ou três características. Não há
mentiras, todas as informações são confiáveis, bastando uma boa
organização.
Exemplo
Quatro empresas (Maccorte, Mactex, Macval, Macmais) participam de
uma concorrência para compra de certo tipo de máquina. Cada empresa
apresentou um modelo diferente do das outras (Thor, Hércules, Netuno,
Zeus) e os prazos de entrega variavam de 8, 10, 12 e 14 dias. Sabe-se que:
Sobre os prazos de entrega, Macval apresentou o menor e Mactex o
maior.
O modelo Zeus foi apresentado pela Maccorte, com prazo de entrega de
2 dias a menos do que a Mactex.
O modelo Hércules seria entregue em 10 dias.
Macval não apresentou o modelo Netuno.

Nessas condições, o modelo apresentado pela empresa


(a) Macval foi o Hércules.
(b) Mactex foi o Thor.
(c) Macmais foi o Thor.
(d) Mactex foi o Netuno
(e) Macval foi o Netuno

Na montagem da tabela, seguiremos o seguinte procedimento:

97
Os personagens da questão serão as colunas de uma tabela e as
características (aquilo que desejamos saber) serão as linhas:

Com a tabela pronta, basta fazer a leitura e ir preenchendo:


1) Sobre os prazos de entrega, Macval apresentou o menor e Mactex o

maior.

Sequências lógicas -

As sequências lógicas são compostas por números, letras ou figuras.


Esse tipo de questão apresenta um padrão, uma regra que permite que se
determine os termos subsequentes.
Sequências de números
Para construir conhecimento a esse respeito, é necessário conhecer
algumas sequências importantes, especialmente numéricas. Faremos um
estudo detalhado a esse respeito.
Apresentamos uma série de sequências prontas:
Números pares
{0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, ...}
Números ímpares
{1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ...}
Números primos
{2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, ...}
Números quadrados perfeitos
{1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100, 121, 144, 169, 196, 225, ...}
Números triangulares
{1, 3, 6, 10, 15, 21, 28, ...}

98
Fibonacci
{1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, ...}
Progressões aritméticas - aumentam sempre a mesma
quantidade
{3, 7, 11, 15, 19, 23, 27, ...} – aumentam de 4 em 4.
{5, 8, 11, 14, 17, 20, 23, ...} – aumentam de 3 em 3.
Progressões geométricas – multiplica-se sempre pelo mesmo
número
{2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, ...} – multiplica por 2
{1, 3, 9, 27, 81,} multiplica por 3
Exemplo
Qual o próximo número da sequência 36, 64, 100, 144 ?
Sequências de letras
Quando se trata de uma sequência de letras, precisamos diagnosticar se
as letras se apresentam respeitando a ordem alfabética ou não, pois em cada
caso, há uma solução diferente.
Sequências fora da ordem alfabética
Nesses casos precisamos pensar em situações que envolvam os nomes
dos meses, dos dias da semana, e outras situações que não são um padrão
normal.
Exemplo
Qual o próximo termo da sequência JJASOND?
Nesse caso a solução é J, pois cada letra é a inicial dos meses do ano,
começando por junho, veja:
Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
E logicamente o próximo mês é janeiro.
Exemplo
Determine o próximo termo da sequência TQQSS.
Exemplo
Qual a próxima letra da sequência UDTQCSS?
Sequências respeitando a ordem alfabética
Nesses casos, devemos escrever o alfabeto e marcar as letras que
aparecem na sequência, observando que surgirá um padrão.
Exemplo
99
BFHLNR
Primeiro escrevemos o alfabeto:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U ...
Após isso, marcamos as da sequência:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U ...
Veja que existe um padrão: Pula 3 letras e depois pula uma e assim
segue. Como o último salto foi de 3, agora salta uma: logo a resposta é T.
Exemplo
ACEGI
Exemplo
CFHKM
Exemplo
Considere que a sequência (C, E, G, F, H, J, I, L, N, M, O, Q, ...) foi
formada a partir de certo critério. Se o alfabeto usado é o oficial, que tem 23
letras, então, de acordo com esse critério, qual a próxima letra dessa
sequência?
Sequência de figuras
As sequências de figuras são mais simples e exigem apenas
observação. Mostraremos alguns exemplos e será o suficiente.
Exemplo
Em cada linha do quadro abaixo, as figuras foram desenhadas
obedecendo a um mesmo padrão de construção.

Princípios de contagem e
probabilidades
100
A análise combinatória ou combinatória é a parte da Matemática
que estuda métodos e técnicas que permitem resolver problemas
relacionados com contagem.
Muito utilizada nos estudos sobre probabilidade, ela faz análise das
possibilidades e das combinações possíveis entre um conjunto de elementos.
Princípio Fundamental da Contagem
O princípio fundamental da contagem, também chamado de princípio
multiplicativo, postula que:
“quando um evento é composto por n etapas sucessivas e independentes, de
tal modo que as possibilidades da primeira etapa é x e as possibilidades da
segunda etapa é y, resulta no número total de possibilidades de o evento
ocorrer, dado pelo produto (x) . (y)”.
Em resumo, no princípio fundamental da contagem, multiplica-se o número
de opções entre as escolhas que lhe são apresentadas.
Exemplo
Uma lanchonete vende uma promoção de lanche a um preço único. No
lanche, estão incluídos um sanduíche, uma bebida e uma sobremesa. São
oferecidas três opções de sanduíches: hambúrguer especial, sanduíche
vegetariano e cachorro-quente completo. Como opção de bebida pode-se
escolher 2 tipos: suco de maçã ou guaraná. Para a sobremesa, existem
quatro opções: cupcake de cereja, cupcake de chocolate, cupcake de
morango e cupcake de baunilha. Considerando todas as opções oferecidas, de
quantas maneiras um cliente pode escolher o seu lanche?
Solução
Podemos começar a resolução do problema apresentado, construindo uma
árvore de possibilidades, conforme ilustrado abaixo:

101
Acompanhando o diagrama, podemos diretamente contar quantos tipos
diferentes de lanches podemos escolher. Assim, identificamos que existem 24
combinações possíveis

Podemos ainda resolver o problema usando o princípio multiplicativo. Para


saber quais as diferentes possibilidades de lanches, basta multiplicar o
número de opções de sanduíches, bebidas e sobremesa.
Total de possibilidades: 3.2.4 = 24
Portanto, temos 24 tipos diferentes de lanches para escolher na
promoção.
Tipos de Combinatória
O princípio fundamental da contagem pode ser usado em grande parte dos
problemas relacionados com contagem. Entretanto, em algumas situações
seu uso torna a resolução muito trabalhosa.
Desta maneira, usamos algumas técnicas para resolver problemas com
determinadas características. Basicamente há três tipos de agrupamentos:
arranjos, combinações e permutações.
Antes de conhecermos melhor esses procedimentos de cálculo, precisamos
definir uma ferramenta muito utilizada em problemas de contagem, que é
o fatorial.
O fatorial de um número natural é definido como o produto deste número por
todos os seus antecessores. Utilizamos o símbolo ! para indicar o fatorial de
um número.
Define-se ainda que o fatorial de zero é igual a 1.
Exemplo

102
O! = 1
1! = 1
3! = 3.2.1 = 6
7! = 7.6.5.4.3.2.1 = 5 040
10! = 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1 = 3 628 800
Note que o valor do fatorial cresce rapidamente, conforme cresce o número.
Então, frequentemente usamos simplificações para efetuar os cálculos de
análise combinatória.
Arranjos
Nos arranjos, os agrupamentos dos elementos dependem da ordem e da
natureza dos mesmos.
Para obter o arranjo simples de n elementos tomados, p a p (p ≤ n), utiliza-
se a seguinte expressão:

Exemplo
Como exemplo de arranjo, podemos pensar na votação para escolher um
representante e um vice-representante de uma turma, com 20 alunos. Sendo
que o mais votado será o representante e o segundo mais votado o vice-
representante.
Dessa forma, de quantas maneiras distintas a escolha poderá ser feita?
Observe que nesse caso, a ordem é importante, visto que altera o resultado
final.

Logo, o arranjo pode ser feito de 380 maneiras diferentes.


Permutações
As permutações são agrupamentos ordenados, onde o número de elementos
(n) do agrupamento é igual ao número de elementos disponíveis.
Note que a permutação é um caso especial de arranjo, quando o número de
elementos é igual ao número de agrupamentos. Desta maneira, o
denominador na fórmula do arranjo é igual a 1 na permutação.
Assim a permutação é expressa pela fórmula:

Exemplo
Para exemplificar, vamos pensar de quantas maneiras diferentes 6 pessoas
podem se sentar em um banco com 6 lugares.

103
Como a ordem em que irão se sentar é importante e o número de lugares é
igual ao número de pessoas, iremos usar a permutação:

Logo, existem 720 maneiras diferentes para as 6 pessoas sentarem neste


banco.
Combinações
As combinações são subconjuntos em que a ordem dos elementos não é
importante, entretanto, são caracterizadas pela natureza dos mesmos.
Assim, para calcular uma combinação simples de n elementos tomados p a p
(p ≤ n), utiliza-se a seguinte expressão:

Exemplo
A fim de exemplificar, podemos pensar na escolha de 3 membros para formar
uma comissão organizadora de um evento, dentre as 10 pessoas que se
candidataram.
De quantas maneiras distintas essa comissão poderá ser formada?
Note que, ao contrário dos arranjos, nas combinações a ordem dos elementos
não é relevante. Isso quer dizer que escolher Maria, João e José é equivalente
à escolher João, José e Maria.

Observe que para simplificar os cálculos, transformamos o fatorial de 10 em


produto, mas conservamos o fatorial de 7, pois, desta forma, foi possível
simplificar com o fatorial de 7 do denominador.
Assim, existem 120 maneiras distintas formar a comissão.
Probabilidade e Análise Combinatória
A Probabilidade permite analisar ou calcular as chances de obter determinado
resultado diante de um experimento aleatório. São exemplos as chances de
um número sair em um lançamento de dados ou a possibilidade de ganhar na
loteria.
A partir disso, a probabilidade é determinada pela razão entre o número de
eventos possíveis e número de eventos favoráveis, sendo apresentada pela
seguinte expressão:

Sendo:

104
P (A): probabilidade de ocorrer um evento A
n (A): número de resultados favoráveis
n (Ω): número total de resultados possíveis
Para encontrar o número de casos possíveis e favoráveis, muitas vezes
necessitamos recorrer as fórmulas estudadas em análise combinatória.

CONJUNTOS NUMÉRICOS: INTRODUÇÃO


A organização dos conceitos matemáticos passou por várias mudanças, até
chegar na forma que hoje estudamos. A concepção dos conjuntos numéricos
recebeu maior rigor em sua construção com Georg Cantor, que pesquisou a
respeito do número infinito. Cantor iniciou diversos estudos sobre os
conjuntos numéricos, constituindo, assim, a teoria dos conjuntos.
A construção de todos os conjuntos numéricos que hoje possuímos parte de
números inteiros usados apenas para contar (números naturais) até os
números complexos que possuem vasta aplicabilidade nas engenharias, nas
produções químicas, entre outras áreas.
Podemos afirmar que um conjunto é uma coleção de objetos, números,
enfim, elementos com características semelhantes.
Sendo assim, os conjuntos numéricos são compreendidos como os conjuntos
dos números que possuem características semelhantes.
Vamos estudar os seguintes conjuntos numéricos:
Conjunto dos números Naturais (ℕ);
Conjunto dos números Inteiros (ℤ);
Conjunto dos números Racionais (ℚ);
Conjunto dos números Irracionais (ℚ′ ou II);
Conjunto dos números Reais (ℝ);

CONJUNTOS NUMÉRICOS: CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS (ℕ)


ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5,...}
Um subconjunto importante de ℕ é o conjunto
ℕ* = {1, 2, 3, 4, 5,...}
(observe que o símbolo * exclui o zero do conjunto)
105
Podemos considerar o conjunto dos números naturais ordenados sobre uma
reta, como mostra o gráfico abaixo:

Adição
a+b=c
Exemplo: 2 + 3 = 5
Subtração (com a > b)
a–b=c
Exemplo: 7 – 4 = 3
Multiplicação
axb=c
Exemplo: 3 x 5 = 15
Divisão (com a múltiplo de b)
a:b=c
Exemplo: 12 : 4 = 3
Potenciação

106
Radiciação

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS (ℤ)

Valor absoluto ou módulo de um número inteiro – e a distância desse


número, na reta numérica, ao zero. Portanto, o valor absoluto de um número
e sempre positivo.

Números simétricos – são dois números a e b tais que a + b = 0.


Exemplo: +6 e -6.
Operações com números inteiros
Adição – Embora haja regras para adicionar dois números inteiros, a maneira
mais fácil de fazer essa operação e considerar os negativos como sendo
quantidades que eu “devo” e os positivos com quantidades que eu “tenho”.
Por exemplo, (+5) + (-8) = +5-8.
Portanto, tenho 5 e devo 8, logo devo 3. Sendo assim, (+5) + (-8) = -3
Analogamente, (-4) + (-3) = -7, pois se devo 4 e devo 3, devo um total de 7.
Subtração – Lembrando que uma subtração pode ser considerada como uma
adição algébrica, ou seja, (+7) – (+3) = +7 – 3, (sinal “menos” antes dos
parênteses muda o sinal de tudo que está dentro dele) temos: (+7) – (+3) =
+7 – 3 = +4

Multiplicação – o produto de dois números inteiros será positivo se eles


tiverem sinais iguais e negativo se tiverem sinais diferentes.

107
Exemplos: (+2) . (-5) = -10.
(-3) . (-7) = +21
Divisão – analogamente a multiplicação, o quociente entre dois números
será positivo se dividendo e divisor tiverem sinais iguais, e negativo, se
tiverem sinais diferentes.
Exemplos: (-26) : (-13) = +2
(+36) : (-4) = -9

Potenciação: uma potência cuja base e um número inteiro e o expoente um


número natural só será negativa se a base for um número negativo e o
expoente um número ímpar. Você pode verificar isso fazendo a multiplicação
que corresponde a potenciação dada.

Multiplicação em ℤ
Para multiplicar números inteiros, deve-se proceder da forma usual,
respeitando a regra dos sinais
Regra dos sinais
Sinais iguais, resultado positivo:
(+).(+) = (+)
(–).(–) = (+)
Sinais diferentes, resultado negativo:
(+).(–) = (–)
(–).(+) = (–)
Expressões Numéricas em Z
Para resolver uma expressão numérica devemos obedecer a seguinte ordem:
1º) Resolver as potenciações e radiciações na ordem em que aparecem
2º) Resolver as multiplicações e divisões na ordem em que elas aparecem
3º) Resolver as adições e subtrações na ordem em elas aparecem

108
CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS (ℚ)

Os números racionais são todos aqueles que podem ser colocados na forma
de fração (com numerador e denominador inteiros). Ou seja, o conjunto dos
números racionais é a união do conjunto dos números inteiros com as frações
positivas e negativas.
Exemplos:

Note que todo número inteiro é racional, como mostra o exemplo a seguir:

É importante considerar a representação decimal de um número racional 𝒂/𝒃,


que se obtém dividindo a por b.

109
CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIONAIS (ℚ′ ou II)

Os números irracionais são decimais infinitos não periódicos, ou seja, os


números que não podem ser escritos na forma de fração (divisão de dois
inteiros). Como exemplo de números irracionais, temos todas as raízes não
exatas, como:

√2=1,4142135…

√3=1,7320508…

Um número irracional bastante conhecido é o número pi:


𝜋=3,1415926535…

Operações entre racionais e irracionais

As quatro operações fundamentais, quando realizadas entre um número


racional e outro irracional, resultam geralmente em um número irracional. Os
únicos casos em que isso não ocorre acontecem na multiplicação e na divisão
podendo, nesses casos, ocorrer resultado racional, se, e somente se, o zero
for fator da multiplicação ou o numerador da divisão.

Operações entre irracionais

As quatro operações fundamentais, quando realizadas entre números


irracionais, podem resultar tanto em números racionais quanto em
irracionais. Observe alguns exemplos:
a) (3+√2)+(2+√2)=3+2+√2+√2=𝟓+𝟐√𝟐 (irracional)
b) (7−√3)+(3+√3)=7+3−√3+√3=𝟏𝟎 (racional)

CONJUNTOS NUMÉRICOS: CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS (ℝ)

110
Dados os conjuntos dos números racionais (ℚ) e dos irracionais (), definimos
o conjunto dos números reais como:
ℝ=ℚ∪
O diagrama abaixo mostra a relação entre os conjuntos numéricos:

Observe que os números naturais, inteiros, racionais e irracionais são todos


números reais. Como subconjuntos importantes de ℝ temos:
ℝ* = conjunto dos números reais sem o zero.
ℝ+ = conjunto dos números reais não negativos
ℝ- = conjunto dos números reais não positivos
Obs: entre dois números inteiros existem infinitos números reais.
Por exemplo, entre os números 1 e 2 existem infinitos números reais:
1,01 ; 1,001 ; 1,0001 ; 1,1 ; 1,2 ; 1,5 ; 1,99 ; 1,999 ; 1,9999 ...
Entre os números 5 e 6 existem infinitos números reais:
5,01 ; 5,02 ; 5,05 ; 5,1 ; 5,2 ; 5,5 ; 5,99 ; 5,999 ; 5,9999 ...
Conjunto

Admitiremos que um conjunto seja uma coleção de objetos chamados


elementos e que cada elemento é um dos componentes do conjunto.
Geralmente, para dar nome aos conjuntos, usaremos uma letra maiúscula do
nosso alfabeto, e os elementos por letras minúsculas.
Para a representação de um conjunto, utilizaremos uma das três formas
seguintes:
Listagem dos elementos
Nesta representação, todos os elementos do conjunto são apresentados numa
lista, envolvidos por um par de chaves e separados por ponto-e-vírgula ou
por vírgula.
Ex: Conjunto dos algarismos pares.
111
A = {0; 2; 4; 6; 8}

Propriedade dos elementos

Quando, pela quantidade, não for conveniente escrever todos os elementos


que formam o conjunto, o descreveremos por uma propriedade possuída por
todos os seus elementos.
Ex: Conjunto dos algarismos pares.
= { x / x é um algarismo par }

Lê-se: O conjunto A é formado pelos elementos x, tal que x é um algarismo


par.
Diagrama de Euler–Venn
Representamos o conjunto por um recinto plano limitado por uma curva
fechada.
Ex: Conjunto dos algarismos pares.

Relação de Pertinência
A relação de pertinência indica se um determinado elemento pertence ou não
a um determinado conjunto.
Exemplo: considerando A = {0; 2; 4; 6; 8}, temos:
2∈𝐴
(o elemento 2 pertence ao conjunto A)
3∉𝐴
(o elemento 3 não pertence ao conjunto A)
Quando fazemos uso da relação de pertinência, estamos, necessariamente,
relacionando um elemento a um conjunto, nesta ordem. Assim, pode
acontecer:
“elemento” ∈ “conjunto” ou
112
“elemento” ∉ “conjunto”.

Observação: Um elemento pertence a um conjunto se ele é “visível” ou


listado no conjunto.
Relação de Inclusão

A relação de inclusão indica se um determinado conjunto está contido ou não


em um outro conjunto. Se todos os elementos de um conjunto pertencem a
outro, então o primeiro conjunto está contido no segundo. Basta um único
elemento do primeiro conjunto não pertencer ao segundo para que o primeiro
conjunto não esteja contido no segundo.
Simbologia:
A⊂B
(O conjunto A está contido no conjunto B)
D⊄E
(O conjunto D não está contido no conjunto E)
B⊃A
(O conjunto B contém o conjunto A)
E⊅D
(O conjunto E não contém o conjunto D)

Quando fazemos uso da relação de inclusão estamos, necessariamente,


relacionando um conjunto a outro conjunto. Assim, pode acontecer:
“ conjunto” ⊂ “ conjunto” ou
“ conjunto” ⊄ “ conjunto” ou
“ conjunto” ⊃ “ conjunto” ou
“ conjunto” ⊅ “ conjunto”.

Observação: Se um conjunto A está contido no conjunto B, dizemos que A é


um subconjunto de B.
Subconjuntos
Quando todos os elementos de um conjunto A qualquer
pertencem a um outro conjunto B, diz-se, então, que A é um
subconjunto de B, ou seja

113
Conjunto Vazio
O Conjunto vazio é o conjunto que não possui elementos. Para
representarmos o conjunto vazio usaremos os símbolos: { }
ou

Conjunto Unitário

É o conjunto que possui apenas um elemento.

Conjunto das Partes

O Conjunto das partes de um conjunto A, denotado por P(A), é o conjunto


formado por todos os subconjuntos do conjunto A. Assim o conjunto das
partes é o conjunto dos subconjuntos.
Lembre-se que dentre os subconjuntos de um dado conjunto, estão o
conjunto vazio e o próprio conjunto.
Ex.: Seja X = {a, e, i}. Então,
P(X) = {{a}; {e}; {i}; {a, e}; {a, i}; {e, i}; {a, e, i}; }
Para indicarmos o número de elementos de um conjunto A, usaremos a
notação n(A), e o número de elementos do conjunto das partes será indicado
por n[P(A)]. Assim:

114
Assim, um conjunto com 4 elementos, terá 24 elementos no seu conjunto das
partes, ou seja, o conjunto A terá no total 16 subconjuntos.
Igualdade de Conjuntos
Dois ou mais conjuntos são iguais quando apresentam exatamente os
mesmos elementos, em qualquer ordem, sendo que elementos iguais, num
mesmo conjunto, serão considerados uma única vez. Daí, podemos afirmar
que é verdadeira a igualdade dada por:
A= { a; b; c} = { c; b; a} = { a; a; a; b; b; b; c; c}
Simbolicamente a igualdade entre conjuntos fica definida como:

Operações com Conjuntos


União de Conjuntos
Dados os conjuntos A e B, define-se como união dos conjuntos A e B ao
conjunto representado por A U B, formado por todos os elementos
pertencentes a A ou B, ou seja:
𝐴∪𝐵={𝑥 | 𝑥∈𝐴 𝑜𝑢 𝑥∈𝐵}

Intersecção de Conjuntos
Dados os conjuntos A e B, define-se como intersecção dos conjuntos A e B ao
conjunto representado por , formado por todos os elementos
pertencentes a A e B, simultaneamente ou seja:
𝐴∩𝐵={𝑥 | 𝑥∈𝐴 𝑒 𝑥∈𝐵}

115
Diferença de Conjuntos
Dados os conjuntos A e B, define-se como diferença entre A e B (nesta
ordem) ao conjunto representado por A – B, formado por todos os elementos
pertencentes a A, mas que não pertencem a B, ou seja:
𝐴−𝐵={𝑥 | 𝑥∈𝐴 𝑒 𝑥∉𝐵}

Produto Cartesiano
Dados os conjuntos A e B, chama-se produto cartesiano de A por B ao
conjunto A X B, formado por todos os pares ordenados (x,y), onde x é
elemento de A e y é elemento de B, ou seja:
𝐴 𝑋 𝐵={(𝑥,𝑦) | 𝑥∈𝐴 𝑒 𝑦∈𝐵}
Número de subconjuntos de um conjunto
Se um conjunto A possuir n elementos, então existirão 2n subconjuntos de A

116
Razão e Proporção
A razão entre dois números a e b é obtida dividindo-se a por b.
Obviamente b deve ser diferente de zero. 32: 16 é um exemplo de razão cujo
valor é 2, isto é, a razão de 32 para 16 é igual a 2.
Você só poderá obter a razão entre o comprimento de duas avenidas, se as
duas medidas estiverem, por exemplo, em quilômetros, mas não poderá
obtê-la caso uma das medidas esteja em metros e a outra em quilômetros ou
qualquer outra unidade de medida que não seja o metro. Neste caso seria
necessário que fosse eleita uma unidade de medida e se convertesse para
ela, a grandeza que estivesse em desacordo.

Na razão, o número a é chamado de antecedente e o b tem o nome


de consequente.
Porcentagem ou razão centesimal são as razões cujo termo consequente é
igual a 100. Representamos a porcentagem através do símbolo "%".
10% é o mesmo que 0,10 (10 centésimos).

Proporção nada mais é que a igualdade entre razões.


Digamos que em determinada escola, na sala A temos três meninos para
cada quatro meninas, ou seja, temos a razão de 3 para 4, cuja divisão de 3
por 4 é igual 0,75. Suponhamos que na sala B, tenhamos seis meninos para
cada oito meninas, então a razão é 6 para 8, que também é igual 0,75. Neste
caso a igualdade entre estas duas razões vêm a ser o que chamamos
de proporção, já que ambas as razões são iguais a 0,75.
Regra de três é um método de resolução de problemas que envolvem
grandezas proporcionais.
"Um automóvel viajando a 80km faz determinado percurso em 2 horas. Se a
viagem fosse realizada à velocidade de 120km, qual seria o tempo gasto?".
Este é um exemplo de problema que pode ser resolvido via regra de três, no
caso uma regra de três simples inversa.
A solução dos problemas de regra de três tem como base a utilização da
"propriedade fundamental das proporções" e a "quarta proporcional".

Grandezas diretamente proporcionais

São as grandezas proporcionais que se comportam de maneira igual - à


medida que uma grandeza aumenta a outra também aumenta.

117
Grandezas inversamente proporcionais

São as grandezas proporcionais que se comportam de maneira inversa - à


medida que uma grandeza aumenta a outra diminui.

Resolução de problemas de regra de três

1. Os 33 alunos formandos de uma escola estão organizando a sua festa de


formatura e 9 desses estudantes ficaram encarregados de preparar os
convites. Esse pequeno grupo trabalhou durante 4 horas e produziu 2.343
convites. Admitindo-se que todos os estudantes sejam igualmente eficientes,
se todos os 33 formandos tivessem trabalhado na produção desses convites,
o número de convites que teriam produzido nas mesmas 4 horas seria igual a
a) 7.987
b) 8.591
c) 8.737
d) 9.328
e) 8.926.
Nesse caso temos uma regra de três simples, porque apenas duas grandezas
estão variando: número de alunos e quantidade de convites.
Para começar, vamos montar uma tabela, iniciando sempre pela grandeza da
pergunta, que, em nosso exemplo, é a grandeza quantidade de convites. Em
seguida, preenchemos a tabela com os dados do problema e uma incógnita
“x” para o valor desconhecido. Então:

Em seguida, vamos analisar as grandezas e identificar se são direta ou


inversamente proporcionais. Podemos afirmar que as grandezas do problema
são diretamente proporcionais, pois quanto maior for o número de alunos
preparando os convites, mais convites serão preparados, isto é, quando uma
grandeza aumenta, a outra também aumenta. Podemos resumir essas
conclusões em nossa tabela:
Continuando, vamos construir uma proporção entre as grandezas, colocando
sempre a grandeza onde estiver a incógnita “x” de um lado e a outra
grandeza do outro lado, estando atentos para os seguintes critérios:
118
A grandeza da incógnita “x” sempre permanece na posição em que está na
tabela.

de onde, simplificando 9 e 33 por 3, tiramos

Portanto, teriam produzido 8591 convites, o que corresponde a alternativa B.

Porcentagem

Cálculo de Percentual

REGRA: Multiplica-se os valores e ao final, corta-se dois zeros.


Exemplo Resolvido
5% de 60.
1) multiplica-se: 5 x 60 = 300

119
2) corta-se dois zeros: 3ՓՓ = 3
Logo, 5% de 60 = 3.
Perceba que sugerimos um método novo para o cálculo de porcentagem! Seu
uso é importante em provas de concursos pela rapidez.

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES

É a média tradicional, aquela em que somamos os elementos e dividimos pela


quantidade de elementos.
Exemplo
Calcule a média aritmética simples entre 3, 7 e 14.

Veja que nesse caso, como eram 3 valores, dividimos por 3.


Exemplo
Calcule a média entre 4, 6, 10 e 12.

Nesse novo exemplo dividimos por 4, pois eram 4 valores.


Média aritmética ponderada
É a média que trabalha com pesos, com importância maior para alguns
valores. a ideia será a mesma que da aritmética, embora tenhamos que levar
os pesos em consideração.
Fórmula

120
V = valores
P = pesos dos valores
Exemplo

ÂNGULOS
Ângulo é qualquer uma das duas regiões do plano limitadas por duas
semirretas de mesma origem.
As semirretas que limitam um ângulo são os seus lados e sua origem
comum é o vértice do ângulo. Um ângulo de vértice A e lados 𝑨𝑩 e 𝑨𝑪 é
denotado pelo
símbolo ∢BAC, ou simplesmente por ∢A. O símbolo ∢BAC representa o
ângulo convexo de lados 𝑨𝑩 e 𝑨𝑪 , salvo menção contrária.

121
Dois ângulos são chamados congruentes quando possuem medidas
iguais.

Dois ângulos são chamados adjacentes se têm o mesmo vértice, um


lado comum e não apresentam pontos internos comuns.

PRISMAS

122
ÁREAS E VOLUME DOS PRISMAS RETOS

ÁREAS E VOLUME DO CILINDRO CIRCULAR


RETO

PIRÂMIDES

123
ÁREAS E VOLUME DAS PIRÂMIDES RETAS

ÁREAS E VOLUME DO CONE CIRCULAR RETO

RELAÇÃO
ENTRE
ALTURA, RAIO E GERATRIZ

124
ESFERAS

Dados um ponto O e uma distância R, chama-se esfera de centro O e raio R o


conjunto de todos os pontos do espaço situados a uma distância menor ou
igual a R de O.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

125
A Psicologia e a Saúde: o papel do psicólogo na equipe
multidisciplinar

Trabalhar no contexto hospitalar exige a integração de uma equipe de


profissionais para que o atendimento seja com garantias de qualidade,
humanização e que possa atender a singularidade de cada paciente.

A atuação do psicólogo no contexto hospitalar se caracteriza por um


“conjunto de ações psicoterapêuticas capaz de eliminar, diminuir ou prevenir
riscos à saúde mental e de intervir nos problemas sanitários decorrentes da
patologia orgânica, da hospitalização, dos tratamentos medicamentosos e
cirúrgicos, e da reabilitação. É fundamental que haja a inter-relação das
diversas modalidades de atuação para atender as necessidades do paciente, e
nesse ponto, o trabalho em equipe multidisciplinar se mostra relevante ao
atendimento com paciente e seus familiares.

A importância do trabalho em equipe

O trabalho em equipe é essencial no contexto hospitalar, onde médicos,


enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, técnicos de
enfermagem, fisioterapeutas e os demais profissionais envolvidos nesse
atendimento possam estabelecer uma integração para que o paciente possa
encontrar nesse cenário um atendimento humanizado e a resposta a outras
necessidades do mesmo.

Essa integração da equipe para estabelecer um plano de trabalho com


cada paciente se dá através do uso de prontuários pelas equipes de saúde,
onde cada profissional descreve as considerações e relevâncias do paciente e
seu adoecimento. É fundamental que seja aberto um espaço para discussão
dos casos de cada paciente.

A equipe multidisciplinar deve construir uma relação entre profissionais,


onde o paciente é visto como um todo, considerando um atendimento
humanizado. Dessa forma, foca-se nas demandas da pessoa, e a equipe tem
por finalidade atender as necessidades globais da pessoa, visando seu bem-
estar. Para que isso ocorra é importante que haja um vínculo entre o paciente
e os profissionais, que pode ser considerado no manejo do psicólogo inserido
no contexto hospitalar. Tal inserção é favorável nas instituições quando esse
tem a oportunidade e espaço para reuniões entre os variados profissionais da
equipe multidisciplinar, para poder destacar a importância do reconhecimento
do conjunto dos aspectos emocionais do paciente.

O psicólogo tem um papel central na tríade paciente-família-equipe de


saúde, pois exerce a importância da comunicação entre essa tríade, para
resultar positivamente no tratamento e cuidado ao paciente além do suporte
aos familiares. O psicólogo também tem a responsabilidade de organizar e
126
esclarecer sobre a importância das funções e suas relações exercidas em
benefício do paciente.

Em equipes multidisciplinares compete ao psicólogo: esclarecer sobre


acontecimentos biológicos que provocam mudanças significativas na vida das
pessoas; informar sobre causas, consequências e tratamento de doenças que
os pacientes apresentam; assegurar a adesão ao tratamento; auxiliar na
adaptação à nova condição de saúde; propiciar trocas de experiência entre
pessoas que enfrentam situações semelhantes; criar oportunidades de
contato com a equipe para esclarecer dúvidas; comunicar normas e rotinas de
determinada unidade; e avaliar a qualidade dos serviços oferecidos pela
instituição.

O psicólogo precisa auxiliar a equipe de saúde para conscientização da


importância do trabalho multidisciplinar, onde poderá ajudar a equipe a
entender claramente suas funções, objetivos, facilitar a comunicação entre
paciente, familiares e equipe. O psicólogo precisa comunicar seu saber
científico e as percepções do paciente para a equipe de saúde, expressando a
necessidade de visualizar o paciente em sua singularidade, e assim inserir
ações humanizadas.

Uma questão importante a ressaltar, é que nem sempre o psicólogo tem


uma porta aberta no contexto hospitalar. Essa resistência, ou
desconhecimento de alguns profissionais, dificultam o acesso das funções do
psicólogo para com pacientes, familiares e a própria equipe.

O psicólogo enfrenta dificuldades para trabalhar em equipe


multidisciplinar em virtude de dois fatores limitadores. Um deles é o reduzido
número de psicólogos e, por conseguinte, a limitação de tempo, indicados nas
dificuldades em conciliar o acompanhamento às visitas médicas, a discussão
de casos e o atendimento psicológico. O outro é a pouca disposição dos
chefes de serviços em conceder espaço ao trabalho de equipe.

Nas instituições de saúde são indispensáveis que os papéis, e as tarefas


profissionais de cada membro da equipe sejam claramente delimitados.
Principalmente porque a indefinição ou a ambiguidade relativa ao papel
profissional podem gerar conflitos na equipe, ao se acumularem expectativas
inadequadas ou mal delimitadas entre seus membros. A respeito disso pode-
se afirmar que

[…] a delimitação do papel profissional acompanha as expectativas dos


outros membros da equipe quanto ao papel que o profissional em questão
deve exercer, acrescidas das próprias expectativas do profissional sobre sua
capacidade de realização e de interpretação das expectativas dos outros.

Em geral, no hospital geral, é muito comum ocorrerem conflitos em


equipes compostas por profissionais com distintos graus de instrução e
127
conhecimentos sobre as outras especialidades, sendo que o potencial
conflitivo torna-se aumentado se não houver compreensão das capacidades
dos membros, se o profissional visualizar a tarefa como invasão de terreno
dos outros profissionais, se assumir um comportamento defensivo em prol
das prerrogativas profissionais e se acreditar na falha de utilização plena das
qualificações dos outros membros.

A postura diante ao trabalho, devem ser delineadas pela disposição de


compartilhar os diversos saberes, ter flexibilidade, vontade de aprender e
disposição decisões conjuntas. O respeito e a confiança também são
essenciais, assim como os atributos pessoais de cada membro da equipe
(autoconfiança, boa capacidade de comunicação, e profissionalismo). O
trabalho em equipe deve ser compreendido pela maneira como a equipe
exerce suas tarefas, acrescentado da análise de cada funções, regras e
valores, aspectos que dizem respeito à liderança e decisões, definição de
objetivos, interação e exercício de poder.

Concepções de saúde e doença.

O conceito médico, baseado no modelo biomédico tradicional, com


influência do modelo cartesiano, adota a cisão entre mente e corpo e define
saúde como ausência de doença, a qual é vista como o mau funcionamento
dos mecanismos biológicos. Esse modelo propõe o corpo como uma máquina
e, para um bom funcionamento, deve ter ausência de problemas, sinais ou
sintomas. Dessa forma, o médico intervém quimicamente, concentrando-se
em detalhes específicos do corpo, valorizando o aspecto orgânico, em
detrimento de outros aspectos envolvidos no processo de adoecer.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) ampliou a concepção do modelo
biomédico acerca do processo saúde/ doença, na medida em que, ao se
estabelecer relações com as áreas sociais e psíquicas, o processo
saúde/doença deixa de ter caráter estritamente causal e a intervenção
extrapola o aspecto físico ou químico. O diferencial desta nova definição é a
visão holística de saúde, visto que a concebe como um estado positivo de
bem-estar. Entretanto, esta definição recebe críticas por apresentar um
caráter estático e subjetivo. A proposição subjacente a este conceito implica a
ideia de saúde como um estado perfeito e completo, o que é irreal e
inatingível. Essa visão não considera o intercâmbio, muitas vezes conflituoso,
existente entre o ser humano e o seu meio ambiente, além da postura
humana ativa e dialética frente aos antagonismos sociais.
Ademais, a definição da OMS é ampla e vaga, perdendo especificidade
para ser definida operacionalmente e aplicada em situações práticas. Faltam
qualidades que efetivamente definam o que seja bem-estar. Ao mesmo
tempo, que as expressões “perfeição” e “bem-estar” não existem por si
mesmas, estando sujeitas a uma descrição dentro de um contexto que lhes
empreste sentido, partindo da linguagem e da experiência singular do
indivíduo. Portanto, bem-estar, felicidade ou perfeição ocorrem para um
128
sujeito que, dentro de suas crenças e valores, dá sentido a tal uso semântico,
legitimando-o. Segundo a perspectiva ecológica, o processo saúde/doença
deve ser compreendido de forma mais abrangente, considerando a
historicidade, multidimensionalidade e a processualidade. A historicidade diz
respeito à influência do contexto sociocultural sobre a definição de práticas
ditas saudáveis ou não. Isso é decorrente da constatação de que a saúde e,
por conseguinte, a doença, nem sempre foram vistas da mesma forma ao
longo da história e nas diferentes culturas.
A integralidade ou multidimensionalidade, por sua vez, refere-se à
consideração da saúde e da doença a partir de aspectos psicológicos, sociais e
espirituais, além dos biológicos, tradicionalmente destacados. Dessa forma, a
saúde deixa de ser vista como ausência de doença, ao passo que a
compreensão da doença também não fica restrita à alteração/desequilíbrio
biológico. Por fim, a processualidade diz respeito à consideração da saúde e
da doença como partes de um mesmo continuum e não como estado absoluto
e estático, independentes um do outro.
As ideias dos indivíduos sobre saúde e doença têm impacto sobre suas
atitudes e comportamentos de saúde. Nesse sentido, na literatura há uma
tendência à realização de pesquisas sobre as visões das pessoas, dos mais
variados contextos, a respeito das noções de saúde e doença. Uma ideia
comum subjacente às pesquisas que se dedicam ao estudo da visão de saúde
e doença é a de que estas são fortemente influenciadas pelo contexto cultural
em que ocorrem. Dessa forma, a definição do que é saudável e doente,
normal e anormal, são e insano, varia tanto Inter culturalmente quanto intra
culturalmente.
Papel de destaque foi atribuído à visão de saúde e doença, pois alguns
autores afirmam que elas condicionam a forma como cada pessoa
experimenta seus estados de saúde e de doença, os comportamentos
adotados para evitar a doença ou restabelecer a saúde e, inclusive, as
próprias práticas de atendimento à saúde. A saúde e doença podem ser vistas
como expressão social e individual e, também, como expressão das
contradições sociais. A partir dessas visões, o contexto sociocultural é
percebido como influenciando a definição das atitudes e comportamentos
relacionados à saúde/doença e à própria legitimação da condição de “estar
doente”. No entanto, a vivência pessoal desses estados ao longo da vida por
cada indivíduo também deve ser um aspecto a ser considerado, uma vez que,
“é no indivíduo que essas visões se unificam: é ele que sofre os males ou
detém a saúde”.
O entendimento das concepções de saúde/doença enquanto expressões
da realidade social, que refletem as contradições do sistema capitalista, é
outra contribuição à compreensão da construção social das concepções de
saúde e doença. As representações dominantes são mediadas pelos
profissionais de saúde que tendem a se ater ao contorno biológico e individual
do doente para explicar o fenômeno saúde/doença. Ao fazer isso, separam o
sujeito de seu meio, de sua experiência existencial e dos condicionamentos
129
de sua situação. Atualmente, a mídia pode ser considerada como o maior
veículo de reprodução das representações dominantes, usurpando a
capacidade crítica e singular de cada indivíduo, ao manipular as ideias a
serem disseminadas e deturpando as realidades como lhe convêm. O
processo de reelaboração de conceitos na sociedade é desafiante e pode
influenciar na reorganização de dispositivos e estratégias de atendimento e
inclusão do doente mental.
Os conceitos de saúde e doença mental, bem como as estratégias de
ação usadas pelos indivíduos, podem ser considerados como barreiras no
acesso aos cuidados de saúde mental na medida em que dificulta a busca,
adesão e manutenção do tratamento necessário. Enfocar a visão do usuário é
reconhecê-lo como ator social envolvido no sistema. Nesta perspectiva,
usuários adolescentes, ou potenciais usuários, podem dar uma contribuição
relevante à formação de conhecimentos na área da saúde mental, que irá
apoiar as decisões de gestores e profissionais de saúde.
As concepções de saúde e doença variaram ao longo do tempo, sendo
representativas da conjuntura social, política, histórica e cultural de um povo
e uma nação. Assim, a saúde não é sempre representada da mesma forma,
depende sim da época, do lugar, da classe social, é vinculado aos valores
individuais, às concepções científicas, religiosas e filosóficas de uma
sociedade. O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças.

Panorama histórico da evolução destes conceitos.

PRÉ-HISTÓRIA = PENSAMENTO MÁGICO-RELIGIOSO


Crença na saúde e doença como resultado da influência de forças
sobrenaturais (deuses, demônios, feitiçaria, possessão). Estas determinavam
a saúde dos indivíduos, tinham o poder de protegê-los e curá-los. As
intervenções para tratamento e cura das doenças baseavam-se em chás,
sacrifícios e rituais, sendo um exemplo destas, a trepanação, que consistia na
abertura do crânio para saída dos espíritos maus.

ANTIGUIDADE = INÍCIO DAS EXPLICAÇÕES NATURAIS

Rompimento da concepção mágico-religiosa e surgimento da teoria


humoral de Hipócrates. Esta teoria considera que os indivíduos têm quatro
humores que irão orientar sua saúde e doença, os quais são: sangue, bile
negra, bile amarela e fleuma. Quando ocorre a perda da homeostasia entre
esses humores dá-se o adoecimento.

130
IDADE MÉDIA= RETORNO DO PENSAMENTO MÁGICO- RELIGIOSO
Ascensão da Igreja Católica que retoma a concepção mágico-religiosa
da saúde e doença, considerando o adoecimento como punição divina a
pecados cometidos pelos indivíduos. A cura para as enfermidades baseava-se
na realização de penitências e exorcismos. Ademais, qualquer indivíduo que
contrariasse as ideias da igreja sofria perseguição.

Nesta época, houve uma grande proliferação de doenças, especialmente a


Peste Bubônica (Peste Negra).
RENASCENÇA = RESSURGIMENTO DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Aparecimento das primeiras universidades e aprofundamento dos


estudos acerca da anatomia humana; visão do corpo como máquina e
surgimento do dualismo mente- corpo de René Descartes que defende que
estes não se relacionam; desenvolvimento da Teoria Miasmática (Maus ares)
que acreditava que doenças poderiam circular no ar e assim causar
adoecimento aos indivíduos.
MODERNIDADE = BIOLOGIA

Desenvolvimento da teoria anatômica que coloca o corpo físico do indivíduo


como centro dos estudos; da teoria celular e da teoria dos germes. Ademais,
ocorre o surgimento do modelo biomédico.

CONTEMPORANEIDADE = PLURALIDADE
As concepções de saúde e doença passam a envolver também dimensões
subjetivas além das biológicas. Há a compreensão que as doenças variam
historicamente.
Podemos compreender esse histórico também em termos de Revoluções da
Saúde, momentos demarcados por drásticas mudanças nos paradigmas sobre
saúde e doença.

PRIMEIRA REVOLUÇÃO DA SAÚDE

• Consequente da Revolução Industrial;

131
• Foi um dos primeiros campos de aplicação do modelo biomédico;
• Implementação de ações sanitárias e políticas de saúde; e
• Intervenções centradas na doença.
SEGUNDA REVOLUÇÃO

• Consequente das investigações epidemiológicas e sanitárias que iniciam em


1970;
• Reconhecimento de que nos países desenvolvidos o comportamento
humano era a principal causa de morbidade mortalidade;
• Preconização do retorno a uma perspectiva ecológica que considera a
relação da natureza com os indivíduos; e
• Intervenções centradas na saúde.

TERCEIRA REVOLUÇÃO

• Consequente das mudanças na etiologia da morbidade e mortalidade no


final do século XX;
• Reflete as alterações demográficas, os impactos da revolução tecnológica e
da aproximação dos serviços de saúde a comunidade.
• Decorre dos efeitos da segunda revolução e sua incapacidade de dar
respostas a problemas emergentes.
ALGUNS CONCEITOS

• Conceito negativo de saúde e doença: compreende a saúde como ausência


de doença ou doença como ausência de saúde.
• Conceito positivo de saúde e doença: a saúde não se restringe a ausência
de doença e busca-se atuar sobre seus determinantes.
• Doença: processo fisiopatológico determinante do estado de disfunção, e
consequentemente desabilidade funcional e deficiência do indivíduo.
• Enfermidade: concernente ao estado subjetivo do indivíduo afetado e
decorrente da própria conscientização.
• Anormalidade: seria pertinente ao “papel do paciente” que a pessoa assume
na sociedade, ou seja, a correspondente disfunção social.
Nessa trajetória, o conceito de saúde vem sofrendo mudanças, por ter
sido definido como “estado de ausência de doenças”; foi redefinido em 1948,
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como “estado de completo bem-
132
estar físico, mental e social”, passando de uma visão mecânica da saúde para
uma visão abrangente e não estática do processo saúde-doença.
A definição de saúde presente na Lei Orgânica de Saúde (LOS), n.
8.080, de 19 de setembro de 1990, procura ir além da apresentada pela
OMS, ao se mostrar mais ampla, pela explicitação dos fatores determinantes
e condicionantes do processo saúde-doença. Esta lei regulamenta o Sistema
Único de Saúde, e é complementada pela Lei n. 8142, de dezembro de 1990.
O que consta na LOS é que A saúde tem como fatores determinantes e
condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico,
o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer, o
acesso a bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população
expressam a organização social e econômica do país.

Psicologia Hospitalar: teoria e prática

A psicologia hospitalar por ser uma área que lida diretamente com a
subjetividade e sofrimento do outro exige que o psicólogo entenda os limites
de sua atuação para não se tornar um dos elementos invasivos provenientes
da hospitalização, bem como promover a humanização e a transformação
social no ambiente hospitalar, sem ficar preso nas teorizações que isolam
conflitos mais amplos. Conjuntamente com o enfoque da humanização e do
atendimento em saúde, a interdisciplinaridade é uma das bases da tarefa do
psicólogo que adentra no hospital, pois partindo desse pressuposto o sujeito
doente deve ser considerado biopsicossocial.
Contudo, é um desafio para o profissional da psicologia adentrar em um
contexto onde se predomina o olhar biomédico, onde há limites institucionais
regidos por regras, condutas e normas, além disso, o trabalho do psicólogo é
muitas vezes deficiente no contexto hospitalar, pois a ausência de estrutura
física impossibilita o espaço de cuidado do psicólogo. Ainda é muito presente
o modelo tradicional de atuação do mesmo nesse contexto, porém, na
verdade, mesmo que se busquem novas formas de cuidados psicológicos, nos
deparamos com situações onde o profissional obriga-se a exercer seu
trabalho nos corredores e entre macas.
O estado precário da saúde da população brasileira é um entrave dentro
do saber psicológico, pois exige do profissional uma revisão de seus valores
pessoais, acadêmicos e emocionais. Assim, nessa perspectiva, o contexto
hospitalar difere-se do contexto de aprendizagem e orientação acadêmica, já
que se percebe uma realidade precária nas condições de saúde da população
que é alvo constante das injustiças sociais e aspira por um tratamento
hospitalar digno. Diante dessa concepção e das dúvidas que abarcam a
psicologia e o papel do psicólogo hospitalar, a pesquisa realizada teve como
objetivo entender a construção do papel do psicólogo hospitalar na
atualidade, verificando a construção histórica do perfil desse profissional na

133
realidade brasileira e seus possíveis desdobramentos, levando em
consideração sua atuação na dimensão assistencial e na saúde pública
atualmente.
A Psicologia Hospitalar é um conjunto de contribuições científicas,
educativas e profissionais que as várias correntes da psicologia oferecem para
prestar uma assistência de maior qualidade aos pacientes hospitalizados. O
psicólogo hospitalar é o profissional que detém esses saberes e técnicas para
aplicá-los de forma sistemática e coordenada, sempre com o intuito de
melhorar a assistência integral do sujeito hospitalizado. O trabalho do
psicólogo hospitalar é especificamente direcionado ao restabelecimento do
estado de saúde do doente ou, ao controle dos sintomas que comprometem
bem-estar do paciente. Ainda segundo esse mesmo autor existem seis tarefas
básicas do psicólogo hospitalar:

 A função de coordenação, relacionadas às atividades com os


funcionários da instituição.
 A função de auxílio à adaptação, intervindo na qualidade do processo de
adaptação e recuperação do paciente internado.
 A função de Inter consulta: Auxiliando outros profissionais a lidarem
com o paciente.
 A função de enlace, de intervenção, por meio de delineamento e
execução de programas com os demais profissionais, para modificar ou
instalar comportamentos adequados dos pacientes.
Assistência direta: Atua diretamente com o paciente;
A função de gestão de recursos humanos: aprimora os serviços dos
profissionais da instituição, o que contribui de forma significativa para a
promoção de saúde.
No contexto hospitalar, o psicólogo deve buscar estabelecer um contato
mais próximo com outras profissões. A saúde não é de competência de um
único profissional, ela é uma prática interdisciplinar e os profissionais das
muitas e diferentes áreas de atuação, devem agregar-se em equipes de
saúde, tendo como objetivos comuns estudar as interações psicossociais e
encontrar métodos adequados que propiciem uma prática integradora, tendo
como enfoque a totalidade dos aspectos inter-relacionados à saúde e à
doença.
Conjuntamente com o enfoque da humanização do atendimento em
saúde, a interdisciplinaridade é uma das bases da tarefa do psicólogo que
adentra ao hospital, pois partindo do pressuposto de que o ser doente deve
ser considerado biopsicossocial. Essas três esferas interdependem e inter-
relacionam-se à outra, mantendo o ser doente, intercâmbios contínuos com o
meio em que vive, num constante esforço de adaptação à sua nova condição
de doente […].”

134
Está abrangência multidisciplinar e estratégica da atuação do psicólogo
hospitalar, pelo reconhecimento do campo de saúde como uma realidade
complexa, e que necessita de conhecimentos distintos integrados é que define
a necessidade de intervenção de forma imediata. Portanto, estas ações
deveriam envolver profissionais de diferentes áreas em uma rede de
complementaridade onde são mantidas as exigências organizacionais
unitárias.

O PSICÓLOGO HOSPITALAR E A FAMÍLIA DO PACIENTE

O acompanhamento psicológico junto à família do paciente é muito


importante pois, o familiar vivencia um momento de crise acometido pelo
sentimento de impotência frente a moléstia de seu ente querido, e também
seu temor pelo falecimento; pela dificuldade em compreender o que se passa
com o paciente; pela distância imposto pelo ambiente hospitalar (o que
impossibilita o familiar de cuidar, ele mesmo do paciente); a dor da
impotência diante o sofrimento do outro.
Em relação à importância de se prestar uma assistência psicológica à
família do doente:

No hospital, o psicólogo hospitalar também estará realizando avaliação


e atendimento psicológico aos familiares, apoiando-os e orientando-os em
suas dúvidas, angústias, fantasias e temores. Junto à família, o psicólogo
deverá atuar apoiando e orientando, possibilitando que se reorganize de
forma a poder ajudar o paciente em seu processo de doença e hospitalização.
Não se pode perder de vista a importância da força afetiva da família. Ela
representa os vínculos que o paciente mantém com a vida e, é, quase
sempre, um importante força de motivação para o paciente na situação de
crise.
Nesse sentido, pode-se acrescentar que o psicólogo avalia o estado
emocional do paciente e da família e o impacto do adoecimento e da
internação para ambos. Avalia também as possíveis crenças ou ideias
distorcidas que os familiares têm em relação ao quadro clinico do paciente, e
a relação do paciente e da família com a equipe profissional, uma vez que
todos esses fatores podem influenciar no tratamento. A partir destas
considerações o profissional da psicologia fará suas intervenções.
Ao trabalhar com o paciente enfermo, o psicólogo lida com o sofrimento
físico e psíquico, tendo que compreender o sujeito em sua integralidade,
entendendo e considerando o conflito determinado pela situação da doença e
da hospitalização, o sofrimento físico, a dor e o mal-estar, destacando que a
necessidade do atendimento psicológico muitas vezes não é percebida pelo
paciente, pois diante da situação em si, todas as preocupações estão voltadas
135
para o corpo doente, fazendo necessário então que a atuação preventiva no
contexto hospitalar se torne real, com o objetivo de oferecer ajuda para que
os pacientes possam alcançar o reconhecimento das motivações que estão
subjacentes a seus problemas, dedicando-se precocemente ao diagnóstico de
transtornos psicológicos do paciente e seus familiares, em trabalho diário com
o objetivo de decodificar suas dificuldades. Com um perfil mais emergencial e
focal, a intervenção pode ser feita pela psicoterapia breve ou pela
psicoterapia de emergência, dando total apoio e suporte ao paciente,
considerando o momento de crise vivenciado pelo mesmo na situação
especial e crítica da doença e sua hospitalização, sendo assim, tanto a
psicoterapia de emergência como a intervenção em crise são caracterizadas
como técnicas breves Advindas da psicanálise com especificas adaptações no
nível estratégico para situações de emergência ou crise.
A importância do olhar do psicólogo em relação aos pacientes
hospitalizados, devendo levar em consideração alguns aspectos importantes
nos processos de resolução da crise, sendo eles: os traços de personalidade
dos pacientes, suas atitudes frente a vida, a maturidade interna e o grau de
integração psíquica, as crenças que o mesmo possui sobre sua doença, suas
reações a crises passadas e suas perdas significativas, os sinais psicológicos
ou físicos de depressão, a presença de reações ou sinais paranoides e por fim
a doença instalada, onde a psicoterapia emergencial surge como um apoio
caracterizando-se de um processo de superação dos problemas ligados a
situações de natureza traumática, onde dependendo do olhar que a pessoa
tem sobre a situação permite que a mesma possa expressar livremente seus
sentimentos em relação ao seu estado, sendo indicada a pacientes que
passam por sobrecarga emocional muito grande, auxilia o paciente a
atravessar o período crítico em que se encontra, determinado pelo processo
da doença e hospitalização, permitindo-lhe buscar a elaboração e integração
subjetiva dos acontecimentos.

Considerando que o hospital é uma instituição marcada pela luta


constante entre a vida e a morte. Um dos princípios significativos da
psicologia no contexto hospitalar é a atuação conjunta do psicólogo e as
equipes de saúdes, onde o objetivo é maximizar nos pacientes a esperança de
melhora, cura e minimização ou suspensão do sofrimento em si, já que a
maioria das pessoas tem uma imagem negativa relacionada ao ambiente
hospitalar, marcada por mortes e sofrimentos, sendo um local onde excita
uma batalha constante diante das condutas terapêuticas. Portanto, a atuação
do psicólogo requer uma maturidade que passa pelo exame detalhado de sua
posição diante da morte e do morrer, sendo de suma importância o
profissional elaborar o medo e a negação em relação a essa problemática,
diagnosticar em si as dificuldades de enfrentamento e elaboração da própria
negação da morte para então entender a negação da própria instituição, do
paciente e dos familiares, sendo que muitas vezes trabalhar com o sofrimento

136
ou perda de significado da existência pelo paciente pode despertar nos
profissionais as mesmas vivências.

A tarefa do psicólogo se define pela capacidade de apoio, compreensão


e direcionamento humanizado das diferentes situações pelas quais passam
esses pacientes e seus familiares, e culminar para que todo programa
terapêutico eficaz e humano deva incluir apoio psicológico para o
enfrentamento de todo o processo de doença e possibilidade de morte, pois o
manejo de pacientes hospitalizados inclui a adaptação fisiológica e medica e a
adaptação psicológica e existencial frente a situação traumática em si.
Em relação aos pacientes e seus familiares, o psicólogo deve estruturar
um trabalho de psicoterapia pautado num modelo comunicativo, reforçando o
trabalho estrutural e de adaptação dos pacientes e seus familiares no
enfrentamento da problemática vivenciada por ambos, direcionado, então, em
um nível de apoio, atenção, compreensão, suporte ao tratamento, clarificação
dos sentimentos, esclarecimentos sobre a doença e o fortalecimento dos
vínculos pessoais e familiares.
Em segundo plano, o psicólogo hospitalar pode ainda realizar a
formação de grupos com o objetivo de informar, culminando num espaço de
reflexão e expressão dos sentimentos, minimizando o impacto emocional e
estresse vivenciados pelos mesmos. Em relação às equipes de saúde, o
psicólogo hospitalar pode sistematizar a realização de grupos operativos,
realizando um treinamento e clarificando o papel de cada profissional, além
de estimular a realização de atividades para a diminuição do estresse visto
que em profissionais da área da saúde o nível de estresse é elevado.
Um dos principais desafios da psicologia tem sido fundamentar e
desenvolver técnicas de intervenção psicológica quem atendam às demandas
específicas de pacientes em ambientes hospitalares, tendo como objetivo
possuir intervenções que levem aos pacientes uma melhor aceitação de sua
doença bem como o tratamento, onde as intervenções com os pacientes em
crise constituam na utilização de técnicas para diminuir a ansiedade,
favorecendo o desenvolvimento de um estado emocional mais tolerável e
capaz de restaurar a estabilidade afetiva e suas relações com o ambiente.

Saúde Mental: conceito de normal e patológico

O conceito de saúde e de normalidade na Medicina é questão de grande


controvérsia. Essa problemática se insere principalmente nos casos limítrofes,
em que a delimitação entre comportamentos e formas de sentir normais e
patológicas é bem complicada. Nesse sentido, vale lembrar o grande

137
estudioso no assunto, filósofo e médico, Georges Canguilhem (1978), autor
do livro “o normal e o patológico”.
Nessa perspectiva, não se pode estudar o conceito de normalidade sem
se debruçar também nos conceitos de saúde e doença mental. Além disso,
essas definições são diferentes a depender da área de saúde mental, como
por exemplo:
Psiquiatria legal e forense: esses conceitos possuem implicações legais,
criminais e éticas, com capacidade de definir o futuro social, institucional e
legal de alguém.
Epidemiologia psiquiátrica: esse campo possui a definição de
normalidade como um problema e um objeto de pesquisa e trabalho. Assim,
ela visa aprofundar esse debate conceitual.
Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria: nessa área o fenômeno,
supostamente patológico, é estudado com embasamento no contexto
sociocultural em que se manifestou.
Planejamento em saúde mental e políticas de saúde: nesse ambiente,
há de se estabelecer os critérios de normalidade para que as demandas
assistenciais sejam atendidas e verificadas.
Orientação e capacitação profissional: necessário para definir a
capacidade e adequação de um indivíduo a exercer dada profissão, utilizar
máquinas, portar armas, dirigir veículos, entre outros.
Prática clínica: vale evidenciar a capacidade de discriminar, no
momento de avaliação e planejamento clínico, se o fenômeno é patológico ou
normal.

CRITÉRIOS DE NORMALIDADE

Os critérios de normalidade são diversos. Nesse sentido, o que faz o


profissional adotar um ou outro critério depende das próprias opções
filosóficas, ideológicas e pragmáticas. Vale citar os critérios mais conhecidos
em psicopatologia:

Normalidade como Ausência de doença: nesse prisma, a saúde é vista


como “ausência de sintomas, sinais ou doenças”. Assim, o indivíduo normal é
aquele não portador de transtorno mental definido. Pelo olhar crítico, esse
critério é significativamente falho e redundante, em que define a saúde não
pelo que ela é, mas sim pelo que ela não é, pelo que lhe falta.

138
Normalidade ideal: nesse ramo, a normalidade é vista de forma utópica.
Assim, estabelece-se a norma ideal, o suspostamente “sadio” e “mais
evoluído” a partir de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários, e, em
algumas ocasiões, dogmáticos e doutrinários.
Normalidade estatística: o conceito de normalidade é visto como aquilo
que se observa com mais frequência na população geral. Logo, ele se aplica a
fenômenos quantitativos. Os indivíduos nos extremos das curvas de
distribuição passam a ser considerados anormais ou doentes. Esse critério
também é bastante falho, já que nem sempre fenômenos muito frequentes
são um sinal de normalidade ou os extremos são, anormal. Pode-se citar
como exemplo: cáries dentárias, uso abusivo de álcool, presbiopia, sintomas
ansiosos e depressivos leves, entre outros.
Normalidade como bem-estar: a OMS definiu a saúde como “completo
bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de
doença. Esse conceito também, infelizmente, é criticável, já que é difícil
defini-lo de forma objetiva, por ser muito vasto e impreciso. Além disso,
pode-se cair na categoria de utopia, na qual poucas pessoas estariam
realmente “saudáveis”.
Normalidade funcional: esse critério baseia-se na funcionalidade do ser,
em que o fenômeno patológico é disfuncional a ponto de produzir sofrimento
à própria pessoa ou ao seu grupo social.
Normalidade como processo: nesse sentido, a normalidade é vista de
forma dinâmica, e não estática. Assim, há de se considerar os aspectos
dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das estruturações e
reestruturações ao longo do tempo, de crises e mudanças próprias do ciclo de
vida da pessoa. Vale salientar que este conceito é muito aplicado na
psiquiatria infantil, do adolescente e do idoso.
Normalidade Subjetiva: esse critério utiliza a perspectiva subjetiva do
sujeito como a principal categórica na determinação do estado de saúde do
mesmo. Esse quesito falha, infelizmente, nas pessoas em fase maníaca, em
que se sentem “muito bem e saudáveis”, mas, na verdade, possuem um
transtorno mental grave.
Normalidade como liberdade: vale citar que alguns estudiosos do ramo
fenomenológico e existencial, como Henri Ey, creditam à doença mental como
perda da liberdade existencial, como um constrangimento do ser, fechamento
e fossilização das possibilidades existenciais.
Normalidade operacional: esse é um critério assumidamente arbitrário,
com fins pragmáticos evidentes. Nesse contexto, as definições de normal e
patológico são decididas a priori e, após, busca-se trabalhar com esses
critérios, ciente das possíveis consequências deste ato.

139
Contribuições da psiquiatria, psicologia e psicanálise.

O campo da saúde mental é amplo e bastante heterogêneo, tanto no


que diz respeito às referências teórico-práticas, quanto ao conjunto de
instituições envolvidas na atenção e cuidados da rede pública. Não podemos
aspirar a uma homogeneização do campo sob pena de reduzir a sua
complexidade a uma visão simplista de saúde pública.
Essa variedade abrange desde os programas comunitários, com uma
atuação ainda muito restrita nos PSF (Programa de Saúde da Família),
passando pelos ambulatórios e pelos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial),
onde se define uma proposta de reabilitação e ressocialização, culminando
nos hospitais psiquiátricos, onde se encontra a psiquiatria em seu território
por excelência. Ao incluirmos a psiquiatria no conjunto dos dispositivos da
saúde mental, estamos indicando a qualidade multiprofissional e
interdisciplinar desse campo, e recusando uma certa oposição entre
psiquiatria e saúde mental que em nada seria benéfica para nosso trabalho,
seja na clínica ou na política institucional.
Além disso, a psiquiatria é o campo no qual historicamente se
desenvolveram os conceitos psicopatológicos, e hoje temos aí diferentes
disciplinas convergindo na direção do diagnóstico, da localização do pathos do
sujeito, como balizador do tratamento, formando um novo campo para a
psicopatologia. A psicanálise, herdeira da psiquiatria, tem como sua herança a
própria psicopatologia. Basta ver os grandes nomes alemães – principalmente
Kraepelin e Bleuler – até os franceses como Charcot, seu mestre, Liébault,
Bernheim, e mesmo Janet, cuja concepção de inconsciente Freud refuta
claramente, propondo o contrário: em vez de astenia psíquica, excitação de
traços de memória.
Freud, ao tomar seu rumo na direção do inconsciente, lança a
psicanálise numa nova referência que redimensiona o alcance do diagnóstico,
indo da descrição à dinâmica; do fenômeno à estrutura.
Um novo campo aí se delineia por oposição ao campo fenomênico-
descritivo da psiquiatria e da psicopatologia geral, a saber: o campo do
inconsciente e suas formações (Freud) ou o campo do Outro (Lacan). Essa
concepção rompe com as concepções anteriores de diagnóstico e tratamento
da psiquiatria criando novas exigências para ambos e abrindo uma nova porta
para a psicopatologia.
Na psiquiatria atual, não há um diagnóstico do sujeito e sim de uma
coleção de fenômenos que nada dizem a respeito dele. Um exemplo gritante
disso ocorre com a categoria diagnóstica de histeria. De acordo com os
manuais diagnósticos em psiquiatria (CID 9 e 10, DSM III e IV), a histeria
“sumiu do mapa”, não existe mais, acabou. Existem descrições de todo tipo
que fragmentam essa categoria em síndromes e transtornos: dissociativo,
conversivo ou somatoforme, histriônico, para citar os principais. Assim, a

140
histeria só existe se atrelada à concepção de inconsciente e, portanto, à
própria psicanálise. A psicanálise faz a histeria existir.
Na psiquiatria atual, não há um diagnóstico do sujeito e sim de uma
coleção de fenômenos que nada dizem a respeito dele. Um exemplo gritante
disso ocorre com a categoria diagnóstica de histeria. De acordo com os
manuais diagnósticos em psiquiatria (CID 9 e 10, DSM III e IV), a histeria
“sumiu do mapa”, não existe mais, acabou. Existem descrições de todo tipo
que fragmentam essa categoria em síndromes e transtornos: dissociativo,
conversivo ou somatoforme, histriônico, para citar os principais. Assim, a
histeria só existe se atrelada à concepção de inconsciente e, portanto, à
própria psicanálise. A psicanálise faz a histeria existir.
Se reabilitar denega a clínica, inevitavelmente caímos na armadilha da
reeducação. Não que isso não aconteça, Freud mesmo já nos dizia que a
psicanálise é uma espécie de reeducação, mas também nos avisou que as
pulsões são ineducáveis, indomáveis. Eis o paradoxo.
O trabalho em equipe é extremamente complexo, e o modo como as
equipes se estruturam também é decisivo para o destino da clínica.
Destacamos duas lógicas ou modalidades de organização das equipes que
podem melhor situar o problema. São elas: a formação hierárquica e a
formação igualitária. Se as equipes são formadas mais na lógica hierárquica
de funções e saberes, tendem a burocratizar a clínica, a verticalizar o poder e
o saber, e a cristalizar as práticas. Se são mais igualitárias, tendem a
horizontalizar o poder, a misturar as funções, escapando das especialidades
(isso em si pode ser muito bom), mas caindo na falta de especificidade e
confundindo as funções a ponto de perder a referência da clínica e imobilizar
o trabalho conjunto.
A equipe de saúde mental tem uma indicação preciosa no termo que
Lacan usou para definir a relação de trabalho nos cartéis: “transferência de
trabalho”. Este termo permite que se dissolvam os efeitos narcísicos
imaginários que inevitavelmente ocorrem, seja na confusão de papéis
(modelo igualitário), seja na fixação de papéis (modelo hierárquico).
Quanto ao sujeito, o importante é seguir seu estilo para a partir daí lhe
indagar o que é pertinente a seu sintoma, e fazê-lo tomar sua
responsabilidade como tal, por seus atos, no mínimo que seja, mesmo que
não tenha responsabilidade plena, no sentido jurídico. É preciso separar esse
campo de responsabilidades porque, na maioria das vezes, os sujeitos se
apresentam tutelados, desresponsabilizados, mas nem por isso sentindo-se
menos culpados, ainda que se percebam como vítimas (em muitos casos o
são de fato). Isso os leva à imobilidade, à falta de solução, à confirmação da
doença. Se nesse momento lhes apresentamos o “remédio”, sabemos que
este não é a cura, nem a restituição pura e simples ao estado anterior à crise
ou ao surto

141
Psicopatologia: produção de sintomas, aspectos estruturais
e dinâmicos das neuroses e perversões na clínica com
crianças, adolescentes e adultos.

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PATOLÓGICO E SUAS IMPLICAÇÕES


ESTRUTURAIS E DINÂMICAS DETERMINANTES GENÉTICOS E AMBIENTAIS DO
COMPORTAMENTO
O funcionamento psíquico baseia-se em uma complexa interação de
elementos biológicos, psicológicos e sociais. Na psicopatologia e na medicina
há vários critérios de normalidade e anormalidade. A adoção de um ou outro
depende, entre outros motivos, de opções filosóficas, ideológicas e
pragmáticas do profissional.
Quando se avaliam o estado psicológico e o comportamento de uma
pessoa, três fenômenos devem ser considerados.
Os tipos de comportamento ou estado emocional, caracterizados como
normais ou anormais, variam enormemente com a idade. 2. O
desenvolvimento psicológico não prossegue de modo uniforme: ocorre em
estágios descontínuos, separados por períodos de mudanças bruscas ou de
transição de um estágio para outro. 3. O terceiro diz respeito ao ambiente ou
à cultura em que cada pessoa vive, com suas peculiaridades, tradições e
costumes. A interação de fatores como a herança genética, condições
ambientais e experiências ao longo da vida determina o que tem sido descrito
como equação etiológica das disfunções psíquicas.
Considera-se que aspectos genéticos, tais como inteligência e
temperamento, marcam as diferenças principais entre as pessoas, enquanto
fatores ambientais como cultura, classe social, família e grupos sociais
tendem a tornar as pessoas parecidas. Contudo, apesar dos vários
pesquisadores enfatizarem mais algumas variáveis em detrimento de outras,
ocorre hoje um consenso quanto à multideterminação da personalidade.
Cada pessoa vivencia a realidade e interage com o outro com base na
sua história genética, nas aptidões e limitações herdadas, no seu processo de
aprendizagem, nas trocas estabelecidas nos diversos grupos do qual fez parte
ao longo da vida, nos valores e modelos compartilhados na cultura. E, diante
da interação entre tantos determinantes, a tendência é que cada pessoa se
torne cada vez mais diferenciada ao longo da vida. Os fatores genéticos
desempenham um papel importante na determinação da personalidade,
particularmente em relação àquilo que é único no indivíduo.
Os fatores genéticos são geralmente mais importantes em
características como a inteligência e o temperamento, e menos importantes
com relação a valores, ideias e crenças. O fato de que algumas diferenças
surgem cedo, de que são duradouras e parecem ser relativamente
dependentes da história de aprendizagem do indivíduo, sugere que essas
diferenças se devem a características genéticas ou hereditárias. Em síntese,
142
os genes desempenham o papel de nos tornar parecidos como humanos e
diferentes como indivíduos
Uma medida estatística que é expressa como um percentual. Esse
percentual representa a extensão em que os fatores genéticos contribuem
para variações, em um dado traço, entre os membros de uma população. Isto
significa que a influência dos genes em um determinado traço de
personalidade será elevada se a herdabilidade também for alta. Os
determinantes ambientais abrangem influências que tornam muitos de nós
semelhantes uns aos outros, assim como as experiências que nos tornam
únicos. As experiências que os indivíduos têm como resultado de fazerem
parte de uma mesma cultura são significativas entre os determinantes
ambientais da personalidade, pois, apesar de frequentemente não termos
consciência das influências culturais, a maioria dos membros de uma mesma
cultura terão características de personalidade em comum. Poucos aspectos da
personalidade de um indivíduo podem ser compreendidos sem referência a
um grupo ao qual a pessoa pertença.
Os fatores relacionados com a classe social determinam o dos
indivíduos, os papéis que eles desempenham, os deveres que lhes são
atribuídos e os privilégios de que desfrutam. Assim como os fatores culturais,
os fatores relacionados com a classe social influenciam a maneira como as
pessoas definem situações e como respondem a elas. Um dos fatores
ambientais mais importantes na determinação da personalidade é a influência
da família. Cada padrão de comportamento parental afeta o desenvolvimento
da personalidade da criança de pelo menos três maneiras importantes:
1. Através de seu comportamento, eles apresentam situações que produzem
certos comportamentos nas crianças;
2. Eles servem como modelos de identificação;
3. Eles recompensam comportamentos de forma seletiva. Tais interações
independem do fato dos pais compartilharem com a criança uma herança
genética. Os estudos mais recentes têm demonstrado que as diferenças de
personalidade entre irmãos não estão apenas nas diferenças constitutivas,
mas também nas diferentes experiências que os irmãos têm como membros
da mesma família e em experiências fora da família e que as experiências, a
partir de ambientes não compartilhados (escola, amigos), têm maior
influência sobre a personalidade do que os ambientes compartilhados
(contexto familiar).
FUNDAMENTOS DE PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA
A Psicopatologia Psicanalítica se caracteriza pela compreensão da
dinâmica psíquica que fundamenta cada uma das três possíveis estruturas da
personalidade e dos conflitos psíquicos decorrentes desta estruturação. O
termo nosografia é utilizado para designar a classificação e descrição das
doenças. No caso específico da nosografia psicanalítica, os quadros

143
psicogênicos são classificados em neuroses, psicoses, perversões e afecções
psicossomáticas.
Freud considera que a personalidade já está bem formada no final do
quinto ano de vida e que o desenvolvimento ulterior é essencialmente a
elaboração dessa estrutura básica. O modelo psicanalítico propõe que
inicialmente a criança não imagina que existem diferenças anatômicas e
acredita que homens e mulheres têm anatomias semelhantes. Ao serem
defrontadas com as diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam
as chamadas "teorias sexuais infantis", imaginando que as meninas não têm
pênis porque este órgão lhe foi arrancado (complexo de castração). As
meninas veem-se incompletas (por causa da ausência e consequente inveja
do pênis).
Neste período surge o complexo de Édipo, no qual o menino passa a
apresentar uma atração pela mãe e a se rivalizar com o pai, e na menina
ocorre o inverso. A estrutura da personalidade se constitui a partir da solução
dada pelo sujeito ao conflito advindo da vivência do Complexo de Édipo e da
saída que encontra para lidar com a ansiedade intensa vivenciada frente à
constatação da castração.
Ao longo do texto, Freud afirma que a neurose se caracteriza pela
recusa do ego em aceitar a poderosa pulsão do id, rejeitando a posição de
mediador da satisfação pulsional. Ele opera a serviço do superego e da
realidade (princípios morais), a partir do mecanismo do recalcamento. O
material recalcado insiste em se fazer conhecido, logo, ele escolhe vias
substitutas. O sintoma neurótico aparece, então, como sendo uma
representação substitutiva.
A patologia neurótica se caracteriza pelo recalque do desejo durante o
Complexo de Édipo. A somatização de conversão histérica, por exemplo, se
fundamenta na presença de um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias
normais. O neurótico não tenta abrandar a castração: a castração existe, mas
ele tenta fazer com que quem seja castrado seja o outro e não ele.
É o outro que fica no lugar da falta. O neurótico está marcado pela
castração, investindo grandes quantidades de energia corporal e psíquica
para manter inconsciente este conhecimento. O mecanismo da repressão está
presente nesta defesa. O sintoma neurótico aparece, então, como sendo uma
representação substitutiva, resultado da formação de compromisso entre o
ego e o id. Por exemplo, a somatização de conversão histérica se fundamenta
na presença de um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias normais. Na
patologia psicótica há uma rejeição da realidade e do Complexo de Édipo. Os
delírios, alucinações e depressões são uma tentativa frustrada de dar sentido
e lógica a uma visão de mundo particular, ocupando o lugar da fissura na
relação do eu com o mundo. O sujeito cria uma nova realidade que é
constituída de acordo com os impulsos desejosos do id.
O ponto central da observação de Freud está na constatação de que,
em ambas as estruturas, o mais importante não é a questão relativa à perda
144
da realidade, mas sim os substitutos encontrados frente à castração. Na
neurose, o substituto encontrado ocorre via mundo da fantasia; já na psicose,
os substitutos são delírio e alucinação.
Na patologia perversa o que ocorre é a recusa da Castração Edipiana. O
perverso não aceita ser submetido às leis paternas e, em consequência, às
leis e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus
desejos. Ele escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da alteridade
e passa a satisfazer sua libido sexual consigo mesmo (narcisismo). Em "Três
ensaios sobre a sexualidade" (1905), Freud afirma que "a neurose é o
negativo da perversão". Esta frase se refere ao fato de que os sintomas
mórbidos do neurótico representam uma conversão das pulsões sexuais que
deveriam ser chamadas de perversas, se pudessem encontrar uma expressão
em atos imaginários ou reais.
As perversões atualizam, na realidade, modos de satisfação sexual
recusados na neurose, mas ativamente presentes nelas, sob os disfarces dos
sintomas (Kaufmann, 1996). Para se defender da castração, o perverso usa
um mecanismo mais poderoso que a repressão (usada com frequência pelo
neurótico) que é a recusa. Ele tentará provar o tempo todo que a castração
não existe, ou que é ele quem a faz. A recusa é um mecanismo em que uma
percepção é substituída por uma crença. Ela vem junto com uma cisão do ego
em que parte deste usa a repressão e parte usa a recusa.
A elaboração do objeto fetiche é uma formação de compromisso entre
duas correntes psíquicas conflitantes: uma sinaliza a ausência do pênis na
mãe, a outra lhe atribui imaginariamente o pênis que supostamente falta na
formação do objeto fetiche. Enquanto a psicose e a neurose surgem como
resultados do conflito intrapsíquico, a perversão se apresenta como uma
renegação da castração. Ao recusar a castração, o perverso mantém a crença
na onipotência da mãe, na onipotência do desejo, mantém-se acreditando em
um atributo fálico onipresente e onipotente. A castração coloca em jogo a
percepção de que há um mundo de gozo e desejo entre os pais do qual a
criança está excluída.
Nas atuações do perverso, há uma encenação da castração. O fetiche é
o equivalente ao pênis da mãe; ocorre o uso de uma equação simbólica e não
de um símbolo como o histérico é mais capaz de fazer, denunciando uma
menor capacidade de simbolização do perverso perante o histérico. Diversos
campos do saber têm tentado formular modelos explicativos para o
surgimento dos distúrbios de conduta. Por muito tempo a sociologia propôs
que jovens socialmente e economicamente desprivilegiados tendiam à
criminalidade como forma de obterem sucesso.
No entanto, essa teoria foi incapaz de sustentar-se, pois se pode
observar frequentemente que a tendência antissocial surge também entre
pessoas com grande oferta de recursos financeiros e sociais. Quando
estudamos os transtornos de personalidade a partir do referencial da
psiquiatria, verificamos que os quadros descritos são apresentados em uma

145
nosologia que independe do modelo estrutural proposto pela psicanálise, mas
ainda assim podemos estabelecer correlatos com as três grandes categorias
clínicas, que são a
(1) neurose histeria e neurose obsessiva;
(2) psicose paranoia, esquizofrenia, melancolia e hipocondria;
(3) perversão. A partir do referencial psicanalítico, Fenichel, citado por Telles
(1999), organizou os transtornos de personalidade em três categorias:
Os decorrentes de uma conduta patológica frente ao id (frigidez e
pseudoemotividade, defesas contra angústia, racionalização, idealização,
traços anais, orais, fálicos, uretrais, castração, caráter fálico e genital);
Os decorrentes de uma conduta patológica frente ao superego (defesas
contra culpas, masoquismo moral, dom juanismo, falta aparente de
sentimento de culpa, criminalidade e má identificação, atuação, neurose de
destino);
Os decorrentes de uma conduta patológica frente a objetos externos
(fixações em etapas prévias do amor, inibições sociais, ciúmes, ambivalência,
pseudo sexualidade).
Na patologia psicótica há uma rejeição da realidade e do Complexo de
Édipo. Os delírios, alucinações e depressões são uma tentativa frustrada de
dar sentido e lógica a uma visão de mundo particular, ocupando o lugar da
fissura na relação do eu com o mundo. O sujeito cria uma nova realidade que
é constituída de acordo com os impulsos desejosos do id.
O ponto central da observação de Freud está na constatação de que,
em ambas as estruturas, o mais importante não é a questão relativa à perda
da realidade, mas sim os substitutos encontrados frente à castração. Na
neurose, o substituto encontrado ocorre via mundo da fantasia; já na psicose,
os substitutos são delírio e alucinação.
A teoria freudiana, baseada no modelo da neurose e concebendo o
psiquismo ao modo de um aparelho psíquico animado por pulsões, outorga ao
complexo de Édipo e à sexualidade os eixos básicos da vida psíquica e, como
consequência, dá ao pai um lugar central na estruturação da personalidade,
nas formas e contornos do adoecer psíquico, além de estar na base da moral
e da própria vida cultural. O trabalho de Lacan que permitiu o
estabelecimento rigoroso e sistemático do conceito de estrutura em
psicanálise, distinguindo neurose, psicose e perversão como estruturas
clínicas. Na neurose estaria em jogo o recalque; na psicose, a forclusão e na
perversão, a recusa da lei interditora do pai. Lacan considera a
recusa/rejeição da realidade o mecanismo específico da estrutura psicótica,
nomeado por ele como a foraclusão do nome-do-pai. A partir da análise de
Freud sobre as formações inconscientes (lapsos, sonhos e jogos de palavras),
Lacan formulou sua hipótese central de que o inconsciente é estruturado
como linguagem. A capacidade humana de atribuir significação ocorre a partir
146
do momento em que o sujeito adentra a função simbólica e esta inserção
ocorre por intermédio da vivência do Complexo de Édipo.
Durante a estruturação da personalidade, a criança inicialmente não
está inserida no simbólico e seu contato com o mundo ocorre por intermédio
da mãe, que identifica o filho como objeto de seu desejo e a sujeita às suas
escolhas. Existe uma vivência simbiótica, em que a criança tem a experiência
de ser cuidada por completo e atendida em suas necessidades por aquela que
lhe possibilita uma experiência de completude e onipotência.
Este significante inicial atribuído pela mãe vai marcar a identidade do
sujeito e seu desenvolvimento mental. No primeiro tempo lógico o Outro é a
mãe, pois o agente materno toma o bebê em uma posição de desejante e, ao
cuidar dele, faz de si mesma o instrumento da vivência de satisfação do bebê.
Este significante inicial atribuído pela mãe vai marcar a identidade do sujeito
e seu desenvolvimento mental. O segundo tempo lógico ocorre com a entrada
de um terceiro que introduz a lei da interdição, mostrando à criança a
existência do Outro e marcando simbolicamente o fim da ilusória relação de
completude e onipotência com a mãe. Nesse momento aparece a instância
paterna como metáfora do pai o nome-do-pai. Esta instância é marcada pelo
discurso da mãe, demonstrando para a criança que o desejo da mãe se
encontra em outro lugar e que ela também é submetida a uma lei.
A instância paterna não precisa estar associada a um pai concreto, mas
a um discurso ou situação que seja capaz de demonstrar simbolicamente à
criança que existem outros objetos a serem desejados.
O nome-do-pai representa tudo o que marca para a criança a ausência
da mãe. Por exemplo, quando a mãe precisa deixar a criança para ir
trabalhar. Deste modo, enquanto no primeiro tempo lógico o Outro é a mãe,
a instauração do Nome-do-Pai é o que vem barrar o Outro onipotente e
absoluto, inaugurando a entrada da criança na ordem simbólica. Por fim,
podemos falar da entrada em um terceiro tempo lógico, em que ocorre a
dissolução do complexo de Édipo, pois nessa etapa do desenvolvimento a
criança não considera mais o pai como seu rival, e sim, como aquele que
possui o objeto de desejo de sua mãe, o falo. Essa é a fase das identificações,
que acontecem de maneira diferente de acordo com a escolha de objeto da
criança. Quando Lacan afirma que a foraclusão é o mecanismo da psicose, o
que devemos compreender é que a rejeição do nome-do-pai implica que o
sujeito não foi submetido à castração simbólica do processo edipiano.
Ou seja, o sujeito psicótico é aquele que durante a vivência do
Complexo de Édipo não sofreu a castração simbólica e, portanto, não
desenvolveu a capacidade de simbolizar. A não inscrição do significante no
Outro resulta nos distúrbios da linguagem e nas alucinações, que marcam a
psicose. Na patologia perversa o que ocorre é a recusa da Castração Edipiana.
O perverso não aceita ser submetido às leis paternas e, em consequência, às
leis e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus
desejos. Ele escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da alteridade

147
e passa a satisfazer sua libido sexual consigo mesmo (narcisismo). Em "Três
ensaios sobre a sexualidade" (1905), Freud afirma que "a neurose é o
negativo da perversão". Esta frase se refere ao fato de que os sintomas
mórbidos do neurótico representam uma conversão das pulsões sexuais que
deveriam ser chamadas de perversas, se pudessem encontrar uma expressão
em atos imaginários ou reais.
As perversões atualizam, na realidade, modos de satisfação sexual
recusados na neurose, mas ativamente presentes nelas, sob os disfarces dos
sintomas (Kaufmann, 1996). Para se defender da castração, o perverso usa
um mecanismo mais poderoso que a repressão (usada com frequência pelo
neurótico) que é a recusa. Ele tentará provar o tempo todo que a castração
não existe, ou que é ele quem a faz. A recusa é um mecanismo em que uma
percepção é substituída por uma crença. Ela vem junto com uma cisão do ego
em que parte deste usa a repressão e parte usa a recusa.
A elaboração do objeto fetiche é uma formação de compromisso entre
duas correntes psíquicas conflitantes: uma sinaliza a ausência do pênis na
mãe, a outra lhe atribui imaginariamente o pênis que supostamente falta na
formação do objeto fetiche. Enquanto a psicose e a neurose surgem como
resultados do conflito intrapsíquico, a perversão se apresenta como uma
renegação da castração. Ao recusar a castração, o perverso mantém a crença
na onipotência da mãe, na onipotência do desejo, mantém-se acreditando em
um atributo fálico onipresente e onipotente. A castração coloca em jogo a
percepção de que há um mundo de gozo e desejo entre os pais do qual a
criança está excluída. Nas atuações do perverso, há uma encenação da
castração. O fetiche é o equivalente ao pênis da mãe; ocorre o uso de uma
equação simbólica e não de um símbolo como o histérico é mais capaz de
fazer, denunciando uma menor capacidade de simbolização do perverso
perante o histérico. Assim, os mecanismos utilizados por cada uma das
estruturas clínicas na Psicanálise são:
Neurose mecanismo: repressão da castração. No processo de solução
do conflito edipiano, o sujeito rejeitou o conhecimento da existência da
castração e, para lidar com a angústia, recalcou este conteúdo. No caso da
repressão, o inconsciente sabe da realidade e a consciência, não. A
representação reprimida encontra-se no inconsciente e vem à consciência por
meio dos sintomas, enquanto substitutos simbólicos. Psicose mecanismo:
negação da castração. O psicótico se estrutura afirmando que a castração não
existiu e para tanto cria outra realidade, que transparece por meio dos
delírios e alucinações. Perversão mecanismo: renegação da castração. O
perverso substitui a crença da falta do falo na mãe pela convicção de que esta
o possui ou mesmo de que ele é o próprio falo que falta à mãe. Neste
mecanismo, a presença de uma crença implica a renegação da outra.
A formação de compromisso se expressa na ritualização da castração
através do objeto fetiche. A teoria freudiana, baseada no modelo da neurose
e concebendo o psiquismo ao modo de um aparelho psíquico animado por
pulsões, outorga ao complexo de Édipo e à sexualidade os eixos básicos da
148
vida psíquica e, como consequência, dá ao pai um lugar central na
estruturação da personalidade, nas formas e contornos do adoecer psíquico,
além de estar na base da moral e da própria vida cultural. E quanto ao
autismo? Estaria situado em qual estrutura clínica? Considerando as
estruturas clínicas inicialmente propostas pela teoria da libido freudiana,
podemos diferenciar dois polos dentro da estrutura psicótica: a esquizofrenia
e a paranoia. Contudo, nenhum desses polos contempla claramente o
autismo.
Existe no interior do campo psicanalítico uma discussão acirrada sobre o
lugar do autismo junto às estruturas clínicas. O autismo seria uma faceta da
psicose ou outra estrutura? Sabemos que na psicose o mecanismo presente é
o da foraclusão do nome-do-pai, ou seja, a negação da castração.
Mas quanto ao autismo? Proeminentes psicanalistas que vêm
desenvolvendo sua prática junto à clínica do autismo propõem diversas
possibilidades psicodinâmicas para explicar a constituição psíquica nos
quadros autistas. Autores como Melanie Klein e Jacques Lacan consideram o
autismo como uma patologia resultante da estrutura psicótica; enquanto
outros psicanalistas como Alfredo Jerusalinsky, Marie-Christine Laznik e
Robert Lefort referem-se ao autismo como uma construção fora dos padrões
das estruturas clínicas estabelecidas pela psicanálise.
Jerusalinsky afirma não ser possível identificar a psicose e o autismo em
uma mesma estrutura, pois, na psicose, está presente o mecanismo da
forclusão, ao passo que no autismo trata-se da exclusão do campo
significante.
Conforme vimos, no mecanismo da foraclusão ocorre a rejeição do
nome-do-pai, implicando na não submissão do sujeito à castração simbólica
do processo edipiano. A não inscrição do significante no Outro resulta nos
distúrbios da linguagem e nas alucinações, que marcam a psicose. No caso da
exclusão o sujeito não chegou a ser inscrito no significante.
O autista seria o sujeito que, por motivos variados, estaria
impossibilitado de ser introduzido no campo da linguagem. A falta de
alucinações no autismo permite diferenciar psicodinamicamente este quadro
da esquizofrenia e fundamenta o argumento de que estes os dois não podem
fazer parte de uma mesma estrutura psíquica. Enquanto o autista não
compreende o mundo que o rodeia e, para se defender, tende a se isolar
dele, o psicótico cria uma compreensão delirante do mundo e espera que
todos no mundo se comportem de acordo com seu imaginário. Para
entendermos essa discussão, precisamos retomar alguns conceitos
fundamentais da Psicanálise.
Conforme estudamos, a teoria freudiana concebe que o aparelho
psíquico é animado por pulsões e outorga ao complexo de Édipo e à
sexualidade os eixos básicos da vida psíquica.

149
A pulsão pode ser compreendida como uma energia potencial e
constante, que advêm do próprio organismo e alimenta a psique, realizando a
ligação entre o somático e o psíquico. Freud descreveu o trajeto pulsional em
três tempos:
Primeiro tempo - o bebê vai em busca de um objeto oral para apoderar-
se dele, sendo este considerado um movimento ativo e que pode ser
observado no encontro com o seio, com a mamadeira, entre outros.
Segundo tempo - o bebê vai em busca de si mesmo e seu próprio corpo
passa a ser o objeto. Esse movimento também ativo é nomeado como
autoerotismo e pode ser percebido quando o bebê chupa sua mão, seu dedo,
a chupeta, etc.;
Terceiro tempo - o bebê se faz objeto de um novo sujeito, ou seja,
passa a sujeitar-se a outro. Esse movimento pode facilmente ser nomeado
como passivo, mas se sujeitar, oferecer-se ao outro, também é um
movimento ativo. Como exemplo dessas ações da criança em busca de fazer-
se objeto temos: o ato da criança colocar o dedo na boca da mãe, o olhar da
criança em busca do olhar da mãe, o balbuciar na presença do cuidador.
A psicanalista Marie-Christine Laznik considera que o autismo resulta de
uma falha de estruturação do aparelho psíquico por conta do fracasso do
circuito pulsional, sobretudo no terceiro tempo, podendo levar à constituição
de patologias diversas com déficits gravíssimos que fazem lembrar a
oligofrenia. Quanto à discussão sobre o lugar do autismo entre as estruturas
clínicas propostas pela psicanálise, Laznik afirma que o fracasso do circuito
pulsional completo é um aspecto que favorece o diagnóstico diferencial entre
psicose e autismo. Conforme vimos, a estruturação da personalidade ocorre a
partir da solução dada pelo sujeito ao conflito decorrente da vivência do
Complexo de Édipo.
No caso da criança que virá a ser psicótica, a sua sujeição ao desejo do
outro (mãe) ocorre normalmente, podendo se verificar isto através dos sinais
que comprovam uma inserção no terceiro tempo do circuito pulsional. Assim,
o desenvolvimento psicossexual ocorre normalmente, possibilitando a
vivência do Complexo de Castração.
ATENÇÃO: No caso de risco de evolução autística, o que ocorre é o
fracasso do terceiro tempo do circuito pulsional, ou seja, a criança não
vivencia a experiência de ser sujeito do desejo do outro e não chega nem
mesmo a vivenciar o Complexo de Édipo. Por esta razão, alguns autores
afirmam que o autismo é uma quarta estrutura psíquica, elaborada sem a
vivência do Complexo do Édipo; enquanto outros autores afirmam que sem a
entrada na linguagem não existe a formação de uma estrutura, sendo o
quadro autista uma patologia instalada antes da estruturação psíquica.
O autismo representa a não instauração da relação simbólica
fundamental e sem o simbólico não existe a subjetividade. No autista, tudo é
real e o espaço virtual não existe. Nesta perspectiva, a manifestação da

150
síndrome autística está relacionada à não instauração das estruturas
psíquicas, trazendo como consequência déficits no desenvolvimento do bebê.
Tendo em vista que o terceiro tempo do circuito pulsional está ausente
nas crianças autistas, é fundamental identificar a presença deste terceiro
tempo pulsional no bebê para que se possa fazer um diagnóstico precoce,
antes que se instale a síndrome autística. Laznik identificou dois sinais clínicos
que podem ser percebidos ainda no primeiro ano de vida da criança e
permitem um diagnóstico precoce:
1. O não olhar entre a mãe e seu bebê, sobretudo se a mãe não percebe este
fato. Este sinal permite pensar na hipótese de autismo, logo nos primeiros
meses de vida.
2. O segundo e mais importante sinal consistiria na não instauração do
circuito pulsional completo, quando o terceiro tempo do circuito pulsional não
é alcançado.
Estes sinais podem ser identificados precocemente se os pediatras
estiverem atentos às interações entre bebê-mãe/cuidador durante as
consultas no primeiro ano de vida da criança. A falha na instauração do
circuito pulsional sinaliza importante impasse na relação mãe-bebê. Este
impedimento tanto pode ocorrer devido a limitações orgânicas da própria
criança, dificultando que o bebê seja responsivo aos cuidados da mãe; quanto
pode ocorrer quando a mãe não consegue responder às investidas da criança,
devido a um quadro de comprometimento emocional, tal qual a melancolia.
INTRODUÇÃO A SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA
A semiologia geral é a ciência dos signos, postulada pelo linguista
Ferdinand Saussure. Embora esteja intimamente relacionada à linguística, a
semiologia geral transcende a comunicação verbal, visto que os gestos,
atitudes, comportamentos não verbais, sinais matemáticos também são
signos.
Os signos de maior interesse para a psicopatologia são os sinais
comportamentais objetivos, verificáveis pela observação direta do paciente, e
os sintomas, isto é, as vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas
queixas e narrativas, aquilo que o sujeito experimenta e, de alguma forma,
comunica a alguém.
Todo signo é constituído por dois elementos: o significante que é o
suporte material, o veículo do signo; e o significado, que é a aquilo que é
designado e está ausente, o conteúdo do veículo.
De acordo com o filósofo Charles Pierce, existem três tipos de signos:
Ícone é um tipo de sinal no qual o elemento significante evoca imediatamente
o significado, pois existe uma grande semelhança entre eles, como se o
Exemplo: O ícone de masculino ou feminino na porta do sanitário. Indicador
ou índice a relação entre o significante e o significado é de contiguidade, ou
seja, o significante é um índice, algo que aponta para o objeto significado.
151
Exemplo: a pegada é indicador de que alguém pisou naquele local. Símbolo o
elemento significante e o objeto ausente (significado) são distintos em
aparência e sem relação de contiguidade. Não há qualquer ligação direta
entre eles; trata-se de uma relação arbitrária estabelecida por convenção.
A semiologia médica diz respeito aos sintomas e sinais das doenças,
permitindo aos profissionais de saúde: Identificar alterações físicas e mentais
ordenar os fenômenos observados Formular diagnósticos Empreender
terapêuticas A semiologia psicopatológica cuida especificamente do estudo
dos sinais e sintomas produzidos pelos transtornos mentais. Os sintomas
médicos e psicopatológicos têm uma dimensão dupla: são tanto um índice
(indicador) como um símbolo. O sintoma como índice aponta para uma
disfunção que está em outro ponto do organismo ou do aparelho psíquico. Por
exemplo: mãos geladas, tremores e aperto na garganta são indicadores de
uma disfunção no sistema nervoso autônomo.
DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA A psicopatologia pode ser definida
como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser
humano. É uma ciência autônoma que busca ser sistemático, elucidativo e
desmistificante.
ACERTE O ALVO: Psicopatologia é o campo da ciência que trata da
natureza essencial da doença mental suas causas, as mudanças estruturais e
funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação. Dalgalarrondo
apresenta a classificação das principais perspectivas dentro do campo da
psicopatologia. Esse conteúdo tem pouca chande de ser cobrado diretamente
como tema de uma questão, mas esses conceitos podem estar presentes de
modo secundário, como parte de algumas alternativas, por isso recomendo
que você tenha ao menos algum conhecimento, ainda que superficial, sobre
quais são as características dessas perspectivas e quais as diferenças entre
elas.
Psicopatologia Descritiva X Psicopatologia Dinâmica Psiquiatria
Descritiva
interessa-se pela forma das alterações psíquicas, a estrutura dos
sintomas, aquilo que caracteriza a vivência patológica como sintoma mais ou
menos típico. Psiquiatria Dinâmica o enfoque recai sobre o conteúdo da
vivência, os movimentos internos de afetos, desejos e temores do indivíduo,
sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em
sintomas previamente descritos.

Psicodiagnóstico: a função do diagnóstico, instrumentos


disponíveis e suas aplicabilidades (entrevistas, testes),
diagnóstico diferencial.

152
É um processo cientifico que é limitado no tempo, utilizando testes e
técnicas psicológicas em nível individual ou não para entender aspectos
específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso e comunicar os
resultados, na base dos quais são propostas as soluções.

A definição de Avaliação Psicológica, de acordo com o Conselho Federal


de Psicologia é:
Avaliação Psicológica engloba qualquer atividade, com ou sem o uso de
textos, que é compreendido como um processo de investigação no qual se
concebe o avaliado e sua demanda, com o intuito de programar a tomada de
decisões ao psicólogo. Esta Avaliação Psicológica faz a coleta de dados
obtidos por meio de um conjunto de procedimentos confiáveis, entendidos e
reconhecidos pela psicologia.

DIFERENÇA ENTRE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA A TESTAGEM PSICOLÓGICA

– Avaliação Psicológica: É um processo amplo que envolve a integração


de informações provenientes de diversas fontes como: testes, entrevistas,
observações e análise de documentos;
– Testagem Psicológica: É considerado um processo diferente em que a
principal fonte de informação é os testes psicológicos de diferentes tipos.
PÚBLICO ALVO
Podem ser encaminhados para fazer Psicodiagnóstico:
– Crianças;
– Adolescentes que apontam problemas de atenção, seguidos de
problemas de interação social, de ansiedade e depressão.

MOTIVOS DE ENCAMINHAMENTO PARA O PSICODIAGNÓSTICO

Os pacientes encaminhados para o Psicodiagnóstico geralmente


apresentam, entre outros motivos:
Problemas de aprendizagem, tais como problemas afetivos, de
agressividade, são mais frequentes em adolescentes e adultos que costumam
apresentar problemas de relacionamento familiar
Também pode ser necessária a avaliação de outros profissionais para
diagnosticar esses pacientes, tais como: Fonoaudiólogos, Neurologistas,
Psiquiatras, Psicopedagogos.

153
Os objetivos clínicos do psicodiagnóstico são:
– Investigar aspectos da personalidade quanto aspectos cognitivos
abordar os possíveis sintomas;
– Investigar questões do desenvolvimento;
– Investigar questões Neuropsicológicas;
– Investigar características adaptativas e desadaptarias, entre outros
permitindo assim, que se chegue a um Prognóstico e á melhor estratégia e
ou á abordagem terapêutica necessária.
– Realização de diagnóstico diferencial.
Os profissionais que podem solicitar Avaliação Psicológica são:
– Neurologista de Adultos;
– Neuropediatras;
– Psiquiatras Psicopedagogos; entre outros.
O psicodiagnóstico pode ser realizado em:
– Consultórios privados;
– Clínicas psicológicas ou psiquiátricas;
– Instituições;
– Postos de saúde ou hospitais.
PASSOS DO PROCESSO DO PSICODIAGNÓSTICO

1. Determinar os motivos da consulta do encaminhamento e levantar


dados sobre a história pessoal (dados de natureza psicológica, social, médica,
profissional e escolar);
2. Definir as hipóteses e os objetivos do processo de Avaliação,
estabelecer o contato de trabalho com o examinando ou responsável;
3. Estrutura um plano de avaliação (selecionar instrumentos ou técnicas
psicológicas);
4. Administrar as estratégias e os instrumentos de avaliação; –
5. Corrigir ou levantar, qualitativamente e quantitativamente
estratégias e os instrumentos de avaliação;
6. Integrar os dados colhidos, relacionados com as hipóteses iniciais e
com os objetivos da avaliação;
7. Formular as conclusões, definindo potencialidades e vulnerabilidades;
8. Comunicar os resultados por meio de entrevistas de devolução e de
um laudo psicológico ao avaliando ou os pais. Encerrar a Avaliação.
154
Especificação
Classificação simples O exame compara a amostra do comportamento
do examinando com os resultados de outros sujeitos da população geral ou
de grupos específicos, com condições demográficas equivalentes; esses
resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente
como em uma avaliação de nível intelectual.
Descrição Ultrapassa a classificação simples, interpretando diferenças
de escores, identificando forças e fraquezas e descrevendo o desempenho do
paciente, como em uma avaliação de déficits neuropsicológicos.
Classificação nosológica Hipóteses iniciais são testadas, tomando como
referência critérios diagnósticos.
Diagnóstico diferencial São investigadas irregularidades ou
inconsistências do quadro sintomático, para diferenciar alternativas
diagnósticas, níveis de funcionamento ou a natureza da patologia.
Avaliação compreensiva
É determinado o nível de funcionamento da personalidade, são
examinadas as funções do ego, em especial a de insight, condições do
sistema de defesas, para facilitar a indicação de recursos terapêuticos e
prever a possível resposta aos mesmos.
Entendimento dinâmico
Ultrapassa o objetivo anterior, por pressupor um nível mais elevado de
inferência clínica, havendo uma integração de dados com base teórica.
Permite chegar a explicações de aspectos comportamentais nem sempre
acessíveis na entrevista, à antecipação de fontes de dificuldades na terapia e
à definição de focos terapêuticos, etc.
Prevenção Procura identificar problemas precocemente, avaliar riscos,
fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, de sua capacidade para
enfrentar situações novas, difíceis, estressantes.
Prognóstico Determina o curso provável do caso.
Perícia forense Fornece subsídios para questões relacionadas com
“insanidade”, competência para o exercício das funções de cidadão, avaliação
de incapacidades ou patologias que podem se associar com infrações da lei,
etc.
… Essa evolução vem se processando aceleradamente nos últimos anos:
em vez de buscar o(s) sintoma(s) para enquadrar em uma síndrome e dar um
rótulo, procura-se chegar a uma descrição e compreensão da personalidade
com ênfase na dinâmica do caso. Não devemos esquecer que a identificação
de indícios patológicos e a descrição de síndromes podem auxiliar como uma
linguagem conhecida sobre a qual se trabalha, mas não se pode tomá-los
como rótulo.

155
A psicologia clínica, num primeiro momento, se associa à ideia de
doença, pois como coloca, descende em linha direta da psicopatologia e não
consegue disfarçar a evidência da filiação. Não haveria problema nisso se a
psicologia clínica conseguisse tornar-se autônoma, se elaborasse os seus
próprios conceitos e a sua linguagem específica.
Outro ponto a considerar, é a necessidade de isenção de qualquer
preconceito por parte do psicoterapeuta sobre o estado de saúde do indivíduo
a examinar, não forçando qualquer tipo de desajuste.
Afirma que: “… todos os seres humanos, por maior que seja seu
comprometimento emocional ou mental, têm recursos de forma que, se
ajudados possam vir a superar seus problemas”.
Para essa autora existe a necessidade de olhar o ser humano inserido
num contexto, num sistema socializado, dando ênfase aos aspectos positivos
de sua personalidade, observando o ego e sua força, vulnerabilidade,
normalidade ou patologia.
Essa perspectiva, embora muito importante, não preenche todos os
requisitos necessários à prática psicoterapêutica, que exige formas de
diagnóstico que auxiliem na direção da intervenção e no processo.
Em função dessa necessidade, muitos psicoterapeutas se dedicaram em
buscar uma ferramenta específica que contemplasse as exigências de uma
avaliação na prática clínica, agregando os objetivos psicoterapêuticos de
longo prazo.
O termo diagnóstico teve origem em duas palavras gregas, que
significam “saber” e “por meio de ou entre”. Num significado mais amplo,
refere-se a distinguir ou discriminar.
Um bom diagnóstico clínico está na base de qualquer trabalho,
segundo. Diagnóstico pode ser compreendido sempre que se explicita a
compreensão sobre um fenômeno. Se o psicoterapeuta é consultado, fica
caracterizada a existência de um problema, alguém sofre ou está incomodado
e a verdadeira causa deve ser investigada.
O objetivo do diagnóstico é buscar uma compreensão efetiva e humana
da pessoa por meio de uma descrição dinâmica, em que a etiologia do quadro
também seja considerada. Para essa autora não é objetivo do diagnóstico
psicológico catalogar o sujeito, tampouco enumerar os elementos
constitutivos de sua personalidade.
Diagnosticar é discernir os aspectos, características e relações que
compõe um todo. “Quando procuramos ler determinado fato a partir de
conhecimentos específicos, estamos realizando um diagnóstico no campo da
ciência ao qual esses conhecimentos se referem”.
Identificar e explicitar o modo de existência do sujeito no seu
relacionamento com o ambiente, em determinado momento, é uma forma de
diagnosticar. “O diagnóstico procurará dizer em que ponto de sua existência o
156
indivíduo se encontra e que feixe de significados ele constrói em si e no
mundo”.
O cliente manifesta a sua realidade de várias maneiras diferentes. Para
a manifestação se dá a partir da sua fala, onde são trazidas as suas vivências,
a sua história, o seu corpo, a sua estranheza, o seu fazer-se. O diagnóstico
apreende o indivíduo em sua realidade e esse processo é fruto da coautoria
entre cliente e psicoterapeuta.
Diagnosticar é uma condição do conhecimento e não uma opção. É
importante chegar a um todo integrado de significados que forneçam uma
compreensão dinâmica da personalidade do indivíduo.
“O fato é que a prática e a teoria se alimentam mutuamente. Uma não
se desenvolve sem a outra, não podendo haver desvinculação e nem
subordinação total entre elas”.
A prática psicológica deve ser claramente articulada a uma teoria na
reflexão que defende:

Abster-se do diagnóstico é ficar a mercê de critérios imponderáveis, do


senso comum, das emoções e preconceitos, da ideologia. Tanto a teoria como
suas consequências práticas devem ser expostas à crítica, à revisão e, se
necessário, ao abandono, quando não se fizerem mais consistentes. Dessa
forma a psicologia se torna uma prática regulada, regida por princípios claros.
As boas intenções ou o desejo de fazer o bem não são práticas psicológicas.
Muito embora, a forma e os modelos de diagnóstico se mostrem
variados, o que se evidencia é a necessidade e a importância de se fazer uso
do diagnóstico ou do psicodiagnóstico num trabalho psicoterapêutico.
A preocupação em preservar a singularidade de cada cliente, não os
limitando a conceitos pré-estabelecidos, aparece com destaque como um
ponto comum a todos os autores estudados.
Compreender como o indivíduo se desenvolve, de que maneira o seu
funcionamento efetivo sua existência a partir de uma realidade
fenomenológica é diagnosticar e parece ser condição necessária para o
profissional auxiliar seu cliente no seu processo de conscientização,
aprendizagem e mudança.

Modalidades de tratamentos com crianças, adolescentes e


adultos: intervenções individuais e grupais; critérios de
indicação; psicoterapia de grupo, grupos operativos,
psicoterapia individual, atendimento à família.

Atendimento Psicológico Infantil é um tipo de orientação psicológica que


tem por objetivo a superação dos problemas no desenvolvimento psicológico

157
da criança, de modo a possibilitar a estruturação adequada de sua
personalidade e evitar problemas psicológicos na vida adulta.
Neste tipo de orientação, o Psicólogo busca a relação com a criança
através de técnicas, o que possibilita à criança, entrar em contato com seu
mundo interno, fazendo com que ela expresse seus sentimentos, conflitos e
medos, levando assim, a superação dos mesmos.

- Orientação à Pais (criança e adolescente)


Existem atitudes a serem tomadas e adaptadas que serão de grande
ajuda para os pais e consequentemente para os filhos. Por isso, a Orientação
Psicológica para os pais, tem o intuito de auxiliar os pais ou responsáveis
numa reflexão sobre a dinâmica familiar a fim de dar o suporte apropriado ao
desenvolvimento emocional da criança ou adolescente, estabelecendo um
equilíbrio no seu desenvolvimento emocional e psicológico.
Também tem o intuito de sanar possíveis dúvidas e dar orientações de
como e de que forma educar, como falar e ouvir o(s) os filhos, entre outras
coisas, melhorando, assim, a relação e o vínculo entre pais e filhos.

- Educação de Filho(s) - Métodos de Disciplina Eficazes


“Como dar limites e disciplinar filhos?” É a pergunta de muitos pais.
As reclamações sobre o mau comportamento de crianças se tornaram
comuns. É cada vez mais evidente a dificuldade por parte dos filhos em
obedecer às regras e reconhecer limites. Por isso, se torna fundamental o
estabelecimento de métodos de disciplina adequados e apropriados a cada
tipo de personalidade.
Identificar e atender os fatores de métodos eficazes de educação é uma
forma de combater a indisciplina. A fim de cumprir este objetivo, será
analisada a personalidade de cada criança e o método de disciplina mais
eficiente para cada uma, pois temperamentos diferentes merecem tipos de
disciplina diferentes. Lembre-se: Cada criança é única, e um método que
funciona para uma pode ser destrutivo para outra.
“Como vivenciar uma gestação de forma mais equilibrada? Como lidar
com as modificações que surgem com a gestação? Como lidar com as
mudanças nas relações com o cônjuge? Como lidar com um bebê? O que é
normal ou não sentir? Quais as necessidades afetivas, emocionais de um bebê
em suas diversas fases de desenvolvimento?”

158
Essas e outras questões atormentam muitas mães, e muitas vivenciam
essas angústias sozinhas. Entrar em contato com tudo isso é fundamental
para fazer escolhas mais conscientes em relação a si e ao futuro bebê.

Ter um espaço e tempo dedicados a essas reflexões com um


profissional especializado, pode fazer toda a diferença para que essa mulher,
esse casal e esse bebê, possam passar por todas essas transformações de
forma mais positiva.
Além do acompanhamento médico pré-natal, a preparação emocional
para acolher o novo ser é muito importante. Vale salientar também que a
vida psíquica do bebê não se inicia com o nascimento, é uma continuidade da
vida intrauterina (é ainda no útero que acontecem as primeiras emoções do
feto, pois ele capta aquilo que a mãe sente.
A Terapia de Casal objetiva a superação de impasses na relação
amorosa de casais, onde um dos dois ou os dois estão sofrendo
emocionalmente por função de mal entendidos, desacertos e problemas de
comunicação, ciúme, insegurança, brigas, desrespeito, entre outras coisas.

Podendo alternar sessões individuais e conjuntas, conforme a


necessidade e a possibilidade de cada caso, o Atendimento Psicológico para
Casais visa esclarecer e intervir nas determinantes de tais problemas e
trabalhar na direção de criar alternativas, possibilitando ao casal, fazer a
melhor escolha com segurança.
Também tem como objetivo melhorar a comunicação, negociar e
equilibrar as diferenças individuais, entender as necessidades do outro,
proporcionado o “crescimento” de cada um e da relação entre os dois.
A Terapia Familiar tem por finalidade restabelecer o tecido de relações
do grupo familiar, superando os impasses, mal-entendidos e desacertos que
levam ao sofrimento, ao isolamento e à solidão de seus integrantes e
impedem a realização de ser pai, mãe, filho(a), irmão(ã), tio(a), avõ, avó,
etc.
Podendo ter sessões individuais e conjuntas, o atendimento conduz à
viabilização de todos os seus integrantes.

Abordagem psicanalítica do tratamento individual e grupal.

A história dos trabalhos com grupo pode ser contada de várias


maneiras. Optamos aqui por falar apenas dos teóricos que contribuíram com
conceitos hoje utilizados na prática, seja em psicanálise ou nas demais
159
abordagens que também trabalham com grupos. Joseph Pratt pode ser
considerado o pioneiro neste trabalho, em julho de 1905 iniciou um programa
de assistência à pacientes internados com tuberculose, denominado sistema
de “classes coletivas”. Reunia-os uma vez por semana, em grupos de 15 a 20
membros, para que fosse possível estabelecer maior contato com os
pacientes. Orientava-os a adotar atitudes positivas em relação às suas
condições, enfatizando a necessidade de manter a confiança e a esperança. O
reconhecimento de que não eram os únicos a sofrer, aparentemente,
contribuía para certa sensação de melhora.
Foi o primeiro a utilizar as emoções coletivas para obtenção de uma
finalidade terapêutica.
Alguns anos mais tarde, também nos Estados Unidos, Marsh promove
um grupo com pacientes denominados “psiconeuróticos”. Depois passou a
acolher também pacientes psicóticos. Seus grupos tinham entre 200 e 400
pessoas. Utilizava música, dança e diálogos entre os participantes
(testemunhos). Tinha por objetivo integrar a mente, a emoção e a atividade
motora às necessidades atuais da realidade.
Marsh acreditava que o importante não seria o conteúdo discutido no
grupo, mas o ambiente que ali se cria.
Ao analisarmos apenas esta parte do histórico dos grupos uma questão
salta aos olhos; os pioneiros em psicoterapia de grupo iniciaram e
desenvolveram seus trabalhos no ambiente institucional. Seja no hospital
como Prat ou no manicômio como Marsh e Lazel, todos trataram de pacientes
que estavam internados e privados do contato com a sociedade;
institucionalizados. A proposta de discutir abertamente questões de foro
íntimo na presença de outras pessoas, não poderia ter surgido em uma
sociedade repressiva e repleta de preconceitos como a América do início do
século XX. Foi preciso um contexto de isolamento para que os sujeitos
aceitassem, não sem ressalvas, falar livremente sobre suas questões pessoais
em um grupo. Moreno começou seu trabalho com grupos de atores em 1921
e posteriormente amplia seu campo de ação para pacientes psiconeuróticos.
Foi o responsável por cunhar o termo “psicoterapia de grupo”. Moreno
acreditava que a psicoterapia de grupo precisava penetrar em dimensões da
existência as quais a psicoterapia pela fala não podia alcançar. Então
converteu o trabalho com grupos em psicoterapia da ação utilizando as
técnicas do psicodrama. Esperava conseguir um grande benefício terapêutico
através da representação, na vivência ativa e estruturada de situações
psíquicas conflituosas, levando a implicações de eventos da própria vida
(Moreno, 1974).
Kurt Lewin foi o responsável pelo conceito de “campo grupal” onde são
considerados dinamicamente, tanto as questões relativas à pessoa quanto ao
meio onde esta se insere. Foi o grande responsável por integrar as ciências
sociais ao estudo dos grupos.

160
Foulkes, teórico da escola inglesa, pensa o grupo como um todo social,
mais do que a mera soma das partes. Considera que na análise individual há
um caráter vertical na transferência (referindo-se ao passado); já o grupo
teria um caráter horizontal (plano atual e multipessoal).
A função do grupo é buscar a remoção das inibições sociais através da
discussão flutuante livre, que seria o correspondente grupal da associação
livre. O grupo será analisado segundo sua estrutura e organização, os
processos dinâmicos da interação grupal e os conteúdos que relacionam
atitudes, ideais, valores, sensações e "patologia" (Saidon, 1983).
Já a escola francesa, através do pensamento de René Kaës, entende
que a análise de grupo deve focar o papel das representações do grupo sobre
ele mesmo e a contrapartida da influência do processo grupal sobre a
produção das representações; o termo representação está ligado às relações
de objeto encenadas no contexto grupal. Anzieu (1983) afirma que o grupo é
o continente dentro do qual uma circulação fantasmática e identificadora vai
se ativar entre as pessoas.
MODOS DE FUNCIONAMENTO DOS GRUPOS
O que pretendemos é entender como funcionam os grupos
psicoterápicos e os benefícios que cada tipo de grupo pode proporcionar.
Baremblitt (1982) afirma que a “grupoterapia” passou pela seguinte evolução
na forma de tratamento: primeiro houve a psicoterapia pelo grupo, no qual se
utilizavam técnicas de sugestão e identificação para alcançar os objetivos
desejados. Foi a primeira técnica empregada pelos pioneiros em grupoterapia
e o modelo clássico de grupo que funciona dessa maneira são os Alcoólicos
Anônimos que iniciaram seu trabalho em 1935, nos Estados Unidos, e até
hoje produzem excelentes resultados em seus mais de 95 mil grupos
espalhados por quarenta países ao redor do mundo (AA, 2006).
A segunda modalidade de técnica foi a psicoterapia no grupo, na qual o
terapeuta ou analista tratava individualmente cada membro na presença dos
demais.
O modelo da Psicanálise no grupo reporta-se à Escola Americana, tendo
Shilder e Slavson como seus expoentes. Nele predomina a oposição homem-
sociedade e, em termos terapêuticos, busca-se a cura através da análise das
motivações intra-individuais dos membros do grupo. A referência básica é a
análise individual no grupo. E, por último, a psicoterapia do grupo, em que o
inconsciente grupal aparece tal como uma unidade, com seus fantasmas e
ansiedades.
Esta última forma de psicoterapia é a que nos propomos defender. No
entanto, algumas considerações precisam ser feitas a seu respeito. Suas
raízes remetem à Escola Inglesa, em sua origem: Bion, Foulkes, Sutherland,
e na América Latina, Grinberg, Langer e Rodrigué. É inspirado inicialmente na
vertente kleiniana e o modelo contém a idéia de que o grupo tem uma

161
estrutura básica. O sujeito, socializando-se, passa a integrar, enquanto
"parte", uma mentalidade grupal.
Objetiva-se a integração grupal, com a assimilação de uma identificação
grupal por parte de cada membro (Saidon, 1983). Parece que os primeiros
trabalhos desenvolvidos pelas escolas inglesa e argentina adotam uma
postura muito radical ao considerar apenas o grupo em suas análises,
provocando a diluição da identidade dos indivíduos na massa grupal (Py e
outros, 1987).
Tal postura acabou tornando-se prejudicial para o desenvolvimento da
psicoterapia de grupo, pois produzia grande resistência nos pacientes e um
sentimento que em psicanálise conhecemos como angústia por separação (o
inverso da angústia de separação). Tentaremos explicar isso através da ilusão
grupal, que corresponde a um desejo de segurança, por parte dos membros
do grupo; desejo de preservação da unidade egóica ameaçada, substituindo a
identidade do indivíduo por uma identidade de grupo: o indivíduo responde à
ameaça ao seu narcisismo individual, instaurando um narcisismo grupal. O
grupo encontra sua identidade, ao mesmo tempo em que os indivíduos nele
se afirmam todos iguais.
A ilusão grupal ilustra o funcionamento de um eu ideal nos grupos,
substituindo o eu ideal de cada um por um eu ideal comum (Anzieu, 1993).
Daí a ênfase colocada, então, no caráter caloroso das relações entre os
membros, na reciprocidade da fusão de uns com os outros e na proteção que
o grupo traz aos seus integrantes. No entanto essa ilusão não pode
permanecer dominante na dinâmica dos grupos.
Faz-se necessário que o sujeito consiga se diferenciar e se
individualizar, mesmo estando imerso no grupo. E é a possibilidade de morte
do grupo que propicia essa busca de identidade, o reconhecimento das
singularidades, permitindo que o sujeito se perceba como desejante e
constituído por elementos desejantes (Saidon, 1983).
Anzieu (1983) vai mostrar que o grupo é como um envelope que agrega
as imagens ilusórias que cada sujeito faz dos demais integrantes do grupo,
em seu entender trata-se do consciente articulando representações, não só
de palavras como também de coisas. A este processo dá-se o nome de
fantasmatização. Assim, a fantasia inconsciente do grupo se constitui das
projeções e desejos de todos os membros, na medida em que estas são
lançadas ao terapeuta e este as recolhe. Não sendo possível considerar
apenas o conteúdo grupal, mas a forma como este foi constituído e em nível
mais profundo as relações estabelecidas entre indivíduo e grupo. Falando de
forma geral, podemos analisar as produções do grupo em três níveis
distintos.
O primeiro são as produções usuais de qualquer grupo, tal como Freud
analisou em seu texto sobre a psicologia das massas; Freud (1921) afirma
neste trabalho primoroso que o indivíduo é o “verdadeiro homem” apenas nos
grupos. Em sua concepção os componentes de uma multidão estão ligados
162
por laços de união de natureza libidinal que “atravessam a multidão de ponta
a ponta” e a somatória das libidos individuais torna a “libido grupal” muito
maior e mais potente que a censura dos sujeitos. Ocorre assim uma
regressão psíquica nos indivíduos que passam a reviver, por alguns
momentos, situações primitivas e há muito esquecidas. Sempre que um
grupo se forma surgirá um líder, e este se torna o representante de todos os
superegos, que nele se fundem e se unem. Magnífica expressão utilizada por
Freud é aquela de um dos Generais dos exércitos de Hitler ao declarar “eu
não tenho consciência; a minha consciência é o Fühere”.
O segundo nível de análise diz respeito às manifestações particulares
daquele grupo como unidade, e nesse ponto cada grupo possui uma
característica distinta; Bion delimita algumas divisões típicas para os grupos
segundo sua lógica de funcionamento que guardam relação também com os
grupos analisados por Freud.
A saber, para Bion (1975) os grupos, em seu nível mais primário, se
organizam segundo três tipos de Suposições Básicas (SB). Estas surgem
como formações secundárias a uma cena primária extremamente antiga,
representada num nível de objetos parciais e associada com ansiedades
psicóticas.
A primeira é a SB de Dependência, onde os membros do grupo se
voltam para o terapeuta na esperança de que ele os conduza para um bem
maior.
A segunda é a SB de Fuga-luta, onde um dos membros do grupo se
destaca como líder e o grupo elege algo ou alguém como o inimigo a ser
combatido (nos grupos psicoterápicos este inimigo pode ser a doença).
E a terceira é a SB de Acasalamento, onde dois membros do grupo
direcionam o foco dos demais, tal como se fossem os “pais” do grupo (Bion,
1975). É interessante notar que esses três modos de funcionar descrevem
adequadamente os três grupos que Freud escolheu para analisar em seu
trabalho sobre grupos. Assim podemos perceber que à Igreja caberia o
pressuposto de dependência, ao Exército, o de luta e fuga, e à aristocracia o
de acasalamento O terceiro nível de análise de grupo associa as
particularidades dos grupos às singularidades de cada paciente.
É interessante notar que cada sujeito sofrerá modificações em sua
dinâmica e por sua vez, também influenciará de maneira peculiar o
funcionamento do grupo. Este tipo de análise permite conjugar os fantasmas
grupais com o simbólico de cada indivíduo. Vale assinalar que a partir da
década de 30 já surgem as primeiras concepções de grupo como uma
reconstituição da família: o terapeuta como figura paterna e os pacientes
como irmãos. Depreende-se disso que em qualquer estrutura de grupo
psicoterápico, a relação emocional mais intensa e constante é sempre
orientada para o terapeuta. E a rivalidade entre membros do grupo é sempre
dirigida ao terapeuta como uma disputa pelo amor e atenção do pai. Podemos
pensar que o sujeito entra em análise para criar condições de se inserir em
163
algum grupo social ou aceitar sua atual inserção nos grupos dos quais faz
parte, aceitar a Lei do Pai (Py e outros, 1987).
A psicoterapia de grupo então auxilia o sujeito nessas “inserções” tanto
simbólica e fantasmaticamente, como o faz a análise individual, quanto na
vivência prática do “estar em grupo” e ter de se haver com isso. A
oportunidade de identificar nos outros nossa própria problemática de vida
possibilita o conhecimento de si, a sensação de não estar “só no mundo com
as próprias dores” e a chance de modificar algumas posturas e condutas.
Nossa proposta é trabalhar com esta entidade que surge a partir dos
fenômenos grupais como unidade integrada, questionando e pontuando as
falas e construções feitas pelo grupo como um todo. Nas palavras de Lancetti
(1982) para a psicanálise tradicional o paciente é o único indivíduo, enquanto
que para a análise de grupo o paciente é um grupo de indivíduos. Assim,
podemos perceber o grupo, do ponto de vista da dinâmica psíquica, como um
sonho.
O CAMPO E O PÚBLICO DA PSICOTERAPIA DE GRUPO
A psicoterapia de grupo nasce na instituição pública. E é também aí que
focamos nossa proposta de intervenção através desta técnica. Não pensamos
que a psicoterapia de grupo seja a resposta para a atual falta de profissionais
do cuidado na rede pública. Nem tão pouco deve ser encarada como a melhor
opção para levar a psicanálise aos menos favorecidos, ideia largamente
difundida nas décadas de 50 e 60. Deve-se tomar cuidado aqui com o
chamado “Apartheid Clínico”, que vê diferenças entre sujeitos ricos e pobres,
baseado em razões preconceituosas e etnocêntricas.
Em uma vertente contrária pensamos a psicoterapia de grupo como
uma proposta que se sustenta na postura pela qual toda doença, como
processo sócio-histórico e simbólico, atinge de entrada a identidade do doente
e de seus familiares. E o palco por excelência dos processos de transformação
da identidade é a relação de alteridade, cujo espaço privilegiado é a mediação
grupal.
Esta mediação também pode ocorrer nos grupos operativos. A análise,
porém, permite que o grupo seja o palco por excelência de representação,
recordação e elaboração de conflitos familiares primitivos e constitutivos, na
medida em que há ali alguém para servir como tela de projeção para as falas
e as fantasias dos sujeitos.
Nas instituições, enfrentaremos algumas dificuldades com a questão da
inclusão ou não de novos pacientes no grupo, de forma que essas alterações
sejam benéficas tanto para o novo membro quanto para a dinâmica grupal.
Um grupo psicoterápico é sempre visto como um bom lugar para se
encaminhar pacientes. Então é fundamental ao analista priorizar o grupo em
detrimento da demanda institucional, pois em alguns casos o grupo não
comporta mais ninguém; está fechado! Outra questão diz respeito à escolha
daqueles que têm realmente condições para participar do processo.

164
Estar em um grupo psicoterápico demanda certo nível de elaboração e
abstração. E alguns pacientes institucionalizados não possuem estes
requisitos. Para estes é recomendado que participem dos chamados grupos
operativos. Vale aqui a distinção entre grupos psicoterápicos e o grupo
operativo que é aquele no qual a explicitação da tarefa e a participação
através dela permitem, não só sua compreensão, mas também sua execução.
Várias propostas de trabalho dentro das instituições se encaixam nesta
perspectiva; os grupos de artesanato, pintura, reconstrução de formas etc.
Uma diferença marcante entre a clínica individual e a psicoterapia de grupo
trata da necessidade de compromisso e fala por parte dos pacientes. Em uma
sessão individual o paciente pode ficar em silêncio o tempo todo e por vários
encontros, resta ao analista a opção de pontuar ou não este silêncio, esta
escolha dependendo de muitas questões relativas à subjetividade e à
transferência. Em um grupo essa postura não é aceitável, pois todos os
membros estão ali “expostos” compartilhando suas questões pessoais.
Caso um integrante se negue a falar durante várias sessões os demais
se sentirão desfavorecidos ou ameaçados e exigirão a participação ou
exclusão daquele participante.

Políticas de Saúde (SUS) e propostas para a Saúde Mental.

Há mais de 30 anos, a política nacional de saúde mental passou por


transformações guiadas por um processo de reforma psiquiátrica, inspirado
no Brasil ainda no final dos anos 70, com o surgimento de movimentos sociais
formados majoritariamente por trabalhadores da saúde, associações de
familiares, sindicalistas e pessoas com longo histórico de internações
psiquiátricas.
Em compasso com a redemocratização do país e a criação do Sistema
Único de Saúde (SUS) pela Constituição de 1988, surgiram as primeiras
demonstrações efetivas do que propunham os defensores da reforma
psiquiátrica e da luta antimanicomial.
Breve histórico
Ainda no final dos anos 80, foi implementado no município de São Paulo
o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que possibilitou a
transferência, em 1989, de pessoas internadas no hospital psiquiátrico Casa
de Saúde Anchieta, em Santos (SP) – local de maus-tratos e mortes de
pacientes – para serviços sociais integrados voltados à promoção do cuidado
em liberdade e à reinserção social de seus usuários. A intervenção pública foi
a primeira com repercussão nacional a demonstrar de forma prática a
possibilidade de construção de uma rede de cuidados efetiva e substitutiva ao
sistema manicomial hospitalar.

165
Depois do primeiro CAPS paulista, outras experiências regionais bem
sucedidas em atendimento psicossocial de base comunitária inspiraram, ainda
no final dos anos 80, a formulação – e posterior aprovação – da Lei nº
10.216, conhecida nacionalmente como “Lei da Reforma Psiquiátrica”.
Promulgada em 2001, a legislação estabeleceu novas diretrizes para políticas
públicas de saúde mental, orientadas pelo respeito à cidadania e aos direitos
da pessoa com transtorno mental.
Nesse contexto, as políticas do campo passaram a ser pensadas para
funcionar a partir de uma rede ampla e multidisciplinar, instituída em 2011 e
batizada de Rede de Atenção Psicossocial, a RAPS, que integra o SUS
(Sistema Único de Saúde) e, nos últimos anos, vem sendo alvo de alterações
por parte do governo federal.
Desde a sua criação, a RAPS é composta por serviços e equipamentos
variados, em sua maioria guiados por princípios de cuidado comunitário e em
liberdade, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e as
Unidade de Acolhimento (UAs).

Um dos mais conhecidos e demandados dispositivos da Rede é o CAPS,


que opera como uma unidade pública de saúde destinada a pessoas em
sofrimento psíquico, com transtornos mentais e/ou necessidades decorrentes
do uso de álcool e outras drogas.
Nas suas diferentes modalidades, os CAPS oferecem atendimento clínico
em regime de atenção diária à população, com equipe multiprofissional que
reúne médicos, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros,
terapeutas ocupacionais, entre outros agentes da rede pública.
A pessoa que procura pelo CAPS é acolhida e participa da elaboração de
um Projeto Terapêutico Singular (PTS), específico para as suas necessidades
e demandas – o que pode incluir situações de intenso sofrimento psíquico e
crises relacionadas ao consumo prejudicial de álcool e outras drogas.
Por meio de ações individuais e coletivas, buscam a reinserção social de
seus usuários, pelo acesso a trabalho, lazer, moradia, exercício dos direitos
civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
Como parte dos SUS, os CAPS são financiados com recursos do
Ministério da Saúde e, diferentemente do que ocorre em instituições
psiquiátricas de modelo asilar, como hospitais psiquiátricos e comunidades
terapêuticas, suas abordagens consideram a singularidade, a história, a
cultura e o cotidiano de cada sujeito, com o objetivo de garantir cuidado em
liberdade, cidadania, autonomia e inclusão social a seus usuários e familiares.
Atual cenário
Apesar das significativas conquistas alcançadas com a implementação
do Sistema Único de Saúde e da RAPS, bem como pelo processo gradativo de
166
reforma psiquiátrica no Brasil, políticas e serviços públicos de saúde e
assistência social vêm sendo desmontados e aparelhados por grupos de
interesse privado desde o final de 2016.
Em dezembro de 2017, por exemplo, o Ministério da Saúde, à revelia de
qualquer diálogo com a população, a sociedade civil ou mesmo órgãos
voltados ao controle social, como o Conselho Nacional de Saúde (CNS),
incluiu os hospitais psiquiátricos no centro da RAPS.
Durante a gestão federal interina de Michel Temer e, nos últimos anos,
sob o governo do atual presidente da República Jair Bolsonaro, recursos
federais, antes voltados à ampliação de serviços de base comunitária
inseridos no SUS, foram paralisados, ao passo em que representantes de
entidades privadas, que incluem associações psiquiátricas e empresários
ligados a instituições asilares, passaram a incidir cada vez mais sobre a
agenda pública.
A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo Federal,
coordenada pelo Ministério da Saúde, que compreende as estratégias e
diretrizes adotadas pelo país para organizar a assistência às pessoas com
necessidades de tratamento e cuidados específicos em saúde mental.
Abrange a atenção a pessoas com necessidades relacionadas a transtornos
mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar,
transtorno obsessivo-compulsivo etc, e pessoas com quadro de uso nocivo e
dependência de substâncias psicoativas, como álcool, cocaína, crack e outras
drogas.
O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estratégia de
atenção fundamental para a identificação das necessidades assistenciais,
alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e
terapêuticas, se e quando necessárias, conforme cada caso. Os indivíduos em
situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da Rede de
Atenção Psicossocial, formada por várias unidades com finalidades distintas,
de forma integral e gratuita, pela rede pública de saúde.
Além das ações assistenciais, o Ministério da Saúde também atua
ativamente na prevenção de problemas relacionados a saúde mental e
dependência química, implementando, por exemplo, iniciativas para
prevenção do suicídio, por meio de convênio firmado com o Centro de
Valorização da Vida (CVV), que permitiu a ligação gratuita em todo o país.
Importante: O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio
emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente
todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por
telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em
parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer
linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar para o chat.
A reabilitação psicossocial é compreendida como um conjunto de ações
que buscam o fortalecimento, a inclusão e o exercício de direitos de cidadania

167
de pacientes e familiares, mediante a criação e o desenvolvimento de
iniciativas articuladas com os recursos do território nos campos do trabalho,
habitação, educação, cultura, segurança e direitos humanos.
Praticar hábitos saudáveis e adotar um estilo de vida de qualidade,
ajudam a manter a saúde mental em dia.
Jamais se isole;
Consulte o médico regularmente;
Faça o tratamento terapêutico adequado;
Mantenha o físico e o intelectual ativos;
Pratique atividades físicas;
Tenha alimentação saudável;
Reforce os laços familiares e de amizades.
Conheça a plataforma Saúde Brasil e veja quais hábitos adotar, em
todas as áreas da vida, para ter mais qualidade de vida.
Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etária,
podem ser afetadas, em algum momento, por problemas de saúde mental ou
dependência química, de maior ou menor gravidade. Algumas fases, no
entanto, podem servir como gatilhos para início do problema.
Entrada na escola (início dos estudos);
Adolescência;
Separação dos pais;
Conflitos familiares;
Dificuldades financeiras;
Menopausa;
Envelhecimento;
Doenças crônicas;
Divórcio;
Perda entes queridos;
Desemprego;
Fatores genéticos;
Fatores infecciosos;
Traumas.

Ética Profissional.

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RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05 Aprova o Código de Ética Profissional
do Psicólogo.
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas
atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei no 5.766, de
20 de dezembro de 1971;
CONSIDERANDO o disposto no Art. 6º, letra “e”, da Lei no 5.766 de
20/12/1971, e o Art. 6º, inciso VII, do Decreto nº 79.822 de 17/6/1977;
CONSIDERANDO o disposto na Constituição Federal de 1988, conhecida como
Constituição Cidadã, que consolida o Estado Democrático de Direito e
legislações dela decorrentes;
CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião realizada no
dia 21 de julho de 2005; RESOLVE: Art. 1º - Aprovar o Código de Ética
Profissional do Psicólogo. Art. 2º - A presente Resolução entrará em vigor no
dia 27 de agosto de 2005. Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário,
em especial a Resolução CFP n º 002/87.
(d) incentivar a avaliação processual dos resultados obtidos;
(e) coordenar a realização de projetos de trabalhos específicos que
demandam conhecimentos e habilidades relativas ao campo da psicologia;
(f) participar ativamente na formação continuada de professores; e
(g) colaborar no sistema de seleção de professores e coordenadoras
pedagógicas.
As referidas atividades se articulariam com as outras possibilidades
tradicionais de trabalho para contribuir para a real efetivação da proposta
pedagógica no contexto educativo. Em um estudo a respeito da parceria do
psicólogo escolar na elaboração de projetos político pedagógicos, apontam
que o psicólogo pode possuir um papel mediador em que não sobreporia seus
conhecimentos de autoridade científica, mas estaria juntamente com os
profissionais da escola experenciando e analisando conflitos, contribuindo
para a internalizacão da emocionalidade. Com base nos referenciais de Agnes
Heller sobre a vida cotidiana, os autores destacam que a atuação do psicólogo
junto às comunidades escolares necessita envolver uma relação de
proximidade para compreender a dinâmica da escola e os processos de
alienação que ali se evidenciam. Outra perspectiva na área é a investigação
acerca das concepções e sentidos do P.P.P para os educadores.
A partir da Psicologia histórico-cultural e da Teoria da Atividade de
Leontiev, o sentido pessoal da ação docente em uma escola pública no
contexto de produção do projeto político-pedagógico, que serviria de base
para toda a organização da ação pedagógica. Em sua análise, a autora diz
que as condições objetivas de trabalho e de produção de vida convertem-se
em uma estrutura de consciência e que é frente a essas condições que
surgem as dificuldades e impossibilidades de os professores se humanizarem
na relação com o trabalho, isto é, na atividade pedagógica. Segundo a autora,
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isso se expressa por meio da cisão existente entre os sentidos das atividades
pedagógicas para o professor e os resultados (significados) concretos de suas
ações.
Nesse contexto, a fragmentação é produzida pela organização do
modelo capitalista de produção que desapropria a classe trabalhadora dos
produtos do seu trabalho, bem como do próprio trabalho, que deixa de lhe
pertencer. No caso do trabalho docente, a ruptura entre sentido e significado
provoca uma dissonância entre a ação educativa e o significado social dessa
ação. Em decorrência, os significados sociais da atividade educativa podem
até ser apropriados e reproduzidos pelo professor, mas não são refletidos em
propostas práticas ou resultados educacionais em virtude das condições
desumanas de trabalho. Torna-se importante assinalar que, diante do cenário
neoliberal em que a educação é vista como mercadoria, evidencia-se a
tendência em se atribuir ao setor público a responsabilidade pela crise e pela
ineficiência do sistema educacional em nosso país.
A culpa dos problemas na rede pública recai, por conseguinte, nos
participantes do processo educacional (educadores, alunos, famílias), sendo
desconsiderados os condicionantes políticos e econômicos responsáveis por
este processo, o que contribui para a manutenção da política atual que está
atrelada aos interesses do capital. Ao considerar as condições concretas da
comunidade e do contexto educativo e suas multideterminações, o psicólogo
pode direcionar sua prática visando favorecer a autonomia dos sujeitos e a
melhoria das práticas pedagógicas, por meio do diálogo com os diferentes
agentes da escola. Nesta perspectiva, a prática do psicólogo no âmbito
educacional necessita pautar-se em uma perspectiva emancipadora a fim de
fomentar a consciência crítica das pessoas para que possam intervir na
realidade, contribuindo para a melhoria de suas condições de vida.
Os princípios teóricos da conscientização e da libertação podem resultar
em um modelo que subsidie as intervenções do psicólogo na busca de
transformação do espaço educativo. A conscientização é vista dentro de um
posicionamento político a partir do referencial de Paulo Freire (1979) e se
constitui como um processo de reflexão crítica acerca da realidade, do
cotidiano da escola e dos seus agentes. Outro referencial adotado é a
Psicologia da Libertação, que tem como propósito favorecer mudanças na
realidade dos indivíduos, atentando para o homem em sua corporeidade, em
suas características específicas e também para a comunidade sem, contudo,
desconsiderar os aspectos estruturais e de ordem social que condicionam
situações de opressão e desigualdade.
Cabe enfatizar que um importante aspecto da ação do psicólogo se
refere ao fortalecimento dos indivíduos ou grupos sociais. O processo de
fortalecimento necessariamente supõe as seguintes fases: o desenvolvimento
de um forte sentido da pessoa em sua relação com o mundo; a construção de
uma concepção crítica sobre as forças sociais e políticas que compõem a
realidade e que influenciam o contexto de vida dos indivíduos e das
comunidades; o desenvolvimento da capacidade de relacionar reflexão e
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ação; e, por último, a criação e a aplicação de estratégias e recursos visando
fortalecer os grupos e produzir intervenções que beneficiem a coletividade.
Para isso, entendemos que o psicólogo necessita estar junto a esses
profissionais, participando da rotina escolar e de encontros de trabalho
docente com o objetivo de favorecer a discussão e a reflexão acerca das
práticas e dos conflitos verificados no cotidiano da escola. Tais momentos são
essenciais, pois há troca de experiências entre os participantes e podem
configurar-se como espaços nos quais o professor fale de suas percepções,
emoções, dificuldades e potencialidades em sua atuação.

Pedagogia de Projetos.

O projeto político-pedagógico da escola foi construído em 2003 quando


uma nova equipe de gestão da escola buscou construir com os participantes
da escola um projeto que refletisse uma concepção de educação e que
norteasse a prática pedagógica dessa instituição.
A dinâmica da construção do P.P.P. ocorreu por meio de reuniões em
grupo, das quais participavam, além da equipe de gestão, os professores e os
funcionários. A intenção era incluir a comunidade na construção do projeto,
mas, apesar dos esforços, a escola não conseguiu favorecer a participação da
comunidade na sua elaboração e implantação, segundo informações obtidas
com a direção e alguns docentes. Em termos gerais, o documento destacava
o compromisso da escola em oferecer uma educação de qualidade aos
educandos, pautado na reflexão acerca das relações da escola com as
políticas públicas, de uma gestão participativa e democrática e na perspectiva
de uma educação emancipadora. No P.P.P. foram apresentados quatro
pressupostos norteadores, a saber: unicidade da teoria e da prática; ação
consciente e organizada da escola; participação efetiva da comunidade
escolar e reflexão coletiva; e articulação da escola, da família e da
comunidade.
Dinâmica e processo de efetivação do projeto político-pedagógico na
escola Nas reuniões de trabalho docente coletivo, observamos que a
discussão sobre o Projeto político pedagógico era sistematizada da seguinte
forma: os encontros para a definição de ajustes no projeto político-
pedagógico eram realizados geralmente no início do período letivo e as
reuniões de avaliação do P.P.P. eram feitas ao final de cada semestre.
Também, vale mencionar que as discussões sobre as propostas e os
projetos definidos nesse documento surgiram em vários momentos durante
tais encontros, principalmente devido a situações emergenciais ocorridas na
escola, e daí, foram evidenciadas análises e ações direcionadas à superação
das dificuldades. No que tange ao grupo de professoras do 1o ao 5o ano, as
discussões voltaram-se para a definição e a organização de atividades
pedagógicas e dificuldades no trabalho junto aos alunos, como, por exemplo,

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as dificuldades encontradas pelas crianças de segundo ano em relação à
aprendizagem da escrita. A realização de oficinas de leitura e escrita que
seriam conduzidas pela professora de educação especial. Todavia, essa
proposta não foi concretizada devido à troca de professores desta área e a
diferenças de perspectivas sobre o trabalho a ser efetuado.
Outro fato relevante que consiste na falta de esperança ou de confiança
do docente na instituição, isto é, refere-se à crença de que certas situações
não vão acontecer ou não vão mudar. É o que Martín-Baró (1996) denomina
de fatalismo. Tal tema foi discutido em alguns encontros do grupo a fim de
favorecer o seu fortalecimento e a busca de possibilidades de ação.
A esse respeito, os principais obstáculos apontados na concretização do
P.P.P. fazem referência ao comodismo e ao formalismo à não participação
efetiva e responsável de grupos a partir de objetivos comuns, não bastando a
participação isolada de sujeitos, bem como à adoção de uma matriz individual
que não está em consonância com a matriz coletiva de pensamento e ação.

Teoria de Piaget e Emília Ferreiro.

O construtivismo não é um método de ensino. Construtivismo é uma


teoria a respeito do aprendizado. Quem adotou e tornou conhecida a
expressão foi uma aluna de Jean Piaget, a psicóloga Emília Ferreiro, nascida
na Argentina em 1936. Partindo da teoria do seu mestre, ela pesquisou o
processo mental pelo qual as crianças aprendem a ler e a escrever, colocando
o nome de construtivismo na sua teoria. Emília Ferreiro se restringiu a
desenvolver uma teoria científica. No Brasil, a partir da década de 80, escolas
começaram a utilizar o construtivismo em sala de aula, e mudaram a forma
de alfabetizar as crianças. No Brasil, o construtivismo começou a ser aplicado
metodicamente na primeira Escola Novo Horizonte e depois na Escola da Vila,
em São Paulo.
No construtivismo existe um sujeito que conhece e o conhecimento se
constrói pela ação desse sujeito, sendo que, o ambiente tem um papel muito
intenso nessa atuação de construção de ocorrências de aprendizagem dentro
das quais o educando vai produzir seu saber.
No princípio, o nome construtivismo se aplicava só à teoria de Emília
Ferreiro. Essa teoria priorizou aos educadores a base científica para a
formulação de novas propostas pedagógicas de alfabetização sob o prisma da
lógica infantil. Em síntese, as crianças não aprendem do jeito que são
ensinadas. Conhecer e construir são ações que necessitam de projetos de
assimilação e acomodação, num procedimento estável de reorganização, que
é fruto da presteza daquele que interage com o mundo. Analisada por esse
ângulo, uma ação docente construtivista se baseará nas condições concretas
do aluno, no conhecimento dos momentos de seu desenvolvimento em
afinidade aos esquemas de elaboração mental, respeitando os seus pontos de
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partida e a sua individualidade dentro do contexto coletivo em que está
inserido.
Destacamos que o Construtivismo é uma das correntes teóricas
compelidas em explicar como a inteligência humana se desenvolve tendo
como subsídio o desenvolvimento da inteligência alicerçado pelas interações
entre o ser humano e o meio, incluindo as ideias de descobrir, inventar,
redescobrir, criar.
No Construtivismo a importância do que se faz é igual ao como e
porque fazer, buscando delinear os diversos estágios por que passam os
indivíduos na ação de aquisição dos conhecimentos, de como se desenvolve a
inteligência humana e de como o indivíduo se torna autônomo. O
Construtivismo parte da ideia de que nada, está pronto e acabado, e o
conhecimento não é algo terminado, destacando o papel ativo da criança no
aprendizado, onde os conhecimentos são construídos pelos alunos mediante o
estímulo ao desafio, ao desenvolvimento do raciocínio, à experimentação, à
pesquisa e ao trabalho coletivo.
Porém, existe uma polêmica entre Telma Weisz (construtivismo) e
Fernando Capovilla (método fônico). O método fônico baseia-se no
aprendizado da associação entre sons e letras e usa textos produzidos
designadamente para a alfabetização. O construtivismo não prioriza essa
associação e trabalha com textos que já façam parte do mundo infantil. O que
sabemos é que embate entre os dois métodos de alfabetização está intenso.
Nossa opinião é que qualquer que for o procedimento pedagógico, o que
interessa é que a metodologia possa interagir com as reais necessidades de
conhecimento dos alunos em cada momento do seu aprendizado.
As descobertas de Piaget sobre os processos de aquisição de
conhecimento e sobre os mecanismos de aprendizagem da criança, aliada aos
estudos e pesquisas de Emília Ferreiro, que estudou e trabalhou com Jean
Piaget, possibilitaram a descoberta de que as crianças possuem um papel
ativo na construção de seu conhecimento, surgindo assim a palavra
construtivismo.
Na teoria do pesquisador Piaget, o desenvolvimento cognitivo se da por
assimilação e acomodação. Quando o organismo assimila, ele incorpora a
realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio, e no processo de
assimilação o organismo (a mente) não se modifica. Por exemplo, quando se
mede uma distância, usa-se o esquema – conhecimento - “medir” para
assimilar, ou compreender, uma situação. Porém, o conhecimento que se tem
da realidade, o esquema “medir”, não é modificado, a pessoa continua com a
mesma visão do esquema “medir”. Quando a pessoa não consegue assimilar
determinada situação, o organismo (a mente) desiste ou se modifica. Se
modificar, ocorre a acomodação, levando a construção de novos esquemas de
assimilação e resultando no desenvolvimento cognitivo.
Na teoria de Piaget, só há aprendizagem quando o esquema de
assimilação sofre acomodação. Portanto, para modificar os esquemas de
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assimilação é necessário propor atividades desafiadoras que provoquem
desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a
construção do conhecimento.
A pesquisadora Emília Ferreiro, apoiada nos pressupostos das
descobertas de Piaget, enfoca que apenas a capacidade de diferenciar ou
reconhecer sons e sinais ou a leitura de palavras simples não é capaz
modificar o esquema de assimilação das crianças e assim, ocorrer a
aprendizagem, é necessário que a criança compreenda o sentido do que é
feito, que ela experimente e construa seu conhecimento.
As três características importantes do construtivismo:

 O conhecimento é construído através de experiências


 Aprender é uma interpretação pessoal do mundo
 Aprender é um processo ativo no qual o significado é desenvolvido com
base em experiências
Nesse sentido, o papel do professor é criar situações compatíveis com o
nível de desenvolvimento da pessoa, provocar o desequilíbrio no organismo
(mente) para que o indivíduo, buscando o reequilíbrio e tendo a oportunidade
de agir e interagir (trabalho práticos), se reestruture e aprenda. Estando
atento que, para um ensino eficiente, a argumentação do professor deve se
relacionar com os esquemas de assimilação do aluno. O professor não pode
ignorar os esquemas do aluno e simplesmente adotar os seus os esquemas
de assimilação, e quando houver situações que gere grande desequilíbrio, o
professor dever adotar passos intermediários para adequá-la as estruturas do
aluno.
Para Piaget, a pessoa, a todo o momento interage com a realidade,
operando ativamente objetos e pessoas. O conhecimento é construído por
informações advindas da interação com o ambiente, na medida em que o
conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto
espontaneamente, nem transmitido de forma mecânica pelo meio exterior,
mas como resultado de uma interação na qual o sujeito é sempre um
elemento ativo na busca ativa de compreender o mundo que o cerca.
Entende-se, então, de acordo com essa teoria, que o desenvolvimento
cognitivo é resultado de situações e experiências desconhecidas advinda da
interação com o meio, onde o sujeito procura compreender e resolver as
interrogações. Com isso, o aluno exerce um papel ativo e constrói seu
conhecimento, sob orientação do professor, buscando informações, propondo
soluções, confrontando-as com as de seus colegas, defendendo-as e
discutindo. Essa teoria permite utilizar todo o potencial de interação da
internet para criar um ambiente que gere conhecimento teórico e prático
através da construção gradual do conhecimento por meio de participação
ativa. Oferece oportunidade para reflexão. A construção do conhecimento

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pelos alunos é fruto de sua ação, o que faz com que eles se tornem cada vez
mais autônomos intelectualmente.

Estudos de Vygotsky.

Lev Semenovitch Vygotsky (1896 -1934) foi um pesquisador e professor


contemporâneo de Piaget. Estudou Direito, Filosofia e História. Entre os anos
de 1924 e 1934, Vygotsky iniciou suas pesquisas no campo da Psicologia e
criou sua teoria histórico-cultural dos fenômenos psicológicos. O psicólogo
bielo-russo visava alcançar a origem do desenvolvimento dos processos
psicológicos durante a história da espécie humana. Esta abordagem é
denominada Abordagem Genética por embasar-se no estudo do modo de
como ocorre o desenvolvimento do homem através da cultura, do ambiente
no qual se encontra, e do seu convívio social.
Vygotsky foi o primeiro estudioso a ressaltar a importância do ambiente
durante desenvolvimento da criança e durante a formação da mente humana.
Considerava que as origens da vida consciente e do pensamento abstrato se
encontravam na interação do organismo com as condições da vida social e
com as formas histórico-sociais de vida humana. Destarte, Vygotsky
propunha que se deve buscar analisar o reflexo do mundo exterior no mundo
interior do sujeito, partindo da interação do sujeito com a realidade. Sua
metodologia sempre ligava teoria à prática e foi de suma importância para a
Psicologia Cognitiva, haja vista que complementou a teoria das etapas do
desenvolvimento intelectual, que até esse momento histórico tinham sido
entendidas somente por Piaget.
O psicólogo bielorrusso enfatizou a importância da participação do aluno
no processo de aprendizagem, já que a participação mostra a importância da
inserção social do indivíduo em suas várias fases de crescimento. Para que
ocorra a efetiva maturação da mente, Vygotsky apontava para a necessidade
do contato estreito com a comunidade.
A problemática relação existente entre desenvolvimento e educação foi
um tema abordado por Vygotsky, assim como também por outros autores. A
solução encontrada pelo autor para a relação entre desenvolvimento e
educação foi a de que o problema deve ser visto sob dois vieses, o geral e o
particular: 1) o aprendizado vem com o sujeito desde o nascimento; 2) Deste
modo, pode-se notar a relação intrínseca entre aprendizado e
desenvolvimento.

Partindo da educação formal, o desenvolvimento ocorre em dois níveis,


isto é, no nível do real e no nível do potencial. Respectivamente, o primeiro é
o nível no qual a criança se encontra quando consegue resolver os problemas
que lhe foram propostos sozinha. Neste nível fica evidente o amadurecimento

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consolidado. O segundo nível é o potencial, ou seja, a criança só alcança uma
reposta com o auxílio de outros. Este é o conceito de Zona de
desenvolvimento proximal e relaciona-se à diferença entre o que a criança
realizar sozinha e aquilo que é capaz de aprender a realizar com o auxílio de
alguém mais experiente. Deste modo, este conceito tão importante na teoria
da aprendizagem de Vygotsky, diz de tudo o que a criança tem possibilidade
de adquirir, no âmbito intelectual, quando o devido suporte educacional lhe é
oferecido.
Vygotsky construiu sua teoria tomando o desenvolvimento como
resultado de um processo sócio-histórico, dando relevância ao papel da
linguagem e da aprendizagem. A questão colocada por Vygotsky tem como
centro a aquisição de conhecimento através da interação entre sujeito e meio.
Isto significa que o autor concebe o desenvolvimento do ser humano como
marcado por sua inserção em um grupo social e, ainda, concebe o meio como
o que mediatiza a relação eu-outro social. A relação mediatizada ocorre com a
possibilidade da interação com símbolos culturais, signos e objetos, ou
 de humana.

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