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Curso Regular de Língua Portuguesa

Prof. Ludimila Lamounier,

AULA 06

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Língua Portuguesa para concursos
Curso Regular
Teoria e questões comentadas
Prof. Ludimila Lamounier – Aula 06

AULA 06

Sintaxe: relações de coordenação e subordinação. Análise


morfossintática.

SUMÁRIO PÁGINA
Sintaxe 03
1. Conceitos Introdutórios 03
1.1 Frase 04
1.2 Oração 06
1.3 Período 09
1.4 Discurso 10
2. Termos essenciais da oração 13
2.1 Sujeito 14
2.1.1 Núcleo 14
2.1.2 Classificação do sujeito 15
2.2 Predicado 22
2.2.1 Predicativo 22
2.2.2 Núcleo 23
2.2.3 Predicação ou transitividade verbal 25
3. Termos integrantes da oração 30
3.1 Objeto Direto 31
3.2 Objeto Indireto 37
3.3 Complemento Nominal 40
3.4 Agente da Passiva 42
4. Termos acessórios da oração 44
4.1 Adjunto Adnominal 44
4.1.1 Adjunto Adnominal x Complemento Nominal 45
4.1.2 Adjunto Adnominal x Predicativo do Objeto 49
4.2 Adjunto Adverbial 50
4.3 Aposto 52
4.4 Vocativo 55
Classificação das Orações no Período Composto 57
1. Aspectos Gerais 57
2. Orações Coordenadas 60
2.1 Conjunções Coordenativas Aditivas 60
2.2 Conjunções Coordenativas Adversativas 62
2.3 Conjunções Coordenativas Alternativas 63

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2.4 Conjunções Coordenativas Conclusivas 64


2.5 Conjunções Coordenativas Explicativas 65
3. Orações Subordinadas 66
3.1 Orações Subordinadas Substantivas 67
3.1.1 Substantivas Subjetivas 70
3.1.2 Substantivas Objetivas Diretas 73
3.1.3 Substantivas Objetivas Indiretas 74
3.1.4 Substantivas Completivas Nominais 74
3.1.5 Substantivas Predicativas 75
3.1.6 Substantivas Apositivas 75
3.1.7 Substantivas Agente da Passiva 76
3.1.8 Omissão da Conjunção Integrante 76
4. Orações Subordinadas Adjetivas 77
4.1 Classificação 77
4.2 Uso da vírgula – explicação e restrição 81
4.3 Função sintática dos pronomes relativos 82
5. Orações Subordinadas Adverbiais 84
5.1 Classificações 84
6. Orações reduzidas 92
6.1 Orações Reduzidas de Gerúndio 93
6.2 Orações Reduzidas de Infinitivo 94
6.3 Orações Reduzidas de Particípio 94
7. Correlação 96
8. Contagem de orações 97
Questões Propostas 100
Gabarito 113
Questões Comentadas 113

Olá, concurseiro fiscal!


Vamos começar a nossa Aula 06 do Curso Regular de Língua
Portuguesa? Sei que cada vez mais os assuntos são mais densos e
exigem de você maior dedicação e atenção. Mas acredite, todo o
esforço será compensado diante da sua aprovação! Então, vamos
iniciar?

DICA DA VEZ – DIFICULDADE COM UMA MATÉRIA

Muitos concurseiros reclamam sobre a dificuldade em estudar algumas


matérias para as provas de concursos públicos. É claro que a predileção
varia de pessoa para pessoa. Uns gostarão mais de raciocínio lógico,
outros terão mais facilidade com as matérias de direito e assim por diante.
Não há como fugir disso: o processo de aprendizado e de ensino dialoga
com as preferência pessoais e por elas é influenciado. Assim, você precisa
identificar quais as matérias que apresentam maior dificuldade para você,
geralmente o aluno diante de um assunto pouco familiar cria uma aversão

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e adia o estudo do tópico ao máximo.
Nessas situações entenda que é o melhor é ir com calma. Não adianta
colocar essas matérias para o final, quanto mais cedo você começar a
estudá-las, melhor será. Desse modo, dentro do seu cronograma de
estudo preveja, pelo menos, um encontro semanal com aquele assunto
mais difícil. Não fique com preguiça, no início poderá ser custoso, mas isso
passará, assim que você começar a se habituar com o tema.
O ideal é ler o assunto de modo completo pela primeira vez, destacando o
que for mais importante e mais difícil de ser assimilado. Na outra semana,
quando você voltar ao estudo da matéria, antes de começar um novo
tópico, revise o que foi estudado e faça alguns exercícios. Em breve, você
verá como nada é muito difícil depois que começamos a nos familiarizar! O
mais importante é nunca desistir.

Esta aula trata de: Sintaxe - relações de coordenação e


subordinação. Análise morfossintática. O assunto é bastante
extenso, mas fundamental para o seu sucesso em qualquer prova de
Português em concursos públicos. O assunto de sintaxe pode parecer
um pouco complexo no início, mas garanto que, estudando cada
ponto com calma, revisando e realizando questões, logo você
dominará o tema.
Dito isso, é hora de iniciar! Vamos lá?

Sintaxe

1. Conceitos Introdutórios

Antes de iniciarmos a análise do conceito de Sintaxe, é importante


relembrar como o estudo gramatical da Língua Portuguesa é
realizado. Didaticamente, a gramática se divide em três
grandes grupos de assuntos: a Fonética, a Morfologia e a
Sintaxe.
A Fonética é responsável por estudar o sistema fônico, ou seja,
investigar a formação e as características dos sons de uma língua
(fonemas). Por sua vez, a Morfologia foca o seu estudo na estrutura
e classificação das classes de palavras, bem como na função dessas
classes na língua.
Por fim, a Sintaxe é a parte gramatical responsável por
investigar como as palavras se organizam em uma oração,
como as relações lógicas entre as orações se estabelecem e
qual a correlação entre essas estruturas oracionais e o
discurso.

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É muito interessante o que revela a etimologia da palavra Sintaxe,
que deriva do latim sintaxis e quer dizer “coordenação”. Assim, a
Sintaxe está ligada ao estudo da combinação das palavras para
formar frases, orações e períodos, ou seja, exprimir conceitos e
pensamentos.
Vale alertar que os assuntos de Concordância Nominal e Verbal e
Regência Nominal e Verbal também são englobados pela Sintaxe,
mas serão conteúdo das Aulas 07 e 08, respectivamente.
Agora, vamos nos familiarizar com conceitos básicos de Sintaxe: a
frase, a oração e o período. Na sequência, apresentarei noções
importantes acerca do discurso.

1.1 Frase
A frase é uma declaração, é todo enunciado que possui sentido
completo e, assim, consegue realizar uma comunicação. Veja:

Amanhã irei ao cinema.


Boa noite.
É importante, ao sair, sempre levar um guarda-chuva, pois a
qualquer momento pode chover.
Silêncio.

Note que o mais importante para existir uma frase é haver a


expressão verbal de um pensamento. Assim, deve existir um processo
comunicativo satisfatório, ou seja, o receptor consegue,
independentemente do tamanho da frase, receber a informação a ele
destinada pelo emissor. Nesse processo, o contexto pode ser
fundamental para que o sentido de uma frase seja completamente
transmitido.
De acordo com a construção, as frases podem ser classificadas em
dois tipos:
Frases nominais: não apresentam verbo em sua constituição.
Exemplos:

Que tarde agradável.


Atenção!

Frases verbais: há a presença de um ou mais verbos. Exemplos:

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Ela saiu.
O rapaz foi embora e a moça ficou triste.

De acordo com o sentido transmitido, as frases podem ser


classificadas em diversos tipos:
Declarativa ou Expositiva: faz uma declaração, exprime uma
constatação sobre algum acontecimento. Pode ser afirmativa ou
negativa. Exemplos:

As manifestações pelo Brasil revelam um problema maior sobre


a política brasileira. (afirmativa)
O cachorro não saiu da casinha hoje. (negativa)

Exclamativa: declara um sentimento como alegria, raiva, surpresa,


etc. Exemplos:

Que susto!
Parabéns!
Que prova fácil!

Imperativa: emite um pedido, um conselho, uma ordem. Aqui, o


verbo aparecerá no modo imperativo, conceito visto na última aula,
lembra? Pode ser afirmativa ou negativa. Exemplos:

Vá estudar. (afirmativa)
Não me ouse desafiar. (negativa)

Interrogativa: apresenta uma pergunta, um questionamento, é


empregada quando alguma informação precisa ser obtida. A
interrogação pode ser direta ou indireta. Exemplos:

Você vem? (interrogação direta)


Quero saber se você não vem. (interrogação indireta)

Optativa: exprime um desejo. Exemplo:

Deus te guie.

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1.2 Oração
A frase verbal pode ser classificada também como oração desde que o
enunciado contenha um verbo ou locução verbal e o seu
sentido seja completo. Veja os exemplos:

Ela estudou a tarde inteira. (uma oração)


Fui ao cinema e depois almocei naquele restaurante. (duas orações)

Veremos, no decorrer da aula, que a oração se estrutura em torno


da combinação de sujeito + predicado. Pode haver oração sem a
presença do sujeito, contudo não se pode pensar em uma estrutura
oracional sem o predicado, mesmo quando ele estiver omitido e só
possa ser subentendido pelo contexto. Exemplos:

Nevou ontem. (oração sem sujeito)


Você por aqui? (oração com o verbo elíptico “está” – Você está por aqui?)

É valioso destacar que, para fins de análise gramatical, a oração é a


estrutura linguística mais favorável, uma vez que permite que seus
componentes se relacionem entre si, como partes de um conjunto
funcional. Assim, a oração é composta de termos ou unidades
que desempenham uma função sintática em sua estrutura.
Esses termos serão apresentados ao longo desta aula.

OBSERVAÇÃO 1: As frases nominais, caracterizadas pela presença


de um sentido e pela ausência do verbo na sua estrutura, não são
orações. Observe:

Boa tarde. (é frase e não é oração)


Silêncio na biblioteca. (é frase e não é oração)

Dessa forma, nem toda frase é oração, mas toda oração é uma
frase. E, dentro de uma frase, a quantidade de orações será
determinada pelo número de verbos ou locuções verbais.

Atenção!
Tradicionalmente aprendemos que basta contar os verbos em um
período para identificarmos a quantidade de orações, mas deve-se ter
cuidado com os verbos elípticos: verbos que estão subentendidos pelo
contexto ou omitidos para evitar repetições. Assim, é fundamental

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identificar a presença da elipse verbal para contar exatamente a
quantidade de orações. Veja o exemplo:

As indústrias automobilísticas poluem mais do que as indústrias alimentícias.


As indústrias automobilísticas poluem mais do que as indústrias alimentícias
(poluem).

Observe que, no primeiro período, a segunda ocorrência do verbo


“poluem” foi omitida por estar subentendida. Mas isso não impede a
sua contagem, dessa forma, o período possui duas orações.

OBSERVAÇÃO 2: Muitas questões de concurso, ao perguntarem


quantas orações há em um determinado trecho do texto, podem
induzir o aluno a cair nas famosas “pegadinhas”. Por isso, é
fundamental que o candidato domine o conceito de partícula
expletiva ou de realce: termo de uma oração que pode ser
retirado sem qualquer prejuízo semântico ou sintático (apenas
desaparece o realce).
Exemplos:

Cá, lá, só, que, etc.


Olha só que presente lindo.
Tenho cá minhas manias.

Essas palavras não geram dúvidas porque não formam nenhuma


estrutura verbal. Contudo, as expressões formadas pela estrutura “ser
+ que” e os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos) quando
ligados a verbos intransitivos que possuam sujeito, também, são
considerados partículas expletivas. Observe:
Podem ser retirados da oração sem grandes perdas.

Foi-se embora para sempre.


É com um estudo correto que vamos passar no concurso.

Atencão! Esses verbos que compõem as partículas expletivas não


devem ser contados para determinação do número de orações de um
período.

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 COLOCAÇÃO DOS TERMOS NA ORAÇÃO
Na Língua Portuguesa, os termos da oração são dispostos em
respeito a uma ordem sintática específica. Essa ordem é
determinada pela própria função sintática exercida por esses termos e
pode ser fundamental para a produção de sentido no texto.

 Ordem Direta: caracteriza a ordem natural dos elementos em uma


oração (sujeito + predicado + complemento). Essa é a ordem
predominante na Língua Portuguesa. Note:

Eu estudei a aula semana passada.

- Ordem inversa ou indireta: qualquer alteração na ordem dos


elementos apresentada acima (sujeito + verbo + complemento) é
suficiente para caracterizar a inversão da ordem da oração. Não há
uma regra que determine especificamente a colocação dos termos na
ordem indireta, essa construção é livre, desde que respeitada a norma
culta gramatical. Perceba:

O motorista se aproximou da cidade, ansiosamente, antes de escurecer.


(ordem direta)
Antes de escurecer, o motorista se aproximou, ansiosamente, da cidade.
(ordem indireta)

O objetivo do uso da ordem inversa pode ter natureza


estilística. Nesse caso, o objetivo é criar um efeito de ênfase ou
eufonia. Exemplos:

Ele pediu desculpas por consideração. (ordem direta)


Por consideração, ele pediu desculpas. (ordem indireta)

Em outras ocasiões, o equilíbrio e o ritmo da estrutura linguística são


os fatores preponderantes. Veja este poema de Vinícius de Moraes:

“De tudo ao meu amor serei atento


Antes e com tal zelo e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.”

Se colocarmos o primeiro verso na ordem direta, teremos: “Serei


atento ao meu amor antes de tudo”. Claramente, perde-se o impacto
do ritmo e do estilo do poema. Aqui, temos um exemplo magistral de
uso da ordem inversa de natureza estilística.

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Ademais, o objetivo do uso da ordem inversa pode ter natureza
gramatical. Nesse caso, o intuito é destacar um termo da oração.
Vamos ver alguns exemplos:

- Inversão verbo + sujeito

Ex: Onde está você?


Dize-me tu se é cedo.

- Inversão predicativo + verbo

Ex: Que atrevida era ela!


Abençoados sejam os nossos deuses.

1.3 Período
O período é a frase constituída por uma ou mais orações.
Período simples é formado apenas por uma oração. Dessa forma,
quando o período for simples haverá a ocorrência de apenas um verbo
ou locução verbal. Note:

Atirei o pau no gato.

Por sua vez, o período composto é formado por duas ou mais


orações, ou seja, haverá dois ou mais verbos (ou locuções verbais)
na sua estrutura. Observe:

Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu e Dona Chica admirou-se do
berro que o gato deu. (período composto por quatro orações = quatro
verbos)

A partir dessas noções sobre período, podemos classificar as orações


da seguinte maneira:
Oração Absoluta: única oração do período simples. Exemplo:

Eu acordei muito feliz hoje.

Orações Coordenadas: são orações autônomas, têm a sua


existência independente de outra oração, não constituem termos de
outra oração ou são referentes a eles. Aqui, o que deve ficar claro é

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que a independência entre essas orações coordenadas é de cunho
sintático, uma vez que pode uma oração coordenada enriquecer o
sentido de outra. O período formado por orações coordenadas é
conhecido como período composto por coordenação. Voltaremos
de maneira mais aprofundada a esse assunto ao longo desta aula.
Exemplo:

Eu quero passar no concurso, trabalhar e ser independente.

Oração Principal: tem autonomia gramatical. É a oração que não


exerce nenhuma função sintática em outra oração e dela dependerá
outra oração do período. Voltaremos de maneira mais aprofundada a
esse assunto ao longo desta aula. Exemplo:

Eu sinto que você não me quer mais.

Atenção!
Não há oração principal em um período composto por coordenação.

Oração Subordinada: não possui autonomia gramatical e tem a


sua existência dependente de outra oração (oração principal),
com a qual constitui o período composto por subordinação.
Voltaremos de maneira mais aprofundada a esse assunto ao longo
desta aula. Exemplo:

Eu sinto que você não me quer mais.

OBSERVAÇÃO:
Período misto ou complexo é aquele composto de orações
coordenadas, principal e subordinadas.

1.4 Discurso
O discurso é o modo como os falantes de uma língua
estruturam os seus textos, sejam eles orais ou verbais. Na
análise do discurso, poderemos perceber o uso de três tipos de
discursos pelo interlocutor (direto, indireto e indireto livre), que
poderão coexistir dentro de um mesmo texto.

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- Discurso direto: é a reprodução fiel e literal do que alguém
disse. É muito comum em diálogos, quando se busca citar ou
transcrever exatamente o que foi dito por alguém. O seu uso, no
texto narrativo, pode ser um bom recurso para expor os traços
da fala e da personalidade dos personagens.
Alguns verbos podem ser utilizados para introduzir esse tipo de
discurso, como: falar, afirmar, responder, dizer, perguntar, retrucar,
gritar, entre outros. Esses verbos dicendi (relacionados com o dizer)
são chamados de verbos de elocução por indicar a fala de
personagens. É comum o uso de sinais de pontuação para auxiliar na
reprodução dos diálogos, como: travessão, dois ponto, interrogação,
exclamação, aspas, etc. Perceba:

"— Que crepúsculo fez hoje! - disse-lhes eu, ansioso de comunicação.


— Não, não reparamos em nada - respondeu uma delas. - Nós estávamos
aqui esperando Cezimbra."
Mário Quintana, Coisas Incríveis no céu e na terra.

- Discurso indireto: é escrito em terceira pessoa, o interlocutor


se utiliza de suas próprias palavras para transmitir a fala e as
reações dos personagens. Há uma mistura de vozes e não há uma
pontuação específica que marca esse tipo de discurso. Geralmente, a
estrutura desse discurso é construída por meio de um verbo de
elocução (núcleo do predicado da oração principal), seguido por uma
oração subordinada (fala do personagem), comumente introduzida
por algum conectivo (que, se, quem, qual, quando, como, por que,
etc). Exemplos:

O réu confessou que matou a vítima de modo cruel.


Questionou se almoçaria hoje.

OBSERVAÇÃO:
Na transposição do discurso direto para o indireto, os sinais de
pontuação desaparecem, o uso dos conectivos faz-se
necessário e o verbo de elocução é mantido. Atente-se para o
fato de que o verbo, no discurso indireto, estará sempre em algum
tempo verbal passado em relação ao tempo verbal do discurso direto,
por meio da seguinte correspondência:

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Discurso Direto Discurso Indireto


Tempo verbal Presente do indicativo Pretérito imperfeito do
indicativo
Tempo verbal Pretérito perfeito do Pretérito mais-que-
indicativo perfeito do indicativo
Tempo verbal Futuro do indicativo Futuro do pretérito
Tempo/Modo Imperativo Pretérito imperfeito do
verbal subjuntivo

Vamos ver um exemplo.

Não gosto dessa cor – disse o rapaz. (discurso direto)


O rapaz disse que não gostava daquela cor. (discurso indireto)

- Discurso indireto livre: é um discurso misto escrito em


terceira pessoa, no qual o narrador insere a fala do
personagem no meio da sua fala. A personagem ganha voz própria
e, assim, os dois outros tipos de discursos se misturam e as vozes se
embaralham. Desse modo, é fundamental ter atenção para não
confundir o que é fala do narrador e o que é fala do personagem. Vale
destacar que, diferentemente do discurso indireto, aqui os sinais de
pontuação do discurso direto (interrogação, exclamação, etc.) podem
ser mantidos. Exemplo:

“Em que estariam pensando?, zumbiu sinha Vitória. Fabiano estranhou a


pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas
sinha Vitória renovou a pergunta – e a certeza do marido abalou-se. Ela
devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer
os filhos quando crescessem.
– Vaquejar, opinou Fabiano.”
Graciliano Ramos, Vidas Secas.

Vamos ver uma questão sobre o assunto.

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Questão – (FGV) Advogado – CODESP-SP/2010

Em relação à passagem da fala do primeiro quadrinho do


discurso direto para o indireto, assinale a alternativa
correta.

a) Ela disse ao coração dele que ele não liga mais para ela.
b) Ela lhe disse que ele não liga mais para ela.
c) Ela disse-lhe que ele, coração, não liga mais para ela.
d) Ela disse-lhe que ele, coração, não ligaria mais para ela.
e) Ela lhe disse que ele não ligava mais para ela.

Comentários
O enunciado da questão solicita que o candidato
transponha o discurso direto do primeiro quadrinho
(“Coração, você não liga mais pra mim!”) para o discurso
indireto. Como vimos, para efetuar essa passagem, vamos
manter o verbo de elocução, fazer uso de um conectivo e
colocar o verbo do discurso indireto em um tempo passado em
relação ao verbo do discurso direto, seguindo as
correspondências apresentadas no quadro da página 12.
No discurso direto, temos o verbo no presente do indicativo
“liga”, dessa forma, o tempo verbal para a construção do
discurso indireto será o pretérito imperfeito do indicativo. Veja
como ficaria a frase transposta: “Ela lhe disse que ele não
ligava mais para ela”.
GABARITO: E

2. Termos essenciais da oração

Os termos essenciais da oração são os elementos básicos de


significação de uma oração. Podemos dizer que são dois os termos
essenciais da oração: sujeito e predicado.
Mas, cabe observar que há orações sem sujeito e, portanto, o
predicado contém certa primazia sobre o sujeito.

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O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração, ou seja, a
respeito do qual se diz alguma coisa.
O predicado é tudo aquilo que se diz do sujeito. O predicado é o
responsável por dar a informação completa a respeito do sujeito.

2.1 Sujeito

Como vimos acima, o sujeito é o termo da oração que retrata o ser a


respeito do qual afirmamos ou negamos algo.
Atencão! A correta identificação do sujeito é peça-chave na análise
sintática. Por isso, tenha bastante atenção a fim de identificá-lo
corretamente.

2.1.1 Núcleo

É importante dar destaque para o núcleo do sujeito, que é o termo


de maior importância semântica dentro de um conjunto de elementos
que compõem o sujeito.
Exemplos: A menina ganhou uma boneca. (sujeito = “a menina”; núcleo
do sujeito = ”menina”)
Meninos, meninas e adultos participaram da festa de
aniversário da cidade. (sujeito = ”meninos, meninas e
adultos”; núcleo do sujeito 1 = ”meninos”; núcleo do sujeito 2
= ”meninas”; núcleo do sujeito 3 = ”adultos”)
Várias são as classes de palavras que podem exercer a função de
núcleo do sujeito, tais como: substantivo, palavras com função de
substantivo, numeral, pronomes pessoais do caso reto, alguns
pronomes pessoais oblíquos, pronomes pessoais de tratamento.
A respeito do emprego de pronomes pessoais oblíquos como sujeito,
chamo atenção para o seguinte: como sujeito não é sua função
típica, eles geralmente são usados como sujeito dos chamados
verbos “causativos” e “sensitivos” (mandar, deixar, ver, fazer, ouvir,
etc.).
Exemplo: Mandei-o entrar para que seja iniciada a aplicação da prova.
Observe que o pronome “o” é o sujeito do verbo no infinitivo
“entrar”.

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2.1.2 Classificação do sujeito

Neste tópico, vamos estudar a classificação do sujeito, que pode ser


feita segundo critérios diversos. Vamos ver?

O sujeito pode ser classificado em sujeito simples ou composto. O


sujeito simples apresenta apenas um núcleo e o composto possui
mais de um núcleo.
Exemplos:
Participaram da reunião todos os condôminos. (sujeito simples = ”todos os
condôminos” – núcleo = ”condôminos”)
Ninguém me procurou. (sujeito simples = ”Ninguém” – núcleo = ”Ninguém”)
Participaram da reunião Pedro e Paulo. (sujeito composto = ”Pedro e Paulo”
– núcleos = ”Pedro” e “Paulo”)

O sujeito também pode ser determinado ou indeterminado.


O sujeito determinado é aquele identificado por algum elemento na
oração. Tenha cuidado com o sujeito desinencial (ou elíptico, ou
oculto), pois, apesar de não estar expresso (ele está subentendido)
na oração, encontra-se determinado pela desinência verbal.
Exemplos:
Márcia estuda em São Paulo. (sujeito simples, expresso e determinado =
”Márcia” – núcleo = ”Márcia”)
Márcia e sua irmã estudam em São Paulo. (sujeito composto, expresso e
determinado = ”Márcia e sua irmã – núcleos = ”Márcia” e “irmã”)
Nascemos em Belo Horizonte no século passado. (sujeito simples,
desinencial, não expresso e determinado = ”Nós” – identificado por meio da
desinência verbal “mos” – núcleo = ”Nós”)
O sujeito indeterminado ocorre quando a afirmação expressa pelo
predicado encontra-se em um elemento que não pode ser
determinado dentro de um conjunto. Dessa forma, não se consegue
identificar o sujeito, apesar de sabermos que ele existe. Observe os
exemplos a seguir:
Exemplos:
Fala-se em novo pacote econômico.
Fizeram uma manifestação ontem.

Há dois casos de indeterminação do sujeito:


a) Verbo na 3ª pessoa do plural sem sujeito expresso ou sem

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referência a algum termo anterior. Temos apenas uma ideia
vaga e imprecisa do sujeito.
Exemplos:
Disseram que você não viria trabalhar hoje.
Fizeram uma manifestação ontem.
b) Verbo na 3ª pessoa do singular e acompanhado do pronome
“se”. Note que a ação está sendo praticada, mas não
conseguimos especificar claramente quem pratica essa ação.
Exemplos:
Precisa-se de vendedores. (verbo transitivo indireto)
Lá se está sempre feliz. (verbo de ligação)
Aqui se come muito. (verbo intransitivo)

OBSERVAÇÃO:
a) Quando a indeterminação do sujeito é ocasionada pelo pronome
“se”, esse pronome é chamado índice de indeterminação do
sujeito.

b) A indeterminação do sujeito pelo pronome “se” ocorre com


verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação.

Atenção!
Quando ocorre verbo na 3ª pessoa do singular e ele é acompanhado
pelo “se”, podemos ter três possibilidades:
a) Sujeito simples expresso (caso de voz passiva sintética)

Exemplo: Matou-se uma mulher.

Observe, no exemplo acima, que há a presença de verbo


transitivo direto “matou” e que o sujeito (sobre quem se fala) é
o termo “uma mulher”. O sujeito nunca vem regido por
preposição (observe isso em “uma mulher”), diferente do que
acontece com o exemplo anterior “Precisa-se de vendedores.”
(voz ativa), no qual o termo “de vendedores” não pode ser
sujeito por causa da ocorrência da preposição “de”. Em
“Precisa-se de vendedores.”, o “se” é índice de
indeterminação do sujeito.

Se a dúvida persistir, converta a voz passiva sintética na voz


passiva analítica para facilitar a identificação. Assim, teríamos:
“Uma mulher foi morta.”

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b) Sujeito simples expresso ou não (caso de voz reflexiva)

Exemplo: Penteou-se no banheiro. (sujeito simples, desinencial e


determinado = ”ele”)

Observe, no exemplo acima, que o sujeito simples não expresso


é “ele” e o “se” é pronome reflexivo. Exemplo, então, de voz
reflexiva.

c) Sujeito indeterminado (caso de voz ativa)


Explicado acima.

Atenção!
Quando aparece verbo na 3ª pessoa do plural, podemos ter três
possibilidades:
a) Sujeito indeterminado (não expresso e não identificável)

Exemplo: Mandaram-me para outra escola.

b) Sujeito simples ou composto (expresso)

Exemplos:
Aconteceram ontem muitas explosões na fábrica. (sujeito simples =
“muitas explosões”)
Aconteceram ontem brigas e discussões na fábrica. (sujeito composto
com dois núcleos = “brigas e discussões”)

Outra possibilidade é a ocorrência de sujeito inexistente (oração


sem sujeito) quando há apenas o enunciado de um fato, sem que
ele seja atribuído a algum ser. Dessa forma, a oração é constituída
apenas pelo predicado, apesar de o sujeito ser um termo
essencial da oração.

Temos três casos de sujeito inexistente:


a) Verbo “haver” no sentido de existir ou com referência a
tempo. Neste caso, o verbo “haver” é chamado verbo
impessoal e é usado na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:

Havia muitas flores no jardim. (verbo “haver” no sentido de “existir”).

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Estive em Belo Horizonte há quatro anos. (verbo “haver” com
referência a tempo)

Perceba que, nas duas orações acima, o predicado é a oração


inteira, não há sujeito.

b) Verbos “fazer”, “ser”, “estar” com referência a tempo.


Neste caso, os verbos são chamados verbos impessoais e são
usados apenas na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:
Faz muitos anos que ele ganhou o prêmio.
Já é tarde.
Está calor em Belo Horizonte.

Perceba que, nas três orações acima, o predicado é a oração


inteira, não há sujeito.

c) Verbos que expressam fenômenos da natureza – chover,


ventar, nevar, gear, anoitecer, etc. Neste caso, os verbos são
chamados verbos impessoais e são usados apenas na 3ª
pessoa do singular.

Exemplos:
Choveu pouco mês passado.
Anoiteceu rapidamente.

Perceba que, nas duas orações acima, o predicado é a oração


inteira, não há sujeito.

OBSERVAÇÃO:
a) Algumas expressões populares não possuem sujeito.
Exemplos:
Já passava de quatro anos.
Vai para dois anos que ele foi embora.
Basta de trabalho.

b) O verbo “ser” na indicação de horas, datas e distância é


impessoal e a sua impessoalidade pode acontecer também na
3ª pessoa do plural.

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Exemplos:
São quatro horas. (concorda com a palavra “hora”)
Era uma hora. (concorda com a palavra “hora”)

Hoje são cinco de março. (são decorridos cinco dias de março)


Hoje é cinco de março. (igual a “é dia cinco de março”, ou seja,
concorda com a palavra “dia”)

Até a esquina são cinco metros. (concorda com a palavra “distância”)


Até ali é um metro. (concorda com a palavra “distância”)

c) Os verbos que indicam fenômeno da natureza, se usados em


sentido figurado, deixam de ser impessoais.
Exemplos:
Choveram palavrões na reunião. (sujeito simples = ”palavrões”)
Joana amanhece radiante. (sujeito simples = ”Joana”)

d) A impessoalidade verbal também ocorre com as locuções


verbais. Assim, os verbos auxiliares são empregados na 3ª
pessoa do singular.
Exemplos:
Deve chover amanhã.
Vai fazer um ano que ele se casou.

Veja, logo em seguida, uma questão que trata de índice de


indeterminação do sujeito.

Questão – (CESPE) Técnico em Regulação –


Telecomunicações - ANATEL/2009
(Adaptada)
Até meados do século XX, prevalecia, entre os antropólogos, a
ideia de que a família nuclear era uma instituição apenas
cultural. Hoje se acredita que a família nuclear tenha-se
estabelecido por trazer vantagens evolutivas. Várias hipóteses
apontam nesse sentido. A relação estável também ganhou
espaço porque, entre humanos, criar um filho não é fácil. O
bebê exige cuidados especiais por mais tempo que outros
primatas. Sob a ótica do pai, estar por perto, para arranjar
comida, manter as onças afastadas e garantir a sobrevivência

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da prole, representava uma superioridade evolutiva. Estima-se
que a consolidação da família nuclear tenha deixado marcas até
mesmo na anatomia e na fisiologia humanas.

Veja, 10/12/2008 (com adaptações).

Julgue o seguinte item, a respeito da organização das


ideias no texto acima.
O pronome “se”, tanto em “se acredita” (sublinhado no texto)
como em “tenha-se estabelecido” (sublinhado no texto), tem
função de marcar a indeterminação do sujeito da oração.

Comentários
Esta questão trata do emprego do pronome “se”. O comando
solicita que o aluno analise a afirmativa e julgue se as duas
ocorrências do pronome “se” indicam indeterminação do
sujeito.
Vimos que o pronome “se” pode ser empregado de outras
formas, além de “índice de indeterminação do sujeito”.
Temos que analisar o seguinte trecho:
Hoje se acredita que a família nuclear tenha-se estabelecido por
trazer vantagens evolutivas.
A primeira ocorrência do pronome “se” (“se acredita”) é
índice de indeterminação do sujeito. Observe que a ação
está sendo praticada, mas não conseguimos determinar de
forma clara “quem” pratica a ação.
Por sua vez, a segunda ocorrência do pronome “se” (“tenha-se
estabelecido”) não é índice de indeterminação do sujeito.
Perceba, assim, que há a presença clara de sujeito (“a família
nuclear”).
Dessa forma, concluímos que apenas a primeira ocorrência
marca a indeterminação do sujeito da oração.
Gabarito: ERRADO

Por último, quero destacar classificações usadas por algumas


bancas examinadoras. É bom ter cuidado com certas denominações
empregadas por elas para que você não erre a questão na prova. Dê
uma olhada:
a) Sujeito explícito e sujeito implícito
Sujeito explícito é o sujeito expresso, ou seja, o termo está
explícito na oração. De outro modo, o sujeito implícito é aquele que
não foi expressamente declarado na oração. Dessa forma,
concluímos que o sujeito explícito pode ser o sujeito simples ou
composto expressos na oração. Por sua vez, o sujeito implícito é o

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sujeito oculto ou o sujeito indeterminado, uma vez que ambos não
são declarados na oração.
Exemplos:
Não faremos a festa de confraternização. (sujeito implícito = ”nós”)
Ontem chegaram as novas empregadas. (sujeito explícito = ”as novas
empregadas”)

b) Sujeito complexo (total ou ampliado) e sujeito


incomplexo (nuclear, gramatical ou inampliado)
Sujeito complexo é aquele que sofre modificação por meio de
complementos, adjuntos ou atributos. Por sua vez, o sujeito
incomplexo não possui modificação complementar.
Exemplos:
O diretor da Construtora Tema irá para a Europa. (sujeito complexo = ”O
diretor da Construtora Tema” e sujeito incomplexo = ”diretor”)
Joana viajará para a Europa. (sujeito incomplexo = ”Joana”)

c) Sujeito agente (ativo), sujeito paciente (passivo) e


sujeito agente e paciente
Sujeito agente é aquele que pratica a ação verbal. Por sua vez, o
sujeito paciente sofre a ação verbal. E, assim, o sujeito que pratica
e recebe a ação, ao mesmo tempo, é denominado sujeito agente e
paciente. Vale nós lembrarmos, aqui, da voz ativa, da passiva e da
reflexiva. Caso você esteja inseguro, volte à Aula 05.
Exemplos:
Maria comprou uma casa. (sujeito agente = ”Maria”)
Uma casa foi comprada por Maria. (sujeito paciente = ”Uma casa”)
Maria se feriu com uma faca de cozinha. (sujeito agente e paciente =
“Maria”)

d) Sujeito lógico ou contextual


Sujeito lógico ou contextual é aquele que é retirado da lógica ou do
contexto de uma sentença ou um texto. Esse tipo de sujeito é um
sujeito oculto, mas que necessita de uma análise do contexto para
que seja corretamente identificado.
Exemplo: No atual mundo em que vivemos, dentistas, médicos e
fisioterapeutas precisam entender mais sobre finanças e
negócios. Caso isso não aconteça, terão problemas na
gerência de seus consultórios.

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Perceba que o sujeito (oculto) do verbo “ter” é o termo composto,
extraído do contexto: “dentistas, médicos e fisioterapeutas”.

2.2 Predicado

O predicado é o termo essencial da oração que contém aquilo que se


diz a respeito do sujeito.

2.2.1 Predicativo

O predicativo é o termo que representa o núcleo nominal de um


predicado. Ele é dividido em: predicativo do sujeito e predicativo do
objeto.

Predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito é o núcleo do predicado nominal e
expressa um estado, uma qualidade ou uma classificação a respeito
do sujeito.
Exemplos:
Maria anda cansada. (estado)
Esta casa parece ótima. (qualidade)
França e Bélgica são países. (classificação)
O predicativo do sujeito pode ser representado por: substantivo,
adjetivo, pronome, locução, expressão ou oração. Veja os exemplos
abaixo.
Exemplos:
Maria é vendedora. (substantivo)
Esta casa parece bonita. (adjetivo)
José é ninguém. (pronome)
Marina está em prantos. (locução)
A poupança é meu pé-de-meia. (expressão)
O fato é que você está triste. (oração)

Predicativo do objeto
O predicativo do objeto é o termo que se refere ao objeto por meio
de um verbo de ligação não expresso na oração.

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Exemplo: Pedro achou seus cabelos bonitos. (“bonitos” é o predicativo do
objeto direto “seus cabelos”)
Assim, “Pedro achou que seus cabelos são (verbo de ligação implícito)
bonitos.”

O predicativo do objeto ocorre, geralmente, com verbos transitivos


diretos (objeto direto). Como exceção, temos casos de predicativo de
objeto indireto ao usarmos o verbo “chamar” com significado de
“cognominar, apelidar, tachar, alcunhar”.
Exemplo: Pedro chamou ao seu chefe incompetente. (“incompetente” é o
predicativo do objeto indireto “ao seu chefe”)

Atenção!
O predicativo pode vir deslocado na oração. Tenha bastante
cuidado, então, para não fazer confusão. Como o predicativo faz parte
do predicado, nesses casos, então, ele obrigatoriamente deve vir
acompanhado de vírgula para marcar sua inversão.
Exemplos:
Pedro foi levado ao hospital com dores fortes. (sem deslocamento)
Pedro, com dores fortes, foi levado ao hospital.
Com dores fortes, Pedro foi levado ao hospital.

2.2.2 Núcleo

De acordo com o tipo de seu núcleo, o predicado apresenta


variações. O núcleo é o elemento mais importante do predicado.
Assim, a depender do núcleo, podemos ter o predicado nominal, o
verbal e o verbo-nominal.

Predicado nominal
Neste tipo de predicado, o núcleo está representado por um nome
e pode declarar estado, qualidade ou classificação acerca do sujeito.
Aqui, o verbo tem apenas a função de ligar o sujeito a esse nome. O
núcleo se encontra no predicativo do sujeito.
Dessa forma, o predicado nominal é composto por verbo de
ligação e predicativo do sujeito.
Exemplos:
Maria está cansada. (estado)

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Maria é médica. (classificação)
Maria é ótima aluna. (qualidade)
O verbo de ligação não possui significação precisa, pois, como
mencionado, somente liga o sujeito ao predicativo, assim como
aconteceu com os verbos “ser” e “estar” nos três exemplos acima.
Note que, se retirarmos o verbo das orações, não há muito prejuízo
ao sentido delas.
Devemos observar que, apesar de existirem verbos bastante usados
como verbo de ligação (ser e estar), qualquer verbo que for
empregado em um predicado nominal será denominado verbo de
ligação. Desse modo, podemos citar alguns mais comuns: ficar,
parecer, permanecer, continuar, tornar-se, acabar, virar, andar, cair,
viver.
Exemplos:
Maria acabou mendiga. (estado)
A tristeza virou alegria. (estado)

Predicado verbal
Neste tipo de predicado, o núcleo está representado por um
verbo ou locução verbal que apresenta significação e pode
expressar ação, fenômeno, movimento, situação. Desse modo, o
predicado demonstra o que o sujeito faz ou sofre e o verbo é o
responsável por possuir a informação mais relevante da oração.
Exemplos:
Maria observava as montanhas. (ação)
Chove pouco em Brasília. (fenômeno)
José foi ao parque ontem. (movimento)
Marina está morando em Brasília. (situação)
Do predicado verbal, fazem parte os verbos transitivos e intransitivos,
os quais estudaremos no próximo tópico.

Predicado verbo-nominal
Este tipo de predicado possui dois núcleos: o verbo e o nome. Ao
mesmo tempo, expressa a ação praticada e o estado relativo ao
sujeito (predicativo do sujeito) ou ao complemento verbal (predicativo
do objeto). O núcleo “nome” exerce a função de predicativo.
Exemplos:
Os jogadores brasileiros entraram no Mineirão apreensivos. (predicativo do
sujeito = “Os jogadores brasileiros”)

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Marina achou suas palavras bonitas. (predicativo do objeto direto = “suas
palavras”)

2.2.3 Predicação ou transitividade verbal

A transitividade ou predicação verbal é o modo como o verbo


forma o predicado, isto é, se o verbo exige ou não
complementos. A classificação de um verbo só pode ser definida na
sentença em que ele está colocado, bem como acontece com as
outras classes de palavras, não é mesmo? Um mesmo verbo, a
depender do sentido em que for empregado, pode necessitar ou não
de complemento (preposicionado ou não).
Dessa forma, os verbos podem ser classificados em intransitivos,
transitivos e de ligação.
Verbos intransitivos
O verbo intransitivo, por si só, apresenta sentido completo e,
assim, não exige complemento. Dessa maneira, o verbo pode
constituir sozinho o predicado. Entretanto, pode vir acompanhado de
termos acessórios (adjunto adverbial) ou integrantes (predicativo), os
quais são usados apenas para especificar as circunstâncias da ação ou
estado.
Exemplos:
O famoso poeta morreu ontem.
A criança chorou.
Marina trabalha em silêncio.

O verbo intransitivo, geralmente, indica movimento, fenômeno ou


situação.
Exemplos:
Resido na rua Serranos. (situação)
Choveu ontem. (fenômeno)
Marina anda depressa. (movimento)

Atenção! Tenha cuidado com as observações a seguir.


O verbo intransitivo, eventualmente, pode aparecer
complementado por objeto direto. Isso ocorre em construções nas
quais o objeto (objeto direto interno) pertence à mesma família
vocabular do verbo.
Exemplos:

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José viveu uma vida tranquila. (objeto direto interno = ”uma vida
tranquila”)
Paulo cantou uma canção linda. (objeto direto interno = ”uma canção
linda”)
O verbo intransitivo não necessita especificamente de
complemento verbal, entretanto a presença de adjunto
adverbial é essencial em alguns casos, por causa do sentido.
Dessa forma, podemos notar que o verbo “ir” (de movimento) e o
verbo “morar” (de situação), sem a presença de adjunto adverbial,
apresentam uma situação vaga e indeterminada.
Exemplos:
Paula foi ao cinema.
Moro em Brasília.

Verbos transitivos
O verbo transitivo não apresenta sentido completo e, assim,
exige complemento (objeto) que integre o sentido do
predicado. Dessa maneira, o verbo não consegue constituir sozinho o
predicado. O verbo transitivo se divide em transitivo direto, transitivo
indireto e transitivo direto e indireto (ou bitransitivo).

Verbos transitivos diretos


O verbo transitivo direto necessita de um complemento sem
preposição obrigatória (objeto direto).
Exemplos:
Marina comprou um apartamento. (objeto direto = ”um apartamento” –
predicado verbal = ”comprou um apartamento”)
A criança beberá desta água. (objeto direto preposicionado = ”desta água”
– predicado verbal = ”beberá desta água”). Observe que a preposição “de”
não é obrigatória - A criança beberá esta água.

Normalmente, o verbo transitivo direto indica ação. Sua principal


característica é admitir a voz passiva. Você se lembra da conversão
de voz ativa para voz passiva vista na aula passada? Caso não se
lembre, sugiro que volte lá e estude.
Exemplos:
Marina comprou um apartamento. (voz ativa – objeto direto = ”um
apartamento”)
Um apartamento foi comprado por Marina. (voz passiva – sujeito passivo
= ”Um apartamento” – agente da passiva = ”por Marina”)

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Verbos transitivos indiretos
O verbo transitivo indireto necessita de um complemento com
preposição obrigatória (objeto indireto).
Exemplos:
Marina necessita de um emprego. (objeto indireto = ”de um emprego” –
predicado verbal = ”necessita de um emprego”)
A criança obedecerá às minhas ordens. (objeto indireto = ”às minhas
ordens” – predicado verbal = ”obedecerá às minhas ordens”). Observe que o
verbo transitivo indireto também expressa ação.

Atenção! O verbo transitivo indireto não admite a voz passiva.

Verbos transitivos diretos e indiretos


O verbo transitivo direto e indireto, para ter sentido completo,
necessita de dois complementos, um sem preposição e outro
preposicionado obrigatoriamente. (objeto direto e indireto).
Exemplos:
Os alemães ofereceram cerveja aos turistas. (objeto direto = ”cerveja” –
objeto indireto = ”aos turistas” – predicado verbal = ”ofereceram cerveja
aos turistas”)
O paciente apresentou ao médico os documentos pessoais. (objeto indireto
= ”ao médico” – objeto direto = ”os documentos pessoais” – predicado
verbal = ”apresentou ao médico os documentos pessoais”).

A maioria dos verbos transitivos diretos e indiretos são sinônimos ou


antônimos dos verbos “dar” e “avisar”, tais como: oferecer,
apresentar, entregar, doar, ceder, pedir, legar, receber, tomar,
informar, participar, cientificar, propor, comunicar, etc.
É importante observar que o verbo “avisar” e seus correlacionados
apresentam duas estruturas corretas, veja a seguir.
Exemplo:
João avisou Ana sobre a festa. (objeto direto = ”Ana” – objeto indireto =
”sobre a festa” – predicado verbal = ”avisou Ana sobre a festa”)
João avisou à Ana a festa. (objeto direto = ”a festa” – objeto indireto = ”à
Ana” – predicado verbal = ”avisou à Ana a festa”)

O verbo transitivo direto e indireto aceita voz passiva:


Exemplos:

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Cerveja foi oferecida aos turistas pelos alemães. (sujeito = ” cerveja” –
objeto indireto = ”aos turistas” – agente da passiva = ”pelos alemães”)
Os documentos pessoais foram apresentados ao médico pelo paciente.
(objeto indireto = ”ao médico” – sujeito = ”os documentos pessoais” –
agente da passiva = ”pelo paciente”).

Verbos de ligação
O verbo de ligação não possui conteúdo próprio e serve apenas
como elemento de ligação entre o sujeito e um atributo do
sujeito (predicativo).
Exemplo:
Marina era infeliz. (predicativo do sujeito = ”infeliz” – sujeito = ”Marina” –
predicado nominal = ”era infeliz”)

OBSERVAÇÃO 1:
A transitividade de um verbo pode ser comprovada do seguinte modo:
Transitivo direto – Ana recebeu uma carta.
Faça assim: quem recebe, recebe alguma coisa. Então, o verbo
“receber” não necessita de objeto com preposição (objeto direto).
Assim, concluímos que “receber” é um verbo transitivo direto.
Transitivo indireto – Ana gosta de chocolate.
Faça assim: quem gosta, gosta de alguma coisa. Então, o verbo
“gostar” necessita de objeto com preposição (objeto indireto). Assim,
concluímos que “gostar” é um verbo transitivo indireto.

OBSERVAÇÃO 2:
Existem verbos transitivos diretos que necessitam de um qualificador
para o objeto direto que os complementa. Assim, esses verbos
exigem um predicativo para o seu objeto (predicativo do objeto). São
denominados verbos transobjetivos.
Exemplo: Marina considerou João inocente.
Observe que “considerar” é um verbo transobjetivo, pois ele é um
verbo transitivo direto que necessita de um objeto direto que venha
acompanhado de um predicativo (“inocente”).

OBSERVAÇÃO 3:
É muito importante que você não se esqueça de que a predicação
verbal depende do contexto em que o verbo está inserido. Para
classificar um verbo como intransitivo, transitivo ou de ligação,

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precisamos verificar a função que ele exerce na oração. Assim, um
mesmo verbo pode ser intransitivo em uma oração, transitivo direto
em outra, etc.
Exemplo:
Marina anda rápido. (verbo intransitivo – ação de “andar”)
Marina anda preocupada com a saúde do marido. (verbo de ligação –
estado de preocupação)

A seguir, analisaremos uma questão que aborda o assunto


visto acima.

Questão – (FCC) Analista Judiciário – Área


Administrativa – TRT 19ª Região (AL)/2014
(Adaptada)

(...) Desses ateliês saíram alguns dos artistas mais criativos da


arte brasileira, cujas obras passaram a constituir o hoje
famosíssimo Museu de Imagens do Inconsciente do Centro
Psiquiátrico Nacional, situado no Engenho de Dentro, no Rio.
(...)

(Adaptado de: GULLAR, Ferreira. A Cura pelo Afeto. Resmungos, São


Paulo: Imprensa Oficial, 2007)

O segmento cujo verbo possui, no contexto, o mesmo tipo


de complemento do grifado acima é:

a) ...sua visão da doença mental diferia da aceita por seus


companheiros...
b) ...em que os problemas insolúveis arrefeciam.
c) ...a loucura era um processo progressivo de
degenerescência.
d) ...e inventou outro caminho...
e) ...o doente se tornou sujeito criador, personalidade livre...

Comentários
Esta questão trata do assunto transitividade verbal. A
transitividade ou predicação verbal é o modo como o
verbo forma o predicado, isto é, se o verbo exige ou não
complementos.
Dessa forma, os verbos podem ser classificados em
intransitivos, transitivos (diretos, indiretos, e diretos e
indiretos) e de ligação.
Acabamos de estudar que a predicação verbal depende do
contexto em que o verbo está inserido. Para classificar um

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verbo como intransitivo, transitivo ou de ligação, precisamos
verificar a função que ele exerce na oração, ou seja, em qual
contexto está inserido e se exige complemento. Também,
precisamos observar se o eventual complemento necessita
obrigatoriamente de preposição.
Vamos, então, analisar o trecho constante do comando da
questão e verificar qual o comportamento do verbo na
sentença.
Desses ateliês saíram alguns dos artistas mais criativos da arte
brasileira, cujas obras passaram a constituir o hoje famosíssimo
Museu de Imagens do Inconsciente do Centro Psiquiátrico
Nacional, situado no Engenho de Dentro, no Rio.
Observa-se que o verbo “sair” foi empregado no sentido de
“surgir”, “provir”. Ele necessitou de complemento com a
preposição “de’ (“desses ateliês”). É um verbo transitivo
indireto.
Desse modo, temos que examinar as alternativas e marcar
aquela que apresente um verbo também transitivo indireto, ou
seja, que exija o mesmo tipo de complemento de “sair”.
Notamos que a alternativa A é a resposta. Ela apresenta o
verbo “diferir” com complemento preposicionado pela
preposição “de” (“diferia da aceita”).
Gabarito: A
Final dia 06/01/2016

3. Termos Integrantes da Oração

Alguns verbos e nomes da oração não conseguem, por si mesmos,


expressar uma significação completa, de modo que necessitam de
outros termos, denominados termos integrantes.
Os termos integrantes, portanto, são aqueles que completam
(integram) o sentido de outros termos.

São os seguintes:

- Complementos Verbais: Objeto Direto e Objeto Indireto;


- Complemento Nominal;
- Agente da Passiva.

Os termos integrantes são fundamentais para o perfeito entendimento


da frase, motivo pelo qual merecem ser analisados separadamente,
conforme faremos agora.

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3.1 Objeto Direto

O Objeto Direto é o termo que completa o sentido do verbo


transitivo direto (e também de verbo bitransitivo), sem que seja
necessária (obrigatória) a presença de preposição.

Eles fizeram as atividades.


OBJETO DIRETO

A transitividade dos verbos será estudada com mais afinco na Aula 08


(Regência Verbal). Esse assunto é extremamente importante para que
você saiba identificar qual o complemento verbal da frase (se objeto
direto ou se objeto indireto). Na aula de hoje, iremos apenas nos
familiarizar com alguns desses conceitos, relacionados ao tema ora
em comento (“Termos Integrantes da Oração”).
Na frase acima, vemos que “as atividades” completa a significação
da forma verbal “fizeram” sem o auxílio de preposição; trata-se,
portanto, de objeto direto.
Perceba que o objeto direto é o termo para o qual se dirige a
ação verbal. Em regra, ele torna-se o sujeito quando a frase é
convertida para a voz passiva.
Assim, note que, ao passar a oração da voz ativa para a voz passiva,
o objeto direto deixará de ser complemento verbal e passará a
ser sujeito da passiva:

VOZ ATIVA: Eles fizeram as atividades.


OBJETO DIRETO

VOZ PASSIVA: As atividades foram feitas por eles.


SUJEITO

Vale dizer, ainda, que é possível substituir o objeto direto pelos


pronomes pessoais oblíquos átonos “O, A, OS e AS”, os quais só
podem funcionar como objeto direto, nunca como objeto indireto.
Essa substituição já foi tema de nossa Aula 04. Exemplo:

Eles fizeram as atividades.


OD

Eles fizeram-nas.
OD

Os pronomes oblíquos átonos “ME, TE, SE, NOS, VOS” também


podem exercer função de objeto direto. Para identificá-lo, será

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necessário analisar a regência do verbo por ele completado, ou seja,
será fundamental saber se o verbo é transitivo direto.

Meus filhos me amam. Eles te amam.


OD OD

Nas frases acima, identificamos que o “ME” e o “TE” são objetos


diretos porque sabemos que “amar” é verbo transitivo direto (quem
ama, ama algo, sem auxílio de preposição).

Já aprendemos que uma oração pode estruturar-se tanto na ordem


direta (sujeito + verbo + complemento) quanto na ordem indireta
(em que esses elementos são ordenados de forma diversa). É
importante prestar muita atenção nas orações estruturadas na
ordem indireta em que o objeto direto (complemento) é posto
antes do verbo, para não confundir o objeto direto com sujeito.

As cartas escreveram eles com muito esmero.


OD SUJ.
Eles escreveram as cartas com muito esmero.
SUJ. OD

Nem tempo tive de lavar os pratos. (sujeito oculto “eu”)


OD
Nem tive tempo de lavar os pratos. (sujeito oculto “eu”)
OD

A confusão entre objeto direto e sujeito é frequente, mesmo se a


oração estiver estruturada na ordem direta. Vamos aprender algumas
dicas para que você não incorra nesse equívoco.

Hoje cedo, partiram os visitantes.


Hoje cedo, entrevistaram os visitantes.

Observe o termo “os visitantes”, destacado nas duas frases acima.


Qual a função sintática que ele exerce em cada frase? Sujeito ou
objeto direto? Para responder a essa pergunta, aconselho que você
tente passar a oração para a voz passiva; caso consiga, o
termo provavelmente será objeto direto. Observe:

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Hoje cedo, partiram os visitantes.


(voz passiva impossível)
Hoje cedo, entrevistaram os visitantes.
Hoje cedo, os visitantes foram entrevistados. (voz passiva possível)

No primeiro exemplo, note que não foi possível transformar a


voz ativa em voz passiva. Isso porque o termo “os visitantes”
exerce, na frase, função sintática de sujeito. Observe a frase na
ordem direta: “Os visitantes partiram hoje cedo”.
No segundo exemplo, foi possível colocar a oração na voz
passiva, pois o termo “os visitantes” possui função sintática de
objeto direto. O sujeito, nesse caso, é indeterminado.

Outra dica importante, na hora de diferenciar sujeito e objeto direto, é


lembrar que o objeto direto possui carga passiva, enquanto o sujeito
possui carga ativa (pois executa a ação verbal).

Atenção!
Ainda sobre a distinção “sujeito x objeto direto”, importa conhecermos
o sujeito acusativo ou sujeito de infinitivo. Observe:

Eu deixei-a voltar tarde para casa.

No exemplo acima, o pronome oblíquo átono “A” não exerce


função sintática de objeto direto, como em geral ocorre, mas sim
função de sujeito (denominado sujeito acusativo ou sujeito de
infinitivo). Veja por que isso acontece:

Eu deixei Maria voltar tarde para casa.


Eu deixei-a voltar tarde para casa.

Perceba que o pronome oblíquo átono “A”, destacado na primeira


frase, está substituindo “Maria”. O termo “Maria” atua como
sujeito do verbo “voltar”. Assim, o pronome “A”, ao substituir
“Maria”, também funciona como sujeito (sujeito acusativo ou
sujeito de infinitivo).
É importante conhecer esse tipo de sujeito para saber diferenciá-lo
dos casos em que o pronome oblíquo atua como objeto direto (a
maioria dos casos).

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Dito isso, é hora de fazermos algumas observações acerca dos
objetos diretos.

OBSERVAÇÃO 1:
Em alguns casos, uma oração inteira pode funcionar como
objeto direto. Ainda nesta aula, aprenderemos mais sobre esse tipo
de oração (chamada oração subordinada substantiva objetiva direta),
exemplificada a seguir:

Eles não notaram que o cachorro sumiu.


OD

IMPORTANTE

OBSERVAÇÃO 2:
Outra observação importante a se fazer diz respeito a orações com o
verbo “HAVER”. Você já deve saber que esse verbo não possui
sujeito, se empregado no sentido de “existir”. Nesses casos,
portanto, o termo relacionado ao verbo será objeto direto. Veja:

Havia muitas pessoas nas manifestações contra a copa.


OD

Perceba que, no exemplo acima, embora se trate de objeto direto,


não será possível a transformação para a voz passiva, em razão da
peculiaridade do verbo “haver”.

OBSERVAÇÃO 3:
Quando o pronome relativo “QUE” (já estudado por nós na Aula
04) retomar um termo e colocá-lo como complemento de verbo
transitivo direto, ele será objeto direto. Observe:

O bolo que você fez estava delicioso.


OD

Equivale a dizer: O bolo estava delicioso. / Você fez o bolo.


OD

Agora, que já fizemos os comentários gerais sobre o assunto, convém


conhecermos algumas espécies peculiares de objetos diretos:

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OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO


OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO
OBJETO DIRETO INTERNO OU COGNATO

Vamos analisar cada um deles, a seguir.

 OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO

Para compreender este tipo peculiar de objeto direto, você deve ter
em mente a seguinte informação: será sempre a regência do
verbo (e não a presença da preposição) que ditará se o
complemento é objeto direto ou objeto indireto. Ou seja, verbos
que exigem o uso obrigatório da preposição são transitivos
indiretos, de modo que seus complementos serão objetos
indiretos. Por outro lado, verbos que não exigem a presença
obrigatória da preposição são transitivos diretos, de modo que seus
complementos serão objetos diretos.
A afirmação acima parece óbvia, mas você verá que não é bem assim.
Isso porque, em alguns casos, o objeto direto pode vir
acompanhado de preposição. Ou seja, embora o verbo seja
transitivo direto, você poderá (ou até deverá) utilizar a preposição,
em alguns casos, para dar ênfase ou conferir clareza à frase.
Peguemos, por exemplo, o verbo transitivo direto “enganar”, cuja
regência não exige preposição obrigatória (ex: Ele enganou Maria
por muitos anos.). Seu complemento será sempre objeto direto,
pois quem engana, engana alguém (sem necessidade de preposição).
Há casos, no entanto, em que a preposição poderá ser empregada,
atipicamente, após um verbo transitivo direto, acompanhando o
objeto direto, para fins de clareza. Quando isso ocorrer, o
complemento do verbo continuará sendo objeto direto, porém
será chamado de objeto direto preposicionado (utilizaremos a sigla
“ODPrep” para identificá-lo).
Vamos entender alguns desses casos em que verbos transitivos
diretos podem ser completados por objeto direto preposicionado.
Abaixo de cada caso, darei exemplos de frases, em geral com o verbo
“enganar”, para ilustrar a transitividade direta.
DEVEREI PREPOSICIONAR O OD NOS SEGUINTES CASOS:

→ Quando o objeto direto for um pronome pessoal oblíquo


tônico (“MIM, TI, SI, NÓS, VÓS, ELE, ELES, ELA, ELAS”).

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Ex: Ele pode até enganar a si mesmo, mas não a mim.
ODPrep ODPrep

→ Quando o objeto direto for o pronome relativo “QUEM”.


Ex: A quem ele pensa que engana com essas histórias?
ODPrep

→ Quando o objeto direto for o numeral “AMBOS”.


Ex: Minha mãe e minha irmã, ele enganou a ambas.
ODPrep

→ Quando o objeto direto for pronome indefinido.


Ex: Ele enganou a todos com suas mentiras.
ODPrep

→ Quando o objeto direto for pronome demonstrativo.


Ex: Ele enganou a esta pobre garota.
ODPrep

→ Quando o objeto direto for uma expressão que indique


reciprocidade.
Ex: Eles enganaram-se uns aos outros.
ODPrep

→ Para evitar que se confunda o objeto direto com o sujeito


da oração.
Ex: Enganou José a Maria.
SUJ. ODPrep

→ Com verbos que exprimem sentimentos:


Ex: Ame ao próximo.
ODPrep

→ Para dar ênfase ao objeto direto:


Ex: A médico, professor e letrado nunca enganes.
OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO

 OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO

Outro tipo peculiar de objeto direto é o objeto direto pleonástico.


Ocorre quando o objeto direto, já expresso na frase, é
retomado (repetido) por um pronome oblíquo para reforçar a
informação contida no objeto direto.

Ex: Os amigos, perdi-os ao longo da vida.


Objeto Direto Objeto Direto
Pleonástico

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Agora, observe o exemplo a seguir, no qual há tanto o objeto direto


preposicionado quanto o objeto direto pleonástico:

Ex: A mim, ele jamais me enganará.


Objeto Direto Objeto Direto
Preposicionado Pleonástico

 OBJETO DIRETO INTERNO OU COGNATO

Para encerrar nosso estudo sobre objeto direto, falta falarmos do


objeto direto interno ou cognato. Ele ocorre quando o verbo e o
complemento (objeto direto) possuem o mesmo radical ou
estão no mesmo campo semântico. Veja:

Ex: Sonhou os sonhos mais tranquilos.


OD cognato

Embora a maioria dos gramáticos considere-os sinônimos, há quem


diferencie o objeto direto interno do objeto direto cognato, da
seguinte maneira:

- OBJETO DIRETO COGNATO: quando o verbo e o complemento


possuem o mesmo radical (como no exemplo acima).

- OBJETO DIRETO INTERNO: o verbo e o complemento estão no


mesmo campo semântico (de significação). Ex: Dormiu o sono dos
justos.
Agora sim, podemos passar ao estudo do próximo termo integrante
da oração: o objeto indireto.

3.2 Objeto Indireto

O Objeto Indireto é o termo que completa o sentido do verbo


transitivo indireto (ou do verbo transitivo bitransitivo) com auxílio
obrigatório de uma preposição.

Ele pensava em Joana o dia todo.


OBJETO INDIRETO

Na frase acima, vemos que “em Joana” completa a significação da


forma verbal “pensava” com o auxílio de preposição. Isso porque o
verbo “pensar” é transitivo indireto (quem pensa, pensa em algo

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ou em alguém), de modo que seu complemento será, sempre, objeto
indireto.

No caso dos verbos bitransitivos (aqueles que possuem dois


complementos verbais), o objeto indireto representa o ser a
quem o objeto direto se destina. Perceba, abaixo, frases com os
verbos bitransitivos “dizer” e “enviar”:

Ele disse bobagens a Joana.


OD OI

Enviavam cartas aos parentes.


OD OI

É possível substituir o objeto indireto pelos pronomes pessoais


oblíquos “LHE(s), A ELE(s), A ELA(s), DELE(s), DELA(s),
NELE(s), NELA(s)”. Essa substituição também já foi tema de nossa
Aula 04, reveja:

Ofereceram um presente a João.


OI

Ofereceram um presente a ele.


OI

Ofereceram-lhe um presente.
OI

Outros exemplos:

Necessitamos dos amigos. / Necessitamos deles.


OI OI

Acreditamos nas pessoas. / Acreditamos nelas.


OI OI

Aprendemos, também na Aula 04, que os pronomes oblíquos “ME”,


“TE”, “SE”, “NOS” e “VOS” funcionam tanto como objeto direto
quanto como objeto indireto. Para identificar a qual complemento
verbal o pronome equivale (objeto direto ou objeto indireto),
aconselho que você o substitua por um nome qualquer (de
preferência um nome próprio), a fim de descobrir a transitividade do
verbo. Veja:

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Ex: Ninguém nos contou a verdade. (objeto indireto, pois equivale a dizer
“Ninguém contou a verdade para Maria”, com uso de preposição)
Ex: Todos te abandonaram. (objeto direto, pois equivale a dizer “Todos
abandonaram Maria”, sem uso de preposição)

Dito isso, é hora de fazermos algumas observações acerca dos


objetos indiretos.

OBSERVAÇÃO 1:
Assim, como aprendemos com relação ao objeto direto, também
poderá acontecer que uma oração inteira funcione como objeto
indireto (caso em que será denominada de oração subordinada
substantiva objetiva indireta), exemplificada a seguir:

Eu nunca precisei de que outros realizassem meus sonhos.


OI

OBSERVAÇÃO 2:
As formas tônicas “MIM, TI, NÓS, VÓS” não aceitam ser precedidas
da preposição “COM” (não existe, portanto, “com mim”, “com ti”,
“com nós” e “com vós”). Assim, quando o verbo transitivo indireto
exigir o uso da preposição “COM”, correto será dizer “COMIGO,
CONTIGO, CONOSCO e CONVOSCO”. Observe:

Eles competirão conosco.


OI

Acho que ele brigou comigo.


OI

 OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICO

Tal qual aprendemos acerca do Objeto Direto Pleonástico, existe


também o Objeto Indireto Pleonástico.
Ele ocorre quando o objeto indireto, já expresso na frase, é
retomado (repetido) por um pronome oblíquo para reforçar a
informação contida no objeto indireto. Observe:

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Ex: Aos amigos, disse-lhes bonitas palavras.


Objeto Indireto Objeto Indireto
Pleonástico

Encerramos, assim, o estudo dos complementos verbais Objeto Direto


e Objeto Indireto. O próximo termo integrante da oração, a ser
analisado por nós, é o Complemento Nominal.

3.3 Complemento Nominal

O Complemento Nominal é aquele termo integrante que completa


o sentido de alguns nomes. Esses nomes (que serão completados
pelo complemento nominal) podem ser substantivo, adjetivo e
advérbio.
Com essa informação, é possível diferenciar o complemento nominal
dos complementos verbais (objeto direto e objeto indireto).
Enquanto o complemento verbal completa o sentido do verbo,
o complemento nominal completa o sentido do nome
(substantivo, adjetivo e advérbio).

Veja os exemplos a seguir:

Eu tenho muita consideração por você.


SUBSTANTIVO C. NOMINAL

Ele é fiel ao time do coração.


ADJETIVO C.NOMINAL

Estávamos longe da cidade maravilhosa.


ADVÉRBIO C. NOMINAL

Da análise dos exemplos acima, podemos inferir que o complemento


nominal é sempre iniciado por preposição (por você; ao time; da
cidade maravilhosa).
Outro aspecto importante é a possibilidade de substituir-se o
complemento nominal por pronomes pessoais oblíquos. Leia,
com atenção, as frases abaixo, em que o termo com função de
complemento nominal é substituído por pronome.

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Ele não teve consideração por mim. / Ele não me teve consideração.
SUBSTANTIVO C. NOMINAL C. NOMINAL SUBSTANTIVO

Dormir cedo era saudável para ele. / Dormir cedo lhe era saudável.
ADJETIVO C. NOMINAL C. NOMINAL ADJETIVO

Agora, que você já entendeu como funciona o complemento nominal,


atente-se para as observações abaixo.

OBSERVAÇÃO 1:
Assim como aprendemos com relação aos objetos direto e indireto,
também, neste caso, é possível que uma oração inteira funcione
como complemento nominal (caso em que será denominada
oração subordinada substantiva completiva nominal), exemplificada a
seguir:

Eu tinha certeza de que você não me decepcionaria.


COMPLEMENTO NOMINAL

Para treinar o que aprendemos, vamos resolver a questão a


seguir:

Questão – (CESPE) Fiscal Estadual Agropecuário –


ADAGRI-CE/2009
Não há personagem mais criticado na sociedade
contemporânea que o político. De fato, os políticos são, muitas
vezes, responsáveis por diversas mazelas sociais. Mas uma
coisa não deve ser esquecida: são os cidadãos que elegem seus
representantes, o que lhes dá o poder de premiar os melhores
e punir os piores.
Fernando Abrucio. Porque o eleitor deve mudar a forma de votar.
In: Época, 11/8/2008. p. 56. (com adaptações).

Com referência ao texto, julgue os itens a seguir.


Na linha 3, o termo "por diversas mazelas sociais"
complementa o sentido do vocábulo "responsáveis".

Comentários
A afirmação do enunciado está correta, pois o termo “por
diversas mazelas sociais” exerce função de complemento
nominal, ao completar o sentido do adjetivo
“responsáveis”.
GABARITO: CERTO

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Logo mais, ainda nesta aula, aprenderemos a distinguir o
complemento nominal (que acabamos de aprender) de um termo
acessório da oração chamado ajunto adnominal.
Antes disso, vamos conhecer o último termo integrante da oração, o
agente da passiva.

3.4 Agente da Passiva

Já aprendemos, na aula passada (Aula 05), que a voz passiva


analítica é aquela formada por verbo auxiliar (em geral, ser ou
estar) e pelo particípio do verbo principal. Assim, o sujeito, na
voz passiva, será chamado de sujeito paciente, pois ele não executa a
ação verbal. O praticante da ação verbal será o agente da passiva.
O Agente da Passiva é, portanto, o termo integrante da oração
que pratica a ação verbal na voz passiva analítica.
Veja o exemplo abaixo:

O governador da Bahia tomou a medida. (voz ativa)


SUJEITO VTD OBJETO DIRETO

A medida foi tomada pelo governador da Bahia. (voz passiva)


SUJ. PACIENTE LOCUÇÃO VERBAL AGENTE DA PASSIVA

Perceba que a frase acima foi convertida da voz ativa para a voz
passiva analítica. Nessa transformação, o sujeito da voz ativa tornou-
se o agente da passiva.

O agente da passiva vem sempre precedido de preposição, em


geral da preposição “POR” e derivados (“PELO, PELA, PELOS,
PELAS”). Perceba:

O paciente foi curado pela equipe médica.


SUJ. PACIENTE LOCUÇÃO VERBAL AGENTE DA PASSIVA

O livro de história foi escrito pelo especialista.


SUJ. PACIENTE LOCUÇÃO VERBAL AGENTE DA PASSIVA

Algumas vezes, no entanto, o agente da passiva virá precedido por


outras preposições:

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Os antigos fogões eram movidos a lenha.


SUJ. PACIENTE LOCUÇÃO VERBAL AGENTE DA PASSIVA

A casa velha estava infestada de insetos.


SUJ. PACIENTE LOCUÇÃO VERBAL AGENTE DA PASSIVA

Atenção!
Cuidado para não confundir o agente da passiva com o
complemento nominal (visto no item anterior). O complemento
nominal, como o termo já diz, completa o sentido de nomes
(substantivos, adjetivos e advérbios), enquanto o agente da passiva
pratica a ação verbal na voz passiva.
Uma dica excelente para solucionar a dúvida é converter a frase para
a voz ativa; a conversão somente será possível na presença do
agente da passiva, que se transformará no sujeito da voz ativa.
Observe:

O criminoso foi flagrado pelo policial. (voz passiva)


SUJ. PACIENTE LOCUÇÃO VERBAL AGENTE DA PASSIVA

O policial flagrou o criminoso. (voz ativa)


SUJEITO VTD OBJETO DIRETO

Agora, veja um exemplo em que o mesmo termo acima atua como


complemento nominal:

O delegado era responsável pelo policial.


ADJETIVO COMPLEMENTO NOMINAL

Perceba que não se pode converter a frase acima para a voz passiva,
pois não se trata de agente da passiva, mas sim de complemento
nominal – o termo está completando um nome (adjetivo) e não um
verbo.
Por fim, para encerramos o estudo do agente da passiva (e, com ele,
o estudo dos termos integrantes da oração), cabe atentarmos para a
existência do AGENTE DA PASSIVA INDETERMINADO. Ocorre
quando o agente da passiva não está expresso na frase.
Veja o exemplo abaixo:

O criminoso foi flagrado ontem. (voz passiva)


SUJ. PACIENTE LOCUÇÃO VERBAL

Flagraram o criminoso ontem. (Sujeito indeterminado) (voz ativa)

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Observe que, embora o agente da passiva não esteja declarado na


frase, é possível converter a voz passiva para a voz ativa. Após a
conversão, o sujeito também estará indeterminado.

4. Termos acessórios da oração

Agora, que já estudamos os termos que completam o significado de


verbos e de nomes, vamos ver os termos acessórios da oração. Estes
são assim chamados porque atuam em uma função secundária, de
forma a caracterizar o substantivo ou indicar diferentes
circunstâncias. Temos três termos acessórios: o adjunto
adnominal, o adjunto adverbial e o aposto.
Vamos ver, também, o vocativo, termo da oração que não faz parte
nem do sujeito nem do predicado.

4.1 Adjunto Adnominal

O adjunto adnominal é o termo da oração que se liga a um


nome (substantivo) e acrescenta-lhe uma qualificação ou uma
determinação. Destaca-se que essa conexão é feita sem mediação
de verbo.
Exemplo: Aquela moça feliz virá amanhã.
Observe, no exemplo acima, que “aquela” determina o substantivo
“moça” e “feliz” qualifica (caracteriza) o mesmo substantivo. Assim,
ambas as palavras sublinhadas são exemplo de adjunto adnominal.
O adjunto adnominal pode ser exercido por:
a) Adjetivos
Exemplo: A linda moça vem amanhã a esta feia cidade.
b) Locuções adjetivas
Exemplo: Aninha está com dor de dente e, por isso, não vai à
apresentação dos alunos.
c) Artigos
Exemplo: O cantor é um fingidor.
d) Numerais adjetivos
Exemplo: As quatro amigas tiraram o primeiro prêmio da loteria.
e) Pronomes adjetivos
Exemplo: Esta caneta é de minha amiga cuja mãe está doente.

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f) Orações adjetivas
Exemplo: Amanhã irei comprar o caderno que será usado para o
concurso.
O adjunto adnominal pode também ser exercido por pronomes
oblíquos átonos com valor de possessivos. Isso acontece quando há
verbos essencialmente transitivos diretos que já estão acompanhados
por seus objetos diretos. Cuidado para não confundir o pronome “lhe”
na função de possessivo com a função de objeto indireto ou
complemento nominal.
Exemplos:
Feri-lhe o braço. (ou seja, “Feri o seu braço.”)
Examinou-me a garganta. (ou seja, “Examinou a minha garganta.”)

4.1.1 Adjunto Adnominal x Complemento Nominal

É necessário que você tenha bastante atenção para não


confundir o adjunto adnominal (termo acessório) com o
complemento nominal (termo integrante).
Essa confusão geralmente ocorre quando o adjunto adnominal é uma
locução adjetiva preposicionada (principalmente a preposição “de”).
Exemplos:
O pedido do preso não foi atendido. (adjunto adnominal)
O pedido de liberdade não foi atendido (complemento nominal)

Para facilitar a correta identificação, podemos seguir algumas normas:


Complemento nominal:
a) Subordina-se a uma palavra de sentido incompleto, que
pode ser substantivo abstrato, adjetivo ou advérbio.
Exemplos:
Em referência à reunião, discutiremos amanhã.
Referente à reunião, discutiremos amanhã.
Referentemente à reunião, discutiremos amanhã.
b) Sempre indica o ser passivo (que sofre a ação).
Exemplo: O pedido de liberdade não foi atendido.
Observe que “liberdade” não está pedindo nada. Ela é que está
sendo pedida por alguém. É, portanto, o ser recebedor da ação.
c) Não indica posse.

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Exemplo: O pedido de liberdade não foi atendido.
Observe que “liberdade” não possui o pedido. "De quem é o pedido?" => não se sabe
d) Indica cargo.
Exemplos:
O presidente dos EUA foi preso.
O professor de matemática foi preso.

Adjunto adnominal:
a) Refere-se a uma palavra de sentido completo, que pode ser
substantivo (geralmente concreto) ou pronome substantivo.
Exemplo: A plantação do fazendeiro está crescendo.
Observe que “plantação” é um substantivo de sentido completo.
b) Sempre indica o ser ativo (agente da ação).
Exemplo: O pedido do preso não foi atendido.
Observe que “o preso” está pedindo alguma coisa. É, portanto,
o ser agente da ação.
c) Indica posse.
Exemplo: O pedido do preso não foi atendido.
Observe que “o preso” possui o pedido. "De quem é o pedido?" => do preso

Também observe o seguinte:


a) Se o termo anterior for substantivo concreto, haverá
adjunto adnominal. O problema está com o substantivo
abstrato, pois o complemento nominal não se vincula a
substantivo concreto.
Exemplos:
Casa de pedra.
Homem de coragem.

b) Complemento nominal sempre tem preposição. O adjunto


adnominal, caso venha precedido de preposição, esta só
poderá ser: “de”, “com” ou “sem”. O "Adjunto adnominal" pode ter preposição ou não.

c) Se o termo anterior for advérbio ou adjetivo, haverá


complemento nominal.
Exemplos:
Maria mora longe de você.
Márcio é fiel a ela.

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O grande problema, que dá origem a muitas dúvidas é, na maioria
das vezes, ocasionado pela ocorrência de substantivos abstratos
originários de verbos transitivo direto ou transitivo direto e indireto.
Essas questões podem ser resolvidas ao utilizarmos o critério da
base verbal.
Para tanto, temos que verificar com o que se relaciona o nome que
está antes do termo preposicionado. Se ele se relaciona com o próprio
termo preposicionado, este será adjunto adnominal. Se ele não se
relaciona com o termo preposicionado, este será complemento
nominal.
Vamos esclarecer por meio de um exemplo. Observe:
O pedido do preso foi atendido. (posse - adjunto adnominal)
De quem é o pedido? Quem fez o pedido?
A resposta é o termo preposicionado “do preso”. O termo “pedido”
(nome) relaciona-se com o termo preposicionado e exprime posse.

O pedido de liberdade foi atendido. (paciente – complemento nominal)


De quem é o pedido? De alguém que não sabemos.
A resposta não veio do termo preposicionado, assim o termo “pedido”
não se relaciona com o termo preposicionado. O termo preposicionado
não indica posse.

Note que os dois termos (adjunto adnominal e complemento nominal)


podem vir juntos, na mesma sentença:
O pedido de liberdade do preso foi atendido.

Por último, ainda podemos usar o seguinte critério quando o


substantivo for abstrato (cognato de verbo) e nos causar
dúvidas:
Se, ao substituirmos o substantivo por seu verbo cognato, der
complemento verbal (objeto direto, objeto indireto ou adjunto
adverbial), o termo preposicionado será complemento nominal.
Se, ao substituirmos o substantivo por seu verbo cognato, der sujeito,
o termo preposicionado será adjunto adnominal.
Exemplo 1: A crítica do governo aos juros não parece intimidar o
mercado.
Assim, vamos fazer as substituições:
O governo critica os juros. (“o governo” é sujeito. Então, “do governo” é
adjunto adnominal)

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O governo critica os juros. (“os juros” é objeto direto. Então, “aos juros” é
complemento nominal)

Exemplo 2: O retorno das mulheres ao estado de origem era quase certo.


Assim, vamos fazer as substituições:
As mulheres retornaram ao estado. (“as mulheres” é sujeito. Então, “das
mulheres” é adjunto adnominal)
As mulheres retornaram ao estado. (“ao estado” é adjunto adverbial. Então,
“ao estado” é complemento nominal)
Observe que “estado” é substantivo concreto. Assim, “de origem” só
pode ser adjunto adnominal.

Exemplo 3: A obediência aos princípios familiares é regra rígida.


Assim, vamos fazer a substituição:
Obedecer aos princípios. (“aos princípios” é objeto indireto. Então, “aos
princípios” é complemento nominal)

Agora, vamos estudar uma questão.

Questão – (FGV) Auditor Fiscal da Receita Municipal –


SMF – Angra dos Reis-RJ/2014
(Adaptada)

Já há evidências de que mudanças climáticas introduziram


epidemias em regiões anteriormente livres delas.

Julgue o item a seguir.

Há, em todo o período, dois casos de complemento nominal e


dois casos de adjunto adnominal.

Comentários
Esta questão trata do assunto termos da oração.
Vamos ver a afirmativa? Em seguida, farei uma análise sintática
das duas orações que compõem o período. Veremos alguns
termos ainda nesta aula. Por isso, sugiro que volte a esta
questão após acabar de estudar a aula de hoje.
Já há evidências de que mudanças climáticas introduziram
epidemias em regiões anteriormente livres delas.
Na oração principal “Já há evidências”, temos a seguinte
análise:

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1. Sujeito: inexistente. Verbo “haver” empregado com sentido
de existir – verbo impessoal.
2. Predicado verbal: “Já há evidências”.
3. Núcleo do predicado verbal: “há”.
4. Adjunto adverbial: “já”.
5. Objeto direto: “evidências”.
A oração “de que mudanças climáticas introduziram
epidemias em regiões anteriormente livres delas” é
classificada como oração subordinada substantiva completiva
nominal. Perceba que essa oração funciona como complemento
para o substantivo “evidências”, que está na oração principal já
analisada.
1. Sujeito: “mudanças climáticas”.
2. Núcleo do sujeito: “mudanças”.
3. Adjunto adnominal: “climáticas”.
4. Predicado verbal: “introduziram epidemias em regiões
anteriormente livres delas”.
5. Núcleo do predicado verbal: “introduziram” – verbo
transitivo direto.
6. Objeto direto: “epidemias”.
7. Adjunto adverbial de lugar: “em regiões anteriormente
livres”.
8. Adjunto adverbial de tempo: “anteriormente”.
9. Adjunto adnominal: “livres”. Observe a ligação de “livres” ao
substantivo concreto “regiões” (caracterização).
10. Complemento nominal: “delas”. Observe a ligação de “delas”
ao adjetivo “livres”.
Dessa forma, temos dois complementos nominais:
“delas” e a oração “de que mudanças climáticas
introduziram epidemias em regiões anteriormente livres
delas”. E temos dois adjuntos adnominais: “climáticas” e
“livres”.
Gabarito: CERTO

4.1.2 Adjunto Adnominal x Predicativo do Objeto

Outra confusão que causa muitas dúvidas é a diferença entre


adjunto adnominal e predicativo do objeto. Explico que, no
predicativo do objeto, a qualidade atribuída ao objeto é necessária na
estrutura da oração. A mesma coisa não acontece com o adjunto
adnominal, que é um termo acessório e pode ser retirado da oração.
Para te ajudar, faça assim:
Primeiro, transforme o objeto direto em um pronome oblíquo. Depois,
observe se o adjetivo que a ele se refere permanece de maneira
lógica na oração. Assim, se houver essa permanência, teremos um
predicativo do objeto. De forma contrária, será adjunto adnominal.
Exemplo 1: Estudei as questões difíceis.

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Assim, vamos fazer a substituição:
Estudei-as difíceis. (adjunto adnominal) NÃO permanece de maneira logica na nova construção.

Exemplo 2: Achei as questões fáceis.


Assim, vamos fazer a substituição:
Achei-as fáceis. (predicativo do objeto)

4.2 Adjunto Adverbial

Adjunto adverbial é o termo acessório que se liga ao verbo, ao


adjetivo ou ao próprio advérbio e atribui-lhes uma
circunstância. O adjunto adverbial pode ser exercido por advérbios,
expressões ou locuções adverbiais e, ainda, orações adverbiais. Ele
também pode vir acompanhado de preposição.
Exemplos:
Pedro vai dar uma volta ali. (advérbio)
Márcio chegou de repente. (locução adverbial)
Eu colocarei o almoço assim que ele chegar em casa. (oração adverbial)

Os advérbios podem denotar diversas circunstâncias, portanto


apresentam várias classificações. Segue uma lista exemplificativa das
mais comuns.
 de afirmação: Ele certamente já chegou.

 de negação: Não nasci em Belo Horizonte.

 de dúvida: Talvez o Brasil ganhe a Copa do Mundo.

 de intensidade: Marcos bebeu muito.

 de lugar: Não nasci neste país.

 de modo: Uma moça entrou em uma casa aparentemente


abandonada.

 de tempo: Sempre escuto a rádio de notícias.

 de concessão: Apesar da proibição, os jovens fumaram


ontem.

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 de conformidade: A costureira fez o vestido conforme o
modelo.

 de meio: Marina vai de bicicleta para a escola.

 de instrumento: Mara escreve com caneta suas aulas.

 de finalidade: Marta escreveu uma carta para mim.

Em seguida, analisaremos uma questão sobre adjunto


adverbial.

Questão – (FGV) Auditor Fiscal da Receita Municipal –


SMF – Angra dos Reis-RJ/2014
(Adaptada)

Há relatos de que sistemas financeiros existem desde a


Antiguidade, quando os fenícios já utilizavam diferentes formas
de efetuar pagamentos, como os documentos de crédito, por
exemplo. No entanto, foi somente no século XVII que os bancos
se estabeleceram, com o lançamento do dinheiro de papel, ou
papel-moeda, pelo Banco de Estocolmo. Nessa época, diversos
países europeus começaram a produzir sua própria moeda.
Outros tipos de bancos surgiram a partir do século XIX, quando
o progresso econômico provocado pela Revolução Industrial
contribuiu para a criação de um banco para a indústria cuja
função era mobilizar grandes somas de dinheiro para auxiliar o
desenvolvimento desse setor.
Hoje, o sistema financeiro de um país é controlado pelo seu
banco central, que tem a função de emitir dinheiro, captar
recursos financeiros e regular os bancos comerciais e os
industriais.
Internet: <www.brasilescola.com> (com adaptações).

Com relação às estruturas linguísticas do texto acima,


julgue o item a seguir.

A vírgula empregada logo depois de “Nessa época” (expressão


sublinhada no texto) isola adjunto adverbial de tempo
antecipado.

Comentários
Esta questão aborda o termo adjunto adverbial.
Adjunto adverbial é o termo acessório que se liga ao
verbo, ao adjetivo ou ao próprio advérbio e atribui-lhes

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uma circunstância. O adjunto adverbial pode ser exercido por
advérbios, expressões ou locuções adverbiais e, ainda, orações
adverbiais. Ele também pode vir acompanhado de preposição.
O enunciado apresenta a expressão “Nessa época” e questiona
se a vírgula foi colocada logo depois dela para isolar adjunto
adverbial antecipado.
Ainda vamos estudar pontuação, mas adianto que precisamos
colocar vírgula para isolar adjuntos adverbiais (para os adjuntos
adverbiais curtos, a vírgula é facultativa) que aparecem
deslocados, como é o caso desse trecho do texto. Só para
lembrar: a ordem direta da oração é “sujeito + verbo +
complemento”.
Resta verificar se a expressão “Nessa época” é um adjunto
adverbial. Percebemos que sim, pois ela atribui uma
circunstância de tempo ao verbo “começar”.
Dessa forma, concluímos que a questão está correta.
Gabarito: CERTO

4.3 Aposto

Aposto é o termo da oração que esclarece, explica, enumera,


identifica, resume, especifica um substantivo (ou termo
substantivado) expresso anteriormente.
Exemplos:
Bernadete, minha madrinha de crisma, virá hoje em Brasília. (aposto
explicativo)
Em Minas Gerais, um dos mais bonitos estados do Brasil, eu nasci. (aposto
explicativo)
Vendemos isto: roupas, sapatos e bolsas. (aposto enumerativo)
Colegas, amigos, familiares, todos participaram da festa. (aposto resumitivo
ou recapitulativo)
O escritor Machado de Assis escreveu belíssimos livros. (aposto
especificativo)
Minha prima Marina é muito bonita. (aposto especificativo)
A cidade de Belo Horizonte é mais bonita que a cidade de Divinópolis.
(aposto especificativo)

OBSERVAÇÕES:
O aposto explicativo (explica ou esclarece) é sempre isolado por
pontuação (vírgula, dois pontos, travessão, parênteses).
Exemplos:
Marina, minha sobrinha, comprou uma blusa rosa.

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Marina gosta de duas coisas: chocolate e refrigerante.
Uma palavra – paz – é o que ela quer.
Eu fui ao Estádio Governador Magalhães Pinto, Mineirão.

O aposto especificativo não é acompanhado de pontuação.


Exemplos:
Minha sobrinha Marina comprou uma blusa rosa.
Eu fui ao Estádio Governador Magalhães Pinto, Mineirão.

O aposto pode vir acompanhado de preposição.


Exemplos:
O mês de abril tem trinta dias.
O homem perdoou a ambos: ao filho e ao pai.

O aposto pode vir precedido de expressões explicativas.


Exemplos:
Sobrou muita coisa, a saber: joias, perfumes e roupas.
Marina não sabia que iria encontrar Paulo Barros, isto é, o escritor preferido
de sua mãe.

O aposto pode, excepcionalmente, vir antes do termo a que se refere.


Exemplo:
Inteligente e dedicado, Paulo passará no concurso em breve.

O aposto pode referir-se a outro aposto.


Exemplo:
Aécio Neves, neto de Tancredo Neves, ex-Presidente da República, será
candidato ao cargo de presidente da República.

O aposto resumitivo, geralmente, é exercido por um pronome


indefinido.
Exemplo:
Joias, viagens, carros, roupas, nada lhe era suficiente.

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Temos o “aposto de oração” que é aquele que sintetiza o significado
de uma oração inteira. Cuidado para não confundi-lo com o aposto
resumitivo, que resume termos e não resume orações.
Exemplo:
A menina gastou todo o dinheiro, fato que o deixou triste.

Atenção!
Cuidado para não fazer confusão entre aposto, adjunto adnominal e
complemento nominal. Para tanto, veja os seguintes exemplos.
Exemplo 1:
O estado de Minas Gerais possui grande quantidade de municípios. (aposto
especificativo)
Observe que o termo “de Minas Gerais” especifica um estado entre os
vários pertencentes ao Brasil.

Os moradores de Minas Gerais são muito agradáveis. (adjunto adnominal)


Observe que o termo “de Minas Gerais” expressa qualidade.

A formação de Minas Gerais não foi pacífica. (complemento nominal)


Observe que o termo “de Minas Gerais” indica o paciente da ação.

Exemplo 2:
O escritor Machado de Assis escreveu livros belíssimos. (aposto
especificativo)
Os livros de Machado de Assis são muito importantes para a literatura
brasileira. (adjunto adnominal)

A seguir, vamos ver uma questão sobre aposto.

Questão – (CESPE) Vestibular – UNB/2013


(Adaptada)

No dia 6 de janeiro de 1912, em reunião da Associação


Geológica Alemã, em Frankfurt, o meteorologista Alfred
Wegener desencadeou o longo processo de construção de uma
teoria da dinâmica terrestre. Na conferência “Fundamentos
geofísicos da evolução das grandes feições da crosta terrestre
(continentes e oceanos)”, postulou que os continentes, em
constante movimento, interagem entre si e com o substrato

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sobre o qual se deslocam, o que originou os grandes acidentes
do relevo terrestre. A hipótese, ainda que bem fundamentada,
não obteve boa receptividade; ao contrário, as reações adversas
foram muitas. As opiniões só começaram a mudar no final da
década de 1950, quando se avolumaram evidências favoráveis à
deriva continental. Dez anos mais tarde, no calor de uma
revolução científica em que se consolidou a teoria da tectônica
de placas, a hipótese foi definitivamente comprovada.
Ciência Hoje, vol. 50, n.º 298.

Julgue o item abaixo.

No título da conferência proferida por Alfred Wegener em 1912


(trecho sublinhado no texto), a expressão entre parênteses
exerce a função de aposto explicativo do termo “das grandes
feições da crosta terrestre”.

Comentários
Esta questão trata do termo acessório aposto. Aposto é o
termo da oração que esclarece, explica, enumera,
identifica, resume, especifica um substantivo (ou termo
substantivado) expresso anteriormente.
O enunciado questiona se a expressão “continentes e oceanos”
funciona como aposto explicativo do termo “das grandes feições
da crosta terrestre”.
Ao analisarmos o trecho, verificamos que “continentes e
oceanos” esclarece e explica o termo a que se refere. Observe
também estar correto o emprego de pontuação (no caso,
parênteses) para isolar o aposto explicativo.
Gabarito: CERTO

4.4 Vocativo

O vocativo é um termo que não faz parte nem do sujeito nem do


predicado, portanto exerce uma função autônoma na estrutura
oracional. É um termo que tem natureza exclamativa e expressa
invocação ou chamamento. Ele tem como objetivo chamar,
nomear, interpelar, invocar a pessoa ou coisa personificada a
quem nos dirigimos.
O vocativo pode aparecer em qualquer lugar na oração e é sempre
isolado por algum sinal de pontuação (normalmente, vírgula).
Exemplos:
Marisa, onde está sua mãe?
Pedro! Feche as janelas.

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A notícia, meus amigos, é bem fresca.
Volte para casa, Daniel!

Atenção!
Você deve ter muito cuidado com a pontuação, porque ela pode
modificar a função sintática do termo.
Exemplo:
Ana Maria esteve em Belo Horizonte? (sujeito)
Ana, Maria esteve em Belo Horizonte? (vocativo - “Maria” é sujeito)
Ana, Maria, esteve em Belo Horizonte? (vocativo - “Ana” é sujeito)
Ana Maria, esteve em Belo Horizonte? (vocativo)

Observação
O aposto pode fazer parte de um vocativo.
Exemplo:
Ana Maria, minha filha, esteve em Belo Horizonte? (“Ana Maria, minha filha”
é vocativo e “minha filha” é aposto)

Vamos fazer uma questão sobre vocativo?

Questão – (CESPE) Vestibular – UNB/2013


(Adaptada)

Quando se fala em sistema público de comunicação, pensa-se


justamente em um conjunto de mídias públicas (nos diversos
suportes, como rádio, televisão, Internet etc.) que operam de
modo integrado e sistêmico, tendo como horizonte o interesse
dos cidadãos. Para o professor Laurindo Leal Filho, da
Universidade de São Paulo, um dos pioneiros na pesquisa sobre
mídia pública no Brasil, esse não é um conceito fechado. “Por
princípio, todo o sistema de comunicação deveria ser público,
uma vez que a sua missão é prestar um serviço público. Nesse
sentido, poderiam até variar as formas de financiamento, mas o
controle deve ser da sociedade. De algum modo, é o que
acontece em alguns países onde órgãos reguladores
estabelecem as diretrizes para o todo o setor das comunicações
eletrônicas. De maneira mais restrita, costumamos chamar de
público o sistema não comercial e, de alguma forma,
independente do Estado. E aí temos inúmeras nuanças: de
sistemas ditos públicos, mas que sofrem forte controle estatal,
até outros em que essa relação é tênue”, explica Leal Filho.
Internet: <www.direitoacomunicacao.org.br> (com adaptações)

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Julgue o item abaixo.

A expressão “um dos pioneiros na pesquisa sobre mídia pública


no Brasil” (sublinhado no texto) exerce, na oração, a função
sintática de vocativo, pois se refere a uma pessoa citada
anteriormente.

Comentários
Nesta questão, a banca questiona se a expressão “um dos
pioneiros na pesquisa sobre mídia pública no Brasil” exerce, na
oração, a função sintática de vocativo.
Vocativo é um termo que não faz parte nem do sujeito nem do
predicado, portanto exerce uma função autônoma na
estrutura oracional. É um termo que tem natureza
exclamativa e expressa invocação ou chamamento. Ele tem
como objetivo chamar, nomear, interpelar, invocar a
pessoa ou coisa personificada a quem nos dirigimos.
O vocativo pode aparecer em qualquer lugar na oração e é
sempre isolado por algum sinal de pontuação (normalmente,
vírgula).
Porém, verificamos que a expressão constante do comando é,
na verdade, um aposto.
Aposto é o termo acessório que esclarece, explica,
enumera, identifica, resume, especifica um substantivo
(ou termo substantivado) expresso anteriormente.
Assim, a expressão “um dos pioneiros na pesquisa sobre mídia
pública no Brasil” funciona como aposto explicativo do termo
“professor Laurindo Leal Filho”.
Ao analisarmos o trecho, verificamos que “um dos pioneiros na
pesquisa sobre mídia pública no Brasil” esclarece e explica o
termo a que se refere. Observe também estar correto o
emprego de pontuação (no caso, vírgulas) para isolar o aposto
explicativo.
Gabarito: ERRADO

Classificação das Orações no Período Composto

1. Aspectos Gerais

Nós aprendemos, logo no início desta aula, que o período pode ser
classificado em período simples (formado por apenas uma

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oração) ou período composto (formado por mais de uma
oração).

Os períodos compostos formam-se por meio de dois processos


sintáticos: COORDENAÇÃO e SUBORDINAÇÃO.

- PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO:


No período composto por coordenação, as orações são
sintaticamente independentes entre si, ou seja, uma oração NÃO
EXERCE qualquer função sintática em relação à outra oração.

- PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO:


No período composto por subordinação, as orações mantêm um
vínculo sintático entre si, ou seja, uma oração EXERCE função
sintática em relação à outra oração. Nesses períodos, cada oração
não consegue existir isoladamente, pois uma oração depende da outra
para perfazer uma completude semântica e sintática.

O período pode ser formado, ao mesmo tempo, por orações


coordenadas e por orações subordinadas. Nesse caso, teremos um
PERÍODO MISTO (ou período complexo).

Abaixo, exemplo de um período composto por coordenação.

Mariana corria todos os dias e gostava de dançar.


Mariana corria todos os dias. / Mariana gostava de dançar.

Observe que as orações, no período coordenado, podem ser


separadas em dois períodos distintos, sem prejuízo da completude
sintática de ambas. Nesse tipo de período, as orações são
equivalentes, pois não existe uma oração mais importante que a
outra. A independência, repita-se, é apenas sintática, pois quase
sempre haverá algum laço semântico entre as orações de um mesmo
período.
Agora, um exemplo de período composto por subordinação.

Mariana contou a todos que gostava de dançar.


ORAÇÃO PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA

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Repare que as orações acima não subsistem separadamente. “Mariana
contou a todos.” é uma construção sintaticamente incompleta, pois
falta um complemento para a forma verbal. Nesse tipo de período,
existe uma oração principal e outra oração (ou outras orações)
subordinada à oração principal.

No exemplo a seguir, temos um período misto (ou complexo), em


que há tanto orações subordinadas quanto orações coordenadas.

A vontade era que fosse feriado e que fizesse sol.


1ª ORAÇÃO 2ª ORAÇÃO 3ª ORAÇÃO

Acima, temos três orações. A primeira é a oração principal; a segunda


e a terceira orações são subordinadas à primeira. Entre a segunda e a
terceira orações, no entanto, a relação é de coordenação, pois elas
são independentes entre si (“que fosse feriado e que fizesse sol”).
Após esse exemplo, é possível perceber que a coordenação e a
subordinação dão-se sempre na relação estabelecida entre
duas orações. Assim, uma mesma oração pode ser subordinada
em relação a uma oração, mas, ao mesmo tempo, ser
coordenada em relação a outra oração.

Outra observação a se fazer, inferida dos exemplos acima, diz


respeito aos conectores (também chamados de articuladores ou
elementos de conexão). Trata-se de elementos responsáveis
pela ligação entre as orações no período composto, os quais
podem ser de diversas classes morfológicas: conjunções, pronomes
relativos, preposições ou advérbios.

Embora fizesse um sol forte, estava bastante frio na praia.

Os conectores, sobretudo as conjunções, são um assunto de enorme


relevância no estudo de sintaxe. Você vai perceber que a cobrança do
tema, em concursos públicos, está quase sempre focada na relação
que a conjunção estabelece entre duas orações.
A partir deste momento, conheceremos os tipos de orações
coordenadas e de orações subordinadas, assunto que costuma causar
certo medo nos candidatos. Você deverá ter em mente, no entanto,
que o objetivo principal desse aprendizado será, como dito logo
acima, compreender a função dos conectores em cada período.

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2. Orações Coordenadas

Você já aprendeu que, no período composto por coordenação, as


orações, embora haja vínculo semântico, NÃO possuem vínculo
sintático entre si.
Também vimos que, no período coordenado, não existe oração
principal (só se pode falar em oração principal nos períodos
compostos por subordinação). Por isso, costuma-se dizer que as
orações coordenadas estão justapostas. A banca CESPE, por sua vez,
denomina essa justaposição de ENUMERAÇÃO.

As orações de um período coordenado são diferenciadas em


assindéticas ou sindéticas.
As orações assindéticas são aquelas que não possuem conectivo
(conjunção), enquanto as orações sindéticas apresentam a
conjunção (chamada de conjunção coordenativa).

Mariana corria todos os dias e gostava de dançar.


ORAÇÃO ASSINDÉTICA ORAÇÃO SINDÉTICA

As conjunções – presentes somente nas orações coordenadas


sindéticas – podem ser classificadas da seguinte forma:
- coordenativas aditivas
- coordenativas adversativas
- coordenativas alternativas
- coordenativas conclusivas
- coordenativas explicativas
Essa classificação ocorre de acordo com a relação estabelecida pela
conjunção, porquanto exprima ideia de adição, oposição,
alternância, conclusão e explicação, respectivamente.
Vamos analisar, uma a uma, os tipos de conjunções coordenativas.

2.1 Conjunções Coordenativas Aditivas

As conjunções aditivas exprimem adição, soma, encadeamento,


simultaneidade, enumeração de ideias.

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Estas são as principais conjunções aditivas: “E”, “NEM”,
“TAMPOUCO”, “MAS TAMBÉM”, “COMO TAMBÉM”, “SENÃO
TAMBÉM”, “BEM COMO”, “TANTO (...) COMO”.
Exemplos:

Mariana corria todos os dias e gostava de dançar.


Mariana não só corria, mas também gostava de dançar.
Mariana não corre nem gosta de dançar.
Mariana não corre, tampouco gosta de dançar.
Marina corre, bem como gosta de dançar.
O vocábulo “QUE” também pode funcionar como conjunção aditiva,
observe:

Mariana corria que corria, e não conseguia chegar.

Vimos, nas aulas dadas até o momento, que o termo “QUE” exerce
muitas funções morfossintáticas, multifuncionalidade essa que
costuma ser bastante cobrada pelos certames. Mas não se preocupe,
pois faremos, em uma aula mais adiante, a esquematização dos
diversos usos do “QUE”.

OBSERVAÇÃO:
Não se costuma usar vírgula antes da conjunção coordenativa aditiva
“E”. Há, no entanto, algumas exceções:
- quando o sujeito da segunda oração for diverso do sujeito da
oração anterior:

Mariana corria todos os dias, e Joana gostava de dançar.

- quando o sentido exprimido pela conjunção não for de


adição, mas sim de oposição (nesse caso, a conjunção não será
aditiva, mas sim adversativa, a qual aprenderemos logo mais).

Mariana corria todos os dias, e não gostava de dançar.

- quando integrar uma enumeração subjetiva ou enfática


(repetição da conjunção para criar um sentido de enumeração
e reforçar as ideias contidas nos argumentos).

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Mariana corria, e dançava, e nadava, e subia em árvore, e pulava da


árvore, e não se cansava.

Na enumeração objetiva, por outro lado, em que não se pretende


dar ênfase às ideias, não haverá a vírgula antes do “E”, tampouco a
repetição dessa conjunção.

Mariana corria, dançava, nadava, subia em árvore, pulava da árvore e não


se cansava.

Você verá mais detalhes acerca do emprego da vírgula na aula de


Pontuação. Por ora, vamos prosseguir no estudo dos tipos de
conjunções coordenativas.

2.2 Conjunções Coordenativas Adversativas

As conjunções adversativas exprimem oposição, ressalva,


compensação, contraste de ideias em relação à oração
anterior.
Estas são as principais conjunções adversativas: “MAS”, “PORÉM”,
“TODAVIA”, “ENTRETANTO”, “NO ENTANTO”, “NÃO
OBSTANTE”, “CONTUDO”, “AO PASSO QUE”, “SENÃO” (no
sentido de “porém”), “ANTES” (no sentido de “mas”), “EM TODO
CASO”, “APESAR DISSO”.
Exemplos:

Sua mãe era paciente, mas não tolerava o descaso dos filhos.
João não se exercitava, ao passo que Joana nadava todos os dias.
Mariana treinou muito, não obstante, perdeu a competição.
Não se intrometa na escolha profissional de seus filhos, antes prefira vê-los
felizes.
Os alunos ficaram chateados; em todo caso avaliaram positivamente a
instituição.

Vimos, no item anterior, que a conjunção “E” pode ser, também,


adversativa. Observe:

Os jogadores treinaram muito, e a seleção perdeu a partida.

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É importante perceber o emprego da vírgula (ou de ponto e
vírgula) antes da conjunção adversativa. ** Atenção com a conjunção "E".

OBSERVAÇÃO: À exceção do “MAS”, as demais conjunções


adversativas podem ser deslocadas do início da oração para outra
posição. Veja:

Sua mãe era paciente; não tolerava, no entanto, o descaso dos filhos.
Não se intrometa na escolha profissional de seus filhos, prefira, antes, vê-
los felizes.
Perceba que, nesses casos, a conjunção será isolada por meio do uso
de vírgulas.

2.3 Conjunções Coordenativas Alternativas

As conjunções alternativas exprimem exclusão, alternância de


ideias.
A principal conjunção alternativa é “OU”, que pode ser empregada
apenas uma vez no período, bem como repetida em cada oração.
Outras conjunções alternativas: “ORA (...) ORA”, “QUER (...)
QUER”, “SEJA (...) SEJA”, “JÁ (...) JÁ”, “TALVEZ (...) TALVEZ”.
Exemplos:

Chegue cedo ou não conseguirá um lugar confortável.


Ora sentava, ora caminhava agitado.
Era um jogador bastante aplaudido, quer fizesse gol, quer errasse passes.
Ou você estuda, ou não conseguirá a aprovação.
“Talvez precise de colchão, talvez baste o chão.” (Arnaldo Antunes)

A seguir, temos uma questão sobre o tema:

Questão – (FCC) Técnico Judiciário – TRT 2ª Região


(SP)/2008
(Adaptada)

“Não há dúvida de que leitores, ouvintes e espectadores


seguem suas preferências ao fazer uso dos meios de
comunicação: querem se divertir ou se distrair, querem se
informar ou tomar parte em debates públicos”.

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Considerando o trecho acima, julgue o item a seguir:


As orações que se seguem aos dois-pontos constituem um
conjunto de quatro orações coordenadas, formando dois grupos
de orações de sentido alternativo.

Comentários
Está correta a afirmativa do enunciado.
Após o “ponto e vírgula”, temos quatro orações, destacadas a
seguir:
“(...) querem se divertir / ou se distrair, / querem se informar /
ou tomar parte em debates públicos.”
As quatro orações acima são sintaticamente
independentes entre si, motivo pelo qual são chamadas
orações coordenadas. Observe que é possível isolar cada
uma das orações, sem prejuízo da sintaxe:
“Querem se divertir.”; “Querem se distrair.”; “Querem se
informar.”; “Querem tomar parte em debates públicos.”.
Há, no entanto, entre a primeira e a segunda orações, e
também entre a terceira e a quarta orações, um vínculo
semântico, ocasionado pela conjunção “OU”, que exprime
ideia de alternância.
GABARITO: CERTO

Essa questão exemplifica bem a forma como as bancas têm cobrado a


sintaxe entre orações. Espero que você tenha conseguido resolvê-la
sem grandes dificuldades.
Vamos ao estudo das conjunções coordenativas conclusivas.

2.4 Conjunções Coordenativas Conclusivas

As conjunções conclusivas exprimem conclusão ou consequência


em relação à oração anterior.
As principais conjunções conclusivas são: “LOGO”, “POIS” (quando
vier após o verbo), “PORTANTO”, “POR ISSO”, “POR
CONSEGUINTE”, “ENTÃO”, “ASSIM”, “EM VISTA DISSO”.
Exemplos:

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Ele é bastante capacitado, logo fará um excelente trabalho.


Estou com pouca paciência, portanto não me conte seus problemas.
O time está unido; tem, pois, grandes chances na competição. "pois" -> apos o verbo.
Dormiu cedo ontem, por conseguinte acordou bastante disposto.

2.5 Conjunções Coordenativas Explicativas

As conjunções explicativas justificam a informação transmitida


pela oração anterior.
As principais conjunções explicativas são: “PORQUE”, “POIS”
(quando vier antes do verbo), “QUE”, “PORQUANTO”.
Exemplos:

Estude, que você terá êxito.


Saiam cedo, porque haverá engarrafamento mais tarde.
Não hesite em pedir ajuda, pois estou à disposição. "pois" -> antes do verbo.
Sabia que era cedo, porque ainda estava claro.
Tinha engordado, pois as roupas não lhe cabiam.

Após orações imperativas, em geral, segue uma oração explicativa,


como se pode observar nos três primeiros exemplos acima. Esse é o
uso mais comum das conjunções explicativas.

OBSERVAÇÃO:
Não confunda explicação com causa: a explicação justifica um fato
anterior, que a gerou; a causa, por sua vez, é anterior à
consequência ocasionada. Essa observação é importante para
distinguir a oração coordenada explicativa (analisada acima) da
oração subordinada causal (que veremos mais adiante). Veja o
seguinte exemplo de oração subordinada causal.

João foi aprovado no certame, porque estudou muito.

No período acima, a segunda oração não explica a primeira, mas sim


revela a causa da primeira. O fato de João ter estudado muito gerou
sua aprovação no certame.

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Encerramos, aqui, a parte da aula relativa ao processo de
coordenação na formação dos períodos compostos. Estamos, assim,
prontos para ingressar no ponto mais importante (e mais temido) da
aula de hoje: o estudo do período composto por subordinação.
Você verá que não há qualquer motivo para preocupação; com
dedicação e atenção, você logo estará dominando o assunto!
Preparado?
FINAL DIA - 19/01/2016

3. Orações Subordinadas

A essa altura, você já sabe diferenciar orações coordenadas de


orações subordinadas. As últimas caracterizam-se pela
dependência sintática que possuem em relação a outra oração
do mesmo período.
Ao contrário dos períodos coordenados (em que as orações são
equivalentes), nos períodos subordinados, as orações
classificam-se em:
- ORAÇÃO PRINCIPAL: é a oração que rege a oração subordinada.
- ORAÇÃO SUBORDINADA: é a oração que exerce uma função
sintática em relação à oração principal.
A oração subordinada pode exercer as seguintes funções sintáticas em
relação à oração principal: sujeito, objeto direto, objeto indireto,
complemento nominal, aposto, predicativo, agente da passiva,
adjunto nominal ou adjunto adverbial.
Você conheceu, nesta mesma aula, todos os elementos sintáticos
acima mencionados. A diferença é que, agora, trabalharemos com
orações que exercem essas funções, e não mais com termos.

De acordo com a função exercida, as orações subordinadas serão


nomeadas e agrupadas em uma classificação mais ampla, qual seja:

- ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS:


Orações que exercem alguma função sintática típica de substantivo,
quais sejam: sujeito, objeto direto, objeto indireto,
complemento nominal, aposto, predicativo e agente da
passiva.
- ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS:
Orações que exercem função sintática típica de adjetivo, qual seja:
adjunto adnominal.

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- ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS:
Orações que exercem função sintática típica de advérbio, qual seja:
adjunto adverbial.

Vamos analisar, separadamente, as espécies de orações que integram


cada grupo, a começar pelas orações subordinadas substantivas.

3.1 Orações Subordinadas Substantivas

As orações substantivas são aquelas que exercem, no período,


alguma função típica de substantivo. E quais são essas funções?

sujeito
objeto direto
objeto indireto
complemento nominal
aposto
predicativo
agente da passiva

A oração subordinada substantiva será nomeada de acordo com a


função sintática que exerce no período. Observe:

sujeito subjetiva
objeto direto objetiva direta
objeto indireto objetiva indireta
complemento nominal completiva nominal
predicativo predicativa
aposto apositiva
agente da passiva agente da passiva

Atenção à dica!

Para descobrir qual a função sintática exercida pela oração


subordinada, você pode substituí-la pelo pronome “ISSO”. Assim, ao

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descobrir a função sintática do “ISSO”, você estará descobrindo a
função sintática da oração subordinada e, consequentemente, saberá
como nomeá-la.
Observe:

Foi comprovado que o deputado era corrupto.


Foi comprovado isso.

Agora vamos passar o período para a ordem direta:

Isso foi comprovado.


SUJEITO

Perceba que “ISSO” exerce função de sujeito na frase; logo, a


oração por ele substituída exerce a mesma.
Assim: “que o deputado era corrupto” é uma oração
subordinada substantiva SUBJETIVA.

Outra informação que você deve saber sobre as orações subordinadas


substantivas diz respeito a seus conectores.
Já vimos, na Aula 03, que as conjunções integrantes sempre
iniciam orações subordinadas substantivas e que são apenas
duas: “QUE” e “SE”.

Veja a questão a seguir:

Questão – (CESPE) Nível Superior – MEC/2011


(Adaptada)

O jurista Paulo Mário Canabarro T. Neto, em artigo que trata da


legitimidade do Poder Judiciário e do exercício independente da
atividade jurisdicional, na perspectiva das manifestações
populares e da opinião pública, sustenta que a legitimidade do
Poder Judiciário não repousa na coincidência das decisões
judiciais com a vontade de maiorias contingentes, mas na
aplicação do direito sob critérios de correção jurídica, conforme
as regras do discurso racional. Assim como a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal tem entendido qualificar-se como
abusiva e ilegal a utilização do clamor público como
fundamento da prisão preventiva, esse magistrado põe em
destaque o aspecto relevantíssimo de que o processo decisório
deve ocorrer em “ambiente institucional que valorize a
racionalidade jurídica.”
Internet: <www.stf.jus.br> (com adaptações).

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Acerca das estruturas linguísticas do texto, julgue o item
a seguir.

As duas ocorrências da palavra “que” (sublinhadas no texto)


exercem a mesma função sintática.

Comentários
O vocábulo "QUE" é o preferido, em provas de concurso, para
a banca testar se o candidato domina todas as suas diferentes
funções na frase. Mais adiante, no final do nosso curso, trarei
um esquema com os diversos usos do “QUE”. Nossos
conhecimentos até o momento, contudo, permitem responder a
esta questão sem maiores dificuldades.
O primeiro “QUE” sublinhado no texto foi retirado do trecho
“em artigo que trata da legitimidade do Poder Judiciário”. Note
que o termo está retomando o vocábulo “artigo”; é, portanto,
um pronome relativo.
O segundo "QUE" sublinhado, por outro lado, está iniciando
uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
Veja:

O jurista Paulo Paulo Mário Canabarro T. Neto sustenta que a


legitimidade do Poder Judiciário não repousa na
coincidência das decisões judiciais (...).

Se substituirmos a segunda oração pelo pronome “ISSO”, fica


mais fácil perceber que se trata de um objeto direto:

O jurista Paulo Paulo Mário Canabarro T. Neto sustenta isso.


VTD OD

Assim, nesse trecho, o pronome “QUE” é conjunção


integrante, pois está iniciando uma oração subordinada
substantiva.
A afirmativa do enunciado está, portanto, ERRADA, pois os
dois termos (“QUE”) retirados do texto exercem funções
diferentes (um de pronome relativo e o outro de conjunção
integrante).
GABARITO: ERRADO

Apesar das conjunções integrantes serem as mais frequentes para


iniciar as orações subordinadas substantivas, também podem ser
utilizados pronomes interrogativos (“QUE”, “QUEM”, “QUAL”,
“QUANTO”, “QUANTOS”) ou advérbios interrogativos (“ONDE”,
“COMO”, “QUANDO”, “QUANTO”, “POR QUE”).

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Exemplos:

Você não sabe quanto me oneram essas compras.


O. SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA

Ficou esclarecido quem roubou as jóias da loja.


O. SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA

Dito isso, vamos conhecer cada espécie de oração subordinada


substantiva.

3.1.1 Substantivas Subjetivas

As orações subordinadas substantivas subjetivas exercem


função sintática de sujeito em relação à oração principal. Esse tipo de
oração é, com frequência, chamada sujeito oracional. Veja:

É preciso que você acorde cedo.


SUBJETIVA
Parece que vai chover hoje à tarde.
SUBJETIVA
Foi comprovado que o deputado era corrupto.
SUBJETIVA
“Quem muito quer nada tem.”
SUBJETIVA

Cumpre que as novas gerações cuidem da natureza.


SUBJETIVA

Falou-se que a inflação subiria novamente.


SUBJETIVA

Observe que, em todos os exemplos acima, os verbos das orações


principais estão na 3ª pessoa do singular. Isso sempre acontece
quando uma oração subjetiva está subordinada à oração principal.
Note, ainda, que não há sujeito nos períodos acima, pois o sujeito
da oração principal será a própria oração subordinada
(subjetiva).

OBSERVAÇÃO:
Quando a oração subordinada substantiva for subjetiva, a oração
principal será estruturada das seguintes maneiras:

→ na voz ativa (com o verbo na 3ª pessoa do singular):

Parece que vai chover hoje à tarde.

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→ na voz passiva analítica (locução verbal formada por verbo


auxiliar + verbo principal no particípio):

Foi comprovado que o deputado era corrupto.

→ na voz passiva sintética (verbo transitivo direto ou


bitransitivo + partícula apassivadora “SE”):

Falou-se que a inflação subiria novamente.

Atenção!
Tenha muito cuidado com este último caso mencionado! Aprendemos
esse assunto quando estudamos sujeito passivo ou paciente. Ao
substituir a oração pelo pronome “ISSO”, fica mais fácil perceber que
se trata de sujeito. Veja:

Falou-se que a inflação subiria novamente.


Falou-se isso.

Observe que a frase está na voz passiva sintética. Vamos convertê-la


para a voz passiva analítica:

Falou-se isso. (voz passiva sintética)


Isso foi falado. (voz passiva analítica)

Após a conversão, ficou mais fácil perceber que o termo “ISSO” está
funcionando como sujeito das orações acima (tanto na voz passiva
sintética quanto na voz passiva analítica).
Agora, vamos desfazer a substituição da oração subordinada pelo
“ISSO”, para você visualizar que a oração também está funcionando
como sujeito:

Falou-se / que a inflação subiria novamente.


O. PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA

Esse caso é bastante frequente em questões de concurso, pois os


candidatos costumam confundir a oração subjetiva com a oração
objetiva direta (que veremos depois). Por isso, é essencial que você
tenha aprendido a identificar o sujeito passivo. Vamos fazer uma
conferência ao resolver a questão abaixo:

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Questão – (FGV) Fiscal de Rendas – SEFAZ-RJ/2010
(Adaptada)

Vê-se, pois, que o plano ético permeia todas as ações


humanas.

Com relação à frase transcrita e a análise sintática


tradicional, julgue a afirmativa a seguir.

O período estrutura-se por coordenação, sendo a segunda


oração coordenada sindética conclusiva introduzida pela
conjunção pois.

Comentários
A alternativa está ERRADA, pois o período não se estrutura por
coordenação, uma vez que suas orações não possuem
independência sintática. O período é composto por
subordinação.
Observe:

Vê-se / que o plano ético permeia todas as ações humanas.


O. PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA

Note que a oração subordinada é introduzida pela conjunção


integrante “QUE”.
Essa análise basta para respondermos corretamente à questão.
Vamos, no entanto, prosseguir na averiguação para descobrir
a função sintática da oração subordinada. Para tanto,
aconselho você a substituí-la pelo pronome “ISSO”.

Vê-se que o plano ético permeia todas as ações humanas.


Vê-se isso.

Agora, fica fácil perceber que a oração está na voz passiva


sintética (verbo transitivo direto ou bitransitivo +
partícula apassivadora “SE”). Nesses casos, o elemento que
segue (“ISSO”) funciona como sujeito passivo. Veja:

Vê-se isso. (voz passiva sintética)


Isso é visto. (voz passiva analítica)

Assim, descobrimos que a oração subordinada está funcionando


como sujeito.

Vê-se / que o plano ético permeia todas as ações humanas.


O. PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA

A afirmativa do enunciado está, portanto, incorreta. Temos, na


verdade, um período composto por subordinação (e não por

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coordenação), em que a conjunção integrante “QUE” inicia
uma oração subordinada substantiva subjetiva.
GABARITO: ERRADO

Espero que você já esteja “craque” na identificação da oração


substantiva subjetiva. Caso a dúvida prossiga, aconselho que retome
o estudo do assunto Sujeito (tópico Termos Essenciais da Oração)
nesta mesma aula.

3.1.2 Substantivas Objetivas Diretas

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas


exercem função sintática de objeto direto, ao completar o sentido do
verbo transitivo direto (ou verbo bitransitivo) da oração principal.
Veja:

Ele disse que gostava muito de você.


O. PRINCIPAL OBJETIVA DIRETA

Todos sabemos que há uma torcida contra nosso trabalho.


O. PRINCIPAL OBJETIVA DIRETA

Maria esperava que seu namorado fosse mais carinhoso.


O. PRINCIPAL OBJETIVA DIRETA

Pediram que você chegasse cedo.


O. PRINCIPAL OBJETIVA DIRETA

Não pense que isso passará em branco.


O. PRINCIPAL OBJETIVA DIRETA

Como aprendemos, basta substituir a oração subordinada pelo


pronome “ISSO” para conferir que se trata mesmo de objeto direto.

Ele disse que gostava muito de você.


Ele disse isso.
O. DIRETO

Sabemos que se trata de objeto direto porquanto o verbo “dizer” seja


transitivo direto (quem diz, diz algo, sem auxílio da preposição). Se,
contudo, o verbo da oração principal for transitivo indireto, a oração
subordinada será objetiva indireta, como aprenderemos a seguir.

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3.1.3 Substantivas Objetivas Indiretas

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas


exercem função sintática de objeto indireto, ao completar o sentido do
verbo transitivo indireto (ou verbo bitransitivo) da oração principal.
Veja:

Não se esqueça de que somos muito gratos a você.


O. PRINCIPAL OBJETIVA INDIRETA

Eu dependo de que você realize sua parte no acordo.


O. PRINCIPAL OBJETIVA INDIRETA

Os pais não se negaram a que Isabel saísse sozinha.


O. PRINCIPAL OBJETIVA INDIRETA

A população necessita de que haja educação de qualidade.


O. PRINCIPAL OBJETIVA INDIRETA

Sabemos que a oração objetiva indireta, assim como qualquer objeto


indireto, será iniciada por preposição e exigirá a regência do verbo
transitivo indireto (ou bitransitivo).

3.1.4 Substantivas Completivas Nominais

As orações subordinadas substantivas completivas nominais


exercem função sintática de complemento nominal, ao completar o
sentido de algum nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) que se
encontra na oração principal.
Veja:

Tiveram medo de que fossem punidos pela greve.


O. PRINCIPAL COMPLETIVA NOMINAL

O aluno estava esparançoso de que seu projeto fosse aprovado.


O. PRINCIPAL COMPLETIVA NOMINAL

O professou deu a orientação de que lessem bem os enunciados.


O. PRINCIPAL COMPLETIVA NOMINAL

A população tem necessidade de que haja educação de qualidade.


O. PRINCIPAL COMPLETIVA NOMINAL

Sabemos que a oração completiva nominal, assim como qualquer


complemento nominal, será sempre preposicionada.

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3.1.5 Substantivas Predicativas

As orações subordinadas substantivas predicativas exercem


função sintática de predicativo. Como aprendemos, ao estudar o
predicativo, sempre haverá um verbo de ligação quando a oração
subordinada for predicativa. Em geral, esse verbo de ligação é o verbo
“SER”.
Veja:

O primordial era que a grávida fizesse o pré-natal.


O. PRINCIPAL PREDICATIVA

A verdade é que eles não trabalharam corretamente.


O. PRINCIPAL PREDICATIVA

O correto seria que todos comparecessem à reunião.


O. PRINCIPAL PREDICATIVA

3.1.6 Substantivas Apositivas

As orações subordinadas substantivas apositivas exercem


função sintática de aposto em relação a um substantivo da oração
principal.
A oração subordinada apositiva costuma aparecer depois de dois-
pontos (:). Veja:

Eles tinham o mesmo receio: de que o Brasil não fosse campeão.


O. PRINCIPAL APOSITIVA

Uma preocupação subsistia: que o negócio falisse.


O. PRINCIPAL APOSITIVA

Tire-me uma dúvida: esse assunto é cobrado nos certames?


O. PRINCIPAL APOSITIVA

Observe, nos exemplos acima, que as orações apositivas completam


substantivos (ou termos substantivados). No primeiro exemplo,
completa-se o substantivo “receio”; no segundo, completa-se o
substantivo “preocupação”; no terceiro, completa-se o substantivo
“dúvida”.

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Atenção!
Não basta a presença dos dois pontos para caracterizar a oração
subordinada apositiva. Você deverá, sempre, analisar se a função
sintática dela é de aposto.

3.1.7 Substantivas Agente da Passiva

As orações subordinadas substantivas agente da passiva


exercem função sintática de agente da passiva. São, portanto,
iniciadas por uma preposição (“de”, “por” e suas variações).
Observe os exemplos abaixo:

Os funcionários foram elogiados por quem dirige a empresa.


O. PRINCIPAL AGENTE DA PASSIVA

Ele foi traído por quem deveria protegê-lo.


O. PRINCIPAL AGENTE DA PASSIVA

Encerramos, aqui, o estudo das sete espécies de orações


subordinadas substantivas. Antes de passarmos ao estudo das
subordinadas adjetivas, no entanto, cabe atentarmos para um último
aspecto, analisado no item a seguir.

3.1.8 Omissão da Conjunção Integrante

Pode acontecer de, no mesmo período, coexistirem duas orações


subordinadas iniciadas pela conjunção integrante “QUE” e
unidas, uma à outra, pela conjunção coordenativa aditiva “E” ou pela
conjunção coordenativa alternativa “OU”.
Observe:

que o músico cantasse músicas inéditas.


O público esperava E
que o show fosse mais demorado.
O público esperava que o músico cantasse músicas inéditas e que o show
fosse mais demorado.
------------------------------------------------------------------------------
que o músico cantasse músicas inéditas.
O público esperava OU
que o show fosse mais demorado.
O público esperava que o músico cantasse músicas inéditas ou que o show
fosse mais demorado.

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Nesses casos, podemos repetir a conjunção integrante “QUE”,


como foi feito nos dois exemplos acima, ou podemos omiti-la, da
seguinte maneira:

O público esperava que o músico cantasse músicas inéditas e o show fosse


mais demorado.
O público esperava que o músico cantasse músicas inéditas ou o show fosse
mais demorado.

A repetição da conjunção “QUE”, no entanto, garante maior clareza ao


período.

4. Orações Subordinadas Adjetivas

As orações subordinadas adjetivas exercem a função de


adjetivo ou locução adjetiva e se referem a substantivo ou
pronome da oração principal ou anterior. Assim, elas exercem a
função sintática de adjunto adnominal de um substantivo ou pronome
antecedente.
Esse tipo de oração é sempre introduzido por pronomes relativos,
tais como: eu, quem, onde, quanto, o qual, cujo, etc.
Quando estudamos os pronomes, vimos que os pronomes “que”,
“quanto”, “quem” e “onde” só serão relativos se puderem ser
substituídos por “o qual”. Você se lembra disso? Caso tenha dúvidas,
sugiro que volte à Aula 04.
Exemplos:
Paulo ganhou o presente que Marina comprou. (“que” = ”o qual”)
João conhece o edifício onde José trabalha. (“onde” = ”no qual”)

As orações subordinadas adjetivas, a depender de seu valor, se


classificam em: orações subordinadas adjetivas restritivas e
orações subordinadas adjetivas explicativas.

4.1 Classificação

Como vimos, as orações adjetivas se dividem em restritivas e


explicativas.

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Oração subordinada adjetiva restritiva => Se tirar do texto o valor ficar prejudicado.
A oração subordinada adjetiva restritiva restringe e
particulariza o significado do termo a que se refere
(substantivo ou pronome substantivo). Essa oração é responsável
por expressar uma informação que se refere apenas a uma parte do
todo e não ao todo. Outra característica importante é que a oração
restritiva é indispensável à compreensão do termo antecedente, ao
qual se liga sem pausa, ou seja, sem vírgula (ou outro sinal de
pontuação). Dessa forma, se essas orações forem retiradas do trecho
textual, este ficará prejudicado no seu sentido geral.
A oração adjetiva restritiva possui valor de adjetivo e exerce a
função sintática de adjunto adnominal.
Exemplos:
As crianças que brincavam no canto da sala estavam alegres.
Observe que “existem outras crianças na sala”.

Os estudantes que estavam do lado de fora da sala receberão punição. (Não coloca entre virgulas!)
Observe que “somente os estudantes que estavam do lado de fora (e
não todos) é que receberão punição”.

Oração subordinada adjetiva explicativa => Se tirar do texto o valor não fica prejudicado.
A oração subordinada adjetiva explicativa explica e amplia o
significado do termo a que se refere (substantivo ou pronome
substantivo). Na maior parte das vezes, esse substantivo ou
pronome substantivo designa um ser único, um ser individualizado.
Outra característica importante é que a oração explicativa é
dispensável à compreensão do termo antecedente, ao qual se liga
com pausa, ou seja, com vírgula (ou outro sinal de pontuação). Dessa
forma, se essas orações forem retiradas do trecho textual, este não
ficará prejudicado no seu sentido geral.
A oração adjetiva explicativa possui valor semelhante a um
aposto explicativo.
Exemplos:
O pai de Carla, que é um homem trabalhador, estava cansado.
Observe que “Carla tem apenas um pai”.

O planeta Terra, que é a nossa casa, faz parte do sistema solar.


Observe que “existe somente um planeta chamado Terra”.

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Diferença entre a oração subordinada adjetiva restritiva e a
explicativa
A adjetiva restritiva individualiza um termo anteriormente expresso,
indica uma parte do todo, acrescenta uma nova ideia.
Exemplos:
O homem que é honesto vive bem.
Observe que a oração “que é honesto” restringe o sentido do
substantivo “homem”, ou seja, não é todo homem que vive bem, mas
apenas aquele que é honesto.

A adjetiva explicativa repete uma ideia que pertence ao termo


antecedente e indica uma qualidade inerente do ser.
Exemplos:
Deus, que é perfeito, perdoa.
Observe que a oração “que é perfeito” não acrescenta nada de novo
ao substantivo “Deus”, ou seja, Deus, por sua própria natureza, é
perfeito.

Agora, teremos uma questão sobre as orações adjetivas.

Questão – (CESPE) Primeiro-Tenente - CBMCE/2014


(Adaptada)

O envio de duzentos cientistas à Antártida representará o


reinício da pesquisa biológica e meteorológica brasileira no
continente, depois do incêndio que destruiu a base4 que o Brasil
operava ali desde 1984. A Marinha brasileira ainda não
construiu a base definitiva que substituirá a Estação Antártida
Comandante Ferraz, e, por isso, os pesquisadores trabalharão
em contêineres provisórios que funcionarão como laboratórios e
dormitórios.
Um primeiro navio polar da Marinha zarpará rumo à Antártida
com os contêineres e todo o material científico e logístico
necessário para a manutenção da base provisória durante o
próximo verão austral, quando as temperaturas mais amenas
permitem as atividades.
A maioria dos cientistas viajará de avião e permanecerá na base
provisória conforme as exigências de seus estudos, e outros irão
em um segundo navio polar da Marinha.
Nos contêineres, dotados com laboratórios para química,
meteorologia e aquários, poderão alojar-se cerca de oitenta
pesquisadores, sem contar os militares e as pessoas que

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trabalharão na construção da nova estação. Os demais
cientistas trabalharão nos navios polares.
Apesar de os pesquisadores responsáveis pelos estudos na
Antártida terem mantido suas atividades desde o incêndio de
fevereiro de 2012, que deixou o Brasil sem base no continente
branco, os cientistas não tinham voltado a pisar no gelo. Alguns
estudos foram realizados a partir de navios brasileiros e outros,
em universidades com os dados meteorológicos coletados pelos
instrumentos que ainda funcionam na Antártida.
Internet: <http://noticias.terra.com.br/ciencia/brasil> (com
adaptações)

Em relação às ideias e aspectos linguísticos do texto,


julgue o item a seguir.

A oração “que ainda funcionam na Antártida” (sublinhada no


texto) particulariza o sentido do termo “instrumentos”
(sublinhado no texto).

Comentários
Esta questão trata de orações subordinadas adjetivas.
Observe que o comando não usa a denominação “oração
subordinada adjetiva restritiva”. Ele apenas apresenta a
expressão “particulariza o sentido”. Mas, nós sabemos que as
adjetivas restritivas são aquelas orações que particularizam e
restringem o sentido do termo a que se referem.
Você deve tomar cuidado com esse tipo de enunciado,
bastante comum em provas, principalmente nas da banca
CESPE.
Temos que analisar a seguinte oração adjetiva: “que ainda
funcionam na Antártida”. Essa oração se refere ao termo
anteriormente mencionado “instrumentos”.
Perceba que o autor do texto realmente particularizou o
sentido do termo “instrumentos”, ou seja, ele quis
mostrar que não se refere a todo e qualquer instrumento.
Na verdade, ele se refere somente aos instrumentos “que ainda
funcionam na Antártida”.
Não deixe de observar que a oração adjetiva “que ainda
funcionam” na Antártida está conectada ao substantivo
“instrumentos” sem o uso de vírgula.
Dessa forma, concluímos que a questão está correta.
Gabarito: CERTO

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4.2 Uso da vírgula – explicação e restrição

Vimos acima que as orações adjetivas se classificam em restritivas e


explicativas. Mas, tenha cuidado, essa classificação não é feita
apenas pela existência ou não de vírgulas. Temos que,
também, observar o sentido que queremos dar ao substantivo
antecedente.
Desse modo, temos que observar que existem algumas adjetivas
que só podem ser restritivas ou explicativas, não há como
“escolher”.
Exemplos:
O homem, que é justo, faz o bem ao próximo.
Observe que nem todos os homens são justos. Portanto, não são
todos os homens que fazem o bem ao próximo. Veja que essa ação é
necessariamente restritiva.

O homem, que é um ser humano, deve tentar sempre fazer o bem ao


próximo.
Observe que todos os homens são seres humanos. Dessa maneira,
são todos os homens que devem tentar fazer o bem ao próximo.
Perceba que a informação representada pela oração “que é um ser
humano” se refere a todos os homens sem distinção. Veja que essa
ação é necessariamente explicativa.

No entanto, existem orações adjetivas que podem se comportar


como restritivas ou como explicativas, a depender do sentido que
lhes é dado.
Exemplos:
Os estudantes carentes que não levam merenda para a escola receberão
auxílio. (restritiva)
Os estudantes carentes, que não levam merenda para a escola, receberão
auxílio. (explicativa)
Observe que, no primeiro exemplo, somente os estudantes carentes
que não levam merenda para a escola receberão auxílio. Por sua vez,
o segundo exemplo informa que todos receberão auxílio, pois todos
não levam merenda para a escola.

Atenção!
Esse tipo de diferenciação entre as adjetivas restritivas e as
explicativas, com base no sentido que transmitem, é tema

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bastante comum em provas de concurso. Assim, uma questão
pode perguntar se houve ou não alteração semântica no texto por
causa da retirada ou colocação de vírgulas nas orações adjetivas. A
banca também pode questionar o sentido que certa oração adjetiva
transmite por possuir ou não vírgulas.

Preste atenção também na possível ocorrência de elipse do pronome


relativo quando temos orações adjetivas coordenadas. Para entender
observe o exemplo abaixo:
Amanhã encontrarei com minha prima que mora em Minas Gerais e (que) é
minha madrinha.
Note que ocorreu a elipse do pronome relativo “que” antes do verbo
“ser”.

4.3 Função sintática dos pronomes relativos

Os pronomes relativos, além de serem conectivos (ligam duas


orações), também são termos da oração que introduzem
(representam o nome anterior).
Assim, os pronomes relativos podem ser substituídos, na oração em
que se encontram, pelo substantivo ou pronome substantivo que os
antecedem.
Para compreender, observe o seguinte exemplo:
Vou abrir as encomendas que me enviaram.
No exemplo acima, observe o verbo “enviar” na oração adjetiva
restritiva “que me enviaram”. Esse verbo é transitivo direto e indireto,
pois necessita de dois complementos (alguém envia “alguma coisa” a
“alguém”). No caso, o objeto indireto é representado pelo pronome
“me” (“a mim”) e o objeto direto é representado pelo pronome “que”.
Dizemos, então que o pronome relativo “que” exerce a função
sintática de objeto direto na oração do exemplo.
Veja como fica com a substituição: ... me enviaram as encomendas.
Preste atenção em mais alguns exemplos:
O homem que é honesto tem muito valor. (sujeito – “o homem é honesto”)
Este é o país onde nasci. (adjunto adverbial de lugar – “nasci neste país”)
Você não é mais o marido que sempre foi. (predicativo do sujeito – “sempre
foi o marido”)
O livro a que me referi foi escrito por um inglês. (complemento nominal –
“fiz referência ao livro”)

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Encontrei o presente de casamento pelo qual procurava. (objeto indireto –
“procurava pelo presente”)

Outra coisa importante é o emprego de cada um dos pronomes


relativos. Você deve ficar bastante atento a isso: sempre aparece
alguma questão a respeito desse assunto. Já vimos o tema em outra
aula, portanto é só uma rápida lembrança. Sugiro que volte na aula
sobre pronomes para revisar.
QUE
É o pronome que pode ser empregado nas mais diversas situações,
pois se refere tanto a coisas quanto a pessoas.
QUEM
É o pronome que se refere somente a pessoas. Terá sempre uma
preposição antecedente.
ONDE
É o pronome que se refere somente a lugares.
O QUAL (e variações)
É o pronome que pode ser usado para substituir o “que” e que deve
ser obrigatoriamente usado nas seguintes situações:
 Quando o uso do “que” causar ambiguidade;

 Quando o “que” for precedido das preposições monossilábicas


“sem” e “sob”;

 Quando o “que” for precedido de preposição com mais de uma


sílaba.
CUJO (e variações)
É o pronome que possui a particularidade da noção de posse
estabelecida entre o termo por ele retomado (o termo anterior a ele)
e o termo posterior a ele.
QUANDO
O vocábulo “quando” terá função de pronome relativo se retomar um
termo que indique, sintática e semanticamente, a ideia de tempo.
Nesse caso, poderá ser substituído por “em que”.
QUANTO (e variações)
O vocábulo “quanto” terá função de pronome relativo se vier
antecedido por um dos pronomes indefinidos a seguir: tudo, todos,
todas, toda, todo.

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5. Orações Subordinadas Adverbiais

As orações subordinadas adverbiais são aquelas que exercem


a função de um advérbio, ou seja, um adjunto adverbial.
Portanto, elas indicam variadas circunstâncias em relação a um fato
relatado na oração principal. As conjunções subordinativas adverbiais
as introduzem na grande parte das ocorrências.
De acordo com a circunstância expressa, são classificadas em: causal,
comparativa, consecutiva, concessiva, condicional, conformativa,
final, proporcional, temporal.

Atenção!
Não se assuste com essa classificação e com a quantidade de
conjunções existentes. As bancas não costumam perguntar a
denominação das orações e das conjunções. Você, então, não
precisa memorizar os “nomes”. O que você precisa é
compreender o sentido das relações formadas pelos
conectivos, ou seja, entender as funções exercidas pelas
orações.

5.1 Classificações

CAUSAL
A oração subordinada adverbial causal indica uma circunstância
de causa, ou seja, o motivo para o que foi expresso na oração
principal.
Exemplos:
Paulinha passou no concurso porque estudava bastante.
Visto que estava muito calor, Mariana foi ao clube.
Já que todos desejam, viajaremos para a Europa.
André não conseguiu a aprovação porquanto não estudou o suficiente.
Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas
subordinativas causais: porque, pois, porquanto, já que, visto que,
pois que, uma vez que, visto como, como (se a oração subordinada
vier antes da oração principal), etc.

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Atenção!
Costuma ser difícil e sutil diferenciar uma oração subordinada
adverbial causal de uma oração coordenada explicativa. Para
tanto, podemos usar alguns “truques”, veja a seguir.
a) Toda oração iniciada por “que”, “porque” e “pois” será
coordenada explicativa, caso o verbo da oração principal indique
ordem ou pedido (imperativo ou outro tempo verbal que
substitua o imperativo).
Exemplos:

Não fume, porque é proibido. (explicativa)


Comprarei esta saia, pois é muito bonita. (explicativa)
Oremos, porque nossos amigos precisam de ajuda. (explicativa)
Estude muito, pois é preciso passar no concurso. (explicativa)

b) A oração subordinada adverbial causal é o “motivo”. Então,


pode estar em primeiro lugar no período. Por sua vez, a oração
coordenada explicativa não pode vir antes da oração
coordenada assindética.

Exemplo:

Porque nossos amigos precisam de ajuda, oremos. (causal)

c) A oração subordinada causal sempre admite ser reduzida para o


infinitivo (anteposto pela preposição “por”). Mas, isso não
ocorre com a oração coordenada sindética explicativa.

Exemplos:

O chefe aumentou os salários dos funcionários, porque a empresa


está mais lucrativa atualmente. (causal)
O chefe aumentou os salários dos funcionários, por estar a empresa
mais lucrativa atualmente. (causal)

d) A oração coordenada explicativa faz parte de um período


coordenado (orações independentes). Assim, elas aceitam uma
pausa forte, normalmente marcada por meio de vírgula ou dois-
pontos. Entretanto, isso não acontece nas orações adverbiais
causais.

e) A oração coordenada explicativa faz parte de um período


coordenado (orações independentes). Dessa forma, não há

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nenhuma relação de causa e efeito. Temos, apenas, uma
explicação. No entanto, as orações adverbiais causais
representam o “fato gerador”, isto é, há uma relação de causa e
efeito.
Exemplos:

Todo homem morre porque isso faz parte da natureza humana.


(causal)
Todo homem morre, pois nenhum ser humano é imortal. (explicativa)

COMPARATIVA
A oração subordinada adverbial comparativa indica um processo
de comparação entre dois elementos. Assim, um termo faz parte da
oração principal e outro faz parte da oração subordinada. A
comparação pode ser de igualdade, inferioridade ou superioridade.
Exemplos:
O gato é maior do que o rato. (ou) O gato é maior do que o rato é.
Paula é tão bonita quanto a mãe. (ou) Paula é tão bonita quanto a mãe é.
Ana é menos inteligente do que Maria. (ou) Ana é menos inteligente do
que Maria é.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas comparativas: como, assim como, quanto, que,
bem como, do que, tal como, qual, maia que, mais do que, menos do
que, menos que, que nem, etc.

OBSERVAÇÃO 1:
Tome cuidado se a conjunção comparativa “como” se referir a um
termo que é antecedido por uma preposição. Nesse caso, o “como”
deve estar acompanhado da mesma preposição.
Exemplo:
Eu gosto de Ana como (gosto) de Maria.
Observe que o verbo da segunda oração se encontra em sua forma
elíptica.

OBSERVAÇÃO 2:
Tome cuidado com a ambiguidade que pode ser causada em uma
comparação. Para evitar, devemos usar uma preposição no segundo
elemento, apesar de este ser objeto direto em muitos casos.
Exemplo:

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As pessoas dizem que André beneficia mais sua filha caçula que à sua filha
mais velha.
Observe que ambos os termos sublinhados funcionam como “objeto
direto”.

CONSECUTIVA
A oração subordinada adverbial consecutiva indica uma
consequência do pensamento (fato) contido na oração principal.
Exemplos:
Ana chorou tanto que ficou com o rosto inchado.
Ela não consegue ver novela romântica, sem que chore.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas consecutivas: que, sem que (igual a “que não”), de
modo que, de forma que, de sorte que, de maneira que, etc.

OBSERVAÇÃO 1:
Podemos sempre intercalar, nas orações consecutivas, a expressão
“em consequência” após a conjunção “que”.
Exemplo:
Ana chorou tanto que, em consequência, ficou com o rosto inchado.

OBSERVAÇÃO 2:
Geralmente, o “que” vem precedido das palavras “tanto”, “tamanho”,
“tão”, “tal”. Mas, em muitas construções, podemos omitir essas
palavras.
Exemplo:
Ana chorou que Maria ficou com pena.

Atenção!
É preciso cuidado na diferenciação de uma oração subordinada
adverbial consecutiva de uma oração comparativa. Para tanto,
podemos usar o critério a seguir.
Na oração adverbial consecutiva, o verbo expresso é diferente do
verbo da oração anterior. Dessa forma, o verbo indica a consequência
do fato anterior.

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Na oração adverbial comparativa, o verbo não é expresso, pois é o
mesmo verbo da oração anterior. Dessa maneira, o verbo indica a
comparação do elemento expresso na oração principal.
Exemplos:
Dormiu tanto que nem conseguiu ir ao trabalho. (consecutiva)
Dormiu tanto que nem uma mula (dormiu). (comparativa)

Atenção!
É preciso cuidado na diferenciação de uma oração subordinada
adverbial consecutiva de uma oração adjetiva restritiva. Para
tanto, podemos usar os critérios a seguir.
Adjetiva restritiva: restringe o sentido do termo a que se refere; é
introduzida por pronome relativo; semelhante a um adjetivo; exerce a
função sintática de um adjunto adnominal.
Adverbial consecutiva: expressa consequência; é introduzida por
conjunção subordinativa; semelhante a um advérbio.

Exemplos:
Os manifestantes faziam uma gritaria que era insuportável. (adjetiva
restritiva – “a qual era insuportável”)
Os manifestantes faziam tanta gritaria que era insuportável. (adverbial
consecutiva – “que, em consequência, era insuportável”)
Observe que a oração adjetiva restritiva restringe o substantivo
“gritaria” e a oração adverbial consecutiva expressa uma
consequência pelo fato de os manifestantes terem feito tanta gritaria.

CONCESSIVA
A oração subordinada adverbial concessiva indica um possível
obstáculo que poderia impedir a realização do fato que a oração
principal apresenta, mas que não foi suficiente para obstá-lo.
Expressa, portanto, uma concessão. Observe a presença de verbo no
modo subjuntivo nessas orações.
Exemplos:
Ana foi à festa embora estivesse cansada.
Passou no concurso sem que estudasse muito.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas concessivas: embora, apesar de que, posto que,
sem que (igual a “embora não”), ainda que, mesmo que, por mais

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que, se bem que, ainda quando, conquanto, não obstante, por muito
que, etc.

Atenção!
A conjunção “conquanto” é totalmente diferente da conjunção
“porquanto”. Esta inicia orações causais ou explicativas e aquela
introduz orações concessivas. As bancas costumam cobrar essa
diferença, tenha cuidado.
“Posto que” é totalmente diferente de “já que, visto que”. “Posto que”
equivale a “embora”, “apesar de que”. Por sua vez, “já que, visto que”
introduzem orações com sentido de causa. As bancas costumam
cobrar essa diferença, tenha cuidado.

CONDICIONAL
A oração subordinada adverbial condicional indica uma condição
para a realização (ou não) do fato contido na oração principal.
Exemplos:
Se fizer sol amanhã, Ana irá ao parque.
Ana passará no concurso, desde que estude muito.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas condicionais: se, salvo se, exceto se, a menos que,
sem que (igual a “se não”), a não ser que, caso, desde que, contanto
que, salvo se, etc.

CONFORMATIVA
A oração subordinada adverbial conformativa indica a
conformidade (concordância, correspondência) de um fato em relação
a outro expresso na oração principal.
Exemplos:
Maria fez o trabalho, como foi estabelecido.
Realizaram a exposição conforme o combinado com o artista responsável.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas conformativas: como, conforme, segundo,
consoante, de modo que, de forma que, etc.

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FINAL
A oração subordinada adverbial final indica a finalidade (objetivo)
do que foi declarado na oração principal.
Exemplos:
Ana comprou muitas apostilas a fim de que sua irmã passasse no concurso
desejado.
Marina comprou uma roupa nova para que pudesse estar bonita no seu
aniversário.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas finais: que (com verbo no subjuntivo), para que,
porque (igual a “para que”), a fim de que, etc.

PROPORCIONAL
A oração subordinada adverbial proporcional indica uma
proporcionalidade (concomitância, simultaneidade) com o fato
apresentado na oração principal.
Exemplos:
À medida que Maria caminhava, Ana falava de sua vida.
Quanto mais choramos mais tristes ficamos.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas proporcionais: à medida que, à proporção que, ao
passo que, quanto menos... menos, quanto mais... mais, etc.

TEMPORAL
A oração subordinada adverbial temporal expressa o tempo da
realização do fato apresentado na oração principal.
Exemplos:
Quando saímos do parque, não mais o vimos.
Mal chegou o inverno, ela comprou três casacos.

Veja as principais conjunções e locuções conjuntivas


subordinativas temporais: quando, enquanto, apenas, mal (igual a
“logo que”, “assim que”), logo que, assim que, sempre que, até que,
depois que, sem que (igual a “antes que”), desde que, antes que, etc.

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Atenção!
Tenha muito cuidado para não confundir “à medida que” com
“na medida em que”. Esta apresenta uma causa e aquela uma
proporcionalidade. Não se esqueça de que “à medida em que” e “na
medida que” não existem!
Exemplos:
À medida que Pedro reclamava do sabor da comida, Marina comia seu
almoço. (proporcionalidade)
Na medida em que estava muito calor, Pedro foi à praia. (causa)

Em seguida, estudaremos uma questão a respeito do assunto


que acabamos de ver.

Questão – (FCC) Perito Médico Previdenciário -


INSS/2012
(Adaptada)
(...)
Mas, embora a maioria das pessoas consuma calorias
suficientes, elas ainda sofrem de imensas deficiências de
nutrientes, que trazem consequências de longo prazo para a
sociedade.
(...)

A conjunção sublinhada no trecho acima imprime ao


contexto noção de:
a) Finalidade de uma ação
b) Temporalidade de uma ação
c) Concessão quanto à afirmativa que a segue
d) Conjectura que não se realiza
e) Incerteza quanto à comprovação de um fato

Comentários
Esta questão trata de orações subordinadas adverbiais.
Observe que o comando não usa a nomenclatura “oração
adverbial”. Ele apenas apresenta a expressão “imprime ao
contexto noção de”.
Você deve ter cuidado com esse tipo de enunciado,
bastante comum em provas. Veja que não é preciso
memorizar as nomenclaturas e conjunções, e sim
entender e compreender o sentido e a função das orações
e conjunções.
Temos que analisar a seguinte sentença: “embora a maioria
das pessoas consuma calorias suficientes”.

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Observe que a conjunção “embora” expressa uma concessão e
inicia orações subordinadas adverbiais concessivas.
A oração subordinada adverbial concessiva indica um
possível obstáculo que poderia impedir a realização do fato que
a oração principal apresenta, mas que não foi suficiente para
obstá-lo. Expressa, portanto, uma concessão.
Dessa forma, verificamos que a resposta é a alternativa C.
Gabarito: C

6. Orações Reduzidas

A oração reduzida é aquela subordinada que apresenta o verbo


reduzido em uma das formas nominais: gerúndio, particípio ou
infinitivo. A oração reduzida não é introduzida por conjunção nem
por pronome relativo.
Exemplos:
Seria ideal vencer o campeonato. (reduzida de infinitivo)
Deu-me um livro escrito pela mãe de Jonas. (reduzida de particípio)
Estudando bastante, passarei no concurso. (reduzida de gerúndio)

Para podermos classificar as orações reduzidas, precisamos


desenvolvê-las. Não se preocupe com isso, é só mais uma etapa antes
da classificação. Vamos ver?
Exemplos:

Seria ideal vencer o campeonato. (oração subordinada substantiva


subjetiva, reduzida de infinitivo)
Seria ideal que vencesse o campeonato. (oração subordinada substantiva
subjetiva). Observe que a oração reduzida foi desenvolvida.

Deu-me um livro escrito pela mãe de Jonas. (oração subordinada adjetiva


restritiva, reduzida de particípio)
Deu-me um livro que foi escrito pela mãe de Jonas. (oração subordinada
adjetiva restritiva). Observe que a oração reduzida foi desenvolvida.

Estudando bastante, passarei no concurso. (oração subordinada adverbial


condicional, reduzida de gerúndio)
Se estudar bastante, passarei no concurso. (oração subordinada adverbial
condicional). Observe que a oração reduzida foi desenvolvida.

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6.1 Orações Reduzidas de Gerúndio

As orações reduzidas de gerúndio abrangem as orações


adverbiais (na maior parte das vezes: causais, concessivas,
condicionais e temporais), as orações adjetivas e as orações
coordenadas.
Exemplos:
Sandra caiu da escada, machucando-se muito. (coordenada aditiva –
equivale a “e machucou-se muito”)
Trabalhando muito, terão dinheiro. (adverbial condicional – equivale a “se
trabalharem muito”)
Acabando a comida, fomos ao supermercado. (adverbial temporal –
equivale a “quando acabou a comida”)
Não conseguindo passar no concurso, Ana resolveu estudar em outro curso
preparatório. (adverbial causal – equivale a “já que não conseguiu passar no
concurso”)
Mesmo sendo inteligente, Maria não passou no concurso. (adverbial
concessiva – equivale a “embora fosse inteligente”)
Ana viu uma criança brincando no parque. (adjetiva restritiva – equivale a
“que brincava no parque”)

Atenção!
Cuidado para não confundir locução verbal com verbo na sua
forma nominal. Verbo na sua forma nominal inicia oração
subordinada ou coordenada reduzida de gerúndio, particípio ou
infinitivo.
Exemplos:
Fazendo calor, iremos ao parque.
Observe, no exemplo acima, que o verbo “fazer” está no gerúndio
e inicia uma oração subordinada adverbial condicional,
reduzida de gerúndio. (equivale a “Se fizer calor, iremos ao parque”)

Está fazendo calor, iremos ao parque.


Observe, no exemplo acima, que o verbo “fazer” forma uma
locução verbal (“está” + “fazendo”) e faz parte de uma oração
coordenada assindética.

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6.2 Orações reduzidas de infinitivo

As orações reduzidas de infinitivo abrangem as orações


adverbiais (na maior parte das vezes: causais, concessivas,
condicionais, finais e temporais), as orações adjetivas e as orações
substantivas.
Exemplos:
João solicitou trazerem os documentos. (substantiva objetiva direta –
equivale a “que trouxessem os livros”)
É preciso chegarmos neste país. (substantiva subjetiva – equivale a “que
cheguemos neste país”)
Ela foi embora sem dar-me adeus. (adverbial concessiva – equivale a “sem
que me desse adeus”)
Vou solicitar-lhe algo: trabalhar em silêncio. (substantiva apositiva –
equivale a “que trabalhe em silêncio”)
Joana viu Maria comer um chocolate delicioso. (adjetiva restritiva –
equivale a “que comia um chocolate delicioso”)

Atenção!
Cuidado para não confundir verbo reduzido de infinitivo com
futuro do subjuntivo.
Exemplos:
A continuar o calor, iremos ao clube. (oração reduzida de infinitivo –
equivale a “se continuar o calor”)
Se continuar o calor, iremos ao clube. (oração desenvolvida com conjunção
– futuro do subjuntivo)

6.3 Orações reduzidas de particípio

As orações reduzidas de particípio abrangem as orações


adverbiais (na maior parte das vezes: causais, concessivas,
condicionais e temporais) e as orações adjetivas.
Exemplos:
Aprovado o projeto, iniciaram a construção do edifício. (adverbial temporal
– equivale a “quando aprovaram o projeto”)
Vencida pelo cansaço, conseguiu trabalhar. (adverbial concessiva –
equivale a “embora estivesse vencida pelo cansaço”)
Prevista a festa, comecei os preparativos. (adverbial causal – equivale a
“porque previ a festa”)

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Todas as apostilas escritas por Mário foram vendidas rapidamente.
(adjetiva restritiva – equivale a “que foram escritas por Mário”)
Márcio é um homem honesto, nascido em Belo Horizonte. (adjetiva
explicativa – equivale a “que nasceu em Belo Horizonte”)

OBSERVAÇÃO 1:
Não é qualquer oração que pode ser reduzida ou vice-versa. Assim, as
orações adverbiais proporcional e comparativa são sempre
desenvolvidas. As orações adverbiais consecutiva e final não
podem ser reduzidas de gerúndio. Não há oração substantiva
reduzida de gerúndio e de particípio.

OBSERVAÇÃO 2:
Pode aparecer uma preposição antes da forma nominal do verbo
(infinitivo, principalmente) em algumas orações reduzidas. Isso
origina relações semânticas bem específicas e de fácil identificação.
Assim, temos:
 “por” + “infinitivo” = expressa causa;
 “para” + “infinitivo” = expressa finalidade;
 “a” + “infinitivo” = expressa condição;
 “ao” + “infinitivo” = expressa tempo;
Exemplos:
Por estudar pouco, Márcio não conseguiu passar no concurso. (adverbial
causal, reduzida de infinitivo – equivale a “Porque estuda pouco”)
A continuarem a discussão, irei embora. (adverbial condicional, reduzida
de infinitivo – equivale a “Se continuarem a discussão”)
Para fazer uma boa prova, Ana estudou bastante. (adverbial final, reduzida
de infinitivo – equivale a “Para que fizesse uma boa prova”)
Ao fazer a prova, não fique nervoso. (adverbial temporal, reduzida de
infinitivo – equivale a “Quando fizer a prova”)

Vamos fazer uma questão que trata de orações reduzidas? Não


desanime, falta pouco para chegarmos ao final da parte teórica
da aula de hoje.

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Questão - (FGV) Advogado – CONDER/2013
(Adaptada)

“É necessário conter o espraiamento e estimular o adensamento


demográfico; privilegiar o transporte público de alto rendimento
em redes multimodais; criar novas centralidades, oferecendo as
condições dos bairros se tornarem autossuficientes; reduzir o
passível ambiental urbanizando as cidades informais; e
modernizar os instrumentos de governança e de planejamento
das cidades”.

Nesse segmento de texto, se substituirmos as formas


reduzidas sublinhadas por formas verbais desenvolvidas,
ocorre um erro em:

a) conter / que se contenha


b) estimular / que se estimule
c) privilegiar / que se privilegie
d) criar / que se crie
e) reduzir / que se reduza

Comentários
Esta questão trata de orações reduzidas. Observe que o
comando pede que você desenvolva as orações reduzidas
apresentadas e marque a alternativa que contém erro ao se
fazer essa alteração.
Você deve ter cuidado com esse tipo de enunciado. Veja
que a banca quer que você indique a alternativa errada.
Note que o examinador não exigiu do candidato nenhum
conhecimento sobre a classificação das orações. Aqui, o aluno
tem que saber trocar a forma verbal para acertar a questão.
Ao analisarmos as alternativas, percebemos que todas possuem
o mesmo tipo de oração reduzida e que foi usado o modo
subjuntivo nessa alteração estrutural.
Dessa forma, verificamos que a alternativa D está errada. Veja
que o verbo “criar” está no singular. O certo seria ele estar no
plural porque o sujeito passivo do verbo “criar” é o termo
“novas centralidades” (voz passiva sintética).
Ainda veremos concordância verbal na próxima aula, mas é
bom que você já fique atento para este tipo de questão.
Gabarito: D

7. Correlação

Existem três tipos de orações que são denominadas orações


correlatas. São assim chamadas porque possuem características
próprias quando inseridas nos processos de coordenação e
subordinação.

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Dessa maneira, as orações correlatas são aquelas que
possuem conectivos que se distribuem entre uma oração e
outra do período.
Temos, a seguir, exemplos de correlatas (orações comparativas,
consecutivas e aditivas).
Conjunções correlatas comparativas: tanto... quanto...; tanto
mais... tanto mais...; quanto mais... menos...; quanto menos...
menos...; melhor... que (ou do que)...; mais... que (ou do que)...;
etc.
Conjunções correlatas consecutivas: tal... que...; tamanho...
que...; tanto... que...; tão... que...; etc.
Conjunções correlatas aditivas: não só... mas também...; assim...
como...; não só... mas ainda...; não só... senão também...; etc.
Exemplos:
Tanto beijava-me quanto abraçava-me.
A menina chorou tanto que ficou com a cara inchada.

8. Contagem de orações

Quando temos um período misto (subordinação +


coordenação), precisamos saber contar as orações constantes
desse dado período. Temos que prestar atenção no seguinte: uma
única oração pode ser coordenada e subordinada ao mesmo
tempo. Você se lembra disso?
Para compreender, vamos ver um exemplo:
É necessário que as pessoas concluam que o exercício físico é uma questão
de saúde, a alimentação balanceada é extremamente importante, e o sono
tranquilo é fundamental.
Observe que existem, no período, cinco orações:
 É necessário (1)
 que as pessoas concluam (2)
 que o exercício físico é uma questão de saúde (3)
 (que) a alimentação balanceada é extremamente importante (4)
 e (que) o sono tranquilo é fundamental (5)

Agora, vamos ver como as orações se comportam nesse período


formado por coordenação e subordinação.
A oração (1) é a oração principal. A oração (2) é subordinada em
relação à oração (1). As orações (3), (4) e (5) são subordinadas em
relação à oração (2). As orações (3), (4) e (5) são coordenadas entre
si.

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Dessa maneira, o período apresentado possui uma oração
principal (1), quatro orações subordinadas (2), (3), (4) e (5) e
três coordenadas entre si (3), (4) e (5).
As orações (3), (4) e (5) são chamadas “equipolentes” porque
possuem a mesma classificação e são coordenadas entre si.
Assim, perceba que não houve prejuízo algum ao retirarmos a
conjunção “que” das orações (4) e (5). Mas, se tivéssemos uma
conjunção expressa por meio de uma locução, teríamos que repetir a
parte final da conjunção. Veja o exemplo:
Ana prometeu a João que se casaria com ele logo que se formasse e que
começasse a trabalhar.

OBSERVAÇÃO:
Aqui, faço um alerta para a retirada do pronome relativo nas
orações adjetivas coordenadas entre si.
Caso o pronome relativo não desempenhe a mesma função sintática
nas orações coordenadas entre si, é obrigatória sua repetição.
Exemplos:
Amanhã irei encontrar-me com a mulher que vendeu-me a casa e (que)
comprou-me o carro. (omissão do relativo “que” – mesma função sintática
de “sujeito”)
Amanhã irei encontrar-me com a mulher que vendeu-me a casa e que meu
tio manteve sob sua guarda na época que era criança. (não é possível a
omissão do relativo “que” – diferentes funções sintáticas “sujeito” e “objeto
direto”)

Atenção!
Cuidado com as orações que possuem verbos ocultos, ou seja,
elípticos. Você não pode deixar de incluí-las na sua contagem. Esse
tipo de oração ocorre, geralmente, com as orações adjetivas,
comparativas e condicionais.
Exemplo:
Ele segura a colher tal como seu pai.
Perceba, no exemplo acima, a existência de duas orações:
Ele segura a colher tal como seu pai (segura).

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OBSERVAÇÃO:

As orações intercaladas (ou orações interferentes) são orações


independentes que não fazem parte do período e não exercem
função sintática, ou seja, não se relacionam sintaticamente a
nenhuma outra.
Essas orações são assim denominadas porque aparecem intercaladas
no período, de forma a fazer uma interrupção para introduzir uma
citação, uma ressalva, uma opinião, um desejo, etc. Aparecem
marcadas por vírgulas, travessão ou parênteses.
Exemplos:
Os empregados da fábrica, eu acredito, gostam muito do gerente que é um
profissional competente.
Observe que o período é formado por duas orações:
 Os empregados da fábrica gostam muito do gerente (oração
principal);
 Que é um profissional competente (oração subordinada adjetiva
restritiva).
 “acredito eu” é uma oração intercalada.

As flores mais bonitas (faço aqui um elogio) são aquelas que ganhei de
Márcio.

Veja a questão a seguir com bastante atenção!

Questão – (FGV) Auditor Fiscal da Receita Municipal –


SMF (Angra dos Reis-RJ)/2010
(Adaptada)
(...)
Da mesma forma, diarreias epidêmicas, parasitoses intestinais e
outras enfermidades transmissíveis por meio da água
contaminada têm sua incidência aumentada, tanto por causa
das dificuldades de saneamento nas secas, quanto por
contaminação com esgotos, lixo e dejetos de animais durante as
enchentes.
(...)
(Dráuzio Varella. Folha de S.Paulo, 10 de abril de 2010)

O período acima:
a) é composto por coordenação
b) é composto por subordinação

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c) é composto por coordenação e subordinação
d) é simples
e) apresenta orações reduzidas

Comentários
Você deve ter cuidado com períodos grandes, como este
da questão. É preciso bastante atenção ao fazer a sua
análise, pois você pode confundir-se facilmente.
Apesar de ser um período extenso, perceba que temos apenas
uma forma verbal – “têm aumentada” (pretérito perfeito
composto do indicativo). Portanto, o período é simples (oração
absoluta).
Gabarito: D

Aqui, terminamos nossa aula de hoje. Foi uma aula cansativa, mas
muito importante. Espero que você tenha tido um estudo produtivo, e
em caso de qualquer dúvida, não hesite em me perguntar.
Agora, é hora de testar e aprofundar os conhecimentos vistos na
parte teórica da aula: vamos à nossa bateria de 20 questões! Em um
primeiro momento, as questões serão apresentadas em forma de
lista, para que você possa resolvê-las normalmente. Após a conclusão
da última questão, verifique seu rendimento pelo gabarito e, então,
proceda à correção pelos comentários apresentados.

É importante a leitura atenta de todos os comentários, ainda


que você tenha acertado a questão!
Essa é uma etapa essencial para fixar a teoria e para sanar
dúvidas.
Vamos à resolução?
FINAL DIA - 04/02/2016

QUESTÕES PROPOSTAS

Questão 01 – (FGV) Analista de Sistemas – Senado Federal/2008


(Adaptada)

"É com uma ação eficiente do governo e do setor privado que certamente
poderemos promover o desenvolvimento dos países."

Ao fazermos a seguinte alteração no período acima: É com uma ação

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eficiente do governo e do setor privado que certamente promoveremos o
desenvolvimento dos países, é correto afirmar que:

a) tem duas orações


b) é composto por subordinação somente
c) é composto por coordenação e subordinação
d) é simples
e) é composto por coordenação somente

Questão 02 – (FGV) Técnico Superior Jurídico – DPE-RJ/2014


(Adaptada)

ESQUECERAM O PRINCIPAL

Houve um tempo em que os ditos setores progressistas pautavam suas ações por
filosofias coerentes. Assim, advogados da infância buscavam promover os interesses
das crianças, feministas visavam a afirmar a autonomia das mulheres e militantes
dos direitos de homossexuais tentavam acabar com a discriminação contra gays,
mas sem perder de vista teses mais gerais da esquerda não marxista, que incluíam
a ampliação das liberdades e a despenalização do direito.

As coisas mudaram. E para pior, a meu ver. Hoje, os defensores das criancinhas
deblateram para que o Congresso mantenha um mecanismo jurídico que permite
mandar para a cadeia o pai que não paga em dia pensão do filho. Pouco importa
que a prisão por dívidas represente um retrocesso de 2600 anos – uma das
reformas de Sólon que facilitou a introdução da democracia em Atenas foi
justamente o fim da servidão por dívidas – e que é quase certo que, encarcerado, o
pai da criança terá muito menor probabilidade de honrar seus compromissos
financeiros.

As feministas agora apoiam o acórdão do Supremo Tribunal Federal que retirou das
mulheres o direito de decidir se querem ou não processar companheiros, tornando
agressões leves no âmbito do lar um crime de ação pública incondicionada. Pouco
importa que isso torne as mulheres menos livres e introduza uma diferenciação de
gênero (na situação inversa, um homem pode decidir se processa ou não).

Por fim, homossexuais pedem a edição de uma lei que torne crime referir-se a gays
em termos depreciativos ou condenatórios. Pouco importa que tal medida, se
adotada, representaria uma limitação da liberdade de expressão, o mais
fundamental dos princípios democráticos.

É natural que grupos de ativistas se especializem e, ao fazê-lo, percam de vista as


grandes questões, mas fico com a impressão de que estão colocando a parte à
frente do todo.

Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 7/01/2014.

A expressão sublinhada que exerce uma função sintática diferente das


demais, por ser considerada um complemento, e não um adjunto é: (1º
parágrafo)

a) interesses das crianças


b) autonomia das mulheres

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c) direitos de homossexuais
d) teses da esquerda
e) ampliação das liberdades

Questão 03 – (ESAF) Fiscal de Rendas - Secretaria Municipal de Fazenda do


Rio de Janeiro (RJ)/2010
(Adaptada)

A Eurostat, o organismo da União Europeia encarregado da elaboração de


estatísticas econômicas, mostrou que, em abril, nada menos que 101 entre cada
1.000 cidadãos em atividade na área do euro (16 países) não conseguiram
encontrar ocupação remunerada. É a pior situação em 12 anos.

(...)

(Celso Ming, O Estado de S. Paulo, 2/6/2010)

Julgue o seguinte item:

O emprego de vírgula após “Eurostat” e após “econômicas” justifica-se por isolar


expressão que tem função de vocativo.

Questão 04 – (CESPE) Agente Administrativo – MTE/2014


(Adaptada)

É importante fazer uma diferenciação das expressões relação de trabalho e relação


de emprego. A expressão relação de trabalho representa o gênero, do qual a
relação de emprego é uma espécie. Podemos dizer que o gênero “relação de
trabalho” engloba, além da relação de emprego, outras formas de
prestação/realização de trabalho como o trabalho voluntário, o trabalho autônomo,
o trabalho portuário avulso, o trabalho eventual, o trabalho institucional e o trabalho
realizado pelo estagiário. Assim, toda relação de emprego (espécie) é uma relação
de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego.
Para compreendermos o alcance das expressões relação de trabalho e relação de
emprego, é importante termos claro o alcance de alguns termos utilizados no nosso
cotidiano. Por exemplo, a carteira de trabalho e previdência social (CTPS) está
ligada à relação de trabalho subordinado que corresponde ao vínculo de emprego.
Nem todos os tipos de relações de trabalho são registrados na CTPS, mas todos
ostipos de relação de emprego são registrados no referido documento.
Ricardo Jahn. Relação de emprego e de trabalho - diferenciação.
In: O Sul, set./2010 (com adaptações).

Acerca dos aspectos linguísticos e das ideias do texto acima, julgue o


item a seguir.

As expressões “outras formas de prestação/realização de trabalho” (sublinhada


no texto) e “o alcance das expressões relação de trabalho e relação de emprego”

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(sublinhada no texto) desempenham a mesma função sintática nos períodos em
que ocorrem.

Questão 05 – (FCC) Analista Judiciário – TRE-PE/2011


(Adaptada)

O termo sublinhado em “Sabe-se quão barbaramente os ingleses subjugaram os


hindus” exerce a função de ......, a mesma função sintática que é exercida por
...... na frase “Cometeram-se incontáveis violências contra os hindus”.

Preenchem corretamente as lacunas do enunciado acima,


respectivamente:

a) objeto direto - os hindus.


b) sujeito - os hindus
c) sujeito - violências
d) agente da passiva - os hindus
e) agente da passiva – violências

Questão 06 – (FCC) Analista Judiciário – TJ-RJ/2012

Os verbos que exigem o mesmo tipo de complemento estão empregados


nos segmentos transcritos em:

a) A vida é triste e complicada. // ... mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.


b) ... alguém dará o nosso recado sem endereço. // A vida é triste e complicada.
c) Tinha razão o rapaz... // Depois de esperar duas ou três horas...
d) Para quem espera nervosamente... // Depois de esperar duas ou três horas...
e) Tinha razão o rapaz... // ... mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.

Questão 07 – (ESAF) Analista Contábil-Financeiro – SEFAZ (CE)/2007


(Adaptada)

Orçamento público é o instrumento de gestão de maior relevância e provavelmente


o mais antigo da administração pública. Partindo da intenção inicial de controle, no
Brasil, reveste-se de formalidades legais. Passa pela análise e aprovação do Poder
Legislativo, composto de representantes da sociedade. Como a proposta do
orçamento é sempre do Chefe do Poder Executivo (Presidente, Governador e
Prefeito), sua aprovação pelo Legislativo tem o condão de autorizar os gastos a
serem feitos no ano a que se refere. Pelo menos em tese, é como se a própria
sociedade estivesse autorizando a atuação do Estado, já que as despesas só
poderão ser realizadas se(1) tiverem sido fixadas no orçamento. Quanto às receitas,
nada impede que seja arrecadado mais (ou menos) que o previsto. Aliás, é em
função da arrecadação da receita que as despesas serão realizadas. Caso a
arrecadação seja inferior ao previsto, procede-se(2) ao contingenciamento de
despesas, isto é, são priorizados os gastos já autorizados no orçamento. E quando
há excesso de arrecadação, novas despesas podem ser realizadas, mas é necessária
sempre prévia autorização do Poder Legislativo para tanto.
(http://www.lrf.com.br/)

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Em relação ao texto acima, assinale a opção que apresenta função do “se”


incorreta.

a) 1 – partícula apassivadora.
b) 2 – índice de indeterminação do sujeito.

Questão 8 – (CESPE) Técnico Judiciário – STF/2013


(Adaptada)

Com base em seus conhecimentos de morfossintaxe, julgue o item a seguir.

No trecho “é possível que associe a figura do seu pai com a figura do seu pai como é
hoje”, o conectivo “que” inicia oração que complementa o sentido do adjetivo
“possível”.

Questão 09 – (FGV) Fiscal de Rendas – SEFAZ-RJ/2009


(Adaptada)

Freud, o peixeiro e os excluídos


Há anos compro peixe na mesma feira com o mesmo peixeiro. Disse a ele outro dia:
Quando crescer, quero ser peixeiro. Devolveu a provocação: “Boa escolha,
professor. É a profissão do id.” Fiquei uma semana intrigado. Enfim, um peixeiro
freudiano no Rio de Janeiro! Um analista excêntrico que tem por hobby limpar
escamas! Na feira seguinte, perguntei: Ok, peixeiro é a profissão do id. Mas como
assim? “O professor não conhece a Bíblia? Cristo precisava de apóstolos, chamou os
pescadores e disse: Ide e pregai o evangelho a toda criatura!”.
Um sujeito bem intencionado quer dizer uma coisa, o freguês entende outra.
Quando dizemos “direitos humanos”, por exemplo, o que entendem os peixeiros,
torneiros mecânicos, políticos profissionais, investigadores de polícia, personal
trainings e membros de outras profissões? Não sabemos, mas deveríamos.
A luta social não acontece só na “política” – partidos, parlamentos, sindicatos etc.
Acontece também no interior da linguagem. Os desentendimentos por causa das
palavras são, às vezes, desentendimentos sociais.
Não se sabe, por exemplo, quem inventou a palavra “excluídos” para designar
pobres. Os movimentos sociais incorporaram a palavrinha sem refletir. A criança
que não tem escola – está “excluída” da escola. O trabalhador que não tem
emprego – está “excluído” do emprego. A palavra designa um fato real, mas o que
quer dizer? Que a sociedade tem um lado de dentro e outro de fora. Como se fosse
um trem correndo pela Baixada Fluminense (digamos): nós que estamos dentro
olhamos pela janela e vemos as casas e pessoas que estão de fora.
Acontece que a sociedade não é um trem que corre pela Baixada. A sociedade é o
trem e as pessoas que vemos pela janela do trem. A sociedade não tem lado de
fora. O que está fora da sociedade seria desumano, pois ela nada mais é
que a relação entre os humanos. Não formamos sociedade com os cães, os
mosquitos, os micos-leões-dourados. A única possibilidade de um ser humano ser
excluído dela é deixar de ser humano. Até mesmo a nossa relação com a natureza e
os bichos se faz por meio da sociedade.

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O leitor já viu onde quero chegar. Chamar alguém de “excluído” é lhe retirar a
condição de humano. Ora, os movimentos sociais, que lutam para estender os
direitos humanos a todas as pessoas, querem precisamente o contrário: querem
humanizar ricos e pobres, negros e brancos, homens de bem e criminosos, bonitos
e feios. Como é então que usam, e abusam, da palavra “excluídos”? Como é que
admitem que a sociedade tem um lado de dentro (onde estão os incluídos) e um
lado de fora (onde estão os “excluídos”)? Como é que se deixam enredar por esse
pântano de palavras, a ponto de negar com a boca o que fazem com o coração?
Alguém os enredou. Quem foi? Talvez o Polvo de Vieira. “O polvo, escurecendo-se a
si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz é a luz, para que não
se distinga as cores”. Não é inocente chamar os explorados de nossa sociedade de
“excluídos”. Primeiro, porque, sutilmente, se está negando aos pobres a
humanidade que os outros teriam. Segundo porque se está desvinculando a pobreza
(“exclusão”) da riqueza (“inclusão”). Por esse modo de pensar, aparentemente
inocente, os ricos nada têm a ver com os pobres. Estes são problema do governo,
“que devia dar escola, saúde e segurança aos excluídos” e dos políticos “que só
sabem roubar”.
Temos até hoje feira de trabalhadores: centenas de homens fortes acocorados
esperando o “gato” selecionar os que vão trabalhar. O salário obedece à lei da
oferta e procura: sobe se os acocorados forem poucos, desce se forem muitos.
Como lidar com o número crescente de pessoas que nascem, vivem e morrem sem
trabalho? O Brasil inventou várias “soluções” para esse problema do
desenvolvimento. Uma delas foi o padrão popular de acumulação: o Se Virar. Os
que se viram não estão excluídos de nada. Pertencem a um padrão de acumulação
que compete há cem anos com o padrão capitalista.
Na minha feira, há muitos vendedores de limão. Alguns vendem outras coisas. São
“excluídos”? Produzem maisvalia como qualquer outro proletário. Desejam roupas,
tênis, bailes, prestígio, mulheres de revista, adrenalina, alucinação. Têm desejos e
compram a sua satisfação possuindo a imagem (ou a simulação) dos objetos do
desejo. Se tiverem competência e sorte, se tornarão vendedores de objetos (como
limão) ou de sensações (como cocaína). Alguns abraçarão a profissão do Ide. De um
jeito ou de outro, todos estão incluídos.

(Adaptação do texto de SANTOS, Joel Rufino dos. Jornal do Brasil, domingo, 11/03/2001.)

“A sociedade não tem lado de fora. O que está fora da sociedade seria
desumano, pois ela nada mais é que a relação entre os humanos”. (em
negrito no texto). A respeito do uso do vocábulo “pois” no fragmento
acima, pode-se afirmar que se trata de:

a) uma conjunção subordinativa que estabelece conexão entre as orações


introduzindo valor de explicação.
b) uma preposição que estabelece conexão entre períodos coordenativos
introduzindo valor de consequência.
c) uma conjunção coordenativa que estabelece conexão entre as orações
introduzindo valor de alternância.
d) um pronome relativo que introduz a oração relativa explicativa, retomando a
expressão sociedade.
e) uma conjunção coordenativa que estabelece conexão entre as orações
introduzindo valor de explicação.

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Questão 10 – (CESPE) Analista Legislativo – AL-CE/2011

Os telejornais, de grande audiência em todas as camadas da população, nem


sempre dedicam espaço à política. Nos jornais impressos de circulação nacional —
considerados os principais divulgadores da atividade legislativa e dos fatos de
natureza política —, o noticiário, naturalmente, não abrange todas as atividades de
plenário, das comissões e muito menos dos parlamentares individualmente. O
espaço dedicado aos assuntos políticos nos meios de comunicação é insuficiente
para dar ampla cobertura e adequada divulgação às atividades do Congresso.
Jornalistas políticos de destaque, como o veterano Villas Boas Corrêa, já se
manifestaram de maneira incisiva a respeito: “Acho que a imprensa merece seus
puxões de orelha porque não faz nenhum esforço para cobrir aquilo que ainda
remanesce de importante no Congresso, como, por exemplo, o trabalho das
comissões...”, disse o jornalista, em depoimento ao Centro de Pesquisas e
Documentação da Fundação Getúlio Vargas, em 1995.
Sérgio Chacon. Congresso, imprensa e opinião pública: o caso da CPMI dos
Sanguessugas, 2008. Internet:<www.bd.camara.gov.br> (com adaptações)

Julgue o item seguinte, relativo à sintaxe e aos elementos


estruturais do texto acima.

Considerando-se a sintaxe do período, é correto afirmar que, na construção sintática


do período ‘Acho que a imprensa merece seus puxões de orelha porque não faz
nenhum esforço para cobrir aquilo que ainda remanesce de importante no
Congresso, como, por exemplo, o trabalho das comissões...’ (sublinhado no texto),
predomina a subordinação.

Questão 11 – (FGV) Analista Judiciário – TRE-PA/2011


(Adaptada)

É importante desmistificar a ideia de que política é uma sujeira só e sem utilidade.

Em relação ao período acima, analise as afirmativas a seguir:

I. É possível deslocar o vocábulo só para antes do verbo sem provocar alteração de


sentido.
II. Há uma oração subjetiva.
III. Há uma oração completiva nominal.

Assinale:

a) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.


b) se nenhuma afirmativa estiver correta.
c) se todas as afirmativas estiverem corretas.
d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

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Questão 12 – (CESPE) Professor Língua Portuguesa – SEDUC-AM/2011
(Adaptada)

Período 1 - À medida que os meses passavam, foi tomando horror à expressão


“funcionário público aposentado”, que lhe cheirava a atestado de óbito.
Período 2 - Não conhecia futebol nem equitação, não sabia jogar baralho, não
guardava nomes de artistas de cinema, ignorava os escândalos da sociedade.
Período 3 - Parecia-lhe que zombavam dele.

Aníbal Machado. Viagem aos seios de Duília. In: Os cem melhores contos
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, p. 111 (com adaptações).

Com referência à sintaxe dos períodos acima enumerados, julgue o item


que se segue.

No período 3, o período é constituído de duas orações, exercendo a segunda


oração — “que zombavam dele” — a função sintática de sujeito da primeira.

Questão 13 – (FCC) Analista Judiciário – TRF 3ª Região/2014


(Adaptada)

A guerra dos dez anos começou quando um fazendeiro cubano, Carlos Manuel de
Céspedes, e duzentos homens mal armados tomaram a cidade de Santiago e
proclamaram a independência do país em relação à metrópole espanhola. Mas a
Espanha reagiu. Quatro anos depois, Céspedes foi deposto por um tribunal cubano
e, em março de 1874, foi capturado e fuzilado por soldados espanhóis.
Entrementes, ansioso por derrubar medidas espanholas de restrição ao comércio, o
governo americano apoiara abertamente os revolucionários e Nova York, Nova
Orleans e Key West tinham aberto seus portos a milhares de cubanos em fuga. Em
poucos anos Key West transformou-se de uma pequena vila de pescadores numa
importante comunidade produtora de charutos. Despontava a nova capital mundial
do Havana.
Os trabalhadores que imigraram para os Estados Unidos levaram com eles a
instituição do “lector”. Uma ilustração da revista Practical Magazine mostra um
desses leitores sentado de pernas cruzadas, óculos e chapéu de abas largas, um
livro nas mãos, enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam charutos com o que
parece ser uma atenção enlevada.
O material dessas leituras em voz alta, decidido de antemão pelos operários (que
pagavam o “lector” do próprio salário), ia de histórias e tratados políticos a
romances e coleções de poesia. Tinham seus prediletos: O conde de Monte Cristo,
de Alexandre Dumas, por exemplo, tornou-se uma escolha tão popular que um
grupo de trabalhadores escreveu ao autor pouco antes da morte dele, em 1870,
pedindo-lhe que cedesse o nome de seu herói para um charuto; Dumas consentiu.
Segundo Mário Sanchez, um pintor de Key West, as leituras decorriam em silêncio
concentrado e não eram permitidos comentários ou questões antes do final da
sessão.

(Adaptado de: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. Trad. Pedro Maia Soares.
São Paulo, Cia das Letras, 1996, p. 134-136)

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Julgue o item a seguir:

Em pedindo-lhe que cedesse o nome de seu herói... (4o parágrafo), o elemento


destacado é um pronome.

Questão 14 – (CESPE) Oficial de Controle Externo – TCE-RS/2013


(Adaptada)

A impunidade de políticos não decorre de foro privilegiado, mas de justiça


ineficiente. Abolir o referido mecanismo produzirá efeitos desfavoráveis. É
compreensível a confusão. A designação mais conhecida, “foro privilegiado”, sem
dúvida, sugere a existência de condenável regalia. Não é estranho, portanto, que o
Congresso tenha incluído em sua agenda positiva um esforço para eliminar essa
prerrogativa constitucional. Os parlamentares estariam, com isso, oferecendo o seu
quinhão para o combate à impunidade que tradicionalmente beneficia políticos de
todos os matizes.
Entretanto, há dois equívocos nesse raciocínio. O primeiro é imaginar que o foro
especial — assegurado a autoridades como o presidente da República,
governadores, prefeitos, congressistas e ministros de Estado — seja responsável
pela ausência de punições na esfera jurídica. As numerosas instâncias da justiça
comum favorecem a interposição de recursos, o que atrasa a caminhada processual
e contribui para a impunidade. O segundo equívoco do raciocínio é imaginar que a
prerrogativa de foro constitua, de fato, um privilégio. De um lado, porque não há
benefício na supressão de um ou de todos os graus de jurisdição. De outro, porque
o mecanismo busca assegurar um julgamento imparcial — em proveito não só do
réu, mas também da sociedade.
Em tese, tribunais superiores estão mais protegidos contra as pressões que
governantes e legisladores podem tentar exercer em favor da absolvição, assim
como são menos suscetíveis à litigância meramente persecutória.
Folha de S.Paulo, 11/7/2013 (com adaptações)

Em relação ao texto acima, julgue o item que se segue.

O trecho “que tradicionalmente beneficia políticos de todos os matizes” (sublinhado


no texto) é empregado, no texto, com sentido restritivo.

Questão 15 – (FCC) Defensor Público – DPE-RS/2011


(Adaptada)

Após 24 anos, DNA em pontas de cigarro desvendam assassinato


Um policial aposentado ajudou a desvendar um antigo caso de assassinato que o
havia atormentado por toda sua carreira graças a pontas de cigarro guardadas por
24 anos.

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O detetive Tom Goodwin não conseguiu encontrar os responsáveis pelo homicídio de
Samuel Quentzel em 1986, quando ele foi morto a tiros dentro de seu carro em
frente a sua casa, em Long Island, Nova York. Mas Goodwin insistiu que fossem
guardadas quatro pontas de cigarro encontradas durante a investigação do crime,
esperando que algum dia elas pudessem identificar os assassinos.
Mais de 20 anos depois, graças aos avanços na tecnologia de identificação de DNA e
à expansão dos bancos de dados com informações genéticas de criminosos, foi
possível identificar os homens responsáveis pelo crime. Lewis Slaughter, 61 anos,
foi condenado por assassinato em segundo grau e será sentenciado em dezembro.
Ele pode receber pena de 25 anos a prisão perpétua pela morte de Quentzel, que
era casado e pai de três filhos. Slaughter, que tem uma longa ficha criminal, já está
preso por outro assassinato também ocorrido em 1986.
"Eu nunca parei de pensar sobre isso", disse Goodwin, que se aposentou da polícia
em 2000, ao New York Daily News. "Sempre que investigava um caso no Brooklyn
ou em Queens, eu checava se uma arma .380 tinha sido usada, esperando
encontrar uma ligação. Nunca deu certo".
Na entrada de casa
Realizado mais de 20 anos após o crime, o julgamento, em um tribunal em Long
Island, estabeleceu que no dia 4 de setembro de 1986 Slaughter e seu cúmplice
Clifton Waters se aproximaram de Quentzel, que estava em seu carro, logo após
voltar do trabalho em sua loja de materiais de encanamento no Brooklyn.
...
DNA
A retomada do caso resultou de uma iniciativa da viúva e um filho de Quentzel, que,
em maio de 2007, contataram a promotoria pública pedindo uma nova investigação
sobre a morte de Samuel.
A resolução do crime só foi possível graças à ampliação do banco de dados de DNA,
que passou a exigir amostras de todos os condenados por crimes após 2006, mas
que também valia retroativamente para os que estivessem presos ou em liberdade
condicional na época.
Foi assim que o Departamento de Justiça Criminal de Nova York ligou Roger
Williams a uma ponta de cigarro encontrada na van mais de 20 anos antes.
...
"A família Quentzel perseverou por mais de 24 anos com esperança de ver os
assassinos de Samuel Quentzel enfrentarem a Justiça e esse dia finalmente
chegou", disse a promotora pública no caso, Kathleen Rice. "Eu não poderia estar
mais orgulhosa dos integrantes de meu gabinete e do departamento de polícia, que
nunca desistiram de seu comprometimento em prender os homens responsáveis por
esse crime terrível".

(http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4792431-EI8
141,00-Apos+anos+DNA+em+pontas+de+cigarro+desvendam
+assassinato.html; 15/11/2010, 09h49 • atualizado às 11h04)

Assinale a alternativa em que a oração NÃO é subordinada adjetiva


explicativa.

a) Na passagem Quentzel, que era casado... (sublinhado no texto).


b) Na passagem Slaughter, que tem uma longa ficha criminal (sublinhado no texto).
c) Na passagem Goodwin, que se aposentou da polícia (sublinhado no texto).

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d) Na passagem Quentzel, que estava em seu carro (sublinhado no texto).
e) Na passagem homicídio de Samuel Quentzel em 1986, quando ele foi morto a
tiros (sublinhado no texto).

Questão 16 – (FGV) Assessor Técnico – Informática – Administrador de


Banco de Dados – DETRAN-RN/2010
(Adaptada)

“A vida é cheia de tais convivas, e eu sou acaso um deles, conquanto a prova de


ter a memória fraca seja exatamente não me acudir agora o nome de tal antigo;
mas era um antigo e basta.”

A oração sublinhada traz uma ideia de:

a) Causa
b) Consequência
c) Condição
d) Conformidade
e) Concessão

Questão 17 – (FGV) Investigador da Polícia Civil – SSP-RJ/2008

Sonhos Sonhos São

Negras nuvens
Mordes meu ombro em plena turbulência
Aeromoça nervosa pede calma
Aliso teus seios e toco
Exaltado coração
Então despes a luva para eu ler-te a mão
E não tem linhas tua palma

Sei que é sonho


Incomodado estou, num corpo estranho
Com governantes da América Latina
Notando meu olhar ardente
Em longínqua direção
Julgam todos que avisto alguma salvação
Mas não, é a ti que vejo na colina

Qual esquina dobrei às cegas


E caí no Cairo, ou Lima, ou Calcutá
Que língua é essa em que despejo pragas
E a muralha ecoa

Em Lisboa

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Faz algazarra a malta em meu castelo
Pálidos economistas pedem calma
Conduzo tua lisa mão
Por uma escada espiral
E no alto da torre exibo-te o varal
Onde balança ao léu minh'alma

Em Macau, Maputo, Meca, Bogotá


Que sonho é esse de que não se sai
E em que se vai trocando as pernas
E se cai e se levanta noutro sonho

Sei que é sonho


Não porque da varanda atiro pérolas
E a legião de famintos se engalfinha
Não porque voa nosso jato
Roçando catedrais
Mas porque na verdade não me queres mais
Aliás, nunca na vida foste minha
(Chico Buarque)
Mas não, é a ti que vejo na colina (verso 14)

Assinale a alternativa em que esteja corretamente classificada a palavra


destacada no verso acima.

a) conjunção integrante
b) parte de expressão expletiva
c) pronome relativo
d) conjunção subordinativa
e) pronome indefinido

Questão 18 – (FGV) Analista de Controle Interno (Obras Públicas) – SAD-


PE/2008
(Adaptada)

“A flexibilidade era muito baixa e os profissionais funcionavam como que em uma


grande máquina, cuja velocidade de trabalho era ditada de cima para baixo.”

Assinale a alternativa que indique corretamente a relação semântica


estabelecida pela expressão como que no fragmento acima:

a) comparação
b) consequência
c) adversidade
d) concessão
e) conclusão

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Questão 19 – (FCC) Técnico Judiciário – Área Administrativa – TJ-PI/2009
(Adaptada)

(...)

Devemos comemorar a maioridade do Código ao constatar que a sociedade


brasileira conta com mecanismos jurídicos adequados para a defesa de seus
direitos. No entanto, ainda há muito o que fazer para que se tenha um mercado de
consumo de qualidade, justo e equilibrado.

(...)

(Maria Stella Gregori. O Estado de S. Paulo, B2 Economia, 6 de junho de 2009, com


adaptações)

... ao constatar que a sociedade brasileira conta com mecanismos jurídicos


adequados para a defesa de seus direitos.

A oração grifada acima denota no período noção de:

a) restrição
b) condição
c) consequência
d) finalidade
e) temporalidade

Questão 20 – (FCC) Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT – 18ª


Região (GO)/2008
(Adaptada)

(...)

O problema comprovado e imediato causado pelas embalagens de água é o espaço


que elas ocupam ao serem descartadas. Como demoram pelo menos cem anos para
degradar, elas fazem com que o volume de lixo no planeta cresça
exponencialmente.

(...)

(Adaptado de Rafael Corrêa e Vanessa Vieira. Veja. 28 de novembro de 2007, p. 104-105)

... é o espaço que elas ocupam ao serem descartadas.

O segmento grifado acima denota no período:

a) tempo
b) ressalva
c) conclusão
d) condição
e) finalidade

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GABARITO
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
D E E C C C A E E C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
A C E C E E B A E A

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 01 – (FGV) Analista de Sistemas – Senado


Federal/2008
(Adaptada)

"É com uma ação eficiente do governo e do setor privado que


certamente poderemos promover o desenvolvimento dos países."

Ao fazermos a seguinte alteração no período acima: É com uma


ação eficiente do governo e do setor privado que certamente
promoveremos o desenvolvimento dos países, é correto
afirmar que:

a) tem duas orações


b) é composto por subordinação somente
c) é composto por coordenação e subordinação
d) é simples
e) é composto por coordenação somente

Comentários
Aparentemente, esta é uma questão simples, contudo você
vai notar como ela exige a sua atenção. Inicialmente, vamos
retomar o trecho em análise:

É com uma ação eficiente do governo e do setor privado que


certamente promoveremos o desenvolvimento dos países.

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Antes de tentar analisar quais as possíveis relações sintáticas de


coordenação ou subordinação entre as orações, é fundamental
identificar quantas e quais são as orações do período. Como foi visto
na parte teórica da aula, a quantidade de orações será
determinada pelo número de verbos ou locuções verbais,
mesmo quando estiverem omitidos (verbos elípticos).
Não há dúvida quanto à presença do verbo “promoveremos”.
Porém, a sutileza da questão está na suposta presença de mais um
verbo, o “é”. Desse modo, se contarmos esses dois verbos, o aluno
poderia supor que o trecho destacado possui duas orações.
Contudo, de acordo com o que foi estudado nesta aula, podemos
concluir que a expressão “é ... que” pode ser suprimida do período
sem acarretar qualquer prejuízo, pois sua função é meramente de
realce, ou seja, trata-se de uma partícula expletiva. Assim, o trecho
contém apenas uma oração e, por isso, trata-se de um período
simples.
GABARITO: D

Questão 02 – (FGV) Técnico Superior Jurídico – DPE-RJ/2014


(Adaptada)

ESQUECERAM O PRINCIPAL

Houve um tempo em que os ditos setores progressistas pautavam


suas ações por filosofias coerentes. Assim, advogados da infância
buscavam promover os interesses das crianças, feministas visavam a
afirmar a autonomia das mulheres e militantes dos direitos de
homossexuais tentavam acabar com a discriminação contra gays, mas
sem perder de vista teses mais gerais da esquerda não marxista, que
incluíam a ampliação das liberdades e a despenalização do direito.

As coisas mudaram. E para pior, a meu ver. Hoje, os defensores das


criancinhas deblateram para que o Congresso mantenha um
mecanismo jurídico que permite mandar para a cadeia o pai que não
paga em dia pensão do filho. Pouco importa que a prisão por dívidas
represente um retrocesso de 2600 anos – uma das reformas de Sólon
que facilitou a introdução da democracia em Atenas foi justamente o
fim da servidão por dívidas – e que é quase certo que, encarcerado, o
pai da criança terá muito menor probabilidade de honrar seus
compromissos financeiros.

As feministas agora apoiam o acórdão do Supremo Tribunal Federal


que retirou das mulheres o direito de decidir se querem ou não

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processar companheiros, tornando agressões leves no âmbito do lar
um crime de ação pública incondicionada. Pouco importa que isso
torne as mulheres menos livres e introduza uma diferenciação de
gênero (na situação inversa, um homem pode decidir se processa ou
não).

Por fim, homossexuais pedem a edição de uma lei que torne crime
referir-se a gays em termos depreciativos ou condenatórios. Pouco
importa que tal medida, se adotada, representaria uma limitação da
liberdade de expressão, o mais fundamental dos princípios
democráticos.

É natural que grupos de ativistas se especializem e, ao fazê-lo,


percam de vista as grandes questões, mas fico com a impressão de
que estão colocando a parte à frente do todo.

Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 7/01/2014.

A expressão sublinhada que exerce uma função sintática


diferente das demais, por ser considerada um complemento, e
não um adjunto é: (1º parágrafo)

a) interesses das crianças

b) autonomia das mulheres

c) direitos de homossexuais

d) teses da esquerda

e) ampliação das liberdades

Comentários
Esta questão trata dos termos adjunto adnominal e complemento
nominal. Vimos, na parte teórica, que os alunos costumam fazer
certa confusão: não sabem quando usa um ou quando usa outro.
De acordo com o enunciado, temos quatro alternativas que
apresentam adjunto adnominal e uma que apresenta
complemento nominal, correto?
Vamos ver as alternativas?

Alternativa a. “interesses das crianças”

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Assim, advogados da infância buscavam promover os interesses das
crianças, feministas visavam a afirmar a autonomia das mulheres...
Observe que o termo “das crianças” qualifica o substantivo
“interesses”. Além disso, podemos fazer o truque de substituir o
substantivo pelo seu verbo cognato, veja: “As crianças se
interessam...”. Quando fazemos isso, verificamos que “as crianças” é
“sujeito”, ou seja, “das crianças” é “adjunto adnominal”.

Alternativa b. “autonomia das mulheres”

... feministas visavam a afirmar a autonomia das mulheres e militantes dos


direitos de homossexuais tentavam acabar com a discriminação contra gays
Observe que o termo “das mulheres” qualifica o substantivo
“autonomia”. Além disso, verificamos que há uma relação de posse
entre “das mulheres” e “autonomia”. Então, “das mulheres” é
“adjunto adnominal”.

Alternativa c. “direitos de homossexuais”

... feministas visavam a afirmar a autonomia das mulheres e militantes dos


direitos de homossexuais tentavam acabar com a discriminação contra gays
Observe que o termo “de homossexuais” qualifica o substantivo
“direitos”. Além disso, verificamos que há uma relação de posse
entre “de homossexuais” e “direitos”. Então, “de homossexuais” é
“adjunto adnominal”.

Alternativa d. “teses da esquerda”

...mas sem perder de vista teses mais gerais da esquerda não marxista, que
incluíam a ampliação das liberdades e a despenalização do direito.
Note que o termo “da esquerda” qualifica o substantivo “teses”. Além
disso, verificamos que há uma relação de posse entre “da esquerda”
e “teses”. Assim, “da esquerda” é “adjunto adnominal”.

Alternativa e. “ampliação das liberdades”

... que incluíam a ampliação das liberdades e a despenalização do direito.


Perceba que o termo “das liberdades” não qualifica o substantivo
“ampliação”. Além disso, podemos fazer o truque de substituir o
substantivo pelo seu verbo cognato, veja: “ampliaram as liberdades”.
Quando fazemos isso, verificamos que “as liberdades” é “objeto
direto”, ou seja, “das liberdades” é “complemento nominal”. => se fosse sujeito seria adjunto
adnominal

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GABARITO: E

Questão 03 – (ESAF) Fiscal de Rendas - Secretaria Municipal


de Fazenda do Rio de Janeiro (RJ)/2010
(Adaptada)

A Eurostat, o organismo da União Europeia encarregado da


elaboração de estatísticas econômicas, mostrou que, em abril, nada
menos que 101 entre cada 1.000 cidadãos em atividade na área do
euro (16 países) não conseguiram encontrar ocupação remunerada. É
a pior situação em 12 anos.

(...)

(Celso Ming, O Estado de S. Paulo, 2/6/2010)

Julgue o seguinte item:

O emprego de vírgula após “Eurostat” e após “econômicas” justifica-


se por isolar expressão que tem função de vocativo.

Comentários
Nesta questão, a banca questiona se o trecho “o organismo da União
Europeia encarregado da elaboração de estatísticas econômicas”
exerce, na oração, a função sintática de vocativo (por isso, isolada por
vírgulas).
O Vocativo é um termo que não faz parte nem do sujeito nem do
predicado, portanto exerce uma função autônoma na estrutura
oracional. É um termo que tem natureza exclamativa e expressa
invocação ou chamamento. Ele tem como objetivo chamar,
nomear, interpelar, invocar a pessoa ou coisa personificada a
quem nos dirigimos.
O vocativo pode aparecer em qualquer lugar na oração e é sempre
isolado por algum sinal de pontuação (normalmente, vírgula).
Entretanto, verificamos que o trecho constante do comando é, na
verdade, um aposto. Veja:
O Aposto é o termo acessório que esclarece, explica, enumera,
identifica, resume, especifica um substantivo (ou termo
substantivado) expresso anteriormente.
Assim, a expressão “o organismo da União Europeia encarregado da
elaboração de estatísticas econômicas” funciona sintaticamente como
aposto explicativo do termo “Eurostat”.

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Ao analisarmos o trecho, verificamos que “o organismo da União
Europeia encarregado da elaboração de estatísticas econômicas”
esclarece e explica o termo a que se refere. Observe também estar
correto o emprego de pontuação (no caso, vírgulas) para isolar o
aposto explicativo.
Gabarito: ERRADO

Questão 04 – (CESPE) Agente Administrativo – MTE/2014


(Adaptada)

É importante fazer uma diferenciação das expressões relação de


trabalho e relação de emprego. A expressão relação de trabalho
representa o gênero, do qual a relação de emprego é uma espécie.
Podemos dizer que o gênero “relação de trabalho” engloba, além da
relação de emprego, outras formas de prestação/realização de
trabalho como o trabalho voluntário, o trabalho autônomo, o trabalho
portuário avulso, o trabalho eventual, o trabalho institucional e o
trabalho realizado pelo estagiário. Assim, toda relação de emprego
(espécie) é uma relação de trabalho, mas nem toda relação de
trabalho é uma relação de emprego.
Para compreendermos o alcance das expressões relação de trabalho e
relação de emprego, é importante termos claro o alcance de alguns
termos utilizados no nosso cotidiano. Por exemplo, a carteira de
trabalho e previdência social (CTPS) está ligada à relação de trabalho
subordinado que corresponde ao vínculo de emprego. Nem todos os
tipos de relações de trabalho são registrados na CTPS, mas todos
ostipos de relação de emprego são registrados no referido documento.
Ricardo Jahn. Relação de emprego e de trabalho - diferenciação.
In: O Sul, set./2010 (com adaptações).

Acerca dos aspectos linguísticos e das ideias do texto acima,


julgue o item a seguir.

As expressões “outras formas de prestação/realização de trabalho”


(sublinhada no texto) e “o alcance das expressões relação de
trabalho e relação de emprego” (sublinhada no texto) desempenham
a mesma função sintática nos períodos em que ocorrem.

Comentários
A questão pede que se compare a função sintática dos seguintes
termos (destacados):

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(...) o gênero “relação de trabalho” engloba, além da relação de


emprego, outras formas de prestação/realização de trabalho (...).
E
Para compreendermos o alcance das expressões relação de trabalho
e relação de emprego, é importante (...).

Para facilitar a análise, vamos simplificar os períodos e manter


somente as orações que interessam em cada um deles:

o gênero “relação de trabalho” engloba outras formas de


prestação/realização de trabalho
E
para compreendermos o alcance das expressões relação de trabalho
e relação de emprego

Observe que o primeiro trecho sublinhado (“outras formas de


prestação/realização de trabalho”) está completando o sentido
do verbo transitivo direto “englobar” (quem engloba, engloba
algo, sem auxílio de preposição antes do complemento). Logo, o
termo exerce função de OBJETO DIRETO.
O segundo trecho sublinhado, por sua vez, consiste em uma oração
subordinada, pois completa o sentido do verbo “compreender”,
presente na oração principal. Para identificar a função sintática dessa
oração subordinada, sugiro que você a substitua pelo pronome
“ISSO”:

para compreendermos o alcance das expressões relação de


trabalho e relação de emprego
para compreendermos ISSO

Observe que o termo “ISSO” exerce função de OBJETO DIRETO,


pois completa o sentido do verbo transitivo direto
“compreender”. De igual maneira, a oração substituída por “ISSO”
também está exercendo essa mesma função (objeto direto), motivo
pelo qual é chamada de oração subordinada substantiva
objetiva direta.

Ambos os trechos sublinhados, portanto, exercem a função de


OBJETO DIRETO.

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GABARITO: CERTO

Questão 05 – (FCC) Analista Judiciário – TRE-PE/2011


(Adaptada)

O termo sublinhado em “Sabe-se quão barbaramente os


ingleses subjugaram os hindus” exerce a função de ......, a mesma
função sintática que é exercida por ...... na frase “Cometeram-se
incontáveis violências contra os hindus”.

Preenchem corretamente as lacunas do enunciado acima,


respectivamente:

a) objeto direto - os hindus.


b) sujeito - os hindus
c) sujeito - violências
d) agente da passiva - os hindus
e) agente da passiva – violências

Comentários
A questão pede, em primeiro lugar, que identifiquemos a função
sintática do seguinte termo grifado:
“os ingleses subjugaram os hindus”
Observe que o termo “os ingleses” funciona como sujeito da oração,
pois é o executor da ação verbal (foram eles que “subjugaram os
hindus”).
Em seguida, a questão solicita que se encontre outro termo que
exerça essa mesma função (de sujeito) no trecho “Cometeram-se
incontáveis violências contra os hindus”.
Observe que a oração está na voz passiva sintética. Vamos
transformá-la na voz passiva analítica, a fim de melhor entendê-la:

Cometeram-se incontáveis violências contra os hindus.


(VOZ PASSIVA SINTÉTICA)

Incontáveis violências foram cometidas contra os hindus.


(VOZ PASSIVA ANALÍTICA)

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Assim, ficou mais fácil perceber que o sujeito, na oração acima, é
“incontáveis violências”.
GABARITO: C

Questão 06 – (FCC) Analista Judiciário – TJ-RJ/2012

Os verbos que exigem o mesmo tipo de complemento estão


empregados nos segmentos transcritos em:

a) A vida é triste e complicada. // ... mergulhemos de corpo e alma


no cafezinho.

b) ... alguém dará o nosso recado sem endereço. // A vida é triste e


complicada.

c) Tinha razão o rapaz... // Depois de esperar duas ou três horas...

d) Para quem espera nervosamente... // Depois de esperar duas ou


três horas...

e) Tinha razão o rapaz... // ... mergulhemos de corpo e alma no


cafezinho.

Comentários
Esta questão trata do assunto transitividade verbal. A
transitividade ou predicação verbal é o modo como o verbo
forma o predicado, isto é, se o verbo exige ou não
complementos. Esses complementos podem ser preposicionados ou
não.
Dessa forma, os verbos podem ser classificados em intransitivos,
transitivos (diretos, indiretos e diretos e indiretos) e de
ligação.
Estudamos que a predicação verbal depende do contexto em que
o verbo está inserido. Para classificar um verbo como intransitivo,
transitivo ou de ligação, precisamos verificar a função que ele exerce
na oração, ou seja, em qual contexto está inserido e se exige
complemento. Também, precisamos observar se o eventual
complemento necessita obrigatoriamente de preposição.
Vamos, então, analisar as alternativas constantes do comando da
questão e verificar qual o comportamento dos verbos que elas
apresentam.

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Alternativa a. A vida é triste e complicada. // ... mergulhemos de corpo e


alma no cafezinho.

Observe que a primeira oração possui verbo de ligação (“ser”). O


verbo de ligação serve apenas como elemento de ligação entre
o sujeito e um atributo do sujeito (predicativo). Veja que esse
atributo é representado pelo termo “triste e complicada”.
Por sua vez, a segunda oração possui verbo intransitivo
(“mergulhar”). O verbo intransitivo possui sentido completo e
não necessita obrigatoriamente de complementos. Veja que os
termos “de corpo e alma” e “no cafezinho” são locuções adverbiais e
exercem a função sintática de adjunto adverbial (termo acessório da
oração).
Portanto, a alternativa está errada.

Alternativa b. ... alguém dará o nosso recado sem endereço. // A vida é


triste e complicada.

Observe que a primeira oração possui o mesmo verbo “dar”


empregado como transitivo direto. O verbo transitivo direto
necessita de um complemento sem preposição obrigatória
(objeto direto). Veja que o seu complemento (objeto direto) é
representado pelo termo “o nosso recado sem endereço”.
Por sua vez, a segunda oração possui verbo de ligação (“ser”). O
verbo de ligação serve apenas como elemento de ligação entre
o sujeito e um atributo do sujeito (predicativo). Veja que esse
atributo é representado pelo termo “triste e complicada”.
Portanto, a alternativa está errada.

Alternativa c. Tinha razão o rapaz... // Depois de esperar duas ou três


horas...

Observe que a primeira oração possui o mesmo verbo “ter”


empregado como transitivo direto. O verbo transitivo direto
necessita de um complemento sem preposição obrigatória
(objeto direto). Veja que o seu complemento (objeto direto) é
representado pelo termo “razão”.
Por sua vez, a segunda oração possui o verbo “esperar” empregado
como transitivo direto. O verbo transitivo direto necessita de um
complemento sem preposição obrigatória (objeto direto). Veja
que o seu complemento (objeto direto) é representado pelo termo
“duas ou três horas”.

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Portanto, a alternativa está correta.

Alternativa d. Para quem espera nervosamente... // Depois de esperar


duas ou três horas...

Observe que a primeira oração possui verbo intransitivo (“esperar”).


O verbo intransitivo possui sentido completo e não necessita
obrigatoriamente de complementos. Veja que o termo
“nervosamente” é um advérbio e exerce a função sintática de adjunto
adverbial (termo acessório da oração).
Por sua vez, a segunda oração possui o mesmo verbo “esperar”, mas,
aqui, ele foi empregado em regime diferente, como transitivo direto.
O verbo transitivo direto necessita de um complemento sem
preposição obrigatória (objeto direto). Veja que o seu
complemento (objeto direto) é representado pelo termo “duas ou três
horas”.
Portanto, a alternativa está errada.

Alternativa e. Tinha razão o rapaz... // ... mergulhemos de corpo e alma


no cafezinho.

Observe que a primeira oração possui o mesmo verbo “ter”


empregado como transitivo direto. O verbo transitivo direto
necessita de um complemento sem preposição obrigatória
(objeto direto). Veja que o seu complemento (objeto direto) é
representado pelo termo “razão”.
Por sua vez, a segunda oração possui verbo intransitivo
(“mergulhar”). O verbo intransitivo possui sentido completo e
não necessita obrigatoriamente de complementos. Veja que os
termos “de corpo e alma” e “no cafezinho” são locuções adverbiais e
exercem a função sintática de adjunto adverbial (termo acessório da
oração).
Portanto, a alternativa está errada.
Gabarito: C

Questão 07 – (ESAF) Analista Contábil-Financeiro – SEFAZ


(CE)/2007
(Adaptada)

Orçamento público é o instrumento de gestão de maior relevância e


provavelmente o mais antigo da administração pública. Partindo da
intenção inicial de controle, no Brasil, reveste-se de formalidades

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legais. Passa pela análise e aprovação do Poder Legislativo, composto
de representantes da sociedade. Como a proposta do orçamento é
sempre do Chefe do Poder Executivo (Presidente, Governador e
Prefeito), sua aprovação pelo Legislativo tem o condão de autorizar os
gastos a serem feitos no ano a que se refere. Pelo menos em tese, é
como se a própria sociedade estivesse autorizando a atuação do
Estado, já que as despesas só poderão ser realizadas se(1) tiverem
sido fixadas no orçamento. Quanto às receitas, nada impede que seja
arrecadado mais (ou menos) que o previsto. Aliás, é em função da
arrecadação da receita que as despesas serão realizadas. Caso a
arrecadação seja inferior ao previsto, procede-se(2) ao
contingenciamento de despesas, isto é, são priorizados os gastos já
autorizados no orçamento. E quando há excesso de arrecadação,
novas despesas podem ser realizadas, mas é necessária sempre
prévia autorização do Poder Legislativo para tanto.
(http://www.lrf.com.br/)

Em relação ao texto acima, assinale a opção que apresenta


função do “se” incorreta.

a) 1 – partícula apassivadora.

b) 2 – índice de indeterminação do sujeito.

Comentários
Nesta questão, temos duas perguntas a respeito do emprego
do “se”. Como sabemos, o “se’ é uma palavra complexa, pois pode
assumir diferentes funções sintáticas na Língua Portuguesa. Por isso,
é preciso que você preste bastante atenção na frase para marcar
corretamente o que a banca examinadora quer saber.
Aqui, a ESAF questiona dois usos para a palavra “se”: “partícula
apassivadora” e “índice de indeterminação do sujeito”.
Vamos, então, analisar as alternativas constantes do comando da
questão e verificar qual o comportamento da palavra “se” nelas.

Alternativa a. Pelo menos em tese, é como se a própria sociedade


estivesse autorizando a atuação do Estado, já que as despesas só poderão
ser realizadas se(1) tiverem sido fixadas no orçamento.
Observe que o “se” introduz uma oração subordinada adverbial
condicional. Assim, trata-se de uma conjunção subordinativa
condicional.
Veja que a oração “se tiverem sido fixadas no orçamento” está na voz
passiva analítica.

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Então, a alternativa está errada.

Alternativa b. Caso a arrecadação seja inferior ao previsto, procede-se(2)


ao contingenciamento de despesas, isto é, são priorizados os gastos já
autorizados no orçamento.
Vimos que temos sujeito indeterminado se a afirmação expressa
pelo predicado encontra-se em um elemento que não pode ser
determinado dentro de um conjunto. Dessa forma, não se consegue
identificar o sujeito, apesar de sabermos que ele existe.
Um dos casos de indeterminação do sujeito é o verbo na 3ª pessoa do
singular e acompanhado do pronome “se”. Nesse caso, a ação está
sendo praticada, mas não conseguimos especificar claramente quem
pratica essa ação.
Nesse caso, a indeterminação do sujeito é ocasionada pelo pronome
“se” e, por isso, esse pronome é chamado índice de
indeterminação do sujeito. Ocorre com verbos intransitivos,
transitivos indiretos e de ligação.
Observe que o verbo proceder empregado com sentido de “realizar” é
transitivo indireto.
Então, a alternativa está correta.
Gabarito: A
Refazer

Questão 8 – (CESPE) Técnico Judiciário – STF/2013


(Adaptada)

Com base em seus conhecimentos de morfossintaxe, julgue o


item a seguir.

No trecho “é possível que associe a figura do seu pai com a figura do


seu pai como é hoje”, o conectivo “que” inicia oração que
complementa o sentido do adjetivo “possível”.

Comentários
Aqui, confirma-se a observação que fiz em outros momentos desta
aula: as bancas costumam cobrar o assunto “Sintaxe de Períodos
Compostos” por meio das conjunções que iniciam as orações
(subordinadas ou coordenadas), sobretudo do conectivo "QUE".
O que a questão quer, de fato, é testar se você sabe especificar qual
a função sintática da oração subordinada retirada do período “é
possível que associe a figura do seu pai (...)”.

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Para respondê-la, vamos analisar o período:

É possível que associe a figura do pai (...).


O. PRINCIPAL ORAÇÃO SUBORDINADA

Logo, percebemos que a segunda oração subordina-se à primeira


oração (denominada oração principal). Mas, qual a função sintática
que uma exerce em relação à outra?
Muito cuidado com esse tipo de oração, pois é fácil confundi-la. Em
uma primeira análise, pode parecer que a oração subordinada está
completando o sentido do nome (adjetivo) “possível”, mas isso não
está correto!
Vamos substituir a oração subordinada pelo pronome “ISSO”, como
aconselhei no início da aula, para facilitar a descoberta da função
sintática:

É possível isso (...).

Agora, vamos colocar a frase na ordem direta (SUJEITO + VERBO +


COMPLEMENTO):

Isso é possível (...).

Observe que o “ISSO” está exercendo função de sujeito da oração, e


não completando o sentido do adjetivo “possível”. Assim, também a
oração estará exercendo função de sujeito, motivo pelo qual será
denominada de oração subordinada substantiva subjetiva:

É possível que associe a figura do pai (...).


O. PRINCIPAL O. SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA

A afirmativa do enunciado está, portanto, errada.


GABARITO: ERRADO

Questão 09 – (FGV) Fiscal de Rendas – SEFAZ-RJ/2009


(Adaptada)

Freud, o peixeiro e os excluídos


Há anos compro peixe na mesma feira com o mesmo peixeiro. Disse a
ele outro dia: Quando crescer, quero ser peixeiro. Devolveu a
provocação: “Boa escolha, professor. É a profissão do id.” Fiquei uma
semana intrigado. Enfim, um peixeiro freudiano no Rio de Janeiro! Um
analista excêntrico que tem por hobby limpar escamas! Na feira

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seguinte, perguntei: Ok, peixeiro é a profissão do id. Mas como
assim? “O professor não conhece a Bíblia? Cristo precisava de
apóstolos, chamou os pescadores e disse: Ide e pregai o evangelho a
toda criatura!”.
Um sujeito bem intencionado quer dizer uma coisa, o freguês entende
outra. Quando dizemos “direitos humanos”, por exemplo, o que
entendem os peixeiros, torneiros mecânicos, políticos profissionais,
investigadores de polícia, personal trainings e membros de outras
profissões? Não sabemos, mas deveríamos.
A luta social não acontece só na “política” – partidos, parlamentos,
sindicatos etc. Acontece também no interior da linguagem. Os
desentendimentos por causa das palavras são, às vezes,
desentendimentos sociais.
Não se sabe, por exemplo, quem inventou a palavra “excluídos” para
designar pobres. Os movimentos sociais incorporaram a palavrinha
sem refletir. A criança que não tem escola – está “excluída” da escola.
O trabalhador que não tem emprego – está “excluído” do emprego. A
palavra designa um fato real, mas o que quer dizer? Que a sociedade
tem um lado de dentro e outro de fora. Como se fosse um trem
correndo pela Baixada Fluminense (digamos): nós que estamos
dentro olhamos pela janela e vemos as casas e pessoas que estão de
fora.
Acontece que a sociedade não é um trem que corre pela Baixada. A
sociedade é o trem e as pessoas que vemos pela janela do trem. A
sociedade não tem lado de fora. O que está fora da sociedade
seria desumano, pois ela nada mais é que a relação entre os
humanos. Não formamos sociedade com os cães, os mosquitos, os
micos-leões-dourados. A única possibilidade de um ser humano ser
excluído dela é deixar de ser humano. Até mesmo a nossa relação
com a natureza e os bichos se faz por meio da sociedade.
O leitor já viu onde quero chegar. Chamar alguém de “excluído” é lhe
retirar a condição de humano. Ora, os movimentos sociais, que lutam
para estender os direitos humanos a todas as pessoas, querem
precisamente o contrário: querem humanizar ricos e pobres, negros e
brancos, homens de bem e criminosos, bonitos e feios. Como é então
que usam, e abusam, da palavra “excluídos”? Como é que admitem
que a sociedade tem um lado de dentro (onde estão os incluídos) e
um lado de fora (onde estão os “excluídos”)? Como é que se deixam
enredar por esse pântano de palavras, a ponto de negar com a boca o
que fazem com o coração?
Alguém os enredou. Quem foi? Talvez o Polvo de Vieira. “O polvo,
escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e
roubo que faz é a luz, para que não se distinga as cores”. Não é
inocente chamar os explorados de nossa sociedade de “excluídos”.

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Primeiro, porque, sutilmente, se está negando aos pobres a
humanidade que os outros teriam. Segundo porque se está
desvinculando a pobreza (“exclusão”) da riqueza (“inclusão”). Por
esse modo de pensar, aparentemente inocente, os ricos nada têm a
ver com os pobres. Estes são problema do governo, “que devia dar
escola, saúde e segurança aos excluídos” e dos políticos “que só
sabem roubar”.
Temos até hoje feira de trabalhadores: centenas de homens fortes
acocorados esperando o “gato” selecionar os que vão trabalhar. O
salário obedece à lei da oferta e procura: sobe se os acocorados
forem poucos, desce se forem muitos.
Como lidar com o número crescente de pessoas que nascem, vivem e
morrem sem trabalho? O Brasil inventou várias “soluções” para esse
problema do desenvolvimento. Uma delas foi o padrão popular de
acumulação: o Se Virar. Os que se viram não estão excluídos de
nada. Pertencem a um padrão de acumulação que compete há cem
anos com o padrão capitalista.
Na minha feira, há muitos vendedores de limão. Alguns vendem
outras coisas. São “excluídos”? Produzem maisvalia como qualquer
outro proletário. Desejam roupas, tênis, bailes, prestígio, mulheres de
revista, adrenalina, alucinação. Têm desejos e compram a sua
satisfação possuindo a imagem (ou a simulação) dos objetos do
desejo. Se tiverem competência e sorte, se tornarão vendedores de
objetos (como limão) ou de sensações (como cocaína). Alguns
abraçarão a profissão do Ide. De um jeito ou de outro, todos estão
incluídos.

(Adaptação do texto de SANTOS, Joel Rufino dos. Jornal do Brasil, domingo,


11/03/2001.)

“A sociedade não tem lado de fora. O que está fora da


sociedade seria desumano, pois ela nada mais é que a relação
entre os humanos”. (em negrito no texto). A respeito do uso
do vocábulo “pois” no fragmento acima, pode-se afirmar que
se trata de:

a) uma conjunção subordinativa que estabelece conexão entre as


orações introduzindo valor de explicação.
b) uma preposição que estabelece conexão entre períodos
coordenativos introduzindo valor de consequência.
c) uma conjunção coordenativa que estabelece conexão entre as
orações introduzindo valor de alternância.
d) um pronome relativo que introduz a oração relativa explicativa,
retomando a expressão sociedade.

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e) uma conjunção coordenativa que estabelece conexão entre as
orações introduzindo valor de explicação.

Comentários
A questão pede que analisemos a função do vocábulo “POIS” no
seguinte período:

O que está fora da sociedade seria desumano, pois ela nada mais é
que a relação entre os humanos.

Para respondê-la, teremos que retomar alguns conceitos aprendidos,


a exemplo da diferença entre subordinação e coordenação.
As orações subordinadas dependem sintaticamente uma da
outra. Por sua vez, as coordenadas NÃO possuem dependência
sintática.
Observe que as orações sobrevivem quando isoladas, ao menos com
relação ao aspecto sintático:

O que está fora da sociedade seria desumano.


A sociedade nada mais é que a relação entre os humanos.

No período composto, no entanto, as orações estão unidas pela


conjunção “POIS” (as palavras que unem orações coordenadas são
chamadas de conjunções coordenativas), a qual estabelece uma
relação semântica (de explicação) entre elas.
Correta é, portanto, a alternativa “E”.
GABARITO: E

Questão 10 – (CESPE) Analista Legislativo – AL-CE/2011

Os telejornais, de grande audiência em todas as camadas da


população, nem sempre dedicam espaço à política. Nos jornais
impressos de circulação nacional — considerados os principais
divulgadores da atividade legislativa e dos fatos de natureza política
—, o noticiário, naturalmente, não abrange todas as atividades de
plenário, das comissões e muito menos dos parlamentares
individualmente. O espaço dedicado aos assuntos políticos nos meios
de comunicação é insuficiente para dar ampla cobertura e adequada
divulgação às atividades do Congresso. Jornalistas políticos de

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destaque, como o veterano Villas Boas Corrêa, já se manifestaram de
maneira incisiva a respeito: “Acho que a imprensa merece seus
puxões de orelha porque não faz nenhum esforço para cobrir aquilo
que ainda remanesce de importante no Congresso, como, por
exemplo, o trabalho das comissões...”, disse o jornalista, em
depoimento ao Centro de Pesquisas e Documentação da Fundação
Getúlio Vargas, em 1995.
Sérgio Chacon. Congresso, imprensa e opinião pública:
o caso da CPMI dos Sanguessugas, 2008.
Internet:<www.bd.camara.gov.br> (com adaptações)

Julgue o item seguinte, relativo à sintaxe e aos elementos


estruturais do texto acima.

Considerando-se a sintaxe do período, é correto afirmar que, na


construção sintática do período “Acho que a imprensa merece seus
puxões de orelha porque não faz nenhum esforço para cobrir aquilo
que ainda remanesce de importante no Congresso” (sublinhado no
texto), predomina a subordinação.

Comentários
Para responder a esta questão, vamos analisar o período destacado:

(1)Acho (2)que a imprensa merece seus puxões de orelha


(3)porque não faz nenhum esforço (4)para cobrir aquilo (5)que
ainda remanesce de importante no Congresso.

Há, no trecho acima, cinco orações, destacadas e enumeradas.


A primeira oração funciona como (1) oração principal com relação
à oração seguinte, classificada como (2) oração subordinada
substantiva objetiva direta, uma vez que completa o sentido do
verbo transitivo direto “achar”.
A terceira oração, por sua vez, encontra-se subordinada à segunda
oração. Trata-se de uma (3) oração subordinada adverbial
causal. Aprendemos, na aula de hoje, a distinguir as orações
coordenadas explicativas das orações subordinadas adverbiais
causais. Enquanto as coordenadas explicativas costumam suceder
uma oração imperativa para justificar uma ordem dada, as
subordinadas adverbiais causais indicam a causa que motivou a
oração à qual se subordina.
A quarta oração completa o sentido do nome “esforço” (substantivo)
e é, por isso, uma (4) oração subordinada substantiva
completiva nominal.

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Por fim, temos uma (5) oração subordinada adjetiva restritiva,
uma vez que está particularizando o significado do pronome
substantivo “aquilo”.
Está correta, portanto, a afirmativa do enunciado, pois predomina a
subordinação na composição do período destacado.
GABARITO: CERTO

Questão 11 – (FGV) Analista Judiciário – TRE-PA/2011


(Adaptada)

É importante desmistificar a ideia de que política é uma sujeira só e


sem utilidade.

Em relação ao período acima, analise as afirmativas a seguir:

I. É possível deslocar o vocábulo só para antes do verbo sem provocar


alteração de sentido.

II. Há uma oração subjetiva.

III. Há uma oração completiva nominal.

Assinale:

a) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.


b) se nenhuma afirmativa estiver correta.
c) se todas as afirmativas estiverem corretas.
d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

Comentários
Para analisar a primeira afirmação, vamos simular a alteração por ela
proposta, qual seja, o deslocamento do vocábulo “SÓ” para
antes do verbo.

É importante desmistificar a ideia de que política só é uma sujeira e


sem utilidade.

Observe que houve alteração do sentido, com relação ao período


original. Ao ser colocado antes do verbo, o vocábulo “só” adquire

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sentido de “apenas”, ou seja, funciona com advérbio, e restringe a
amplitude do verbo que o sucede. Por outro lado, na posição original
(“uma sujeira só”), o vocábulo funciona como adjetivo, ao
intensificar o sentido do substantivo “sujeira”.
A afirmativa está, portanto, incorreta.

Corretas estão, por outro lado, as afirmativas II e III. Observe:

É importante desmistificar a ideia...


É importante que se desmistifique a ideia...
Isso é importante...

Trata-se de uma oração subordinada substantiva subjetiva (pois


exerce a função de sujeito da oração principal) reduzida de
infinitivo (o verbo no infinitivo, com omissão da conjunção).
Agora, observe a oração seguinte:

... a ideia de que política é uma sujeira só e sem utilidade.

Trata-se de uma oração subordinada substantiva completiva


nominal, uma vez que completa o sentido do nome (substantivo)
“ideia”.
GABARITO: A

Questão 12 – (CESPE) Professor Língua Portuguesa – SEDUC-


AM/2011
(Adaptada)

Período 1 - À medida que os meses passavam, foi tomando horror à


expressão “funcionário público aposentado”, que lhe cheirava a
atestado de óbito.
Período 2 - Não conhecia futebol nem equitação, não sabia jogar
baralho, não guardava nomes de artistas de cinema, ignorava os
escândalos da sociedade.
Período 3 - Parecia-lhe que zombavam dele.

Aníbal Machado. Viagem aos seios de Duília. In: Os cem melhores contos
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, p. 111 (com adaptações).

Com referência à sintaxe dos períodos acima enumerados,


julgue o item que se segue.

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No período 3, o período é constituído de duas orações, exercendo a


segunda oração — “que zombavam dele” — a função sintática de
sujeito da primeira.

Comentários
A questão pede que se avalie a função sintática da segunda oração
no período abaixo:

Parecia-lhe que zombavam dele.

Para facilitar a análise, aconselho você a substituir a oração pelo


pronome “ISSO”. Veja:

Parecia-lhe isso.
Isso lhe parecia.

Agora, fica mais fácil perceber que a oração exerce função sintática de
sujeito. Trata-se da oração subordinada substantiva subjetiva,
também denominada sujeito oracional.
Está correta, portanto, a afirmativa do enunciado.
GABARITO: CERTO
Refazer

Questão 13 – (FCC) Analista Judiciário – TRF 3ª Região/2014


(Adaptada)

A guerra dos dez anos começou quando um fazendeiro cubano, Carlos


Manuel de Céspedes, e duzentos homens mal armados tomaram a
cidade de Santiago e proclamaram a independência do país em
relação à metrópole espanhola. Mas a Espanha reagiu. Quatro anos
depois, Céspedes foi deposto por um tribunal cubano e, em março de
1874, foi capturado e fuzilado por soldados espanhóis.
Entrementes, ansioso por derrubar medidas espanholas de restrição
ao comércio, o governo americano apoiara abertamente os
revolucionários e Nova York, Nova Orleans e Key West tinham aberto
seus portos a milhares de cubanos em fuga. Em poucos anos Key
West transformou-se de uma pequena vila de pescadores numa
importante comunidade produtora de charutos. Despontava a nova
capital mundial do Havana.
Os trabalhadores que imigraram para os Estados Unidos levaram com
eles a instituição do “lector”. Uma ilustração da revista Practical

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Magazine mostra um desses leitores sentado de pernas cruzadas,
óculos e chapéu de abas largas, um livro nas mãos, enquanto uma
fileira de trabalhadores enrolam charutos com o que parece ser uma
atenção enlevada.
O material dessas leituras em voz alta, decidido de antemão pelos
operários (que pagavam o “lector” do próprio salário), ia de histórias
e tratados políticos a romances e coleções de poesia. Tinham seus
prediletos: O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, por
exemplo, tornou-se uma escolha tão popular que um grupo de
trabalhadores escreveu ao autor pouco antes da morte dele, em
1870, pedindo-lhe que cedesse o nome de seu herói para um charuto;
Dumas consentiu.
Segundo Mário Sanchez, um pintor de Key West, as leituras decorriam
em silêncio concentrado e não eram permitidos comentários ou
questões antes do final da sessão.
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura.
Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo, Cia das Letras, 1996, p. 134-136)

Julgue o item a seguir:

Em pedindo-lhe que cedesse o nome de seu herói... (4o parágrafo), o


elemento destacado é um pronome.

Comentários
Já aprendemos que a palavra “QUE” pode exercer diversas funções
na Língua Portuguesa. Mais adiante, no final do nosso curso, teremos
um esquema específico com os diversos usos do “que”. Nossos
conhecimentos até o momento, contudo, permitem responder a esta
questão sem maiores dificuldades.
O “QUE” sublinhado no período do enunciado está iniciando uma
oração subordinada substantiva objetiva direta, motivo pelo
qual se trata de conjunção integrante, e não pronome. Já
aprendemos que as conjunções integrantes são aquelas que iniciam
as orações subordinadas substantivas.
Errada está, portanto, a afirmativa.
GABARITO: ERRADO

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Questão 14 – (CESPE) Oficial de Controle Externo – TCE-


RS/2013
(Adaptada)

A impunidade de políticos não decorre de foro privilegiado, mas de


justiça ineficiente. Abolir o referido mecanismo produzirá efeitos
desfavoráveis. É compreensível a confusão. A designação mais
conhecida, “foro privilegiado”, sem dúvida, sugere a existência de
condenável regalia. Não é estranho, portanto, que o Congresso tenha
incluído em sua agenda positiva um esforço para eliminar essa
prerrogativa constitucional. Os parlamentares estariam, com isso,
oferecendo o seu quinhão para o combate à impunidade que
tradicionalmente beneficia políticos de todos os matizes.
Entretanto, há dois equívocos nesse raciocínio. O primeiro é imaginar
que o foro especial — assegurado a autoridades como o presidente da
República, governadores, prefeitos, congressistas e ministros de
Estado — seja responsável pela ausência de punições na esfera
jurídica. As numerosas instâncias da justiça comum favorecem a
interposição de recursos, o que atrasa a caminhada processual e
contribui para a impunidade. O segundo equívoco do raciocínio é
imaginar que a prerrogativa de foro constitua, de fato, um privilégio.
De um lado, porque não há benefício na supressão de um ou de todos
os graus de jurisdição. De outro, porque o mecanismo busca
assegurar um julgamento imparcial — em proveito não só do réu, mas
também da sociedade.
Em tese, tribunais superiores estão mais protegidos contra as
pressões que governantes e legisladores podem tentar exercer em
favor da absolvição, assim como são menos suscetíveis à litigância
meramente persecutória.
Folha de S.Paulo, 11/7/2013 (com adaptações)

Em relação ao texto acima, julgue o item que se segue.

O trecho “que tradicionalmente beneficia políticos de todos os


matizes” (sublinhado no texto) é empregado, no texto, com sentido
restritivo.

Comentários
Esta questão trata de orações subordinadas adjetivas. Observe
que o comando não usa a denominação “oração subordinada adjetiva
restritiva”. Em vez disso, ele usa o seguinte: “emprego de trecho com

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sentido restritivo”. Entretanto, nós sabemos que as adjetivas
restritivas são aquelas orações que particularizam e restringem o
sentido do termo a que se referem.
Você deve ter cuidado com esse tipo de enunciado, bastante
comum em provas, principalmente as da banca CESPE. Outra
expressão bastante usada por essa banca é: “o trecho (ou a
oração) tem natureza sintática restritiva.”
Temos que analisar a seguinte oração adjetiva: “que tradicionalmente
beneficia políticos de todos os matizes”. Essa oração se refere ao
termo anteriormente mencionado “impunidade”.
Perceba que o autor do texto realmente restringiu o sentido do
termo “impunidade”, ou seja, ele quis mostrar que não se
referiu a toda e qualquer impunidade. Na verdade, ele se referiu
somente à impunidade “que tradicionalmente beneficia políticos de
todos os matizes”.
Não deixe de observar que a oração adjetiva “que tradicionalmente
beneficia políticos de todos os matizes” está conectada ao substantivo
“impunidade” sem o uso de vírgula.
Dessa forma, concluímos que a questão está correta.
Gabarito: CERTO

Questão 15 – (FCC) Defensor Público – DPE-RS/2011


(Adaptada)

Após 24 anos, DNA em pontas de cigarro desvendam


assassinato
Um policial aposentado ajudou a desvendar um antigo caso de
assassinato que o havia atormentado por toda sua carreira graças a
pontas de cigarro guardadas por 24 anos.
O detetive Tom Goodwin não conseguiu encontrar os responsáveis
pelo homicídio de Samuel Quentzel em 1986, quando ele foi morto a
tiros dentro de seu carro em frente a sua casa, em Long Island, Nova
York. Mas Goodwin insistiu que fossem guardadas quatro pontas de
cigarro encontradas durante a investigação do crime, esperando que
algum dia elas pudessem identificar os assassinos.
Mais de 20 anos depois, graças aos avanços na tecnologia de
identificação de DNA e à expansão dos bancos de dados com
informações genéticas de criminosos, foi possível identificar os
homens responsáveis pelo crime. Lewis Slaughter, 61 anos, foi
condenado por assassinato em segundo grau e será sentenciado em
dezembro.

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Ele pode receber pena de 25 anos a prisão perpétua pela morte de
Quentzel, que era casado e pai de três filhos. Slaughter, que tem uma
longa ficha criminal, já está preso por outro assassinato também
ocorrido em 1986.
"Eu nunca parei de pensar sobre isso", disse Goodwin, que se
aposentou da polícia em 2000, ao New York Daily News. "Sempre que
investigava um caso no Brooklyn ou em Queens, eu checava se uma
arma .380 tinha sido usada, esperando encontrar uma ligação. Nunca
deu certo".
Na entrada de casa
Realizado mais de 20 anos após o crime, o julgamento, em um
tribunal em Long Island, estabeleceu que no dia 4 de setembro de
1986 Slaughter e seu cúmplice Clifton Waters se aproximaram de
Quentzel, que estava em seu carro, logo após voltar do trabalho em
sua loja de materiais de encanamento no Brooklyn.
...
DNA
A retomada do caso resultou de uma iniciativa da viúva e um filho de
Quentzel, que, em maio de 2007, contataram a promotoria pública
pedindo uma nova investigação sobre a morte de Samuel.
A resolução do crime só foi possível graças à ampliação do banco de
dados de DNA, que passou a exigir amostras de todos os condenados
por crimes após 2006, mas que também valia retroativamente para os
que estivessem presos ou em liberdade condicional na época.
Foi assim que o Departamento de Justiça Criminal de Nova York ligou
Roger Williams a uma ponta de cigarro encontrada na van mais de 20
anos antes.
...
"A família Quentzel perseverou por mais de 24 anos com esperança
de ver os assassinos de Samuel Quentzel enfrentarem a Justiça e esse
dia finalmente chegou", disse a promotora pública no caso, Kathleen
Rice. "Eu não poderia estar mais orgulhosa dos integrantes de meu
gabinete e do departamento de polícia, que nunca desistiram de seu
comprometimento em prender os homens responsáveis por esse
crime terrível".
(http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4792431-EI8
141,00-Apos+anos+DNA+em+pontas+de+cigarro+desvendam
+assassinato.html; 15/11/2010, 09h49 • atualizado às 11h04)

Assinale a alternativa em que a oração NÃO é subordinada


adjetiva explicativa.

a) Na passagem Quentzel, que era casado... (sublinhado no texto).

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b) Na passagem Slaughter, que tem uma longa ficha criminal


(sublinhado no texto).

c) Na passagem Goodwin, que se aposentou da polícia (sublinhado no


texto).

d) Na passagem Quentzel, que estava em seu carro (sublinhado no


texto).

e) Na passagem homicídio de Samuel Quentzel em 1986, quando ele


foi morto a tiros (sublinhado no texto).

Comentários
Esta questão trata de orações subordinadas adjetivas. Observe
que o enunciado pede para você marcar a alternativa que NÃO
apresenta uma oração subordinada adjetiva explicativa, ou
seja, uma exceção. Você deve tomar cuidado com esse tipo de
enunciado, bastante comum em provas da banca FCC.
Vamos rever esse assunto?
As orações subordinadas adjetivas exercem a função de
adjetivo ou locução adjetiva e se referem a substantivo ou
pronome da oração principal ou anterior. Assim, elas exercem a
função sintática de adjunto adnominal de um substantivo ou pronome
antecedente. Esse tipo de oração é sempre introduzido por pronomes
relativos, tais como: eu, quem, onde, quanto, o qual, cujo, etc.
As orações adjetivas se dividem em restritivas e explicativas. A
oração subordinada adjetiva restritiva restringe e particulariza
o significado do termo a que se refere (substantivo ou
pronome substantivo). Essa oração é responsável por expressar
uma informação que se refere apenas a uma parte do todo e não ao
todo. Uma outra característica importante é que a oração restritiva é
indispensável à compreensão do termo antecedente, ao qual se liga
sem pausa, ou seja, sem vírgula (ou outro sinal de pontuação). Dessa
forma, se essas orações forem retiradas do trecho textual, este ficará
prejudicado no seu sentido geral.
Por sua vez, a oração subordinada adjetiva explicativa explica e
amplia o significado do termo a que se refere (substantivo ou
pronome substantivo). Na maior parte das vezes, esse substantivo
ou pronome substantivo designa um ser único, um ser individualizado.
Outra característica importante é que a oração explicativa é
dispensável à compreensão do termo antecedente, ao qual se liga
com pausa, ou seja, com vírgula (ou outro sinal de pontuação). Dessa
forma, se essas orações forem retiradas do trecho textual, este não

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ficará prejudicado no seu sentido geral. A oração adjetiva explicativa
possui valor semelhante a um aposto explicativo.
Vamos, agora, examinar as alternativas.

Alternativa a. Na passagem Quentzel, que era casado...


Ele pode receber pena de 25 anos a prisão perpétua pela morte de Quentzel,
que era casado e pai de três filhos.
Observe, no trecho acima, que a oração “que era casado e pai de três
filhos” explica o substantivo próprio “Quentzel” (um ser único,
individualizado). Perceba, também, que essa oração funciona tal como
um aposto explicativo. Por último, não deixe de verificar a presença
de sinal de pontuação (vírgula) antes de se iniciar a oração
subordinada adjetiva explicativa.

Alternativa b. Na passagem Slaughter, que tem uma longa ficha criminal


Slaughter, que tem uma longa ficha criminal, já está preso por outro
assassinato também ocorrido em 1986.
Observe, no trecho acima, que a oração “que tem uma longa ficha
criminal” explica o substantivo próprio “Slaughter” (um ser único,
individualizado). Perceba, também, que essa oração funciona como
um aposto explicativo. Por último, não deixe de verificar a colocação
de vírgulas para isolar a oração subordinada adjetiva explicativa.

Alternativa c. Na passagem Goodwin, que se aposentou da polícia


"Eu nunca parei de pensar sobre isso", disse Goodwin, que se aposentou da
polícia em 2000, ao New York Daily News.
Observe, no trecho acima, que a oração “que se aposentou da polícia
em 2000” explica o substantivo próprio “Goodwin” (um ser único,
individualizado). Perceba, também, que essa oração funciona como
um aposto explicativo. Por último, não deixe de verificar a colocação
de vírgulas para isolar a oração subordinada adjetiva explicativa.

Alternativa d. Na passagem Quentzel, que estava em seu carro


... Slaughter e seu cúmplice Clifton Waters se aproximaram de Quentzel,
que estava em seu carro, logo após voltar do trabalho em sua loja de
materiais de encanamento no Brooklyn.
Observe, no trecho acima, que a oração “que estava em seu carro”
explica o substantivo próprio “Quentzel” (um ser único,
individualizado). Perceba, também, que essa oração funciona tal como
um aposto explicativo. Por último, não deixe de verificar a colocação
de vírgulas para isolar a oração subordinada adjetiva explicativa.

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Alternativa e. Na passagem homicídio de Samuel Quentzel em 1986,


quando ele foi morto a tiros
O detetive Tom Goodwin não conseguiu encontrar os responsáveis pelo
homicídio de Samuel Quentzel em 1986, quando ele foi morto a tiros dentro
de seu carro em frente a sua casa, em Long Island, Nova York.
Observe que a oração “quando ele foi morto a tiros dentro de seu
carro em frente a sua casa” não é uma oração subordinada adjetiva.
Vimos que o vocábulo “quando” terá função de pronome relativo se
retomar um termo que indique, sintática e semanticamente, a ideia
de tempo. Nesse caso, poderá ser substituído por “em que”. Aqui,
nesta alternativa, isso não ocorre.
A oração “quando ele foi morto a tiros dentro de seu carro em
frente a sua casa” é, na verdade, uma oração subordinada
adverbial temporal. Note que ela está isolada por vírgulas, pois está
deslocada. Nesta alternativa, o “que” é uma conjunção. Nas outras
alternativas, o “que” é um pronome relativo.
GABARITO: E

X’

Questão 16 – (FGV) Assessor Técnico – Informática –


Administrador de Banco de Dados – DETRAN-RN/2010
(Adaptada)

“A vida é cheia de tais convivas, e eu sou acaso um deles, conquanto


a prova de ter a memória fraca seja exatamente não me acudir agora
o nome de tal antigo; mas era um antigo e basta.”

A oração sublinhada traz uma ideia de:

a) Causa

b) Consequência

c) Condição

d) Conformidade

e) Concessão

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Comentários
Esta questão trata de orações subordinadas adverbiais. Observe
que o comando não usa a nomenclatura “oração adverbial”. Ele
apenas apresenta a expressão “traz uma ideia de”.
Você deve ter cuidado com esse tipo de enunciado, bastante
comum em provas. Note que não é preciso memorizar as
nomenclaturas e conjunções, e sim entender e compreender o
sentido e a função das orações e conjunções.
Temos que analisar a seguinte oração: “conquanto a prova de ter a
memória fraca”.
Observe que a conjunção “conquanto” expressa uma concessão e
inicia orações subordinadas adverbiais concessivas.
A oração subordinada adverbial concessiva indica um possível
obstáculo que poderia impedir a realização do fato que a oração
principal apresenta, mas que não foi suficiente para obstá-lo.
Expressa, portanto, uma concessão.
Dessa forma, verificamos que a resposta é a alternativa E.
GABARITO: E

Questão 17 – (FGV) Investigador da Polícia Civil – SSP-


RJ/2008

Sonhos Sonhos São

Negras nuvens
Mordes meu ombro em plena turbulência
Aeromoça nervosa pede calma
Aliso teus seios e toco
Exaltado coração
Então despes a luva para eu ler-te a mão
E não tem linhas tua palma

Sei que é sonho


Incomodado estou, num corpo estranho
Com governantes da América Latina
Notando meu olhar ardente
Em longínqua direção
Julgam todos que avisto alguma salvação
Mas não, é a ti que vejo na colina

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Qual esquina dobrei às cegas


E caí no Cairo, ou Lima, ou Calcutá
Que língua é essa em que despejo pragas
E a muralha ecoa

Em Lisboa
Faz algazarra a malta em meu castelo
Pálidos economistas pedem calma
Conduzo tua lisa mão
Por uma escada espiral
E no alto da torre exibo-te o varal
Onde balança ao léu minh'alma

Em Macau, Maputo, Meca, Bogotá


Que sonho é esse de que não se sai
E em que se vai trocando as pernas
E se cai e se levanta noutro sonho

Sei que é sonho


Não porque da varanda atiro pérolas
E a legião de famintos se engalfinha
Não porque voa nosso jato
Roçando catedrais
Mas porque na verdade não me queres mais
Aliás, nunca na vida foste minha
(Chico Buarque)

Mas não, é a ti que vejo na colina (verso 14)

Assinale a alternativa em que esteja corretamente classificada


a palavra destacada no verso acima.

a) conjunção integrante
b) parte de expressão expletiva
c) pronome relativo
d) conjunção subordinativa
e) pronome indefinido

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Comentários
Nesta questão, a banca FGV questiona qual a correta classificação da
palavra “que” no “verso 14”. Cuidado, as bancas examinadoras
“adoram” cobrar o uso do “que” e do “se”.
Sabemos que a palavra “que” pode exercer diversas funções
na Língua Portuguesa. Isso mostra para você como é
importante estudar com atenção essa “palavrinha
complicada”.
Verificamos a existência de expressão de realce (ou partículas
expletivas) em “Mas não, é a ti que vejo na colina”. A expressão é
formada por “é + que”. ("que" - parte de expressão expletiva)
Para termos certeza disso, sugiro que você retire a expressão do
verso. Veja como fica: “Mas não, a ti vejo na colina”. Após fazer isso,
note que o trecho continua íntegro, sem qualquer alteração de sentido
ou significação. Além disso, não houve prejuízo na parte gramatical. A
única mudança apresentada é a supressão da ênfase dada pela
expressão expletiva.
Dessa forma, verificamos que a resposta é a alternativa B.
GABARITO: B

Questão 18 – (FGV) Analista de Controle Interno (Obras


Públicas) – SAD-PE/2008
(Adaptada)

“A flexibilidade era muito baixa e os profissionais funcionavam como


que em uma grande máquina, cuja velocidade de trabalho era ditada
de cima para baixo.”

Assinale a alternativa que indique corretamente a relação


semântica estabelecida pela expressão como que no fragmento
acima:

a) comparação
b) consequência
c) adversidade
d) concessão
e) conclusão

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Comentários
Esta questão trata de orações subordinadas adverbiais. Observe
que o comando não usa a nomenclatura “oração adverbial”. Ele
apenas apresenta o seguinte: “indique corretamente a relação
semântica estabelecida pela expressão como que”.
Você deve ter cuidado com esse tipo de enunciado, bastante
comum em provas. Note que não é preciso memorizar as
nomenclaturas e conjunções, e sim entender e compreender o
sentido e a função das orações e conjunções.
Temos que analisar o seguinte trecho: “A flexibilidade era muito baixa e
os profissionais funcionavam como que em uma grande máquina”.
Observe que a expressão “como que” expressa uma comparação e
inicia orações subordinadas adverbiais comparativas.
A oração subordinada adverbial comparativa expressa um
processo de comparação entre dois elementos. Assim, um elemento
faz parte da oração principal e outro faz parte da oração subordinada.
Por último, não deixe de perceber que a palavra “que” em “como que”
pode ser retirada da frase porque constitui uma partícula expletiva.
Assim, sua retirada em nada prejudica a estrutura textual ou a
mensagem expressa.
Dessa forma, verificamos que a resposta é a alternativa A.
GABARITO: A

Questão 19 – (FCC) Técnico Judiciário – Área Administrativa –


TJ-PI/2009
(Adaptada)

(...)

Devemos comemorar a maioridade do Código ao constatar que a


sociedade brasileira conta com mecanismos jurídicos adequados para
a defesa de seus direitos. No entanto, ainda há muito o que fazer para
que se tenha um mercado de consumo de qualidade, justo e
equilibrado.

(...)

(Maria Stella Gregori. O Estado de S. Paulo, B2 Economia, 6 de junho de


2009, com adaptações)

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... ao constatar que a sociedade brasileira conta com mecanismos
jurídicos adequados para a defesa de seus direitos.

A oração grifada acima denota no período noção de:

a) restrição
b) condição
c) consequência
d) finalidade
e) temporalidade

Comentários
Esta questão trata de orações reduzidas. Note que o enunciado não
usa a nomenclatura “orações reduzidas”. Ele apenas solicita que o
candidato indique a noção expressa pela oração grifada na sentença
apresentada.
Você deve ter cuidado com esse tipo de enunciado, bastante
comum em provas. Assim, perceba que não é preciso
memorizar detalhadamente as classificações dadas às orações.
O mais importante é você entender o que a oração transmite,
ou seja, sua significação. Também, é fundamental saber
identificar o sentido da oração no contexto do trecho textual
em que ela se insere. Isso serve tanto para as orações
reduzidas quanto para as desenvolvidas.
Na parte teórica da aula, vimos que a oração reduzida é aquela
subordinada que apresenta o verbo reduzido em uma das
formas nominais: gerúndio, particípio ou infinitivo. A oração
reduzida não é introduzida por conjunção nem pronome relativo.
Nesta questão, temos um exemplo de oração reduzida de infinitivo:
“ao constatar”.

Vamos analisar o que o enunciado propõe?


... ao constatar que a sociedade brasileira conta com mecanismos jurídicos
adequados para a defesa de seus direitos.
Se desenvolvermos a oração “ao constatar”, teremos: “quando
constatarmos”.
Observe, assim, a presença da conjunção “quando” e uma
nítida noção de temporalidade.
Estudamos, também, na parte teórica que, às vezes, ocorre uma
preposição antes da forma nominal do verbo (infinitivo

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principalmente) em algumas orações reduzidas. Isso origina relações
semânticas bem específicas e de fácil identificação. Assim, temos:
“por” + “infinitivo” = expressa causa;
“para” + “infinitivo” = expressa finalidade;
“a” + “infinitivo” = expressa condição;
“ao” + “infinitivo” = expressa tempo;
Dessa forma, verificamos que a resposta é a alternativa E.
GABARITO: E

Questão 20 – (FCC) Técnico Judiciário – Área Administrativa –


TRT – 18ª Região (GO)/2008
(Adaptada)

(...)

O problema comprovado e imediato causado pelas embalagens de


água é o espaço que elas ocupam ao serem descartadas. Como
demoram pelo menos cem anos para degradar, elas fazem com que o
volume de lixo no planeta cresça exponencialmente.

(...)

(Adaptado de Rafael Corrêa e Vanessa Vieira. Veja. 28 de novembro de


2007, p. 104-105)

... é o espaço que elas ocupam ao serem descartadas.

O segmento grifado acima denota no período:

a) tempo
b) ressalva
c) conclusão
d) condição
e) finalidade

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Comentários
Esta questão trata de orações reduzidas. Note que o enunciado não
usa a nomenclatura “orações reduzidas”. Ele apenas solicita que o
candidato indique o que o “segmento grifado acima denota no
período”.
Você deve ter cuidado com esse tipo de enunciado, bastante
comum em provas. Assim, perceba que não é preciso
memorizar detalhadamente as classificações dadas às orações.
O mais importante é você entender o que a oração transmite,
ou seja, sua significação. Também, é fundamental saber
identificar o sentido da oração no contexto do trecho textual
em que ela se insere. Isso serve tanto para as orações
reduzidas quanto para as desenvolvidas.
Esta questão é mais um exemplo que demonstra o tipo de cobrança
das bancas acerca de orações reduzidas de infinitivo
Na parte teórica da aula, vimos que a oração reduzida é aquela
subordinada que apresenta o verbo reduzido em uma das
formas nominais: gerúndio, particípio ou infinitivo. A oração
reduzida não é introduzida por conjunção nem pronome relativo.
Nesta questão, temos um exemplo de oração reduzida de infinitivo:
“ao constatar”.
Vamos analisar o que o enunciado propõe?
... é o espaço que elas ocupam ao serem descartadas.
Se desenvolvermos a oração “ao serem descartadas”, teremos:
“quando são descartadas”.
Observe, assim, a presença da conjunção “quando” e uma
nítida noção de temporalidade.
Estudamos, também, na parte teórica que, às vezes, ocorre uma
preposição antes da forma nominal do verbo (infinitivo
principalmente) em algumas orações reduzidas. Isso origina relações
semânticas bem específicas e de fácil identificação. Assim, temos:
“por” + “infinitivo” = expressa causa;
“para” + “infinitivo” = expressa finalidade;
“a” + “infinitivo” = expressa condição;
“ao” + “infinitivo” = expressa tempo;
Dessa maneira, verificamos que a resposta é a alternativa A.
GABARITO: A

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Assim, encerramos nossa Aula 06. Espero que tenha aproveitado a


aula e aprendido um assunto tão importante para as provas de
concurso. Acredite, é certo que haverá uma ou mais questões de
Sintaxe em uma prova de Língua Portuguesa de concurso público. Por
isso, volte a esta aula quantas vezes for necessário para ter certeza
de que o assunto está bem fixado.
Em caso de qualquer dúvida, pode me escrever.

Abraços, Ludimila.

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