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autora
IVI FURLONI
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial luis claudio dallier, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-309-7
Prefácio 7
7
todo. Além disso, mesmo em estudos sociolinguísticos, em que o uso da língua
se sobrepõe à forma, denota-se a necessidade de mostrar para o aluno as diver-
sas variantes, inclusive a norma culta.
Precisamos conhecer todos os aspectos que envolvem o estudo da lingua-
gem para, enquanto professores: a) termos mais domínio e conhecimento do
que estamos ensinando; e b) estarmos seguros do lugar que ocupamos, visto
que isso vai influenciar a forma que ensinamos.
Conhecer a norma culta da língua é fundamental para produzirmos textos
com excelência e também para ler e compreender com competência.
Bons estudos!
1
Período composto
por coordenação
– Orações
coordenadas
1. Período composto por coordenação –
Orações coordenadas
OBJETIVOS
Nesta unidade, você será capaz de:
• Reconhecer o período composto por coordenação;
• Identificar as orações coordenadas;
• Analisar as orações coordenadas e aplicá-las corretamente em textos.
10 • capítulo 1
1. Período Composto por Coordenação
Renato Petry foi o vencedor do Concurso Mente Aberta de Contos de 2007. Você
lerá um excerto do conto Restos.
A bruma já se dissipara, e o cerrado mostrava-se todo iluminado por um sol
mordente. Promessa de mais seca. Com o tempo, aprendeu a apreciar o am-
biente sinuoso; e agora até filosofava, mesmo sem saber. Quem não se entorta,
acaba quebrado. Tem de se dobrar pra continuar existindo, teve vontade de di-
zer. Preferiu calar. O momento não era de falação, mas de quietude. O menino
ia aprender como ele aprendera. Ninguém lhe disse nem lhe ensinou nada. Pai
não teve, e a mãe, coitada, só rudeza e trabalho a vida inteira. Agora, descansa-
va. O fardo ficara para ele só. [...]
ÉPOCA, 9/92007.
Na leitura desse trecho, percebe-se que o autor não teve preocupação com
períodos longos e bem estruturados; ele optou por:
a) frases nominais: “Promessa de mais seca.
b) períodos simples: “O fardo ficara para ele só.”
c) compostos por duas orações: “Quem não se entorta, acaba quebrado.”
Esses exemplos são muito comuns na linguagem típica do português
contemporâneo.
Observe o enunciado a seguir.
A bruma já se dissipara,
oração coordenada
e o cerrado mostrava-se todo iluminado por um sol mordente.
oração coordenada
capítulo 1 • 11
Além disso, as duas orações são da mesma natureza. Como elas estão com-
binadas para formar uma unidade maior, trata-se de um caso de período com-
posto. Esse tipo de combinação é chamado de coordenação. Na coordenação,
uma oração se ordena do lado da outra, sem que uma seja constituinte da outra.
E por que estudar as orações coordenadas? Veja o que o professor Ulisses
Infante diz a esse respeito.
"O estudo das orações coordenadas facilita o trabalho de quem necessita
interpretar ou produzir textos narrativos e dissertativos. As orações coordena-
das aditivas são bastante empregadas em sequências narrativas, criando diver-
sos efeitos, aumentando ou diminuindo a velocidade narrativa de acordo com
as intenções do produtor do texto. As coordenadas adversativas, conclusivas,
alternativas e explicativas são praticamente indispensáveis nos textos disser-
tativos, pois possibilitam a quem elabora o texto a adoção das mais diversas
estratégias de argumentação. As adversativas, por exemplo, permitem a quem
está redigindo ou falando a contraposição imediata de argumentos opostos.
É inegável que o país vem atravessando um período difícil, mas é igualmen-
te inegável que isso não justifica o abandono das áreas de saúde e educação.
Emprego semelhante pode ser dado às orações ligadas pelas chamadas sé-
ries aditivas enfáticas. Nesse caso, coordenam-se dois argumentos favoráveis à
mesma tese, conferindo-se ênfase ao segundo deles:
Não só se deve considerar a validade destas medidas, mas principalmente
deve-se a partir de agora passar à sua aplicação efetiva.”
12 • capítulo 1
1.1 Orações coordenadas
Nos períodos compostos por coordenação, não existe relação hierárquica entre
as orações, o que equivale dizer que não há uma oração subordinante e outra
subordinada. Portanto, a terminologia oração principal desaparece nos perío-
dos compostos por coordenação, já que, nestes, é como se as orações estives-
sem no mesmo “nível de importância” sintática.
Por isso fica mais simples a classificação das orações coordenadas.
No período analisado anteriormente, vimos que a primeira oração não é in-
troduzida por nenhuma conjunção, enquanto a outra se inicia com a conjun-
ção “e”. A primeira oração é chamada de coordenada assindética, pois não é
introduzida por nenhuma conjunção; a outra possui conjunção e, por isso, é
chamada de coordenada sindética (do grego sindethos = conjunção). Vamos
estudá-las para maior compreensão.
São aquelas cujo conectivo não vem expresso; em seu lugar aparece vírgula,
ponto e vírgula ou dois-pontos. Ex.:
capítulo 1 • 13
1.1.2 Orações coordenadas sindéticas
1.1.2.1 Aditivas
1.1.2.2 Alternativas
14 • capítulo 1
Nesse período, a conjunção “ou” indica que o sujeito tinha de escolher en-
tre duas possibilidades: tomar o ônibus significava, evidentemente, não voltar
a casa. É muito comum, nesses casos, que a primeira oração também seja in-
troduzida pela conjunção “ou”: “Naquele momento, ou eu tomava o ônibus ou
voltava a minha casa”. Com a conjunção “ou” repetida nas duas orações, am-
bas são classificadas como coordenadas sindéticas alternativas, uma vez que
expressam relação de alternância.
capítulo 1 • 15
a) Ligam sintagmas que exercem a mesma função sintática.
João e José Foram à feira.
Sujeito
1.1.2.4 Adversativas
São iniciadas principalmente por mas, porém, contudo todavia, entretanto, ex-
primem contraste, oposição, ressalva de pensamentos. Ex.:
Sempre há um pouco de loucura no amor
oração coordenada assindética
16 • capítulo 1
Nesse período, existe uma relação de oposição entre o amor e a loucura, por
isso dizemos que a segunda estabelece com a anterior uma relação de adver-
sidade. Lembre-se de que a informação mais importante é sempre aquela que
vem introduzida pela conjunção adversativa; nesse caso, o autor da frase quer
destacar que há também um pouco de razão na loucura.
Não ter feito nada é uma estupenda vantagem;
oração coordenada assindética
capítulo 1 • 17
1.1.2.5 Conclusivas
São iniciadas principalmente por logo, portanto, e exprimem conclusão. A
conjunção “pois” também pode ser conclusiva, desde que posposta ao verbo.
A oração conclusiva é aquela que funciona como uma conclusão do que se afir-
mou na anterior. Podemos entender a conclusão como sendo uma decorrência
daquilo que já está implícito no enunciado. Ex.:
A ideia de que o barbeiro fala muito já está implícita na primeira oração, daí
o fato de ele puxar conversa com o freguês. A oração conclusiva tem, portanto, a
função de explicitar um dado que é, na verdade, uma decorrência lógica do que
foi relatado na oração anterior.
“O zero, como desenho, é a perfeição; como número nada vale; portanto é o
vazio absoluto na perfeição.”
“Cada qual, livremente, faz o seu próprio preço, alto ou baixo, e ninguém
vale senão o que se faz valer: taxa-te, pois, livre ou escravo: isto depende de ti.”
EXERCÍCIO
Carlos Drummond de Andrade escreveu um texto bem-humorado e simples, empregando
algumas orações coordenadas. Identifique-as.
18 • capítulo 1
gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar
futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela cháca-
ra de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe
decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
— Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.
1.1.2.6 Explicativas
São iniciadas principalmente por que, porque, pois (anteposto ao verbo), ex-
primem explicação, motivo, razão. A oração coordenada explicativa justifica ou
confirma o que se disse na oração anterior, por isso ela tem grande peso argu-
mentativo. Ex.:
Não faças mal a teu vizinho. que o teu vem a caminho
oração coordenada assindética oração coordenada
sindética explicativa
ATENÇÃO
Diferença entre oração explicativa e oração causal
A grande diferença entre as orações causais e as orações explicativas está no fato de
que aquelas indicam causa de um efeito exposto na oração principal e estas não exprimem
tal relação, qual seja, a de causa e efeito. Ex.: Todo homem morre porque Deus quer.Todo
homem morre, porque ninguém é imortal. Na primeira frase, temos oração causal; primeiro
capítulo 1 • 19
Deus quer (causa), depois vem o efeito: o homem morre. Na segunda frase, temos oração
explicativa: o fato de ninguém ser imortal jamais será causa de o homem morrer, porque não
ocorre primeiro que o outro fato, necessariamente. As orações iniciadas por que ou porque
sempre serão explicativas se o verbo da oração anterior estiver no modo imperativo.
CURIOSIDADE
Polissíndeto é uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos. Observe
o exemplo a seguir.
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba,
e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)
20 • capítulo 1
"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe
da natureza.
ATIVIDADES
01. Reúna cada par de períodos simples em um período composto por coordenação, esta-
belecendo uma relação de sentido.
a) A comida era boa. O pequeno restaurante vivia vazio.
b) Não a critique em público. Ela é muito sensível.
capítulo 1 • 21
c) Os alunos não concordaram com a proposta da escola. Eles também não propuseram
outra solução para o problema.
d) Está fazendo frio. Levarei uma blusa.
02. “Então a velha apeou do tapir e montou num cavalo gázeo-sarará que nunca prestou
nem prestará e seguiu.” (Mário de Andrade, Macunaíma)
a) Quantas orações formam esse período?
b) Quais delas são coordenadas sindéticas aditivas?
c) A última oração coordena-se aditivamente com qual oração?
REFLEXÃO
Você percebeu, nesta aula, que as orações coordenadas são independentes e não possuem
função sintática em relação à outra, o que não acontece com as subordinadas (próximo
capítulo). É importante verificar que uma mesma conjunção pode apresentar várias rela-
ções de sentido; o conectivo “e”, por exemplo, normalmente classificado como conjunção
aditiva, pode funcionar na oração como adversativa (mas) ou mesmo conclusiva (logo). Para
maior compreensão do enunciado, fundamental é perceber a relação semântica que há entre
as orações.
LEITURA
Aprenda um pouco mais sobre o período composto lendo o artigo Período composto por
coordenação. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/periodo-com-
posto-coordenacao.htm>.
22 • capítulo 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos da Gramática do Português. Rio de Janeiro: Zahar,
2010.
______. Iniciação à Sintaxe do Português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro:Lucerna,
2009.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto,2010.
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova Gramática do PortuguêsContemporâneo. Lexikon: Aveiro,
2009.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da.Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1998.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
_____. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
capítulo 1 • 23
24 • capítulo 1
2
Período composto
por subordinação –
Oração subordinada
substantiva e
oração subordinada
adjetiva
2. Período composto por subordinação –
Oração subordinada substantiva e oração
subordinada adjetiva
Nas aulas sobre subordinação e coordenação, nossa maior preocupação será
mostrar como a classificação sintática tradicional pode ser útil para estudar-
mos o sentido dos períodos compostos. Procuraremos, na medida do possível,
“semantizar” essas aulas e, sem desprezar a terminologia consagrada, apresen-
tar como as combinações sintáticas interferem na produção do sentido.
Na análise do período composto, o objetivo geral é indicar que as orações,
unidades de sentido maiores que as palavras, não se amontoam para formar
períodos, mas se combinam sob o comando de certas regras.
Vale lembrar que os pronomes relativos (conectivos das orações adjetivas)
possuem função sintática, enquanto as conjunções subordinativas integrantes
(conectivos das orações substantivas) não têm função sintática.
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• Reconhecer o período composto por subordinação;
• Identificar as orações subordinadas;
• Distinguir as orações subordinadas substantivas e as adjetivas.
26 • capítulo 2
O termo período é usado para designar enunciados articulados, isto é, for-
mados pela combinação de formas linguísticas passíveis de divisão em unida-
des menores. Os períodos compostos por coordenação, sobretudo os assindéti-
cos, são divisíveis em períodos menores, dependendo da intenção de quem fala.
Graciliano Ramos, em Vidas Secas, iniciou um parágrafo assim.
“[Fabiano] Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher,
acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo de taquari cheio de sarro.”
Se o escritor modernista quisesse destacar cada um dos gestos da perso-
nagem para reforçar o clima de suspense, o narrador poderia usar ponto-final
após cada uma dessas coordenadas.
Você não deve esquecer-se de que o período pode ser constituído por ape-
nas uma oração, ocorrência em que a oração se classifica como absoluta. Nesse
caso, há certa redundância de conceitos: o período simples e a oração absoluta
são, na prática, a mesma coisa. Observe este exemplo de Graciliano Ramos.
“Infelizmente, a excomungada da raposa tinha comido a pedrês, a mais gorda.”
Sob o ponto de vista da classificação do período, classifica-se como simples
aquele que é constituído de apenas uma oração; sob o ponto de vista da classi-
ficação das orações, considera-se como absoluta aquela que existe sozinha no
interior de um período.
Na aula anterior, você estudou as orações que não desempenham função
sintática (as coordenadas); agora estudaremos as orações que desempenham
função sintática (as subordinadas).
Toda oração subordinada apresenta uma dependência sintática, é uma ex-
pansão do nome ou do verbo da oração principal. Dizemos que há subordina-
ção quando uma oração depende da outra.
Observe o exemplo a seguir.
Fabiano imaginara isso.
sujeito Verbo transitivo objetivo
capítulo 2 • 27
Por dedução, você pode concluir que a oração “que ela estivesse com um
princípio de hidrofobia...” está ocupando o espaço típico de um objeto direto.
Como essa oração depende de uma outra e, mais do que isso, exerce função sin-
tática em outra oração, dizemos que se trata de uma oração subordinada. A su-
bordinação sempre se encaixa em outra, chamada oração principal. Portanto:
Fabiano imaginara
sujeito Verbo transitivo
28 • capítulo 2
Finalmente, um caso de oração adverbial.
No momento do sono, ouviam a conversa dos pais.
“Quando iam pegando no sono, [...] ouviam a conversa dos pais.”
Note que a oração adverbial exerce a mesma função sintática de um adjunto
adverbial (no momento do sono).
Você verá que as orações subordinadas substantivas são aquelas que ocupam,
em relação à oração principal, uma posição típica de substantivos. De fato, a
oração substantiva é aquela que exerce uma função sintática que no período
simples cabe a um substantivo.
Imaginemos o seguinte período.
O povo exige que se punam os corruptos.
A oração que se punam os corruptos pode ser substituída pela expressão
nominal a punição dos corruptos, o que permite concluir que se trata de uma
oração substantiva, pois ela ocupa uma posição que normalmente é de um
substantivo (nesse caso, punição).
Para identificar uma oração substantiva, observe dois aspectos: em primei-
ro lugar, ela é sempre introduzida pelas conjunções integrantes que e se e, em
alguns casos, por advérbios ou pronomes interrogativos (como, quando, onde,
qual, quem) e se chama oração justaposta.
capítulo 2 • 29
2.3.1 Oração subordinada substantiva subjetiva
ATENÇÃO
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome "isso".
Assim, temos um período simples.
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Dessa forma, a oração correspondente a "isso" exercerá a função de sujeito.
É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro - Está evidente - Está
comprovado
30 • capítulo 2
Por exemplo:
É bom que você compareça à minha festa.
Por exemplo:
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
3. Verbos como:
Por exemplo:
Convém que não se atrase na entrevista.
Atenção quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da
oração principal está sempre na 3ª pessoa do singular.
A mais comum das orações substantivas é aquela que exerce a função de objeto
direto da oração principal. Ex.:
Espero que vocês aprendam Português.
Quem espera, espera alguma coisa. Que vocês aprendam Português (obje-
to direto).
A oração que vocês aprendam Português está associada ao verbo esperar,
que, nesse contexto, é transitivo direto, pois exige um complemento não pre-
posicionado. Se substituirmos a oração substantiva pelo pronome substantivo
isso, ficará mais fácil perceber que ela está no lugar de um termo que funciona-
ria como objeto direto. Portanto:
capítulo 2 • 31
Espero que vocês aprendam Português.
oração oração subordinada substantiva objetiva direta
principal
(= a insatisfação)
32 • capítulo 2
O fato de a conjunção que vir precedida de preposição é indicador de que a
oração subordinada é objetiva indireta, o que se confirma por ela estar associa-
da ao verbo avisar, que exige complemento preposicionado. Sendo assim:
Já os avisei de que a reunião acabou
oração principal oração subordinada substantiva objetiva indireta
capítulo 2 • 33
ATENÇÃO
Das orações substantivas as mais confusas são as duas últimas, pois ambas vêm precedidas
por preposição. Lembre-se de que a objetiva indireta completa o sentido de um verbo; e a
completiva nominal completa o sentido de um nome.
34 • capítulo 2
“A verdade é que o analfabeto, por mais inteligente que seja, não faz nada
perfeito.” (Viriato Correia) (= a não perfeição do analfabeto)
ATENÇÃO
É muito frequente a confusão que se faz entre as orações substantivas subjetivas e as
predicativas. Atente para essa diferença:
É preciso que se promovam concursos.
O que é preciso? A segunda oração funciona como sujeito da oração principal; classifica-
se, portanto, como subjetiva.
Meu desejo é que se promovam concursos.
O sujeito está na oração principal (Meu desejo). O verbo de ligação é tem como com-
plemento um predicativo do sujeito; por conseguinte, a segunda oração é classificada
como predicativa.
Por ter a função de explicitar o sentido de coisa, dizemos que a oração que
não sabemos nada é, de fato, apositiva. Além disso, ela não poderia ser predica-
tiva, pois na relação com o nome a que está associada não vem medida por um
verbo de ligação, e também não poderia ser completiva nominal, pois não vem
precedida de preposição.
É muito comum a oração apositiva ser introduzida por dois-pontos.
capítulo 2 • 35
Outros exemplos.
Este é o meu mandamento –, que vos ameis uns aos outros. (= o vosso amor)
Desejo-lhe só isto: que seja feliz. (= a sua felicidade)
ATENÇÃO
As orações que desempenham a função de agente da passiva iniciam-se por pronomes
indefinidos (quem, quantos, qualquer etc.) precedidos de uma das preposições por ou de.
(CUNHA & CINTRA, 2001, p. 600-1)
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2.4 Oração subordinada adjetiva
Margens plácidas
Nessa expressão, o adjetivo plácidas está qualificando o substantivo mar-
gens. Como há situações em que não há adjetivo capaz de transmitir a ideia que
queremos, às vezes somos obrigados a recorrer a locuções adjetivas, formadas
por uma preposição e um substantivo.
Margens do Ipiranga
capítulo 2 • 37
A oração que ouviram o brado retumbante de um povo heroico está qua-
lificando o substantivo margens, atribuindo-lhe uma característica que difi-
cilmente poderia ser traduzida por um adjetivo ou uma locução adjetiva. Essa
adjetivação por meio de uma oração será assunto desta aula.
O adjetivo e a locução adjetiva normalmente exercem na frase a função sin-
tática de adjunto adnominal. Do mesmo modo, a oração adjetiva é aquela que
exerce a função sintática de adjunto adnominal. Para compreender isso, pode-
mos recorrer a dois exemplos bastante simples.
Havia brinquedos quebrados
adjunto adnominal
Havia brinquedos que se quebraram.
oração com função de
adjunto adnominal
38 • capítulo 2
Havia brinquedos que se quebraram
oração principal oração subordinada adjetiva
A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.
antecedente
O pronome relativo que projeta o termo “mente” na oração adjetiva.
O termo que é retomado pelo pronome relativo é chamado de antecedente,
mesmo que ele não apareça imediatamente antes do pronome relativo. Como
o antecedente nunca pode vir após o pronome relativo, conclui-se que a oração
adjetiva normalmente venha posposta à principal.
A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original
oração oração coordenada oração principal
principal
capítulo 2 • 39
ATENÇÃO
Se houver dúvida em relação ao fato de o que ser conjunção integrante ou pronome relativo,
basta lembrar que o pronome relativo é sempre anafórico, enquanto a conjunção integrante
não o é. Além disso, o pronome relativo que pode ser permutado por o qual, os quais, a
qual e as quais.
Sofia é uma aluna de quem esperamos muito sucesso.
antecedente
b) O pronome relativo onde só deve ser usado quando seu antecedente de-
signar espaços.
Choupana onde se ri vale mais que palácio onde se chora
antecedente antecedente
c) O pronome relativo cujo só deve ser usado quando seu antecedente de-
terminar a palavra que vem depois do pronome relativo. O pronome cujo refere-
se a um antecedente, mas concorda com o consequente.
40 • capítulo 2
Após conhecer as características dos pronomes relativos, só resta estudar a
classificação das orações adjetivas. Há apenas dois tipos: restritiva e explicativa.
capítulo 2 • 41
ATENÇÃO
Para ter certeza de que uma oração adjetiva é restritiva, é suficiente lembrar que a oração
restritiva e a principal não devem vir nunca separadas por nenhum sinal de pontuação, como
vírgula ou travessão.
A presença das vírgulas nesse período permite concluir que a oração “que
é um herói sem caráter” refere-se a toda a obra Macunaíma. Portanto, nesse
caso, a oração adjetiva não se refere a uma parte de um conjunto, mas à obra
toda. Quando isso ocorre, temos uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Como a diferença entre a oração restritiva e a explicativa depende dos si-
nais de pontuação, é preciso ter muito cuidado na hora de produzir um texto.
Colocar vírgulas separando uma oração restritiva da oração principal pode pro-
duzir o significado exatamente contrário ao que se pretendia, o que geraria um
deslize grave de coerência. Analogamente, esquecer as vírgulas de uma oração
adjetiva explicativa poderia produzir efeito desastroso também.
Observe como o uso de vírgulas altera o sentido da frase.
“O jovem destemido enfrenta desafios.”
“O jovem // que é destemido // enfrenta desafios.”
Com essas frases, estamos afirmando que:
alguns jovens são destemidos.
se o jovem é destemido, ele enfrenta desafios.
Assim, a oração “que é destemido” restringe o seu antecedente, “o jovem”.
Se a oração fosse eliminada do período, o sentido do que está sendo afirmado
42 • capítulo 2
na oração principal se alteraria: como está, ela afirma que só o jovem destemido
enfrenta desafios.
“O jovem, destemido, enfrenta desafios.”
“O jovem, // que é destemido, // enfrenta desafios.”
Com essas frases, estamos afirmando que todo jovem é destemido e enfren-
ta desafios. A oração “que é destemido”, entre vírgulas, introduz uma simples
explicação em relação ao antecedente “o jovem”. Essa oração poderia ser elimi-
nada do período sem que o sentido da oração principal se alterasse. Portanto, o
que aqui se afirma é que todo jovem é destemido e enfrenta desafios.
capítulo 2 • 43
ro caso, temos as adjetivas restritivas; no segundo, as explicativas. Vamos exem-
plificar para tornar o entendimento mais simples.
44 • capítulo 2
Temos um novo exemplo.
O país que não investe em seu próprio povo. tem poucas possibilidades
oração subordinada adjetiva restritiva
de crescer.
O país que não investe em seu próprio povo. tem poucas possibilidades
oração subordinada adjetiva explicativa
de crescer
No primeiro enunciado, percebemos que não são todos os países que não
investem em educação, ou seja, existem países que não investem em educação
e que esses, e apenas esses, apresentam poucas possibilidades de crescer.
Já no segundo enunciado, percebe-se que a referência é feita a um país espe-
cífico, cuja situação já é conhecida por todos.
No caso das orações adjetivas, a pontuação é extremamente importante,
porque é ela que indica a classificação das adjetivas, e é o que delimita o sentido
expresso pela oração. Sem as vírgulas, temos a oração subordinada adjetiva res-
tritiva, que traz como sentido a restrição de um termo; com as vírgulas, temos a
oração subordinada adjetiva explicativa, que generaliza o termo a que se refere,
trazendo uma informação a mais.
capítulo 2 • 45
Eis os artistas.
b) Objeto direto
Trouxe o documento que você pediu.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
Trouxe o documento.
c) Objeto indireto
Eis o caderno de que preciso.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
Eis o caderno.
Preciso do caderno (= de que)
cb
d) Complemento nominal:
Estas são as informações de que ele tem necessidade.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
Estas são as informações.
Ele tem necessidade das informações (= de que)
complemento nominal
e) Predicativo do sujeito
Você é o professor que muitos querem ser.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
Você é o professor.
Muitos querem ser o professor (= que)
predicativo do sujeito
f) Agente da passiva
Este é o animal por que fui atacado.
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
Este é o animal.
46 • capítulo 2
Fui atacado pelo animal (= por que)
agente da passiva
g) Adjunto adverbial
O acidente ocorreu no dia em que eles chegaram. (adjunto adverbial
de tempo)
Substituindo o pronome pelo antecedente, temos:
O acidente ocorreu no dia.
Eles chegaram no dia (= por que)
adjunto adverbial de tempo
ATENÇÃO
Pelos exemplos citados, percebe-se que o pronome relativo deve ser precedido de prepo-
sição apropriada de acordo com a função que exerce. Na língua escrita formal, é sempre
recomendável esse cuidado.
"Cujo" e sua flexões equivalem a "de que", "do qual" (ou suas flexões "da qual",
"dos quais", "das quais"), "de quem". Estabelecem normalmente relação de
capítulo 2 • 47
posse entre o antecedente e o termo que especificam, atuando na maior parte
das vezes como adjunto adnominal e em algumas construções como comple-
mento nominal. Veja.
a) Adjunto adnominal
Não consigo conviver com pessoas cujas aspirações sejam essencialmente
materiais. (Não consigo conviver com pessoas / As aspirações dessas pessoas
são essencialmente materiais).
b) Complemento nominal
O livro, cuja leitura agradou muito aos alunos, trata dos tristes anos da dita-
dura. (cuja leitura = a leitura do livro)
ATENÇÃO
Não utilize artigo definido depois do pronome cujo. São erradas construções como:
"A mulher cuja a casa foi invadida..." ou "O garoto, cujo o tio é professor..."
Forma correta: "cuja casa" ou "cujo tio".
"O qual"," a qual"," os quais" e "as quais" são usados com referência a pessoa
ou coisa. Desempenham as mesmas funções que o pronome "que"; seu uso,
entretanto, é bem menos frequente e tem se limitado aos casos em que é neces-
sário para evitar ambiguidade.
Por exemplo:
Existem dias e noites, às quais se dedica o repouso e a intimidade.
O uso de às quais permite deixar claro que nos estamos referindo apenas
às noites. Se usássemos a que, não poderíamos impor essa restrição. Observe
esses dois exemplos:
a) Sujeito
Conhecemos uma das irmãs de Pedro, a qual trabalha na Alemanha.
Nesse caso, o relativo a qual também evita ambiguidade. Se fosse usado o
relativo que, não seria possível determinar quem trabalha na Alemanha.
b) Adjunto adverbial
Não deixo de cuidar da grama, sobre a qual às vezes gosto de um bom cochilo.
A preposição sobre, dissilábica, tende a exigir o relativo sob as formas "o / a
qual", "os / as quais", rejeitando a forma "que".
48 • capítulo 2
2.5.5 Pronome relativo onde
ATIVIDADES
01. Classifique as orações subordinadas substantivas a seguir.
a) É provável que esse rio seja fundo.
b) Desconfio que essas histórias sejam inventadas.
c) O professor gosta de que todos os alunos participem da aula.
d) O importante é que todos estudem.
e) A moça tinha medo de que as baratas invadissem a cozinha.
capítulo 2 • 49
02. Classifique as orações subordinadas substantivas a seguir.
a) Convém que você estude.
b) Sinto que muitas coisas mudarão.
c) Deixe que eu descanse.
d) Tenho certeza de que ainda há esperanças.
e) Meu desejo é que consigam superar as dificuldades.
f) A resposta é dada por quem pesquisa.
g) O campeonato será vencido por quem acumular mais pontos.
03. Apesar da facilidade de acesso às mais diversas fontes de informação, ninguém foi ca-
paz de prever que o Brasil controlaria a inflação mesmo após a liberação do câmbio,
que a seleção de Zagallo seria derrotada tão vergonhosamente na Copa de 1998 e
que o Muro de Berlim acabaria em pó.
a) Reescreva as duas primeiras orações substantivas destacadas, substituindo por subs-
tantivos cognatos as formas verbais “controlaria” e “seria derrotada” e fazendo as adap-
tações necessárias.
b) A terceira oração substantiva (“que o Muro de Berlim acabaria em pó”) admite o mesmo
tipo de transformação feita no item a? Justifique sua resposta.
50 • capítulo 2
a) Como classificar as cinco orações adjetivas que aparecem nos três primeiros versos do
poema? Explique.
b) Se as cinco orações adjetivas referidas no item a viessem separadas umas das outras
por vírgulas, o poema perderia parte de sua musicalidade? Justifique sua resposta.
REFLEXÃO
É preciso deixar claro que toda oração subordinada é, na verdade, uma expansão de um
nome ou do verbo da oração principal. Se há, portanto, algum tipo de relação de importância
entre as orações, ela não é sintática, e sim semântica.
Ao tratar das orações substantivas, convém destacar que, embora possuam significado
aproximado, tais orações não têm sentido idêntico ao do substantivo, uma vez que a oração
dispõe de recursos de que o substantivo não dispõe.
É relevante a classificação das adjetivas em restritivas ou explicativas. O mais impor-
tante a dizer é que cada uma delas tem um pressuposto diferente. Como esse pressuposto,
na grande maioria dos casos, é instaurado pela decisão do enunciador, é ele que precisa
assinalar essa intenção com os recursos que a língua lhe oferece. Se a intenção é assinalar
o pressuposto de que o conteúdo expresso pela adjetiva atinge todos os elementos do con-
junto, usa-se na fala o recurso da pausa e, na escrita, o da vírgula. Se a intenção é instaurar o
pressuposto de que o conteúdo da adjetiva atinge apenas parte do conjunto referido, não se
faz pausa na fala, não se usa vírgula na escrita.
LEITURA
Leia o artigo publicado na Revista Língua Portuguesa: “Quê da questão”, abril/2009, n. 42,
p. 42-3, escrito pelo prof. Dr. Luiz Roberto Wagner.
capítulo 2 • 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos da Gramática do Português. Rio de Janeiro: Zahar,
2010.
_______. Iniciação à Sintaxe do Português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lucerna,
2009.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lexikon:
Aveiro, 2009.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da.Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1998.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
_______. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
52 • capítulo 2
3
Período composto
por subordinação –
Oração subordinada
adverbial e orações
reduzidas e
justapostas
3. Período composto por subordinação –
Oração subordinada adverbial e orações
reduzidas e justapostas
Como visamos à “semantização” da gramática, uma vez que os tópicos teóri-
cos do ensino de Língua Portuguesa devem ser tanto mais importantes quanto
mais eles interferem na produção de sentido, temos, nas orações subordinadas
adverbiais, um terreno muito fértil para essa perspectiva didática, pois todas as
relações estabelecidas por esse tipo de oração (causa, consequência, condição,
concessão...) têm função argumentativa crucial no interior dos textos.
Basta, então, verificar a relação expressa pela conjunção ou locução conjuntiva,
para poder analisar corretamente a oração subordinada adverbial.
Além disso, quando começamos a estudar os períodos compostos por subordi-
nação, mostramos que uma das principais características das orações subordi-
nadas era a presença de um conector que as introduzia e as relacionava com a
oração principal. No entanto, não podemos encerrar esse assunto sem lembrar
que, na realidade, as orações subordinadas podem associar-se à oração princi-
pal sem nenhum tipo de conector (nem pronomes relativos nem conjunções
subordinativas) entre as orações. São as chamadas orações subordinadas redu-
zidas. Veremos, também, que as orações justapostas trazem sinais de pontua-
ção (nas coordenadas) e certos pronomes ou advérbios (nas subordinadas).
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
1. Reconhecer o período composto por subordinação;
2. Identificar as orações subordinadas adverbiais;
3. Classificar as relações das orações subordinadas adverbiais;
4. Analisar orações subordinadas reduzidas;
5. Distinguir e classificar as orações justapostas.
54 • capítulo 3
3.1 Oração subordinada adverbial
quando
Os pais ficaram desesperados o menino desapareceu.
conjunção subordinativa
capítulo 3 • 55
adverbial correspondente. Do mesmo modo, nem todas as orações adverbiais
podem se transformar num advérbio ou numa locução adverbial.
A Nomenclatura Gramatical Brasileira classifica em nove as ora-
ções adverbiais.
A oração causal é aquela que indica a causa do que vem expresso na oração
principal. Em outras palavras, a oração causal explicita aquilo que dá origem ao
fenômeno relatado na principal. Principais conjunções: porque, já que, visto
que, como, que, pois...
William Shakespeare
ATENÇÃO
Como e SE, em início do período, significando já que, são causais. Se você pensa desse
jeito, nada pode mudar.
56 • capítulo 3
A oração causal introduzida por desde que tem o verbo no modo indicativo. Desde que as-
sim quis, aguente as consequências.
A língua culta mais exigente não aceita as expressões de vez que, vez que, eis que.
Os homens são tão livres para transformar a história que ela não é mecânica
oração subordinada
adverbial consecutiva
capítulo 3 • 57
A humildade como a escuridão revela as luzes celestiais
oração principal oração subordinada oração principal
adverbial comparativa
Henry D. Thoreau
“Há uma coisa mais forte que todos os exércitos do mundo: é uma ideia
cujo tempo chegou.” (Victor Hugo)
“Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e de-
pois de uma caçada.” (Otto Von Bismarck)
“Para enfatizar nosso compromisso com a diversidade, quero lembrar a to-
dos que o Sr. Denton é sete centímetros mais alto do que os outros.”
ATENÇÃO
Nas orações comparativas, o verbo se encontra geralmente subentendido. Para efei-
to de análise, não é preciso considerar as ligadas pela expressão como se, primeiramen-
te como comparativa, depois como condicional. Modernamente, toma-se a expressão toda
como comparativa.
Trata o amigo cautelosamente como se um dia tivesse de ser teu inimigo.
58 • capítulo 3
Existe, nesse período, uma relação de conformidade entre o seu pensamen-
to (oração subordinada) e o resultado desse pensamento (oração principal). As
orações conformativas são usadas muitas vezes para dar a fonte de uma infor-
mação, de um dado estatístico ou de uma opinião. Analise outros exemplos.
“Cada um colhe conforme semeia.”
Devemos escrever consoante prescreve a ortografia oficial.
capítulo 3 • 59
“As paixões são como os ventos que são necessários para dar movimento a
tudo, conquanto muitas vezes causem temporais.”
60 • capítulo 3
Se você sentar o meu também ficará
oração subordinada adverbial condicional oração principal
Todo ato pressupõe uma finalidade, um objetivo. A oração final indica esse ob-
jetivo ou, em outros termos, a intenção ao tomar determinada atitude. Princi-
pais conjunções: para que, afim de que, porque, que...
Os índios tomaram das armas para que não invadissem suas reservas
oração principal oração subordinada adverbial final
A oração final, como se verifica pelo exemplo, indica a intenção dos que to-
maram das armas. Isso não significa que a tomada das armas impeça, neces-
sariamente, a invasão das reservas; na verdade, esse era o objetivo dos índios,
embora não haja nenhuma garantia de que essa invasão ocorrerá. Verifique
outros exemplos.
“Se alguém disser mal de ti, não o digas tu dele, para que a ele não
te assemelhes.”
“Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas.” (Machado
de Assis)
ATENÇÃO
devemos atentar para o fato de que a locução conjuntiva final é para que; muitos períodos
trazem a preposição para seguida de uma forma verbal no infinitivo, formando, assim, uma
oração reduzida de infinitivo.
“Nunca vista suas melhores calças quando sair para lutar pela liberdade e pela
verdade.” (Henry Ibsen)
capítulo 3 • 61
3.1.8 Oração subordinada adverbial proporcional
62 • capítulo 3
“De vez em quando sinto pena de mim mesmo e durante todo o tempo a
minha alma está sendo carregada por fortes ventos pelo céu.” (Deepak Chopra)
ATENÇÃO
um período pode conter dois conectivos separando duas orações; precisamos anali-sar a
relação que há entre as orações e o seu valor semântico. Observe:
“Quando leio um livro, / tenho a impressão / de que o faço apenas com os olhos, / mas
às vezes encontro uma passagem, talvez uma única frase / que tem sentido para mim, / e
que se torna parte de mim mesmo.” (Somerset Maugham)
Separamos as orações para facilitar a análise: a 1ª oração é adverbial temporal; a 2ª é
a principal; a 3ª é subordinada substantiva completiva nominal; a 4ª oração é coorde-
nada sindética adversativa (em relação à 1ª, e principal da 5ª oração); a 5ª é subordinada
adjetiva restritiva; a 6ª oração é coordenada sindética aditiva (em relação à 5ª) e subor-
dinada adjetiva restritiva (em relação à 4ª).
CONEXÃO
Conexão: leia o texto sobre oração subordinada adverbial, em que você verificará as ora-
ções já estudadas com exemplos diferentes, disponível em: <http://www.mundoeducacao.
com.br/gramatica/oracao-subordinada-adverbial.htm>
EXEMPLO
É muito comum tentarmos decorar a classificação das orações pelas conjunções, ou seja, de-
corando a classificação da conjunção. No entanto, como podemos ver no quadrinho a seguir,
é comum encontrarmos a mesma conjunção apresentando relações semânticas distintas.
Vejamos como a conjunção como funciona.
capítulo 3 • 63
No primeiro quadrinho, o como introduz uma oração subordinada adver-
bial causal, porque tem o sentido de causa ou motivo, e poderíamos substituir
por “uma vez que”, “já que”. No segundo quadrinho, a mesma conjunção apre-
senta o sentido de conformidade, introduzindo uma oração subordinada adver-
bial conformativa. Já no terceiro quadrinho a ideia é de comparação. Cuidado
com as conjunções! Atenha-se ao sentido estabelecido entre as orações, isso vai
ajudá-lo mais do que decorar a lista de conjunções.
64 • capítulo 3
Venho de um lugar onde todos trabalham duro.
Oração 1: Venho de um lugar.
Oração 2: Todos trabalham duro no lugar.
Veja que onde retoma o termo lugar, funcionando como um pronome rela-
tivo e introduzindo uma oração subordinada adjetiva.
capítulo 3 • 65
Ele deixou o local sem que o vissem
oração principal oração subordinada adverbial modal
“Para ver o mundo em um grão de areia e o céu em uma flor do campo, se-
gure o infinito na palma da mão e a eternidade em uma hora.” (Willian Blake)
Nesse pensamento, para ressaltar a importância da visão do mundo, o autor
usou a oração Para ver o mundo em um grão de areia. Não é difícil perceber que
se trata de uma oração subordinada reduzida: ela não é introduzida por con-
junção ou por pronome relativo, e o verbo ver está no infinitivo (-r). Para poder
classificá-la, a melhor forma é desdobrá-la, o que significa convertê-la numa
oração subordinada com conjunção e que possua o mesmo valor semântico.
66 • capítulo 3
Para ver o mundo em um grão de areia...
desdobramento
capítulo 3 • 67
EXEMPLO
Na televisão, sempre após a propaganda de um medicamento, lemos dois tipos de frases.
A persistiremos sintomas, consulte um médico.
(Se persistirem os sintomas,... – adverbial condicional)
Ao persistirem os sintomas, consulte um médico.
(Quando persistirem os sintomas,... – adverbial temporal)
ATENÇÃO
Em muitos casos, as orações reduzidas de gerúndio propiciam liberdade de análise, sendo
muito importante o contexto, para que se analise com segurança. Na frase de Platão, –
“Buscando o bem de nossos semelhantes, encontramos o nosso.” –, a oração destacada
pode ser vista ora como temporal (Quando buscamos o bem de nossos semelhantes,...), ora
como condicional (Se buscarmos o bem de nossos semelhantes,...), conforme a situação e o
contexto em que se insere.
68 • capítulo 3
A primeira impressão que se tem de uma pessoa é, sem dúvida nenhuma,
a causada pelo impacto visual. (... que é causada pelo impacto visual. – adjeti-
va restritiva)
“Quem perde a vergonha não tem mais o que perder.” (substantiva subjetiva)
Não converso com quem não conheço. (substantiva objetiva indireta)
“A saudade é como o sol de inverno: ilumina sem aquecer.” (substanti-
va apositiva)
Há dias não vejo meus colegas. (adverbial temporal)
ATENÇÃO
As orações justapostas substantivas objetivas diretas são iniciadas por pronomes ou ad-
vérbios interrogativos, que sempre exercem uma função sintática na oração; não podem,
portanto, ser considerados conjunções integrantes. Ex.:
“O discernimento consiste em saber até onde se pode ir.” (Jean Cocteau) – (onde =
adjunto adverbial de lugar)
capítulo 3 • 69
3.4 As orações subordinadas e a pontuação
CONEXÃO
Leia a dissertação Articulação hipotática adverbial e argumentação: uma análise
do uso de orações concessivas em artigos de opinião e editoriais, de Cleide Alves
Ribeiro Bezerra, que aborda o uso da oração subordinada adverbial concessiva na cons-
70 • capítulo 3
trução da argumentação, disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=166969>
CONEXÃO
Para entender mais sobre a Falsa Coordenação, leia o artigo “Eu peguei e saí”: uma constru-
ção nos limites da coordenação, de Angélica T. C. Rodrigues , disponível em:<http://www.
ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/cap02.pdf.>. Nesse artigo, a autora traz um estudo
sobre enunciados que parecem se apresentar de modo coordenado, mas que, na verdade,
representam um tipo de estrutura intermediária.
capítulo 3 • 71
ATIVIDADES
01. Analise as orações destacadas no período a seguir.
O senador Eduardo Suplicy: “Se os parlamentares, os juízes, os professores, os
jornalistas, os advogados, os engenheiros, as pessoas com nível superior, fossem
submetidos, / como os demais cidadãos brasileiros, / às atuais condições carce-
rárias, / não estaríamos nós, / e a sociedade brasileira, lutando / para que o sistema
carcerário tivesse condições de maior dignidade?” (Veja, 10/4/1996)
72 • capítulo 3
4. Como fica a análise das orações da 2ª estrofe?
5. Como conclusão, relacione as ideias de cada uma das estrofes às suas respectivas es-
truturas de orações e períodos. Verifique se as afirmativas são verdadeiras ou falsas.
a) Na 1ª estrofe, predominam o período simples e a coordenação. Essa estrutura, sintatica-
mente mais simples, corresponde à simplicidade e à pureza dos gestos infantis.
b) Na 2ª estrofe, predomina o período composto por subordinação. Essa estrutura corres-
ponde, normalmente, a formas mais complexas do pensamento, o que coincide, no plano
das ideias, com as abstrações e reflexões feitas pelo eu lírico.
1. No texto, o autor dirige-se ao presidente para pedir que ele atenda “ao grito ensurdece-
dor de tantos filhos da nação”. O gerúndio (em negrito) é empregado em três passagens para
expressar ideia de:
a) concessão.
b) comparação.
c) oposição.
d) condição.
e) causa.
2. Para a construção do título Pátria amada, mãe gentil?, o autor se vale de uma pergunta,
entendida como recurso estratégico:
capítulo 3 • 73
a) para desencadear uma reflexão sobre algo que não se questiona, além de estimular uma
resposta imediata do presidente, ou seja, fazer com que ele responda ao jornal.
b) que exige uma resposta dos leitores, isto é, que eles se dirijam ao presidente com um
discurso ornamentado com figuras de linguagem.
c) sem a intenção de obter resposta, mas que tem como efeito de sentido despertar o inte-
resse do leitor e levá-lo a refletir sobre algo que é inquestionável; no caso, mostrar que
o presidente pode atender ao que necessitam muitos brasileiros.
d) sem intenção de obter resposta, mas com vistas a introduzir um apelo à leitura e impor uma
resposta imediata do presidente, que deverá atender ao que necessitam muitos brasileiros.
e) que apresenta um questionamento ao leitor, com a intenção de tornar o discurso mais
dinâmico e estimular esse leitor a pensar na melhor resposta a ser dada ao presidente.
04. Leia com atenção o poema de Eugênio de Andrade e analise as orações em destaque.
Urgentemente
É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, mui-
tas espadas.
É urgente inverter a alegria, multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.
06. O Banco Central do Brasil lançou recentemente esteslogan “Quer ver se é real? Tome
essa atitude”. No texto da publicidade, analise as orações destacadas a seguir, após o
seu desenvolvimento.
Conferir se uma nota é verdadeira é uma atitude que todo mundo deve tomar. E você
pode ser o primeiro. Ao receber uma nota, observe os itens de segurança. Marca d’água, re-
gistro coincidente, imagem latente e alto-relevo são alguns deles. Para saber mais, acesse
www.bcb.gov.br, ou verifique material informativo nas agências dos Correios.
74 • capítulo 3
07. Assinale a alternativa em que a função da(s) palavra(s) destacada(s) no trecho transcrito
não está corretamente explicitada entre colchetes.
a) Aquele gol que gostaríamos tanto de fazer, que nos sentimos maduros para fazer, mas
que, diabolicamente, não se deixa fazer. [indica uma consequência]
b) Então o gol independe de nossa vontade, formação e mestria? Receio que sim. [introduz
uma conclusão]
c) O muito papel que sujamos continua alvo, alheio às letras que nele se imprimem, pois
aquela não era a combinação de letras que ele exigia de nós. [apresenta uma justificativa]
d) Por que não há 11 Pelés em cada time? Ou 10, para dar uma chance ao time adversário.
[expressa uma finalidade]
08. Leia atentamente esta quadra do poeta e pintor inglês William Blake, na qual ele explora
elementos paradoxais.
Ver todo um mundo num grão
E um céu em ramo que aflora
É ter o infinito na palma da mão
E a eternidade numa hora.
REFLEXÃO
Na análise de todos esses períodos, você pôde perceber que a oração subordinada sempre
expressa uma relação com a principal. Analisamos vários conectores, que não só criam rela-
ção entre as orações, mas também acrescentam significados a elas. Quando você for produ-
zir um texto, deverá escolher o conectivo adequado que lhe dê a orientação argumentativa
de que você necessita. Os grandes prosadores e poetas sempre tiveram essa preocupação:
escolher a conjunção ou o pronome adequado a fim de expressar suas ideias de forma clara,
precisa e coerente.
Além disso, você aprendeu que as orações desenvolvidas sempre trazem conectivos,
isto é, pronomes ou conjunções. Já as orações reduzidas não apresentam conectivos, mas
trazem o verbo numa forma nominal: infinitivo, gerúndio ou particípio. As orações justapos-
tas podem ser coordenadas ou subordinadas, aparecem sem conectivos e com as formas
verbais conjugadas.
capítulo 3 • 75
LEITURA
Para maiores detalhes e novos exemplos, leia o texto Orações subordinadas. disponível em:
<http://www.algosobre.com.br/gramatica/oracoes-subordinadas.html>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos da Gramática do Português. Rio de Janeiro: Zahar,
2010.
_______. Iniciação à Sintaxe do Português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lucerna,
2009.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lexikon:
Aveiro, 2009.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1998.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
________. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
76 • capítulo 3
4
Colocação
pronominal
4. Colocação pronominal
Quando falamos, empregamos os pronomes pessoais oblíquos como qualquer
outra palavra: de forma natural e espontânea. Contudo, quando escrevemos
um texto no padrão culto da língua, a colocação dos pronomes oblíquos torna-
se um claro índice de adequação da linguagem empregada à situação.
Um rapaz, por exemplo, quando está namorando, não vai dizer à garota: “Trar-
lhe-ei um presente no próximo encontro”. Entretanto, o que se espera de um
advogado de defesa diante de um júri e do juiz é que ele diga, por exemplo:
“Mostrar-lhes-ei provas convincentes”.
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• Reconhecer a importância da colocação pronominal em língua portuguesa;
• Compreender e utilizar os principais casos de ênclise;
• Empregar corretamente os pronomes oblíquos em locuções verbais e nos tempos ver-
bais compostos.
78 • capítulo 4
4.1.1 Os pronomes pessoais do caso reto
OBSERVAÇÃO
Frequentemente observamos a omissão do pronome reto em língua portuguesa. Isso se dá
porque as próprias formas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo
indicadas pelo pronome reto. Por exemplo: Fizemos boa viagem. (Nós)
ATENÇÃO
Podemos afirmar que, o pronome oblíquo é uma forma variante do pronome pessoal do caso
reto. Essa variação indica a função diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
marca o sujeito da oração e o pronome oblíquo marca o complemento da oração.
capítulo 4 • 79
De acordo com a acentuação tônica que possuem, os pronomes oblíquos
sofrem variação, podendo ser átonos ou tônicos.
CURIOSIDADE
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se com os pronomes o, os, a,
as, dando origem a formas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo,
no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas nos exemplos
que seguem.
– Trouxeste o pacote? - Não contaram a novidade a vocês?
– Sim, entreguei-to ainda há pouco. - Não, não no-la contaram.
No português do Brasil, essas combinações não são usadas; até mesmo na língua lite-
rária atual, seu emprego é muito raro. Disponível em:< http://www.soportugues.com.br/>
80 • capítulo 4
CONEXÃO
Assista ao vídeo Português Elementar: Uso dos pronomes pessoais e colocação dos
pronomes átonos, do professor Sérgio Nogueira, disponível no link;<https://youtu.be/
pcLiqiUGJno.> No vídeo, o professor apresenta os pronomes e explica pormenorizadamente
o seu uso.
capítulo 4 • 81
Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
Além, claro, das formas "conosco" e "convosco" que são substituídas por
"com nós" e "com vós" quando os pronomes pessoais são reforçados por pala-
vras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum numeral.
Por exemplo:
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três.
PRONOMES PESSOAIS
números pessoas pronomes retos pronomes oblíquos
tônicos átonos
1ª eu mim, contigo me
singular 2ª tu ti, contigo te
3ª ele, ela si consigo se, o, a, lhe
nós, conosco
1ª nós nos
vós, convosco
plural 2ª vós vos
eles, elas, si,
3ª eles, elas se, os, as, lhes
consigo
Com relação ao uso dos pronomes pessoais do caso reto, não temos gran-
des problemas ao utilizar, porque a função que eles exercem, a de sujeito, é de
fácil localização na frase. O que causa problemas é o pronome pessoal do caso
obliquo, visto que existem regras claras de colocação, ou seja, eles não podem
aparecer em qualquer lugar da frase e de forma aleatória.
São três as posições em que o pronome oblíquo pode aparecer.
1. Depois do verbo, o que chamamos de ênclise. Exemplo:
Dê-me a borracha.
2. Antes do verbo, o que se classifica em próclise. Exemplo:
Eu te amo.
3. E a mesóclise, que ocorre quando o pronome aparece no meio do verbo.
Exemplo:
Dar-te-ei um abraço quando nos encontrarmos.
82 • capítulo 4
Vamos agora estudar as regras que gerem a utilização dos pronomes pes-
soais do caso oblíquo.
Sabemos que a norma culta da língua portuguesa não aceita que se comece uma fra-
se com pronome pessoal oblíquo, principalmente na linguagem escrita. Ao entrar
num bar, a pessoa pede: “— Me dá um guaraná.” (linguagem coloquial), mas, ao
escrever, devemos usar a ênclise: Dê-me (ou Dá-me) um guaraná, uma vez que nun-
ca se começa frase com pronome oblíquo de acordo com a Gramática Normativa.
ATENÇÃO
Frase com pronome oblíquo átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na
língua escrita, quando se deseja reproduzir a fala das personagens:
Me ponho a correr na praia.
Me larga! Eu quero ir embora.
(Fernando Sabino)
capítulo 4 • 83
3. Com verbo no gerúndio não precedido da preposição em ou de negação.
Exs.:
Falando-se de comércio exterior, progredimos muito.
Ela entrou na sala, arrastando-se pelo chão.
O anão chegara-se a Inocência, tomando-lhe uma das mãos. (Visconde
de Taunay)
4. Com verbo no infinitivo impessoal.
Exs.:
Não era minha intenção magoar-te.
Sabe ele se tornará a vê-los algum dia? (José de Alencar)
Agora, leia este conhecidíssimo texto de Machado de Assis, em que ele em-
prega, principalmente, o pronome enclítico.
AUTOR
Machado de Assis (Joaquim Maria M. de A.),
©© WIKIMEDIA.ORG
84 • capítulo 4
reio Mercantil e, em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do
Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, em que
estreou como crítico teatral, a Semana Ilustrada e o Jornal das Famílias, no qual publicou de
preferência contos.
O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi a tradução de Queda que as mulhe-
res têm para os tolos (1861), impresso na tipografia de Paula Brito. Em 1862, era censor
teatral, cargo não remunerado, mas que lhe dava ingresso livre nos teatros. Começou tam-
bém a colaborar em O Futuro, órgão dirigido por Faustino Xavier de Novais, irmão de sua
futura esposa. Seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, saiu em 1864. Em 1867, foi nomeado
ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Em agosto de 69, morreu Faustino Xavier
de Novais e, menos de três meses depois (12 de novembro de 1869), Machado de Assis se
casou com a irmã do amigo, Carolina Augusta Xavier de Novais. Foi companheira perfeita
durante 35 anos. O primeiro romance de Machado, Ressurreição, saiu em 1872. A obra
de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia
com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo indianismo em
Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901). Paralelamente, apareciam as
coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); os romances
Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), conside-
rados como pertencentes ao seu período romântico. A partir daí, Machado de Assis entrou na
grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que
o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de
língua portuguesa. Disponível em: <http://www.machadodeassis.org.br/>
A borboleta preta
No dia seguinte, como eu estivesse a preparar-me para descer, entrou no
meu quarto uma borboleta, tão negra como a outra, e muito maior do que ela.
[…] A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na tes-
ta. Sacudi-a e ela foi pousar na vidraça; e, porque eu a sacudisse de novo, saiu
dali e veio parar em cima de um velho retrato de meu pai. Era negra como a
noite. O gesto brando com que, uma vez posta, começou a mover as asas, tinha
um certo ar escarninho, que me aborreceu muito. Dei de ombros, saí do quarto;
mas tornando lá, minutos depois, e achando-a ainda no mesmo lugar, senti um
repelão dos nervos, lancei mão de uma toalha, bati-lhe e ela caiu.
Não caiu morta; ainda torcia o corpo e movia as farpinhas da cabeça.
Apiedei-me; tomei-a na palma da mão e fui depô-la no peitoril da janela. Era
capítulo 4 • 85
tarde; a infeliz expirou dentro de alguns segundos. Fiquei um pouco aborreci-
do, incomodado.
— Também por que diabo não era ela azul? disse comigo.
Machado de Assis
ATENÇÃO
Se o infinitivo vier precedido de palavra atrativa, ocorre tanto a próclise quanto a ênclise. Exs.:
Espero com isto não te magoar.
Espero com isto não magoar-te.
Exemplo: explique a colocação dos pronomes destacados neste excerto de Machado
de Assis.
“Lá o deixei, meti-me às pressas na sege, que me esperava no largo de São Francisco de
Paula, e ordenei ao boleeiro que rodasse pelas ruas fora.”
Observe que no excerto o pronome pessoal oblíquo átono nos é empregado duas vezes.
No primeiro verso, ele está colocado antes do verbo. Nesse caso, dizemos que há próclise. No
segundo verso, o mesmo pronome está colocado depois do verbo, um caso de ênclise. Em
“Lá o deixei,...”, o advérbio lá atrai a próclise; em “meti-me às pressas na sege,...”, emprega-se
a ênclise no início da oração; em “que me esperava...”, o pronome relativo que atrai a próclise.
Além dessas duas colocações, há a mesóclise, quando o pronome oblíquo átono está no
meio do verbo. Veja:
Dir-nos-emos sempre as mesmas palavras.
Neste soneto, o poeta parnasiano Olavo Bilac, que tinha preocupação com a
arte pela arte, emprega pronomes enclíticos.
Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
86 • capítulo 4
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Na próclise, o pronome surge antes do verbo. Costuma ser empregada nos se-
guintes casos.
a) Nas orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo.
Exemplos:
Ninguém o apoia.
Nunca se esqueça de mim.
Não me fale sobre este assunto.
ATENÇÃO
Caso haja pausa depois do advérbio, emprega-se ênclise. Por exemplo: Aqui, vive-se.
capítulo 4 • 87
d) Nas orações iniciadas por palavras exclamativas e nas optativas (que ex-
primem desejo).
Exemplos:
Como te admiro! (oração exclamativa)
Deus o ilumine! (oração optativa)
88 • capítulo 4
Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda. (Procurariam + me)
Observações
a) Havendo um dos casos que justifique a próclise, desfaz-se a mesóclise.
Por exemplo:
Tudo lhe emprestarei, pois confio em seus cuidados. (O pronome "tudo"
exige o uso de próclise.)
b) Com os tempos verbais futuro do presente e futuro do pretérito jamais
ocorre a ênclise.
c) A mesóclise é colocação exclusiva da língua culta e da modalida-
de literária.
capítulo 4 • 89
d) Com os pronomes lhe e lhes, os verbos não sofrem alteração.
Exs.:
Devolvemos as provas aos alunos.
Devolvemos-lhes as provas.
Na língua portuguesa temos locução verbal formada por verbo auxiliar (ter, ha-
ver, ser, estar) + verbo no infinitivo (-R), ou verbo auxiliar + verbo no gerúndio
(-NDO) e tempo verbal composto formado por verbo auxiliar + verbo no particí-
pio (-DO, -TO, -GUE etc.).
Estudaremos primeiro essas formas verbais sem fator de próclise.
90 • capítulo 4
O jovem deve casar-se hoje.
O jovem deve se casar hoje.
O jovem se deve casar hoje.
Não posso me confessar autor dessas barbaridades.
ATENÇÃO
Na fala brasileira, emprega-se preferencialmente o pronome entre os verbos, qual seja, a
segunda colocação.
(Adonias Filho)
Alguns gramáticos afirmam que não convém usar o hífen nos tempos ver-
bais compostos e nas locuções verbais, pois, na fala brasileira, o pronome
capítulo 4 • 91
oblíquo se liga foneticamente ao verbo principal, e não ao verbo auxiliar. Ex.:
Precisamos nos unir!
Estudaremos, agora, a colocação dos pronomes nas formas verbais com fa-
tor de próclise.
(Raquel de Queirós)
Apesar de haver uma regra, na Gramática Normativa, muito clara para o uso da
mesóclise, o que se vê no uso cotidiano uma extinção dessa forma de colocação
92 • capítulo 4
pronominal. Mesmo em textos formais, esse tipo de colocação caiu em desuso,
talvez por dar ao discurso um tom solene ou rebuscado.
Ou talvez se deva ao fato de que, apesar de parecer a regra mais simples de
colocação, visto que só acontece quando o verbo se encontra no futuro do pre-
sente ou no futuro do pretérito, colocar o pronome no meio do verbo pode ser
complicado para maioria dos usuários da língua. Então, para evitar o erro ou
não parecer pedante, o comum é encontramos a utilização de um fator de pró-
clise, como um pronome pessoal, assim evita-se o uso da mesóclise.
ATIVIDADES
01. Leia o texto a seguir, publicado no Diário Catarinense, em 29/10/2007.
Ao ler, absorvemos muito mais e melhor o conteúdo dos fatos porque a construção
de cenários e personagens depende exclusivamente de nossa imaginação, nos permitindo
refletir e nos transportar para determinadas situações.
Você concorda com a colocação pronominal empregada pelo autor do texto? Justifique
sua resposta.
capítulo 4 • 93
REFLEXÃO
Agora temos a convicção de como é importante o domínio da Sintaxe em língua portuguesa.
Aprendemos a estabelecer relações entre os nomes, entre os verbos e seus complementos;
aprendemos a empregar corretamente os pronomes pessoais oblíquos não somente em frases
simples, mas também em frases que contemplam locuções verbais e tempos verbais compostos.
Na produção de um texto, então, devemos conhecer todos esses casos, a fim de que
tenhamos um texto claro, coesivo e, sobretudo, correto.
As normas que acabamos de traçar acerca da topologia pronominal não devem ser vistas
como preceitos intocáveis, ficando, em muitos casos, subordinadas às exigências da ênfase,
da harmonia e espontaneidade da expressão.
LEITURA
Para saber mais sobre a colocação dos pronomes oblíquos, leio o artigo de Luci Maria Melo
Leon, intitulado A teoria gramatical na colocação dos pronomes oblíquos átonos, disponível
em: <http://www.filologia.org.br/revista/artigo/10(28)04.htm>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos da Gramática do Português. Rio de Janeiro: Zahar,
2010.
________. Iniciação à Sintaxe do Português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lucerna,
2009.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lexikon:
Aveiro, 2009.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1998.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
________. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
94 • capítulo 4
5
Padrões oracionais
do português
brasileiro
5. Padrões oracionais do português brasileiro
O estudo da Sintaxe sempre foi considerado pelos alunos algo extremante difí-
cil. Isso porque a forma como se ensina, levando o aluno a decorar classifica-
ções, não ajuda a facilitar o processo nem deixá-lo prazeroso. Mas é um estudo
importante, pois o conhecimento da Sintaxe nos auxilia no processo de inter-
pretação dos textos, e, mais ainda, no processo de elaboração dos textos.
Nesse capítulo, vamos abordar o estudo da Sintaxe pelo viés das produções
frasais incomuns, ou seja, vamos estudar as frases que encontramos no nosso
dia a dia, não nas frases já elaboradas e prontas presentes nos compêndios gra-
maticais. Vamos tentar uma abordagem sociolinguística da Sintaxe.
OBJETIVOS
Por meio dos conteúdos expostos nesse capítulo você será capaz de:
• Conhecer melhor os diversos padrões oracionais da língua portuguesa;
• Entender como o português é uma língua de tópico;
• Entender porque o estudo da Sintaxe é importante.
96 • capítulo 5
EXEMPLO
O surgimento da Internet nos trouxe uma nova forma de utilizar a língua, ou seja, o interne-
tês. Isso trouxe para o nosso cotidiano expressões como: tuitar, vc, kd, blz etc., no âmbito da
língua escrita.
capítulo 5 • 97
pela próclise, utilizando um fator que a justifique, como pode-se perceber no
exemplo a seguir.
Eu te daria meu apoio se tu merecesses.
Além do uso dos pronomes, em que se percebe muito claramente a varia-
ção, há também tempos verbais que deixaram de ser usados, sendo substituí-
dos por outros de igual valor semântico, mas que apresentam uma forma mais
simples de uso, como o uso do pretérito mais-que-perfeito. Diz a regra que esse
tempo verbal deve ser usado para assinalar um fato passado em relação a outro,
também no passado, como no exemplo:
A mãe já o avisara quando a notícia oficial chegou.
No dia a dia, o que se percebe é a predileção pelo uso da forma composta,
com verbo auxiliar.
A mãe já o havia avisado quando a notícia oficial chegou.
Além das escolhas apontadas anteriormente, há que se ressaltar os usos
informais da língua, usos esses que encontramos no nosso cotidiano, em in-
terações informais, como com a família e amigos. Percebemos nessa variação
o uso de gírias, e de expressões populares. Isso não quer dizer que é uma for-
ma errada de se usar a língua, mas sim a utilização de uma variante da língua,
que segue regras próprias, mas não é inferior à norma culta, sendo também útil
à comunicação.
CONEXÃO
Assista ao vídeo Norma culta e variedade linguística, disponível em: <https://youtu.be/
pWvuF0U9zv4> para conhecer um pouco mais sobre as variedades da língua portuguesa.
98 • capítulo 5
Podemos, então, dizer que são muitas as variantes que determinam a diver-
sidade na qual a língua, que é heterogênea por natureza, é transformada em
discurso pelo falante.
Há, ainda, os termos essenciais que classificamos como nome e que mantêm
uma relação com o sujeito da oração, sendo que o verbo quase não apresenta
necessidade de aparecer na frase:
a) Predicativo do sujeito: Ela é bonita.
b) Predicativo do objeto: Ela julgou o Luiz incompetente.
capítulo 5 • 99
5.2.3 Essenciais do tipo nome ou pronome não transferido a verbo (substantivos):
ATENÇÃO
Uma variante do objeto indireto é o complemento adverbial de lugar (CA) ou locativo,
exigido pela semântica de alguns verbos transitivos, a exemplo de “Eu vou a Goiás”.
100 • capítulo 5
de frase, a exemplo de “Felizmente, ele dispensou a secretária” e “Não sairei
com você”.
Apesar de a língua portuguesa, como as demais, dar preferência para uma or-
dem estrutural comum, há variação nessa estrutura. Veremos, a seguir, outros
padrões frasais que também ocorrem em língua portuguesa.
h) PADRÃO I: S+VI± (AP) ± (AADV) → Eles foram assassinados pelo la-
drão hoje.
i) PADRÃO III: S+VT+CA± (AADV) → Nós moramos na rua.
j) PADRÃO IV: S+VT+OD+CA± (AADV) → Ele pôs o carro na garagem.
k) PADRÃO II + PADRÃO V = S+VT+OD+PO± (AADV) → O juiz declarou o
réu inocente.
A rigor, o predicativo do objeto da gramática tradicional inexiste, porque
corresponde ao predicativo do sujeito, como se pode constatar no exemplo re-
ferido, em que “inocente” é predicativo do sujeito de uma oração em que verbo
e conjunção encontram-se elípticos (que o réu é inocente).
capítulo 5 • 101
5.4 Português brasileiro: língua de tópico
102 • capítulo 5
2. Topicalização: o tópico apresenta uma função sintática na oração, ten-
do sido apenas deslocado para a posição do sujeito.
Ex.:
Carro, eu também acho ______ bonito.
A carne, eu já deixo _______ de um dia pro outro.
3. Deslocamento à esquerda: é a presença de um pronome-cópia ou de ou-
tro termo vinculado ao tópico na sentença-comentário.
Ex.:
As praias do nordeste elas são todas muito lindas.
Olha, eu acho que a violência ela nasce com cada um.
4. Tópico-sujeito: o tópico ocupa a posição do sujeito de forma que há até
o estabelecimento da concordância verbal.
Ex.:
Essas janelas estão ventando.
As pessoas têm o hábito de evitar o Jardim Botânico achando que vai ser
pior, a Lagoa sobrecarrega muito.
capítulo 5 • 103
Esse tipo de construção é muito comum em língua portuguesa.
Além desses tipos, é muito comum construções de tópico-sujeito,
com retomada
pronominal no interior da oração. Nesses casos, percebemos a retomada do
sujeito pelo pronome. O ponto importante aqui é que existe uma distribuição
complementar entre a presença do pronome e a concordância entre o termo
anteposto e o verbo.
Estas casas batem muito sol nelas.
Essa estante, o João põe muita coisa nela.
O João, pifou o carro dele.
Essa competência, ela é de natureza mental.
Esse uso serve, principalmente para justificar a concordância verbal.
104 • capítulo 5
No padrão formal, as orações anteriores não são aceitas, mas são tão usadas
em diversas situações de comunicação, que podemos encontrar seu uso em tex-
tos poéticos, como é o caso da canção a seguir.
A letra da canção traz o uso do pronome ele como objeto direto no verso:
“Sempre estar lá e ver ele voltar.” Pelas regras da gramática normativa, o correto
seria “e vê-lo voltar”. No caso da canção, temos a chamada “liberdade poética”,
ou seja, em textos literários, o autor pode usar a língua como bem lhe aprouver,
porque o mais importante nesse tipo de texto não é a mensagem em si, mas a
forma como ela é elaborada. No caso da canção em análise, percebemos que o
uso do pronome ele como objeto se justifica por dois motivos.
1. Criar os efeitos de sonoridade e ritmo.
2. Aproximar a linguagem da música ao português usado no cotidiano.
O uso do pronome pessoal reto na função de objeto da oração, como em “eu
vi ele” em vez de “eu o vi”, é um exemplo claro de mudança linguística que já
aconteceu e está consolidado em diversas variedades do português brasileiro.
Falta apenas a gramática normativa aceitar o uso como correto e, por serem
usadas por quase a totalidade dos falantes, já deveriam estar gramaticalizadas,
sendo, portanto, aceitas na língua escrita também.
capítulo 5 • 105
Ao juntar os dois períodos, temos que usar um pronome relativo no lugar do
termo que se repete nas duas orações, no caso, o menino. O pronome relativo
exerce, na oração subordinada relativa, uma função sintática. É por meio do
pronome relativo que as orações entram em conexão. Caso contrário, teríamos
dois períodos simples. Os relativos são recursos importantíssimos no processo
de coesão textual.
Para Tarallo (1983), existem duas estratégias de relativização: a estratégia
do pronome relativo, e a do pronome resumitivo, também chamada de relati-
va copiadora.
Vejamos os exemplos.
1. Este é o menino com quem falei ontem.
2. Este é o menino que falei com ele ontem.
A oração 1 apresenta uma oração relativa formada pela utilização do prono-
me relativo; já a segunda é um exemplo de relativa copiadora. Percebemos que
na segunda há a retomada da expressão menino duas vezes: uma pelo que, e a
segunda pelo pronome ele.
Segundo Tarallo (1983), a partir da segunda metade do século XIX, come-
çam a surgir as relativas cortadas, em que se percebe a falta das preposições
diante dos objetos indiretos.
Vejamos o exemplo.
Este é o homem que eu falei ontem.
Podemos dividir o período em dois: Este é o homem. Falei com o homem
ontem. Percebemos que na relativa copiadora não há a presença da preposição
diante do objeto indireto, homem, que é retomado pelo relativo que. Diante do
relativo deveria haver a preposição com, ou seja, de acordo com a Gramática
Normativa, a oração deveria ser construída da seguinte forma.
Este é o homem com quem eu falei ontem.
A relativa cortadora decorre do apagamento da preposição antes do prono-
me relativo. Para Tarallo (1983) as relativas cortadas surgem do hábito que o
falante tem de utilizar elipse em diversos contextos.
No portugues brasileiro, há uma preferência pela relativa cortadora em de-
trimento da relativa padrão, ou seja, prefere-se usar:
O livro que a capa está rasgada é meu. (relativa cortadora)
O livro cuja capa está rasgada é meu. (relativa padrão)
Além disso, outra marca do PB é a tendência a se preencher o sujeito e esva-
ziar o pronome, como vimos no item 5.5, o que leva Tarallo (1983) a afirmar que
106 • capítulo 5
o processo de relativização está relacionado à pronominalização do objeto, ou
seja, se enquandram na mesma mudança gramatical.
No caso das relativas copiadoras, em que há a retomada por um pronome, o
relativo perde sua função sintática, e passar a ser apenas uma conjunção.
Assim, podemos dizer em PB, temos três estratégias quando precisamos re-
lativizar um termo, sendo elas.
1. Esse é o menino a quem eu devo desculpas. (relativa padrão)
2. Esse é o menino que eu devo desculpas. (relativa cortada)
3. Esse é o menino que eu devo desculpas para ele. (relativa copiadora)
CONEXÃO
Assista ao vídeo A Língua falada e a Língua escrita sobre polêmica em torno do li-
vro didático Por uma vida melhor, da professora Heloísa Ramos. Disponível em:<https://
youtu.be/cH9fTlHgne0>.
capítulo 5 • 107
5.7 A mudança pronominal no português brasileiro: tu/você; vós/
vocês; nós/a gente
CONEXÃO
Para saber mais sobre o surgimento e o uso do pronome “a gente”, leia o artigo Um Estudo
Preliminar Sobre O “A Gente”: Origem E Uso, de Adilma Vieira e Cristiane Namiuti-Temponi dis-
ponível em: <http://www.celsul.org.br/Encontros/10/completos/xcelsul_artigo%20(1).pdf>.
Nesse artigo, as autoras propõem um estudo sobre o pronome em questão, sua origem e usos,
e o como ele se comporta sintaticamente.
O pronome você surge como uma modificação sofrida pelo pronome Vossa
Mercê, e suas variações, como vosmecê, vosmicê, vassuncê. Segundo Castilho
e Elias (2012):
Vossa Mercê era um tratamento dispensado aos reis. Com o desenvolvimento da bur-
guesia, os novos-ricos quiseram esse tratamento para eles também. Indignado, o rei
passou a reclamar Vossa Majestade para ele, lembrando decerto aos burgueses que
uma forca tinha sido convenientemente erigida defronte ao paço, caos eles resolves-
sem repetir a gracinha.
108 • capítulo 5
De todo modo, Vossa Mercê e derivados era um pronome de tratamento cerimonio-
so, dado “pelos de baixo” “aos de cima”. Veja o que é a roda da fortuna: pois não é
que o derivado você passou a ser no português brasileiro um tratamento de igual
para igual? Para o tratamento cerimonioso, inventou-se o senhor/ senhora, com suas
variantes sior, sor, seu/ nhô, nhora, sua. (CASTILHO e ELIAS, 2012, p. 91)
capítulo 5 • 109
Para evitar a ambiguidade causada pelo uso do pronome seu/sua, que po-
dem se referir tanto à pessoa com quem se fala, quanto à pessoa de quem se
fala, há as estratégias de uso do possessivo dele/ dela, como no exemplo a seguir.
4. João, vi Pedro com a namorada dele.
Além disso, percebe-se também, por conta de divergência entre pessoa e
concordância, uma mudança, na oralidade, do uso dos verbos no modo impe-
rativo, ou seja, mistura-se também o pronome você com os verbos flexionados
de acordo com a segunda pessoa.
110 • capítulo 5
Normativas (GB) é que a gente só pode ser usado na fala, em contextos infor-
mais de comunicação.
Já o uso do par tu/você já tem sido estudado. Lopes (2007) diz que:
capítulo 5 • 111
PESSOA PB FORMAL PB INFORMAL
1ª. Pessoa do singular Eu Eu, a gente
Tu/Você, o senhor, a
2ª. Pessoa do singular Você/ocê/cê, tu
senhora
3ª. Pessoa do singular Ele, ela Ele/ei, ela
1ª. Pessoa do plural Nós A gente
Vós (de uso muito restrito),
2ª. Pessoa do plural os senhores, as senhoras, Vocês/ocês/cês
vocês
3ª. Pessoa do plural Eles, elas Eles/eis, elas
112 • capítulo 5
O aluno precisa conhecer também as formas arcaicas, pois, apesar do desuso,
em algumas situações específicas, elas ainda ocorrem.
ATIVIDADES
01. Após analisar sintaticamente as frases a seguir, identifique o padrão frasal de cada
uma delas.
a) João fez a tarefa.
b) Notícia suspeita quebrou a suave harmonia.
c) Gostamos de nossos pais.
d) Todos responderam ao meu apelo.
e) Desejo-lhe muita prosperidade.
f) Flávio há de emprestar o carro a Maurício.
g) Devemos-lhe uma retribuição.
h) Havia muitas crianças na igreja.
i) Faz cinquenta anos.
j) Neva.
03. 3. Os pronomes pessoais do caso oblíquo, de acordo com a norma culta, não po-
dem exercer a função de sujeito nas orações. Sendo assim, reescreva as frases a seguir,
corrigindo-as.
a) Convidei ela para a festa de aniversário.
b) Vi ele no cinema.
c) Deram o livro para eu.
d) Emprestaram o caderno para tu.
capítulo 5 • 113
04. Leia a chamada da reportagem a seguir.
a) Há, no enunciado, um desvio quanto à norma culta no que diz respeito à concordância
verbal, identifique-a e corrija-a.
b) Há outra explicação para o desvio gramatical, além da falta de conhecimento das regras
de concordância verbal por parte do enunciador? Qual?
REFLEXÃO
Nesse capítulo abordamos questões que da língua que são deixadas de fora pela Gramática
Normativa. Apesar de a Gramática servir como um conjunto de regras para unificar princi-
palmente a forma de escrita, ao deixar de fora usos já sacramentados da língua, ela coopera
para o que temos chamado de preconceito linguístico.
Ora, se a mudança e a variação fazem parte do processo de transformação da língua, que
está em constante uso e se adequando aos mais diversos contextos, então a Gramática não
pode simplesmente fechar os olhos para aspectos inovadores do sistema.
114 • capítulo 5
Faz-se imprescindível que nós, professores, ao menos, não deixemos de lado a mudança
e a variação, que devem ser abordadas em sala de aula, para mostrar para o aluno que as
várias línguas portuguesas que falamos ou com as quais temos contato no nosso dia a dia
não são menos que a norma-padrão.
LEITURA
Para ampliar seus conhecimentos sobre Sintaxe, leia o livro do professor José Carlos de Aze-
redo, Iniciação à Sintaxe do Português (Rio de Janeiro: Zahar, 1990). A obra traz um estudo
detalhado a natureza, a estrutura e o funcionamento da linguagem verbal, não só no seu uso
cotidiano, mas nas obras literárias e no contexto profissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos da Gramática do Português. Rio de Janeiro: Zahar,
2010.
____________. Iniciação à Sintaxe do Português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
BAGNO, M. Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola, 2001.
CASTILHO, A. T. de e ELIAS, V. M. Pequena Gramática do Português Brasileiro. Paulo: Contexto,
2012.
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
LOPES, CELIA REGINA DOS S. Pronomes pessoais. In: Silvia Figueiredo Brandão e Silvia Rodrigues
Vieira. (Org.). Ensino de gramática: descrição e uso. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2007, v. 1, p. 103-114.
PONTES, Eunice. O tópico no português do Brasil. Campinas: Pontes, 1987.
SACCONI, L. A. Nossa gramática: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1999.
____________. Gramática essencial ilustrada. São Paulo: Atual, 1999.
ORSINI, M. T. e VASCO, S. L. Português do Brasil: língua de tópico e de sujeito. Revista Diadorim,
2007. Disponível em: <http://www.revistadiadorim.letras.ufrj.br/index.php/revistadiadorim/article/
view/86>
TARALLO, F. Relativization strategies in Brasilian Portuguese. University of Pensylvania. PhD
Dissertation, 1983.
capítulo 5 • 115
GABARITO
Capítulo 1
01.
a) A comida era boa, mas o pequeno restaurante vivia vazio.
b) Não a critique em público, pois ela é muito sensível.
c) Os alunos não concordaram com a proposta da escola nem propuseram outra so-
lução para o problema.
d) Está fazendo frio. Levarei, pois, uma blusa.
02. “Então a velha apeou do tapir e montou num cavalo gázeo sarará que nunca prestou nem
prestará e seguiu.” (Mário de Andrade, Macunaíma)
a) O período é formado por cinco orações.
b) São coordenadas sindéticas aditivas a 2ª, 4ª e 5ª oração.
c) A última oração coordena-se aditivamente com a 2ª oração.
03.
a) Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram.
b) Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.
c) Quero desculpar-me, mas não consigo encontrá-los.
Capítulo 2
01.
a) É provável que esse rio seja fundo. O. S. S.Subjetiva
b) Desconfio que essas histórias sejam inventadas. O. S. S. Objetiva Indireta
c) O professor gosta de que todos os alunos participem da aula.O. S. S. Objetiva Indireta
d) O importante é que todos estudem. O.S. S. Predicativa
e) A moça tinha medo de que as baratas invadissem a cozinha. O.S.S. Completi-
va Nominal
02.
a) Convém que você estude. O.S.S. Subjetiva
b) Sinto que muitas coisas mudarão. O.S.S. Objetiva Direta
c) Deixe que eu descanse.O.S.S. Objetiva Direta
d) Tenho certeza de que ainda há esperanças. O.S.S. Completiva Nominal
e) Meu desejo é que consigam superar as dificuldades. O. S. S.Predicativa
116 • capítulo 5
f) A resposta é dada por quem pesquisa. O.S.S. Agente da Passiva
g) O campeonato será vencido por quem acumular mais pontos. O.S.S. Agente da Passiva
03.
a) Apesar da facilidade de acesso às mais diversas fontes de informação, ninguém
foi capaz de prever o controle da inflação pelo Brasil mesmo após a liberação do
câmbio, e a derrota da seleção de Zagallo tão vergonhosamente na Copa de 1998
e que o Muro de Berlim acabaria em pó.
b) Não admite o mesmo tipo de transformação, pois o substantivo “acabamento” daria
outro significado ao texto.
04.
a) Embora sem vírgulas, trata-se de orações adjetivas explicativas. Isso ocorre porque,
para interpretá-las como restritivas, seria necessário pressupor que houvesse duas
Teresas (a que ama Raimundo e a que não ama), dois Raimundos (o que ama Maria
e o que não ama) e assim por diante. Como não há nenhuma marca textual de que
existam outras Teresas ou outros Raimundos, só é possível tomar as orações adje-
tivas como explicativas.
b) Sim. O fato de os três primeiros versos não apresentarem uma única vírgula faz o
poema ser lido sem pausas, o que funciona como estratégia para reforçar a união
das personagens. Nos quatro últimos versos, a presença da vírgula promove pau-
sas entre as orações que narram o destino infeliz dos amantes, sugerindo sua se-
paração. Já o emprego de vírgulas separando as orações dos três primeiros ver-
sos faria com que o efeito de sentido de união entre as personagens – produzido
pela ausência de pausas rítmicas – desaparecesse, e o poema perderia parte de
sua musicalidade.
05.
a) Em I, há jogadores na seleção de quem se esperava maior empenho, mas não de
todos. Em II, não houve empenho de nenhum jogador da seleção. Um I, temos a
restrição dos jogadores a que se refere. Em II, temos a generalização, fala-se de
todos os jogadores.
b)
Os jogadores da seleção de quem se esperava maior empenho foram vaiados.
oração subordinada adjetiva restritiva
capítulo 5 • 117
Capítulo 3
01.
1ª oração subordinada adverbial condicional;
2ª oração subordinada adverbial comparativa;
3ª oração principal; 4ª oração subordinada adverbial final.
02.
1.
a) As ações de uma criança. Ela olha para o céu, levanta a mão.
b) Um adulto, porque reflete sobre as atitudes de uma criança.
2.
a) Dois.
b) O 1º é simples, e o 2º, composto.
c) Duas.
d) São orações coordenadas.
3.
Na 2ª oração, existem dois períodos, separados por dois-pontos.
a) O 1º período tem duas orações; e o 2º, três.
b) Por subordinação.
4.
Oração principal; oração subordinada substantiva objetiva direta.
Oração principal; oração subordinada substantiva objetiva direta; oração subordinada
adverbial temporal.
5.
a) e b) Ambas são verdadeiras.
03. 1. D;
2. C
04. As três orações são subordinadas substantivas subjetivas reduzidas de
infinitivo.
05.
a) quando vestia a camisola – oração subordinada adverbial temporal.
b) porque não tinha de dormir naquela peça – oração subordinada adverbial
causal.
c) quando brincava no jardim da casa de veraneio de seus pais – oração
subordinada adverbial temporal; para que passeasse no bosque próximo –
oração subordinada adverbial final.
118 • capítulo 5
06. A conferência de uma nota verdadeira é uma atitude – oração principal;
Quando se recebe uma nota,... – oração subordinada adverbial temporal;
Para que se saiba mais,... – oração subordinada adverbial final.
07. a. (A oração é subordinada adjetiva restritiva)
08.
a) “Ver todo um mundo num grão
E um céu em ramo // que aflora //
É // ter o infinito na palma da mão
E a eternidade numa hora.”
b) 1ª oração principal; 2ª oração subordinada adjetiva restritiva; 3ª oração subordinada
substantiva predicativa reduzida de infinitivo.
Capítulo 4
01. A posição do pronome nos está incorreta, pois não se inicia frase com pronome oblíquo.
Correto: ...permitindo-nos refletir...
02.
a) Quero-lhe contar uma notícia. ou Quero contar-lhe uma notícia.
b) A jovem o estava beijando. ou A jovem estava-o beijando. OU A jovem estava
beijando-o.
c) Os pais o tinham permitido. ou Os pais tinham-no permitido.
d) Não lhe podemos ensinar a lição? ou Não podemos ensinar-lhe a lição?
e) Ela sempre me estava olhando. ou Ela sempre estava olhando-me.
f) Ninguém a havia visto no baile.
03.
a) Ter-lhe-iam falado a meu respeito?
b) E se eu me houvesse enganado?
c) Era um vidrinho de perfume cuja essência já se tinha evaporado.
d) Haviam-no procurado em toda parte.
e) Ela aplaudia a transformação que se ia operando em mim. ou Ela aplaudia a trans-
formação que ia operando-se em mim.
f) O marido a está aconselhando a desistir da viagem. ou O marido está aconselhan-
do-a a desistir da viagem.
g) Eu me deveria reunir a eles para a escalada do morro. ou Eu deveria reunir-me a
eles para a escalada do morro.
capítulo 5 • 119
Capítulo 5
01.
a) O+V+OD
b) S+Adj+V+OD+Adj
c) S+V+OI
d) S+V+OI
e) S+V+OI+ADVV+OD
f) S+loc. V+OD+OI
g) S+V+OI+OD
h) V+OD+ADVV
i) V+OD
j) V.
02.
a) João a viu no cinema ontem.
b) Empresta-me um dinheiro.
c) O menino de quem eu gosto é aquele.
d) Aquele velho senhor a quem acabamos de encontrar sentiu-se mal.
e) A garota com quem vivo querendo sair começou a namorar um amigo meu.
f) Procuro conviver com pessoas cujas vidas tenham sido ricas em experiência.
03.
a) Convidei-a para a festa de aniversário.
b) Vi-o no cinema.
c) Deram o livro para mim.
d) Emprestaram o caderno para ti.
04.
a) O que a gente é.
b) Sim. O pronome a gente serve como substituto para o pronome nós, ou seja, é
usado quando ser quer marcar a presença do enunciador entre os sujeitos. Nesse
caso, é provável que o enunciador quis dar ênfase ao fato de que também compõe
o grupo.
120 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 121
ANOTAÇÕES
122 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 123
ANOTAÇÕES
124 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 125
ANOTAÇÕES
126 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 127
ANOTAÇÕES
128 • capítulo 5