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Linguística da

Língua Portuguesa
1. LINGUÍSTICA 4
A Divisão para Estudos Linguísticos 6

2. Os Aspectos da Língua 8
O Dialeto 9
As Gramáticas e a Linguística 10

3. As Variações Linguísticas 15
Variação Geográfica 15
Variação Estilística 17
Variação Histórica 18
Variação Social 19

4. As Inteligências Múltiplas 22
A inteligência Linguística 25

5. Referências Bibliográficas 28

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

1. LINGUÍSTICA

Fonte: Conhecimento Cientifico1

A Linguística trata-se de um es-


tudo de cunho científico da lin-
guagem e seus fenômenos. O espe-
guagem passaram por mudanças e
apresentaram alguns principais mo-
vimentos nos estudos linguísticos
cialista em linguística é o linguista. através de Ferdinand Saussure, na
A partir do início do século universidade de Genebra, com um
XIX, através do pensamento moder- curso que mais tarde tornou-se em
no sobre a linguagem, aparece a lin- livro.
guística comparativa. O seu objeto Depois apareceu o estrutura-
de estudo são as formas no seu pró- lismo, pois havia no campo da lin-
prio processo de mudança. Há uma guística o problema da descrição.
investigação para saber como a lin- Saussure, ao estabelecer a língua
guagem era. A partir daí, busca-se como objeto da linguística, consti-
reconstruir por meio da compara- tuiu um objeto no qual não estavam
ção, o passado da forma em questão. incluídas as questões do sujeito, da
No início do século XX, as pes- relação com o mundo, e mesmo a
quisas sobre os fenômenos da lin- questão da significação.

1 Retirado em https://conhecimentocientifico.r7.com/

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Com os problemas suscitados, pacidade ou competência para falar


Benveniste instala estudos enuncia- é inata à medida em que é biológica.
tivos, levando em consideração o Para Chomsky a questão é que
funcionamento da língua marcada o Humano é biologicamente univer-
pela relação daquele que fala, que se sal e é o mesmo para todos, e a lin-
marca na estrutura da língua, desen- guagem é parte desta caracterização
volvendo a semântica argumentati- naturalista e universal.
va. Esta salienta que o sentido são as Um outro movimento é a so-
relações retóricas que se marcam na ciolinguística de Labov. Para ele, a
língua, ou seja, a fala é um instru- língua é pensada como uma estrutu-
mento das relações de argumenta- ra variável, através do qual é pos-
ção. sível estabelecer relações entre uma
Neste sentido, nesta semânti- divisão estratificada da sociedade e a
ca, o sentido não constitui uma re- variabilidade estatística da língua.
lação da linguagem com o mundo, Assim, a língua é pensada co-
mas uma relação própria do aconte- mo algo distinto do linguístico e a
cimento de enunciação que constitui socioliguística estabelece as correla-
os lugares do locutor e seu desti- ções entre uma estratificação social
natário. e a variabilidade das estruturas lin-
Outro movimento dos estudos guísticas, suscitando ideias antropo-
linguísticos do século XX ocorreu lógicas e sociolinguísticas.
com Chomsky. Ele busca funda- Um terceiro momento dos es-
mentar uma nova posição biológica tudos da linguagem no século XX
para a linguagem: o cognitivismo do busca pensar a relação entre a exte-
século XVI. Deste modo, a língua- rioridade e o linguístico como uma
gem está ligada à questão do pensa- relação histórica e constitutiva: a
mento, isto é, trata-se de um instru- Análise de Discurso. Pêcheux afirma
mento de expressão do próprio pen- que a análise do discurso constitui
samento. como instrumento para pensar o
Chomsky lança, portanto, a histórico e o político como próprios
Gramática Gerativa e Transforma- do processo de significação do dizer
cional que focaliza as relações das (no qual se insere o sujeito). Para
unidades linguísticas entre si, ou esta concepção, o objeto dos estudos
seja, a sintaxe. Para este pesquisa- é o discurso enquanto objeto linguís-
dor, as pessoas falam porque têm tico e histórico.
um órgão da linguagem, isto é, a ca-

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

A Divisão para Estudos Lin- Essas divisões não são aceitas


guísticos por todos os linguistas.
Nas gramáticas pedagógicas e
Os linguistas dividem o estudo nos livros didáticos adota-se a abor-
da linguagem em certo número de dagem normativa da língua que
áreas que são estudadas mais ou me- apresenta um conjunto de regras
nos independentemente. Estas são que devem ser seguidas para a ob-
as divisões mais comuns: tenção de uma fala e escrita correta,
 Fonética: é o estudo dos dife- privilegiando a norma culta da
rentes sons empregados em língua.
linguagem; A abordagem descritiva tem a
 Fonologia: é o estudo dos pad- preocupação com o efetivo uso, com
rões dos sons básicos de uma as regras que são seguidas pelos fa-
língua; lantes, havendo a preocupação com
 Morfologia: é o estudo da es-
a descrição e/ou a explicação do que
trutura interna das palavras;
 Sintaxe: é o estudo de como a acontece na realidade e não do que
linguagem combina palavras deveria acontecer.
para formar frases gramati- Pode-se dizer que a aborda-
cais. gem normativa se preocupa com o
 Semântica: formal ou lexical, que deve ser seguido, prescrevendo
trata do estudo dos sentidos o que deve ocorrer, enquanto a abor-
das frases e das palavras que a dagem descritiva orienta o trabalho
integram;
dos linguistas, descrevendo o que
 Lexicologia: é o estudo do
conjunto das palavras de um deve ser seguido.
idioma;
 Terminologia: é estudo que se
dedica ao conhecimento e aná-
lise dos léxicos especializados
das ciências e das técnicas;
 Estilística: o estudo do estilo
na linguagem;
 Pragmática: o estudo de como
as oralizações são usadas (lite-
ralmente, figurativamente ou
de quaisquer outras maneiras)
nos atos comunicativos;
 Filologia: é o estudo dos textos
e das linguagens antigas.

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

2. Os Aspectos da Língua

Fonte: Sennda2

D e acordo com Chomsky (1978),


cada língua em particular é
uma manifestação específica do es-
gramática universal. Chomsky (197
8) considera que o sujeito que domi-
nar um conjunto finito de regra é
tado inicial uniforme. A língua no capaz de produzir um número infi-
modelo gerativista é concebida co- nito de sentenças.
mo uma capacidade inata do ser hu- Pode-se dizer que os estudos
mano devido aos fatores neuro-ge- chomskyanos são chamados de ge-
nético-biológicos. rativismo que propõe o uso de uma
Desta forma, para este mesmo gramática gerativa, relacionada com
autor, a criança teria sua capacidade as possibilidades de cada língua de
de aprender a língua devido à facul- gerar expressões.
dade da linguagem, seria capaz de Segundo Perini (1985), a lín-
reconhecer sentenças como grama- gua é tida como um conjunto de sen-
ticais ou agramaticais da sua língua tenças, sendo que cada uma delas é
por meio da competência linguística formada por uma cadeia de elemen-
e só seria capaz de aprender uma lín- tos, palavras e morfemas.
gua que seguisse os princípios da

2 Retirado em https://sennda.com.br/

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Para este mesmo autor, o uso mas nenhum sujeito é detentor da


da língua é resultado desse comple- língua, ela somente existe e é com-
xo de fatores linguísticos e extralin- pleta no todo.
guísticos que se denomina desem- Para esse mesmo autor, a lín-
penho. Para Perini (1985), o desem- gua é um sistema finito de signos
penho é aquilo que a pessoa realiza utilizados para a comunicação. O
quando fala, ou quando ouve, ou seu significado está no plano das
escreve ou lê. ideias, os significantes estão no pla-
De acordo com Crystal (1988), no da expressão.
há vários conceitos para a palavra A partir de Chomsky e de
língua e um desses conceitos seria Saussure, pode-se dizer que a língua
que o ato concreto de fala como um é um sistema de signos linguísticos,
dos sentidos que a língua tem, em e que o conhecimento deste sistema
seu nível mais específico. pelos sujeitos pode criar sentenças.
Para Saussure (1995), a língua Há outras abordagens linguís-
é um fenômeno interdisciplinar, ticas que introduzem aspectos em
sendo que em que cada uma das dis- que a língua é um ato concreto de
ciplinas que a estuda lhe conceitua fala, através da realização da interlo-
da forma que melhor lhe convém, le- cução humana, sendo que a própria
vando em consideração o seu objeto língua se constitui como o instru-
e objetivo. mento fundamental para que esse
Ainda, segundo Saussure (199 processo ocorra.
5), a língua é um objeto homogêneo, Para Saussure (1995), a língua
caracterizado como um sistema de é um sistema de signos; e para
forma que se caracteriza pelas rela- Chomsky (1978), um conjunto de
ções que têm umas com as outras. sentenças.
Saussure (1995) salienta que a
língua é um sistema de signos em O Dialeto
que o seu funcionamento baseia-se
em um número de regras. Sendo as- O dialeto trata-se de:
sim, é considerado um código que  Uma variedade da língua;
permite estabelecer uma comunica-  Maneira de falar própria de
ção entre um emissor e um receptor. determinado grupo de falantes
Para ele, a língua é um fenômeno so- da língua;
 Identifica-se por peculiarida-
cial, adquirido e resultante de uma
des de pronúncia, de vocabu-
convenção, sem sua apropriação não lário e de gramática.
é possível a compreender o outro,

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

O dialeto refere-se ao uso da gramática normativa está na ideia de


língua próprio de determinada re- que saber uma língua é saber teoria
gião (dialeto regional ou geográfico). gramatical. Este pensamento lógico
Em sentido mais amplo e corrente proporciona uma linguagem lógica e
em sociolinguística este termo se deve incorporar regras, segundo a
aplica ao uso da língua que iden- gramática normativa.
tifica: Para Franchi (1991), a gramá-
 Estratos sociais diferentes tica normativa trata-se de um con-
(dialetos sociais); junto sistemático de normas para
 Gerações diferentes (dialetos falar e escrever bem, estabelecidas
etários); pelos especialistas, com base no uso
 Sexo diferente (dialeto femini- da língua consagrado pelos bons es-
no, dialeto masculino).
critores. Neste sentido, fala e escreve
bem aquele que organiza logicamen-
As Gramáticas e a Linguística
te o seu pensamento.
Conforme Geraldi (1997), toda Franchi (1991) também ressal-
metodologia de ensino articula uma ta que a língua é um código, um con-
opção política com os mecanismos junto de signos, combinados através
utilizados em sala de aula. A opção de regras, que possibilita ao emissor
política envolve uma teoria de com- transmitir uma mensagem ao recep-
preensão da realidade, aí incluída tor, servindo como meio de comuni-
uma concepção de linguagem que dá cação entre os indivíduos.
resposta ao “para que ensinamos e o Nesse aspecto, privilegia-se a
que ensinamos”. forma, o componente material da
De acordo com Travaglia (199 língua, em detrimento do conteúdo,
7), o fenômeno linguístico é reduzi- da significação e dos elementos ex-
do a um ato racional, a um ato mo- tralinguísticos.
nológico, individual, que não é afe- Diante disso, Travaglia (1997),
tado pelo outro nem pelas circuns- considera que nessa concepção, o
tâncias que constituem a situação que o indivíduo faz ao usar a língua
social em que a enunciação acon- não é tão somente traduzir ou exte-
tece. riorizar um pensamento ou trans-
O fato linguístico é um ato mitir informações a outrem, mas
individual, cuja expressão só depen- sim realizar ações, agir, atuar sobre
de da capacidade do falante em or- o interlocutor (ouvinte/leitor).
ganizar o pensamento de maneira Deste modo, através dessa
lógica. O conceito que mais se vê na proposta, a concepção interacionista

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

contrapõe-se às visões conservado- Para Suassuna (1999), ao ana-


ras da língua, que a considera um lisar as gramáticas antigas do Portu-
objeto sem história e sem interferên- guês e comparando-se com as mais
cia dos fatores sociais. recentes, pode-se constatar que to-
Essa concepção é vista na lin- das mantêm as características, se-
guística textual, Análise do Discur- guindo o rigoroso método histórico-
so, Análise da Conversação, Semân- comparativo através das descrições
tica Argumentativa e Estudos da e normas apresentadas para falar e
Pragmática, correntes que colocam escrever corretamente.
as condições de produção do discur- Os problemas relativos à gra-
so no centro de toda a reflexão sobre mática são devidos a várias ques-
a linguagem. tões, entre elas aparecem:
Bakhtin (1977) salienta as cor-  O ensino de terminologias;
rentes linguísticas conservadoras,  De metalinguagem, e não da
ao afirmar que: língua propriamente;
Na prática viva da língua, a  As definições das classes das
consciência linguística do locutor e palavras;
do receptor nada tem a ver com o  A visão preconceituosa da lín-
gua, expressa ora na censura a
sistema abstrato de formas normati- certos usos, ora na exclusão de
vas, mas apenas com a linguagem no determinadas construções;
sentido de conjunto dos contextos  A análise pela análise, ou seja,
possíveis de uso de cada forma não se discutem regras de
particular. construção, dando-se priori-
De acordo com Bakhtin (1977), dade a certas informações
a língua é produzida socialmente. acerca da língua, levando os
alunos a reproduzir e quase
Isto quer dizer que a sua produção e nunca a sistematizar;
reprodução é fato cotidiano, locali-  A abordagem da língua sem
zado no tempo e no espaço da vida referência a seus usos ou às
dos homens: uma questão dentro da situações concretas em que ela
vida e morte, do prazer e do sofrer. é produzida;
No Brasil, por exemplo, em  Exemplificações falhas e clas-
que a sociedade é dividida em rela- sificações errôneas;
ção à economia e política, isola-se  Consideração da frase como
limite máximo de análise, co-
também os grupos, distribuindo a
mo ocorre com muitas gramá-
miséria entre a maioria. A língua ticas que não resultam de um
não poderia deixar de ser a expres- trabalho de pesquisa ou de um
são dessa mesma situação. acompanhamento das trans-

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

formações sofridas pela lín-  O componente conceitual: sur-


gua; e, ge a intenção comunicativa;
 Distribuição aleatória de con-  O componente contextual: ar-
teúdo, sem adequação a deter- mazena todos os aspectos da
minados objetivos de ensino comunicação que podem in-
(SUASSUNA, 1999). fluenciar o funcionamento do
componente gramatical;
Em relação aos problemas su-  O componente de saída: res-
pracitados, postula-se que o compo- ponsável pela tradução da re-
nente gramatical é tanto mais efe- presentação fonológica do ato
discursivo para a forma fonéti-
tivo quanto mais sua organização se
ca (HENGEVELD, MACKEN-
assemelhar à produção linguística ZIE, 2009).
do indivíduo. (HENGEVELD, MA-
CKENZIE, 2009). Deste modo, há que se concor-
Para estes autores, é preciso dar com os autores acima quando
começar com a informação que pro- inferem que o professor que domina
vém do componente conceitual e tais conhecimentos tem mais chan-
termina com uma representação fo- ces de obter sucesso no ensino da
nológica a ser transmitida ao com- produção e interpretação textual de
ponente de saída dentro do discurso. seus alunos, uma vez que conhecem
É preciso observar os operadores pa- os fatores gramaticais que operam a
ra compreender o texto, descompli- linguagem.
cando, assim, o uso das gramáticas. Outro problema é o da orto-
Para tanto, cabe dizer que a grafia que dificulta o ensino de por-
Gramática Discursivo-Funcional de- tuguês. O erro ortográfico é superva-
riva-se do fato de se enfatizar o ato lorizado, passando a ser o único
discursivo, a fim de não restringir a critério de avaliação do texto escrito
orações completas; abrangendo tan- para muitos professores.
to as unidades maiores quanto as As variedades linguísticas são
menores do que as orações comple- aceitas como formas legítimas de ex-
tas na compreensão do texto (HEN- pressão e a norma culta é vista como
GEVELD, MACKENZIE, 2009). uma variante, apenas mais uma va-
Na descrição de atos discur- riante, e não como a única respon-
sivos, deve-se reconhecer a necessi- sável pelo que é certo, nem como
dade de postular tanto um compo- exclusiva expressão da cultura lin-
nente gramatical quanto três com- guística (SUASSUNA, 1999).
ponentes adicionais que interagem O texto (escrito e oral) deve ser
com o componente gramatical: visto como instrumento de ensino-

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

aprendizagem, possibilitando-se o Trata-se de uma referência


diálogo com outros textos que reme- exofórica que se estabelece entre
tem a textos passados e que farão uma expressão linguística e um ele-
surgir textos futuros (GERALDI, mento externo ao enunciado. É uma
1997). manifestação típica presente na
Diante disso, percebe-se que a comunicação aberta, com finalidade
língua oral tem mais riqueza na co- de enfatizar os referentes e situá-los
municação, uma vez que o falante no momento da enunciação, num
conta com muitos recursos para ex- determinado espaço, em relação ao
pressar suas ideias. Ao relacionar emissor e ao receptor durante uma
signos linguísticos com o contexto, conversação.
todo falante, independente da sua Para Ilari e Geraldi citados por
condição de vida ou faixa etária, car- Lavarda e Bidarra (2007), os dêiti-
rega em sua fala elementos extralin- cos realizam os fenômenos da dêixis
guísticos. que é o ato de mostrar, apontar
Para a complementação do (aqui, ali, lá) que é um dos traços que
discurso oral, parece não haver si- distinguem a linguagem humana
tuação em que os dêiticos deixem de das linguagens artificiais.
aparecer. Em situações correntes de Geraldo (1995) afirma que
uso da linguagem humana a dêixis aceitar a interação verbal como fun-
constrói a ligação entre uma expres- dante do processo pedagógico é des-
são linguística e um elemento da si- locar-se continuamente de planeja-
tuação de enunciação. A situação é mentos rígidos para programas de
tomada como ponto de partida, num estudos elaborados no decorrer do
ato particular de produção discur- próprio processo de ensino e apren-
siva, feitos pelo sujeito egocêntrico dizagem, assim, deve-se levar em
Eu, no momento presente. conta toda manifestação da língua,
Para Lavarda e Bidarra (200 seja ela escrita ou falada.
7), a Dêixis é uma palavra de origem
grega deíknymi, que significa, ação
de mostrar. Este conceito passou a
fazer parte da teoria linguística, ten-
do sido introduzida para indicar os
traços orientacionais da língua rela-
cionados ao tempo e ao lugar do
enunciado.

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

3. As Variações Linguísticas

Fonte: Conhecimento Cientifico3

Variação Geográfica 20, com o Dialeto caipira, de Ama-


deu Amaral. Este trabalho teve gran-

S abe-se que o Brasil possui um


imenso território, com regiões
geográficas diversificadas, ricas em
de significado, uma vez que perce-
beram a necessidade de recolher os
falares, condenados a perecerem pe-
cultura. Desta forma, o país apre- la progressiva nivelação cultural. Foi
senta diferentes formas de: Amadeu Amaral quem iniciou as
 Pronúncia; pesquisas e, posteriormente, abriu
 Vocabulário; caminho para outras novas pesqui-
 Estrutura sintática entre ou- sas, como por exemplo, o de Antenor
tros. Nascentes sobre o linguajar carioca
publicado em (1922).
No Brasil, os estudos sobre os
dialetos teve início por volta de 19

3 Retirado em https://conhecimentocientifico.r7.com/

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

De acordo com Antenor Nas- Para exemplificar, podemos


centes, foi necessário dividir o falar usar o nome de uma planta conhe-
brasileiro em seis subfalares que cida da família da euforbiáceas. Em
reuniu em dois grandes grupos os cada região ela possui uma denomi-
quais foram chamados de Norte e nação. Em Minas Gerais é conhecida
Sul. como mandioca, no Rio de Janeiro
Basta uma frase ou uma pala- como aipim e em Pernambuco, ma-
vra para caracterizar as pessoas per- caxeira.
tencentes a cada um destes grupos. Isso trata-se de uma manifes-
Eles estão separados por uma zona tação lexical da sinonímia. É rele-
que ocupa os extremos setentrional vante lembrar que tal fenômeno se
e meridional do país. Esta zona se encerra no âmbito geográfico, mas é
estende da foz do rio Mucuri, entre fundamentado no histórico; uma vez
Espírito Santo e Bahia, até o Estado que todas as variações provêm da
de Mato Grosso. língua indígena tupi, que por um
Para Nascentes o falar do Nor- período breve – durante a coloniza-
te e do Sul apresenta traços diferen- ção – foi largamente utilizada no
ciadores fundamentais: país.
 A abertura das vogais pretôni- Em uma comunidade ampla,
cas no Norte em palavras que formam-se comunidades linguísti-
não sejam diminutivos nem cas menores em torno da cultura,
advérbios terminados em – política e economia, definindo os
mente;
padrões linguísticos utilizados na
 A cadência do ritmo frasal,
“cantada” no Norte, e normal região de sua influência.
ou descansada no Sul. O fenômeno da globalização é
um processo que homogeneíza os
Estes espaços admitem seis falares, trazida pela mídia, incorpo-
subfalares – no Norte: amazônico e rando ao falar das regiões. Outras
nordestino; e no Sul: baiano, flumi- expressões também manifestam as
nense, mineiro e o sulista. variações como:
A variação se manifesta com  “Ficar para titia” que significa
maior evidência no léxico (vocabu- ficar solteirona era usada mais
lário), nas realizações de determina- na região Sudeste.
dos sons, como o “r”, “o”, “e”, “t” e no  Nas regiões Norte e Nordeste
se falava “ficar vitalina”, ex-
ritmo da fala, de maneira a distin-
pressão feita com em alusão à
guir áreas linguísticas e falares. Santa Vitalina;

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

 E “ficar no caritó” era uma es-  Emissor;


pécie de prateleira rústica, nas  Receptor;
casas pobres, onde são coloca-  E situação.
dos os objetos de pouco uso,
com o advento da televisão, A identidade do emissor pode
hoje “ficar vitalina” e “ficar ca-
influenciar as variedades linguísti-
ritó” são usadas mais nas dra-
maturgias como forma de evi- cas. Enquanto que a identidade do
denciar o falar nortista e nor- receptor pode implicar a escolha do
destino. tratamento e uma busca de adap-
tação. Uma pessoa que tem muito
Entende-se que as diferenças estudo e precisa comunicar-se com
linguísticas entre as regiões são gra- pessoas que não tiveram contato
duais e que nem sempre coincidem com a linguagem culta, deve levar
com as fronteiras. A definição de em consideração a situação comuni-
áreas linguísticas fundamenta a in- cativa, determinando uma varieda-
dicação de diferenças e identidades, de menos formal e mais próxima de
além de estabelecer as variáveis so- entendimento do receptor. Desta
ciais ligadas à distribuição espacial. forma, a comunicação será eficiente.
Há dois limites de estilo:
Variação Estilística  O informal, quando há pouca
reflexão do falante sobre as
Pode-se dizer que a variação normas linguísticas utilizadas
estilística trata-se da expressividade no processo de comunicação
individual da língua. Tal expressivi- do dia-a-dia.
 O formal, quando o grau de re-
dade, mesmo para um único indi-
flexão é alto, as conversações
víduo, pode ser diversificada em vá- não são coloquiais e o assunto
rios contextos e/ou situações de co- é culto, bem elaborado.
municação. Por exemplo:
 Situação de comunicação em Há vários fatores que determi-
cenário familiar; nam a escolha da variação linguísti-
 No âmbito profissional; ca nas diversas situações de comuni-
 Deve-se levar em consideração cação. Pode-se destacar a influência
o nível de intimidade;
dos seguintes fatores:
 O assunto a ser tratado;
 Profissional: por exemplo, um
 E emissores e receptores.
sujeito que faz parte de um
grupo de baixa escolaridade, e
É preciso levar em conside- desenvolve um vocabulário
ração os elementos de comunicação:

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

mais complexo, pode passar As variedades linguísticas ma-


por situações difíceis em rela- nifestam, no Brasil, a diversidade e
ção aos outros sujeitos que não riqueza da língua portuguesa. No
desenvolveram tal compe-
entanto, mesmo o país apresentan-
tência.
do tamanha diversidade, ainda se
 Familiar: uma pessoa de baixa
escolaridade ouve uma notícia considera que a norma padrão é a
jornalística (padronizada, com forma considerada a certa.
o uso da norma culta da lín- Este pressuposto é reforçado
gua), mas está fora do conhe- pelo fato de as escolas a usarem e a
cimento do ouvinte; terem como meio de ascensão social.
 Um parecer: quando um ma- A variante formal é importante e
gistrado, um advogado ex-
sustenta a língua, mas não pode ser
põem os fatos analisados para
um júri, que apesar de ter uma considerada como única. Devem-se
escolaridade média, não com- levar em consideração as raízes do
preendem o que falaram. português arcaico. A priorização do
ensino da norma culta e o desres-
As pessoas apresentam des- peito às demais variações trata-se de
vios em relação às normas gramati- um preconceito linguístico.
cais na língua falada, uns com mais Segundo estudiosos, a norma
desvios, outras como menos. culta está relacionada à linguagem
Como o processo de comuni- da classe dominante. Todavia, esta
cação é dinâmico, essa variação po- classe não é composta por indiví-
de ocorrer. No entanto, ao se regis- duos de um único meio nem com a
trar a língua de forma escrita é pre- mesma formação. Uma minoria sen-
ciso zelar e ter preocupação com o te-se capaz e confiante em utilizá-la.
intuito de respeitar as normas gra- A grande maioria dos brasi-
maticais. leiros utiliza a língua despreocupa-
As modalidades de variação damente; comunicam-se de acordo
linguística não acontecem de forma com o dialeto em que estão inseri-
isolada, há relação entre elas. Assim, dos.
pode-se dizer que no caso de uma
variante histórica pode resultar em Variação Histórica
uma variante geográfica; uma va-
riante geográfica pode ser vista co- Com o passar dos tempos, po-
mo uma variante social ao se consi- de ocorrer a variação histórica que
derar a migração entre regiões. pode ser identificada através da

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

comparação do uso da língua. Por  Etnia;


exemplo, alguns textos antigos, de  Sexo;
séculos passados, apresentam regis-  Faixa etária;
tros linguísticos bem diferentes dos  Grau de escolaridade;
textos atuais.  Grupo profissional.
Certas palavras ou expressões
não são mais usadas ou estão em A relação da língua com os
desuso. Alguns vocábulos permane- fatores sociais denomina-se, portan-
cem, sofrendo modificações. Pode- to, variação social. Esta variedade
se citar como exemplo, o uso de não compromete a compreensão en-
mesóclise. tre os sujeitos, ou entre os indiví-
O sistema linguístico apresen- duos, pois certos casos em que pode
ta manifestações que têm origem ocorrer incoerência são sanados de-
nas necessidades expressivas do vido ao contexto em que ocorre o
processo de comunicação. A mudan- processo de comunicação.
ça que ocorre na linguagem é grada- Percebe-se também que a nor-
tiva e não acontece de um dia para o ma culta toma vieses ou aspectos di-
outro. Isso leva tempo. ferentes, tais como:
Muitas vezes acontece que  Político;
uma variante utilizada por um grupo  Econômico;
pequeno passa a ser falada por mui-  Social;
 Cultural.
tos indivíduos e torna-se popular. O
novo termo passa a substituir o
Vale dizer que, no país, há um
antigo.
hiato entre as normas gramaticais e
As mudanças na linguagem,
o respeito dos falantes em relação a
através do tempo, ocupa uma di-
essas normas. Segundo pesquisas, a
mensão histórica da variação lin-
língua possui muitos tipos de va-
guística. Não acontece de repente e
riações que implica a identidade do
aponta formas diversificadas do fa-
sujeito. A língua caracteriza o indi-
lar de um povo em um determinado
víduo através da fala, apontando
espaço de tempo.
qual é o seu perfil ou grupo a que in-
divíduo está inserido.
Variação Social
Por isso é que se pode dizer
que a língua é um meio de comuni-
Os fatores sociais determinam
cação variável de um grupo social,
a variação linguística social. Essas
isto é, de uma comunidade. Nesta
variações envolvem:
acontecem a experiência humana,

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LINGUÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

indivíduos que ocupam papéis so- causando a marginalização. A uni-


ciais diferentes, fatos sociais entre dade linguística e seus caracteres
outros que estão carregados de pro- similares estão presentes em todas
cessos comunicativos com conteúdo as variações, sendo que a maneira de
semântico diferente. se expressar influencia no processo
Percebe-se que sociedades da comunicação.
diferentes podem, também, viven-
ciar experiências diferentes que
resultam em sistemas linguísticos:
 Léxico;
 Morfológico;
 Sintático.

Deste modo, pode-se dizer que


a língua é um signo que identifica a
identidade. Sendo assim, ela não é
neutra. É um elemento da comuni-
cação privilegiado.
Pode-se concluir também que
a língua trata-se de uma manifes-
tação do processo de comunicação
entre os sujeitos. A língua é conce-
bida como uma capacidade inata do
ser humano devido aos fatores
neuro-genético-biológicos.
Enfim, a variação da língua
abrange os aspectos social, históri-
co, geográfico e estilístico. As trans-
formações que ocorrem são gradati-
vas. Pode-se dizer que os fatores
geográficos, históricos, sociais e
estilísticos são elementos de trans-
formação, agilizando o processo
evolutivo da linguagem.
O hiato existente entre a lín-
gua considera certa divergência da-
quela que é falada pelos brasileiros,

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4. As Inteligências Múltiplas

Fonte: Info Escola4

S egundo Gama (1998) pesqui-


sas recentes em desenvolvi-
mento cognitivo e neuropsicologia
Neurologistas como Howard
Gardner têm documentado que o
sistema nervoso humano não é um
sugerem que as habilidades cogniti- órgão com propósito único nem tão
vas são bem mais diferenciadas e pouco é infinitamente plástico.
mais específicas do que se acredi- Acredita-se, hoje, que o sistema
tava no começo do século XX. nervoso seja altamente diferenciado

4 Retirado em https://www.infoescola.com/

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e que diferentes centros neurais pro- das origens biológicas da habilidade


cessem diferentes tipos de informa- para resolver problemas. Através da
ção. avaliação das atuações de diferentes
Howard Gardner, psicólogo da profissionais em diversas culturas, e
Universidade de Harvard, baseou-se do repertório de habilidades dos
nestas pesquisas para questionar a seres humanos na busca de soluções,
tradicional visão da inteligência, culturalmente apropriadas, para os
uma visão que enfatiza as habilida- seus problemas, Gardner trabalhou
des linguística e lógico-matemética. no sentido inverso ao desenvolvi-
Segundo Gardner, todos os indiví- mento, retroagindo para eventual-
duos normais são capazes de uma mente chegar às inteligências que
atuação em pelo menos sete diferen- deram origem a tais realizações. Na
tes e, até certo ponto, independentes sua pesquisa, Gardner estudou tam-
áreas intelectuais. Ele sugere que bém:
não existem habilidades gerais, du- a. O desenvolvimento de diferen-
vida da possibilidade de se medir a tes habilidades em crianças normais
inteligência através de testes de pa- e crianças superdotadas;
pel e lápis e dá grande importância a b. Adultos com lesões cerebrais e
diferentes atuações valorizadas em como estes não perdem a intensida-
culturas diversas. Finalmente, ele de de sua produção intelectual, mas
define inteligência como a habilida- sim uma ou algumas habilidades,
de para resolver problemas ou criar sem que outras habilidades sejam
produtos que sejam significativos sequer atingidas;
em um ou mais ambientes culturais. c. Populações ditas excepcionais,
A Teoria das Inteligências tais como idiot-savants e autistas, e
Múltiplas, de Howard Gardner (19 como os primeiros podem dispor de
85) é uma alternativa para o concei- apenas uma competência, sendo
to de inteligência como uma capaci- bastante incapazes nas demais fun-
dade inata, geral e única, que per- ções cerebrais, enquanto as crianças
mite aos indivíduos uma performan- autistas apresentam ausências nas
ce, maior ou menor, em qualquer suas habilidades intelectuais;
área de atuação. Sua insatisfação d. Como se deu o desenvolvimen-
com a ideia de QI e com visões uni- to cognitivo através dos milênios.
tárias de inteligência, que focalizam,
sobretudo, as habilidades importan- Psicólogo construtivista muito
tes para o sucesso escolar, levou influenciado por Piaget, Gardner
Gardner a redefinir inteligência à luz distingue-se de seu colega de Gene-

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bra na medida em que Piaget acredi- Gardner sugere, ainda, que as


tava que todos os aspectos da sim- habilidades humanas não são orga-
bolização partem de uma mesma nizadas de forma horizontal; ele
função semiótica, enquanto que ele propõe que se pense nessas habili-
acredita que processos psicológicos dades como organizadas vertical-
independentes são empregados mente, e que, ao invés de haver uma
quando o indivíduo lida com símbo- faculdade mental geral, como a me-
los linguísticos, numéricos gestuais mória, talvez existam formas inde-
ou outros. pendentes de percepção, memória e
Segundo Gardner, uma crian- aprendizado, em cada área ou domí-
ça pode ter um desempenho precoce nio, com possíveis semelhanças en-
em uma área (o que Piaget chamaria tre as áreas, mas não necessária-
de pensamento formal) e estar na mente uma relação direta (GAMA,
média ou mesmo abaixo da média 1998).
em outra (o equivalente, por exem- Gardner identificou as inteli-
plo, ao estágio sensório-motor). gências linguística, lógico-matemá-
Gardner descreve o desenvolvimen- tica, espacial, musical, cinestésica,
to cognitivo como uma capacidade interpessoal e intrapessoal. Postula
cada vez maior de entender e expres- que essas competências intelectuais
sar significado em vários sistemas são relativamente independentes,
simbólicos utilizados num contexto têm sua origem e limites genéticos
cultural, e sugere que não há uma próprios e substratos neuroanatô-
ligação necessária entre a capacida- micos específicos e dispõem de pro-
de ou estágio de desenvolvimento cessos cognitivos próprios. Segundo
em uma área de desempenho e capa- ele, os seres humanos dispõem de
cidades ou estágios em outras áreas graus variados de cada uma das
ou domínios (MALKUS e col., 1988 inteligências e maneiras diferentes
apud GAMA, 1998). com que elas se combinam e organi-
Num plano de análise psicoló- zam e se utilizam dessas capacida-
gico, Gardner (1982) afirma que des intelectuais para resolver pro-
cada área ou domínio tem seu siste- blemas e criar produtos. Gardner
ma simbólico próprio; num plano ressalta que, embora estas inteligên-
sociológico de estudo, cada domínio cias sejam, até certo ponto, indepen-
se caracteriza pelo desenvolvimento dentes uma das outras, elas rara-
de competências valorizadas em cul- mente funcionam isoladamente.
turas específicas. Embora algumas ocupações exem-

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plifiquem uma inteligência, na sente em poetas, teatrólogos, escri-


maioria dos casos as ocupações ilus- tores, novelistas, oradores e come-
tram bem a necessidade de uma diantes.
combinação de inteligências. Por Perfil: Entendimento da ordem e
exemplo, um cirurgião necessita da do significado das palavras. Capaci-
acuidade da inteligência espacial dade de convencer alguém sobre um
combinada com a destreza da cines- fato. Capacidade de explicar, ensi-
tésica. nar e aprender. Senso de humor.
Memória e lembrança. Análise me-
A inteligência Linguística talinguística.
Exemplos: Monteiro Lobato
Os componentes centrais da
inteligência linguística são uma sen- Capacidade de lidar com a lin-
sibilidade para os sons, ritmos e sig- guagem tanto na expressão verbal
nificados das palavras, além de uma como escrita. Competência esta veri-
especial percepção das diferentes ficada nos escritores, oradores, polí-
funções da linguagem. É a habilida- ticos, professores, etc. De todas as
de para usar a linguagem para con- inteligências, talvez a linguística seja
vencer, agradar, estimular ou trans- a mais fácil de perceber em uma pes-
mitir ideias. Gardner indica que é a soa, pois a forma de comunicação
habilidade exibida na sua maior in- verbal é um excelente termômetro
tensidade pelos poetas. Em crianças, para expressar às habilidades nesta
esta habilidade se manifesta através área do espectro.
da capacidade para contar histórias Outros exemplos não tão ex-
originais ou para relatar, com pre- tremos quanto o dos escritores, poe-
cisão, experiências vividas. tas, autores, etc. seriam aquelas pes-
A Linguística Verbal está rela- soas que mesmo não tendo nenhum
cionada às palavras e à linguagem livro editado, possuem facilidade em
escrita e falada. Domina a maior elaborar relatórios, cartas comer-
parte do universo educacional no cias, petições judiciais, atestados, e
ocidente. A produção da linguagem todo e qualquer documento que exi-
através de suas diversas formas, co- ja uma boa e clara redação.
mo poesia, humor, o contar histó- Segundo Zenhas (2005) a ca-
rias, gramática, metáforas, similari- racterística marcante da inteligência
dades, raciocínio abstrato, pensa- linguística é o uso da linguagem.
mento simbólico, padronização con- Os estudantes com este tipo de
ceitual, leitura e escrita. Está pre- inteligência têm muita sensibilidade

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para os sentidos das palavras e para guinte, as atividades sugeridas são


a sua manipulação. Manifestam gos- pertinentes em qualquer disciplina.
to pela leitura e pela escrita. Comu- A língua materna está também pre-
nicam bem, oralmente e por escrito. sente em qualquer contexto da vida
São eficazes na ligação das ideias e cotidiana. É na família que a criança
têm facilidade na sua transmissão. começa a ter contato com ela. As
Pensam utilizando palavras. sugestões dadas são exequíveis
Abaixo, para finalizar esta igualmente em contexto familiar.
apostila, Zenhas dá dicas de como os
professores/educadores podem aju-
dar os alunos no desenvolvimento
desta inteligência:
 Modelando a utilização de
uma linguagem correta.
 Motivando-os a escrever e
apoiando o seu trabalho.
 Demonstrando formas efica-
zes de comunicação.
 Lendo alto para os alunos, com
frequência.
 Criando/desenvolvendo o gos-
to pela leitura.
 Dando aos alunos oportunida-
des para, individualmente, le-
rem, escreverem, ouvirem e
falarem.
 Promovendo debates sobre as-
suntos do programa de qual-
quer disciplina.
 Criando jornais de turma/es-
cola.
 Promovendo correspondência
em português com alunos de
outras escolas/países lusófo-
nos ou em língua estrangeira
com jovens de outros países.

A língua materna é transversal


a todo o currículo. Ela está presente
em todas as disciplinas. Por conse-

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