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INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA

Frequências: 18/03 e 20/05


O que é a pragmática?
Estudo do uso da língua em determinado contexto. Entender o que os enunciados
querem dizer. O cálculo inferencial

Podemos analisar uma língua sob diferenres pontos de vista:


 Fonético- sons
 Morfológico- significados
 Sintático- frases
 Semântico- significado (palavras, frases)
 Léxico- vocabulário

A Pragmática surgiu através da filosofia da linguagem (diap. 9)


Austin
Ludwing Wittgeinstein, interessava-se pelos processos de lógica e lançou uma nova
escola filosófica interessada na linguagem do quotidiano. Considera a linguagem
indissociável da sociedade.

Raízes Antropológicas
Dell Hymes- competência comunicativa, repertório linguístico vs adequação contextual

12/02
Tipos de contexto:
 Situacional
 Linguístico
 Cognitivo

Qualquer língua permite aos falantes designar entidades do universo extralinguístico,


ou seja, construir referência.
As expressões nominais e os grupos adverbiais são as classes de palavras que nos
permite referir algo.
Referência exofórica- uma expressão linguística alude a uma entidade da realidade
extralinguística.
Fixa ou variável (deítica)
Dêixis
 Propriedade fundamental das línguas humanas
 Cpacidade das línguas de apontar para informação presente no contexto
 Fenómeno que permite ligar a língua às circunstâncias particulares em que é
usada
 Conjunto de expressões linguísticas que funcionam como gestos verbais
Os deíticos
São signos sem referência estável.
Só recebem um referente quando usados por um locutor.
São palavras da língua que referem entidades no contexto.

O que é passado e futuro depende do agora.

Eu/Tu+Aqui+Agora- signos deíticos

Processo de interpretação dos deíticos- precisamos de saber o contexto situacional em


que se encontram

Subtipos de dêixis
Pessoal
Conjunto de expressões que permitem referir o locutor e o interlocutor.
Codifica a categoria linguística de pessoa.
Pronomes pessoais e possessivos, determinantes possessivos, flexão verbal e vocativos.

Temporal

Espacial

Social
Ana Cristina Macário

19/02/2024
Dêixis temporal
Codifica a categoria linguística de tempo;

Conjunto de expressões que permitem referir:


 Um intervalo temporal
 A localização de um evento no eixo temporal
 A ordenação de eventos
Situar um evento num determinado espaço cronológico implica a existência de um
intervalo de tempo como ponto de referência.

Ite- intervalo de tempo em que o enunciado é proferido


O tempo é uma categoria deítica porque toma como referência o ite.
Três tempos verbais deíticos:
 Presente do indicativo
 Pps
 Futuro simples
Eventos- eu- dinâmicos
Estados- eu a dormir- não dinâmicos

21/02/2024
Dêixis Espacial
Aqui, cá, lá, aí
Permite identificar identidades no espaço e toma como ponto de referência o local
ocupado pelo falante ou pelo ouvinte no momento da enunciação.

Expressões que codificam a dêixis espacial:


• pronomes e determinantes demonstrativos (este, esse, aquele - normalmente
são acompanhados por gestos, no entanto este não é só o movimento de uma
mão;
quando falamos de gestos também podemos "apontar" com movimentos oculares ou de
cabeça) - os demonstrativos têm 2 usos distintos (um uso acompanhado de um gesto/um
olhar/ um movimento de cabeça - uso gestual; Ou um uso que prescinde de gestos (uso
simbólico - se nos mostrar a torre eifel não precisa de realizar algum gesto - depende
dos contextos.
1. as línguas apresentam 2 séries de expressões para a localização
espacial (próximo [do falante] vs distante [do falante]). EX: Inglês: this e that.
(parâmetro de distância).
2. as línguas apresentam 3 séries de expressões para a localização
espacial. EX: em português (este, esse, aquele) - próximo do falante, próximo do
ouvinte e distante dos dois.
3. as línguas apresentam 4 séries de expressões para a localização
espacial (neste ponto não levamos apenas a distância como parâmetro, utilizamos
também a visibilidade). EX:
próximo do falante vs próximo do ouvintes distante dos dois mas visível vs distante dos
dois mas menos visível.
Nota: no primeiro ponto o único ponte de referente é o falante; no entanto o segundo
leva em consideração o falante e o ouvinte.

Parâmetro: Visibilidade → os demonstrativos exigem-no. Dizer a alguém que está num


poço "Aquele rapaz...
." ele não vê, por isso não sabe do que se fala.
Advérbios de lugar? Aqui (área mais restrita e delimitada, pouco extensa) vs cá (área
mais abrangente e talvez indefinidas) - depende do contexto.
A Marta está à esquerda do Mário. → varia, porque depende da posição do falante face
ao objeto (ou pessoas, neste caso).
• alguns verbos (com traços semânticos deíticos). - verbos de Movimento
O verbo pode conter informação deítica de natureza pessoal (sufixos flexionais) assim
como também pode conter informação deítica de natureza temporal ().
Os verbos de movimentos contém no seu significado uma componente deítica
relacionada com o movimento no espaço e estão dependentes da localização do falante
no espaço.
Exemplo: Vem para a cozinha. - o interlocutor não está na cozinha e eu quero que ela
venha para este local onde eu me encontro.
Revisões: 1- F (também pode ser o ouvinte); 2- V; 3- V;
1. a) não é (é anafórico); b) deítico; c) não é deítico (é uma substituição
possível de "eu não sei", ou seja, é enfático); d) não é deítico (é uma substituição para
"por volta das"; lá para - valor epistémico; grau de incerteza)
2. Todos têm um valor simbólico (não é acompanhado de gestos) e um
valor temporal (ou seja, temos advérbios de lugar - deiticos espaciais- mas eles não são
usados como tais, são usados como temporais. Os deíticos espaciais podem determinar o
tempo. - chamamos a isto o processo de extensão semântica ou transposição metafórica
→ da marcação do espaço há uma marcação do tempo.

marcação do espaço há uma marcação do tempo.


Uma metáfora, na pragmática, não é uma figura de estilo ou um recurso expressivo
(como a anáfora), mas é sim uma analogia no seu sentido de concetualizar o mundo
(modo de pensar o mundo) - recorremos à metáfora para simplificar a apreensão do
mundo. (ex: as costas da cadeira, perna da cadeira, cabeça do alfinete; etc- recorremos
ao nosso corpo, porque o conhecemos bem, para caracterizar outros objetos).
Utilizamos deíticos espaciais para indicar o tempo - a isso chamamos de metáfora.
6- Viemos ontem à noite - informações deíticas: natureza pessoal (-emos - flexão verbal;
sufixo do verbo); natureza temporal (ontem, tempo verbal pretérito perfeito); natureza
espacial (verbo vir que é deítico)
1. sabe, pois trazer é um verbo de movimento; estou na casa de banho.
2. não é necessário fazer um gesto para explicar o lugar onde já me
encontro, por isso é simbólico.
Gosta dos deixis espacial e que poide aparecer no teste

Nota: no primeiro ponto o único ponte de referente é o falante; no entanto o segundo


leva em consideração o falante e o ouvinte.
Nunca estou aqui e agora. Estou mais ali e daqui a bocado → Fisicamente não é
possível. É incongruente. -#anómalo
→ pronomes e determinantes demonstrativos + os advérbios/locuções adverbiais:
aquele
alé, isso aí
Nota: Isto e isso só podem ser pronomes, dado que nunca podem vir atrás de um nome.
• advérbios de lugar ou locuções adverbiais de lugar;
Quantos advérbio de lugar tem o português? São 8 (aqui, cá, aí, lá, ali, acolá, além,
aquém). Entre estes é possível estabelecer microssistemas de oposições;
correspondendo a diversos recortes da categoria da espacialidade.
Microssistemas binários: cá e lá; aqui e ali; cá e acolá; aquém e além
Microssistemas ternários: aqui, aí e ali; aqui, acolá e além
Microssistemas quaternários: aqui, aí, acolá e além
26/02/2024
Dêixis social
Todos os mecanismos permitem codificar:
a) A identidade social dos falantes (estatuto)
b) A relação social entre os falantes

Formas de tratamento-FT

Ao usarmos diferentes FT comunicamos o tipo de relação que temos com o interlocutor


e ainda, podemos dar, informações sobre a idade, género, profissão, hierarquia militar e
católica, etc…

Estes dêixis pemitem averiguar o modo de funcionamento de várias instituições da


comunidade.

As FT podem funcionar como função sintática de vocativo. Também podem funcionar


como formas alocutivas ou formas delocutivas- falar para alguém ou falar de alguém.

FT:
 Pronominais
 Verbais
 Nominais

28/02/2024
Outros tipos de Dêixis
Para além das dêixis pessoal e social, espacial e temporal existem outras.

Dêixis de modo ou dêixis circunstancial – o advérbio “assim” constitui um deítico de


modo circunstancial. “Assim” indica ou mostra algo que se faz ao mesmo tempo que se
diz “Tens de fazer assim” (deítico único) – temos de aceder ao contexto visual.

Dêixis apresentativa situacional – o advérbio “eis” (pode ser catafórico – “relativamente


a isso, eis o que eu te digo”) constitui um deítico de natureza apresentativa situacional –
aceder ao contexto visual – esta expressão aponta para algo ou alguém que se encontra
no espaço enunciativo do locutor e que se pretende mostrar ao interlocutor “Eis o que
tanto procuravas”. Gesto verbal. Onde o interlocutor partilha o mesmo espaço.
Nota aleatória: anafórico – implica movimento retrospetivo (“O rapaz acordou cedo. Ele
queria chegar em 1º lugar.” – ele quem? O rapaz – fomos atrás buscar). O catafórico
implica movimento prospetivo.

Dêixis emocional – alguns deíticos (possessivos, demonstrativos e pessoais) pode ser


usados para mostrar a nossa avaliação emocional sobre as entidades em casa
(proximidade ou distância afetiva relativamente a uma entidade).
 Possessivos – “Seu idiota, seu patife” – quero distância e demonstro uma
distância.
 Demonstrativos – “Tu és amiga daquilo/desta?” – personificação da
pessoa (coisifica)
 Pessoais – “Faz-me essa cama” – mostra estar “chateada”

Os atos ilocutórios são mensagens que produzimos com um objetivo em específico.


Ao realizar atos linguísticos (falar) realizamos atos sociais (implicam a forma como
vivemos na sociedade). Ou seja, praticamos atos (sociais) com recurso à linguagem –
através da linguagem eu atuo no mundo.
O filósofo Jonn Austin (na obra How to do things with words) chamou a atenção para a
dimensão acional das línguas (os enunciados praticam ações).
Austin fez uma distinção entre 2 tipos de enunciados – Enunciados que se caracterizam
em frases declarativas podem ser de 2 tipos distintos – 1. Enunciados que descrevem o
mundo (está a chover; A Julia dormiu em minha casa); 2. Enunciados que realizam
ações (Prometo que venho amanhã [promessa]).
Os primeiros sujeitam-se ao princípio da verificabilidade (tenho de saber o que se passa
no mundo); já os segundos não se sujeitam a esse princípio.
Os primeiros são constativos (descrevem estados de coisas, representam o mundo
extralinguístico), já os segundos são performativos (realizam ações, criando realidades –
inexistentes antes da sua enunciação, pois só prometo algo se afirmar “Prometo X.”;
Peço-te que feches a janela – o pedido só é realizado depois de eu produzir o verbo e o
enunciado em questão).

04/03/2024
Atos ilocutórios

Os atos ilocutórios são mensagens que produzimos com um objetivo em específico.


Ao realizar atos linguísticos (falar) realizamos atos sociais (implicam a forma como
vivemos na sociedade). Ou seja, praticamos atos (sociais) com recurso à linguagem –
através da linguagem eu atuo no mundo.
O filósofo Jonn Austin (na obra How to do things with words) chamou a atenção para a
dimensão acional das línguas (os enunciados praticam ações).
Austin fez uma distinção entre 2 tipos de enunciados – Enunciados que se caracterizam
em frases declarativas podem ser de 2 tipos distintos:
 Enunciados que descrevem o mundo;
 Enunciados que realizam ações.

Os primeiros sujeitam-se ao princípio da verificabilidade (tenho de saber o que se passa


no mundo); já os segundos não se sujeitam a esse princípio.
Que ações praticamos com as palavras?
Verbo performativo- pratica uma ação no momento

Austin reavalia as suas posições teóricas e pergunta:


a. Será que os atos de fala constativos não podem ser também entendidos
como performativos?
b. será que os atos de fala constativos não podem ser também
avaliados em termos das suas condições de felicidade?

Em português, a asserção é tipicamente concretizada através de uma frase declarativa


com verbo performativo implícito.

Segundo Austin, em todos os enunciados há uma dupla face:


a. um suporte linguístico- um significado
proposicional
b. um ato de discurso- um significado acional

Ato perlocutório- efeito que o enunciado produz no interlocutor.

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