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Deixis
A deixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões deíticas) que têm como função
‘apontar’ para o contexto situacional. Assim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a
quem se dirige (interlocutor), o tempo e o espaço da enunciação. Em função da sua natureza deítica,
é possível apresentar a seguinte classificação:
● Deítico pessoal – indica as pessoas do discurso (locutor e interlocutor); integram este grupo
os pronomes pessoais (ex: tu, me, nós, etc.), determinantes e pronomes possessivos (ex: o
meu, o vosso, teu, etc.), sufixos flexionais de pessoa-número (ex: falas, falamos, etc.), bem
como vocativos. EX: «Aceita que eu exista como os sonhos.»; «Quando eu disser não ouças.»
● Deítico espacial – assinala os elementos espaciais, evidenciando a relação de maior ou
menor proximidade relativamente ao lugar ocupado pelo locutor; integram este grupo os
advérbios ou locuções adverbiais de lugar (ex: aqui, cá, além, lá de cima, etc.), os
determinantes e pronomes demonstrativos (ex: este, essa, aquilo, etc.), bem como alguns
verbos que indicam movimento (ex: ir, partir, chegar, aproximar-se, afastar-se, entrar, sair,
subir, descer, etc.). EX: «Vamos até ali.»
● Deítico temporal – localiza fatos no tempo; integram este grupo os advérbios, locuções
adverbias ou expressões de tempo (ex: amanhã, ontem, na semana passada, no dia seguinte,
etc.) e sufixos flexionais de tempo-modo-aspeto (ex: falarei, faláveis, etc.). EX: «Depois de
amanha serei outro.»
● Deítico social – assinala a relação hierárquica existente entre os participantes da interação
discursiva e os papéis por eles assumidos (ex: o senhor, vossa excelência, senhor diretor,
etc.) EX: «Eu quero prevenir já o senhor doutor que ele não está bom da cabeça.»
Atos de Fala
Sempre que alguém fala, realiza em simultâneo três ações:
Este enunciado é um ato locutório, na medida em que o professor pronuncia uma frase que
obedece às regras gramaticais e é contextualmente correta.
É também um ato ilocutório, pois trata-se da ação de afirmar ou de ordenar (indiretamente) que
levará a uma determinada ação por parte do interlocutor.
A ação realizada pelo interlocutor constitui o ato perlocutório. Neste caso, a enunciação pode levar
um aluno a acender a luz ou a abrir os estores.
Atos Ilocutórios
É possível classificar os atos ilocutórios com base nas intenções comunicativas (objetivo ilocutório)
e na função que assumem no contexto da sua enunciação (força ilocutória).
Dois enunciados podem ter o mesmo objetivo ilocutório mas forças ilocutórias distintas. Por
exemplo, uma ordem e um pedido têm o mesmo objetivo ilocutório (levar alguém a agir), no entanto
as suas forças ilocutórias são diferentes, já que o primeiro tem a força ilocutória de uma ordem e o
segundo a de um pedido.
Atos ilocutórios Levar o interlocutor* a praticar uma ação futura, que pode ser de
diretivos natureza verbal [ato ilocutório diretivo de resposta verbal: perguntas
(2)] ou não verbal [ato ilocutório diretivo de resposta não verbal (3)].
Atos ilocutórios Ciar uma nova realidade, capacidade que lhe advém do seu estatuto
declarativos institucional (9).
Atos ilocutórios Transmitir no enunciado do locutor mais do que aquilo que realmente
indiretos diz, ou transmitir algo diferente (10).
o que o locutor quis de fato transmitir foi diga-me onde fica o Centro de Congressos.
. Discurso Direto
É o modo de enunciação que reproduz o discurso de locutores ocorrido em situação enunciativas
anteriores, tal como foi dito ou pensado. Quando se trata de um texto ficcional, o narrador coloca as
próprias personagens a apresentar diretamente as suas palavras. Geralmente introduzido por
verbos de tipo declarativo (ex.: dizer, afirmar, etc.) que podem surgir no início, no meio ou no fim do
relato, carateriza-se pela utilização de alguns sinais auxiliares que permitem identificar um novo
enunciado de um locutor: travessões, por exemplo.
E foi já ao café que uns gaúchos fizeram o favor de servir à mesa, […], que Joel se inclinou um pouco
para Carmos Vermelho e ciciou:
«Já não via as pessoas. Passava o tempo a falar com elas mas tinha deixado de as ver. As pessoas
começavam logo de manhã a falar. A primeira era a voz do canalizador que tinha ficado de ir às oito
e meia mas não tinha podido aparecer e por isso pede muita desculpa mas agora só daqui a dois
meses e três e dois minutos é que volta a ter tempo para ocupar-se daquele assunto da banheira
bem vistas as coisas não é assim tão urgente ele até tinha um problema semelhante na casa do
engenheiro nunes não sei se conhece o senhor engenheiro aquele que trabalha na câmara e por isso
isto da banheira arruma-se de vez lá para julho em todo o caso ainda antes das férias porque depois
metem-se as férias e é o diabo.»
. Discurso Indireto
O discurso indireto implica uma enunciação indireta, na medida em que um locutor ou narrador se
apropria de um discurso proferido anteriormente para o reproduzir à sua maneira. Este tipo de
discurso é geralmente introduzido por verbos declarativos (dizer, afirmar, responder, etc.).
Eva quis saber mais sobre este Dalai-Lama de que tanto se falava. Maria das Dores disse que a
perita era a irmã, que tinha melhores olhos e conseguia ler a letra pequenina.
. Citação
A citação é um texto ou excerto reproduzido noutro discurso, fazendo-se referência ao autor e/ou à
obra a que pertence. Assinala-se graficamente com aspas ou com um tipo de letra diferente e são
uma das manifestações da intertextualidade.
A principal mudança de natureza fonológica que marca o português do séc. XVI é a simplificação do
sistema de sibilantes […]. A este respeito, Teyssier afirma categoricamente que o português clássico
ainda encontra um sistema de quatro sibilantes:
“A existência de quatro unidades distintivas no português do início do século XVI não sofre dúvida.”
(Teyssier 1982: 50)
Frase complexa - frase em que existe mais do que um verbo principal ou copulativo, que contêm
mais do que uma oração. Numa frase complexa, podemos ter orações coordenadas e/ou
subordinantes e subordinadas.
. Coordenação
A coordenação é a relação sintática estabelecida entre elementos que pertencem à mesma
categoria gramatical e que desempenham a mesma função sintática.
Copulativa – estabelece uma relação de adição com a(s) oração(ões) com que se combina.
Disjuntiva – exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oração com que se
combina.
Explicativa – apresenta uma justificação ou explicação relativa à frase ou oração com que se
combina.
. Subordinação
A subordinação é a relação sintática estabelecida entre orações em que uma (subordinada) está
sintaticamente dependente de outra (subordinante).
Completiva, que completa a ideia da oração anterior e pode ser introduzida pelas conjunções
subordinativas «que», «se» e «para».
Relativa, que é introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem antecedente, como quem,
o que, onde, quanto, que, o qual, os quais, a qual, as quais.
. Relativa restritiva, que tem como função restringir a informação dada sobre o antecedente; a sua
omissão acarreta uma alteração do sentido da oração subordinante, pois apresenta informação
relevante para a definição do antecedente.
. Relativa explicativa, que apresenta informação adicional sobre o antecedente; a sua omissão não
altera o sentido da oração subordinante, uma vez que o antecedente já se encontra suficientemente
definido.
. Condicional, que indica uma hipótese ou condição em relação ao que é expresso na subordinante.
. Comparativa, que contém o segundo elemento de uma comparação que estabelece em relação a
uma situação apresentada na subordinante.
Funções Sintáticas
Funções sintáticas ao nível da frase:
. Subentendido – quando é possível identificar no contexto o referente para o qual remete o sufixo
flexional.
. Expletivo – ocorre apenas com verbos impessoais. EX: «Havia já algumas pessoas à sombra dos
toldos ou estendidos ao sol.»
. Modificador da frase – grupo preposicional (1) ou adverbial (2) que, ao contrário dos
complementos, não sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando informação
suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer em
várias posições da frase.
EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.» (2) «O conselheiro enrolava
vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»
EX: (1) «Fecha a porta, Pedro.» (2) «Dói-me muito o peito, mãe!» (3) «Quando tenho alta, senhor
doutor?»
Funções sintáticas internas ao grupo verbal:
. Complementos – constituintes da frase selecionados pelo verbo:
. Complemento direto – grupo nominal (1) ou oração substantiva completiva (2) que pode ser
substituído respetivamente pelo pronome pessoal de 3ª pessoa (o/a, os/as) e pelo pronome
demonstrativo átono o.
EX: (1) «Dois homens seguravam o porco.» «Dois homens seguravam-no»; (2) «Hão de jurar que não
me conhecem.» «Hão de jurá-lo.»
. Complemento indireto – grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposição a) que pode
ser substituído por um pronome pessoal de 3ª pessoa (lhe/lhes).
. Complemento oblíquo – grupo adverbial (1) ou preposicional (2) que, ao contrário do complemento
indireto, não pode ser substituído por um pronome pessoal (lhe/lhes).
EX: (1) «Faz bem à alma.» «Faz-lhe à alma.»; (2) «Também me lembro do sopro do maçarico.»
«Também me lembro-lhe.»
. Complemento agente da passiva – grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposição por)
que, na frase ativa correspondente, passa a grupo nominal com função de sujeito.
EX: «Uma Câmara não é eleita pelo povo, é nomeada pelo Governo.» «O povo não elege uma
Câmara, o Governo nomeia-a.»
. Predicativos:
. Predicativo do sujeito – grupo nominal (1), adjetival (2), adverbial (3) ou proposicional (4) ou oração
(5) selecionado por um verbo copulativo (estar, ficar, continuar, parecer, permanecer, revelar-se, ser,
tornar-se…) que atribui uma propriedade ou uma localização (espacial ou temporal) ao sujeito.
EX: (1) «A mãe era uma criatura desagradável e azeda.»; (2) «Garcia ficou aturdido.»; (3) «Olhe que
isto é preciso é que todos fiquem bem.»; (4) «Caeiro era de estatura média.»; (5) «Pensar é estar
doente dos olhos.»
. Predicativo do complemento direto – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3),
selecionado por um verbo transitivo predicativo (achar, chamar, considerar, eleger, julgar, nomear,
tratar,…) que atribui uma propriedade ou uma localização (espacial ou temporal) ao complemento
direto.
EX: (1) «[…] se o ministro fizer esse ladrão recebedor de comarca.»; (2) «Todos a achavam
simpática.»; (3) «Todos o tinham por tolo.»
. Modificador do grupo verbal – grupo preposicional (1), adverbial (2) ou oração subordinada (3) que,
ao contrário dos complementos, não sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando
informação suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo
ocorrer em várias posições da frase.
EX: (1) «O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.»; (2) «O conselheiro enrolava
vagarosamente o seu lenço de seda da Índia.»; (3) «Não te posso dar minha filha, porque já não
tenho filha.»
EX: (1) «Tem curiosidade de saber como é esta pobre máquina por dentro […].»; (2) «Ter pena dele
seria como ter pena dum plátano […].»; (3) «A procura turística tem aumentado.»
. Modificador do nome – função sintática que integra o grupo nominal, modificando-o através de
informações suplementares.
. Restritivo – grupo preposicional (1), grupo adjetival (2) ou oração relativa restritiva (3) que
modifica o nome, restringindo a sua referência.
EX: (1) «Fechou a porta da cela atrás de si […].»; (2) «De repente, a rapariga loira viu uma criança sair
a correr.»; (3) «Há palavras que fazem bater mais depressa o coração […].»
. Apositivo – grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3) ou oração relativa explicativa (4)
que, ao modificarem o nome, não limitam a sua referência. Na escrita, está sempre separado por
vírgulas do nome que modifica e ocorre normalmente à direita do mesmo.
EX: (1) «Alguma vez a sua Loló, magra e frenética criatura de olhos verdes, brincara nos jardins dos
palacetes […]?»; (2) «Que doença estranha, lenta mas tenaz, matava o Rei?»; (3) «A velha tinha-se
dado preparatoriamente um choro, de grande efeito em corações de viajante.»; (4) «O rapaz, que
chegou pelo lado de trás, abriu a cancela de madeira.»
EX: (1) «E será o pai feliz com o meu sacrifício?»; (2) «Sou fácil de definir.»
EX: «Verão como o elefante se enfrenta com os mais furiosos ventos contrários.»
. Complemento direto: pode ser substituído pelo pronome pessoal o, a, os, as. Se for uma oração,
pode substituir-se pelo pronome demonstrativo isso. Surge na resposta à questão: O sujeito +
verbo + o quê? ou + quem?
. Complemento indireto: pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe, lhes. Surge na resposta à
questão: O sujeito + verbo (+ complemento direto) + a quem?
. Complemento oblíquo: não pode ser substituído pelos pronomes pessoais o e lhe.
Classes de Palavras
Nome:
● Comum – não se aplica a uma entidade única, podendo designar objetos, seres, fatos e
conceitos de forma não individualizada. EX: «Quero aquele pão.»
● Próprio – designa uma única entidade num determinado contexto comunicativo. EX: «Basílio
tomou-lhe as mãos.»
● Contável – designa entidades ou seres singulares, passíveis de serem divididos em partes
distintas e enumerados. EX: caderno, cadeira, lápis, etc.
● Não-contável – designa algo que é concebido como um todo contínuo, não podendo ser
dividido em partes singulares nem contado. Ex: farinha, açúcar, água, etc.
● Concreto – designa objetos ou entidades físicas que podem ser localizadas no tempo e no
espaço. EX: janela, porta, árvore, gato, etc.
● Abstrato – refere-se a entidades não tangíveis, imateriais, como sentimentos ou conceitos.
EX: felicidade, beleza, perigo, medo, verdade, etc.
Adjetivo:
● Qualificativo – modifica um grupo nominal, atribuindo-lhe uma qualidade.
● Numeral – modifica o nome, atribuindo-lhe uma determinada ordem dentro de uma série.
Corresponde a uma palavra tradicionalmente classificada como numeral ordinal. EX:
primeiro, segundo, vigésimo lugar, etc.
● Relacional – palavra que se distingue dos restantes adjetivos por apresentar características
próprias: completa, geralmente, o sentido do nome, atribuindo-lhe informações de
natureza classificatória, deriva de nomes [comércio comercial], não admite variação em
grau [uma manifestação operária uma manifestação muito operária], ocorre sempre em
posição pós-nominal e não tem antónimo.
Variação em género:
● Biforme – possui uma forma para o feminino e para o masculino.
● Uniforme – possui apenas uma forma para ambos os géneros.
Variação em grau:
● Normal – expressa simplesmente a qualidade.
Comparativo – compara uma qualidade entre duas entidades, distinguindo-se três modalidades:
Superlativo:
● Relativo – apresenta uma qualidade atribuída a uma entidade que é comparada a um
conjunto de entidades.
● De superioridade – EX: «O Everest é a mais alta montanha do mundo.»
● De inferioridade – EX: «Os países da África subsariana são os menos desenvolvidos.»
● Absoluto – indica uma qualidade que supera a noção que normalmente se tem dessa mesma
qualidade, não se relacionando com nenhum conjunto de entidades.
○ Sintético – EX: «Este problema é facílimo.»
○ Analítico – EX: «Aquele ator é bastante célebre.»
Pronome:
● Pessoal
● Demonstrativo
● Possessivo
● Indefinido
● Relativo
● Interrogativo
Determinante:
● Artigo definido
● Artigo indefinido
● Demonstrativo
● Possessivo
● Indefinido
● Relativo
● Interrogativo
Quantificador:
● Universal
● Existencial
● Numeral
● Relativo
● Interrogativo
Verbo:
● Principal
● Copulativo
● Auxiliar
Advérbio:
● De negação
● De afirmação
● De quantidade e grau
● De inclusão e exclusão
● Relativo
● Interrogativo
● De predicado
● De frase
● Conetivo
. Conjunção/locução conjuncional:
. Coordenativa
. Subordinativa
Preposição/locução prepositiva
. Interjeição
Processos Morfológicos de Formação Regular de Palavras
. Flexão
Designa o processo que se aplica apenas às palavras variáveis, permitindo especificar as suas
propriedades morfossintáticas e morfossemânticas (número, tempo, modo, etc.).
Flexão nominal e adjetival - aplica-se aos nomes e adjetivos, podendo também incidir em
determinantes, quantificadores e pronomes.
● Flexão de número - permite distinguir o singular do plural. Enquanto o singular não possui
qualquer afixo, o plural é realizado pelo sufixo –s. [Pé (singular), pés (plural)]
● Flexão de género - permite distinguir o masculino do feminino. [Aluno, aluna]
● Flexão em grau - permite estabelecer uma gradação no significado de alguns nomes e
adjetivos. [Carro, carrinho, carrão]
● Flexão de caso - permite identificar as funções sintáticas dos pronomes pessoais.
● Flexão verbal - os verbos flexionam em tempo, modo, pessoa e número. Apresentam-se no
quadro abaixo os sufixos flexionais de tempo (T), modo (M), pessoa (P) e número (N).
●
Derivação
É o processo morfológico que permite a formação de novas palavras a partir de uma forma de base,
podendo envolver a junção de um afixo.
● Afixação - É o processo morfológico que associa uma afixo a uma base, permitindo formar
novas palavras. Uma palavra formada por afixação resulta da junção de um afixo a uma
base. [etern: eternizar ; fala : falador; clara: claramente]. Fazem parte da afixação os
processo de:
○ Derivação por sufixação - processo de formação de palavras que consiste na junção
de um afixo (sufixo) à direita da base. [(estudant)e - estudantil; (activ)o - activista;
(gag)o - gaguejar]
○ Derivação por prefixação - processo de formação de palavras que consiste na junção
de um afixo (prefixo) à esquerda da base. [gordura - anti-gordura; legal - ilegal;
(lig)ar - desligar]
○ Derivação parassindética - processo de formação de palavras que consiste na junção
simultânea de um prefixo e de um sufixo a uma base. [tronar - des(tron)ar; patriar →
ex(patri)ar; lisar - a(lis)ar]
. Derivação não-afixar
Permite formar nomes a partir de verbos, mas, ao invés de se juntar um afixo, retira-se um
segmento à base. [atacar - ataque; chorar - choro]
. Conversão
É um processo de formação de palavras que não implica qualquer alteração formal, na medida em
que apenas se procede à alteração da classe de palavra. [O comer e o coçar vão do começar.]
. Composição
Designa o processo morfológico de formação de palavras que associa duas ou mais formas de base.
. Composição morfológica
Resulta da associação de dois ou mais radicais, ligados entre si por meio de uma vogal de ligação (i
ou o), podendo ocorrer um hífen entre os radicais. À forma composta atribui-se o nome de
composto morfológico. [lus(o)-(descendente); fot(o)grafia, queim(ó)dromo]
. Composição morfossintática
Empréstimo
Processo que resulta da apropriação de uma unidade lexical de outra língua. [gabardina (do
francês); piza (do italiano)]
Amálgama
Processo de criação de palavras que resulta da junção de partes de duas ou mais unidades lexicais.
[informática (informação+automática)]
Sigla
Unidade resultante da junção das iniciais de um grupo de palavras, que são pronunciadas
individualmente. [PSP (Polícia de Segurança Pública)]
Acrónimo
Unidade lexical resultante da junção das letras ou sílabas iniciais de um conjunto de palavras, sendo
pronunciada como uma palavra. [sida, nato, onu]
Onomatopeia
Unidade lexical resultante da imitação de um som natural. [fru-fru, tique-taque]
Truncação
Processo de criação lexical que resulta da supressão de uma parte da palavra. [disco (discoteca),
Alex (Alexandre)]
Significação lexical
O significado de uma unidade é lexical sempre que refere entidades do mundo, podendo ser
denotativo ou conotativo.
. Denotação
Parte objetiva do significado lexical, podendo ser analisada fora do discurso, uma vez que é literal e
estável.
. Monossemia
Caraterística semântica de unidades lexicais que apenas possuem um único significado em todos os
contextos. É frequente nos termos de linguagens especializadas [“telefone; estetoscópio”].
. Polissemia
Caraterística semântica da maior parte das unidades lexicais que possuem vários significados,
relacionados entre si [borracho - pombo novo; bonito; bêbado].
Relações de Hierarquia
São estabelecidas através de hiperónimos e hipónimos.
● Hiperonímia - relação hierárquica de inclusão de significado entre duas unidades lexicais, em
que o significado do hiperónimo (por ser mais geral) inclui o dos hipónimos;
● Hiponímia - relação hierárquica de inclusão de significado entre duas unidades lexicais, em
que o significado do hipónimo (por ser mais específico) é incluído no do hiperónimo.
Relações de Parte-Todo
São estabelecidas através do recurso a holónimos e merónimos.
● Holonímia - relação de inclusão semântica entre duas unidades lexicais, em que o significado
de uma (o holónimo) é considerado um todo cujas partes constituintes são os merónimos.
● Meronímia - relação de hierarquia semântica entre duas unidades lexicais, em que o
significado de um (o merónimo) corresponde a uma parte constituinte da outra (holónimo).
Estrutura Lexical
● Campo Lexical - conjunto de unidades lexicais que se referem ao mesmo domínio
conceptual.
Calças, saia, camisola, camisa, vestido, etc. → pertencem ao mesmo campo lexical: vestuário.
● Campo semântico - conjunto de sentidos que uma unidade linguística pode atualizar nos
diferentes contextos em que pode ocorrer.
Campos semânticos de bola e neve: bola de futebol, bola de neve, vela do barco, vela do carro, etc.
Figuras de Estilo
● A nível fónico - incidem nas propriedades fonéticas das palavras selecionadas pelo seu autor,
que procura assim criar efeitos estético-expressivos através dos sons, conferindo ritmo e
musicalidade ao texto.
● Aliteração - repetição intencional de sons consonânticos [consoantes] em palavras
sucessivas ou próximas.
É urgente o amor.
É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.
Ó senhor doutor. O senhor vai ver que o Alentejo… Eu tenho aí uma herdade, havemos de lá ir.
. Assíndeto - omissão da partícula de ligação entre palavras ou frases, que passam a estar separadas
através de vírgulas
E aos meus olhos saqueados é como se a cidade ardesse, uma cidade fantástica, aberta de
quarteirões, de praças, de sonhos.
. Gradação - sucessão de elementos que se apresentam segundo uma ordem significativa, positiva
ou negativa, de modo a destacar uma evolução ascendente ou descendente.
A nível interpretativo:
. Alegoria - representação física de ideias, realidades abstratas, obtida através de um conjunto de
imagens, de comparações, de metáforas, de personificações ou de animismos. Normalmente
concretizada através de seres animados.
O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos,
parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma
mansidão. [Neste excerto, a figura do polvo é a representação física de ideias como a hipocrisia e a
traição.]
. Antonomásia - substituição de um nome próprio por uma palavra ou expressão que o designem de
modo inconfundível.
. Comparação - relação de semelhança entre duas ideias usando uma partícula comparativa ou
verbos como «parecer», «assemelhar-se», etc.
. Disfemismo - apresentação, de forma violenta, de uma ideia que pode ser expressa de forma
suave.
Cheiro que não ofende estes narizes, habituados, que estão ao churrasco do auto-de-fé.
. Hipálage - transferência de caraterísticas de uma realidade para outra com a qual está
relacionada.
. Metonímia - utilização de um vocábulo em vez de outro, com o qual tem uma relação de
contiguidade.
. Perífrase - utilização de muitas palavras para dizer o que pode ser expresso por poucas.
. Pleonasmo - utilização de duas palavras ou expressões que significam o mesmo, tendo geralmente
valor de insistência.
Noções de Versificação
. Ritmo - efeito sonoro produzido intencionalmente pela alternância entre sílabas tónicas
(acentuadas) e sílabas átonas (não acentuadas). Ao conjunto das sílabas acentuadas presentes num
verso atribui-se a designação de acento rítmico.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Rima
Classificação da rima:
● Rima cruzada- a b a b
● Rima emparelhada - a a b b
● Rima interpolada - a b b a ou a b c a
● Rima encadeada - última palavra de um verso rima com o meio do verso seguinte.
○ E há nevoentos desencantos
○ Dos encantos dos pensamentos.
● Rima interior - uma das palavras (ou ambas) que rima encontra-se no interior do verso.
Estrofe
● Monóstico – um verso
● Dístico ou parelha – dois versos
● Terceto – três versos
● Quadra – quatro versos
● Quintilha – cinco versos
● Sextilha – seis versos
● Oitava – oito versos
● Novena – nove versos
● Décima – dez versos