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1. Introdução
A dêixis é um fenômeno linguístico intrínseco à comunicação humana, essencial para a
contextualização e compreensão de referentes no discurso. Trata-se de um mecanismo
semântico que depende fortemente do contexto situacional, permitindo aos interlocutores
ancorar elementos linguísticos, como pronomes e advérbios, a entidades no espaço, tempo ou
discurso, conferindo-lhes significado específico. Dessa maneira, a dêixis atua como um recurso
crucial na construção de significado, conferindo flexibilidade e adaptabilidade à linguagem, e
proporcionando uma ponte entre o código verbal e o mundo extralinguístico, onde se
desdobram os eventos e entidades que compõem a experiência humana. Esta característica, por
sua vez, endossa a riqueza e complexidade inerentes à natureza da dêixis, que desafia e
enriquece a capacidade comunicativa dos falantes em inúmeras situações discursivas. Neste
trabalho seguimos as regras de produção de trabalho cientifico da Unilicungo, onde que a
estrutura do trabalho está organizado em introdução, desenvolvimento do trabalho onde
trazemos os conteúdos relacionados a deixes e com os seus respectivos exemplos para melhor
clareza, e nos finais temos conclusão e referências bibliográficas.
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1.1 Dêixis
Dêixis é uma palavra de origem grega (deiktikós) que significa “mostrar, demonstrar, apontar
ou indicar”, a partir da qual deriva o adjetivo “dêitico”.
Em linguística, dêiticos são os elementos que contribuem com a coesão e articulação textuais,
como os pronomes pessoais e demonstrativos, os tempos verbais, os advérbios de tempo e lugar
e uma infinidade de outros recursos linguísticos.
A referência dêitica é objeto de estudo da Pragmática, área da Linguística que analisa a relação
entre o significado das palavras, os interlocutores e o contexto da interação verbal.
Nos atos comunicativos, os elementos dêiticos localizam e identificam pessoas, objetos,
eventos aos quais nos referimos no momento da enunciação. Estes elementos contribuem para
a coesão textual estabelecendo uma relação de sentido entre suas partes. Nesse sentido, os
elementos dêiticos também são definidos como os elementos linguísticos que indicam os
participantes de uma situação enunciativa, o lugar ou o tempo em que determinado enunciado
é produzido.
Além disso, os elementos dêiticos enriquecem o sentido do texto, pois evitam a repetição
desnecessária de palavras e asseguram uma ligação entre os elementos que ocorrem na
superfície textual, fazendo referência ao contexto da enunciação, constitutiva do sentido dos
enunciados. Exemplo:
EX: Ana e Joaquim foram passear no shopping ontem. Eles ficaram lá uns trinta minutos e
depois foram embora.
Vejamos que neste enunciado há três elementos dêiticos em evidência. O primeiro é o Advérbio
de Tempo “ontem”, responsável pela delimitação temporal; o segundo é o Pronome Pessoal
“eles”, o qual retoma e substitui o sujeito composto da primeira oração “Ana e Joaquim”,
evitando a repetição dos termos; o terceiro é o Advérbio de Lugar “lá” que, da mesma forma,
retoma e substitui o complemento verbal “shopping”, evitando sua repetição.
Dêixis é o fenômeno de referenciarão dependente e constitutiva da enunciação. O sistema
dêitico é constituído pelo conjunto de elementos que marcam o espaço e o tempo criados pelo
discurso e a sua relação com falante e ouvinte. As expressões dêiticas constituem o universo
de referências em torno do qual se distribui o ato comunicativo. Os dêiticos funcionam como
indicadores de enunciação (eu, tu, aqui, ali, agora, depois, etc.
Sempre que são atualizados no discurso, os dêiticos referenciam de novo e variavelmente, em
função da situação de enunciação, única e irrepetivel. Os dêiticos distinguem-se, assim, dos
restantes signos cujo conteúdo semântico-referencial é estável e permanente. Os dêiticos
assinalam o sujeito enunciador, o sujeito aquém se dirige o ato enunciativo, o tempo e o espaço
da enunciação; apontam para objetos, entidade e processos constitutivos do contexto
situacional.
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1.2 Tipos de Dêixis


1.2.1 Dêixis de base
Dêixis de base (pessoal, temporal e local) é composta por pronomes demonstrativos (este, esta,
aquilo,isso,etc.), pronomes pessoais (eu, tu, ele, nos, etc.), adverbio de lugar ( aqui, acola, além,
etc.) e de tempo ( hoje, ontem, amanhã, etc.), e por tempos verbais ( presente, passado e futuro)
1.2.1 Dêixis de pessoa
1.2.2 Dêixis de tempo
A dêixis temporal delimita o momento da enunciação, representados, principalmente pelos
Advérbios de Tempo.
1.2.3 Dêixis de lugar
A dêixis espacial delimita o lugar/espaço de enunciação, representados pelos Advérbios de
Lugar, como aqui, aí, lá, acolá, ali etc.
2. Dêixis social
A Dêixis social diz respeito à relação entre os participantes no decurso, ou seja, à escolha das
formas de tratamento-tu, você, o senhor, etc.- e ao uso dos tratamentos honoríficos-professor,
doutor, vossa excelência, eminencia, etc.
3. Pressuposição, implicatura e inferência
A Pressuposição designa tudo aquilo que o falante pressupõe que o ouvinte sabe. São
conhecimentos prévios e implícitos partilhados pelos falantes do discurso. A pesar de não
estarem diretamente mencionados no ato comunicativo, são indispensáveis para o sucesso da
comunicação. A negação, a interrogação e o condicional nunca invalidam uma pressuposição.
Exemplo։
 O Antônio foi de feria.
Pressupõe-se que ambos os interlocutores conhecem o Antônio. Se descermos antes.
 O Antônio não foi de férias.
 O Antônio foi de férias?
 O Antônio iria de feria?
A pressuposição mantem-se continua a ser verdade que os interlocutores sabem que é o
Antônio.
3.1 As preposições identificam-se por expressões linguísticas:

 Tópicos de oração que se expressam de modo definido (o,a,o teu, o nosso) referindo
um dado realmente existente.
 Verbos factivos, que exigem que o seu objeto direto expresso seja verdadeiro:

Exemplo:

 O Antônio ainda não sabe que venceu o jogo.


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 O Antônio ficou feliz por ter vencido o jogo.


 O João sabe que o Antônio venceu o jogo.

[Nas três frases, a pressuposição é: o João venceu o jogo]

3.2 Verbos que indicam mudança de estado.

 O Mateus já acordou.
o [A pressuposição é: o Mateus dormia]

3.3 Comparações e contrastes.

 O Mateus é tão dorminhoco como o João.


o [A pressuposição é: o Carlos é dorminhoco]

4. Ato de fala

Ato de fala ou ilocutório consiste na produção de um enunciado num determinado contexto de


interação comunicativa, através do qual o emissor realiza, ou tenta realizar, uma ação, isto é,
fazer algo com o enunciado produzido (promessa, conselho, pedido, agradecimento, etc.),
mediante a produção de um enunciado cujo conteúdo proporcional está marcado pela forca
ilocutória expressa por verbos performativos, pelo modo do verbo, pela ordem de palavras,
pela entoação, por sinal de pontuação, por advérbios, por interjeições etc.,

4.1 Atos de fala direto

4.1.1 Assertivos

Nos quais o locutor compromete a sua responsabilidade sobre a existência de um estado de


coisas e sobre a verdade da proposição enunciada (asserções, descrições, constatações,
explicações, etc.).

 A minha mota avariou.


4.1.2 Diretivos
Que tem como finalidade levar o interlocutor de acordo com o conteúdo proporcional do ato
de fala (ordens, pedidos, convites, sugestões, etc.) ; dão expressam a uma vontade ou desejo do
locutor de levar o interlocutor a fazer ou dizer algo.
 Vai limpar a mota.
4.1.3 Compromissivos
Nos quais o locutor se obriga a adotar um determinado comportamento futuro (promessas,
juramentos, ameaças, etc.).
 Prometo que não volto a chegar tarde.
Expressivos: nos quais o locutor exprime o seu estado psicológico em relação ao estado de
coisas especificado no conteúdo proporcional (agradecimentos, congratulações, condolências,
desculpas, etc.).
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 Agradeço bastante a sua recepção


4.1.4 Declarativo
Nos quais o locutor, mediante a realização com êxito de um ato de fala, modifica o estado de
coisas do mundo ou cria um novo estado de coisas (batismo, casamentos, nomeações,
demissões, condenações, etc.). Para que a realização dos atos declarativos sejam bem-sucedida
é necessário que o enunciado obedeça as regras linguísticas e surja inserido numa especifica
instituição extra linguísticas (igreja, tribunal, estado...), dentro da qual o locutor e o interlocutor
desempenham papeis sócias pré-estabelecidos.
 Eu vos declaro marido e mulher.
 Pelo exposto, condeno o arguido.
5. Ato inlocutorio indireto
É aquele em que o locutor quer dizer algo diferente aquilo que expressa em sentido literal,
contando com as suas capacidades inferenciais do interlocutor indireto para o reconhecimento
da sua intenção ou objeto inlocutório. O ato de fala indireto ocorre quando o locutor diz algo,
mas tem em mente algo diferente. Assim os ato de fala indireto contem implicatura que o
ouvinte deve interpretar corretamente para reconhecer a intenção inlocutoria do falante (Searle,
1975:62.
5.1 O ato perlocutorio
É um ato de fala que um determinado contexto, pela sua forca, inlocutoria, gera no receptor o
efeito pretendido pelo emissor (intimidar, persuadir, seduzir, ameaçar etc)
A foça inlocutoria e a dimensão da significação de um enunciado que permite ao interlocutor,
num determinado contexto enunciativo, reconhecer o objetivo comunicativo do locutor.
Os marcadores da forca elocutória de um enunciado são: A ordem das palavras, a entoação, a
pontuação, o modo verbal e os verbos performativos.
6. Discurso
(Direto, direto livre, indireto, indireto livre)
O discurso é uma produção verbal concreta, única e interpretável que deriva da iteração
estabelecida pelos participantes do ato enunciativo num determinado contexto espaço
temporal.
6.1 Discurso direto
Consiste na reprodução ou na citação do discurso de um emissor no discurso do mesmo ou do
outro emissor (emissor-relator, emissor espaço narrador). O discurso direto mantem as formas
deiticais da produção discursiva postulada como original.
6.1.1 Discurso direto livre
As palavras ou os pensamentos de uma personagem são reproduzidos como que imersos no
discurso do narrador, tal como aquela que os formulou, sem que o narrador assinale com marcas
formais –etiquetas nominais, verbos introdutores ou indicadores tipográficos como aspas e
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travessões – a sua mediação. É caraterístico do texto narrativo contemporâneo, embora também


se encontre em textos dramáticos e líricos.
Consiste na reprodução do discurso de um locutor no discurso do mesmo ou do outro locutor.
No discurso indireto o espaço da enunciação e sempre o do locutor-relator, não se mantendo
no discurso reproduzido a forma do discurso original.
6.1.4 Discurso indireto livre
É uma forma de relato de discurso, tal como os discursos diretos e indiretos, em que se
sobrepõe duas situações de enunciação a da personagem e do narrador. Ou seja, a enunciação
do emissor-relator funde-se com a enunciação do primeiro emissor, sendo difícil delimitar a
fronteira de um e outro.
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7. Conclusão
A dêixis, do grego "dêixis" que significa "indicar" ou "mostrar", é um fenômeno linguístico
que descreve a maneira como certas palavras, como pronomes, demonstrativos, advérbios e
outros elementos deícticos, adquirem significado em relação ao contexto em que são utilizados.
Este contexto pode ser dividido em três principais categorias: dêixis de base, de pessoa,
temporal, de lugar. A Dêixis de Pessoa corresponde aos termos que remetem às pessoas do
discurso, ou seja, aquelas que participam do ato comunicativo. Esses elementos referem-se ao
próprio locutor e ao seu interlocutor, e podem ser representados pelos pronomes pessoais do
caso reto de 1.ª e 2.ª pessoas: eu, tu, nós, vós, pelos pronomes pessoais oblíquos me, te, nos,
vos, pelos pronomes possessivos de 1.ª e 2.ª pessoa: meu, teu, nosso, vosso e também pelos
vocativos, A dêixis espacial delimita o lugar/espaço de enunciação, representados pelos
Advérbios de Lugar, como aqui, aí, lá, acolá, ali etc.
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Referências Bibliográficas
1. BORREGANA, A.A. (2004). A Gramática – Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa:
Público.
2. CASTRO, I. (1991). Curso de História da Língua Portuguesa. Lisboa. Universidade
Aberta.
3. CHOMSKY, N. (1984). Estrutura Sintáticas. Lisboa: Edições 70
4. LEVINSON, S.C. Pragmática. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 65-116.
5. MELO, I. F. Você sabe o que é dêixis? Revista Conhecimento Prático – Língua
Portuguesa, n.22. São Paulo: Escala Educacional, 2015, p. 42-47.

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