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Cadeira: Práticas de Análise do Discurso

Tema:Actos de Fala na perspectiva de Austin e


John Searle 3ᵒ Ano
Carla Mubai
Ednilsa Macoca
Maria Macanze

Docente:
Prof. Doutor Ângelo Mauai
Linguagem e língua

O homem utiliza diversos sinais para


comunicar, adequados à situação comunicativa
em que se encontra. O apito do automóvel, a
palavra de alguém que se nos dirige,o gesto de
uma criança ou a placa de uma via de trânsito
são exemplos de sinais ou meios através dos
quais se transmite alguma coisa - a mensagem.
Ao conjunto de meios (visuais, auditivos,
tácteis, etc.) de que dispomos para comunicar
com os outros chama-se linguagem.
Conceito de língua

Associado ao conceito de linguagem temos o


de "Língua", enquanto modo concreto de
comunicar atra- vés de palavras num
determinado território, numa determinada
comunidade. Podemos dizer que a linguagem,
capacidade universal do homem, possibilita
que, paracada comunidade limitada a certo
territorio, apareça esta ou aquela língua: a
portuguesa, a francesa, a inglesa, etc. As
línguas são casos particulares fenómeno geral,
a linguagem.
Discurso

É a língua no ato, na execução individual.


E, como cada indivíduo tem em si um ideal
linguístico, procura ele extrair do sistema
idiomático de que se serve as formas de
enunciado que melhor lhe exprimam o
gosto e o pensamento. Essa escolha entre os
diversos meios de expressão que lhe oferece
o rico repertório de possibilidades, que é a
língua, denomina-se estilo.
Actos de fala
“Actos de fala são um comportamento verbal governado
por regras que asseguram que as intenções comunicativas
venham a ser adequadamente interpretadas. Algumas
dessas regras definem os próprios tipos de actos que
podem ser realizados pela fala”. Mateus (2003, p.73).

Segundo Faria et al (1996), John L. Austin, no


desenvolvimento da pragmática, chamou a para as
multivariadas funções que os enunciados
desempenham na interacção verbal, dando conta de
alguns dos factores que regulam as nossas escolhas
linguísticas e dos efeitos que tais escolhas, quer na
compreensão quer no comportamento linguístico-
social dos nossos intelocutores, ao desempenharem o
papel de nossos alocutários
Partindo do princípio de que dizer pode ser fazer, Austi
avançou com a noção de performativo, referindo-se a
enunciados activos e de carácter contratual, criadores de
Exemplos:

Eu te baptizo com o nome de Carlos.

Baptizei o homem com o nome de Carlos

um novo estado-de-coisas, por oposição a constativo,


tipo de enunciado analisável segundo critérios de verda
e falsidade. Baseado nesta distinção entre performativo
constativo, Austin interessou-se essencialmente pelos
enunciados performativos e pelo modo como estes se
constituem simultaneamente em enunciados e em acçõe
(p. 385).
Condições necessárias
É necessário que exista uma atitude
convencional de comportamento, bem como o
seu efeito, igualmente convencional, e que parte
dessa atitude seja a enunciação de palavras por
falantes específicos em circunstânias específicas;

Ex: Se o namorado disser namorada "estamos casados", isso não quer dizer que estejam casados
efectivamente, uma vez que há um comportamento convencional para que o efeito se cumpra.
Os falantes e as
circunstâncias devem ser os
apropriados para a assunção
dessa atitude;

Ex: Se eu não for o Juíz, ou ainda que seja,


mas não me encontre numa sala de tribunal
no exercício das minhas funções, não posso
dirigir-me a alguém e condená-lo.
A atitude deverá ser assumida
correctamente por todos os
participantes;

Ex: Retomando ao exemplo do namorado e


da namorada, se o primeiro desejar casaar
com a segunda, tal só orrerá se ambos
exprimem vontade e o fazer, se um deles
disser não o outro permanece solteiro e vice-
versa.
Da mesma forma, deve ser
completamente assumida por
todos;

Ex: Uma aposta só é válida se a outra pessoa aceitar.


O falante que assume a atitude a
atitude e que participa no acto deverá
assumir os pensamentos ou os
sentimentos a ela associados; por
outras palavras, é necessário que o
locutor seja coerentemente honesto
no seu agir;
Ex: Quando peço desculpas a alguém,
deverei de facto reconhecer que se passou,
ou passa, algo que exige que eu faaça um
pedido e desculpa a outrem.
A corência não deve ser apenas
relativa ao momento presente,
mas também a comportamentos
futuros.

Ex: Se eu prometer pagar a minha díveida a alguém, a promessa


só será feliz se eu efectivamente pagar a dívida no futuro.
 Performativos explícitos/performativos primários
 Para Faria (1996), o desenvolvimento da análise conduz-nos
naturalmente à validação da hipótese que Austin pretendia ver
provada: a de que os enunciados constantivos, longe de serem
diferentes dos performativos, são casos particulares destes últimos,
ou seja, se a enunciação de uma promessa é um acto performativo,
a enunciação de uma afirmação também o é, se bem que de tipo
deifernte. Quer isto dizer que a forma linguística que um enunciado
pode assumir não é suficiente para que o possamos classificar como
uma coisa ou como outra, como promessa ou como afirmação, por
exemplo. Independente da forma linguística que apresentam, os
exemplos abaixo, são enunciados semelhantes, do ponto de vista da
acção que realizam. (p. 388).

Ex: Prometo que te trago o livro amanha.


Trago-te o livro amanhã.
Designados os enunciados do primeiro
exemplo por enunciados performativos
explícitos e os segundo exemplo por
enunciados performativos primários,
facilmente se percebe que os enunciados
constativos são enunciados performativos
a que falta a explicação clara da acção que
realizam ou ajudam a realizar, são
enunciados performativos primários.
 Austin citado por Faria et al (1996), considera que um acto é
locutório quando corresponde à enunciação de uma ou mais
palavras numa frase, a partir da operação linguística de
atribuição de referência e codificação de significado, permite-
se ao ouvinte compreender o que foi enunciado. Já o acto
ilocutório, consiste, por sua vez, no uso de uma frase
linguisticamente operativa para efectuar algo, para realizar
uma operação circunstancialmente funcional, como, por
exemplo, prometer, ordenar, etc. Por último, temos o acto
perlocutório que se traduz nos resultados ou efeitos
produzidos com o efectivar do enunciado-acção. (p. 390)
Tipos de actos ilocutórios
Actos ilocutórios assertivos

Segundo Faria et al (1996), estes actos, que Searle designou


inicialmente por representativos, estão sujeitos à dimensão que
inclui os parâmetros verdadeiro e falso, e o seu objectivo
ilocutório consiste em relacionar o locutor com a verdade da
proposição expressa no enunciado, em relação à qual manifesta

392).
a sua crença, representando o mundo ao nível das palavras. (p.

. A Maria come o bolo.


Actos ilocutórios compromissivos
Segundo Faria et al (1996), os membros desta classe de
actos têm como objectivo ilocutório compreender o locutor
relativamente à prática de uma acção futura, determinada
pelo conteúdo proposicional do enunciado. Exemplo vulgar
destes actos são as promessas. (p. 396).
Ex: Prometo ser-te fiel na alegria e na tristeza...
Trago-te a jóia amanhã.
Actos ilocutórios directivos

Segundo Faria (2011), os actos de fala directivos


apresentam como objectivo elocutório lear o
alocutário a realizar uma tarefa (que é especificada
no conteúdo proposicional do acto directivo). A
direcção destes actos é mundo-palavra: o locutor
deseja que ua situação do mundo corresponda ao
acto directivo que realiza (istoée, ao seu pedido ou
ordem). A condição de sinceridade, será, então, o
efectivo querer do locutor. (p. 16).
Ex: Feche-me essa porta.
Actos de fala directivos directos

São aqueles em que o significado literal


do acto de fala corresponde ao seu
significado pragmático e em que aquilo
que o locutor quer de facto dizer
corresponde por completo à forma do acto
de fala. Exemplificando:
Ex: Joana, traz-me um copo de água.
Actos de fala directivos indirectos

 Pelo contrário, apresentam sempre mais do que uma


intenção comunicativa porque o locutor, ao produzi-los,
atribui ao acto de fala um significado adicional que
transcende o significado li- teral, proposicional, do acto. No
fundo, os actos de fala indirectos são aqueles em que aquilo
que dizemos não corresponde inteiramente àqui- lo que
efectivamente queremos dizer. Searle (1975) define, assim,
actos de fala indirectos como aqueles cuja forma não
corresponde à função, isto é, actos de fala que apresentam
uma determinada forma e força ilocutoria, mas que são
realizados para produzir um acto de fala com um
significado e uma força llocutória discrepante. Por exemplo:
 Ex: Passas-me o sal?
Actos ilocutórios expressivos
Na perspectiva de Faria (2011), o
objectivo locutório do acto de fala
expressivo é exprimir o estado
psicológico do locutor. (p.18).
Ex: Adoro desenhos animados.

Actos declarativos
Para Faria (2011), o objecctivo do acto de fala declarativo
é criar uma situação nova. (p. 19)
Portanto, a direcção de ajuste é mundo-palavra, pois as
palavras vão criar um novo estado de coisas, como nos
exemplos seguintes:
EX.: Eu vos declaro marido e mulher.
Ex.: O João foi eleito delegado de turma com dez votos.
Declarações assertivas

Relativamente às declarações assertivas, são


muito semelhantes aos actos declarativos,
mas o envolvimento do locutor naquilo que
expressa é maior, pois ele relaciona-se com
a verdade daquilo que ele próprio expressa
no seu enunciado.
Ex.: Declaro o réu culpado das acusações
que lhe são imputadas.
 Actos directos e indirectos
 Actos de fala directos são aqueles em que o significado
literal do acto de fala corresponde ao seu significado
pragmático e em que aquilo que o locutor quer de facto
dizer corresponde por completo à forma do acto de fala.
Exemplificando:
 Ex: Joana, traz-me um copo de água.
Os actos de fala indirectos, pelo contrário, apresentam sempre mais
do que uma intenção comunicativa porque o locutor, ao produzi-los,
atribui ao acto de fala um significado adicional que transcende o
significado li- teral, proposicional, do acto. No fundo, os actos de fala
indirectos são aqueles em que aquilo que dizemos não corresponde
inteiramente àqui- lo que efectivamente queremos dizer. Searle (1975)
define, assim, actos de fala indirectos como aqueles cuja forma não
corresponde à função, isto é, actos de fala que apresentam uma
determinada forma e força ilocutoria, mas que são realizados para
produzir um acto de fala com um significado e uma força llocutória
discrepante. Por exemplo:
Ex: Passas-me o sal?
Texto Dialogal
 Maria: Está um lindo dia hoje.
 João: Realmente! Tanto quanto tu.
 Maria: Vindo de ti, fico lisonjeada.
 João: Não acho. Suponho que receba galanteios todos os dias dotada de peculiar
formosura.
 Maria: Não tanto de homens tão atraentes...
 João: A vermo-nos mais vezes, acredita não te faltarão razões para sentires-te amada.
 Maria: Parece-me que o amor bateu muito cedo em nossas portas.
 João: Se não hover algum impedimento, faço de ti uma mulher honrada.
 Maria: Suponho que não exitam empecilhos.
 João: Nesse sentido, nada impede que nossos lábios se entrelacem num ósculo
apaixonado.
 Maria: É o que mais gostaria de fazer neste momento.
 João: De hoje em diante somos marido e mulher.
 Maria: Se realmente desejas me honrar, peça a minha mão ao meus pais.
 João: Quando quiseres.
 Maria: Faremos um jantar no Sábado, seria uma óptima oportunidade.
 João: Não vejo a hora.
 Maria: Seguramente, sentirei saudade sua.
 João: Não tanto quanto eu.
Análise do Texto
 No texto acima observa-se um diálogo de Maria e João no qual se pode inferir, pelo desenrolar
da conversa, que se encontraram ao acaso e enamoraram-se trocam juras de amor e termina com
um compromisso de o João pedir a mão da Maria aos pais dela.
 O texto inicia com o enunciado “Está um lindo dia hoje.” Proferido pela Maria o qual é sujeito a
julgamento de valor pelo seu alocutário, sendo, por conseguinte, um acto ilocutório assertivo.
Este facto pode ser também atestado pela resposta de confirmação da realidade observada pelos
interlocutores que é dada pelo João, “Realmente!”
 Percebe-se um acto ilocutório expressivo no enunciado de Maria “Vindo de ti, fico
lisonjeada.”em que a locutora expressa o seu estado psicológico de gratidão e apreço em relação
ao galanteio feito pelo seu alocutário em que compara a beleza do dia em que ocorre o diálogo
com a beleza da Maria.
 Neste seguimento “A vermo-nos mais vezes, acredita não te faltarão razões para sentires-te
amada.” Temos a realização de um acto ilocutório compromissivo no qual satisfazendo-se a
condição de se verem mais vezes, o locutor assume o comprometimento de fazer que sua amada
se sinta sempre desejada por homens atraentes. Inferi-se que isso a faz feliz pelo que se pode
depreender do enunciado “Não tanto de homens tão atraentes...”. Estes actos ilocutórios –
compromissivos - ocorrem com frequência em diálogos do género, como se pode preceber em
outro enunciado “Se não hover algum impedimento, faço de ti uma mulher honrada”.
 No enunciado “De hoje em diante somos marido e mulher.” Tem-se um acto ilocutório
declarativo já que ao proferí-lo o locutor transforma a relação que tem com a Maria criando um
estado novo, ou seja, passam de simples estranhos para um novo estado, o de namorados.
 Os actos ilocutórios directivos têm como objectivo levar o alocutário a realizar uma acção
verbal ou não verbal. Isso pode ser notado neste enunciado “Se realmente desejas me honrar,
peça a minha mão ao meus pais.” no qual a acção verbal realizada seria um compromisso e a
outra reação à este ele poderia ser uma acção não verbal em que o alocutário dirige-se a casa da
Maria. Portanto, este enunciado pode levar a realização futura de uma acção verbal tanto quanto

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