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ADEUS, meu irmão branco, boa viagem! O menino negro não entrou na roda
das crianças brancas - as crianças brancas
Chegou a hora de você voltar que brincavam todas numa roda viva
para a Europa, a sua terra. de canções festivas, gargalhadas francas...
Quando você chegar, há-de falar
dos encantos que encerra O menino negro não entrou na roda
esta África Negra, tão distante,
tão distante, irmão branco... E chegou o vento junto das crianças
Pois eu quero, neste instante - e bailou com elas e cantou com elas
da partida, pedir-lhe uma promessa: as canções e danças das suaves brisas,
-Não se esqueça da alma do negro, as canções e danças das brutais procelas.
não se esqueça!
E o menino negro não entrou na roda.
Você há-de falar das terras africanas,
da mata e da cubata, Pássaros, em bando, voaram chilreando
dos montes e das chanas; sobre as cabecinhas lindas dos meninos
mas não se esqueça da alma. e pousaram todos em redor. Por fim,
Você há-de falar do sol fogoso, bailaram seus vôos, cantando seus hinos...
de caçadas e queimadas,
das noites que viveu em batucadas E o menino negro não entrou na roda.
no mais feiticeiro gozo; "Venha cá, pretinho, venha cá brincar"
mas não se esqueça da alma. - disse um dos meninos com seu ar feliz.
A mamã, zelosa, logo fez reparo;
Vai falar do café, do algodão, do sisal, o menino branco já não quis, não quis...
da fruta tropical, enfim de toda a flora;
mas não se esqueça da alma. E o menino negro não entrou na roda.
Você há-de falar dos negros no seu mato,
da negra tentadora O menino negro não entrou na roda
de corpo sensual, das crianças brancas. Desolado, absorto,
mostrando até retrato; ficou só, parado com olhar cego,
mas não se esqueça da alma. ficou só, calado com voz de morto.