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AULA 1 – MOD2 – ROMANTISMO NO BRASIL

AS TRÊS GERAÇÕES ROMÂNTICAS

1808 A CORTE PORTUGUESA CHEGA AO BRASIL


A vinda da Corte portuguesa para o Brasil, importantes
transformações:

 Elevou o país à condição de Reino Unido a Portugal e Algarve;


 Abertura dos portos às nações amigas;
 Criação de escolas, museus bibliotecas;
 Urbanização da capital
 Criação da Imprensa Nacional (Imprensa Régia), o que favoreceu à
circulação regular de jornais e periódicos.

1836 A IDEALIZAÇAO DE UMA PÁTRIA E UM POVO


O Romantismo no Brasil surge em um cenário de formação da identidade
nacional, apesar da economia travada, e um povo sofrido e explorado, ainda
pela escravatura durante o período colonial, culturalmente podíamos pensar a
definição de uma identidade brasileira. Nesse ano, com a publicação de Suspiros
Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães se deu um grito de liberdade
na literatura brasileira, já que essa foi a primeira escola do Brasil independente.
Gonçalves de Magalhaes e outros poetas, publicaram em Paris uma revista com
temas de interesse nacional. Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes que
trazia como epígrafe: “Tudo pelo Brasil e para o Brasil” (ABAURRE,PONTARA,
FADEL, 2004).

PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA


O ÍNDIO: HERÓI BRASILEIRO
A primeira geração romântica preocupou-se em garantir uma identidade
nacional nos diferenciasse de Portugal. Guiando-se pelos europeus, buscaram
no passado elementos definidores das origens nacionais. E assim, valorizaram
os elementos nativos do Brasil: o índio, a fauna e a flora (mata).

O nativismo, indianismo ou nacionalismo é uma das características


principais da primeira geração romântica brasileira. Nela se destacam
Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.

Os poetas indianistas foram os mais nacionalistas entre os românticos. Em


seus poemas, como o célebre I-Juca Pirama, nota-se a exaltação da natureza
nacional e a construção do índio como herói brasileiro:
I-Juca Pirama, Gonçalves Dias

Meu canto de morte,


Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Canção do exílio - Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras


Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA
O AMOR E A MORTE
A segunda geração romântica também conhecida como
ultrarromântica, byroniana ou mal-do-século é marcada pelo sentimentalismo
acentuado, pessimismo e fuga da realidade — pela morte, pelo sonho, pela
loucura ou pelo amor inacessível. Expressam um subjetivismo exacerbado e
uma visão negativa do mundo e da sociedade. Os principais representantes
desse grupo foram Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.

Meu desejo – Álvares de Azevedo

Meu desejo? era ser a luva branca


Que essa tua gentil mãozinha aperta:
A camélia que murcha no teu seio,
O anjo que por te ver do céu deserta....

Meu desejo? era ser o sapatinho


Que teu mimoso pé no baile encerra....
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra....

Meu desejo? era ser o cortinado


Que não conta os mistérios do teu leito;
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.

Meu desejo? era ser o teu espelho


Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escomilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!

Meu desejo? era ser desse teu leito


De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro....

Meu desejo? era ser a voz da terra


Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de languor!
Se eu morresse amanhã - Alvares de Azevedo

Se eu morresse amanhã, viria ao menos


Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!


Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva


Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora


A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

TERCEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA


CONDOREIRO – A POESIA SOCIAL
A terceira geração romântica formada por um grupo de condoreiro,
desenvolve uma poesia de cunho político e social, especialmente, uma denúncia
social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves.

O NAVIO NEGREIRO
Castro Alves

Senhor Deus dos desgraçados!


Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Para saber mais:


Biografia Gonçalves Dias
https://www.academia.org.br/academicos/goncalves-dias/biografia
Biografia Gonçalves Magalhães
https://www.academia.org.br/academicos/goncalves-de-magalhaes
Biografia Álvares de Azevedo
https://www.academia.org.br/academicos/alvares-de-azevedo
Biografia Castro Alves
https://www.ebiografia.com/castro_alves/#:~:text=Castro%20Alves%20(
1847%2D1871),da%20Academia%20Brasileira%20de%20Letras.
EXERCÍCIO SOBRE AS TRÊS GERAÇÕES ROMÂNTICAS

1. Sobre o poema I-Juca Pirama de Gonçalves Dias responda as seguintes


questões:

A. Quem é o personagem que diz “Meu canto de morte, Guerreiros ouvi”?

B. Como o personagem se descreve?

2. Sobre o poema Canção do Exílio de Gonçalves Dias responda as seguintes


questões:

C. Quais palavras fazem rima entre si no poema?

D. Quais elementos nacionais (brasileiros) são exaltados no poema?

3. Sobre o poema Meu desejo – Álvares de Azevedo responda as seguintes


questões:

E. Em que pessoa gramatical o eu lírico do poema se apresenta?

F. Quais desejos o eu lírico apresenta para ficar junto da mulher amada?

4. Sobre o poema Se eu morresse amanhã - Alvares de Azevedo responda


as seguintes questões:

G. Qual o tema abordado no poema?

H. A que geração romântica pertence esse tema?

5. Sobre o poema Se eu morresse amanhã - Alvares de Azevedo responda


as seguintes questões:

I. Quem são os tripulantes desse navio?

J. Como eles eram antes dessa viagem e como são agora?

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