A vinda da Corte portuguesa para o Brasil, importantes transformações:
Elevou o país à condição de Reino Unido a Portugal e Algarve;
Abertura dos portos às nações amigas; Criação de escolas, museus bibliotecas; Urbanização da capital Criação da Imprensa Nacional (Imprensa Régia), o que favoreceu à circulação regular de jornais e periódicos.
1836 A IDEALIZAÇAO DE UMA PÁTRIA E UM POVO
O Romantismo no Brasil surge em um cenário de formação da identidade nacional, apesar da economia travada, e um povo sofrido e explorado, ainda pela escravatura durante o período colonial, culturalmente podíamos pensar a definição de uma identidade brasileira. Nesse ano, com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães se deu um grito de liberdade na literatura brasileira, já que essa foi a primeira escola do Brasil independente. Gonçalves de Magalhaes e outros poetas, publicaram em Paris uma revista com temas de interesse nacional. Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes que trazia como epígrafe: “Tudo pelo Brasil e para o Brasil” (ABAURRE,PONTARA, FADEL, 2004).
PRIMEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA
O ÍNDIO: HERÓI BRASILEIRO A primeira geração romântica preocupou-se em garantir uma identidade nacional nos diferenciasse de Portugal. Guiando-se pelos europeus, buscaram no passado elementos definidores das origens nacionais. E assim, valorizaram os elementos nativos do Brasil: o índio, a fauna e a flora (mata).
O nativismo, indianismo ou nacionalismo é uma das características
principais da primeira geração romântica brasileira. Nela se destacam Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.
Os poetas indianistas foram os mais nacionalistas entre os românticos. Em
seus poemas, como o célebre I-Juca Pirama, nota-se a exaltação da natureza nacional e a construção do índio como herói brasileiro: I-Juca Pirama, Gonçalves Dias
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo Tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci: Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.
Canção do exílio - Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá, As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem que ainda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA O AMOR E A MORTE A segunda geração romântica também conhecida como ultrarromântica, byroniana ou mal-do-século é marcada pelo sentimentalismo acentuado, pessimismo e fuga da realidade — pela morte, pelo sonho, pela loucura ou pelo amor inacessível. Expressam um subjetivismo exacerbado e uma visão negativa do mundo e da sociedade. Os principais representantes desse grupo foram Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
Meu desejo – Álvares de Azevedo
Meu desejo? era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta: A camélia que murcha no teu seio, O anjo que por te ver do céu deserta....
Meu desejo? era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra.... A esperança que sonhas no futuro, As saudades que tens aqui na terra....
Meu desejo? era ser o cortinado
Que não conta os mistérios do teu leito; Era de teu colar de negra seda Ser a cruz com que dormes sobre o peito.
Meu desejo? era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças Do baile as roupas de escomilha e flores E mira-te amoroso as nuas graças!
Meu desejo? era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro Com que velas o seio, onde repousas, Solto o cabelo, o rosto feiticeiro....
Meu desejo? era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor! Ser o amante que sonhas, que desejas Nas cismas encantadas de languor! Se eu morresse amanhã - Alvares de Azevedo
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã!
TERCEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA
CONDOREIRO – A POESIA SOCIAL A terceira geração romântica formada por um grupo de condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho político e social, especialmente, uma denúncia social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves.
O NAVIO NEGREIRO Castro Alves
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, N'alma — lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael.
Para saber mais:
Biografia Gonçalves Dias https://www.academia.org.br/academicos/goncalves-dias/biografia Biografia Gonçalves Magalhães https://www.academia.org.br/academicos/goncalves-de-magalhaes Biografia Álvares de Azevedo https://www.academia.org.br/academicos/alvares-de-azevedo Biografia Castro Alves https://www.ebiografia.com/castro_alves/#:~:text=Castro%20Alves%20( 1847%2D1871),da%20Academia%20Brasileira%20de%20Letras. EXERCÍCIO SOBRE AS TRÊS GERAÇÕES ROMÂNTICAS
1. Sobre o poema I-Juca Pirama de Gonçalves Dias responda as seguintes
questões:
A. Quem é o personagem que diz “Meu canto de morte, Guerreiros ouvi”?
B. Como o personagem se descreve?
2. Sobre o poema Canção do Exílio de Gonçalves Dias responda as seguintes
questões:
C. Quais palavras fazem rima entre si no poema?
D. Quais elementos nacionais (brasileiros) são exaltados no poema?
3. Sobre o poema Meu desejo – Álvares de Azevedo responda as seguintes
questões:
E. Em que pessoa gramatical o eu lírico do poema se apresenta?
F. Quais desejos o eu lírico apresenta para ficar junto da mulher amada?
4. Sobre o poema Se eu morresse amanhã - Alvares de Azevedo responda
as seguintes questões:
G. Qual o tema abordado no poema?
H. A que geração romântica pertence esse tema?
5. Sobre o poema Se eu morresse amanhã - Alvares de Azevedo responda
as seguintes questões:
I. Quem são os tripulantes desse navio?
J. Como eles eram antes dessa viagem e como são agora?