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Ana Madeira

Poesia solta e outras


canções
JAIME
(Kata ton Daimona Eautou) RUMO

Não espero menos de tua lápide. Toda fé concentrada numa nesga de clareira
Amigo, é vero, partiremos um dia. na neblina do caminho e essa fenda não desvenda
Num dia humano como outros, só desvela a cor de uma viagem entre duas mãos atadas
Fazendo coisas, como sempre, entre portas entreabertas
Olhando para trás e dizendo é verdade
Em silêncio, "é isso, a vida?" a noite morna e nua que desponta
E nisso que eu não compreendo é verdade
E estou fadado a compreender, a graça linda e tua que desperta.
Qual o meu quinhão, senão o de buscar?
Buscamos as formigas verdes dos campos ancestrais.
Não espero menos de tua lápide
Ou do sorriso na aurora
De teu futuro.
Todo composto de palavras
PASSOS se desfaz a medida que já lemos

Pé ante pé O sonho cessa, o receio afasta,


algures abre-se interrompemos a caminhada no acostamento
uma porta
em uma seta Mas isto quando era ontem
passos, mais passos hoje
na direção do abrigo amanhecemos lá
que já nos abriga como em meio ao negro corte
meta de uma linha de pensamento,
bem na hora de atrever-se
Se fosse apenas o caminho a pisar mais forte
teria dado de ombros o calor do asfalto
e escrito que te aceita, te recolhe
novos poemas
contudo observei e escreve em teus pés doendo
atenta "vai, que a terra é forte,
as marcas brancas o céu sereno, os homens morrem,
no chão da estrada os deuses dormem".
AS RAZÕES DOS OUTROS Digno é o escravo no açoite,
O prisioneiro no ataque indigno
Para ter dignidade é preciso vergar-se, De seus carcereiros,
Porque o poder de vergar os outros Digno é o louco sem conceitos,
Não é aquele do príncipe, Digno é aquele que obedece ordens.
Porque o poder de dobrar espinhas
Costuma ser tirânico, Na morte dos deuses, criamos milhões deles
Porque os cidadãos da pólis odeiam os tiranos, Com carne, com osso, com vozes, vontades
Porque os cidadãos da pólis E um desejo enorme, estridente, gordo,
Dobram-se a eles mesmos, Gigantes sem verdadeiras gigantomaquias,
Por eles mesmos, Deuses verdadeiramente pobres:
Por querer deles mesmos, Estes são os que mandam,
Porque é fato é justo, Enquanto os tigres engaiolados
Porque só o que sabem os animais de carga dançam,
É que são livres para ruminar a noite, Simplesmente porque podem.
Para esquecer o dia,
Por não lembrar não podem
E por não poder, são outros.
DROGARIA E eu sei quem fui assim
Quem sou assim
A tijuca nessa época E o meu futuro foi escrito
Era assim: Quanfo escolhi minha metade.
Metade Queen, Supertramp, take a look,
Metade Supertramp. Quatro décadas e a Saenz Pena
A outra metade Reina como o centro do mundo.
Votava em Alvaro Valle. Posso morar em Copacabana
Eu escutava Beatles Mas Horizonte Perdido eu vi
Enquanto vestia a capa Foi no cine América
De meu Breakfast in America. Que hoje é uma imensa drogaria.
Votei no PDT Nossos coracões clamam por drogarias.
Com a estrela do PT no peito. Ademais, é domingo.
A Tijuca nessa época
Tinha progressivos
E metaleiros. Todos
Tentando não-ser como os
Pais, os avós, os primos,
Todos novos, todos únicos
Num estalar dos dedos
Essas estórias retornam
A IGREJA DE LUGAR NENHUM

Santa Rita é uma igreja silêncio. REZA


Pedra emudecida no barulho da cidade,
erige-se. Bela como a noiva temprana da Oiá, Oiá
noite, obscura, não deixa traços na visão Tempestades fortes
esparsa de seus pedestres. Fechadas as portas Trazendo calmaria,
para a antiga praça, escondidas as suas Inundações, torrentes
verdadeiras vestes, passa-se ali como se nada Lavando o que era,
coubesse na quina das ruas que nos recebem, Passado, passando,
anônimos. Teriam-nos cegado os raios do sol Mercearia de ervas
refletidos nos vidros espelhados dos prédios? Tostando no incenso
Teriamos perdido o tato tateando ínfimas Noite, dia,
brechas em espaços? Transeuntes, em trânsito, Iansã, perdoa a filha,
em trânsito... Perdoa a irmã, a tia,
Envolve a família
Santa Rita dorme monumento funéreo. Que canta: acende,
E como é bela essa noiva de ontem! Protege quem te pertence
A curva da rua ali onde se encontra Como nascesse
é mesmo o lugar-nenhum impossível Para a nova manhã.
do passado eterno. Ela é mãe, Iansã,
Cura, perdura,
Alegra e move na direção
Da pedra, do rio, do sopro
Da vida.
POR ESSES DIAS minha gente!
Os planos da Terra se movem e nós
Os olhares estão atentos ao edifício central. não somos os donos,
Asas de avião, É da vida que que a terra se mova
— utopia crônica na cadência das outras estrelas.
dos arquitetos d'um povo Um silêncio absoluto é a marca
que nunca existe — da noite, e somos envolvidos nela.
anoitecem, Todo o resto, entre-torres,
amanhecem é coisa que morre.
presas ao mesmo chão
(nós tememos aeroplanos).
Fazemos projetos,
fazemos horas e horas de
discursos sem face
e sem face procuramos
espelhos.
Fascistas!
Os sem-rosto, os centopés
que parecem correr com
o trem da história a favor...
mas são só favores de gente,
cheios de esperança,
TRANSLUCIDEZ no filamento de cobre estirado
da lâmpada,
Parece que voltamos Em algum lugar viemos ter
à distância de um átomo com a carne dos nossos sonhos,
de esquecimento com o vinho das nossas carnes,
ao que éramos, com a sombra dos nossos medos,
celebramos: enfim, a paz com a hora justa dos homens crédulos,
do reinado de sempre. aquelas mesmas que desdenhávamos
Um dia após outro, na viagem dos ciganos,
os passados ausentes, agora é hora, agora somos,
só os louros da vitória dormimos ainda jovens e acordamos
se pressentem. adultos, enxergando a torre do farol,
No fundo do peito dói terra à vista, terra-nova na antiga,
a dor de um ovo. meu bem-querer em ti,
Entre um, entre outro, meu amor em mim,
jaz a figura tênue d'um homem aqui estamos.
sonhado pelo meio,
translúcido apaga-se
na insinuação deste meu sorriso
feliz, no gume dos teus olhos
PARA MOÇAS Um sorriso que abole a memória,
uma ideia que absolve o juízo,
O amor nao tem passado, não tem presente, e aquele barulho da máquina que cessa
Não tem futuro. enquanto repenso o todo e desenho
Escapam-lhe as ordens do tempo de novo, em sonhos diários,
e as horas que de fato passam o mesmo molde de peça de vestuário
são como agulhas de máquina de costura antiga, para moças, para moças.
daquelas que os pedais operam
para dar um ritmo correto
ao ponto d'uma só linha.
Horas e horas de trabalho atento,
uma baínha, um colarinho,
o vinco, o vínculo...
Que laço é este, esse imprevisto,
essa folha de outono caindo
sobre pés de janeiro?
Costura as peças, costura na marca
com o olhar atento, óculos a enxergar de perto,
o amor eterno na urdidura,
o amor-silêncio na dobra precisa
da manga da blusa.
REVINDA E se eu te dissesse o que penso,
terias dois olhos lunares a despejar
Todos os dias me pergunto clareza sobre esses moinhos
onde foi que a esquina encontrou ao vento dos meus cabelos
a reviravolta e a rua estreita, e, atento, abrandarias teu rosto
escura do meu amor e do meu amuo no exato momento em que,
entrou avenida adentro ao virar-me,
calma, em murmúrio e silêncio. surpreenderia duas luas com um sorriso de estrelas.

Era como se sempre fosse.


Não houvera sido: é.
A evidência desse tempo ensandecido
pelos rumos poéticos dessas vidas-linhas,
ninguém compreenderia
mas eu, que de poetisa já vinha,
entendi.
POESIA SOLTA

#1 #2

No silêncio de minha casa, Bastava parar o tempo e ver.


só a geladeira fala Todo o restante acabou ali. O dia seguinte,
em um idioma que não compreendo. resto da viagem para redescobrir ego
E se a chuva cai lá fora sob a batuta d'um lobo, d'uma libélula,
nessa hora tão e tanto d'o tigre branco.
quente, quietas as coisas,
quietas as gentes, "És belo", dizia eros para o mundo,
que germine a flor apaixonado pelo mundo
a nascer na aurora, e indo, a cada vez, sonhá-lo de novo.
que floresça o solo
nesse meu poente,
pois disso eu sei e sou
Senhora.
PARALISIA resguarda a criança que habita
dentro. Resguarda no peito
Incontáveis podem ser as horas o teu próprio jongo,
quando relógios param a música do peito, a própria
ou não os temos. música, resguarda
Parar relógios, enquanto lá fora nas sombras das sombras
se contam as horas, do esquecimento.
doá-los ao léu enquanto
ainda podemos,
incontabilizar o ritmo do tempo,
descontabilizar a música
transformando-a em momento...
Se fosse impossível, ao menos...
É possível, murmura o rio
de meus pensamentos ao bater em pedras:
parece que o entorno barulha, barulha,
suplicando águas por seu contratempo.
Durante isto inventamos a roda,
aprendemos o ganho do movimento.
É teu também que não se demore
e perdure na obra, mas
ANGELOS
(sobre a necessidade do mito)

Livre-se daquilo que em ti Silêncio.


Empodera outrem. Comedimento.
Livre-se daquele que deseja Olhe através das peles,
Apoderar-se de ti. Olhe para além do tempo, tempo, tempo.

Repita, crie a melodia O que te aguarda nesse paralelo


E faça ressoar em tua Que te alcança e num instante aclara?
Razão (teu coração já sabe). Possuis as palavras com que te descrevas
O si-mesmo?
Cuidado com a vida social
Ela não é como dança de roda, Livre-se do comércio,
Ela só tem um olho Do valor de mercado e
E este único é o que vê Recolha tua alma ao lugar certo
Tudo com hálitos de polvo. Em ti, sem ter abrigo
Contigo, nua daqueles cem disfarces
Cuidado com hábitos de polvo Que os lampiões da praça exigem
Cuidado com sorrisos extremos Que tu vistas para ser vendida
De extrema vontade, vontade, vontade.
Como se a venda, a compra, Descobria
O presente, a troca, fossem A mensagem de Eros.
Fonte do amor.
Como se a praça do mercado pudesse
Dar ao amor um, dois, quatro contos
De réis, ou quem sabe
Um valor qualquer que se contasse em cadernetas
De fiado.

O amor vem da flecha


E a flecha atinge um alvo.
Um. No fim das contas
É mesmo vero:
Escutai o lógos

Um, é tudo.
E tudo não é um número,
É apenas o sopro
De um lampejo
Que já se foi
Enquanto Ego
OZÔNIO Porque sim, és obra,
E um dia virá que saberás mais da terra.
O que me seduz é teu
Como poema. Mas por enquanto escreve,
Se dizes do demônio Sem dó da escrita,
Eu digo: sou alma; Sem dó da pele.
Se dizes mal das habitações dos homens
Eu digo: sou deserto.
Mas verdade é que sou
Oásis em deserto,
O que pode ser miragem também,
Mal sei.

Apenas lanho as palavras


Para fazer delas esculturas.

O que me seduz
É a vida e a morte.
O que me conduz
É a poesia na tua textura
De obra que de madura cresce
A HORA DO EU Felicidade é amanhecer contendo
Se, em si e de fora
Na noite da noite Como remendo na meia,
Não dobram os sinos O tosco de um dedo de si mesmo
Os relógios batem um tic-tac estridente E um belo sorriso de Alice.
Eu, rangendo-dentes
E o meu pedaço de pizza fria
E o meu bagaço de cigarro incandescendo
E os meus pés gelando no frio
Uma gata que passa, tranquila
Entre as pernas tremendo
Nem angústia nem melancolia.
Acordo, em acordo com tudo
O que no clarão daquele dia
Supus verdadeiro
Mesmo ainda não vivendo.
É assim, uma aposta com os elementos;
É assim, mansidão estremecendo
O sono entrelaçado das aporias.
Felicidade é anoitecer sabendo
Um "se" de acaso, já se entrevia,
ENDOSCOPIA E seu acerto,
O belo,
Amo a feiura enigmática de Frida Kahlo. Enfeitiçado zelo pelo que, de graça,
Amo a leitura dos signos, Predispõe ao elo.
Daquilo que desdizia, aberto, cada passo,
O espaço entre um lugar e outro, Tempo, tempo, tempo,
A estrutura do bom senso, Ressuscita os vivos,
A beleza de um raio, Encharca os tecidos,
O espelho, o momento, Amolece as pedras e,
Aquilo que não compreendo. De volta, só me reconheço
Nas dobras dessas coisas
Amo a linha, Amáveis,
O alinhamento das cores Com o único propósito pelo que
Que perfazem um quadro. Permaneço.
Amo o que se faz moderno
E no entanto já constava dentro, Monalisa, espera,
Como reminiscência de um eu Helena, espera,
Passado. Madalena, Maria,
Minha avó em uma fotografia.
Num sorriso sem consenso, Carne e osso são demasiado
Frida condena o certo a errar Efêmeros.
Com que, então, decobriste tudo
A MELHOR HORA DO DIA E agora a paz das décadas,
Dos grisalhos
Falemos Desalucinados de todos os universos
Sobre o sublunar, Abandonados no caminho?
A confortável distração Mas que caminho? Que jornada?
Do tempo que passa Não.
Em afazeres, Agora é uma queda, no ar, no chão,
Contornos, pequenos No fogo, na água,
Estilos de morder os lábios, Queda no corpo que dorme,
Pequenas opiniões, alegrias No dia que nasce e morre,
Minimas em detalhes que Queda na vida que outrora
Só um olho amoroso enxerga, De uma feita se fez verbo,
O tempo que passa, E na manhã seguinte,
Palavras escassas, Nasceu Eros.
Desnecessárias ambições de
Dizer verdades ou alcançar
Estrelas que de tão imaginárias
Não se comparam ao nariz,
Aos pés, ao sussurro da
Melhor hora do dia.
ATITUDE IMPERATIVOS

Entrar na minha casa é fácil.


Repense as razões
Basta não olhar a rua,
E resguarde.
basta não saber o endereço
Fale menos,
e se acaso souber, não use,
Opine menos,
pense com o coração batendo
Cale.
e pesque na memória
Universalize-se.
um avesso qualquer,
Torne-se genérico,
um contra-passo,
Impessoal,
um contratempo,
Tão pequeno que
um tropeço,
De imperceptível
aquele momento de fracasso
Te esqueçam rápido.
em que primeiro conseguiste vislumbrar
Que teu rosto seja
um céu aberto
Só um cartaz,
e todo estrelado,
E que teu nome seja
para só depois procurar
Fantasia.
o lugar certo
Caminhe sobre cinzas
do teu passo.
Com tuas próprias cores,
Preserve o invisível,
Entrar assim em minha casa é fácil.
Cultive a escuta
É só não querer saber
Leia.
de antemão
Se lhe interesso ou não.
BUG Only bugged minds
Can understand.
There's a bug in my head
Like a buzzling beetle
There's a bug in my head
Every time I try to be myself
At this very moment
It goes all over the light
It makes me dream
Pimps on the wall
Seeing colors never seen
Turn around and then
Like the blue skies
It starts again.
Over my unexpected
Other side.
So I can't feel the world
Correctly
There's always other side
I can't say a sentence
It says to me.
Properly
Stay awake, it's not fake
And I can only dance
It's just mother's nature
Willingly
Way to open gates
While my songs go on
Beyond our individual
Being written
Fate.
And my silence is
In the end
That lapse where I stand
Raises questions
De Ana Madeira
Para Deodorina
AMOR PAGÃO Um tombo no solo de marte,
Mais uma dança no dia de Vênus,
Arde a distância, Ergo a taça em meus sonhos plena,
Arde o falso no erro Ergo a saia em meus sonhos nua.
E a miséria do acerto
Dói fundo no peito. (Nada mais tenho de ti
A não ser escombros
A memória invade Da bela escultura que
Não pede passagem Um dia eu vi)
É bárbara a imagem
Arde a secura da súplica,
Pára, saudade! Arde o desejo do concreto,
Passa, desatino! Arde a certeza de estar certo,
Ave de rapina, voa! Arde a verdade descoberta.
Deixa-me ao meu sozinho.
Arde a distância,
Morde uma noite escura Arde o falso no erro
Murmura, falo sozinha, E a miséria do acerto
Vício, delícia de vício Dói fundo no peito.
Deliro, tempo, delírio.
COR DE VIOLETA They don't really know who I am
and where we go
Here comes the dawn again but I feel that destiny
I shouldn't have left you can only play its role
for this silence if we let it grow
Everything is calm out there
My heart beats Four o'clock I'm staring
as I wish you were here. at my own face in a mirror
or maybe not
Come any time you may Maybe I'm just dreaming of
do as you like a window that in fact
'cause all that matters now leads to other door
is taking care and being someone
here inside this home I'm just happy or
I'm just crazy
And maybe, maybe perharps it's all the same
I'm not able to express "How I love you!"
hou much it's real love — shouts loud the screaming
how much it's real love in my mind
or perhaps it's just the stars while by this side in real world
shinning as ever my smile just makes me cry.
SOBRE CORAÇÕES E FLORES DE LÓTUS

Esses corações em que Ai, as flores de lótus


O amor dispõe suas asas Ai, os peixes dos rios,
Voam alto nos sonhos Ai, corações despertos,
De Icaro. Braços abertos
Sob a luz da lua passam Que o sol vem vindo,
Na íris dos teus olhos caçam O sol vem vindo.
E adormecem margeando
Rios.
Aí colhem flores de lírios,
Flores de lótus de egípcios signos.

Doce sonolência, eu sorrio,


Esqueço o que falei agora.
Voa de novo, faz a meia-volta
Espirais, as espirais...
MEU BEM
Coração sendo
Você veio a mim Correndo a chuva batendo
Com a barca da noite No rosto, misturando com ela
Você esteve em mim O choro,
Nessa noite que te trouxe Eu bem sei..

Riso solto no meio Eu bem sei


De um temporal Eu bem sei
Brincadeira de sonhar Meu bem
Apanhando as gotas Meu bem
Da chuva
Com as mãos

Você escreve em mim


Meu presente, teu passado,
Meu futuro
E eu sei certo assim
Que o escrito em minha pele
Diz a estrofe que se expande
Dentro de mim
RUNAWAY BABY 'Cause there are no ending voices
No, no, no
So dark a day has become Runaway baby
I think of you Run, run
As if it was yesterday Into me.
As if you were
All by my side
No need to hide
Runaway baby
Where did you go
Not so
Runaway baby
Where did you go
Not too far
I hope
I'll wait
And I'll sing this song once again
In the sun of the bay
There's a way
Where we still stand
Where we can stand
DEIXA Penumbras sem cores
Quartos fechados
Deixa estar Sorrisos Perdidos no ar
O meu território não é seu
A cada ida e a cada vinda Vozes e sombras
Dispersará Dores demais, demais não sei
A névoa que ficou Até quando irei
Os traços de um dia Comigo
Passado
Deixa estar Deixa estar
Calado As minhas manhãs
Divagar
O que será Sozinha no quarto, sem encanto
De um arco de tempo Sem fome, sem dono
Que o rio não quer levar Sem marcas
Para a história de nós dois Deixa estar
Um mundo que não é mais Sem nada
Todos os dias
São iguais
Pesados
A ROSA Enquanto rodava
Rodava, rodava
Era uma vez
O mundo numa roda
Vamos começar a história
É outro
Era uma vez
E dentro dessa rosa
Já anoitecendo na praça
É tudo
Foi quando eu encontrei
O mundo quando gira
No meio dessa gente toda
É belo
Uma palavra
Estranhamente belo, eu sei
Num piscar de olhos
Quando eu ia caindo
Mal observei
Eu vi
E era uma vez
Num piscar dos olhos
Quase que eu perdi a rota
Eu vi
Foi quando eu encontrei
Aquela mesma rosa
A rosa
Que colhi
E a casa que se abriu para mim
Acho que eu sonhei
Na praça em que eu te conheci.
Acho que eu estive numa festa
Acho que eu cantava a nota
(Começando a história
E a canção já era moda
Daquela vez)
E a invenção já era outra
Acho que eu perdi o tino
Era uma vez

O vento fez redemoinhos


E enquanto eu dançava
Aquela luz brilhava
Era o que eu via
Uma só palavra
A rosa que eu segurava
ALICE For the time she was sure
That it was.
Alice through the looking glass
Stands aside a glowing cat So damn quiet was this time
She wonders if this was supposed to be All that drama scattered by
She glimpses dark and light so sharp As her laughing filled the glass
As headlight eyes within the night Silently.
And she wonders if she could really see. In a dance, on that floor
Alice floats round and round,
So damn quiet was this time So she finds it all out.
All that drama passing by Alice's shout.
All the urgent things went by
Disappearing.

Alice through the looking glass


Found her head where thoughts
Were playing mad
And she wonders if it's too late
To retreat
As the world Alice knew
Rushed bunnies in pursuit
O CERCO

Não espero mais,


eu faço
tudo que eu posso
sozinha.
Não, é o que faz parte
da minha alma,
não, é o que eu quero
na partida.
Vou interromper
mais um abraço
e vou renegar
quem já conheço,
desfazendo os nós
de nosso laço,
tudo que eu posso
é recomeço,
águas de março,
ventos de maio,
tambores de outubro, passo.
ANDARILHO E se um pouco disso
(Polímeros Austeros) Não for amor, só isso,
Ei de inventar um jeito
Aquele teu sorriso Novo de amar.
Era maior que as ondas da praia
Aquele teu vestido Ei de inventar
Rodava mais que as ondas na praia A sua boca,
Nele meu abrigo como Ei de inventar
Barco à vela no mar, O seu endereço
Nele meu destino E ei de fazer
Como mapa de pirata ao tesouro Um recomeço.
Antigo,

Aquela pouca pressa


De sair de casa
Aquela tua preguiça
De saudar o sol da manhã,
Inventei de ser teu lençol,
Inventei de ter seus pensamentos
Primeiro.
MAIS UMA VEZ Doce maresia doce
Ventania como se fosse
Vou ficar por aqui Ainda, mais uma vez
Até a luz do sol cair Ainda, mais uma vez
Vou caminhar na avenida
Até o alaranjado terminar o dia
E o sol se encontrar com o mar

Doce maresia doce


Ventania como se fosse
Ainda, mais uma vez
Ainda, mais uma vez

Quando eu penso quero


Está tudo certo
Dorme, está tudo quieto
Ah, e ainda vai chover
Enquanto passo
Por meus próprios passos
Na mesma esquina de ontem...
E a magia de saber que é tudo,
LEME Mesmo tudo sendo de passagem,
Passageiros da mesma viagem,
Olha o pôr do sol mais uma vez.
Veja como é bela a luz Bem...
Refletindo nos teus olhos nus,
E eu a descobrir Ouço a nossa canção mais uma vez.
Que poderia ficar por aqui Nômades no abraço,
Sempre. No meu colo veio adormecer
E eu a descobrir
Vejo nossas mãos se apanharem no ar, Que poderia ficar por aqui
Vejo nossos passos se esperarem no chão, Sempre.
E eu a descobrir
Que poderia ficar por aqui
Sempre.

Sempre, num minuto


Ao abrigo dessas nossas horas,
A demora de um sorriso eterno
No segundo de um relance terno,
JÁ VI DEMAIS A luz é falsa
(Dessa Cidade) E o corpo é fraco.
É tudo pouco
Já vi demais dessa cidade É tudo parco
Marravilhosa É tudo morto-vivo,
Da luta urbana no luto Só cheiro azedo
Do hoje e de amanhã Só mente amarga
Aperto o passo,
E a gente, muda, Ateio fogo ao laço
Finge acontecer o drástico, Desse manso poço
o fantástico, E eu não enxergo
Nas coisas belas e nas coisas feias A próxima
No alto dos morros e em outras teias Passagem.

Parte o coração, parto, A sombra toma todo o espaço


E eu não faço parte sobre o asfalto, Cobrindo a noite
Sob a lua a gente sabe Com a felicidade dos outros.
O que o gringo, ele, Como pode? Como pode? Como pode?!
Não sabe. O mais louco na cidade
(Não sabe) Ainda é são demais,
Com os relógios parados,
Naufragamos no horizonte Já vi demais de olhares mortos
consolados, Dos lugarejos mofos cheios de fantasmas
Tanta falta de honestidade. Pasmos, pasmem
Senhores visionários!
Cidadãos do caos, cidadãos do breu Iluminados! Ex-templários!
Tudo eu Profetas dos itinerários !
Atentos ao bico dos próprios sapatos
O resto é fato que ninguém lê Maçônicos que em segredo
Apontam o dedo enquanto o medo invade
E o povo não crê, Já é tarde, Já é tarde
Que o sol abate, Já é tarde, amigo .
O amante tenta mas já não arde
E esse jogo todo não faz mais alarde. Adeus amigo, adeus amado,
Um retrato básico Agora tanto faz
Da nossa falha O certo ou o errado
Instantâneo da perda de coragem Era uma vez
Espalha, essas migalhas A praia, a praça, o trem lotado
Espalha Adeus amado
Os desacertos,
Os desconcertos. Já vi demais dessa mesmice
Tolice!
Vestida de baile
Normalidade nula
Da realidade.

Já vi demais dessa cidade


UM E DOIS (TEU ABRAÇO) Que vamos amar em setembro
Vai sorrir com o meu retrato
Eu não sei Guardado ao lado
Por que chorei naquela tarde Do coração
Eu cheguei a imaginar
Que o choro era de saudade Eu não sei
Quase nem lembrei do que você me disse Porque entristeci de repente
Pra fazer enquanto te esperasse Tem a ver com a loucura
De poder te ter novamente
Vai com a luz azul e o por-do-sol
Ver a noite cair na cidade Vai com a luz da lua
Em teus cabelos
Eu não sei Ouvir a canção que ainda faremos
Por que chorei naquela tarde Vai com o por-do-sol
Eu cheguei a imaginar Sorrindo pra mim
Que o choro era de saudade Que eu vou estar onde você quiser
Quase nem lembrei do que você me disse Até nas ondas da nova maré
Pra fazer enquanto te esperasse E nas coisas que somos
Além de nós mesmos

Vai sonhar a próxima canção Eu não sei porque


Teu abraço me alcança tanto
E assim de repente
Tem a ver com a alegria
De lembrar, simplesmente.

Nas coisas que somos


Para além de nós mesmos
E o que somos senão um e dois?
TEU JEITO É o nonsense que não tem
Nenhum outro jeito
Que o teu jeito
O teu jeito
É perfeito, como se dois e dois
Vamos ficar aqui
Fizesse um três um cinco um sete
Contando estrelas no céu
Como se a força cósmica de um universo
Vamos ficar aqui
Inteiro conspirasse
Apontando planetas
Com a mais pura insensatez
Imaginários
O que enxergo na noite
Quão lunáticos,
Dos olhos embaçados
Quantos defeitos.
É o teu solzinho guardado
Esse é sem duvida alguma
No bolso, como coisa qualquer
O nosso jeito.
De menino doido
No teu jeito.
Digo que o seu jeito
Tem que ser assim
Pois longe de mim
Te apresentar outra coisa
Senão aquela letra
De médico rabiscada
Em tico de papel perdido
Na mesa da sala.

Eu digo, eu ligo
Que o perfeito é dançar
Contigo no meio da sala
De casa
Imaginando piscarem luzes
E outros tantos djs
O perfeito

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