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Movimento de Educação

Popular Esperança Garcia


Unidade: Caxias
Disciplina: Literatura
Aula: Romantismo I
Contexto histórico
• Brasil no século XIX - Vinda da
Corte portuguesa

• Liberalismo

• Independência do Brasil em
1822
• Criação de uma literatura
brasileira
Romantismo e o século XIX

• Século XIX: Século das questões nacionais - fazer literatura é fazer


literatura nacional

• Valorização do indivíduo e de seus sentimentos, sua subjetividade

• “ A arte da burguesia”
Romantismo no Brasil:
poesia
• Marco inicial: Suspiros poéticos e
saudades, de Gonçalves de
Magalhães, de 1932
• “Fazer literatura é fazer um
projeto de país”
• 1ª geração: Indianismo
• Tentativa de resgatar as raízes da
identidade brasileira +
valorização do “bom selvagem”
Características da 1ª geração romântica ( poesia)
• Rompimento com a tradição clássica - novas estruturas poéticas (
tchau, soneto!)
• Indianismo
• Nacionalismo ufanista

Mas também:
• Valorização da sentimentalidade
• Idealização da figura feminina

Poetas da 1ª geração: Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias


Gonçalves Dias
• Jornalista, advogado e etnólogo

• Poemas de temática
indianista-nacionalista

• Poemas de temática
lírico-amorosa
I-Juca-Pirama

• Poema épico

• Enredo centrado em um guerreiro tupi

• “O que será morto”

• Antes de morrer o guerreiro narra seus feitos para seus inimigos


I-Juca-Pirama - canto IV
IV
Já vi cruas brigas,
Meu canto de morte,
De tribos imigas,
Guerreiros, ouvi:
E as duras fadigas
Sou filho das selvas,
Da guerra provei;
Nas selvas cresci; Nas ondas mendaces
Guerreiros, descendo Senti pelas faces
Da tribo tupi. Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante Andei longes terras
Por fado inconstante, Lidei cruas guerras,
Guerreiros, nasci; Vaguei pelas serras
Sou bravo, sou forte, Dos vis Aimoréis;
Sou filho do Norte; Vi lutas de bravos,
Meu canto de morte, Vi fortes - escravos!
Guerreiros, ouvi. De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
2ª Geração romântica : o “mal do século”
• Subjetivismo

• Sentimentalismo exacerbado

• Pessimismo e melancolia ( spleen)

• Fuga da realidade

• inspiração no poeta Lord Byron

• Principais poetas: Fagundes Varella, Casimiro de


Abreu, Junqueira Freire e Álvares de Azevedo
Álvares de Azevedo

• Poeta de maior destaque da


segunda geração
• Uma única obra publicada em
vida: Lira dos vinte anos
• Noite na Taverna; Macário
• Vida boêmia e noturna
• Temas “ satânicos” X
Experiências e sentimentos do
adolescente
Passei ontem a noite junto dela

Passei ontem a noite junto dela. Como era doce aquele seio arfando!
Do camarote a divisão se erguia Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!
Apenas entre nós — e eu vivia
No doce alento dessa virgem bela... Mas o que é triste e dói ao mundo
inteiro
É sentir todo o seio palpitando...
Tanto amor, tanto fogo se revela
Cheio de amores! E dormir solteiro!
Naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
Aspirando nessa alma de donzela!
Macário
MACÁRIO

Eis ai o resultado das viagens. Um burro frouxo. uma garrafa vazia. (Tira uma garrafa do bolso).
Conhaque! És um belo companheiro de viagem. És silencioso como um vigário em caminho, mas no
silêncio que inspiras, como nas noites de luar, ergue-se às vezes um canto misterioso que enleva!
Conhaque! Não te ama quem não te entende! não te amam essas bocas feminis acostumadas ao mel
enjoado da vida, que não anseiam prazeres desconhecidos, sensações mais fortes! E eis-te aí vazia,
minha garrafa! vazia como mulher bela que morreu! Hei de fazer-te uma nênia.

E não ter nem um gole de vinho! Quando não há o amor, há o vinho; quando não há o vinho, há o
fumo; e quando não há amor, nem vinho, nem fumo, há o spleen. O spleen encarnado na sua forma
mais lúgubre naquela velha taverneira repassada de aguardente que tresanda!
3ª geração romântica: condoreira
• Condor: ave que voa acima das
outras
• Temas comuns a outra gerações:
idealização, sentimentalismo
• Erotismo
• Poesia política e humanitária:
abolicionismo
• transição para o realismo
Castro Alves
• Poeta baiano, nascido na cidade
de Murituba em 1847
• Apenas um livro publicado em
vida, Espumas flutuantes, de
1870
• Falece em 1871, por
consequências da tuberculose,
deixando o poema Os escravos,
inacabado
Poesia de Castro Alves
• Lírico-amorosa : expressões de
paixão e desejo
• Diferencia-se por tratar de uma
mulher mais próxima do eu-lírico
• Humanitária/ Libertária/
Abolicionista : poemas de
inspiração na obra de Victor
Hugo
• Entendimento da escravidão
como drama humano mais
amplo e desajuste histórico
O “adeus” de Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa, Passaram tempos... sec'los de delírio
Como as plantas que arrasta a correnteza, Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
A valsa nos levou nos giros seus... . . . Mas um dia volvi aos lares meus.
E amamos juntos... E depois na sala Partindo eu disse — "Voltarei!... descansa!...
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala... Ela, chorando mais que uma criança,

E ela, corando, murmurou-me: "adeus." Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro... Quando voltei... era o palácio em festa!...


E da alcova saía um cavaleiro E a voz d'Ela e de um homem lá na orquesta
Inda beijando uma mulher sem véus... Preenchiam de amor o azul dos céus.
Era eu... Era a pálida Teresa! Entrei! . . . Ela me olhou branca . . . surpresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa... Foi a última vez que eu vi Teresa!...

E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!" E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"


Saudação a Palmares
Nos altos cerros erguido Palmares! a ti meu grito!
Ninho d'águias atrevido, A ti, barca de granito,
Salve! — País do bandido! Que no soçobro infinito
Salve! — Pátria do jaguar! Abriste a vela ao trovão.
Verde serra onde os palmares E provocaste a rajada,
— Como indianos cocares — Solta a flâmula agitada
No azul dos colúmbios ares Aos uivos da marujada
Desfraldam-se em mole arfar! ... Nas ondas da escravidão!

Salve! Região dos valentes De bravos soberbo estádio,


Onde os ecos estridentes Das liberdades paládio,
Mandam aos plainos trementes Pegaste o punho do gládio,
Os gritos do caçador! E olhaste rindo pra o val:
E ao longe os latidos soam... "Descei de cada horizonte...
E as trompas da caça atroam... Senhores! Eis-me de fronte!"
E os corvos negros revoam E riste... O riso de um monte!
Sobre o campo abrasador! ... E a ironia... de um chacal!...
Exercícios
TEXTO A
Minha terra tem primores,
Canção do exílio Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
Onde canta o Sabiá.
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Nosso céu tem mais estrelas, Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras
Nossas várzeas tem mais flores,
Onde canta o Sabiá.
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

(DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1998.)


TEXTO B
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Canto de regresso à Pátria
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar Não permita Deus que eu morra
Os passarinhos daqui Sem que volte pra São Paulo
Não cantam como os de lá Sem que eu veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro (ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno
Oswald. São Paulo: Círculo do Livro. s/d.)
Minha terra tem mais terra
Os textos A e B, escritos em contextos históricos e culturais diversos, enfocam o
mesmo motivo poético: a paisagem brasileira entrevista a distância.
Analisando-os, conclui-se que:

a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que


nasceu, e o tom de que se revestem os dois textos.
b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto B, que valoriza a
paisagem tropical realçada no texto A.
c) o texto B aborda o tema da nação, como o texto A, mas sem perder a visão
crítica da realidade brasileira.
d) o texto B, em oposição ao texto A, revela distanciamento geográfico do poeta
em relação à pátria.
e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.
(Enem -2010)
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Soneto
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
Já da morte o palor me cobre o rosto, (AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000)

Nos lábios meus o alento desfalece,


O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração do
Surda agonia o coração fenece, romantismo, porém configura um lirismo que o projeta para além
E devora meu ser mortal desgosto! desse momento específico. O fundamento desse lirismo é

Do leito embalde no macio encosto a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da


morte.
Tento o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece… b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
c) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
E tenha os olhos meus na escuridade.
e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.
(ENEM) O trecho a seguir é parte do poema Esse poema, como o próprio título sugere,
“Mocidade e morte”, do poeta romântico aborda o inconformismo do poeta com a
Castro Alves: antevisão da morte prematura, ainda na
Oh! eu quero viver, beber perfumes juventude. A imagem da morte aparece na
Na flor silvestre, que embalsama os ares; palavra
a) embalsama.
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
b) infinito.
Qual branca vela n’amplidão dos mares. c) amplidão.
No seio da mulher há tanto aroma… d) dormir.
Nos seus beijos de fogo há tanta vida… e) sono.
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.

(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de


Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)

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