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Eu, sob a copa da mangueira altiva Meus olhos outros olhos nunca viram,
Nosso leito gentil cobri zelosa Não sentiram meus lábios outros lábios,
Com mimoso tapiz de folhas brandas, Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
Onde o frouxo luar brinca entre flores. A arazóia na cinta me apertaram
Brilha a lua no céu, brilham estrelas, Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
Correm perfumes no correr da brisa, À voz do meu amor, que em vão te chama!
A cujo influxo mágico respira-se Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
Um quebranto de amor, melhor que a vida! A brisa da manhã sacuda as folhas!
– Gonçalves Dias, no livro “Últimos cantos”.
A flor que desabrocha ao romper d`alva Série ‘Poesias americanas’. 1851.
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
— Meus olhos são garços, são cor das safiras, “Eu amo a estatura flexível, ligeira,
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; “Qual duma palmeira,
— Imitam as nuvens de um céu anilado, Então me responde; “tu és Marabá:
— As cores imitam das vagas do mar! “Quero antes o colo da ema orgulhosa,
“Que pisa vaidosa,
Se algum dos guerreiros não foge a meus “Que as flóreas campinas governa, onde está.”
passos:
“Teus olhos são garços, — Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
Responde anojado; “mas és Marabá: — O oiro mais puro não tem seu fulgor;
“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes, — As brisas nos bosques de os ver se
“Uns olhos fulgentes, enamoram,
“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!” — De os ver tão formosos como um beija-flor!
— É alvo meu rosto da alvura dos lírios, Mas eles respondem: “Teus longos cabelos,
— Da cor das areias batidas do mar; “São loiros, são belos,
— As aves mais brancas, as conchas mais puras “Mas são anelados; tu és Marabá:
— Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. “Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,
— “Cabelos compridos,
“Não cor d’oiro fino, nem cor d’anajá.”
Se ainda me escuta meus agros delírios:
“És alva de lírios”, E as doces palavras que eu tinha cá dentro
Sorrindo responde; “mas és Marabá: A quem nas direi?
O ramo d’acácia na fronte de um homem Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Jamais cingirei: Que sou Marabá!
– Gonçalves Dias, no livro “Últimos cantos”.
Jamais um guerreiro da minha arazóia Série ‘Poesias americanas’. 1851
Me desprenderá: