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5.

O pensamento geográfico na idade contemporânea

A geografia quantitativa não se apoia muito na conclusão por indução porque usa
qualificação como factor mais relevante, valorizando as ciências matemáticas como novo
paradigma metodológico. As outras ciências buscariam, no modelo da matemática, sua
coerência, rigor e objectividade, como também, a unificação dos procedimentos e métodos,
que se referem aos princípios lógicos. (Gomes, 1996).

O estabelecimento de uma geografia verdadeiramente científica e teórica deve possuir


clareza, simplicidade, generalidade e exactidão, segundo Gomes (1996, p 263).

6.Método hipotético – dedutivo

O método hipotético – dedutivo consiste na construção de hipóteses, cujas predicações devem


ser submetidas a testes e ao confronto com os factos para ver que hipóteses são comprovadas.

As etapas do método hipotético – dedutivo, segundo Popper (1959), podem ser assim
esquematizadas: (1) conhecimento prévio (teorias existentes) – a partir dos quais podemos
detectar uma (2) lacuna, contradições ou problemas (normalmente expresso através de uma
pergunta). Uma vez que o problema foi detectado, passo a etapa seguinte que é a de (3)
propor uma solução para o mesmo (criação de uma hipótese fosse). Toda hipótese tem uma
(4) predição, que nada mais é do que aquilo que eu esperaria que ocorresse se a minha
hipótese fosse verdadeira. A etapa seguinte consiste em (5) encontrar uma maneira de testar
minha predição e testá-la efectivamente. Por fim (6) analiso os resultados e os comparo com a
minha hipótese inicial. Neste momento só há duas situações: ou ocorre o esperado (minha
hipótese foi corroborada) ou não ocorre o esperado (minha hipótese foi refutada), e o devo
formular uma nova hipótese que explica satisfatoriamente o problema inicial. Uma grande
vantagem do método hipotético – dedutivo é descritas, se sua hipótese inicial não é
corroborada, têm-se argumentos (teorias, paradigmas) e assim contribuir, de forma eficaz,
para a geração de novos conhecimentos e para o progresso da ciência.

7. Método de Estudo

O método no estudo da geografia que considera os fenómenos históricos e sociais em


continuo movimento é o método dialéctico porque segundo Nunes e tal (2007, p 5-6) um dos
métodos de pensamento que tem influencia na busca de articulação entre as diversas áreas da
geografia é o materialismo histórico e dialéctico, que pressupõe não haver separação entre a
história da natureza e a história dos homens, impondo um elo entre os processos de
apropriação e de transformação executados pelos Homens, cujo compreensão da natureza
enquanto matéria re-elaborada pelo trabalho humano, tem no conceito de natureza um dos
pontos fundamentais (BERNARDES e FERREIRA, 2003).

Para os autores as relações entre a sociedade e a natureza são dialécticas, cujas imbricações,
gerem o que Karl Marx denominava, de intercâmbio orgânico.

Ao actuar sobre a natureza, o trabalho produz não apenas uma simples mudança na forma
de matéria, mas, também, um efeito simultâneo sobre o trabalho. Na concepção marxista, a
relação do homem enfrenta a natureza ao mesmo tempo em que esta o enfrenta. Com o
conceito de intercâmbio orgânico, Marx introduziu uma concepção nova da relação do
homem com a natureza. O homem socialmente activo (BERNARDES e FERREIRA, 2003, p.
19).

Neste processo de interacção metabólica, ocorre uma interpenetração entre a natureza e


sociedade. Bernades e Ferreira (2003, p. 19), assim descrevem:

 A natureza se humaniza e o homem se neutraliza, estando a forma historicamente


determinada em cada situação, neste nível, a troca material é uma relação de valor de uso
e, desse modo, a natureza entra em relação com os seres humanos. O fato de o homem
viver da natureza tem um sentido biológico, mas, principalmente social;
 Neste aspecto, a visão dialéctica, a partir do materialismo histórico, procura retomar a
unicidade da geografia como ciência social, pois ao entender que o homem é um ser
biológico e social, tanto os estudos da dinâmica da natureza como os da sociedade, devem
ter uma finalidade para os interesses da sociedade. Ou seja, a geografia física, nesta
perspectiva, deve ter uma visão crítica (política, económica, cultural e ambiental) e ao
mesmo tempo pragmática.
 A diversidade metodológica na geografia e a dualidade (humana x física) são situações
que tornam a ciência geográfica complexa.

A cerca das utilizações de métodos distintos na geografia física e humana, Alentejano e


Rocha-Leão (2006) discorrem da seguinte forma:
 Vale destacar que o método dialéctico de investigação cientifica foi muito pouco aplicado
ao estudo da natureza, sendo esse fortemente influenciado pelo método positivista, que
separa o sujeito do objecto, embora as analises sistemáticas em geografia física também
ajudando a problematizar as relação entre o sujeito e o objecto. (ALENTEJANO e
ROCHA-Leão 2006, p. 60).
 Os geógrafos que adoptam a dialéctica como método, tiveram seu conhecimento
produzido, excessivamente carregado pelo discurso, com forte e explicita tendência
ideológica, cujas manifestações ocorreram, principalmente, no campo da política. Mesmo
tendo preocupações de carácter empírico, muitos geógrafos resvalaram na vertente do
discurso repetitivo, procurando nas obras de Marx o único fundamento possível para se
explicar a realidade, esquecendo-se que o próprio Marx elaborou suas teorias nas
perspectivas histórica, de transformação da realidade.

8. Revolução radical da geografia

A revolução radical sofrida pela geografia na sua abordagem constitui na concepção


interdisciplinar, aliada a interesse múltiplos, como, por exemplo, renovação metodológica,
levou a nova geografia a redefinir conceitos. A evolução da geografia procura dar conta das
correntes do pensamento geográfico contrabalançando as dicotomias entre o antigo e a
geografia moderna, em que valorização humana é imprescindível. A razão do ser geografia
seria então a de melhor compreender o mundo para transformá-lo, a de pensar o espaço para
que nele se possa lutar de forma mais eficaz.

A mudança se faz clara diante desse novo conceito, e a geografia surge com a finalidade de
formar cidadãos críticos, em prol da cidadania ambiental.

A geografia Humanística procura valorizar a experiencia do cidadão ou de grupo, propondo


entender o comportamento e as formas de sentir das pessoas em relação aos seus lugares e
ambientes. Para cada cidadão, para cada grupo de pessoas existe uma percepção, concepção e
visão do mundo, que se expressa através dos seus actos e valores para com o meio.

O primordial para a geografia humanística é encontrar no grupo social, as raízes do


comportamento no mundo ou meio em que se encere o homem, expondo uma observação
sistemática do papel do simbolismo cultural, o objectivo é compreender como o facto
espacial era primitivamente conhecido e vivido e chegar às questões de sentido e de intenção.
O objectivo é descobrir o homem deixando de lado pelas ciências sociais.

O pensamento geográfico passa por um processo de actualização. Derruba barreiras que


estimulam o inútil processo de decoreba.
Esta nova visão conduz os geográficos a uma nova perspectiva, a uma revisão pautada na
crítica, e para se concretizar precisa buscar nas tendências do passado resposta para que não
caia novamente num pensamento que não conduz a nova realidade.

9. A dicotomia na geografia

O carácter científico da geografia baseia-se em dicotomias:

A primeira dicotomia está relacionada com a geografia física e a geografia humana e a


segunda dicotomia se refere a geografia geral e a geografia regional.

10. A cientificidade da geografia

Para FABRICIO & VITTE (2011: 305/306), a incorporação do positivismo evolucionista traz
um carácter de unidade e cientificidade aos trabalhos da geografia sistematizada, através do
emprego do método das ciências naturais para explicar a sociedade, inserindo conceitos como
organismo, adaptação, selecção natural e função. Podemos dizer que o positivismo trouxe à
geografia um carácter científico, com a ideia de unidade entre fenómenos físicos e humanos,
buscando-se leis gerais para explicar os povos, com uma crença acentuada no progresso.
Assim, a partir de 1870 a geografia vai ganhando cientificidade como disciplina académica,
sistematizada, expoente de um ramo específico do conhecimento.

12. A resposta desse nº está na página 19 do módulo de didáctica de geografia

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