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Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Importância da Cartografia para a Gestão de Desastres Naturais em Moçambique

Delfina Samuel Velemo-71220919

Quelimane, Maio de 2023.


Universidade Aberta ISCED

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Importância da Cartografia para a Gestão de Desastres Naturais em Moçambique.

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Ensino de Geografia da UnISCED.
Tutor: Roberto Mendes, MSc

Delfina Samuel Velemo-71220919

Quelimane, Maio de 2023


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4

1.1. Objectivos.................................................................................................................... 4

1.1.1. Geral ..................................................................................................................... 4

1.1.2. Específicos ........................................................................................................... 4

2. METODOLOGIA ............................................................................................................... 5

3. CARTOGRAFIA ................................................................................................................ 6

3.1. Conceito ...................................................................................................................... 6

3.2. Representação cartográfica ......................................................................................... 6

3.2.1. Tipos de representação ......................................................................................... 6

4. DESASTRES NATURAIS................................................................................................. 9

4.1. Conceito ...................................................................................................................... 9

4.2. Classificações dos desastres naturais e principais desastres em Moçambique ........... 9

4.3. Factores de risco de desastres.................................................................................... 11

5.1. Conceito .................................................................................................................... 12

5.2. Vulnerabilidade em Moçambique ............................................................................. 13

6. IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA PARA A GESTÃO DE DESASTRES


NATURAIS DE MOÇAMBIQUE .......................................................................................... 14

MAPA GEOGRÁFICO COM A LOCALIZAÇÃO DOS CICLONES .................................. 16

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................... 17

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................................... 18
1. INTRODUÇÃO

A cartografia temática é uma das 3 subdivisões da Cartografia, sendo que a mesma é utilizada
para a produção de mapas temáticos e cartogramas. A mesma se baseia na utilização de
convenções, símbolos e cores para a representação espacial de um tema de interesse. Antes de
irmos mais a fundo ao trabalho, vamos entender melhor a Cartografia em si.

A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e


artísticas que, tendo por base os resultados de observações directas ou a análise de
documentação, se volta para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou
representação de objectos, elementos, fenómenos e ambientes físicos e socioeconómicos,
bem como a sua utilização.

Importante considerar que antes mesmo de ser identificada com esse nome, a Cartografia tem
como objectivo primordial representar o espaço concreto ou abstracto em suas múltiplas
feições

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral

Estudar a Importância da Cartografia para a Gestão de Desastres Naturais em Moçambique

1.1.2. Específicos
 Definir os seguintes conceitos: Cartografia; Desastres Naturais; Vulnerabilidade
socioambiental;
 Identificar os factores de risco a desastres Naturais;
 Descrever a importância da cartografia para a gestão de desastres Naturais de
Moçambique.
 Descrever os desastres naturais predominantes em Moçambique;
2. METODOLOGIA

Para a elaboração do presente trabalho, foram feitas pesquisas bibliográficas na biblioteca


escolar assim como, foram feitas buscas em manuais e artigos científicos disponibilizados
pela internet
3. CARTOGRAFIA
3.1. Conceito
O vocábulo CARTOGRAFIA, etmologicamente - descrição de cartas, foi introduzido em
1839, pelo segundo Visconde de Santarém - Manoel Francisco de Barros e Souza de
Mesquita de Macedo Leitão, (1791 - 1856). A despeito de seu significado etimológico, a sua
concepção inicial continha a idéia do traçado de mapas (JOLY, 2005).

No primeiro estágio da evolução o vocábulo passou a significar a arte do traçado de mapas,


para em seguida, conter a ciência, a técnica e a arte de representar a superfície terrestre
(HAMADA. 2007).

O conceito da Cartografia, hoje aceito sem maiores contestações, foi estabelecido em 1966
pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), e posteriormente, ratificado pela
UNESCO, no mesmo ano:

"A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas,


técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da
análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras
formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes
físicos e socioeconómicos, bem como a sua utilização."

O processo cartográfico, partindo da coleta de dados, envolve estudo, análise, composição e


representação de observações, de fatos, fenômenos e dados pertinentes a diversos campos
científicos associados a superfície terrestre (CUTTER, 1996).

3.2. Representação cartográfica


3.2.1. Tipos de representação
 Por traço
GLOBO - representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos
aspectos naturais e artificiais de uma Figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.

MAPA (Características): -representação plana;


 Geralmente em escala pequena;
 Área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc.), político-
administrativos;
 Destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.

A partir dessas características pode-se generalizar o conceito:


" Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos
geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma
Figura planetária, delimitada por elementos físicos, políticos administrativos,
destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos."

CARTA (Características): -representação plana;


 Escala média ou grande;
 Desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática;
 Limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação
precisa de direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes.
Da mesma forma que da conceituação de mapa, pode-se generalizar:
" Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos
artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em
folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos - com a
finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível
com a escala."

PLANTA - a planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma área


muito limitada e a escala é grande, consequentemente o nº de detalhes é bem maior.
“Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua
curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a escala
possa ser considerada constante.”

 Por imagem
MOSAICO - é o conjunto de fotos de uma determinada área, recortadas e montadas técnica e
artisticamente, de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma única fotografia.
Classifica-se em:

 Controlado - é obtido a partir de fotografias aéreas submetidas a processos


Específicos de correção de tal forma que a imagem resultante corresponda exatamente
a imagem no instante da tomada da foto. Essas fotos são então montadas sobre uma
prancha, onde se encontram plotados um conjunto de pontos que servirão de controle
à precisão do mosaico. Os pontos lançados na prancha tem que ter o correspondente
na imagem. Esse mosaico é de alta precisão.
 Não-controlado - é preparado simplesmente através do ajuste de detalhes de
fotografias adjacentes. Não existe controle de terreno e as fotografias não são
corrigidas. Esse tipo de mosaico é de montagem rápida, mas não possui nenhuma
precisão. Para alguns tipos de trabalho ele satisfaz plenamente.

 Semi-controlado - são montados combinando-se características do mosaico


controlado e do não controlado. Por exemplo, usando-se controle do terreno com fotos
não corrigidas; ou fotos corrigidas, mas sem pontos de controle.

FOTOCARTA - é um mosaico controlado, sobre o qual é realizado um tratamento


cartográfico (planimétrico).

ORTOFOTOCARTA - é uma ortofotografia - fotografia resultante da transformação de


uma foto original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre
um plano - complementada por símbolos, linhas e georreferenciada, com ou sem legenda,
podendo conter informações planimétricas.

ORTOFOTOMAPA - é o conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada


região.

FOTOÍNDICE - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala


reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. O fotoíndice é insumo necessário para
controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas através do
método fotogramétrico. Normalmente a escala do fotoíndice é reduzida de 3 a 4 vezes em
relação a escala de vôo.

CARTA IMAGEM - Imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com


coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção, podendo conter simbologia e
toponímia.
4. DESASTRES NATURAIS
4.1. Conceito

Desastres naturais são fenômenos naturais que impactam diretamente a sociedade humana de
maneira negativa..

Esses fenômenos naturais representam o ciclo natural da Terra. No entanto, atualmente, essas
ocorrências têm aumentado de maneira significativa.

Nesse sentido, muitos desastres têm ocorrido porque o planeta Terra está sofrendo cada vez
mais com o aquecimento global e a degradação ambiental, resultando no aumento dos
desastres naturais, ocasionados pelo desiquilíbrio da natureza

Para os seres humanos, muitos danos e prejuízos são resultantes dos desastres naturais, os
quais geram diversos impactos na sociedade.

Por sua vez, para a natureza, os desastres naturais auxiliam na renovação e manutenção dos
ecossistemas, formação do relevo, abastecimento das fontes hídricas naturais, dentre outros.

4.2. Classificações dos desastres naturais e principais desastres em Moçambique

Os tipos de desastres naturais são:

 Tempestades: são tempestades de chuvas, neve, granizo, areia, raios e podem ser
altamente destrutivas, dependendo da quantidade precipitada (chuvas torrenciais) e da
força que apresentam. Podem levar a situações catastróficas, como: o deslizamento de
terras, de gelo, caída de árvores ou torres de energia, dentre outros.
 Terremotos (Sismos) e Maremotos (Tsunamis): também chamados de abalos
sísmicos, representam fenômenos de vibração brusca e passageira da superfície da
Terra que ocorrem por meio da movimentação das placas rochosas, bem como da
atividade vulcânica e dos deslocamentos de gases no interior da Terra. Os maremotos
ou tsunamis são os terremotos que acontecem dentro dos mares, provocando imensas
deslocações de água.
 Furacões, Ciclones e Tufão: fenômenos intensificados pelas massas de ar e
dependendo da força que atingem podem arrasar cidades inteiras.
 Seca: intensificada com o aquecimento global, a seca tornou-se um problema
enfrentado por muitos grupos pelo mundo. Dessa forma, as alterações climáticas
demonstram que as ações humanas estão gerando problemas como a seca e
consequentemente a expansão do processo de desertificação.
 Erupções Vulcânicas: as erupções vulcânicas são perigosas na medida em que a lava
expelida pelos vulcões é tão quente que pode destruir comunidades, vegetais e
animais, dependendo do local que atuam.
 Inundações: as inundações ou enchentes são fenômenos da natureza, intensificados
pela ação humana, que estão aumentando de maneira significativa nas últimas
décadas. Um exemplo é o excesso de lixo, que entopem os bueiros, impedindo a
passagem de água. As enchentes e inundações, causadas pelo aumento de quantidade
das chuvas e impedimento da evacuação, provocam desabamentos que podem levar a
morte de milhares de pessoas, além de grande destruição.

Moçambique é o terceiro país africano mais vulnerável ao risco de catástrofes naturais (GAR
2019). Nos últimos 42 anos, registaram-se 15 secas, 20 inundações e 26 ciclones tropicais
(INGD). O último foi o ciclone Gombe.

Portanto, podemos dizer que os desastres naturais são fenômenos socialmente construídos,
pois dependem não somente da ameaça física (como a chuva, o terremoto, o furacão), mas
também das condições de vulnerabilidade próprias do território onde ocorrem (HAMADA.
2007).
Dessa forma, podemos dizer que a vulnerabilidade socioambiental é fruto de dois fatores:

 Processos sociais que resultam na precariedade das condições de vida e proteção social
(como falta de trabalho, renda, saúde, educação e acesso a serviços), assim como aspectos
ligados à infraestrutura (como habitações precárias, falta de acesso ao saneamento e água,
entre outros), o que torna determinados grupos populacionais (por exemplo, idosos, mulheres,
gestantes e crianças, principalmente os mais pobres) mais vulneráveis aos desastres;

 Mudanças ambientais resultantes da degradação ambiental (áreas de proteção ambiental


ocupadas, desmatamento de encostas e leitos de rios, uso e tipo do solo, poluição de águas,
solos e atmosfera, entre outros), que tornam determinadas áreas vulneráveis devido à
ocorrência de ameaças e seus eventos subsequentes.
4.3. Factores de risco de desastres
Todos os dias milhares de pessoas se encontram expostas a riscos de desastres (secas,
inundações, terremotos, tsunamis), e esses riscos se relacionam diretamente com o meio
ambiente, ameaças físicas e naturais e com as condições sociais em que essas pessoas vivem.

Após sofrer com chuvas intensas e cheia do rio, o município que apresentava características
de vulnerabilidade (presença de construções aglomeradas e irregulares, que geram a
impermeabilização excessiva do solo, má drenagem e bueiros entupidos, o meio ambiente
degradado, erosão e terrenos inclinados) pode vir a sofrer com uma inundação e/ou
deslizamentos de terra, que, possivelmente, se tornarão um desastre, caso estes
acontecimentos levem a perdas materiais, humanas e/ou causem colapsos no funcionamento
da comunidade local (HAMADA. 2007).

Se essa localidade ainda apresentar lixo acumulado, falta de acesso a água potável e esgoto a
céu aberto, poderá sofrer também um desastre ampliado, com a ocorrência de doenças,
contaminações e intoxicações. Dessa forma, condições como pobreza, violência, drogas,
economia local frágil, infraestrutura inadequada, moradia em áreas de risco, falta de acesso a
serviços de saúde, despreparo e falta de treinamento e competências adequadas para lidar
com os eventos adversos são fatores de risco determinantes na ocorrência de desastres.

A literatura disponível sobre o assunto aponta três principais fatores de riscos de desastres: o
padrão de desenvolvimento, o crescimento e distribuição da população e degradação do meio
ambiente. A seguir, vamos entender como cada um desse fatores pode gerar esse risco:

 Padrão de desenvolvimento: quanto mais baixo o padrão de desenvolvimento


econômico e social, maiores as condições de vulnerabilidade e menor a capacidade de
redução de riscos de desastres;

 Crescimento e distribuição da população: o crescimento da população em


determinadas áreas (margens de rios, encostas de morros e montanhas) pode
representar aumento de riscos de desastres, que podem ser agravados pelas precárias
condições de infraestrutura e existência de assentamentos indevidos;
 Degradação do meio ambiente: o meio ambiente e os desastres estão intimamente
ligados. A degradação ambiental afeta o equilíbrio natural da terra como um todo e de
seus ciclos (como o ciclo da água), altera a base de recursos de que dispõe a
humanidade, aumentando a instabilidade climática e a vulnerabilidade. Agrava
também o impacto das ameaças naturais, reduz a capacidade de resposta a elas em
geral e põe em dúvida as estratégias tradicionais para enfrentar a situação.

Condições Físicas – Devem-se identificar no espaço e tempo os eventos potencialmente


danosos. Eles podem ser de origem natural (chuvas fortes, terremotos, tsunamis);
tecnológicos (vazamentos e derramamentos seguidos de contaminações, intoxicações,
explosões); ou mesmo mistos, como o caso do terremoto e tsunami no Japão que afetaram a
usina nuclear de Fukushima.

Condições Sociais - Em relação às condições sociais, a avaliação de riscos deve identificar


os níveis de vulnerabilidade que se referem aos processos relacionados às condições de vida e
infraestrutura que tornam determinadas populações em determinados territórios, mais
expostas e propensas a sofrer perdas e danos ao serem afetadas por um evento físico em
particular.

5. VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

5.1. Conceito
Segundo Gabor e Griffith (1980) vulnerabilidade é a ameaça (de materiais perigosos) a qual
as pessoas são expostas (incluindo agentes químicos e situações ecológicas das comunidades
e seu nível de preparo para emergências). Vulnerabilidade é o contexto de risco

Por outro lado Timmeman (1981) diz que a:


“Vulnerabilidade é o grau ao qual um sistema age adversamente à ocorrência de um evento perigoso. O grau
e qualidade da reação adversa são condicionados por um sistema de resiliência (uma mensuração da
capacidade do sistema absorver e recuperar do evento) ”.

O termo vulnerabilidade tem sido usado em diversas áreas de pesquisa, não havendo um
consenso quanto ao seu conceito (CUTTER, 1996). A depender da área do conhecimento,
esse termo pode se aplicar apenas ao subsistema ecológico, humano ou biofísico. As
pesquisas sobre vulnerabilidade apresentam focos distintos; algumas enfatizam a
probabilidade de exposição ao risco biofísico ou tecnológico, outras a probabilidade das
consequências adversas (vulnerabilidade social) ou uma combinação dessas duas visões
(CUTTER, 1996).

Segundo Marandola e Hogan (2009), a vulnerabilidade ambiental poderia ser entendida como
vulnerabilidade do lugar, enquanto a vulnerabilidade social poderia ser melhor compreendida
e conceitualizada como vulnerabilidade sociodemográfica. A primeira delas seria uma
vertente geográfica, que enfoca principalmente fatores espaciais e ecológicos, enquanto a
segunda estaria ligada mais às estruturas sociais, que estaria interessada nos grupos
demográficos sujeitos a perigos. Essas duas vertentes amplas de estudo da vulnerabilidade,
que Adger (2006) chamou de vulnerabilidade como falta de direitos e vulnerabilidade a riscos
naturais, deram origem a novas ideias que repercutiram nas pesquisas atuais sobre
vulnerabilidade socioambiental.

McLeman e Smit (2006) apontam que compreender o significado de vulnerabilidade às


condições naturais é um importante primeiro passo para abordar a relação entre migração e
condições ambientais adversas. Os autores ressaltam, ainda, que a vulnerabilidade é na
maioria das vezes tratada em relação ao potencial de experimentar os efeitos de determinados

5.2. Vulnerabilidade em Moçambique

Em Moçambique, tanto as políticas públicas como as praticas correntes sugerem uma


compreensão pouco abrangente de “vulnerabilidade”, vista não só como uma característica
inata de grupos sociais específicos mas também como uma característica típica de pessoas
afectadas por catástrofes naturais.

Tem havido pouca compreensão, ou debate, acerca de “vulnerabilidade” como um conceito


analítico que pode ajudar a identificar factores e tendências que tornam algumas pessoas, em
determinados momentos, mais susceptiveis de serem pobres, ou cronicamente pobres, do que
outras e por que razão isso acontece. Existem três dimensões principais de vulnerabilidade,
entendida aqui como “vulnerabilidade a pobreza”: a falta de defesas interna, a exposição a
riscos externos e a choques e a exclusão social. Pessoas sujeitas a estes aspectos de
vulnerabilidade tendem a ser pobres, quer através da pobreza transitória quer da crónica.
6. IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA PARA A GESTÃO DE DESASTRES
NATURAIS DE MOÇAMBIQUE

Segundo o IBGE (1998), o conceito de Cartografia é apresenta como sendo o “conjunto de


estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de
observações diretas, ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas,
cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e
ambientes físicos e socioeconômicos, bem como a sua utilização”.

Nesse sentido, o objetivo da Cartografia é representar a superfície terrestre, ou parte dela, de


forma gráfica e bidimensional, que recebe genericamente o nome de mapa ou carta.
(DUARTE, 2008).

Diante dos avanços tecnológicos com o advento do computador e da informática, o conceito


de Cartografia é atualizado pelo ICA(2003) em Meneguette (2012), no que se refere ao
levantamento e coleta de dados para representação do espaço por meio dos mapas e das
formas acesso aos mesmos por seus usuários:
“A Cartografia é definida como sendo disciplina que envolve a arte, a ciência e a
tecnologia de construção e uso de mapas, favorece a criação e manipulação de
representações aeroespaciais visuais ou virtuais, permite a exploração, análise,
compreensão e comunicação de informações sobre aquele recorte espacial”.
MENEGUETTE, 2012, p.7

Conforme o ICA (2003), o “mapa é definido como uma representação simbolizada da


realidade geográfica, representando feições ou características selecionadas, resultante do
esforço criativo da execução de escolhas de seu autor, tendo sido concebido para uso quando
as relações espaciais são de relevância primordial

Os mapas são importantes formas de comunicação visual que expressam a evolução do


conhecimento do homem quanto à sua localização no espaço (geográfico) e as possibilidades
de articulação, organização e tomadas de decisão na estruturação e planejamento do território
a partir de uma linguagem de símbolos e gráficos.
Dentre as formas de comunicar o conhecimento, a utilização de gráficos requer a construção
e a interpretação de planos e diagramas por meio da observação de números, desenhos e
imagens ou ambiente (NOGUEIRA, 2008).

Considerando o mapa, ou a carta como a representação convencional ou digital da


configuração da superfície terrestre (IBGE,1998), ou de parte dela, devem-se destacar seus
principais elementos e componentes:
1. Detalhes: podem ser naturais ou artificiais. Os detalhes naturais são os
elementos existentes na natureza como os rios, mares, lagos, montanhas,
serras, etc. Os artificiais são os elementos criados pelo homem como: represas,
estradas, pontes, edificações, etc.
2. Escala: é a redução, ou ampliação das proporções dos fatos ou fenômenos
geográficos, a qual possibilita a representação dos mesmos em um espaço
limitado, um plano, bidimensional mente, ou em arquivos digitais.
3. Projeções cartográficas: são métodos de correspondência de cada ponto da
superfície da Terra corresponda um ponto da carta ou mapa e vice-versa. O
problema básico das projeções consiste em representar a Terra, curva, em um
plano.
4. Localização (coordenadas): determinam a posição a posição de pontos sobre
uma superfície, seja ela um elipsoide, esfera ou um plano.
5. Simbologia: Os detalhes ou informações que não são possíveis de serem
representados em escala são representados por meio dos símbolos
cartográficos.

Nogueira (2008) chama atenção que os mapas são abstrações da realidade, sendo impossível
reduzir o mundo real tal como ele é e representa-lo no mapa. Destaca-se que os mapas
mostram somente as informações selecionadas no mundo real para representa-las. Daí a
necessidade de subjetividade para selecionar as informações e a simplificação para dispô-las
e facilitar o seu entendimento.

Para a representação cartográfica da superfície terrestre, são necessários levantamentos de


dados disponíveis a partir do emprego de diversas ciências e técnicas que tem a superfície
como objeto de estudo como a Geodésia, a Fotogrametria e o Sensoriamento Remoto, a
Topografia e o Geoprocessamento (Sistemas de Informação Geográfica - SIGs). As
contribuições dessas ciências e técnicas serão apresentadas no decorrer das unidades deste
livro.

Pode-se concluir que o conhecimento em cartografia e a concepção do mapa como uma das
formas de comunicação visual humana mais antiga e utilizada até hoje requer conhecimentos
específicos para uma leitura com eficiência e produzir análises, diagnósticos e prognósticos
do espaço geográfico.

MAPA GEOGRÁFICO COM A LOCALIZAÇÃO DOS CICLONES

Ilustração 1: Risco de ciclone - sul

Fonte: Internet
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos anteriormente, o desastre é o resultado dos eventos adversos, naturais ou
provocados pelo homem, ocorridos em um território ou ecossistema, causando danos
humanos, materiais, ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. Esses
eventos adversos chamados de ameaças ou perigos são entendidos como os causadores dos
desastres. Assim, a intensidade de um desastre natural depende da relação entre a magnitude
do evento adverso (ameaça ou perigo) e o grau de vulnerabilidade do sistema afetado.

Quanto às condições de vulnerabilidade, elas correspondem a expressões particulares de


processos sociais, políticos, econômicos e ambientais mais gerais da sociedade. Tais factores
e processos podem deteriorar as condições de vida de diferentes grupos da população em
determinados territórios, sobrepondo ou criando novas situações de vulnerabilidade social e
ambiental existentes. Desse modo, quando um grupo populacional, uma comunidade ou
mesmo uma sociedade apresentam condições de vulnerabilidade, isso não é resultado de um
processo natural. A vulnerabilidade é uma condição social resultante de inúmeros processos
decisórios, que vão do âmbito global ao local.

Compreendendo os fatores de risco e sua relação com a ocorrência dos desastres, pode-se
conhecer e avaliar o risco real dos territórios para que sejam adotadas ações a fim de prevenir
e reduzir os riscos. O conhecimento do risco possibilita adotar políticas e ações para reduzir a
ocorrência dos desastres e suas consequências.

A adoção dessas políticas e/ou medidas exige acurada avaliação dos riscos, a identificação
das ameaças e o reconhecimento das condições de vulnerabilidade do local. Para avaliar os
riscos, devemos buscar informações sobre as condições físicas (ameaças da natureza ou da
sociedade), ambientais e sociais (principais vulnerabilidades sociais e ambientais) do
território.
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