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Joice António Afonso

Raimundo Pascoal Chivanguê

Projecções Cartográficas

Licenciatura em Ensino de Geografia

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023
Joice António Afonso
Raimundo Pascoal Chivanguê

Projecções Cartográficas

O presente trabalho de pesquisa a ser


apresentado na Faculdade de Ciências da
Terra e Ambiente, para fins de avaliação,
sob orientação:

Docente: Mestre Gonçalves Matusse

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023

ÍNDICE

Índice de ilustrações..............................................................................................................................4
0. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................5
0.1. Objectivos..............................................................................................................................5
0.1.1. Objectivo geral...............................................................................................................5
0.1.2. Objectivos específicos....................................................................................................5
0.2. Metodologia...........................................................................................................................5
1. PROJECÇÕES CARTOGRÁFICAS.............................................................................................6
1.1. Conceitos operacionais..........................................................................................................6
1.1.1. Mapa..............................................................................................................................6
1.1.2. Projecção cartográfica....................................................................................................6
1.2. Classificação das projecções cartográficas.............................................................................6
1.2.1. Classificação das projecções cartográficas quanto às propriedades................................6
1.2.2. Classificação das projecções cartográficas quanto à forma de construção das
projecções......................................................................................................................................8
1.2.3. Classificação das projecções cartográficas quanto à superfície de projecção.................9
1.2.4. Classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de perspectivas de
projecções…..................................................................................................................................9
1.2.5. Classificação das projecções cartográficas quanto à orientação da superfície de
projecção …………………………………………………………………………………………10
1.2.6. Classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de contacto entre as
superfícies de projecção e referência...........................................................................................11
1.3. Importância das projecções na representação cartográfica...................................................11
1.4. Projecções e a representação das feições em mapas.............................................................12
1.4.1. Projecção Transversa de Mercator...............................................................................12
1.4.2. Projecção Universal Transversa de Mercator...............................................................14
1.4.3. Projecção Cónica Conforme de Lambert com dois paralelos padrões..........................15
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................................16
REFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS................................................................................................17

Índice de ilustrações

Ilustração 1: Exemplos de projecções conformes..................................................................................7


Ilustração 2: Projecções equivalentes....................................................................................................7
Ilustração 3: Projecções equidistantes:..................................................................................................8
Ilustração 4: classificação das projecções cartográficas quanto à forma de construção.........................9
Ilustração 5: Classificação das projecções cartográficas quanto à superfície de projecção:...................9
Ilustração 6: classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de perspectivas de projecções 10
Ilustração 7: classificação das projecções cartográficas quanto à orientação da superfície de projecção
.............................................................................................................................................................10
Ilustração 8: Classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de contacto entre as superfícies
de projecção e referência.....................................................................................................................11
Ilustração 9: Projecto Mercator............................................................................................................13
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0. INTRODUÇÃO
A presente pesquisa é intitulada projecções cartográficas. As projecções cartográficas
representam uma intersecção fascinante entre a ciência geográfica e a matemática, abordando
a desafiadora tarefa de transformar uma esfera tridimensional em um plano bidimensional. A
necessidade de criar mapas que sejam visualmente compreensíveis e ao mesmo tempo
precisos em termos de localização, forma e tamanho tem impulsionado a pesquisa e o
desenvolvimento de várias técnicas ao longo da história. Nesta pesquisa, exploramos
profundamente o tema das projecções cartográficas.

0.1. Objectivos

0.1.1. Objectivo geral


 Compreender as projecções cartográficas sob diversas perspectivas, compreendendo
sua importância na representação precisa do globo terrestre em um formato planar.

0.1.2. Objectivos específicos


 Definir os conceitos operacionais (mapa, projecções cartográficas);
 Classificar as projecções cartográficas;
 Explicar a importância das projecções cartográficas;
 Descrever as vantagens e desvantagens de cada tipo de projecção, considerando as
distorções resultantes em termos de forma, área, ângulo e distância.

0.2. Metodologia
Para realização deste trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica. A pesquisa
bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído, principalmente, de
livros e artigos científicos e é importante para o levantamento de informações básicas sobre
os aspectos directa e indirectamente ligados à nossa temática (Oliveira, 2011, p. 40). Neste
contexto, foram consultados artigos relacionados com o tema em estudo: Projecções
cartográficas.
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1. PROJECÇÕES CARTOGRÁFICAS

1.1. Conceitos operacionais

1.1.1. Mapa
Mapa é a representação do globo terrestre, ou de trechos da sua superfície, sobre um
plano, indicando fronteiras políticas, características físicas, localização de cidades e outras
informações geográficas, sociopolíticas ou económicas. Os mapas, normalmente, não têm
carácter técnico ou científico especializado, servindo apenas para fins ilustrativos ou culturais
e exibindo suas informações por meio de cores e símbolos (Sousa, 2016, p. 15).

1.1.2. Projecção cartográfica


Projecção cartográfica é a representação de uma superfície esférica (a Terra) num
plano (o mapa), ou seja, trata-se de um "sistema plano de meridianos e paralelos sobre os
quais pode ser desenhado um mapa" (Erwin Raisz citado por Ferreira, s/d, p. 23).

Sustentando o conceito de Erwin, os autores Elmiro et al., definem a projecção


cartográfica como um “recurso matemático utilizado, desde os primórdios da história da
cartografia, para permitir a representação da superfície curva do planeta por meio de mapas,
cartas e plantas que são superfícies essencialmente planas” (Elmiro et al., 2017, p.108).

O sistema de projecção cartográfica é método utilizado para representar a superfície


de uma esfera (ou de um elipsóide), no todo ou em parte, sobre uma superfície plana. O
processo consiste em transferir pontos da superfície da esfera (ou elipsóide) para um plano,
ou para uma superfície desenvolver em um plano, tal como um cilindro ou um cone (Sousa,
2016, p.16).

1.2. Classificação das projecções cartográficas


As projecções cartográficas podem ser classificadas quanto às propriedades, quanto à
forma de construção das projecções, quanto à superfície de projecção, quanto ao tipo de
perspectivas de projecções e quanto à orientação da superfície de projecção.

1.2.1. Classificação das projecções cartográficas quanto às propriedades


Segundo Ferreira (s/d, p. 35), a “propriedade” de uma projecção não é mais do que a
manutenção de um determinado atributo (ângulos, distâncias, áreas ou direcções), dado que
não é possível conservá-los a todos. Quanto às propriedades, as projecções podem ser:
projecções conformes, equivalentes e equidistantes.
7

a. Projecções conformes: quando a forma dos pequenos objectos é preservada, ou seja,


quando a escala da projecção em qualquer ponto é a mesma em todas as direcções.
Neste caso, os paralelos e os meridianos são representados como linhas
perpendiculares entre si e os ângulos em torno de qualquer ponto são mantidos.
Exemplos: a projecção de Mercator, a projecção transversa de Mercator (Gauss e
UTM), a projecção cónica conforme de Lambert e a projecção estereográfica
(Ferreira, s/d, p. 35).

Ilustração 1: Exemplos de projecções conformes

Fonte: ilustração extraída de Ferreira (s/d).

b. Projecções equivalentes: quando as proporções entre áreas são preservadas. Como


não é possível uma projecção cartográfica ser, simultaneamente, conforme e
equivalente, a equivalência é sempre acompanhada de uma maior ou menor
deformação angular, em resultado de a escala variar com a direcção. Exemplos: as
projecções cónicas e azimutais equivalentes, a projecção de Bonne, a projecção de
Mollweide, a projecção sinusoidal e a projecção de Eckert IV (Ferreira, s/d, p. 39).

Ilustração 2: Projecções equivalentes

Fonte: ilustração extraída de Ferreira (s/d).


8

c. Projecções equidistantes: quando a escala natural da projecção é mantida ao longo


de uma determinada direcção: este-oeste, norte-sul ou qualquer outra. Projecções
equidistantes meridianas: quando a escala é conservada ao longo dos meridianos.
Projecções equidistantes transversais: quando a escala é conservada ao longo dos
paralelos. Exemplos: projecção azimutal equidistante e a projecção cónica
equidistante meridiana, ou a projecção cónica simples (Ferreira, s/d, p. 40).

Ilustração 3: Projecções equidistantes:

Fonte: ilustração extraída de Ferreira


(s/d).

Todos pontos no mapa estão a


distâncias proporcionais a partir do ponto central e ainda, todos os pontos do mapa têm um
azimute (direcção) correcto a partir do ponto central.

d. Projecções azimutais: Quando as direcções (azimutes) à superfície da Terra são


conservadas a partir de determinados pontos. Este tipo de projecção é particularmente
conveniente quando interessa representar ou medir rumos e azimutes a partir de uma
certa posição. É também possível, manipulando a lei de variação da escala a partir do
centro, construir projecções azimutais com propriedades adicionais, como a
equidistância, a equivalência ou a conformidade, dando origem às projecções
azimutais equidistantes, equivalentes e conformes, respectivamente.

1.2.2. Classificação das projecções cartográficas quanto à forma de construção das


projecções
Segundo Ferreira (s/d, p. 44), quanto à forma de construção, as projecções cartográficas
podem ser:

a. Geométricas: quando se baseiam no conceito de superfície de projecção, sobre a qual


os pontos do modelo da Terra são projectados, segundo processos que podem
(projecções perspectivas) ou não (analíticas) ser puramente geométricos
9

b. Geométricas modificadas: quando, embora utilizando o mesmo conceito básico das


projecções geométricas, lhe introduzem alterações que modificam a geometria e as
propriedades características de cada classe
c. Convencionais: quando a sua construção é inteiramente baseada em critérios
formulados matematicamente.

Ilustração 4: classificação das projecções cartográficas quanto à forma de construção.

Fonte: ilustração extraída de Ferreira (s/d, p.44).

1.2.3. Classificação das projecções cartográficas quanto à superfície de projecção


Segundo Ferreira (s/d, p. 45), quanto à superfície de projecção, as projecções
cartográficas, são classificadas em:

a. Azimutais ou planas: quando a superfície de projecção é um plano.


b. Cónicas: quando a superfície de projecção é um cone
c. Cilíndricas: quando a superfície de projecção é um cilindro

Ilustração 5: Classificação das projecções cartográficas quanto à superfície de projecção:

Fonte: ilustração extraída de Ferreira (s/d, p.45).

1.2.4. Classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de perspectivas de


projecções
Segundo Ferreira (s/d, p. 46), quanto ao tipo de perspectivas de projecções, as
projecções cartográficas, são classificadas em:

a. Centrográficas ou gnomónicas: quando o centro da perspectiva é o centro do


modelo
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b. Estereográficas: quando o centro da perspectiva se situa sobre a superfície do modelo


c. Ortográficas: quando o centro da perspectiva se situa no infinito

Ilustração 6: classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de perspectivas de projecções

Fonte: ilustração extraída de Ferreira (s/d, p.47).

1.2.5. Classificação das projecções cartográficas quanto à orientação da superfície


de projecção
Segundo Ferreira (s/d, p. 47), quanto à orientação da superfície de projecção, as
projecções cartográficas, são classificadas em:

a. Normais: quando o eixo da superfície de projecção coincide com o eixo da Terra;


b. Polares: nas projecções cónicas e azimutais, o mesmo que normais;
c. Equatoriais: nas projecções azimutais e cilíndricas, o mesmo que normais;
d. Transversas: quando o eixo da superfície de projecção é perpendicular ao eixo da
Terra;
e. Meridianas: nas projecções azimutais e cilíndricas, o mesmo que transversais;
f. Oblíquas: quando o eixo da superfície de projecção é oblíquo em relação ao eixo da
Terra.

Ilustração 7: classificação das projecções cartográficas quanto à orientação da superfície de projecção

Fonte: ilustração extraída de Ferreira (s/d, p. 48).


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1.2.6. Classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de contacto entre as


superfícies de projecção e referência
Segundo Ferreira (s/d, p. 53), quanto ao tipo de contacto entre as superfícies de
projecção e referencia, as projecções cartográficas, são classificadas em:

a. Tangentes: a superfície de projecção é tangente à de referência (plano - um


ponto; cone e cilindro - uma linha).
b. Secantes: a superfície de projecção secciona a superfície de referência (plano -
uma linha; cone - duas linhas desiguais; cilindro - duas linhas iguais).

Ilustração 8: Classificação das projecções cartográficas quanto ao tipo de contacto entre as superfícies de
projecção e referência

Fonte: ilustração extraída de Ferreira (s/d, p. 54)

1.3. Importância das projecções na representação cartográfica


As projecções cartográficas são uma necessidade inerente na representação de dados
geográficos devido à impossibilidade de transformar uma superfície esférica ou elipsoidal
(modelo global da Terra) em um plano (modelo dos mapas) sem provocar rupturas,
estiramentos, dobras e outras deformações imprevisíveis, fora do controle do analista de
dados cartográficos (Robinson et al., 1995 citados em Elmiro et al., 2017, p.109).

Oliveira (1993); Bugayevskiy e Snyder (1995) citados por Elmiro et al., (2017,
p.109), explicam que existe uma vasta quantidade de tipos de projecções cartográficas com
diferentes características para diferentes aplicações. Em linhas gerais, um sistema de
projecção cartográfica consiste de uma transformação matemática executada sobre os pontos
da superfície curva terrestre, de forma a representá-los sobre uma superfície plana
provocando um mínimo de deformações em certos aspectos específicos como áreas, formas,
comprimentos, azimutes e direcções. Para dar sustento à sua abordagem, Elmiro et al (2017),
explicam ainda que:
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“…o modelo matemático teórico da Terra que mais se aproxima do modelo físico é
um elipsóide de revolução, que pode ser simplificado para uma esfera em alguns
casos. As superfícies matemáticas de projecção podem ser os planos, cilindros ou
cones, que podem, por sua vez, serem secantes ou tangentes à superfície elipsóidica
do modelo” (Grafarend e Krum, 2006 citados pot Elmiro et al., 2017, p.109).

Portanto, essas questões dependem das propriedades originais que se deseja conservar
ou realçar na transformação para o plano.

Para os autores supracitados, não existe um sistema de projecção ideal e perfeito que
conserve todos os elementos originais na sua verdadeira grandeza. O sistema de projecção
escolhido será apenas a melhor forma de representação visando um objectivo determinado.
Entretanto, a grande vantagem do método é que as deformações decorrem de relações
matemáticas determinísticas e, portanto, são previsíveis, controláveis e recuperáveis quando
for necessário usar o valor verdadeiro da grandeza terrestre (Fenna, 2007 citado por Elmiro et
al., 2017, p.109).

1.4. Projecções e a representação das feições em mapas


Quando se trata da representação posicionalmente precisa das feições da superfície
terrestre em relação às suas localizações originais, de forma a manter a similaridade com o
terreno, as projecções preferidas e efectivamente mais aplicadas são àquelas que produzem as
distorções mínimas dentro da extensão territorial de interesse a ser mapeada. A busca dessa
característica reduz a escolha a um pequeno grupo de tipos de projecções que conservam a
verdadeira grandeza dos ângulos transformados, mantendo também as formas das pequenas
áreas (conformidade). As mais conhecidas na literatura são: Transversa de Mercator,
Universal Transversa de Mercator, Cónica Conforme de Lambert e a projecção Cassini-
Soldner aplicada a áreas pequenas e estreitas (Elmiro et al., 2017, p.110).

1.4.1. Projecção Transversa de Mercator


A projecção Transversa de Mercator (TM) corresponde à projecção de Mercator
submetida a uma rotação de 90 graus. Entretanto, como o cilindro de projecção foi
rotacionado, ele passa a ser tangente a um meridiano e sua secção não é mais circular,
passando a ser uma elipse, implicando em maior complexidade no tratamento matemático. A
Projecção TM foi criada por Johann Heinrich Lambert em 1772, analiticamente deduzida por
Carl Friedrich Gauss, 50 anos mais tarde e teve suas fórmulas de cálculos aperfeiçoadas por L
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Kruger em 1912. Assim, é muito conhecida pelo nome de projecção Gauss-Kruger (Oliveira,
1993 citado por Elmiro et al., 2017, p.110).

A Projecção de Mercator pertence à classe das projecções por desenvolvimento


cilíndrico e à categoria das projecções conformes. Da condição de conformidade, isto é, da
inexistência de deformações angulares, surge a propriedade de manutenção da forma da
pequenas figuras. A Projecção de Mercator é uma modalidade equatorial das projecções
cilíndricas, isto é, o cilindro é considerado tangente à superfície da Terra no equador (Sousa,
2016, p. 22).

A Projecção de Mercator é classificada, portanto, como uma projecção cilíndrica


equatorial conforme. Cilíndrica: pois a superfície de projecção é um cilindro, isto é, a
superfície da terra (ou parte dela) é projectada em um cilindro. Equatorial: o Cilindro é
tangente à superfície da Terra no Equador. Conforme: os ângulos são representados sem
deformação. Por isto, as formas das pequenas áreas se mantêm, sendo, assim, a projecção
também denominada ortomorfa (Sousa, 2016, p. 22).

Ilustração 9: Projecto Mercator

1.4.1.1. Vantagens e limitações da Projecção de Mercator


Segundo Sousa (2016, p. 30), a projecção Mercator pode ter as seguintes vantagens e
limitações:

A. Vantagens da Projecção de Mercator


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i. Os meridianos são representados por linhas rectas, os paralelos e o equador


são representados por um segundo sistema de linhas rectas, perpendicular à
família de linhas que representam os meridianos.
ii. É fácil identificar os pontos cardiais numa carta de Mercator.
iii. É fácil plotar um ponto numa carta de Mercator conhecendo-se suas
coordenadas geográficas (latitude e longitude). É fácil determinar as
coordenadas de qualquer ponto representado numa carta de mercator.
iv. Os ângulos medidos na superfície da terra são representados por ângulos
idênticos na carta; assim, direcções podem ser medidas directamente na carta.
Na prática, distâncias também podem ser medidas directamente na carta.
v. As linhas de rumo ou loxodromias são representadas por linhas rectas.
vi. Facilidade de construção (construção por meio de elementos rectilíneos).
vii. existência de tábuas para o traçado do reticulado.

B. Limitações da projecção de Mercator


i. Deformação excessiva nas altas latitudes.
ii. Impossibilidade de representação dos pólos.
iii. Círculos máximos, excepto o equador e os meridianos, não são representados
por linhas rectas (limitação notável nas cartas de Mercator de pequena escala,
representando uma grande área).

1.4.2. Projecção Universal Transversa de Mercator


A projecção UTM tem sua origem na Projecção TM, ou seja, sua formulação é
baseada nos mesmos princípios matemáticos e projectivos. Entretanto, o sistema TM original
é tangente à superfície de projecção enquanto o sistema UTM é secante (Elmiro et al., 2017,
p.110-111). Assim, algumas modificações conceituais e de especificação foram introduzidas
para permitir parâmetros padronizados para todo o globo terrestre (Richardus e Adler, 1972
citados por Elmiro et al., 2017, p.111).

A superfície de projecção é um cilindro cujo eixo é perpendicular ao eixo polar


terrestre. É uma projecção do tipo conforme que mantém a verdadeira grandeza dos ângulos e
a forma das pequenas áreas. O cilindro de projecção é secante ao elipsóide de revolução,
segundo dois círculos paralelos ao meridiano central, ao longo dos quais não ocorrem
deformações de projecção (coeficiente de escala (K) =1). As áreas entre os círculos de
secância sofrem reduções de escala (K<1), enquanto as áreas fora dos círculos de secância
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apresentam escalas ampliadas (K>1). Desta forma, permite-se que as distorções de escala
sejam bem distribuídas ao longo do fuso de 6° (Elmiro et al., 2017, p.111).

O sistema UTM (Universal Transversa de Mercator) é uma grade quilométrica


superposta a um reticulado da Projecção Transversa de Mercator, para fins técnico-científicos
ou militares. O sistema UTM é muitas vezes utilizado para construção de Folhas de Bordo e
Folhas de Sondagens produzidas em Levantamentos Hidrográficos e para cartas militares
(exemplo: Carta de Bombardeio) (Sousa, 2016, p. 38).

1.4.3. Projecção Cónica Conforme de Lambert com dois paralelos padrões


A projecção Cónica Conforme de Lambert com dois paralelos padrões, assim como a
projecção UTM, tem sido aceita e usada nos trabalhos cartográficos que requerem uma
representação fidedigna das feições transformadas em relação aos seus aspectos originais,
mantendo características próximas de sistemas topográficos locais na representação de
pequenas áreas. Pode-se dizer que os sistemas locais projectados directamente no plano
topográfico conservam, para áreas pequenas, as propriedades de equidistância, equivalência e
conformidade com bastante aproximação. Suas características básicas são resumidas na
sequência do texto (Elmiro et al., 2017, p.111).

A superfície de projecção é um cone de eixo coincidente com eixo de rotação do


elipsóide terrestre. Os paralelos são círculos concêntricos de espaçamento desigual e menor
no centro do mapa. Os meridianos são raios de círculos igualmente espaçados que cruzam os
paralelos em ângulos rectos. São adoptados dois paralelos de secância com objectivo de
distribuir melhor as distorções de escala ao longo de toda a área de cobertura. A escolha ideal
da localização dos paralelos de secância pode ser apoiada em diferentes critérios como os
propostos por Kavrajski e Airy (Grafarend e Krum, 2006 citados por Elmiro et al., 2017,
p.112). Outros métodos baseados no balanço das distorções podem ser usados. A Carta
Internacional ao Milionésimo, que é representada na projecção de Cónica Conforme de
Lambert, com dois paralelos padrões desde 1962, adopta a localização dos paralelos padrões
a 1/6 dos paralelos extremos da área mapeada (Elmiro et al., 2017, p.112). Nessa projecção,
as transformadas dos meridianos são linhas rectas que convergem para o vértice do cone e as
transformadas dos paralelos são círculos concêntricos, com o centro comum no vértice do
cone.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As projecções cartográficas, ao longo dos séculos, têm desempenhado um papel
crucial na maneira como percebemos e representamos o nosso planeta em mapas planos.
Essas representações bidimensionais não são apenas instrumentos de orientação, mas também
portadores de informações valiosas sobre a geografia e as relações espaciais. A jornada pelo
mundo das projecções cartográficas nos revela uma fascinante intersecção entre a
matemática, a ciência geográfica e a arte da representação.

Embora seja impossível eliminar completamente as distorções inerentes à


transformação da superfície curva da Terra em um plano, as projecções cartográficas
oferecem uma variedade de abordagens, cada uma atendendo a diferentes necessidades e
propósitos. As projecções cilíndricas, cónicas, azimutais e outras variações foram
desenvolvidas para equilibrar as distorções de área, forma, ângulo e distância, e essa busca
incessante pela representação mais precisa continua impulsionando a inovação no campo.

Em suma, as projecções cartográficas são um testemunho da nossa constante busca


por compreender e comunicar a complexidade do nosso planeta. Elas nos lembram que a
representação do espaço é intrinsecamente ligada à matemática, à ciência e à criatividade. À
medida que continuamos a explorar novas tecnologias e aprofundar nosso entendimento das
projecções cartográficas, é certo que o mundo dos mapas continuará a evoluir, enriquecendo
nossa compreensão global e permitindo que exploremos o mundo de maneiras mais precisas e
envolventes.
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REFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS

ELMIRO et al. Sistema de coordenadas planas e projecção cartográfica para a


representação da área territorial completa de Minas Gerais. in: Geografias ARTIGOS
CIENTÍFICOS. Belo Horizonte, v. 13, n. 2, jul./dez. 2017.

FERREIRA, Ana Navarro. Cartografia 2018/2019. Departamento De Engenharia


Geográfica, Geofísica e Energia - Faculdade De Ciências Da Universidade De Lisboa.
Portugal. s/d.

OLIVEIRA, Maxwell Ferreira de. Metodologia científica: um manual para a realização de


pesquisas em Administração. Catalão: UFG, 2011.

SOUSA, Marques. Projecções cartográficas: a carta náutica. Brasil. 2016

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