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CARTOGRAFIA BÁSICA
GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2 CONCEITOS E NOÇÕES DE CARTOGRAFIA ...................................................... 5
2.1 Cartografia: conceitos gerais .............................................................................. 5
2.1.1 Sistemas de coordenadas .................................................................................. 7
2.1.2 Escalas cartográficas .......................................................................................... 7
2.2 Classificação das projeções cartográficas .......................................................... 8
2.3 Projeções cartográficas mais usuais................................................................. 11
2.4 Comunicação cartográfica e sua essência para a leitura de mapas ................. 13
3 HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA ............................................................................ 15
3.1 Arte da cartografia: teorias e postulados da cartografia temática ..................... 18
4 FORMAS DA TERRA: SUPERFÍCIE TOPOGRÁFICA, GEOIDE, ELIPSOIDE E
ESFEROIDE.............................................................................................................. 21
4.1 Forma e dimensões da Terra ............................................................................ 22
4.2 Formas elipsoide, esferoide e geoide ............................................................... 23
4.2.1 Modelo geoidal.................................................................................................. 24
4.2.2 Modelo esférico................................................................................................. 25
4.2.3 Modelo elipsoidal .............................................................................................. 27
4.3 Superfície topográfica e suas características ................................................... 28
5 FUSOS HORÁRIOS, LOCALIZAÇÃO E LONGITUDES ....................................... 32
5.1 Sistemas de longitude e fusos horários ............................................................ 32
5.2 Elementos do sistema de meridianos e linha internacional de data.................. 36
5.3 Práticas pedagógicas para compreensão do sistema de fusos horários .......... 38
6 SISTEMAS DE COORDENADAS ......................................................................... 41
6.1 História da construção do sistema de coordenadas ......................................... 41
6.2 Sistema de coordenadas e suas funções ......................................................... 43
6.2.1 Sistemas de coordenadas geográficas ............................................................. 43
6.2.2 Sistemas de coordenadas projetadas ............................................................... 44
6.3 Usos dos sistemas de coordenadas ................................................................. 44
6.4 Sistemas de representações do globo terrestre no plano ................................. 45
7 CARTA TOPOGRÁFICA: PLANIMETRIA E ALTIMETRIA .................................... 48
7.1 Produtos cartográficos na topografia ................................................................ 48
2
7.2 Plantas e cartas topográficas e suas características gerais ............................. 50
7.3 Cartas planimétricas e suas aplicabilidades no ensino de geografia ................ 51
7.4 Cartas altimétricas e sua aplicabilidade no ensino de geografia ...................... 53
7.5 Mapas planialtimétricos .................................................................................... 54
7.6 Observação do relevo no ensino de topografia ................................................ 55
7.7 Atividades de geocartografia no ensino de geografia ....................................... 56
8 DECLIVIDADE E PERFIS ..................................................................................... 58
8.1 Formas de representação qualitativas e quantitativas na cartografia ............... 58
8.2 Representações quantitativas ........................................................................... 61
8.3 Tipos de relevo topográfico ............................................................................... 63
9 IMPORTÂNCIA DO ENSINO DAS ESCALAS E DOS SISTEMAS DE
PROJEÇÕES.............................................................................................................67
10 USO E INTERPRETAÇÃO DE MAPAS ................................................................ 69
10.1 Mapas-múndi e suas possibilidades didáticas .................................................. 69
10.2 História da cartografia na era moderna ............................................................. 71
10.3 Tecnologias de informação aplicadas aos mapas em sala de aula .................. 72
10.4 Elementos presentes em mapas impressos ..................................................... 73
10.5 Interpretação dos mapas em sala de aula ........................................................ 74
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
4
2 CONCEITOS E NOÇÕES DE CARTOGRAFIA
8
O método de construção de uma projeção cartográfica pode ser geométrico,
analítico ou convencional. De acordo com Silva e Segantine (2015), as projeções
geométricas podem ser classificadas em três grandes grupos: projeções planas,
cônicas ou cilíndricas, as quais são apresentadas na Figura abaixo:
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plano sem que haja distorções, funcionando como superfície auxiliar na obtenção de
uma representação. Sua posição em relação à superfície de referência pode ser:
normal, transversal e oblíqua (ou horizontal).
Nas projeções geométricas cilíndricas tangentes são considerados três
aspectos:
o aspecto normal (equatorial), em que o cilindro cartográfico é tangente à
superfície-objeto no equador;
o aspecto transverso, onde o cilindro é tangente à superfície-objeto no
mediano central da projeção;
o aspecto oblíquo (ou horizontal), onde o cilindro é tangente a uma das
secções normais que passa no ponto central.
Algumas projeções cartográficas correspondem a projeções geométricas, num
plano ou numa superfície planificável (cone ou cilindro), a partir de um ponto de vista
situado, por exemplo, no centro da superfície-objeto (esfera ou elipsoide). A maioria
das projeções cartográficas, porém, são constituídas por projeções analíticas (ou
também conhecidas de convencionais), as quais se baseiam em formulação
matemática obtidas com o objetivo de se atender condições (características)
previamente estabelecidas.
Quanto às propriedades das projeções, estas podem ser equidistantes,
equivalentes, conformes ou afiláticas. As propriedades das cartas permitem diminuir
ou eliminar parte das deformações de acordo com a aplicação desejada, pois, existe
a impossibilidade de desenvolver, sem deformações, uma superfície esférica ou
elipsoidal sobre um plano. No caso das projeções equidistantes, estas não
apresentam deformações lineares; nas equivalentes, não se alteram as áreas; nos
conformes, os ângulos são mantidos em torno de quaisquer pontos e não deformam
pequenas regiões; e nas afiláticas, não possuem nenhuma das propriedades citadas
anteriormente (TULER; SARAIVA, 2016).
Em relação ao tipo de contato entre as superfícies de projeção, estas podem
ser tangentes ou secantes em relação ao globo terrestre.
Tangentes: a superfície de projeção é tangente à de referência (plano: um
ponto; cone e cilindro: uma linha).
Secantes: a superfície de projeção secciona a superfície de referência
(plano: uma linha; cone: duas linhas desiguais; cilindro: duas linhas iguais).
10
2.3 Projeções cartográficas mais usuais
Fonte: Artalis/Shutterstock.com
12
2.4 Comunicação cartográfica e sua essência para a leitura de mapas
14
3 HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA
15
de Gênova. Essas cartas não obedeceram nenhum critério de projeção, pois eram
reservadas aos navegantes que possuíam o traçado das loxodromias (rumos) e o
delineamento das costas dos países mediterrâneos (MARTINELLI, 2003;
ANDERSON, c1982).
A revolução da cartografia teve início no século XV, e o advento da agulha
magnética permitiu a exploração dos mares, além de intensificar o comércio para
Leste, auge dos descobrimentos portugueses. A obra de Ptolomeu foi explanada
novamente na cartografia, sofrendo modificações e adaptações de acordo com o
interesse dessa época pela navegação. Com o conhecimento da gravação ou
impressão, foi possível uma produção cartográfica abundante, substituindo os
manuscritos dispendiosos. Assim, a navegação foi estudada a partir de métodos
racionais na Escola de Sagres, e o espírito aventureiro português a serviço dessa
Escola descobriu o mundo.
No século XVI, a vasta produção cartográfica teve destaque com os trabalhos
dos cartógrafos portugueses, espanhóis e italianos, como Fernão Vaz Dourado,
Toscaneli, Cantino e Pedro Nunes. Na Figura abaixo, podemos observar o mapa-
múndi do ano de 1500, confeccionado por Juan de La Cosa, o navegador de Cristóvão
Colombo, além da representação cartográfica da navegação e sua característica
rústica (ANDERSON, c1982).
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Anos depois, ainda no século XVI, teve o surgimento da cartografia holandesa
com a representação de Mercator e Ortelius, sucedendo a cartografia mediterrânea.
Em 1569, surgiu o primeiro mapa do Mercator, nome latino de Guerhard Kramer, cuja
projeção mostra os meridianos em linhas retas e paralelas formando ângulos retos
com os paralelos, também representados por linhas retas e paralelas (Figura abaixo).
Assim, para manter a conformidade das áreas, a separação entre duas paralelas
aumenta em direção a cada polo ou em proporção direta com o afastamento dos
paralelos em relação à linha do Equador (ANDERSON, c1982).
O século XVIII foi marcado pela instituição de academias científicas, dando
início à ciência cartográfica moderna. A escola francesa Grandes apresentou
inovações como, por exemplo, a proposta do astrônomo francês Cesar-François
Cassini de Thury (1714–1784), que produziu a primeira série sistemática de mapas
topográficos para a França (MARTINELLI, 2003).
17
Ao final do século XX e início do atual século, a cartografia tem sido vinculada
à área da informática. Existem as novas tecnologias que possibilitam que geógrafos e
profissionais da área confeccionem mapas atrelados a tecnologias da informação
(Sistema de Informação Geográfica [SIG], geoprocessamento e sensoriamento
remoto) com a utilização de softwares com o objetivo de representação do espaço
geográfico.
Entretanto, é possível observar como a geografia está relacionada com a
cartografia, segundo Lacoste (1988), o real, o espaço geográfico, é somente aquilo
que pode ser mapeado, colocado sobre a carta, delimitado, com precisão sobre o
terreno e definido em termos de escala cartográfica. Além disso, a geografia, em suas
premissas epistemológicas e análise do processo científico ligado a uma história, deve
ser entendida, de um lado, em suas relações ideológicas junto à ciência e, de outro,
como prática ou como poder, pelo interesse da sociedade, principalmente, ao uso da
cartografia.
18
Haja vista que a teoria da semiologia gráfica contribuiu para a construção de
mapas ou gráficos para serem vistos e não para serem lidos, com base na percepção
imediata, a apreensão deve ser nítida e acessível. O nível monossêmico de imagens
é construído por um sistema semântico a partir do estudo das regras relacionadas aos
signos.
21
4.1 Forma e dimensões da Terra
O conceito de geoide foi sugerido pelo matemático alemão Carl Friedrich Gauss
(1777–1855) como sendo a forma da Terra (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1999). Timbó (2001, p. 9) define o geoide como:
25
Longitude astronômica (Λ): é o arco de equador contado desde o meridiano
de origem (Greenwich) até o meridiano do ponto considerado. Por convenção, a
longitude varia de 0º a +180º no sentido Leste de Greenwich e de 0º a -180º para
Oeste de Greenwich.
Dessa forma, a latitude e a longitude são uma rede de linhas imaginárias
horizontais e verticais que possibilitaram o desenvolvimento do sistema de
coordenadas geográficas, que é uma importante ferramenta para definir com precisão
a localização de pontos na superfície terrestre (Figura abaixo) (SEABRA; LEÃO,
2012).
26
4.2.3 Modelo elipsoidal
27
Fonte: Veiga, Zanetti e Faggion (2012, p. 9)
28
Fonte: Seabra e Leão (2012, p. 74).
A superfície topográfica tem variações de relevo que vão desde o ponto mais
alto do mundo, no Monte Everest, com 8.848 metros de altitude em relação ao nível
do mar, até o ponto mais baixo da Terra, no Mar Morto, a 400 metros abaixo do nível
do mar, apresentando uma significativa amplitude altimétrica. No entanto, no Brasil, o
ponto mais alto é o Pico da Neblina, localizado no norte do estado do Amazonas, na
serra do Imeri, com 2.995,30 metros de altitude em relação ao nível do mar. Vale
ressaltar que, segundo Florenzano (2008), a altitude é a altura do relevo em relação
ao nível do mar, ou seja, a altura absoluta do relevo. Todavia, a amplitude altimétrica
consiste na altura relativa do relevo, que se refere à diferença entre a cota máxima
(topo) e a cota mínima (fundo de vale).
O relevo de uma determinada área pode ser representado a partir das curvas
de nível, dos perfis topográficos, do relevo sombreado, das cores hipsométricas
(faixas altimétricas identificadas por cores), entre outros. De acordo com Afonso et al.
(2014), uma das etapas iniciais para estudar as formas de relevo é o levantamento
das bases cartográficas que representam a superfície terrestre. As cartas topográficas
são mapas temáticos que representam os contornos do relevo terrestre realizados de
forma mais precisa, por meio das curvas de nível ou cotas altimétricas, que são linhas
sinuosas que indicam a altitude do terreno. Essas linhas imaginárias representam com
valores expressos, em geral, em metros (m), todos os pontos do terreno que têm a
mesma altitude em relação ao nível do mar, assim, todos os pontos, ao longo de uma
curva de nível, têm a mesma cota (altitude). Nas cartas topográficas, nem todas as
curvas de nível têm seus valores altimétricos especificados, porém é possível
descobrir o seu valor, sabendo que o intervalo entre elas é sempre o mesmo, ou seja,
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as curvas de nível são sempre equidistantes. As linhas de cor mais escura são
chamadas curvas mestras e ajudam a identificar intervalos maiores.
As curvas de nível vão indicar as características do terreno, se é plano,
ondulado, montanhoso ou se é liso, íngreme ou com declive suave. Por meio do
espaçamento existente entre as curvas de nível, percebe-se a inclinação do terreno,
em que quanto maior a distância entre duas curvas de nível, mais suave será a
topografia, e quando as curvas estiverem muito próximas umas das outras, o terreno
representado será íngreme, com declives acentuados (Figura abaixo) (AFONSO et
al., 2014)
As curvas de nível permitem traçar perfis topográficos, que são gráficos que
auxiliam na interpretação das diferenças de altitudes, formas de relevo, gradientes e
contornos do terreno mapeado nos mapas topográficos. Os perfis indicam as
distâncias horizontais entre as curvas de nível mapeadas no eixo horizontal e as
altitudes no eixo vertical, com os valores altimétricos das curvas de nível. É importante
mencionar que ao se elaborar um perfil, faz-se necessário observar as escalas
representadas nos dois eixos do gráfico, horizontal e vertical. A escala horizontal é
feita a partir da escala do mapa, em que são medidas as distâncias horizontais entre
30
as curvas de nível, no entanto, na escala vertical, observa-se quantos metros de
altitude estão representados em cada centímetro do gráfico (AFONSO et al., 2014).
32
Löbler e Francisco (2016) mencionam que os fusos horários foram criados,
principalmente, devido às transações comerciais e viagens, prevendo certo controle
sobre as regiões colonizadas, negociações em bolsas internacionais, entre outros
motivos que impuseram a necessidade de se estabelecer critérios que padronizassem
a hora internacionalmente. Dessa forma, em 1884, foram criados os sistemas de fusos
horários, foi estabelecido que o meridiano de Greenwich serviria como o início da
contagem dos fusos, e seu antemeridiano passou a se chamar Linha Internacional de
Mudança de Data.
O primeiro fuso (no caso, o fuso de Londres) está compreendido entre 7º30’ O
e 7º30’ L do meridiano inicial, totalizando os 15º que formam um fuso horário. A
sequência dos demais fusos é contada a partir do fuso de Londres, levando em
consideração que a Terra, em seu movimento de rotação, gira de oeste para leste.
Como o sol surge antes nos lugares situados a leste, sempre que caminharmos para
essa direção, haverá um aumento das horas. Ao contrário, quando vamos para o
oeste, as horas diminuem (ALMEIDA; RIGOLIN, 2002).
Existem muitos países que acabam cortados por mais de um fuso horário, como
o Brasil. Muitos fusos horários não seguem as distâncias e divisões estabelecidas
33
pelas longitudes, e isso ocorre para adaptar os horários adotados nas diferentes áreas
de um mesmo território.
Assim, os países com mais de um fuso horário têm autonomia para fazer
modificações, principalmente, para não atrapalhar a economia. (ALMEIDA; RIGOLIN,
2002).
Representação dos 24 fusos horários mundiais, cada uma apresentando 15 graus. Cada fuso horário
representa uma hora.
Fonte: brichuas/Shutterstock.com.
34
[GPS]), o qual é amplamente utilizado nos dias atuais, seja em computadores,
radares, smartphones, entre outros.
Paralelos: o principal paralelo é a linha do Equador, que divide a Terra em duas
partes iguais: hemisfério norte (ou setentrional) e hemisfério sul (ou meridional). A
partir da linha do Equador, é possível traçar os demais paralelos. Os paralelos indicam
a latitude de um polo ao outro. (ALMEIDA; RIGOLIN, 2002).
Latitude: distância em graus de qualquer lugar da superfície terrestre ao
Equador, medida pelos paralelos. O Equador tem 0º de latitude e é o ponto de partida
para calcular a latitude de um lugar. A latitude máxima é a dos polos, que corresponde
a 90º (N ou S). Todos os pontos que se encontram ao longo de um mesmo paralelo
têm a mesma latitude, o que é definido como distância do Equador. (ALMEIDA;
RIGOLIN, 2002).
Meridiano: círculos imaginários que cortam perpendicularmente os paralelos,
circundando a Terra a partir do Meridiano de Greenwich. Também medem a longitude,
estabelecendo os fusos horários. (ALMEIDA; RIGOLIN, 2002).
Longitude: distância medida em graus, de qualquer lugar da Terra ao
meridiano de Greenwich. O meridiano de Greenwich tem 0º de longitude e é o ponto
de partida para calcular a longitude de um lugar. A longitude máxima é a da Linha
Internacional de Data, que corresponde a 180º. (ALMEIDA; RIGOLIN, 2002).
35
5.2 Elementos do sistema de meridianos e linha internacional de data
36
De acordo com Castrogiovanni et al. (2011) e Löbler e Francisco (2016), um
planeta pode ser definido como um objeto em órbita ao redor do Sol, bastante
massivo, com gravidade própria e aparência esférica. Os planetas giram em torno de
estrelas que atuam como fonte de energia para eles. A Terra, por exemplo, gira em
torno da estrela Sol, que lança sua luz sobre o planeta. O planeta Terra possui uma
forma esférica, mas com seus polos levemente achatados e, por esse fato, podemos
dizer que ele é geoide. Dois movimentos realizados pela Terra e descritos a seguir
têm significativa importância para a vida no planeta.
Rotação: movimento que a Terra realiza ao redor de si mesma. Nesse
movimento, o planeta gira de oeste para leste, com uma velocidade média de 463
metros por segundo. A Terra leva 24 horas para realizar o seu movimento de rotação.
O tempo que a Terra demora para dar uma volta completa em torno de si mesma é
denominado dia.
Translação: movimento que a Terra realiza ao redor do sol junto com os
(a) Representação do movimento de rotação da Terra que constitui o dia. (b) Movimento de
translação da Terra que origina as estações do ano.
Fonte: Adaptada de (a) Soleil Nordic/Shutterstock.com e (b) Vitoriano Junior/Shutterstock.com.
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Sabemos que a latitude se refere à distância entre os paralelos (em graus), e
que a longitude é a distância entre os meridianos (em graus). Além disso, a forma da
Terra assemelha-se a uma esfera e, portanto, mede 360°. O movimento de rotação
(sobre seu próprio eixo) demora, aproximadamente, 24 horas.
De acordo com Petersen et al. (2014), um sistema de coordenadas precisa
basear-se em pontos de referência, mas definir localidades em um planeta esférico é
difícil porque a esfera não possui um início ou fins naturais. O sistema de coordenadas
de latitude e longitude da Terra baseia-se em um conjunto de linhas de referência que
é definido pela rotação planetária e por outras linhas que foram arbitrariamente
definidas por meio de acordo internacional (o mesmo ocorrido em 1884, na cidade de
Washington, nos Estados Unidos).
O Polo Norte e o Polo Sul fornecem dois pontos de referência naturais, porque
marcam localidades opostas do eixo de rotação da Terra, ao redor do qual ela gira em
24 horas. O Equador, metade do caminho entre os polos, forma um grande círculo
que separa os Hemisférios Norte e Sul. O Equador fica na latitude 0º, a linha de
referência para medir a latitude em grau norte ou grau sul. O Polo Norte (90ºN) e o
Polo Sul (90ºS) são as latitudes máximas em cada hemisfério (PETERSEN et al.,
2014).
Segundo Casaca, Matos e Baio (2007), a força área dos Estados Unidos, na
década de 1960, criou o sistema Navy Navigational Satellite System (NSS), também
conhecido como sistema TRANSIT, o qual era composto, inicialmente, por sete
satélites com altitudes da ordem de 1.100 km e órbitas quase circulares. Em 1973, os
Estados Unidos iniciaram testes com um novo sistema, conhecido como Sistema de
Posicionamento Global NAVSTAR (Global Positioning System), também denominado
como Sistema GPS.
O GPS utiliza 24 satélites artificiais, colocados em órbitas artificiais de cerca de
20 mil km de altitude sobre a superfície terrestre. Essa posição permite observar, pelo
menos, quatro satélites, 24 horas por dia, em qualquer ponto da Terra. Trata-se de
um sistema de navegação e posicionamento global. (MCCORMAC, 2007).
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O professor pode trabalhar com os alunos da seguinte forma, conforme
descreve Löbler e Francisco (2016):
reconstruir, em uma placa de isopor, a figura plana do mapa, dividindo-a com
o uso de fitas colantes coloridas em 24 partes iguais;
recortar, em isopor ou cartolina, com o uso de moldes, os continentes e seus
países;
sobrepor os continentes à placa de isopor com os fusos horários.
É fundamental que o professor explique o conceito de fuso horário e sua
importância. Além disso, é indicado que os alunos apresentem para a turma as
dificuldades encontradas nas atividades e como resolvê-las. Para alunos dos anos
finais do ensino fundamental e início do ensino médio, ferramentas como o programa
Google Earth e vídeos, que podem ser obtidos no YouTube, são excelentes para
captar a atenção dos alunos por meio de uma metodologia ativa. O Google Earth e o
Google Maps são tecnologias que despertam o interesse dos alunos, além de facilitar
o entendimento do conceito de fusos horários e sua divisão ao longo do Planeta Terra.
De acordo com Assis e Lopes (2013), desenvolver práticas de ensino com o
uso de mapas fotográficos como o Google Earth nas aulas de geografia proporciona
novos ambientes de aprendizagem onde os alunos sentem-se interessados em
participar. A riqueza dos detalhes geográficos fica ainda mais exposta ao se fazer um
zoom da realidade socioespacial pretendida, em especial, quando essa realidade
parte do próprio espaço de vivência do aluno. Os vídeos do YouTube também
despertam a atenção dos alunos. Muitos vídeos trazem uma apresentação mais
dinâmica, com uma linguagem mais simples, o que auxilia o processo de
aprendizagem.
Löbler e Francisco (2016) descrevem que os movimentos de rotação e
translação não são conceitos tão simples de serem explicados, e mesmo professores,
estudantes de pedagogia e adultos em geral sentem dificuldades em explicar esses
movimentos terrestres. Os autores apresentam alguns exemplos de como os
conceitos de rotação e translação podem ser ensinados.
Com um feixe de luz (uma lanterna ou luminária) e uma bola de isopor, o
professor pode mostrar aos alunos o que acontece com a Terra durante a rotação.
Voltando parte de nosso planeta (representado pela bola de isopor) para o Sol (no
caso, a lanterna), a outra parte ficará no escuro. Além do uso da bola de isopor, os
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alunos podem usar os seus próprios corpos, girando em torno de seus eixos para
mostrar que parte de seus corpos fica na região não iluminada e parte fica na região
iluminada pela lanterna ou luminária enquanto giram. A sucessão do dia e da noite
precisa ser relacionada com as posições relativas e com os movimentos.
Existem diferentes meios de transmitir o conhecimento, não apenas em relação
ao conceito de fusos horários, mas da geografia como um todo. Quanto mais interativa
uma aula for, maior será o interesse do aluno e mais rápido será o entendimento do
assunto. Compreender que a Terra se move em torno de seu eixo e em torno do Sol
propiciará ao aluno uma exploração do espaço sideral, além da compreensão de que
os dias, as noites e as horas (em seu país ou em outros) são fenômenos ou
convenções que têm explicação. (COSTA, 2014).
6 SISTEMAS DE COORDENADAS
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ponto zero de cada um (COSTA, 2014). Descartes propôs a disposição dos eixos no
plano formando quatro quadrantes (Figura abaixo), da mesma forma como são
construídos os nossos conhecidos gráficos. Dos quatros quadrantes, dois possuem
valores positivos e dois possuem valores negativos, em sentidos opostos.
Eixos do plano cartesiano criado por René Descartes, em que os valores são negativos à esquerda e
abaixo de 0, e são positivos à direita e acima de 0.
Fonte: Yu_Peri/Shutterstock.com.
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os graus para definir a latitude e a longitude e, quando necessário, também se
estabelece um valor de altura para determinar uma localização na superfície da Terra
(SISTEMAS..., 2017). As linhas de latitude são paralelas à linha do Equador — a maior
linha existente — e dividem a Terra em 180 seções espaçadas igualmente entre si,
indo de Norte a Sul ou de Sul a Norte. Portanto, cada hemisfério (Norte e Sul) é
dividido em 90 seções, representando um grau de latitude.
Assim, no hemisfério Norte, os graus de latitude vão de 0, no Equador, até 90
no polo Norte (0 a 90º). No hemisfério Sul, os graus de latitude vão de 0, no Equador,
até 90 no polo Sul (0 a –90º). Por outro lado, as linhas de longitude não são tão
uniformes, são perpendiculares ao Equador e convergem nos polos. A linha de
referência para a longitude, o meridiano de Greenwich, desenvolve-se a partir do polo
Norte até o polo Sul. As linhas de longitude são medidas de 0 a –180º para Leste e de
0 a 180º para Oeste em relação ao meridiano principal (SISTEMAS..., 2017). As linhas
de longitudes são responsáveis por definir os fusos horários.
45
Formas de projeção da esfericidade da Terra no plano do papel.
Fonte: Ramos (2015, documento on-line).
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Projeção cilíndrica equidistante meridiana: os meridianos e paralelos são
igualmente espaçados. Esse tipo de projeção era muito empregado na navegação
marítima, mas foi substituído pela projeção de Mercator.
Projeção de Berhmann: é uma projeção equivalente cilíndrica (não possui
superfície de projeção, porém apresenta características semelhantes às da projeção
cilíndrica).
Projeção de Robinson: é uma projeção afilática (não é conforme, equivalente
ou equidistante) e pseudocilíndrica, ou seja, não possui superfície de projeção, porém
apresenta características semelhantes às da projeção cilíndrica.
As projeções que melhor se encaixam no cenário brasileiro e, portanto, as mais
utilizadas, são as projeções cilíndrica equatorial de Mercator e policônica. O
mapeamento oficial do País é elaborado na projeção policônica, que tem como
característica a diminuição da deformação da convergência dos meridianos,
mantendo uma melhor representação da região Sul do País. Essa é uma projeção
afilática (não é conforme, equivalente ou equidistante) e policônica (utiliza vários
cones como superfície de projeção). O mapeamento na escala de 1:1.000.000 é
realizado na projeção cônica conforme de Lambert, seguindo o padrão do
mapeamento mundial definido pela ONU.
Os sistemas de coordenadas métricas e geográficas são importantes
ferramentas na geoespacialização de dados geográficos no campo profissional,
auxiliando muitas atividades do dia a dia. Em sala de aula, o entendimento de como
se construiu essa ferramenta e como ela é aplicada dentro da cartografia é importante
para o aluno compreender os conteúdos, principalmente, aqueles relacionados com
análises espaciais mais complexas, como se comportam os fenômenos geográficos a
nível local e mundial.
As coordenadas geográficas foram concebidas para determinar os pontos da
superfície terrestre levando em conta a sua esfericidade. Assim, as diferentes
projeções cartográficas representam o globo terrestre no plano, cada uma oferecendo
um grau de distorção, em diferentes locais. Cabe ao professor apresentar aos alunos
as vantagens e desvantagens da utilização de cada um dos métodos de projeção.
(CARVALHO; ARAÚJO, 2009).
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7 CARTA TOPOGRÁFICA: PLANIMETRIA E ALTIMETRIA
48
dados também podem ser extraídos de fotografias aéreas por meio de Sistemas de
Informações Geográficas (SIG), fazendo com que os processos sejam executados
com rapidez e acurácia, seja por meio de materiais para serem trabalhados on-line,
seja para a obtenção do arquivo para posterior tratamento e análise geoespacial.
Antes de iniciar uma nova pesquisa topográfica, recomenda-se que sejam
pesquisados e acessados os dados das plantas e dos mapas topográficos disponíveis
da área, ainda que eles não sejam exatamente o tipo de produto cartográfico que você
precisa. Esses materiais podem fornecer informações importantes, além de
peculiaridades sobre a área de estudo em questão, melhorando o planejamento para
a pesquisa topográfica.
Em geral, dados topográficos estão disponíveis em instituições governamentais
responsáveis por levantamentos geológicos ou levantamentos de uso e ocupação do
solo, por exemplo. No Brasil, algumas instituições que disponibilizam dados são: o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por meio do Banco de Dados
Geomorfométricos do Brasil (TOPODATA); o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE); os departamentos de pesquisa geológica, como a Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais; os departamentos cadastrais de governos regionais
e/ou municipais (por exemplo, as secretarias públicas que geram o Imposto Predial e
Territorial Urbano [IPTU]); e as agências de desenvolvimento agropecuário, como a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para representar, em papel ou digitalmente, as distâncias que podemos medir
em campo, é necessário reduzi-las, e isso significa que você deve diminuir o tamanho
das distâncias de maneira proporcional de acordo com uma escala. A escala
expressa, portanto, a relação que existe entre a distância mostrada em um desenho
ou mapa e a distância real em um terreno. Por exemplo, uma escala 1:1000 representa
em 1 cm cerca de 10 m, enquanto uma escala 1:10000 representa 100 m por
centímetro de mapa.
Os termos mapas, cartas e plantas eram usados de maneira indiscriminada e
intercambiável. Contudo, Duarte (2002) sugere a definição de cartas como “uma
espécie de mapa”, confeccionada segundo aspectos técnicos resultantes de uma
organização internacional ou nacional sistemática e organizada que estabelece as
normas de apresentação do documento cartográfico, geralmente, em médias ou
grandes escalas, permitindo maior detalhamento.
49
As cartas e os mapas são resultado, portanto, de informações coletadas em
levantamentos topográficos. As cartas são, em geral, representações em escalas
maiores (por exemplo, 1:10.000), enquanto mapas são representações em pequena
escala (1:25.000, 1:50.000, 1:100.000, 1:250.000, entre outras escalas). Nota-se que
uma proporção com um número menor é uma escala maior, ou seja, 1:500 é uma
escala maior do que 1:1.000, e assim por diante. Vale ressaltar que, em produtos
cartográficos como perfis e plantas, podemos representar com escalas diferentes
horizontal e verticalmente, exagerando uma das duas dimensões, por exemplo, para
destacar algum detalhe importante.
51
produto cartográfico possa apresentar, e isso pode ser visualizado nas cartas
disponibilizadas pelo IBGE. Uma carta planimétrica consiste em um recurso para
representações de características artificiais e naturais de uma localidade
demonstradas de modo tridimensional com linhas (vetores) e pontos. Os pontos
observados são projetados ortogonalmente no plano horizontal de referência
desconsiderando, portanto, a irregularidade do relevo. (SCHUIT, 2011).
Uma das principais aplicações das cartas planimétricas no ensino de geografia
é o trabalho com a escala (elemento básico de um produto cartográfico) de modo a
representar a superfície real em um plano projetado. Pela escala, é possível
estabelecer a distância real, por exemplo, em exemplos simples, distâncias entre
cidades importantes e, mais uma vez, explorar detalhes do planejamento urbano, da
ocupação não ordenada urbana, além de discutir conteúdos relacionados à
comercialização de mercadorias e ao oferecimento de trabalhos. Por meio das cartas
topográficas, ocorre a representação planimétrica de redes telefônicas e de energia
elétrica, e também de outros elementos como escolas, igrejas, praças e museus.
53
7.5 Mapas planialtimétricos
54
Representação planialtimétrica simplificada aplicando variação de cores para a região de Ituiutaba
(MG).
Fonte: ArcGis... (2019, documento on-line).
55
7.7 Atividades de geocartografia no ensino de geografia
56
acompanhamento ao longo de aulas práticas. Em caso de turmas grandes, uma
solução é que os exercícios sejam aplicados de forma complementar (tarefas para
casa) ou com a demonstração das ferramentas em um computador.
Nesse contexto, Gillen et al. (2010) questionam até que ponto os instrutores
utilizam conceitos contemporâneos, como SIG ou GPS, para treinar seus alunos sobre
o significado dos mapas, uma vez que o GPS pode ser utilizado na topografia mesmo
em levantamentos planialtimétricos mais tradicionais. Essas questões são pertinentes
para a viabilidade da interpretação de mapas em futuras aulas teórico- -práticas de
geografia. Vale destacar que Gillen et al. (2010) contextualizam essas temáticas em
sua análise sobre os diferentes livros didáticos empregados no ensino.
A conclusão acerca dessas aplicações no ensino de geografia é que o docente
responsável por ensinar esses conteúdos (cartas topográficas, altimetria, planimetria
e suas aplicações) pode introduzir a interpretação de mapas em sua turma escolhendo
ferramentas em papel mais consolidadas, porém com atividades mais práticas e
atuais, considerando que, possivelmente, a adaptação a cada realidade se fará
necessária de acordo com os recursos financeiros, computacionais e humanos
disponíveis (é sempre mais efetivo trabalhar com grupos pequenos ou contar com
monitores para apoio na realização das atividades, mas a realização de atividades em
formato de tarefas para casa pode ser um bom começo para introduzir diferentes
abordagens).
Cartas planimétricas, altimétricas ou planialtimétricas, com representações de
características artificiais e naturais de um local, possibilitam representar abordagens
distintas e amplas. O reconhecimento do relevo (topografia) é importante e está
correlacionado com aplicações como: a determinação de padrões pedológicos,
hidrológicos ou geológicos, a extração de curvas de nível (reconhecimento do relevo
e melhor aproveitamento de uma área), o gerenciamento de recursos hídricos
(delimitação de bacias hidrográficas) e o planejamento ambiental.
A principal motivação para continuar utilizando cartas topográficas mesmo com
o surgimento de mapas digitais é facilitar o aprendizado de leitura e interpretação
(identificação) dos elementos de uma paisagem, possibilitando a medição de
distâncias, ângulos e desníveis das superfícies (reconhecimento do relevo). Todos os
esforços em ensino de geografia abordando temas variados e aplicação de cartas
topográficas propiciam que profissionais fomentem as discussões relacionadas ao
57
conhecimento do território amplamente, englobando novas ferramentas de ensino e
de confecção de produtos cartográficos.
8 DECLIVIDADE E PERFIS
O uso de mapas nas últimas décadas, como parte das atividades cotidianas,
cresceu influenciado grandemente pela produção digital, pela disseminação de mapas
e pela disponibilidade de novos dispositivos a um menor custo (GRIFFIN;
FABRIKANT, 2012). Tal crescimento torna o trabalho dos cartógrafos e designers de
mapas mais desafiador e contrasta com a prática inicial da cartografia em que os
projetos eram cartas e mapas estáticos desenvolvidos em papel.
Em geral, a maioria dos mapas pode ser classificada como de uso geral ou
temática, sendo que, às vezes, alguns mapas parecerem mistos, encaixando-se em
qualquer uma das categorias (DENT; TORGUSON; HODLER, 2009).
O objetivo de um mapa temático é ilustrar as características estruturais de
alguma distribuição geográfica específica (ROBINSON et al., 1995). Os recursos
estruturais incluem relações de distância e direcional, padrões de localização ou
atributos espaciais de mudança de magnitude.
Um mapa temático é composto de três componentes importantes: um mapa
geográfico ou camada mapa-base, uma sobreposição temática e um conjunto de
elementos auxiliares do mapa, como títulos, legendas, linhas de referência e outros
elementos. O usuário de um mapa temático deve integrar essas informações, visual e
intelectualmente, durante a leitura do mapa. O objetivo do mapa de base geográfica é
58
fornecer informações de localização às quais a sobreposição temática pode ser
relacionada. O mapa-base deve ser bem projetado e incluir apenas a quantidade de
informações necessárias para transmitir a mensagem do mapa (DENT; TORGUSON;
HODLER, 2009).
Simplicidade e clareza são importantes recursos de design da sobreposição
temática, assim como escolher os símbolos corretos ou o tipo de mapa temático para
corresponder aos dados que estão sendo mapeados. Observe que em muitos
aplicativos de mapeamento (Sistemas de Informação Geográfica [SIG]), o mapa-base
e os dados temáticos usados para gerar os símbolos são vinculados em uma única
camada de dados.
Os elementos auxiliares do mapa em um layout de mapa devem descrever o
mapa de forma sucinta para o leitor de mapas e devem ser colocados para equilibrar
visualmente o mapa. Na maioria dos casos, os mais importantes são o título e a
legenda. A legenda é importante para ajudar o leitor a interpretar corretamente
símbolos, intervalos de dados e outros detalhes representados. A declaração de
origem reconhece a (s) fonte (s) para os dados utilizados no mapa.
Mapas temáticos apresentam, portanto, um tema gráfico sobre um assunto,
mas devemos lembrar que um único tema é escolhido para esse mapa e é isso que o
distingue de um mapa de referência. Os mapas temáticos podem ser subdivididos em
dois grupos, qualitativo e quantitativo.
Os mapas temáticos qualitativos podem mostrar a distribuição espacial ou a
localização de um único tema dos dados nominais. Esses tipos de mapas temáticos
não mostram quantidade, mas informações puramente qualitativas, e geralmente são
muito generalizados em seus registros.
Alguns tipos comuns de mapas qualitativos são os mapas de regiões com seus
ecossistemas (isto é, biomas), descrição de geologia, tipos de solo, mapas de uso e
ocupação do solo. Vale ressaltar que, nos mapas qualitativos, o leitor não é habilitado
a quantificar a partir das observações apresentadas, exceto de análises relativas,
como, por exemplo, a extensão relativa da área (porcentagem de área) e a expansão
de fronteiras (p. ex., agrícola, desmatamento e ocupação urbana). (DENT;
TORGUSON; HODLER, 2009).
59
Mapa de solos do Brasil na escala 1:5.000.000.
Fonte: Marques (2016, documento on-line).
60
No caso ilustrado anteriormente, podemos analisar que na mesma reportagem
do Jornal O Globo, contendo um mapa construído pelo Laboratório de Métodos
Computacionais em Engenharia da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de
Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro), há representação no mapa qualiquantitativo das possíveis fontes e trajetos
do contaminante. Como clara evidência das representações quantitativas, temos o
uso de uma escala de porcentagem de probabilidade (variando do azul para o
amarelo). (DENT; TORGUSON; HODLER, 2009).
Então, podemos afirmar que a principal diferença entre os dois tipos de mapas
temáticos é a análise que cada uma pode propiciar, análises quantitativas e
estatísticas (mais precisas) por meio da utilização de mapas temáticos quantitativos e
análises subjetivas ou relativas de uma visualização de um tema específico.
62
Exemplos de mapas quantitativos representando a mesma informação.
Fonte: o autor.
63
algumas funções como a declividade (slope) podem ser utilizadas para a obtenção em
uma área específica a ser determinada pelo usuário.
A gênese e a classificação do relevo estão sujeitas a um estudo mais detalhado
em geomorfologia, embora sejam classificadas em cartografia e topografia em termos
das possibilidades de sua representação cartográfica. De acordo com o tipo, relevo
significa uma soma de certas formas de relevo repetidas por alguma regra e que
evoluíram em um determinado terreno geológico sob a influência do mesmo complexo
de fatores orogênicos.
65
platôs, várzeas e desertos. A continuidade lateral apresenta as camadas que se
estenderão em todas as direções, expostas pela “escultura” do rio.
Complementarmente, o Horseshoe Bend (ainda no Grand Canyon) foi formado
também pela ação da água, e, nas paredes do penhasco, é possível observar o denso
e resistente arenito navajo.
No Brasil, simplificadamente, há planícies, planaltos e depressões. Vale
ressaltar que, em geral, o país não apresenta altitudes elevadas e há diversas
classificações possíveis.
A Resolução Conama n.º 303/2002, em seu art. 2º, descreve algumas
definições que se relacionam com o relevo para facilitar a definição de áreas de
proteção permanente:
sombreamento e camadas;
66
geométricos, como as elevações pontuais e linhas de contorno (curvas de
nível);
combinações de diferentes métodos.
67
Propósitos da cartografia.
Fonte: Adaptada de Menezes e Fernandes (2013)
68
Em relação à escala, esta serve para calcular, visando a ter uma boa
aproximação entre dois ou mais pontos representados em um mapa. Por exemplo,
quando um mapa apresenta uma escala de 1:100.000, isto significa que a realidade
foi reduzida cem mil vezes para representar a realidade no papel, ou seja, cada
centímetro do papel corresponde a 100.000 centímetros no espaço real.
A cartografia está presente de diferentes formas no cotidiano da humanidade.
Dessa forma, é imprescindível que os alunos entendam o seu significado. Além disso,
a cartografia, além de trabalhar a noção da geografia, também trabalha a questão da
matemática, da interpretação, do raciocínio lógico e da própria leitura. É fundamental
que os professores transmitam o conhecimento a respeito dessa ciência da forma
mais didática possível. (TULER; SARAIVA, 2016).
69
uma reflexão inicial sobre os seus principais usos pode ser realizada, principalmente,
em relação aos mapas-múndi. Pode-se citar como exemplo histórico os portugueses,
que possuíam conhecimentos cartográficos sólidos e eram considerados, na época
das grandes navegações, uma nação poderosa. Naquele período, entre os séculos
XV e XVI, era fundamental para os países exploradores saberem a localização dos
territórios e dos oceanos para aumentar a sua soberania. Esses países deveriam ter
capacidade de produzir novos mapas e interpretar corretamente os já existentes
(SILVA; NASCIMENTO, 2015).
Em mapas-múndi temáticos, diferentes fenômenos em nível mundial são
estudados, como economia, população, clima, qualidade de vida com indicadores —
como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) —, aspectos físicos em geral
(relevo, vegetação, etc.), além da localização pontual dos principais países, estados
e cidades. Aliado a isso, o ensino contemporâneo vem trazendo as facilidades da
difusão de aparelhos de localização, como os receptores GPS (Global Positioning
System) e as imagens de satélites georreferenciados, como as do Google Earth, por
exemplo.
Mapa-múndi com as divisões políticas mundiais, os meridianos e paralelos e os nomes dos principais
países, cidades, oceanos e rios.
Fonte: frees/Shutterstock.com
71
obtidos nas expedições efetuadas por Isaac Newton. Os ingleses também efetuavam
várias medições, chegando a valores divergentes dos obtidos pelos franceses. Para
acabar com essas diferenças, foi realizado um novo levantamento trigonométrico,
alcançando- -se, finalmente, um consenso, entre Londres (Observatório de
Greenwich) e Dover (cidade portuária localizada a sudeste de Londres).
Evoluindo daquela época, a cartografia, atualmente, conta com valiosos
recursos, como: aerofotos, imagens orbitais, sistemas de posicionamento por
satélites, programas e aplicativos computacionais que, além de facilitar as atividades
cartográficas e aumentar a sua eficiência de atualização, também possibilitam a rápida
disponibilização das informações coletadas (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, c2019).
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Análise espacial em escala mundial por meio do uso da ferramenta digital do Google Earth.
Fonte: Google (c2019, documento on-line).
73
Na leitura do mapa, esse é o elemento de maior destaque, apresentado em local de
fácil visualização.
Legenda: apresenta uma das principais funções para a leitura dos mapas,
traduzindo o que está sendo passado por meio de cores, formas, tamanhos e
símbolos. Por convenção, existem alguns padrões de cores e símbolos estabelecidos
pelo IBGE. Por exemplo, a cor azul é utilizada para água, enquanto a verde, para
vegetação, ou os padrões de tracejados, como os padrões para ferrovias e rodovias.
Orientação cartográfica: fornece a posição do mapa em relação aos pontos
cardeais. Esse elemento é necessário para que o leitor se oriente corretamente pelo
mapa. A orientação pode ser apresentada nos mapas com uma seta apontando para
o norte (N) ou também pode ser indicada por uma rosa dos ventos.
Escala: é a proporção matemática entre a área real do terreno e a sua
representação cartográfica, ou seja, a proporção que é dada pelo mapa. Os dois tipos
de escalas mais comuns são a numérica, composta unicamente por números, e a
gráfica, estabelecida por uma por uma linha ou barra desenhada no mapa no sentido
horizontal.
Projeção cartográfica: é a forma ou a base cartográfica utilizada para
representar uma parte da superfície da Terra. Como a forma da Terra é esférica,
existem certos métodos a serem adotados para representá-la em um plano. Assim, o
autor deve sempre escolher o tipo de projeção cartográfica menos prejudicial ao seu
trabalho em termos de distorções do espaço representado. Nesse item, também é
importante indicar algumas coordenadas para o mapa, a fim de melhor localizar os
objetos.
74
Historicamente, o uso dos mapas surgiu antes mesmo do domínio da escrita
pelo homem, na região da Mesopotâmia. As sociedades locais elaboravam mapas
com o objetivo de registrar os lugares onde viviam e por onde passavam em seu dia
a dia. Com a expansão das civilizações antigas, tanto na Mesopotâmia quanto no
Egito e Grécia, os mapas passaram a ter uma importância ainda maior, pois era
necessário reconhecer e documentar os limites das áreas dominadas e também as
possibilidades de ampliação de suas fronteiras por meio das guerras da época. Assim,
os mapas eram utilizados para o planejamento das guerras (SILVA; NASCIMENTO,
2015).
Os mapas podem ser facilmente relacionados com os estudos de caráter
geográfico, contudo, também podem ser aplicados em muitas outras disciplinas, como
história, filosofia, química e matemática. Além disso, pode-se utilizar a ferramenta dos
mapas em caráter interdisciplinar e transdisciplinar em inúmeros projetos.
75
distribuição espacial dos fenômenos, contemplando as especificidades do objeto de
estudo da geografia, assim como toda a gama da relação homem e natureza (BITAR;
SOUSA 2009).
Os estudos cartográficos podem ser incluídos na rotina das crianças a partir
dos 6 ou 7 anos de idade, quando o aluno, com o auxílio do professor, poderá
desenvolver algumas habilidades, como a lateralidade, com os conceitos de esquerda
e direita e os pontos cardeais. Antes disso, ainda quando criança, o aluno deve ter
desenvolvido as primeiras relações espaciais denominadas de topológicas
elementares (conceito de dentro e fora, perto e longe), que começam a se estabelecer
desde o nascimento e são a base para o entendimento das relações espaciais mais
complexas (BITAR; SOUSA 2009).
Ao estimular o aluno a ter uma visão cartográfica, deve-se considerar o próprio
interesse da criança pelas diferentes formas de apresentação dos mapas ou das
imagens, pois isso refletirá positivamente no processo da alfabetização cartográfica.
Cabe ao professor oferecer os recursos adequados, trabalhando de forma lúdica e
explorando a linguagem visual produzida pelas ferramentas. É importante desenvolver
a capacidade de leitura e de comunicação oral e escrita por meio de desenhos, fotos,
gráficos, tabelas, mapas, animações em 3D, plantas, maquetes e imagens de satélite,
permitindo ao aluno a percepção e o domínio do espaço (SIMIELLI, 2007).
76
A produção de mapas é uma atividade muito antiga que surgiu antes da escrita,
tornando-se a memória de muitos povos antigos. Tanto no resgate dessas histórias
quanto na construção da história contemporânea do aluno, é importante a correta
atuação do professor de geografia dentro dos conceitos cartográficos. Assim, a
principal função do professor, principalmente, o da disciplina de geografia, é estimular
os seus alunos a perceberem melhor o mundo, partindo da sua capacidade de
compreender o local para o entendimento do global. Os mapas e globos são
importantes ferramentas para auxiliar esse processo, além de permitir que os alunos
viagem por diferentes locais sem sair de casa, percebendo o mundo de maneira
distinta e visual. (SIMIELLI, 2007).
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CASACA, J.; MATOS, J.; BAIO, M. Topografia geral. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2017.
FITZ, P. R. Cartografia básica. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 144 p.
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GIRARDI, G. Mapas desejantes: uma agenda para a cartografia geográfica. Pro-
Posições, v. 20, n. 3, p.147–157, 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10. pdf . Acesso em: 11 dez. 2019.
79
NOGUEIRA, R. E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados
espaciais. 3. ed. Florianópolis: UFSC, 2009.
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