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Adolescentes têm uma probabilidade muito maior de anemia na gravidez, partos prematuros,
bebés de baixo peso, por desenvolvimento fetal insuficiente e desenvolvimento de doença
hipertensiva específica da gravidez (DHEG). Tal agravo, se não tratado adequadamente, pode
conduzir à morte, sendo o risco mais elevado de morte materna entre as jovens menores de 20
anos. Entre as meninas de 10 a 14 anos, o risco de morte materna é cinco vezes maior, quando
comparado com o das jovens de 15 a 19 anos (p. 6).
Problematização
Na época do Brasil colonial, era comum o casamento de uma menina de doze anos
com um homem de sessenta anos. Tais uniões visavam tão somente critérios económicos e
sociais. Os médicos higienistas passaram a condenar tais práticas alegando que as uniões
conjugais deveriam basear-se em critérios biológicos e afectivos. Nesta época, o intervalo
entre 18 e 20 anos era considerado como o período mais higiénico para a gestação (Silva,
2020, p. 13). No mundo actual e em particular em Machava (Moçambique), os critérios
biológicos e afectivos constituem a base a celebração de uniões. Neste contexto, embora
legalmente se considere em Moçambique maior de idade pessoa com 18 anos, não existe
idade mínima para namorar e iniciar a actividade sexual.
Na América Latina e no Caribe a taxa de natalidade entre as adolescentes vem
diminuindo mais lentamente se comparadas com Estados Unidos e Canadá. Entre os países da
América do Sul, o Brasil é o quarto país com maior número de adolescentes grávidas, ou seja,
em cada grupo de mil meninas com idade entre 15 e 19 anos, 68,4% engravidam (Silva, 2020,
p. 13). Contemporaneamente, a gravidez na adolescência é considerada como um problema
de saúde pública e motivo de preocupação tanto pela possibilidade de ocorrência de
gravidezes indesejadas, como também pela propagação de DSTs e AIDS.
Arthur e Cabral (2007) apud Matsinhe (2012, p. 12), defendem que a gravidez na
adolescência em Moçambique representa antes de tudo uma questão de saúde pública, devido
aos problemas que esta levanta como por exemplo, o abandono escolar e os riscos para a
saúde da adolescente. Estes autores defendem ainda que a gravidez na adolescência é um
problema que inicia na “instituição família” visto que, neste lugar ainda prevalecem
restrições e proibições na abordagem sobre a sexualidade feminina e as transformações
anatómicas da rapariga.
Segundo UNFPA (2013, p. 6), em Moçambique, estima-se que 40% das jovens de 20-
24 anos tiveram filhos antes dos 18 anos. Neste sentido, a frequência da gravidez na
adolescência está directamente ligada ao casamento prematuro, uma vez que 18% das jovens
deste grupo etário estão casadas antes protecção da saúde dos adolescentes e jovens de 15
anos de idade, e 52% casaram antes de completar 18 anos. Este cenário coloca Moçambique
como um dos sete países maior número de casos de casamentos prematuros.
Hipótese
Objectivos
Objectivo Geral
Objectivos específicos
Justificativa
Justificativa subjectiva
Justificativa Objectiva
Relevância
Enquadramento teórico
Enquadramento conceptual
Santos e Carvalho (2006) apud Rocha (2014) afirmam que a adolescência é uma fase
de desorganização psíquica. O adolescente não possui ainda a capacidade de organizar os
conflitos e aspectos primitivos que vêm à tona e, ao lidar com seus impulsos agressivos e
sexuais, ao invés de elaborá-los internamente, ele, muitas vezes os descarrega em uma acção
para satisfazer os desejos imediatos (p. 14).
Esse facto é reformulado por Muhlbauer e Fukui (2007) apud Rocha (2014), ao
definir adolescência como uma fase do desenvolvimento que marca a passagem da infância
à vida adulta, caracterizada por transformações biopsicossociais, determinadas por factores
genéticos e ambientais (p. 14). Percebe-se que sobre o desenvolvimento psicossocial, na
medida em que a idade adulta se aproxima, o adolescente deve estabelecer relacionamentos
íntimos ou permanecer socialmente isolado. Esta fase, constrói-se a identidade sexual. Desta
forma, Rocha (2014), explica que:
A obtenção da identidade sexual é intensificada pelas alterações físicas da puberdade.
Também é influenciada por atitudes culturais, expectativas do comportamento sexual e
modelos de papéis válidos. Os adolescentes procuram uma identidade de grupo porque
necessitam de estima e aceitação. É comum, em grupos, uma semelhança no modo de vestir e
falar. A popularidade com o sexo oposto, assim como os do mesmo sexo, torna-se importante
durante a adolescência. A necessidade de identidade de grupo entra em conflito com a
necessidade de uma identidade pessoal (p. 14).
Existem vários factores que influenciam para a alta incidência da gravidez entre adolescentes.
Os principais são o início sexual cada vez mais cedo, muitas vezes fruto da empolgação ou do
momento da fase da vida, o qual adolescente vivência dentro e fora da estrutura familiar);
dificuldade de acesso aos meios anticonceptivos; desestruturação familiar; falsas expectativas
e falta de informação sobre os métodos a usarem para prevenirse da gravidez. O contexto
familiar tem relação directa com a época em que se inicia actividade sexual (p. 18).
Segundo Rocha (2014, p. 16), mais da metade das adolescentes engravida por outras
causas que não o desejo pela maternidade em si. Engravidar para não perder o namorado,
para sair da casa dos pais e evitar o clima familiar desagradável, para afirmar sua
feminilidade através da fertilidade, para encontrar nos cuidados com o filho um objectivo
para sua vida, para aplacar a solidão na companhia do filho, dentre outros, por uma vida
tortuosa, a tentativa de preencher um vazio interior. Dentre os principais factores pelos quais
as adolescentes engravidam, as variáveis demográficas, falta de acesso a serviços específicos
para atender essa faixa etária.