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António Carlos Sambo

Classificação, Organização e funcionamento das escolas (Básicas e Secundárias)

Licenciatura em Ciências de Educação, 4º Ano – Pós Laboral.

Universidade Pedagógica de Maputo


2022
António Carlos Sambo

Classificação, Organização e funcionamento das escolas (Básicas e Secundárias)

Trabalho a ser apresentada no curso de


Ciências da Educação, Faculdade de
Ciências de Educação e Psicologia, na
Cadeira de Praticas Pedagogicas para o
ensino Secundario, sob orientação da Dra
Ana Zeca Nhamavure

Universidade Pedagógica de Maputo


2022
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1. Introdução

A educação é um meio pelo qual a sociedade prepara os cidadãos para garantir a sua
continuidade e o seu desenvolvimento. Trata-se de um processo dinâmico que busca as melhores
estratégias para responder aos desafios que a sociedade impõe. No caso concreto da sociedade
moçambicana, a educação deve estar preparada para formar cidadãos capazes de viver com as
mudanças, motivadas por factores naturais, político-económicos e socioculturais que ocorrem no
país.

O presente trabalho surge na sequência das orientações académicas para a Cadeira de Praticas
Pedagógica para o ensino Secundário, e debruçou-se sobre “Classificação, Organização e
funcionamento das escolas (Básicas e Segundarias).”

Deste modo, o trabalho obedece a seguinte estrutura: introdução, conteúdo ou desenvolvimento


do tema e as referências bibliográficas. Na introdução irei apresentar: pertinência do tema, o
objectivo do trabalho e a metodologia usada para a elaboração do trabalho. Em seguida o
desenvolvimento do tema com abordagem dos diversos posicionamentos de ordem teórica
inerentes ao tema. No fim as conclusões, e as referências bibliográficas consultadas.

1.1. Objetivos
1.1.1. Objetivo geral
 CompreenderaClassificação, Organização e funcionamento das escolas (Básicas e
Segundarias).

1.1.2. Objetivos específicos


 Definir o conceito de Escola;
 Descrever aClassificação, Organização e funcionamento das escolas (Básicas e
Segundarias).
 Comparar a Classificação, Organização e funcionamento das escolas (Básicas e
Segundarias).
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1.2. Metodologia
Para a realização do presente trabalho, efetuou-se a revisão bibliográfica, onde se fez a leitura e
análise dos tópicos inerentes ao tema, que na opinião de GIL (2008, p.45): “Vale-se de materiais
que já recebem a um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com
os objetos da pesquisa”.

2. Definição de conceitos

2.1. Escola
De acordo com Paulo Freire, “se o meu compromisso é realmente com o homem concreto, com a
causa de sua humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da ciência,
nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor lutar por esta causa” (2007,
p. 22).

Paulo Freire expressa que a escola deve ser um lugar de trabalho, de ensino, de aprendizagem.
Um lugar em que a convivência permita estar continuamente se superando, porque a escola é o
espaço privilegiado para pensar. Ele que sempre acreditou na capacidade criadora dos homens e
mulheres, e pensando assim é que apresenta a escola como instância da sociedade. Paulo Freire
diz que “não é a educação que forma a sociedade de uma determinada maneira, senão que esta,
tendo-se formado a si mesma de certa forma, estabelece a educação que está de acordo com os
valores que guiam essa sociedade” (1975, p. 30).

2.2. Educação
Na perspectiva de Antunes (2001, p. 19), é um processo de crescimento com objectivo de auto –
realização no campo pessoal profissional, que processa ao longo da vida dos seres humanos e
tem lugar em todos os espaços em que vive.
Neste contexto a educação é uma preparação para uma vida melhor e mudança de mentalidade.

2.3. Ensino
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Segundo Baranov, S.P. et al (1989, p. 75) o ensino é "um processo bilateral de ensino e
aprendizagem". Daí, que seja axiomático explicitar que não existe ensino sem "aprendizagem".
Seu posicionamento sempre foi muito claro, quando estabeleciam entre ensino e aprendizagem,
uma unidade dialéctica.
Para Neuner, G. et al (1981, p. 254) "a linha fundamental do processo de ensino é a transmissão
e apropriação de um sólido sistema de conhecimentos e capacidades duradouras e aplicáveis."
Destaca-se, por um lado, neste conceito a menção de "um sólido sistema de conhecimento", e por
outro lado, as "capacidades duradouras e aplicáveis". No primeiro caso, referindo-se ao processo
de instrução que procura atingir a superação dos discentes e o segundo caso ao treinamento,
como forma de desenvolver as capacidades.

3. Classificação, Organização e funcionamento das escolas ( Básicas)


3.1. Estrutura do Ensino Primário (Organização)

A Lei nº 18/2018, de 28 de Dezembro, preconiza um Ensino Primário de seis (6) classes,


organizadas em dois ciclos de aprendizagem:

a) I ciclo, de 1ª a 3ª classe, e

b) II ciclo, de 4ª a 6ª classe.

Os ciclos são unidades de aprendizagem em que o aluno desenvolve competências específicas.

O professor deve criar condições para que o ensino esteja centrado no aluno e nas aprendizagens,
providenciando a recuperação daqueles que tenham dificuldades de aprendizagem e garantir que
todos atinjam as competências previstas no ciclo, através de uma avaliação predominantemente
formativa, P.E. E (2020-2024)

O sistema de avaliação recomenda a progressão por ciclos de aprendizagem em que dentro de


cada ciclo os alunos progridem, normalmente, de uma classe para outra. Transitam de um ciclo
para o outro, os alunos que tiverem desenvolvido as competências previstas no ciclo.
Excepcionalmente, poderá haver retenção, no final do ciclo de aprendizagem, nos casos em que
o professor, a direcção da escola e os pais e/ou encarregados de educação cheguem a um
consenso de que o aluno não desenvolveu as competências previstas e, por isso, não beneficiará
de transição para o ciclo seguinte. Lei 18/2018 de Dezembro
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3.2. Idade para a frequência do Ensino Primário

Ao abrigo do artigo sete da Lei supracitada, a criança que completa seis (6) anos de idade até 30
de Junho, desse ano, matricula-se na primeira classe.

3.3. Modalidades de ensino (funcionamento)

Alei 18/2018 de Dezembro preconiza o Ensino Primário em regime de monodocência e é


ministrado em duas modalidades, a saber: monolíngue, em Língua Portuguesa, e bilíngue, em
Línguas Moçambicanas, incluindo a língua de sinais, e em Língua Portuguesa. Para o
atendimento de alunos com deficiência visual, as duas modalidades de ensino poderão incluir o
uso do Sistema Braille, e o ensino primário Integrado.

O Ensino Primário Integrado caracteriza-se por permitir que o aluno desenvolva competências
de forma articulada e integrada, em todas as áreas de aprendizagem que compõem o currículo.
Esta abordagem é complementada por atividadesco-curriculares e suportada por um sistema de
avaliação que integra as componentes diagnóstica, sumativa e formativa.

A integração resultou na redução do número de disciplinas pela incorporação de competências e


conteúdos de umas disciplinas para outras, assim sendo:

3.4. Ensino Monolíngue


a) Na 1ª e 2ª classes – de seis (6) para três (3) disciplinas; -
b) Na 3ª classe – de oito (8) para três (3) disciplinas;
c) Na 4ª e 5ª classes – de nove (9) para seis (6) e sete (7) disciplinas, respectivamente; -
d) Na 6ª classe – de onze (11) para sete (7) disciplinas.

3.5. Ensino Bilíngue


a) Na 1ª e 2ª classes – de sete (7) para quatro (4) disciplinas;
b) Na 3ª classe – de nove (9) para quatro (4) disciplinas;
c) Na 4ª e 5ª classes – de dez (10) para sete (7) e oito (8) disciplinas, respectivamente;
d) Na 6ª classe – de doze (12) para sete (7) disciplinas.
3.6. Formas de Progressão
3.6.1. Progressão dentro do ciclo
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Dentro de cada ciclo, o aluno progride, normalmente, de uma classe para outra. Partindo do
pressuposto de que o desenvolvimento cognitivo não é uniforme para todos os alunos, o
professor deverá providenciar apoio adicional aos alunos com dificuldades, para permitir que
todos desenvolvam as competências requeridas. Dentro do ciclo, o aluno que revelar
competências acima do exigido, pode progredir para a classe seguinte, até ao fim do 1º trimestre,
sob proposta do professor e aprovação da Direcção da Escola ouvidos os pais e/ou encarregados
de educação. P.E. E (2020-2024)

3.6.2. Transição do primeiro para o segundo ciclo


No fim do primeiro ciclo, na 3ª classe, o aluno é submetido a uma avaliação interna, elaborada e
realizada na escola, sob supervisão da Zona de Influência Pedagógica (ZIP), para aferir o
desenvolvimento de competências requeridas neste ciclo. Transita para o segundo ciclo, o aluno
que tiver desenvolvido as competências previstas no primeiro. Excepcionalmente, poderá haver
retenção nos casos em que o professor, a direcção da escola cheguem ao consenso de que o aluno
não desenvolveu as competências previstas e, por isso, não beneficiará da progressão para o
estágio seguinte.

4. Classificação, Organização e funcionamento das escolas (Secundárias)


1. A Escola do ESG é uma instituição de carácter social, com fins educativos, sob tutela do
Ministério da Educação.

2. São escolas do ESG as que leccionam o 1º e/ou o 2º Ciclos.

3. Entende-se por Iº Ciclo do ESG o nível compreendido pelas 8ª, 9ª e 10ª Classes e por 2º Ciclo,
o nível compreendido pelas 11ª e 12ª Classes. A Lei nº 18/2018, de 28 de Dezembro, preconiza
um Ensino Secundário com dois Ciclos a partir de ano 2023, istoé, Iº Ciclo do ESG, o nível
compreendido pelas 7ª, 8ª e 9ª Classes e por 2º Ciclo, o nível compreendido pelas 10ª , 11ª e 12ª
Classes.

4.1. Classificação das escolas

As escolas do ESG classificam-se em A, B e C.


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1. São escolas do tipo A as que possuem, no mínimo e cumulativamente, 30 salas de aulas e 60


turmas, para além das infra-estruturas obrigatórias e previstas no cadastro.

2. São de tipo B as que possuem, no mínimo e cumulativamente, 20 salas de aulas e 40 turmas,


para além das infra-estruturas obrigatórias e previstas no cadastro.

3. São do tipo C, as escolas que possuem menos de 20 salas de aulas, para além das infra-
estruturas constantes do cadastro.

4.2. Funcionamento das Escolas

O 1º e o 2º Ciclos do ESG devem funcionar em edifícios próprios, construídos em local


adequado aos fins educativos, com mobiliário, material didáctico e equipamento mínimos e com
boas condições de salubridade.

4.3. As escolas secundárias do tipo A funcionam com os requisitos seguintes:

- Bloco administrativo com secretaria e gabinetes para a Direcção da Escola - Salas de aulas com
carteiras, secretaria e cadeira para o professor e quadro preto e armário - Biblioteca (s) -
Laboratórios de Física, Química e Biologia. - Sala de Desenho com equipamento adequado -
Sala de Informática - Sala de Professores - Ginásio - Gabinete para as disciplinas e núcleos
estudantis - Sala para posto médico - Campo de Jogos - Cantina - Balneários e casa de banho
(masculino e feminino, para alunos e professores, em separado) - Anfiteatro - Salão (projecção
de filmes, teatros, espectáculos, etc.) - Terreno anexo para recreio

4.4. As escolas secundárias do tipo B e C funcionam com os seguintes requisitos mínimos:

- Bloco administrativo com secretaria e gabinetes para a Direcção da Escola - Salas de aulas com
carteiras, secretaria e cadeira para o professor, quadro preto e armário.

- Biblioteca (s) - Sala com kits laboratoriais de Física, Química e Biologia - Sala de Professores -
Gabinete para as disciplinas- Sala para posto médico - Campo de Jogos - Cantina - Casas de
banho (masculino e feminino, para alunos e professores, em separado) - Terreno anexo para
recreio

5. Conclusão.
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O Plano Curricular do Ensino Primário (PCEP) constitui o pilar do Currículo do Ensino Primário
em Moçambique. Este surge como resultado da reformulação do currículo introduzido em 2004,
à luz da Lei 6/92, de 6 de Maio e está alicerçado na nova Lei do Sistema Nacional da Educação,
a Lei nº 18/2018 de 28 de Dezembro.

O principal desafio que se coloca as escolas Primárias e Secundária Moçambicanas, apesar de


serem diferentes na organização, funcionamento, classificação é tornar o ensino mais relevante,
no sentido de formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da vida da sua
família, da comunidade e do país, dentro do espírito da preservação da unidade nacional,
manutenção da paz e estabilidade nacional, aprofundamento da democracia e respeito pelos
direitos humanos, bem como da preservação da cultura moçambicana, apoiando se de alguns
instrumentos que as regula, com objetivos semelhantes.

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