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8.

O processo de transformação curricular em Moçambique: Novo Currículo do Ensino Básico

Estas necessidades impõem desafios, mudanças para o sector da educação, nomeadamente da


necessidade de rever os conteúdos de ensino tanto para o Ensino Primário como para o
Secundário.

Constituem inovações deste currículo, a introdução dos ciclos de aprendizagem; o Ensino Básico
integrado; o currículo local; um novo critério de dis tribuição dos Professores no 3º ciclo; a
promoção semi-automática e a introdução de Línguas Moçambicanas durante o ensino, a
integração do Inglês, de Ofícios e de Educação Moral e Cívica como disciplinas curriculares.

Em seguida vamos detalhar os aspectos atrás referidos.

1-Ciclos de aprendizagem O novo currículo do Ensino Básico é constituído por três ciclos de
aprendizagem: o 1º (1ª e 18 2ª classes) é de dois anos; o 2º (3ª, 4ª e 5ª classes) dura três anos; e
o 3º e último (6ª e 7ª classes) de dois anos, como se pode ver no quadro seguinte:

Os ciclos de aprendizagem são unidades de aprendizagem com o objectivo de desenvolver


habilidades e competências específicas. Assim, o 1º ciclo desenvolve habilidades e competências
de leitura e escrita, contagem de números e realização das operações básicas:

somar, subtrair, multiplicar e dividir; observar e estimar distâncias, medir comprimentos; dar
noções de higiene pessoal, de relação com as outras pessoas, consigo próprio e com o meio;

O 2º ciclo aprofunda os conhecimentos e as habilida des desenvolvidos no 1º ciclo e introduz


novas aprendizagens relativas às Ciências Sociais e Naturais, bem como ao cálculo de superfícies e
volumes;

O 3º e ultimo ciclo, para além de consolidar e ampliar os conhecimentos e habilidades


adquiridos nos ciclos anteriores, prepara o aluno para a continuação dos estudos e/ou para a
vida.

Note-se que é necessário ter em conta que os ritmos de aprendizagem e desenvolvimento são
variáveis de pessoa para pessoa, e isto também se deve poder aplicar ao nível da escola,
principalmente nos primeiros anos de escolaridade ( INDE, 1999).
Partindo do pressuposto de que o desenvolvimento cognitivo não é uniforme para todas as
crianças e depende de vários factores, é de considerar a hipótese de providenciar mais tempo para
que as crianças nos diferentes estágios de crescimento atinjam diferentes estágios de
desenvolvimento em diferentes momentos.

Ensino Básico Integrado, em Moçambique é de sete classes, articulado sob o ponto de vista de
estrutura, objectivos, conteúdos, material didáctico e da p rópria prática pedagógica. Caracteriza-se
por desenvolver no aluno conhecimentos, habilidades e valores de forma articulada e integrada
de todas as áreas de aprendizagem, que compõem o currículo, conjugados com as actividades
extra-curriculares e apoiado por um sistema de avaliação que integra as componentes sumativa e
formativa. Através do Ensino Básico Integrado, espera-se proporcionar ao educando um conjunto
de conhecimentos e competências sobre/em diferentes áreas e matérias de uma forma integrada
e harmoniosa.(Rachide, 2015) .

A abordagem integrada das diferentes matérias, versadas pelos livros, apoia consideravelmente o
processo de ensino-aprendizagem na sala de aula, isto é, a prática pedagógica.

Poder-se-ão integrar matérias ou disciplinas que, não necessariamente dentro dos padrões do
currículo tradicional, em que as matérias ou disciplinas são leccionadas de forma isolada ou
compartimentada, guardam entre si algum relacionamento. Assim, poderíamos, se a escola
entendesse que os seus alunos “aprenderiam melhor”, fazer integração de duas, três ou mais
matérias seleccionadas por sua significância.

Assim, tomando como ponto de partida um tema particular de Ciências Sociais, “Estudo da
comunidade onde os alunos são originários”, por exemplo, pode-se motivar os alunos permitir-lhes que
relacionem este tema com conteúdos de Português tais como descrição, relato, etc. A situação
de aprendizagem, neste exemplo, decorrerá ou desencadear-se-á a partir da integração de
conteúdos destas disciplinas, à qual outras matérias ou disciplinas poderão eventualmente agregar-
se.

Entretanto, o ensino integrado não consiste apenas na contemplação de matérias ou conteúdos


doutras disciplinas, compreende também a transformação das experiências dos alunos, do senso
comum, em ciência com que eles possam interpretar fenómenos e desenvolver o mundo que os
rodeiam.

Currículo Local Um dos grandes objectivos do presente currículo é formar cidadãos capazes de
contribuir para a melhoria da sua vida, a vida da sua família, da comunidade e do país, tomando
em consideração os saberes, práticas relevantes e necessidades das comunidades onde a esco la se
situa. Para o efeito, os programas de ensino devem prever uma carga horária de 20 % do total do
tempo do currículo nacional para a acomodação do currículo local (CL).

8.1.Promoção semi-automática ou progressão normal:


A principal inovação no sistema de avaliação consistirá na adopção de um sistema de promoção
por ciclo de aprendizagem dos alunos que consiste na transição destes, de um ciclo de
aprendizagem para o outro. Para que isso aconteça, é necessários que se criem condições de
aprendizagem para que todos os alunos a tinjam os objectivos mínimos de um determinado ciclo,
o que lhes possibilita a progressão para estágios seguintes. Estas condições assentam,
fundamentalmente, numa avaliação p redominantemente formativa, onde o processo de ensino-
aprendizagem esteja centrado no aluno, o que permite que se obtenha uma imagem com a maior
fiabilidade possível do desempenho do aluno em termos de competências básicas descritas no
currículo. (Idem) .

Uma vez assegurada a avaliação formativa, o que significa que se providenciou a recuperação dos
alunos com problemas na aprendizagem, existem condições de base para os promover para os
estágios seguintes, mesmo que ainda existam algumas dificuldades de percurso.

Excepcionalmente, poderá haver casos de repetência no final de cada ciclo de aprendizagem. No


entanto, isso somente acontece nos casos em que o professor, o Director da Escola e os
Pais/Encarregados de Educação cheguem à conclusão que acriança, apesar de todo o esforço
desencadeado por todos eles, não atingiu as competências mínimas e, por isso, não beneficiará
da progressão para o estágio seguinte.
9.Conclusão

Chegado a este ponto conclui-se que Em Moçambique muito antes da chegada dos português as
comunidades nativas tinham o seu sistema de educação dos seus filhos, designada de educação
tradicional, e educação tradicional é aquela que ocorre nos meios sociais ou comunidades de
modo informal, caracterizada pela ausência pré -determinada dos objectivos, conteúdos e das
formas de or ganização específicas, pelo que não reúne o padrão de educação for mal, Um dos
períodos históricos da educação em Moçambique deu-se no tempo colonial, marcado pela
existência de um sistema escolar com objectivos, conteúdos e métodos de ensino propícios ou
adequados para o sistema político vigente.

Na sequência do desenvolvimento impetuoso do processo da luta armada de libertação de


Moçambique surgiram as zonas libertadas em solo pátrio, no norte do Pais. Nessas zonas a vida
das populações era organizada de modo diferente do resto do país ,ainda sob administração
colonial, com a celebração da Independência Nacional a 25 de Junho de 1975, Moçambique
iniciava o processo de organização do Aparelho do Estado e a extensão das experiencias positivas
vividas nas zonas libertadas à escala nacional. Paralelamente a este processo foram sendo
concebidos novos instrumentos normativos e de conteúdos de ensino para todos os níveis e tipos de
ensino.
10.Referencias Bibliográfica

RACHIDE, Fernando, Universidade Pedagógica de Moçambique, Maputo,(2015).

Boletim da República, 3º Suplemento, Publicação Oficial da República Popular de Moçambique,


(1983).

GÓMEZ, Miguel B., Ed ucação de Moçambique História de um Processo: 1962 -1984, Livraria
Universitária, Maputo, Moçambique,(1999).

SABONETE, Crisália Maria Pascoal , Instituto Africano de Promoção da Educação a Distância


(IAPED) manual de tronco comum, (2015).

MAZULA, Brazão, Educação, Cultura, e Ideologia em Moçambique : 1985, Edições Afrontamento e


Fundamento bibliográficas de Língua Portuguesa, (1995).

INDE/MINED, Plano Curricular de Ensino, INDE/MINED Moçambique, (2003).

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