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Capítulo - I

1.0.Introdução
O presente trabalho é atinente a efectivação do trabalho de monografia como
condição essencial para a conclusão da Licenciatura em Ensino de Português,
portanto nele vamos focalizar o aspecto relacionado com o impacto do ensino
Bilingue para o melhoramento do processo de ensino-aprendizagem, “caso da
Escola Primária do 1º e 2º Grau de Sanguene distrito de Sussundenga Posto
Administrativo de Dombe”. Neste âmbito, importa aferir que ao abordarmos o
ensino bilingue, a iniciativa surge como uma resposta de legitimar as diferentes
línguas nacionais que estão espalhadas em todo território moçambicano, uma que a
língua portuguesa desde da conquista da independência, foi instituída como a língua
de unidade nacional, mesmo sabendo que esta tem um número muito ínfimo de
falantes.

A questão que levantamos ao longo do trabalho, este relacionado com o factor de


existir muitos moçambicanos que deslocam em diferentes dos pais, ostentando a
sua própria língua materna ou a chamada língua um (L1), é o facto de estes
indivíduos atravessarem muitos obstáculos ou dificuldades ao se comunicar com os
nativos ou falantes duma língua nativa diferente da sua. Face a este fenómeno,
procuraremos perceber na sua integra como é este ensino bilingue vai contribuir de
alguma forma para a assimilação da matéria, ou de uma dado conteúdo no processo
se ensino-aprendizagem. A estruturação deste trabalho, comporta os itens
recomendados num trabalho científico emanados pela instituição, problematização
e fundamentação teoria.

O objectivo deste trabalho consiste em trazer abordagens relacionadas com o


impacto do ensino bilingue para o melhoramento do processo de ensino-
aprendizagem, assim como uma breve resenha da origem do programa de ensino
bilingue em Moçambique.

O lugar da Língua Materna, o da Língua Portuguesa e posteriormente analisar se,


ao fim do ensino primário, os alunos têm habilidade escrita em Português
desenvolvida, como se prevê no programa bilingue. Deve referir-se que, a
implementação do Ensino Bilingue é resultado das actividades do Ministério de
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Educação e Cultura e Desenvolvimento humano (MECH) como forma de
ultrapassar o problema de insucesso escolar (desistências/abandono e reprovações),
pressupondo-se que o facto de a língua portuguesa ser o único veículo de ensino-
aprendizagem naquele nível de ensino poderia ser uma das causas de tal situação
(Martins, 1992).

1.1.Delimitação
1.1.1. Delimitação sócio-demográfico

Ao falarmos da questão do ensino bilingue, estamos cientes que seja uma via de
legitimar a importância das línguas nacionais, o que o mesmo não acontecia com o
passado, e no ramo da educação, isto pode de alguma forma incentivar a frequência
ou o fluxo das crianças no processo de ensino-aprendizagem uma vez que estes
terão a oportunidade de aprender, caso seja necessário alguns conteúdos de difícil
assimilação na língua L1.

1.1.2. Delimitação temporal


Para melhor percebermos a relevância da aplicabilidade desta metodologia,
traçamos através da programação de recolha de dados e de algumas sensibilidades
em torno do tema em estudo, a deslocação no terreno, ou seja, na escola onde é
implementada esta metodologia de ensino, num período de 30 dias, visto que o
grupo alvo abrangido para a recolha de dados estendeu-se ate a comunidade
residente.

1.1.3. Delimitação espacial


O estudo do tema será realizado dentro do solo pátrio, concretamente na província
de Manica no Distrito de Sussundenga, no posto Administrativo de Dombe.

1.1.4 Relevância do estudo


A educação como um sector chave na formação do homem de amanha, é visto
como uma área fundamental que proporciona o desenvolvimento pessoal e da
sociedade inteira em geral, recordemos que na era medieval, a educação era
transmitida também pelos pais, isto é, partindo de casa, onde os parentes estavam
preocupados em incutir nos mais novos os hábitos e costumes do local onde a
criança se encontrava inserida.

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Como podemos perceber, não existe uma sociedade sem educação e uma educação
sem a sociedade, mas importa aferir que uma sociedade sem educação por mais que
tenha características inatas nos seus constituintes, estes precisa de ter uma
mentalidade futurista que possa perspetivar o futuro assim como delinear
estratégias no sentido de procurar soluções para solucionar os problemas que
afligem esta mesma sociedade.

1.1.5. Relevância Científica


No campo científico, o tema em estudo tem por finalidade, despertar a sociedade
tanto como os gestores do sector da educação principalmente na área de
planificação curricular em relação a qualidade de educação que actualmente
preocupa a sociedade inteira, tendo em conta que a política deste sector tem
merecido muitas críticas, por falta duma ideologia concretizadora que possa
colmatar o fenómeno da falta do ensino de qualidade.

1.1.6. Relevância do Tema

Duma forma, a motivação pelo qual levou a autora a escolher o tema em causa,
relaciona-se com o sentimento pessoal, e trazer ao mesmo tempo uma visão que
permita que a sociedade encare este cenário com seriedade.

1.2. Justificativa

A motivação para a escolha deste tema deveu-se ao facto de verificar-se que muitos
alunos possuem o fraco domínio dos conteúdos, progridem para a classe seguinte sem
competências necessárias que justificam a sua progressão.

Com este trabalho prende-se dar um contributo na progressiva mudança da maneira de


trabalhar na sala de aulas, concretamente nas escolas onde ocorre a implementação do
ensino bilingue, visto que muitos dos alunos não se interessam nesse tipo de ensino no
tange a escrita, apenas ficam interessados no uso da língua local como meio de
comunicação entre os mesmos e o professor.

E os mesmos não assumem como uma realidade pelo facto deste tipo de ensino ainda
não possuir muitos recursos e meios didácticos para eventual consulta.

Tendo como base a actual fragilidade do processo de ensino-aprendizagem, acharmos


pertinente trazer este tema para melhor compreendermos o que estaria por de traz desta

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problemática e, posteriormente como podemos ultrapassar tal fracasso. Como é do
nosso conhecimento, educar não é apenas transmitir conhecimento, mas sim, permitir
que por parte de quem é ensinado consiga aprender alguma coisa que o ajude na sua
vida pessoal e da sociedade onde estiver inserido.
Ao escolher este tema, visa necessariamente procurar uma abordagem que permita
despertar a sociedade no sentido de fazer uma reflexão em torno das sucessivas
mudanças curriculares que no fundo não trazem resultados apalpáveis para o
melhoramento do processo de ensino-aprendizagem.

A autora pretende ainda fazer perceber que a sociedade que a implementação do


ensino bilingue, não vai resolver a actual fragilidade do ensino no nosso país, isto
porque as politicas adoptadas ultimamente divergem com os principais contornos
dos objectivos que essa mesma sociedade pretende almejar, o que tornaria difícil
introduzir este tipo de ensino durante muito tempo, em regime experimental, numa
altura em que a sociedade levanta a questão da introdução das línguas nacionais no
processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com seu objectivo, a educação bilingue pode ser classificada em três
diferentes programas. O primeiro deles é o programa compensatório em que a
criança é instruída primeiramente na L1, visando sua melhor integração no contexto
escolar. O segundo programa é o programa de enriquecimento, nele, de acordo com
Cox e Assis- Peterson (2001):

“ Ambas as línguas são desenvolvidas desde a classe de alfabetização e são utilizadas como
meio de instrução de conteúdos. O terceiro programa é o de manutenção do grupo, no qual
a língua e a cultura das crianças pertencentes ao grupo minoritário são preservadas e
aprimoradas”.

1.2.1. Problematização
A situação de aproveitamento pedagógico dos alunos,constitui um problema que
abrangem desde o ensino primário até ao ensino subsequente,o que tem provocado
nos estudantes a falta de motivação em dar continuidade com os seus estudos.

Segundo o dicionário universal de língua portuguesa (2000) ،،Problema éuma questão


que se propõe uma resolução /solução”. (P.518).
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Dentre vários estudos e debates sobre o impacto do ensino bilingue, Escola Primária
do 1º e 2º Grau de Sanguene distrito de Sussundenga Posto Administrativo de Dombe,
no final de cada ciclo de aprendizagem, os alunos não têm tido os conhecimentos
sólidos sobre os conteúdos estudos neste ciclo, limitando-se apenas por memorizar o
que lêem nas notas auxiliares ou textos de apoio.

Daí que constitui a maior preocupação tanto para os próprios alunos, professores duma
forma geral e, para a sociedade em geral, mesmo sabendo que o que o ensino bilingue
preconiza, é tentar por porte do professor transmitir os conteúdos a serem ministrados
na língua local, isto é, numa zona previamente escolhida ou identificada pelo
Ministério de educação e Cultura.

Face á este cenário, a questão que se levanta, está mesmo relacionada como o
acompanhamento dos alunos abrangidos com o ensino bilingue como é o caso dos
alunos da escola em estudo a que fizemos menção anteriormente. Como é do nosso
conhecimento, no fim de cada ano lectivo, graduam muitos alunos da 7ª Classe para o
ensino Secundário geral.

Ao chegarem no ensino Secundário, onde não existe o ensino bilingue, a questão que
se coloca é mesmo de queremos saber, como é que os visados vão se lidar com a rotina
de ensino a que estavam inicialmente habituados, ou seja, estudar a partir da língua
local.

Como podemos notar, é neste contexto que reside o que consideramos de grande
desafio da implementação do ensino bilingue mesmo que ainda seja em regime
experimental, mas já é uma realidade. O outro aspecto a ter em conta esta relacionado
com o capítulo de formação dos próprios professores que estão integrados nas escola
onde esta sendo implementado o ensino bilingue.

De tal maneira que o professor pode não ser nativo, também há casos em que entre os
alunos haja quem não fala, e se não fala aquela língua local, significa que o mesmo
também não percebe, perante este facto, podemos estar perante de uma situação de
exclusão diante da sociedade, visto que durante o ensino bilingue, alguns saem em
benefício e outros prejudicados. Com isto surge a seguinte questão de reflexão: Qual é
o impacto do ensino bilingue para o melhoramento do processo de ensino-
aprendizagem,?

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1.3. Hipóteses
Para legitimarmos os objectivos traçados no presente trabalho, avançamos as
respostas que abaixo se seguem:

 Supõe-se que haja falta duma seriedade na escolha duma política educacional
capaz de responder a ansiedade da sociedade;
 Presume-se a implementação de metodologias duma forma isolada poderá estar
na origem do fracasso do processo de ensino-aprendizagem.

 Acredita-se que a mudança sucessiva do currículo pode ridicularizar a melhoria


do processo de ensino aprendizagem.

1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
Analisar o papel dos diferentes actores do processo de ensino-aprendizagem na
melhoria de qualidade de ensino.

1.4.2. Objectivos específicos


 Identificar os factores que limitam a implementação do ensino bilingue em
todas as escolas primárias do nosso país;
 Analisar criticamente o programa de ensino bilingue implementado pelo
MECH em Moçambique;
 Apontar os prováveis factores que entravam o sucesso (aquisição da habilidade
escrita) pedagógico do programa do ensino bilingue.

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Capítulo II : Revisão da Literatura

2.0.Definição de Bilinguismo

2.1.Conceito de edução bilingue


Antes de falarmos em torno do bilingue e o seu impacto no processo de ensino-
aprendizagem, vale salientar que vamos revisitar o significado do termo Bilinguismo.

O programa bilingue está estruturado de acordo com os ciclos de aprendizagem


aprovados para o ensino básico. O primeiro consiste em a língua materna do aluno ser
o único meio de ensino-aprendizagem, a língua materna e o Português serem
ensinados como disciplina. Nesta fase, o Português visa desenvolver habilidades de
oralidade para preparar a aprendizagem da leitura e da escrita nesta língua, dentro do
ciclo de aprendizagem devidamente delimitado e definido.

Ainda o ensino bilingue, por exemplo no segundo ciclo, por sua vez, consiste na
mudança do meio de ensino, de L1 para a L2. Assim, no início da 3ª classe, os alunos
iniciam a aprendizagem da leitura e escrita em Português, através de um processo de
transferências de habilidades adquiridas na sua L1, (INDE/MECH, 2003).

Embora isso, em todas as outras disciplinas é ainda leccionado na L1 até o final da 3ª


classe. Na 4ª classe, é onde acontece a mudança abrupta de meio de ensino, pois todas
as disciplinas passam a ser dadas na língua portuguesa, com o pressuposto de que os
alunos já tenham o domínio deste meio de ensino adquirido ao longo dos três anos
dois exclusivamente de oralidade e um de escrita. A partir desta altura, isto é, por
exemplo na 4ª e 5ª classe, a L2 para além de disciplina, passa a categoria de língua de
instrução e a L1, exclusivamente, a disciplina curricular.

Segundo Câmara (1974), bilinguismo “é a capacidade de um indivíduo de usar duas


línguas distintas, como se ambas fossem a sua língua materna, optando por uma ou por
outra, conforme a situação social em que no momento se ache”.Esta definição, porém,
não se diferencia muito da de Hamers; Blanc (1989.p.6/94), segundo o qual o
bilinguismo “é o controlo de duas línguas equivalente ao controle de que o falante
nativo dessas línguas é capaz. Para estes autores, o sujeito bilingue é aquele que

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funciona em duas línguas em todos os domínios, sem apresentar interferência de uma
língua na outra”.
Para Bloomfield (1933), o bilinguismo “resultaria da adição de um conhecimento
perfeito de uma língua estrangeira”. Weinreich (1953) disse que o bilinguismo “seria o
uso alternado de duas línguas”.

Conforme Edwards (2006) em termos gerais, as primeiras definições tendiam a


restringir o bilinguismo ao domínio de duas línguas no mesmo nível, enquanto as
definições mais tardias já permitiam uma maior variação na competência. O autor diz
que, modernamente, se tem entendido que qualquer discussão razoável acerca da
definição de bilinguismo tem que ser levada tendo-se em conta um contexto específico
e para finalidades específicas ( P.7).

Grosjean (1994. p.91) baseia seu conceito de bilinguismo na ideia de uso: bilingues
são pessoas que utilizam duas ou mais línguas ou dialectos no seu dia-a-dia. Segundo
o autor, essa definição inclui desde o imigrante que fala com dificuldade a língua do
país que o acolheu até o intérprete profissional que é totalmente fluente nas duas
línguas .

Moura (1997) define o Bilinguismo como uma filosofia educativa que permite o
acesso pela criança, o mais precocemente possível, a duas línguas. Bilinguismo “é o
uso, dentro de uma mesma comunidade linguística, ou pela mesma pessoa, de mais de
uma língua”(P.45).

Entretanto, se considerarmos que o plano de estudos para o ensino básico contempla,


para além da língua portuguesa, outras disciplinas com igual peso e nível de exigência,
então podemos adivinhar o grau de dificuldades que os alunos poderão manifestar no
final do ciclo, na área de ensino-aprendizagem da escrita.

Por seu turno, o aumento progressivo dos números de ingresso nas escolas e o
problema da formação dos professores, constituem duas extremidades contrárias, mas
que convergem incisivamente para a inoperância do sistema educativo, já que o
provimento das escolas com professores qualificados e com formação continua a ser
um dos maiores obstáculos para a promoção de um ensino com qualidade.

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Assim, e como nos referimos ao longo deste trabalho, pretendemos contribuir para a
melhoria de ensino da habilidade escrita, cujo processo requer uma orientação
metodológica adequada por parte do professor de língua Portuguesa.

Para Freire (2004:23), “ensinar é um processo contínuo, dinâmico e constante de


sistematização de conhecimento, quer no professor, quer no ensinado”. Portanto,
ensinar constitui um acto que consiste na organização da aprendizagem onde três
elementos chave intervêm professor, o saber e o aluno.

2.1. Casos típicos do Bilinguismo


As pessoas que crescem em uma sociedade na qual o monolinguismo e a
uniculturalidade são promovidos como o modo normal de viver, frequentemente
pensam que o Bilinguismo existe somente para poucas pessoas. Muitas vezes, um país
é oficialmente monolingue, mesmo existindo uma grande diversidade de línguas
utilizadas dentro de seu território.

Para o autor, o importante é que, para além da grande diversidade linguística existente
entre essas pessoas, todas compartilham algo em comum e, levam suas vidas com duas
ou mais línguas que usam na interacção com as outras pessoas.

2.2. Conceito de educação bilingue

A educação bilingue é um campo de ensino e pesquisa bastante controvertido, tanto


no nível teórico quanto prático. Grosso modo, as questões que permeiam a educação
bilingue são complexas; os conceitos e pressupostos difusos e variados. Educação
bilingue: uma breve discussão. Se sobrepõem ou não apresentam contornos claramente
definidos.

Na prática, nem sempre que os pais, alunos e até o corpo docente têm clareza sobre o
que vem a ser educação bilingue de fato, sobre seus objectivos e orientações, modelos
e tipos de programas adequados às diferentes populações de alunos e, principalmente,
sobre sua eficácia.

Como são muitas as variações de um contexto para outro, é importante ir além das
discussões sobre o que significa educação bilingue para investigar como e por que os

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programas bilingues funcionam da maneira como são num determinado contexto
sócio-histórico.

A própria expressão educação bilingue tem sido usada de maneira abrangente para
caracterizar diferentes formas de ensino nas quais os alunos recebem instrução (ou
parte da instrução) numa língua diferente daquela que normalmente eles usam em
casa. Vários são os modelos e tipos de educação bilingue.

Eles, porém, diferem quanto aos objectivos, às características dos alunos participantes,
à distribuição do tempo de instrução nas línguas envolvidas, às abordagens e práticas
pedagógicas, entre outros aspectos do uso das línguas e do contexto em que estão
inseridos.

Apesar de a expressão educação bilingue fazer referência a “duas línguas”, muitos dos
programas assim denominados proporcionam instrução académica em apenas uma
língua. De fato, esses programas são monolingues, mas são popularmente
considerados como bilingues porque atendem a populações multiétnicas e seus alunos
tornam-se bilingues à medida que usam na escola uma língua diferente daquela que é
falada regularmente em casa.

Portanto, o conceito de bilinguismo, nesse sentido, reflecte tanto as características do


indivíduo (graus variados de competência e diferentes modos de fala) quanto as
características sociológicas do contexto (local, participantes, situação, tópico e a
função da interacção.

Com base nos pressupostos anteriormente apresentados, podemos perceber que o


ensino bilingue pode de alguma forma auxiliar a criança na percepção de determinado
conteúdo, mas tal metodologia não é bastante eficiente no processo de ensino-
aprendizagem duma forma micro.

Se calhar o que devia se aprimorar seria efectivamente, introduzir no sistemas nacional


de educação o ensino de algumas línguas nacionais por região, e o que pode de alguma
forma permitir que sendo já uma língua de ensino qualquer criança pode assimilar o
vocabulário desta mesma língua.

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2.3. Problemas de escolha de modelo bilingue para Moçambique
Na essência, o modelo de ‘transição gradual’ proposto pelo INDE traz alguns
problemas para o Português porque, a ser implementado globalmente, não daria igual
oportunidade ao uso deste como língua de ensino para o número crescente de crianças
que a falam como língua materna (cf. Lopes (op. cit.).

Ademais, há que realçar que um EB ideal que tem um objectivo aditivo tem propósitos
pluralísticos e não de assimilação. Encoraja a aquisição, a manutenção e o uso de todas
as línguas que estão no repertório da criança para a aprendizagem e uso legítimo.

Pelo contrário, o programa com perspectiva de assimilação tem normalmente


propósitos subtractivos tal é o caso do projecto-piloto proposto pelo INDE –, porque
as línguas maternas, especialmente se tiverem um estatuto baixo (e as línguas bantu
moçambicanas ainda têm estatuto baixo) serão substituídas pela variedade alta ou,
neste caso pelo Português, o Inglês e o Francês para a instrução e aprendizagem.

Ora, se o modelo de transição em si não seria benéfico por razões diversas, estaria
longe de angariar apoio ao nível microlinguístico, tendo em conta as considerações
destes autores. Daí que o modelo debilinguismo inicial para o caso de Moçambique
pensamos que não se aplicaria o modelo de manutenção nos moldes referidos por
Contasse (2004:355) por não ser necessariamente inicial ora proposto por Lopes
(1997), em alternativa ao de transição, encontre eco na sua plenitude.

Por esta razão há todo um trabalho de consciencialização a ser desencadeado para o


sucesso do programa. O trabalho de consciencialização pode ser feito tendo em conta
os benefícios micro e macro linguísticos que podem advir do EB.

Amores (1993) mostra através de diversos estudos, que os bilingues, tendo a vantagem
de dois sistemas linguísticos com dois conjuntos de regras de construção, são mais
flexíveis e analíticos nas suas habilidades em língua.

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Capítulo III: Aspecto Metodológico
Antes de apresentar a metodologia usada na elaboração deste trabalho, importa
salientar que este capítulo faz referência as abordagens da pesquisa que
proporcionaram o desenvolvimento da mesma.

De acordo com Carvalho (2009: 83), “a capacidade do investigador não é feita pelos
instrumentos que utiliza, mas sim pelos conhecimentos das entidades que estuda e dos
métodos que utiliza para os pôr em prática”. Portanto, trabalho teve como base o
estudo misto (qualitativo e quantitativo), auxiliado com a abordagem bibliográfica que
serviu de suporte através de revistas, livros, artigos que abordam sobre o assunto.

3.0. Metodologia de pesquisa


No âmbito de elaboração de um trabalho científico, é indispensável fazer referência
sobre a metodologia usada, que é exatamente para justificar a cientificidade do
mesmo.

Para Gil (1996), apud Cassandra e Silva (2004), ressaltam que a investigação científica
depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos”, para que os seus
objectivos sejam atingidos.

A metodologia do trabalho é a parte mais séria de qualquer trabalho de pesquisa, é a


chave para a busca do sucesso no âmbito da delineação e organização das informações
pois, trata-se de um conjunto de regras e procedimentos para o ensino de arte ou
ciência (Gil, 1996,P.117).

Dada a natureza do estudo, o presente trabalho privilegiou o método indutivo.


Segundo Nérci (1989:270) método indutivo é quando o assunto estudado é
apresentado por meio de casos particulares, sugerindo-se que se descubra o princípio
geral que rege.

O método indutivo é o método pelo qual se buscam conclusões que partem dos
princípios gerais para as causas particulares, isto é dos efeitos para as causas.

A pesquisa será feita inicialmente com uma colecta de dados através de pesquisa
bibliográfica, em livros, revistas, documentos e fontes da Internet, no segundo

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momento, faremos a selecção de dados que serão registados em fichas bibliográficas
para serem utilizados com desenvolvimento da pesquisa, tendo como base norteadora
nas análises, interpretações e entendimentos para aceitação ou rejeição das hipóteses,
com o intuito de almejar o objectivo maior deste trabalho.

Para sustentar as abordagens arroladas ao longo deste trabalho, servimo-nos da revisão


bibliográfica, onde fizemos consulta de algumas obras e autores que fazem menção as
situações ligadas com o tema em estudo.

3.1. Tipos de pesquisa


A pesquisa emanada no trabalho é de estudo bibliográfico que culminou com a leitura
de varas obras que falam sobre o tema em estudo, assim como a entrevista que
permitiu de alguma forma tirar algumas conclusões para sustentar a abordagem do
tema em estudo.

3.2. Abordagem metodológica


A nossa abordagem metodológica focalizou essencialmente a vários intervenientes que
no dia-a-dia interagem entre se onde o foco passa necessariamente pela análise e
comentários em torno do processo de ensino-aprendizagem, desde do sucesso e o
insucesso do mesmo, dai que procuramos numa primeira fase interagir com alguns
trabalhadores, onde questionamos em torno do trabalho que fazem, assim como a
relação deste com o patronato.

3.3. Técnicas de recolha de dados


A recolha de dados cingiu-se na entrevista a partir de contacto directo com os
diferentes actores ou intervenientes directos que vivem o dia-a-dia do processo de
ensino aprendizagem, desde a direcção da escola, professores, alunos, gestores deste
sector, pais e encarregados de educação. o nosso objectivo era precisamente ter o
máximo de opiniões, sensibilidades e uma visão individual em trono do tema em
estudo, isto é, olhando a pertinência e relevância do estudo, sendo um tema de índole
social, devíamos de facto abarcar vários intervenientes.

Segundo Lukee André (1996), observação “ compreende o registo detalhado do que


ocorre no campo”.

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Para Lakatose Marconi (2005), “observação é a técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou
fenómenos que se desejam estudar”(P.192).

A entrevista segundo afirma Ribeiro (2003) “ é a técnica que consiste em processos de


recolha de informação verbal desenvolvido no contexto de uma interacção orientada
de acordo com as hipóteses de trabalho e dos objectivos da pesquisa previamente
definida (P.261).

Deste modo, durante a pesquisa houve a necessidade de junto ao objecto do estudo


observar a forma como os professores leccionam e de que métodos se valem.

De acordo com Good e Hatt apud Lakatos, a entrevista “ consiste no desenvolvimento


de precisão, focalização, fidedignidade e validade de certo acto social como a
conversão ”. E ainda enfatiza que a entrevista é uma conversão efectuada face a face,
de maneira metódica.

A entrevista foi efectuada por meio de um guião, o que facilitou de alguma forma a
recolha de informações junto dos entrevistados. Esta técnica foi vantajosa, pois
permitiu colher a informação pretendida duma forma imediata e fácil.

A colecta de dados obedeceu três etapas a saber:

 1ª Etapa: observação das aulas dos professores de do 2º e 3º ciclo que


leccionam o ensino bilingue para melhor perceber o desenrolarem do
processo de ensino – aprendizagem (vide o guião de observação 1 nos
apêndices).
 2ª Etapa: entrevista dos alunos para perceber os seus sentimentos em relação
as aulas ministrados em ensino bilingue, quanto á:

Sua participação na aula, discussão dos temas, trabalhos em grupo, trabalho de casa
(vide guião de entrevista 2 nos apêndices).

 3ª Etapa: esta etapa consistiu numa entrevista aberta, onde o grupo alvo foram
os professores com a finalidade de perceber o seu sentimento em relação aos
métodos que usam, rácio aluno professor por turma, o que acham sobre os seus
alunos quanto a assimilação da matéria, o saber fazer, quais as maiores
dificuldades que os alunos têm na aprendizagem através do ensino bilingue,

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que métodos /estratégia sugeriam para ultrapassar as dificuldades dos alunos,
(vide guião de entrevista 3 nos apêndices).

A escola funciona com um universo de 1008 alunos, dos quais 576 homens e 432
mulheres, distribuídos por 17 turmas, com o rácio de 55 alunos por turma, assistidos
por 22 professores onde 9 são mulheres e 13 homens.

Desta feita, vale salientar que uma vez optamos pelo uso de guião de entrevista, o
grupo alvo foram alunos e professores da escola de Sanguene. Os dados foram obtidos
através de observação de aulas e entrevista aos alunos, professores e alguns membros
da comunidade residente. A selecção de alunos para a entrevista foi feita
aleatoriamente. Também foram entrevistados alguns professores que leccionam as
diferentes classes da escola.

3.4. Observação directa participativa

Aqui pretende-se de algum modo colocar frente em frente o observador e o observado


o que permitiu uma boa interacção, que posteriormente resultou na recolha de dados
pretendidos. Esta observação, permite de alguma forma que o entrevistador tenha
informações que pretende em primeira mão duma forma directa, com o intuito de
facilitar o que se pretende evidenciar.

3.5. População
Constituiu população, como anteriormente nos referimos, todos os intervenientes do
processo de ensino-aprendizagem, visto que este grupo é o que sente na íntegra tudo
que constitui melhoria, onde podemos destacar a vantagem e desvantagens do uso
desta metodologia que diz respeito a introdução do ensino bilingue.

3.6. Amostra
Segundo Gil (2006), “amostra é subconjunto do universo ou da população, por meio
do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população”.
Desta feita, a amostra esta relacionada com os professores, pais ou encarregado de
educação e dos alunos, e acima de tudo dos gestores da escola (P.90).

3.7. Critério de selecção da amostra


O critério obedeceu desde a ida no terreno, interagimos com os intervenientes com
objectivos de saber se aceitariam a nossa entrevista ou não, e depois de aceite,
seguimos para a fase da entrevista, onde iniciamos com os trabalhadores e,
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terminamos com o responsável da instituição que depois de muita negociação, acabou
nos facultando o que tanto querias saber.

3.8. Perfil da amostra


A amostra em causa esteve direccionada a Escola Primária do 1º e 2º Grau de
Sanguene distrito de Sussundenga Posto Administrativo de Dombe . onde para a
concretização do nosso estudo, trabalhamos directamente com vários intervenientes,
desde dos alunos, professores, a direcção da escola, por ultimo alguns membros da
comunidade residente.

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Capítulo IV: Análise e interpretação de dados
Uma vez que o nosso trabalho de pesquisa centrou-se na recolha de dados no campo
como forma de sustentarmos as nossas abordagens, neste capítulo vamos apresentar
duma forma sucinta todos os aspectos relacionados com a perspectiva do que
avançamos anteriormente.

4.0. Observação das aulas


Para melhor percebermos o que de facto está relacionado com o ensino bilingue, a
prior achamos conveniente assistir algumas aulas, para permitir a nossa interacção
com a realidade deste tipo de ensino. Depois de termos o alvará da direcção da escola,
fomos encaminhados para uma turma da 3ª classe com um rácio de 47 alunos, dos
quais 28 rapazes e o restante eram raparigas.

Terminada esta assistência de aulas, na turma acima indicada, também assistimos mais
três turmas da 4ª, 5ª e 7ª classe, onde o rácio de alunos não foge tanto em relação a
primeira turma, o cenário verificado foi quase geral, visto que os alunos durante a
interacção entre colegas, privilegiam muito o uso da língua local.

Antes de partirmos para o nosso objectivo central da nossa pesquisa, primeiramente


quisemos saber do professor por sinal dono da turma em relação ao número reduzido
de raparigas, segundo a nossa fonte, deu nos a conhecer que ainda constitui um
calcanhar de Aquiles a integração e a continuidade deste género no processo de
ensino-aprendizagem, isto motivado pelos casamentos prematuros.

Observada á aula, constatamos que de facto o ensino bilingue é muito benéfico no que
tange ao capítulo de facilidade de compreensão da matéria leccionada, mas como é do
nosso conhecimento que cada língua tem os seus pressuposto e regras quer
tradicionais, tanto as gramaticais que devem ser tomadas em consideração de maneira
que esta mesma língua não perca o seu valor.

No meio deste todo processo de assistência de aula, averiguamos que a introdução do


ensino bilingue naquele estabelecimento de ensino é muito pertinente, visto que a
maior parte dos alunos abrangidos não falam quase nada da língua portuguesa. Este
cenário acontece mesmo durante as aulas, quando um aluno por exemplo deseja pedir
algo ao colega ou ao professor, tudo praticamente acontece na língua local.

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Neste âmbito de sala de aulas, verificamos que durante o decurso das aulas, aulas tem
muitas formas diferentes de ser, em virtude das trocas e interacções que nela se
reproduzem, tanto nas tarefas académicas como nos modos de relação social que
estabelecem.

Segundo Libȃneo (1994:p.177), “na escola, a aula é uma forma de organização do


processo de ensino – aprendizagem ”. Na aula se criam, se desenvolvem e se
transformam as condições necessárias para que os alunos assimilem conhecimentos,
habilidades, atitudes e convicções, rumo ao desenvolvimento de capacidades
cognitivas.

4.1. Planificação de aulas


Mesmo com a existência de livros em língua local, notamos que os professores
encaram muitas dificuldades para produzir um plano de lição que vai de acordo com o
ensino bilingue, como por exemplo na definição de objectivos. Este facto segundo os
professores a que entrevistamos, deram-nos a conhecer que mesmo sendo nativos, ou
os que falam a língua, mas no âmbito do processo de ensino-aprendizagem, em algum
momento ficam limitados.

Perante esta problemática, concluímos que não basta apenas introduzir o ensino
bilingue sem antes apetrechar em conhecimento os protagonistas que têm a nobre
missão de fazer sentir o impacto do mesmo duma forma positiva por parte da
sociedade. Mesmo tendo em mente que o actual processo de ensino-aprendizagem é
centrado no aluno, mas o professorconstitui o juiz que deverá sentenciar, ou seja dar o
seu palpite duma forma clara e convincente.

Portanto, se o próprio professor tiver inúmeras dificuldades, quantos mais os alunos


como poderão se lidar com este fenómeno, tendo em conta que ainda não existe
nenhum dicionário que auxilie o desenvolvimento vocabular dos alunos, em caso de
não compreensão de uma palavra.

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Tabela número 1: Professores assistidos
Professores assistidos Frequência Percentagem
Número de professores a que assistimos 04 40%
Professores que têm o domínio da língua 02
local 20%
Professores que apresentaram dificuldades 02
no uso da língua local 20%
Professores não assistidos do número 02 20%
previsto
Total 10 100%
Fonte autora (2017)

4.2. A orientação da escrita da língua local


Um dos aspectos a que prestamos atenção a quanto a assistência de aulas, foi sem
dúvidas querer observar como é que os professores orientam os seus alunos para o
efeito. Como é do nosso conhecimento, a escolha do processo de escrita prende-se
com o facto de ser fundamental para o uso de diferentes mecanismos e funcionalidades
da língua. Assim, no acto da escrita, o aluno tem, forçosamente, de utilizar os
conhecimentos da gramática da língua em causa.

Com base nos pressupostos acima arrolados, podemos inferir que quando falamos do
em sino a partir da língua do aprendizado, é necessário ter em conta as regras
gramaticais que regem e legitimam esta mesma língua. Em relação ao ensino bilingue
que é o foco principal neste trabalho, devemos fazermos uma reflexão profunda no que
tange ao seu objectivo central.

Como ilustra a tabela acima indicada, podemos perceber que com a complexidade que
as nossas línguas nacionais têm, é extremamente complicado o total domínio por parte
dos professores durante o processo de transmissão dos conteúdos.

Capítulo V: Discussão dos resultados


19
Para melhor compreendermos como funciona o ensino bilingue a escola acima
indicada e, como avançamos anteriormente, o nosso estudo para além da assistência de
aulas, baseou-se também na entrevista como forma de clarificar o nosso trabalho, mas
antes, vamos ilustrar as tabelas que ilustram o número os entrevistados, desde os
professores, alunos, membros da direcção e por último, os pais ou encarregados de
educação.

Tabela número 2: Professores entrevistados


Professores capacitados na Professores que nunca se beneficiaram
matéria do ensino bilingue decapacitação
H M HM H M HM
10 06 16 03 03 06
Fonte: Autora (2017)

Tendo como base nos dados da tabela acima apresentada, podemos constatar que nem
todos os professores daquela escola têm ao mínimo capacitação na matéria do ensino
bilingue, mesmo reconhecendo que este constitui uma das soluções encontrada pelos
gestores que planificam e reformulam os contornos do sistema nacional de educação.

Mesmo reconhecendo que há esforços significativos por parte dos protagonistas de


forma a tornar o ensino bilingue uma realidade, mas notamos que tudo esta sendo feito
partindo de um saber empírico, a continuar desta maneira este cenários, ou seja, a falta
de recursos humanos qualificados e com conhecimentos de causa, pode de alguma
forma criar uma fragilidade.

Os nossos entrevistados afirmaram que mesmo sendo falantes da língua Ndau,


enfrentam muitas dificuldades na interpretação dos manuais de ensino ora traduzidos
na língua local, o que segundo eles a falta de dicionários, gramáticas na mesma língua
mina de certa forma o sucesso deste tipo de ensino, olhando para os objectivos
traçados pelo Ministério de Educação.

Quanto a nós, fazendo uma reflexão e análise profunda dos factos levantados achamos
que de facto o problema apresentado constitui um grande desafio que merece um
reparo por parte dos gestores. Porque mesmo a língua portuguesa, detêm de muitos
recursos que facilitam a aprendizagem, desde da consulta de vários livros, manuais,
entre outros materiais o que faz com que os próprios alunos aprendam com muita
facilidade.

20
Tabela número 3: Alunos entrevistados

Alunos que falam fluentemente a Alunos que falam a língua local mesmo
língua portuguesa e a língua local estando na escola
H M HM H M HM
12 08 20 14 16 30
Fonte: Autora (2017)

Como ilustra a tabela acima, podemos notar que dos 5 alunos entrevistados, são
poucos que usam a língua portuguesa na comunicação, ou seja, durante a interacção
com os de mais colegas, o que mostra claramente que a maior parte dos alunos
comunicam-se usando a língua local.

Alguns mesmos chegaram a dizer que não sabem o que esperam futuramente, isto é,
nas classes subsequentes, principalmente as do ensino secundário, o que significa que
os próprios alunos têm em mente que o ensino bilingue não abarca todos níveis do ou
classes. Daí que com esta questão que os alunos levantam, podemos sem dúvidas
prever que terminada a 7ª classe, muitos poderão não continuar com os seus estudos,
por afinal de contas não falam português com maior frequência.

5. O impacto do ensino bilingue


Sendo uma entrevista dirigida aos alunos, procurou-se saber aos visados só para ter
uma ideia em relação aquilo que seria as vantagens e desvantagens do ensino bilingue
para o aproveitamento pedagógico naquela comunidade.

Tabela número 4: visão dos alunos sobre o ensino bilingue


Opções Alternativas Número de Percentage
opções m
A Actividade de aperfeiçoamento 1 5%
B Interessados com ensino bilingue 4 42,8%
C Uso da língua portuguesa 2 14,3%
D Preocupação em relação ao futuro 2 5%
E Indecisos 1 14,3%
TOTAL 10 100%
Fonte: Autora, 2017

Gráfico 1: visão dos alunos em relação ao ensino bilingue

21
visão dos40%
alunos em relação ao ensino bilingue
4
3.5
3 20%
2.5 20%
2 10%
1.5 10%
1
0.5
0
A B C D E

Fonte: (Autora, 2017)

O gráfico acima mostra os argumentos e a visão dos alunos em relação ao impacto do


ensino bilingue, onde 40% dos inquiridos, isto é homens e mulheres, afirmaram que
não sabem se poderão continuar com os estudos no ensino secundário pelo facto de
apresentarem muitas dificuldades em relação a língua portuguesa.

Já a casquilha de 20%, disseram a nossa fonte que sendo um desafio, iriam continuar
com os seus estudos no ensino Secundário mesmo sabendo que cão encarar muitas
dificuldades. E por último, os 10% que representam ambos sexos, mostraram indecisos
por não saberem se é bom ou não a implementação do ensino bilingue naquele
estabelecimento de ensino.

Aliado a este fenómeno, abordamos um membro da direcção para melhor percebemos


a implementação do ensino bilingue, onde falamos com o DAE, este por sua vez
afirmou que o ensino bilingue ajuda de alguma forma a assimilação dos conteúdos por
parte dos alunos. O mesmo frisou ainda que uma outra componente que constitui
desafio é facto dos alunos terem dificuldades depois de concluírem a 7ª classe.

É sem dúvida que a dificuldade que o dirigente apresentou, constitui também a


preocupação dos alunos, visto que muitos alunos não só naquele ponto, mas sim quase
em muitas zonas usam a sua língua local para a comunicação, e o mais agravante é que
nenhuma língua nacional é ensinada na escola tendo em conta a diversidade linguística
que o país apresenta.

Perante este cenário, vale recordar que quando Moçambique se tornou independente
em 1975, o Português foi adoptado como língua oficial e como símbolo da unidade
nacional. Segundo Ganhão (1979), citado por Carvalho (2009: 83),o papel da língua

22
portuguesa em Moçambique como língua oficial visa preservar a unidade nacional e a
integridade do território.

5.2. A visão da comunidade em relação ao ensino bilingue


Assim como foi para os alunos e professores, procurou-se saber dos membros da
comunidade qual seria o seu sentimento em relação a implementação do ensino
bilingue na escola da comunidade onde estão inseridos, se vale a pena a continuidades
deste tipo de ensino ou extingui-lo. Tendo-se obtido o seguinte quadro de respostas de
acordo com as opções previamente estabelecidas.

Tabela 5: A visão da comunidade em relação ao ensino bilingue


Alternativas Número de Percentagem

Opções opções

A Continuidade do ensino bilingue 7 70%

B A extinção do ensino bilingue 0 0%

C A favor do ensino monolingue 3 30%

TOTAL 10 100%

Fonte: (Autora, 2016)

Gráfico 2: A visão da comunidade

Visão da comunidade em relação ao ensino


70% Bilingue
7
6
5
4 30%
3
2
1 0%
0
A B C

Fonte: (Autora, 2016)

Como ilustra o gráfico acima, a comunidade como era de esperar, é a favor da


implementação dos ensino bilingue olhando pela percentagem do sim, mesmo
manifestada esta vontade não deixaram de dar a sua contribuição em relação a o que
devia ser este ensino. Os representantes da comunidade que foram inqueridos,

23
disseram a nossa fonte que o ensino bilingue deveria ser implementado em todas
classes como forma de valorizar as línguas nacionais.

Sobre o ponto de vista Dias (2001: 65) refere que:

Assim sendo, pode-se depreender que para a maioria dos alunos, do campo, o primeiro
contacto com a língua portuguesa só tem lugar com a entrada na escola, ao passo que
para a maioria dos da cidade já existe algum conhecimento desta língua quando
iniciam a vida escolar. Além disso, para os alunos do campo, ao longo da sua vida
estudantil, a escola é praticamente o único espaço em que falam e ouvem enunciados
em língua portuguesa, (Gonçalves & Diniz, 2004).

24
Capitulo VI: Conclusões e recomendações

6.0. Conclusões

Com a efetivação deste trabalho, podemos salientar que a implementação do ensino no


país duma forma geral e da escola em estudo em particular, constitui um esforço das
entidades governamentais na valorização das línguas nacionais que estão espalhadas
em todo território nacional.

Mesmo reconhecendo que este ensino está contribuindo duma forma positiva na
perceção dos conteúdos transmitidos, mas por outro lado julgamos que ainda há
muitos desafios que deverão ser tomados em conta visto que tudo esta sendo em
regime experimental e ainda não se faz sentir outros níveis de ensino.

Para além dos aspectos acima apresentados, a outra problemática que verificamos o
ensino bilingue naquele estabelecimento de ensino, está aliado com o facto de os
professores terem muitas dificuldades no que tange as metodologias que usam para o
ensino da escrita e da leitura a partir da língua local.

O ponto de partida desta pesquisa consiste em verificar que técnicas são usadas pelos
professores na difusão da expressão escrita em L2, assim como do impacto do ensino
bilingue no aproveitamento pedagógico. E procurar perceber se com o ensino bilingue
seria capaz de levar os alunos a adquirirem a habilidade escrita de forma sistemática e
programática A tese principal aqui defendida assenta na constatação de que,
contrariamente ao que prevê o programa de ensino bilingue, os alunos abrangidos pelo
tal ensino ou deste programa apresentam um domínio de escrita fraco.

6.1. Sugestões

Como sugestões, somos da opinião que os gestores da educação devem:

 Fazer uma reflexão profunda para encontrar ou para definir uma politica clara
do se seria de facto o ensino bilingue no país;
 Alocar material de consulta exclusivamente para o ensino bilingue a
semelhança do que se verifica no ensino da língua portuguesa;
 Incorporar a formação de professores para o ensino bilingue tanto nos IFPP,
assim como no ensino superior;
 Criar mecanismos para que o ensino bilingue abarque todos níveis de ensino;

25
 Fazer do ensino bilingue uma realidade no ensino, assim como forma da
variolização da diversidade linguística do país;
 Criar condições metodológicas que permitam a continuidade dos alunos que
militam em escolas onde existe a implementação do ensino bilingue para o
ensino secundário.

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