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CULTURA E
CIDADANIA
Introdução
O Brasil é um país que enfrenta grandes desafios sociais relacionados ao
aumento da pobreza e das desigualdades sociais, bem como da crimi-
nalidade e da violência. O tráfico de drogas é o grande responsável pela
superlotação dos estabelecimentos prisionais e parece adquirir cada vez
mais força, sobretudo por recrutar crianças e jovens da periferia para
executarem tarefas em troca de dinheiro rápido e “fácil”. Embora a maioria
dos brasileiros conheça o conceito de cidadania e saiba que têm direitos
e deveres, a preocupação com o social e as possibilidades de intervenção
ainda são muito pequenas e, em alguns casos, incipientes.
Neste capítulo, você vai estudar as múltiplas dimensões do conceito
de cidadania que poderiam ser aplicadas no Brasil. Também vai conhe-
cer as principais causas da violência no País, identificando suas diversas
formas, que afligem e excluem muitos indivíduos.
2 Cidadania e problemas sociais
ainda que cumpram suas obrigações, têm os mesmos direitos como cidadãos,
são necessários novos movimentos em torno de reivindicações por um Brasil
melhor. É aí que entra, por exemplo, o conceito de cidadania multicultural.
De acordo com Oliveira (2018, documento on-line), “[...] a cidadania multi-
cultural assinala uma preocupação geral com a reconciliação do universalismo
de direitos e da associação de membros em Estados-nações liberais com o
desafio da diversidade étnica e demais aspirações de identidade atribuídas [...]”.
Nesse sentido, é preciso considerar que os grupos étnicos diversos possuem
suas histórias, que podem apresentar favorecimentos e prejuízos a alguns
deles, o que implica o cidadão ali presente. Ser cidadão afrodescendente, por
exemplo, é diferente de ser cidadão “branco”. Afinal, existe todo um processo
histórico e social que precisa ser resgatado, positivado e corrigido no caso
dos afrodescendentes, inclusive no ambiente escolar. É o mesmo processo
que ocorre quando os mais diversos movimentos sociais buscam seus direitos
específicos relacionados às suas identidades culturais. Nesse caso, eles estão
exercendo a sua cidadania multicultural (Figura 1).
O que nós propomos é que não se insista mais sobre uma cidadania abordada
através da educação cívica ou da instrução cívica, mas que se reinvente, como
condição prévia à realização de uma cidadania multicultural, uma educação
popular (por outras palavras, uma educação autenticamente do povo, pelo
povo e para o povo) visando a co-habitação cultural.
Uma das formas de cidadania que têm relação direta com a educação popular defendida
por pesquisadores da área é a cidadania cognitiva. Ela se traduz na capacidade de análise
da realidade, de interpretação dos fatos sociais vivenciados e de busca por uma mudança
possível da realidade. Para isso, é necessário que os conteúdos escolares (currículo) com-
preendam essa possibilidade e não sigam uma tendência tradicional elitista e etnocêntrica.
É comum que essa violência esteja presente nos crimes de racismo, femi-
nicídio e homofobia cometidos atualmente na sociedade brasileira. É como se
os grupos que não se identificam com essas formações identitárias agissem
de forma violenta para manifestar seu repúdio e, em alguns casos, até mesmo
exterminar os indivíduos que são alvo de preconceito. Os fatores culturais no
Brasil que levam à violência e a práticas racistas também devem ser consi-
derados. Afinal, eles continuam a existir, revelando a profunda desigualdade
social que se estabelece de forma étnico-racial sobre a nação.
Há ainda o aumento crescente e constante da criminalidade no País, com a
ascensão do crime organizado em torno do narcotráfico, que envolve todos os
cidadãos, mas principalmente a juventude da periferia. Ao analisar a situação
do narcotráfico nacional e internacional, Junqueira e Rodrigues (2018, p. 48)
constatam que:
violência de gênero;
violência sexual;
etnocídio.
Gay da Bahia a partir de dados de grupos LGBTT dos demais estados brasi-
leiros registrou 126 mortes somente no primeiro trimestre de 2018 (Figura 2).