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COVRE, Maria de Lourdes Manzini. Capitalismo dos oligopólios, globalização e uso da cidadania. p. 42-55.

In: COVRE, Maria de


Lourdes Manzini. O que é cidadania. 3. ed. São Paulo, SP: Brasiliense, 1999. (Coleção primeiros passos; 250.)

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Essa dubiedade pode ser notada no embate entre


os grupos fundamentais, os capitalistas (antes, se diri­
am burgueses) e os trabalhadores (antes, proletaria­
do); no interior da chamada cultura burguesa prevale­
ce obviamente a visão dos capitalistas, pois os trabã­
CAPITALISMO MONOPOLISTA E lhadores estão subalternizados. Devemos estar aten­
O USO DA CIDADANIA tos à orientação que esse embate dá a práticas soci­
ais, econômicas e políticas. O desenlace que leva a
uma situação melhor para os trabalhadores e, portan­
to, para uma nova sociedade (pois sempre que os tra­
balhadores dão um passo à frente toda a sociedade
também o faz, se reedificando), depende dessa luta no
interior do capitalismo, da cultura burguesa e do Esta­
Etapas do capitalismo e cidadania do, que é também responsabilidade deles.
Essa relação fundamental entre uns e outros não
Convencionou-se chamar de monopolista a etaea pode ser pensada de um só lado: cada vez que um dos
contemporânea do capitalismo, embora o 1ermo mais pólos age de determinada forma, o outro também se
corret; seja oligop�lista - ou seja, aera das grandes modit]ca. Os trabalhadores, por exemplo, sofreram in­
empresas, de centralização do capital e qe pod�r. Isso tensa exploração no século XIX; para sobreviver, rea­
implica uma forma bastante nova de viver, tend� e"!l gindo a essa exploração, conseguiram com muita difi­
mente a evolução do capitalismo e�suas etapas ante­ culdade se organizar em corporações- sindicatos que
riores,-a mercan!ilista e a liberal. pressionaram os capitalistas a diminuir a jornada de
Em cada uma dessas etapasL a jçjeologja ca.Qitalista trabalho, aumentar os salários e, assim, melhorar as
parece haver acenado com aspectos da cidadania, condições de vida. O capital reagiu à ofensiva operária
sempre atravessãdos pela sua dubiedade característi­ enando mais e mais tecnologia para diminuir sua de­
ca: @O_ntandQ_péfilLa melhoria nas Q.Qndições d� pondência dos trabalhadores. Então, os trabalhadores
procuram se atualizar em sua relação com a tecnologia.
-- -
dos trabalhadores, mas �x!?lorando-os.
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Os capitalistas acenam com o processo participativo mas distintas das anteriores e se projetou com a pro­
de lucros de empresa, para neutralizar a ofensiva tra­ posta "socializante" do We/fare State ou Estado do
balhista. Os trabalhadores precisam estar atentos para Bem-Estar. Veremos como isso se reflete na própria
não serem ludibriados. E assim continua a luta... exploração e/ou libertação do trabalhador, não mais
Tudo isso valoriza a categoria cidadania como es­ só em termos de fábrica, mas na sua relação com o
tratégia de luta para uma nova sociedade. Qs trabalha­ Estado.
dores devem estar sempre em pugna por seus interes­ A etapa mercantilista ou manufatureira é conside­
ses e direitos - e a primeira exigência para isso é a rada por alguns teóricos uma fase de transição do feu­
manutenção de condições democráticas mínimas, dalismo para o capitalismo. OE.sta.do era monárquico
acompanhadas de uma boa Constituição e de mas, de certa forma, r�1[c!_�m lu.gar.da burg_uesia. Na­
governantes que a respeitem. Luta que inclui pressões, quele período, já se acenava com a idéia de cidadania
greves e desobediência civil, se necessário, mas com mais genérica, no sentido de valorização do trabalho
o fim de manter o processo civilizatório contra um pro­ - a ideologia de que o indivíduo possui a propriedade
cesso anárquico e bárbaro, que pode pôr abaixo con­ do próprio corpo.
quistas anteriores. Esse processo de resolução de con­ Quero destacar, no eotanto, a importância dos_ direi­
flitos torna-se impossível, contudo, em determinadas tos civis (liberdade de locomoção, de trabalho). Embo­
regiões do mundo, como no Vietnã e na Nicarágua, ra hoje nos pareçam banais, .eles. .toram funqamentais
cujos grupos dominantes destruíam toda a lavoura, e mesmo revolucionários, porque se opunham à socie­
parte da edificação social, desses povos. Em tais ca­ dade rural e organizada em feudos, na qual os servos
sos, não há como revidar a não ser com a luta armada, eram parte da própria gleba, como o gado, e não do­
se possível sob normas jurídicas internacionais. Mas a nos de si, de seus corpos�� medi�llg_os burgu _ es��
luta armada deve ter como objetivos a negociação e o passaram a de§_envolver o comércio e a morar nos
restabelecimento de condições democráticas mínimas burgos (depois cidades), à_medida que surgiram um
para que os grupos possam viver sob controle de leis, modo de vida urbano e um processo fabril, foi preciso
civilidade e com o exercício da cidadania. que as pessoas saíssem do campo e viessem para a
Foi no século XX, em torno das Guerras Mundiais, c1dude, despojp.das de qualquer bem para servir à nova
que o embate entre capital e trabalho assumiu for- forma de produzir e viver.
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É importante ressaltar, assim, o aceno dúbio des- o ?articular, sendo revolucionária e depois classe do­
" ses aspectos da cidadania: � mesmo tempo que se minante, a burguesia carreou todos para a "sua" revo­
criavam condições de os homens se libertarem da con­ lução. Durante todo esse período, desenvolveram-se
dição de servos, o sistema c:omercial e fabril precisava intensamente os direitos políticos; era evidente que,
de mão-de-obra. c�m a tomada do poder, eles se tornariam explícitos,
4 _A �1a_12. �Jib-ªral �-demªrpa,Çia principalmente a partir tais como aparecem na Declaração dos Direitos.
da Revolução Francesa. Ao tomar o poder político, a �m ter �os ef�tivo� q _ u
_ ando os trab..alhadores -=Já
no fim do seculo XIX -começaram a se organizar mais
burguesia erigiu um Estado suí generis, o Estado libe­
ral burguês, que descentralizou o Estado monárq!JiCo os ca�it �fistas respo_nderam cqm mais maq_u_in.aria p _ a��
em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. A subst1tu1-los. E o conflito continuou. A luta de classes,
maior autoridade estava no Poder Legislativo, na ação o antagonismo e a divisão entre capitalistas e. traba­
do Parlamento, das Assembléias Constituintes. Nesse lhadores foram levados adiante. Esses últimos fora�
processo, chegamos a uma Declaração dos Direitos se ?rganizando em sindicatos, associações, partidos
_
do Homem; iostªurou-se um Estado d� Direito em que pollt1cos.
os governantes não podem usar do poder arbitraria­ Retorno agora ao período das Guerras Mundiais
mentg, como o faziam no regime monárquico, mas de­ quando o acirramento entre capitâlistas e trabalhado�
vem governar limitados pelo conjunto de leis que esta­ res estava no auge, tanto no interior dos países quanto
belece os direitos e deveres dos cidadãos. Com o avan­ entre países. Desenrolou-se a Revolução Russa de
ço da sociedade_burguesa, a s�pgraç_ão_ entre o-públi­ 1917, houve uma ascensão dos partidos socialistas ria
co . a o. privado começou pouco a poucq a se d�Limitar, Alemanha, na Itália, na Espanha, na França. Os tra­
chegando ao seu auge na etapa do capitalismo liberal. balhadores reivindicavam melhores condições de
'/ Nesse c:..ontexto do liberalismo, a_ face mais acenadª lrubalho, saúde, habitação e educação, remanescen­
. tos da luta do século anterior. Agora, organizavam-se
I' da cidadania é a dos direitos políticos. Vale também
notar sua dubje_ga _ de. Lembre-se que tÕdos os segmen­ c;omo força política e apoiavam-se em partidos para
tos componentes do terceiro estado, em que se incluía lnLer a revolução e implantar uma nova sociedade - 0
a burguesia, fizeram as revoluções burguesas. Em sua q110 fazia parte das formas de exercer e ampliar a ci­
própria ambigüidaqe de voltar-se para o universal e para d.idania.
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Ao mesmo tempo, o afã de lucro e a acumulaçã.o �


era -dos oligopólios eram complementados com a açao tecnologia pretende-se neutra, servindo a todos os ci­
dadãos. Cabe aos trabalhadores cidadãos organiza­
imperialista sobre outras nações e re_giões. Vieram as_
guerras. O nazi-fascismo, _que devastou � Europa na r e m -se e lutarem para tornar a realidade mais próxima
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi, a meu ver, disso, e se apropriarem dos benefícios que a tecnologia
pode trazer também para eles.
0 momento em que a burguesia, digamos, �edeu � co­
roa para ficar com a bolsa; essa burocracia nazi-fas­ Assim, na etapa monopolista, o Estado surge como
cista apareceu como força sociai cap�z de opo�-se �o uma espécie de empresa maior para reger as rutas dE!..
_ classes, horizontal e vertical. Ele atua entre as empre­
intenso avanço dos partidos socialistas e do poder dos
trabalhadores. sas, favorecendo o processo de concentração, mas sem
Foi mais ou menos por essa_ éQQca que se de..§e_Q- anarquizar a organização capitalista a ponto de des­
truir-se pela falta de regras. O poder- que no Estado
volveu a ideologia RÓ§-fit;>eLr�! do Estado de Bem-Esta�.->
liberal burguês estava no legislativo- agora desloca­
com sua proposta "socializc!nte� e u_ 01 aceno_a um�?:
se naturalmente para o executivo, centralizando as
dadania' a de atendimentQ a. tQ.dOS OS direitos_ SQ.Q!filS
. -
- salário, saúde, transporte, 53duca.Ção. bab1taçao, se-
decisões por meio de um corpo burocrático, que se tor­
guro-desempre_go, lazer etç. _ na mais complexo com a chamada tecaocracia. Isso
, _ significa que a tecnologia também está ru.�nte o.o
p Com a etaQâlib§ral, temos constru1da � for ma C2E!,:.
_ -;- _ Estado, sob a forma d e tecnolo__gia organizatóri_gt.._g_�
talista de produzir e viver. E. por consequenc1a,-º- �­
modo mais acabado e eficé!_z no planejamento. Este
canismo de acumulação não cess2-. O aumento da ar:..
causava medo, pois era arma para a construção do
ganização_�erária, com os tr �balhadores tentando
_ socialismo; uma vez transfigurado em seus objetivos,
refrear o alto nível de exploraçao (lutando pelas pro­

.ª·
prias vidas), leva à_reação do capital, p�imeir� co_TO passa a servir à organização do capital.
maquinaria e, já na etapa monopolls�a, com Assim, os capitalistas tecnocratas pretendem implan­
tar o Estado do Bem-Esta-r, como proposta''socializante",
Jecnologia. instrumento para favorecer o ca�1tal em--doi�
porque estaria no meio-termo entre o capitalismo liberal
R�v�is: no horizontal. na relação entre fraçoes do capi­
tal, � no vertical. na forma de o capital lidar com os o o socialismo cerceador vigente, ao guardar d��ê�
trabalhadores. Da perspectiva dominante, porém, essa modelos apenas traços positivos, desfazendo-se dos
traços deletérios. Conservaria dessa f�rma a igualda-
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de, a preocupação com a distribuição e com a justiç� para negociação, em contraste com a visão anterior de
social do socialismo, despojando-se do cerceamento a classes excludentes entre si.
liberdade do socialismo então existente, b_em como Na visão de mundo capitalista, deslocou-se o pomo
manteria a liberdade do capitalismo, sem reter o seu da discórdia da propriedade para o saber; nem sequer
r
caráter de exploração intensa da etapa liberal. Nessa em nível ideológico se conseguia sustentar que todos
etapa do capital, de aceno aos direitos soci� ís, a con - poderiam ser proprietários. E mais: a propriedade ad­
, \
cepção de cidadania está intrinsecamente vinculada a quiriu um novo caráter, vinculada à proprie-dade de
tecnologia organizatória (planejamentos e políticas know how, do saber técnico. Nesse contexto, os ho­
sociais do Estado). mens são iguais porque todos são capazes de domi­
Como entender essa proposta "§.o_çiali:z;�nte"? Vale nar o conhecimento técnico (pela educação) e podem
observarque mesmo essa proposta é resultado da luta (têm a liberdade de) ascender na burocracia da em­
dos trabalhadores. Assim, da perspectiva do capital, presa pelo mérito que possuem. Formar-se-ia assim a
trata-se de uma forma de enfrentar o avanço da orga­ burocracia, os gerentes que administrariam as empre­
nização operária - que poderia implantar uma socie­ sas dando um rumo "socializante" à forma de produzir.
dade mais igualitária - em que o socialismo do Les­ Em nossa era, a forma de produção dos oligopólios
te emerge como primeira ameaça. Deste modo exige a concentração de capital. Essa forma existe, por
constitui-se também na tentativa de desmobilizar os tra­ sua vez, como resultado da busca de maiores lucros,
balhadores desse trajeto e ele conformá-los ao capita­ do mecanismo de acumulação. Por outro lado, ao usar
lismo. de tecnologia, pode-se obter lucro de maneira mais efi­
) N�ste contexto,..eJ.apora-se um nível d� cidadania qu� caz e, ao mesmo tempo, criar esse caráter"socializante"
1 _ avança, mas também desmobiliza. _Çna-se� � - as empresas tendem a ser organizadas por ações,
modo de lidar com as coisas e com os homens que e não mais por proprietários. O _2roc�sso joga com� _
permite certo avanço social, mantendo o objetivo ia_ idéia de que o trabalhador também pode ser "ptopri.e­
acumuJaçãQ,_situado no uso da tecnologia, no saber tário", pois pode ser acionista, aquele que "manda" na
técnico. São as idéias de igualdade e liberdade, gera­ empresa, depois de subir na hierarquia gerencial e in­
das com a pretensa neutralidade da técnica, que vão corporar o saber tecnologizado, imprescindível para a
vigorar. De qualquer forma, cria-se um grande espaço existência da empresa. AfY.ta_pela cidad�!Jiª- eletiva ,
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deve-se dar também
- aí. Se os empresários abrem es-
paço para participações, cabe aos trabalhadores se
Historicamente, vimos que as origens desse quadro
remontam ao período entre as Grandes Guerras, pre­
apropriarem efetivamente desse espaço. E, na defesa sentes tanto no planejamento do nacionalismo fascis­
de seus direitos de trabalhadores-cidadãos, podem ter ta quanto no New Deal implementado pelo presidente
participação efetiva também na empresa, à medida que Roosevelt nos EUA. Este programa dava condições de
conseguem reformular condições específicas da rela­ trabalho e de vida à classe operária, incorporando-a
ção de trabalho. de fato aos bens do capitalismo. Mesmo em países não­
Situa-se num segundo plano, mais amplo, a propos­ democráticos, como a Alemanha de Hitlêr e a Itália d�
ta de transformar o trabalhador em consumidor no sen­ Mussolini, criou-se uma forma de atendimento corpo­
tido pleno: consumidor de suas necessidades básicas, rativista que cooptou grande parte da massa trabalha­
de novas mercadorias e de idéias-mercadorias. De for- dora por atender determinadas necessidades básicas.
m9 avªssaladora, os meios de comunicação insistem I Não foi por acaso que esses regimes se sustentaram
nesse aspecto, procurando tirar 90 trabalhador o cará­ por muito tempo, apesar de tudo o que fizeram de anti­
ter político_des_envolvido durante décadas na lutª-pela humano e destrutivo.
sobrevivência, despojá-lo d.a qualidade humana her­ De qualquer forma, ªinda que nos países democrá­
dada da pó/is grega. Metamorfosear o homem em anl:_ ticos os planos fossem diferentes, a experiência nazi­
mal social, minando o ente político cultural cuja _9!:!a�­ fascista marcou a atuação posterior das elites tecno­
dade seria pensar e repen sar, discutir em público, c;rat1cas e continuou como um pequeno facho que ace­
criticar como cidadão as leis injusta§. Contudo, tenha­ na para boa parte das massas. Amparada na pretensa
se que os próprios meios de comunicação podem ser­ neutralidade da técnica, essa concepção de cidadania
vir também aos trabalhadores. Cabe perceber como também poderia estar atravessada pe loespÍrito

',, se apropriar de suas mensagens, o que utilizar delas. lasc,stóide.


Muitos movimentos sociais e organismos dos setores Em países como os EUA e a Inglaterra, onde a imple­
populares fazem esta apropriação, revertendo a lógica mentação dessa cidadania foi mais democrática, a pro­
de dominação para uma lógica benéfica aos grupos posta original esvaziou-se e, hoje, está em franca deca­
populares. Em suma, cabe aos trabalhadores reverter rlônc,a. Os EUA desmontaram cinqüenta anos de políti-
1,1s sociais. A Inglaterra atual pouco tem a ver com a do
a situação.
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We/fare State. Mas, entre os exemplos que persistem cd, o Estado a amplia, embora não o faça espontanea-
com sucesso, estão o dos países nórdicos e o dos Paí­ 111ente, e sim em função da tomada desse espaço.
ses Baixos, e, entre os mais recentes, o italiano. Podemos demarcar um pouco mais a dubiedade da
Essa forma de cidadania serve aos propósitos do cidadania nã etapa atual: de um lado,. ela atende à_s
capitalismo à medida que desmobiliza os trabalhado­ condições de promover o. lucro; de outro, possibilita que
res e mantém o status quo. Ao mesmo tempo, contuáo, c1 luta dos trabalhadores extrapole a fábrica e ganhe

ela abre espaço a novas condições que podem possi­ mais espaço.
bilitar uma nova sociedade, mais igualitária e justa. Sobre a relação entrecid,!âqania e técnica&evemQs
Como? Pelo próprio caráter do Estado contemporâneo. atentar para outra dubiedade: a t�cnologia domina mas,
Q §stado intervém na_eco.oomja .e..é _s_ó_cio e.c.onôroi­ ao mesmo tempo, _pode libertar. Hoje, os trabaThãdo­
co de muitos e.mpreendime_ r:.itqs. Com a "revolução res têm mais conhecimentos; a evolução da tecnologia
consentida" (o planejamento), a reivindicação dos di­ intensiva e a_ forma de produção complexa exigem do
reitos tende a deslocar-se da área da produção para a trabalhador mais e mais especializaçao. Se disso tiver
consciência, ele pode negociar.
da gestão pública, tornando-se coisa do Estado. Nes-
se processo,--
-- - o Estad.Q s�- a12rQQ.íia
- - de grande parte da
mais-valia produzida na sociedade, pormeiõaõr eco-
No âmbito mais amplo do Estado, é necessário um
embate contínuo. Se o Estado acena com determina­
dos direitos e não os cumpre, os cidadãos podem re­
lhimento de impostos e de outros m�c?__oisr,:nog: J�o.m
verter isso e ganhar novos espaços. Na etapa mono­
esse fundo público criado, financia suas políticas, ou polista, ? _çj dadania tem s_lJ_a força no grande espaço )�
seja, reemprega esse "capital". E pôde tãzê-lo dupla­ criado pa_ra _r� iY.i11gjcaç§es;_cabe
mente, de acordo com a pressão social: enquanto fi­ --aos
--trabalhadores
- se · \
apropr�rem dele.
nancia a produção e atende aos �apitalistas_, p�­
mover a distribuição e, com isso, atender aos direitos,
elevando o salário dos trabalhadores, provendo mais-

...
educação pública�tc__.
A efetiv�_da cidadaQ)a depende, portanto, da ação
dos subalternizados. Em vez de refreara esfera públi--

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