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FORMAÇÃO ECONÔMICA, HISTÓRICA E

POLÍTICA DO BRASIL

CAPÍTULO 3 - AS CRISES DO CAPITALISMO –


SÉCULO XX E SEUS DESDOBRAMENTOS NO
BRASIL
Thiara Bernardo Dutra

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Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Conhecer as características, as fases e as transformações do processo capitalista, reconhecendo seus
impactos na humanidade.
• Entender os marcos e trajetórias das crises do capitalismo no final do século XX, compreendendo seus
desdobramentos no contexto da realidade brasileira.

Tópicos de estudo
• Aspectos e características das crises do capitalismo
• Modelos de intervenção do Estado
• Contradições sobre as crises econômicas e sociais
• A visão de Caio Prado Júnior sobre a empresa colonial
• O processo de globalização e o conflito do capitalismo e estado de direitos
• Marcos e trajetórias das crises do capitalismo no final do século XX
• A crise de 1929 – Grande Depressão
• A crise do petróleo na década de 70
• As crises no México e na Argentina na década de 90
• A crise norte-americana de 2008
• Aspectos políticos, econômicos e sociais no Brasil no século XX
• República Velha e Estado Novo (1889-1945)
• Modernização econômica e construção de Brasília (1945-1964)
• Ditadura Militar e Ufanismo Nacional (1964-1985)
• Processo democrático: de 1985 aos dias atuais
• Fases e transformações do capitalismo e seus impactos na realidade brasileira
• Mercantilismo – Portugal e Espanha
• Liberalismo Clássico
• Keynesianismo – pós-guerra
• Guerra Fria: capitalismo financeiro e neoliberalismo

Contextualizando o cenário
A economia de mercado começou a se formar por volta do século XV, resultado do desenvolvimento comercial
europeu relacionado às Grandes Navegações e aos descobrimentos, que interligaram diferentes regiões do mundo
por meio do comércio.

A partir de meados do século XVIII, com a Revolução Industrial e o surgimento do liberalismo econômico, o sistema
capitalista se consolidou. A organização da economia mundial baseada no capitalismo industrial impactou a
sociedade, ao contribuir para a divisão social em duas classes opostas e complementares: a burguesia e o
proletariado, e a política, visto que o Estado não interferia no processo econômico. Desse modo, a burguesia tinha
autonomia para controlar a economia, a produção, os preços e as relações trabalhistas. Diante disso, quais são as
consequências positivas e negativas da consolidação do capitalismo no mundo contemporâneo?

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3.1 Aspectos e características das crises do capitalismo
O capitalismo é um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção, no trabalho
assalariado, na produção de mercadorias e nas trocas financeiras, cujo objetivo é o lucro. Entre seus princípios,
estão a livre concorrência e o consumismo.

Embora a competição entre as empresas estimule a produção e o consumismo seja responsável pela
movimentação financeira, também são fatores de outra característica do capitalismo: a crise. A livre concorrência
e a falta de regulamentação estatal aumentam a competição industrial e podem gerar superprodução, derrubando
os preços. Do outro lado, a diminuição do poder aquisitivo das pessoas pode contribuir para a retração do
consumo.

Não há uma teoria que aponte a origem das crises, devido à variedade de fatores causadores, mas há concordância
quanto a seu caráter cíclico, alternando entre períodos de recessão e prosperidade. Neste tópico, serão
apresentados os diferentes posicionamentos do Estado em uma economia capitalista e as contradições do sistema
que acarretam crises.

3.1.1 Modelos de intervenção do Estado

Com a consolidação do capitalismo liberal, o Estado passou a interferir no processo econômico só se fosse
necessário garantir o funcionamento do mercado, de modo que era prerrogativa estatal reprimir tudo o que
prejudicasse o ritmo da produção.

Entre as décadas de 1970 e 1990, alguns países capitalistas europeus aderiram à ideia de que cabia ao Estado a
adoção de políticas de bem-estar social. O Welfare State, como ficou conhecido, defendia a prestação de serviços
de educação, saúde, alimentação e habitação, vistos como direitos do cidadão, portanto, era dever do Estado
garanti-los.

Na virada para o século XXI, setores conservadores da economia criticaram o Welfare State por julgarem os gastos
governamentais com políticas sociais excessivos. A ineficiência e os altos gastos da máquina pública eram
criticados por Margaret Thatcher (1925-2013), primeira-ministra do Reino Unido, e Ronald Reagan (1911-2004),
presidente dos Estados Unidos.

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Margaret Thatcher e Ronald Reagan, em 1983, nos Estados Unidos.
Fonte: Fonte: © mark reinstein / / Shutterstock.

Com isso, vários países adotaram uma prática econômica baseada na diminuição da intervenção estatal nos
serviços assistenciais, relegando-os ao mercado financeiro e às empresas privadas: o neoliberalismo. Foi um
período marcado por privatizações, liberalização da economia e desregulamentação de diversos setores
(principalmente o financeiro), garantindo a livre-circulação do capital. Por outro lado, a longo prazo, as práticas
neoliberais podem resultar no aprofundamento das desigualdades e na ocorrência de crises, apontando as
contradições do sistema capitalista.

3.1.2 Contradições sobre as crises econômicas e sociais

Um dos primeiros a estudar as estruturas do capitalismo foi o filósofo e economista alemão Karl Marx (1818-1883).
Com a colaboração de outro alemão, o pensador Friedrich Engels (1820-1895), publicou o Manifesto Comunista, em
1848, no qual ambos criticaram o capitalismo e esboçaram proposições sobre o socialismo científico.

Os autores denunciavam as contradições econômicas e sociais que fundamentavam o capitalismo e geravam crises
e defenderam que “[...] a condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação da
riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência do capital é o
trabalho assalariado”(MARX; ENGELS, 2007, p. 11).

Ao se basear na propriedade privada dos meios de produção, o capitalismo criou dois grupos. Clique nos itens e
conheça-os.

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Proprietários
Representados pela burguesia, que visa à acumulação de riqueza.

Proletariado
Composto pelos trabalhadores assalariados, que trocam sua força de trabalho por baixos salários.

A oposição entre esses dois grupos representa uma contradição do sistema capitalista.

Fonte: © gustavomellossa / / Shutterstock.

O valor do trabalho era visto como uma das razões para a desigualdade econômica e social, pois, os proprietários
aumentavam seus lucros, enquanto os trabalhadores recebiam baixos salários. Além disso, a mentalidade
capitalista condicionava os trabalhadores à competição e ao individualismo, que os impedia de formar uma
consciência de classe.

A má distribuição da riqueza gera desigualdade social e pobreza, que, quando intensificadas, diminuem o poder de
compra e a retração do consumo. Essa situação afeta a manutenção da prosperidade do capitalismo, contribuindo
para as crises.

3.1.3 A visão de Caio Prado Júnior sobre a empresa colonial

Ao estudar a formação econômica do Brasil, Prado Júnior (2012) partiu da consideração de que a expansão
europeia foi fruto da ação de empresas comerciais e atribuiu à colonização o sentido econômico:

Será a empresa do colono branco que reúne à natureza pródiga em recursos aproveitáveis para a
produção de gêneros de grande valor comercial, o trabalho recrutado entre raças inferiores que
domina: indígenas ou negros africanos importados. Há um ajustamento entre os tradicionais objetivos
mercantis que assinalam o início da expansão ultramarina da Europa, e que são conservados, e as
novas condições em que se realizará a empresa. (PRADO JÚNIOR, 2012, p. 13).

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Segundo o autor, a colonização tinha um caráter mercantil acentuado por estar inserida na conjuntura econômica
da época moderna. O aspecto empresarial da colonização está na ideia de que a colônia era destinada a fornecer
matérias-primas e produtos valorizados ao mercado europeu e consumir os manufaturados da metrópole.

PAUSA PARA REFLETIR


Você sabe quais são os principais gêneros exportados pelo Brasil atualmente? E para quais
países o Brasil exporta?

Para o historiador, a visão da colônia enquanto um empreendimento comercial destinado a exportar gêneros
tropicais é um dos elementos fundamentais que influenciaram a formação econômica, social e histórica do Brasil,
caracterizada pela a vocação agrícola.

3.1.4 O processo de globalização e o conflito do capitalismo e estado de direitos

O termo aldeia global é utilizado para se referir ao mundo atual, em que a internet conectou praticamente todos os
lugares e pessoas do mundo. O cenário é resultado da globalização, um conjunto de transformações econômicas e
políticas que promoveu a integração dos mercados mundiais a partir da década de 1980.

PAUSA PARA REFLETIR


Uma decisão tomada na China ou nos Estados Unidos pode afetar sua vida? As novas tecnologias
geram impactos em seu cotidiano?

A globalização está inserida no contexto da Terceira Revolução Industrial, apoiada nos avanços científico-
tecnológicos da microeletrônica e informática e na hegemonia do neoliberalismo. A globalização favoreceu a
ampliação das atividades econômicas, por meio do surgimento de empresas globais – as transnacionais –, das
trocas comerciais entre os países e da padronização cultural.

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ESCLARECIMENTO
Transnacionais são empresas cujas operações não ocorrem em um único país e cujo capital que
as movimenta procede de investidores de diversas nacionalidades.

Com a transnacionalização dos mercados, houve a adoção de princípios voltados para a desonerar o Estado de
gastos. Clique nos itens para conhecê-los.

Medidas para garantir o livre-funcionamento do mercado.

Limitação de direitos trabalhistas e atuação dos sindicatos.

Redução das despesas estatais em diversas áreas.

A consolidação da globalização e do neoliberalismo geram debates e opiniões divergentes entre estudiosos sobre o
tema. Enquanto uns consideram o Estado um entrave ao livre-mercado e desenvolvimento social, outros apontam
a perda de direitos trabalhistas, a concentração de renda e a redução de investimentos públicos
No processo de globalização, Estados e sociedades se encontram enredados em sistemas mundiais e redes de
interação, diante do crescente aumento dos fluxos de capitais, produtos, serviços e pessoas. A consequência disso
é que acontecimentos locais podem gerar repercussões globais e vice-versa, e os impactos dessa interação
precisam ser considerados no desenvolvimento de políticas públicas.

Ao observar as trajetórias das crises do capitalismo no final do século XX, que serão apresentadas no próximo
tópico, é possível notar os impactos que as crises locais geram na economia internacional.

3.2 Marcos e trajetórias das crises do capitalismo no final do


século XX
O século XX foi marcado por um intenso desenvolvimento industrial e tecnológico. Se por um lado, houve avanços
na medicina, telecomunicações e transportes, por outro, ocorreram guerras e crises econômicas que impactaram a
organização política e social.

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Ao analisar o período, Hobsbawn (2003) observou que o desenvolvimento do capitalismo ocorreu em duas fases: a
era de ouro, entre 1945-1973 e a década de crise, entre os anos 1970 e 1980.

Neste tópico, serão apresentadas as crises econômicas que ocorreram ao longo do século XX e geraram graves
consequências à economia internacional, como a crise de 1929 e 2008, nos Estados Unidos, a crise do petróleo nos
anos 1970 e as crises no México e na Argentina, na década de 1990.

3.2.1 A crise de 1929 e a Grande Depressão

Ao final da Primeira Guerra Mundial, a Europa estava mergulhada em uma profunda crise. Enquanto isso, os
Estados Unidos despontaram como potência mundial, devido ao avanço tecnológico no pós-guerra, possibilitando
que o país vivesse uma fase de prosperidade, fundamentada na industrialização e no consumismo.

Os Estados Unidos contribuíram para a reestruturação de países europeus no pós-guerra, com a concessão de
empréstimos e a exportação de produtos industrializados. Com a recuperação econômica de alguns desses países,
houve a redução das importações dos produtos americanos. O mercado interno dos Estados Unidos não foi capaz
de absorver as mercadorias produzidas, gerando superprodução.

Os estoques acumularam e isso acarretou queda nos preços e nos lucros das empresas. Diante do quadro de
instabilidade, os investidores venderam suas ações antes que fossem desvalorizadas. Assim, em 29 de outubro de
1929, a crise acirrou com o crash da Bolsa de Nova York, isto é, a queda violenta dos preços das ações, que levou
bancos e empresas à falência e derrubou a produção industrial e agrícola.

O enfraquecimento da economia dos Estados Unidos, por causa dos enormes prejuízos ao mercado financeiro,
causados pela crise de 1929, deu início à Grande Depressão. Foi um longo período de crise que atingiu todo o
mundo capitalista, já que os Estados Unidos eram o centro financeiro. A imagem a seguir mostra homens
desempregados na fila da sopa durante essa época.

CURIOSIDADE
No Brasil, a crise de 1929 teve efeito devastador em todos os setores econômicos e sociais, pois,
o café era seu a base da economia nacional e principal produto de exportação, e os Estados
Unidos, o maior comprador.

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Homens desempregados na fila da sopa durante essa época.
Fonte: © Everett Historical / / Shutterstock.

A superação da crise ocorreu com medidas intervencionistas do Estado para reativar o setor produtivo e gerar
emprego e arrecadação fiscal. Em 1933, o presidente Roosevelt (1882-1945) iniciou um plano de recuperação
econômica chamado de New Deal. Por meio da conciliação entre interesses públicos e privados, o plano
determinou a construção de obras públicas, controle dos preços e da produção, concessão de crédito e criação de
direitos trabalhistas. Por volta de 1937, a crise começou a ser revertida.

3.2.2 A crise do petróleo de 1970

A década de 1970 foi marcada por crises de diversas ordens que afetaram o desenvolvimento econômico das
potências capitalistas, acompanhadas pelo aumento das taxas de inflação e desemprego. Essa situação foi
atribuída ao petróleo, mostrando a dependência do sistema capitalista em relação a essa fonte energética, desde
sua descoberta no século XIX.

Fonte: © Hiroshi teshigawara / / Shutterstock.

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Fonte: © Hiroshi teshigawara / / Shutterstock.

Grande parte do petróleo destinado ao desenvolvimento industrial na época era proveniente da região do Golfo
Pérsico, na Ásia. Em 1960, um encontro realizado em Bagdá, reunindo os maiores produtores de petróleo do
mundo, Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuwait e Venezuela, resultou na criação da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP). Entre seus objetivos, estava protestar contra o baixo valor do petróleo
praticado por empresas petroleiras ocidentais.

Diante da expressiva representação da OPEP na produção mundial de petróleo, a organização definiu medidas
visando ao aumento dos lucros e ao controle do setor. Para isso, aumentou o valor dos royalties pagos pelas
empresas petrolíferas e as oneraram com encargos. Em 1970, quando descobriu que se tratava de um recurso
natural não renovável, a OPEP “[...] elevou os preços do petróleo e, ao mesmo tempo, reduziu sua produção”
(SAES; SAES, 2013, p. 535).

Crescimento do preço do barril de petróleo na década de 1970.


Fonte: SAES; SAES, 2013. (Adaptado).

O quadro demonstra o aumento dos preços do barril de petróleo. Na comparação entre 1970 e 1973, durante o
primeiro choque do petróleo, o valor se multiplicou por quase 6, e, de 1973 para 1979, no segundo choque do
petróleo, o preço triplicou. Ao comparar 1970 a 1979, o petróleo chegou a custar 15 vezes o preço inicial (SAES;
SAES, 2013).

A alta dos preços causou reflexos nos Estados Unidos e na Europa e desestabilizou a economia por todo o mundo.
A retirada dos investimentos americanos dos países subdesenvolvidos, devido à situação, acirrou a crise, fazendo a
economia mundial entrar em colapso.

3.2.3 As crises no México e na Argentina na década de 1990

O histórico dos países latino-americanos é marcado pela instabilidade política e econômica. Na década de 1990,
por exemplo, crises cambiais e bancárias atingiram o México e a Argentina.

A crise no México, em 1994, começou quando o país declarou a desvalorização do peso em relação ao dólar. Isso
acarretou a movimentação dos investidores locais e estrangeiros, gerando especulação financeira e fuga de
capitais. Além disso, a crise cambial arrasou a indústria e a economia mexicana e repercutiu para outros países
latino-americanos, que estavam com desequilíbrio nas contas públicas.

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ASSISTA
O filme Efeito Tequila (SERMENT, 2010) narra a vida de um jovem corretor da bolsa de valores
que se envolve com negociações financeiras ilícitas no contexto da crise no México.

Essa crise foi ocasionada por fatores políticos e pelo desequilíbrio financeiro, influenciados pelos fatores
apresentados a seguir. Clique nos itens.

Massiva entrada de capital estrangeiro na década de 1990.

Ineficiência das políticas econômicas do governo.

Breve momento de expansão.

Crescimento das forças sociais com o movimento zapatista.

Insuficiente liberalização da economia.

Competição com os produtos importados, com a entrada do país no North American Free Trade Agreement (NAFTA),
ou Tratado Norte-Americano de Livre Comércio.

Já a crise na Argentina ocorreu entre 1999 a 2001, em decorrência da baixa arrecadação fiscal, crescente dívida
externa, sobrevalorização da moeda e equiparação com o dólar no sistema bancário. Esses fatores resultaram na
perda da competitividade e da credibilidade do sistema financeiro, queda no preço das commodities e falta de
investimentos externos, que paralisaram o crescimento econômico.

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A recessão argentina foi caracterizada pela deflação, isto é, queda no preço dos produtos, diante da valorização
real do dinheiro, contribuindo para a elevação da dívida externa e o desequilíbrio das contas públicas, o que afetou
a estrutura social e econômica do país.

3.2.4 A crise norte-americana de 2008

A hegemonia política e econômica dos Estados Unidos foi abalada no início do século XXI. Diferentemente de 1929,
quando a crise resultou da superprodução industrial, a crise norte-americana de 2008 foi financeira e alavancada
pelo estouro da bolha imobiliária, que quebrou instituições bancárias e reduziu créditos e empregos.

O valor das transações econômicas no mercado imobiliário americano aumentou além de seu valor real, devido à
hipoteca, prática comum no país que consiste em obter empréstimo dando um imóvel próprio como garantia.
Com os juros baixos e o crédito disponível, as pessoas hipotecavam suas casas para investir em imóveis, tornando
o mercado imobiliário bastante lucrativo.

Com o esgotamento da supervalorização dos imóveis, a bolha econômica estourou, acarretando prejuízos que
fizeram a crise se alastrar. O governo aumentou o lucro e reduziu o crédito para controlar o crescimento
inflacionário, o que esfriou o mercado imobiliário e derrubou o valor dos imóveis e causou inadimplência das
hipotecas. Diante disso, a crise ficou conhecida como subprime, termo usado para se referir ao risco eminente de
calote que uma dívida passa a apresentar.

PAUSA PARA REFLETIR


É possível estabelecer relação entre a crise de 2008 e a situação financeira que o Brasil enfrenta
desde 2013?

Outra consequência foi o colapso do sistema de especulação econômica. A desconfiança no mercado contribuiu
para a redução de empréstimos, de créditos e da capacidade de investimento das empresas. Em conjunto, esses
fatores geraram menos empregos, seguidos por demissões e pela queda no consumo e na lucratividade
empresarial. Com a quebra do Banco Lehman Brothers, a crise financeira atingiu seu ápice, levando à queda dos
investimentos e das ações, atingindo principalmente a União Europeia.

Nota-se que ao longo do século XX, as relações econômicas entre os países se intensificaram e, com isso, as crises
ocorridas geraram impactos internacionais. No próximo tópico, serão apresentados os desdobramentos da
conjuntura internacional na organização política, econômica e social do Brasil.

3.3 Aspectos políticos, econômicos e sociais no Brasil no


século XX
No início do século XX, o Brasil atravessou um período de transformações políticas, com a passagem do Império
para a República, que não alteraram a estrutura econômica agroexportadora e social, marcada pela discrepância
entre ricos e pobres e a exclusão de setores marginalizados da população.

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A consolidação do regime republicano, com economia diversificada e uma legislação que visava garantir direitos
fundamentais à população, como educação, saúde e segurança, ao longo do século XX, deu-se em um contexto
marcado pela instabilidade política e econômica.

3.3.1 República Velha e Estado Novo (1889-1945)

A implantação da República no Brasil ocorreu em 15 de novembro de 1889, por meio de um golpe militar. De 1889 a
1930, o período conhecido como República Velha se dividiu em duas fases. Clique nas abas.

• República da Espada (1889-1894)


Com os governos dos militares Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

• República Oligárquica (1894-1930)


Governada pelas elites oligárquicas estaduais e marcada por revoltas sociais.

A exportação do café era a base da economia, fazendo a aristocracia rural ascender ao poder e governar em
benefício próprio. Na base da política oligárquica, estava o coronelismo, isto é, os proprietários de terras
utilizavam seu poder de mando local para manipular as eleições em favor dos interesses de seu grupo. As
oligarquias estaduais de São Paulo e Minas Gerais estabeleceram um acordo e se alternaram no poder, no que
ficou conhecida como a política do café com leite.

ESCLARECIMENTO
A política do café com leite tem esse nome devido à aliança feita entre as oligarquias estaduais de
Minas Gerais, produtora de leite, e São Paulo, produtor de café.

Fonte: © Skynavin / / Shutterstock.

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Impulsionada pela economia cafeeira, a região Sudeste, durante as primeiras décadas da República, vivenciou um
período de crescente industrialização e urbanização. Isso contribuiu para o aumento populacional nas cidades e a
diversificação da composição social. A burguesia industrial, banqueiros e empresários representavam a classe
dominante, seguidos por operários, comerciantes e profissionais liberais na classe média e desempregados e
pessoas desamparadas na classe baixa.

No entanto, o meio urbano “[...] até a década de 1920 concentra apenas 20% da população brasileira” (DEL PRIORE;
VENÂNCIO, 2010, p. 177). Nesse período, a população brasileira continuou majoritariamente rural, e a agricultura
era a base econômica do país. Enquanto os trabalhadores rurais enfrentavam a insegurança e a miséria, vivendo
sob a dependência de latifundiários, nas cidades, os problemas sociais se intensificavam pela falta de
infraestrutura, elevado custo de vida e desemprego. Tal situação contribuiu para ocorrência de revoltas no campo
e na cidade.

A insatisfação de diversos setores da população, entre os quais, os tenentes, e a disputa entre as oligarquias,
contribuiu para a formação do movimento de 1930, liderado pelo gaúcho Getúlio Vargas, que derrubou a oligarquia
paulista do poder.

Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas ascendeu ao poder e governou por 15 anos. A Era Vargas foi marcada por
avanços econômicos, com investimento na indústria e na agricultura, e sociais, com a criação de leis trabalhistas e
direitos sociais, como o voto feminino e o ensino primário obrigatório. Todavia, essas conquistas se deram num
contexto político ditatorial, o Estado Novo, que refletia o cenário internacional, marcado por governos
nacionalistas e autoritários.

3.3.2 Modernização econômica e construção de Brasília (1945-1964)

A queda de Getúlio Vargas e a reestruturação do regime democrático, em 1945, colocaram o Brasil em uma disputa
política que refletia a conjuntura internacional. A tensão entre ideologias nacionalistas, comunistas e liberais
trouxe mudanças para a política, que, além da elite agrária, passou a envolver interesses da crescente população
urbana, diante da industrialização e urbanização do país.

Os governos foram marcados por medidas liberais e populistas, prática que visa atender a interesses das classes
populares para conquistar seu apoio. Seu maior representante no Brasil foi Getúlio Vargas, seguido pelos governos
de Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubistchek, Jânio Quadros e João Goulart.
No plano econômico, o Brasil se alinhou ao bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos. O governo Dutra foi
marcado pela aplicação de uma política econômica liberal e pela liberação das importações, que causou o
crescimento da inflação, desequilíbrio nas contas públicas e alta no custo de vida.

Para reverter essa situação, Vargas adotou uma política econômica nacional-desenvolvimentista, com
diversificação e crescimento industrial e criação de empresas estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional e a
Petrobrás. Porém, o desenvolvimento industrial e o sucesso da política de intervenção do Estado na economia não
foram suficientes para controlar o aumento da inflação e do custo de vida.

O auge do desenvolvimentismo ocorreu entre 1955 e 1960, no governo de Kubistchek, com seu Plano de Metas,
cuja proposta era desenvolver 50 anos em 5, investindo nas áreas de transporte, energia, indústria pesada e
alimentação. A construção de Brasília, a nova capital, sintetizava essa meta. Com exceção de Vargas, a política
populista de modernização do país esteva ancorada na dependência externa. Assim, o desenvolvimento
econômico foi seguido pelo aumento da dívida externa e da inflação.

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Fonte: © 061 Filmes / / Shutterstock.

No plano social, a população sofreu as consequências das políticas econômicas, devido ao aumento da inflação,
ilustrado no gráfico a seguir e, consequentemente, do custo de vida.

Inflação anual no Brasil entre 1959-1964.


Fonte: JOFFILY, 1988. (Adaptado).

Outras consequências foram o arrocho salarial e a restrição dos investimentos públicos nas áreas sociais, o que
ocasionou revoltas, greves e manifestações sociais ao longo do período. Os dois últimos governos populistas, de
Quadros e Goulart, foram marcados pela crise e acirramento ideológico, que contribuíram para a queda do
populismo, por meio do golpe militar.

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3.3.3 Ditadura militar e Ufanismo Nacional (1964-1985)

Em 1.º de abril de 1964, as Forças Armadas assumiram o poder no Brasil e ficaram no governo por 20 anos. O golpe
militar teve o apoio de diversos setores da sociedade, cujo temor era a implantação do comunismo, diante da
crescente mobilização popular no governo de João Goulart. Os militares justificaram a suspensão dos direitos
democráticos, afirmando acabar com a corrupção política e administrativa, desenvolver a economia e restabelecer
a ordem social.

Contudo, “[...] o novo regime começou a mudar as instituições do país através de decretos, chamados de Atos
Institucionais (AI). Eles eram justificados como decorrência do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as
revoluções” (FAUSTO, 2006, p. 465). Na prática, foram instrumentos de força que não obedeciam a norma jurídica
vigente, conferindo aos militares poderes para decretar qualquer medida considerada necessária.

Na economia, começou o plano de desenvolvimento, por meio da industrialização, modernização agrícola,


equilíbrio das contas e controle da inflação. Os mecanismos utilizados foram o arrocho salarial, fim da estabilidade
no emprego, abertura da economia ao capital estrangeiro e empréstimos externos para financiar as políticas
estatais. A imagem a seguir mostra uma das obras do governo militar, a usina Itaipu binacional, construída em Foz
do Iguaçu em parceria com o Paraguai.

Fonte: © Mykola Gomeniuk / / Shutterstock.

Entre 1967 a 1973, a economia cresceu, em um período que ficou conhecido como milagre econômico. A produção
de aço, petróleo, energia elétrica e equipamentos industriais recebeu forte investimento público, o que ensejou o
crescimento das exportações agrícolas, expansão do sistema de crédito ao consumidor, aumento do consumo e
crescimento industrial (FAUSTO, 2006).

Ainda Segundo Fausto (2006), os aspectos negativos do milagre econômico foram principalmente de natureza
social. Isso porque, a política econômica implantada pelo ministro da fazenda Delfim Neto objetivava fazer o
“bolo” crescer para só depois pensar em distribuí-lo. O resultado foi a redução salarial dos trabalhadores com
baixa qualificação, favorecendo a concentração de renda. Outro aspecto negativo foi:

“[...] a desproporção entre o avanço econômico e o retardamento ou mesmo o abandono dos


programas sociais pelo Estado. O Brasil iria se notabilizar no contexto mundial por uma posição
relativamente destacada pelo seu potencial industrial e por indicadores muito baixos de saúde,
educação e habitação, que medem a qualidade de vida de um povo”. (FAUSTO, 2006, p. 487).

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Distribuição da riqueza nas décadas de 1960 e 1970.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000. (Adaptado).

O gráfico mostra a concentração de renda durante o período do milagre econômico. A desaceleração da economia
gerou inflação e desemprego. Ainda assim, a população não se manifestava contra o governo, devido à repressão e
censura, mas, também, pela propaganda governamental que supervalorizava suas ações, especialmente
econômicas, e veiculava um Brasil próspero e harmônico, com slogans ufanistas, que aproximavam a população do
progresso da nação.

Ufanismo significa o orgulho de um indivíduo em relação a seu país, relacionado ao patriotismo. O Ufanismo
Nacional foi fomentado no Brasil durante o regime militar, com intuito de que a população desenvolvesse um
sentimento de orgulho nacional, aceitando o governo ditatorial.

3.3.4 Processo democrático – 1985 aos dias atuais

O processo de redemocratização deu início à Nova República em oposição ao regime militar. Seu início ficou
marcado pelo retorno das liberdades civis e pela Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, que
valoriza a democracia e o direitos sociais. Entre 1985 a 2018, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco,
Fernando Henrique Cardoso, Luís Inácio “Lula” da Silva, Dilma Roussef e Michael Temer governaram o país.

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PAUSA PARA REFLETIR
Você se interessa por economia ou política? Em sua casa, você e seus familiares costumam falar
sobre esse assunto?

A conjuntura internacional teve desdobramentos na organização política, econômica e social do Brasil, marcada
pela globalização e neoliberalismo. Entre as décadas de 1980 e 1990, os governos enfrentaram fortes crises
econômicas, com o descontrole inflacionário, aumento do desemprego e recessão. Para contê-las, os governos
alteraram as moedas, com o Plano Cruzado (1986) e Plano Real (1994).

O sucesso do Plano Real garantiu a eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994. Foi durante seu governo que o
Congresso aprovou o dispositivo da reeleição, assim, Cardoso ficou por oito anos no poder. Em seu governo foram
“[...] implementadas medidas econômicas voltadas à internacionalização da economia, privatização de empresas
estatais, desregulamentação de mercados e controle dos gastos públicos”. (DEL PRIORE; VENÂNCIO, 2010, p. 213).

O resultado foi o endividamento externo, o desemprego crônico e a vitória de Lula. Seu governo foi marcado pela
mundialização da economia, aceleração do crescimento do comércio mundial, resultando no desenvolvimento dos
mercados emergente, do qual o Brasil faz parte. Em seu governo, buscou:

[...] diminuir os efeitos negativos da globalização, criando-se formas de proteger o sistema econômico
nacional. Junto a isso, combatem-se as desigualdades, através de políticas de distribuição de renda e
uma série de outros programas sociais. Na última década, essas perspectivas, por assim dizer, foram
centrais nos governos Lula (2003-10). (DEL PRIORE; VENÂNCIO, 2010, p. 214).

Essas ações contribuíram para mudanças no quadro de exclusão social. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) (2015), a mortalidade infantil e o número de pessoas sem escolaridade diminuíram, enquanto o
acesso ao Ensino Superior, o número de trabalhadores com carteira assinada e os salários pagos às mulheres
aumentaram. Posteriormente, o povo garantiu a vitória de sua aliada, Dilma Rousseff, em 2010.

Rendimento médio de homens e mulheres entre 2003 e 2014.


Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015. (Adaptado).

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Seu governo representou um marco histórico no país: foi a primeira mulher eleita para ocupar o executivo. Dilma
deu continuidade aos programas sociais e econômicos de seu antecessor, contudo a recessão econômica mundial
teve reflexos na economia interna. Para reverter a crise, o governo adotou medidas intervencionistas que não
tiveram êxito. A crise econômica acarretou em uma crise política e a insatisfação de diversos setores da sociedade,
que levaram a seu impeachment, em 2016. Seu vice-presidente, Michel Temer, assumiu a presidência, em um
governo marcado por uma política de austeridade econômica, com o intuito de diminuir o impacto da crise
econômica.

Ainda hoje, é possível notar que os problemas que afetavam a República Velha são contemporâneos à Nova
República: desigualdade, miséria, criminalidade, violência, impunidade, corrupção das instituições democráticas e
dependência do capital externo continuam sendo os maiores problemas do país. Diante do panorama apresentado
é possível notar os desdobramentos da conjuntura econômica internacional na realidade brasileira. No próximo
tópico, esses impactos serão analisados, considerando as fases e transformações do capitalismo.

3.4 Fases e transformações do capitalismo e seus impactos na


realidade brasileira
O capitalismo é o sistema econômico vigente na maioria dos países e se consolidou como um modelo de
organização econômica entre os séculos XV e XVI. Esse sistema passou por diversas transformações, sendo dividido
em três fases: comercial, industrial e financeiro. Com isso, alterou as técnicas e modelos produtivos, ocasionando
mudanças também no mercado mundial e na organização interna dos países.

3.4.1 Mercantilismo – Portugal e Espanha

O mercantilismo surgiu como política econômica com a formação dos Estados Nacionais Modernos. Com o apoio
da burguesia interessada no desenvolvimento comercial, o Estado passou a conceder monopólios das atividades
mercantis, regular a economia, estimular o comércio, proteger o mercado nacional, acumular metais preciosos e
promover a exploração de outros territórios por meio da colonização.

Portugal e Espanha são exemplos da política econômica mercantilista, pois foram os primeiros territórios da
Europa a consolidar o Estado Nacional e a se lançar na expansão marítimo-comercial que culminou na chegada
dos europeus à América e no processo de ocupação do continente.

Enquanto a Espanha adotou o mercantilismo metalista, com a extração de ouro e prata de suas colônias, Portugal
adotou todas as estratégias disponíveis. Praticou o mercantilismo comercial, ao revender produtos orientais, a
plantagem, baseada na agroexportação da colônia brasileira e o mercantilismo metalista, durante o ciclo do ouro.

A formação colonial do Brasil coincide com o desenvolvimento do capitalismo comercial, enquanto o ciclo do ouro
favoreceu a acumulação de capital na Inglaterra, contribuindo para o surgimento do capitalismo industrial.

3.4.2 Liberalismo clássico

O liberalismo clássico é uma teoria econômica desenvolvida no século XVIII pelo economista escocês Adam Smith
(1723-1790). Sua teoria defende a não intervenção do Estado na economia, a qual deve se basear apenas nas leis
do mercado, como a lei da oferta e da procura. A intervenção deve ocorrer apenas nos momentos de crise ou em
situações excepcionais.

Nessa perspectiva, se o Estado interferir diretamente na dinâmica econômica, ele pode romper o equilíbrio do
mercado autorregulável, em benefício de uns e prejuízos de outros. Assim, o liberalismo é caracterizado por alguns
pontos. Clique e conheça-os.

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Liberdade de comércio e de produção.

Livre concorrência.

Liberdade de estabelecer o contrato de trabalho.

Defesa da propriedade privada.

O pensamento liberal do século XVIII foi ao encontro dos interesses ingleses ligados à industrialização, que
desejavam ampliar seus mercados consumidores. Com isso, a Inglaterra se voltou para a América, com o intuito de
acabar com os monopólios comerciais que sujeitavam as colônias às metrópoles. A imagem a seguir ilustra uma
tecelagem na Inglaterra da época.

Tecelagem na Inglaterra da época.


Fonte: © Everett Historical / / Shutterstock.

O interesse inglês na independência das colônias americanas estava em estabelecer relações comerciais diretas
com esses territórios. As pressões inglesas sobre o governo português contribuíram para o fim da exclusividade
comercial, com a Abertura dos Portos às Nações Amigas, em 1808, fator que acelerou o processo de emancipação
do território brasileiro.

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3.4.3 Keynesianismo – pós-guerra

O economista inglês John Maynard Keynes desenvolveu uma teoria que defendia a intervenção do Estado no
controle da economia nacional, a fim de garantir o emprego: o keynesianismo, adotado por Roosevelt, nos
Estados Unidos, após a crise de 1929. Com base nessa teoria, o presidente implantou o New Deal, um plano de
reestruturação econômica, em que através da interferência do Estado na economia, combateu a crise, garantindo
empregos e direitos sociais.

No Brasil, é possível notar a influência da teoria keynesiana nas políticas econômicas implantadas no governo de
Dilma Rousseff. Para conter os reflexos da recessão mundial, foram implementadas medidas de intervencionistas,
como a redução da taxa de juros, direcionamento de investimentos, elevação de gastos, concessões de subsídios e
controle de preços.

3.4.4 Guerra fria – capitalismo financeiro e neoliberalismo

O capitalismo financeiro é a fase atual do sistema econômico mundial, em que o capital passou das mãos dos
industriais para as organizações financeiras, como os bancos. A especulação financeira e a movimentação da bolsa
de valores passaram a medir o desempenho da economia de um país.

O fim da Guerra Fria e da ordem bipolar, isto é, o contexto mundial de disputa hegemônica e ideológica entre os
Estados Unidos, capitalista e a União Soviética, socialista, representaram o desmoronamento do socialismo e a
consolidação do capitalismo.

CONTEXTO
Em 12 de novembro de 1989, ocorreu a derrubada do Muro de Berlim, um marco histórico na luta
em defesa da democracia, que representou o fim da Guerra Fria e o início da globalização.Em 12
de novembro de 1989, ocorreu a derrubada do Muro de Berlim, um marco histórico na luta em
defesa da democracia, que representou o fim da Guerra Fria e o início da globalização.

Assim, emergiu uma nova ordem mundial multipolar, baseada em um complexo sistema de relações
internacionais, que contribuiu para o processo de globalização. A repercussão dessas transformações na política
acarretou a adoção do neoliberalismo, pautado na restrita intervenção do Estado na economia.

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Fonte: © Travel mania / / Shutterstock.

As transformações político-econômicas e a consolidação do capitalismo financeiro favoreceram o processo de


industrialização e urbanização dos países emergentes, a exemplo do Brasil e dos Tigres Asiáticos. Isso ocorreu por
meio da implantação de multinacionais atraídas por impostos mais baratos, oferta de matéria-prima, mão de obra
e mercado consumidor.

Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma apresentação em Power Point
destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seus slides, considere as leituras
básicas e complementares realizadas.

Dica: utilize imagens para montar sua apresentação e separe o conteúdo conforme os tópicos de estudo.

Recapitulando
A consolidação do capitalismo favoreceu um amplo desenvolvimento tecnológico que trouxe melhorias à vida das
pessoas, mas, por ser alicerçado no lucro e na competição, causa concentração de renda e desigualdade social.

A rede de relações comerciais estabelecidas entre os países em uma economia globalizada faz com que
acontecimentos inerentes à realidade interna dos Estados Unidos ou da China, por exemplo, causem impactos na
vida dos brasileiros. O Brasil, porém, tem uma vocação agrícola que remonta ao período colonial, pois seus
principais produtos de exportação são agrícolas.

Os países passaram por diversas crises ao longo de sua história, que podem repercutir em outros em longo prazo
num sistema financeiro globalizado. Um exemplo é a crise de 2008, nos Estados Unidos, que vem causando
problemas à economia brasileira desde 2013, gerando especulação financeira, aumento dos juros, restrição do
crédito, recessão e desemprego.

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Referências
DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Breve História do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010.

FAUSTO, B. História do Brasil. 12. ed. São Paulo: USP, 2006.

HOBSBAWN, E. A Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991). 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000.

______. Pesquisa Mensal de Emprego. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. Disponível em: <ftp.ibge.gov.br
/Trabalho_e_rendimento/Pesquisa_Mensal_de_Emprego/fasciculo_indicadores_ibge/2015
/pme_201501pubCompleta.pdf>. Acesso em: 21/06/2019.

JOFFILY, B. Isto é Brasil 500 anos: Atlas Histórico. São Paulo: Grupo de Comunicação Três, 1998.

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2007.

PRADO JÚNIOR, C. História Econômica do Brasil. 43. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012.

SAES, F.; SAES, A. História Econômica Geral. São Paulo: Saraiva, 2013.

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