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PREVIDÊNCIA
Vanessa Lopes de Almeida
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SUMÁRIO
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1 POLÍTICA SOCIAL
Apresentação
Neste Bloco introdutório, nos propomos a discutir a formação das políticas públicas e
sociais e sua semelhança ao Welfare State, também conhecido como Estado de Bem
Estar Social. Essa formação de Estado pressupõe a garantia de padrões mínimos de
educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos. Esse
modelo datado do século 18, em países como Áustria, Rússia, Prússia e Espanha
colocaram em prática uma série de importantes políticas assistenciais de caráter
público.
Nossa pretensão nesse bloco é apresentar ao aluno a história das políticas sociais e sua
identificação com o Welfare State, bem como sua importância no século XIX. E ainda,
discutir a contradição entre Estado neoliberal e política social perpassando pela sua
formação histórica no Brasil. Cabe ressaltar, que as conquistas nas políticas de
assistência social, saúde e previdência social decorrem da organização e mobilização
da sociedade civil.
1.1. Política Social, das Velhas Leis dos Pobres ao Welfare State
A política social tem tomado como parâmetro institucional para demarcar suas origens
o Welfare State, que surgiu no século XIX e foi adotado no século XX, após o período
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Pereira (2008) aponta o Estado de Bem Estar Social como um moderno modelo estatal
de intervenção na economia de mercado que, ao contrário do modelo liberal que o
antecedeu, fortaleceu e expandiu o setor público, implantou e geriu sistemas de
proteção social.
Entre suas notas, Pereira1 (2016) aponta que se o Welfare State é um fenômeno do
século XX, o que teria emergido nos fins do século XIX não teria sido propriamente
essa instituição, mas uma política social identificada com um perfil de relação entre
Estado e sociedade antes inexistente, posto que determinado por mudanças
estruturais e políticas produtoras de novas arenas de “conflitos de interesses” e de
conquistas coletivas, ou melhor, de classe.
A autora adverte que a política social nem sempre é benéfica para seus supostos
destinatários legítimos - os demandantes de atendimentos de efetivas necessidades
sociais. Já que, de fato, onde existem diferentes interessados em torno de uma mesma
questão existem conflitos e, por conseguinte, correlação de forças, cujo
enfrentamento tende a beneficiar quem tem mais influência.
1 Potyara Pereira é formada em Serviço Social (1965) e Direito (1974). É mestre e doutora em Sociologia pela
Universidade de Brasília e pós-doutora em Política Social pela Universidade de Manchester/Grã Bretanha. É
professora do Programa de Pós-Graduação em Política Social da UnB e pesquisadora (vice-coordenadora) do
NEPPOS/CEAM/UnB e do CNPq (nível 1A).
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1.2. A importância histórica do século XIX para a política social e o Welfare State
2 A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra a partir
da segunda metade do século XVIII, garantiu o surgimento da indústria e consolidou o processo de formação do
capitalismo, causou grandes transformações na economia mundial, assim como no estilo de vida da humanidade,
uma vez que acelerou a produção de mercadorias e a exploração dos recursos da natureza.
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Com efeito, Pereira (2008) afirma que na Era dos Estados absolutistas a política social
também esteve presente como um lócus em que interesses conflitantes (talvez não
tão intensos) entre Estado e a sociedade se faziam representar. Atualmente, quando
se fala de “crise” do Estado de Bem-Estar, tudo leva a crer que a política social entrou
em falência, o que não corresponde à realidade. A imagem welfarista ou benfeitora
que lhe impuseram não resistiu ao tempo e às mudanças da história; mas, como
representação de interesses decorrente de relações conflituosas entre novos tipos de
Estado e sociedade — em que estão presentes demandas e necessidades sociais,
tendo como horizonte a justiça social demandas e necessidades sociais, tendo como
horizonte a justiça social — ela resistiu.
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adotados pelos distintos países para prover bem-estar a sua população variam entre o
seguro social, a provisão direta em dinheiro ou em material, os subsídios, as parcerias
com outras agências (incluindo entidades privadas mercantis e não mercantis) e ações
sociais realizadas, ora por governos federais, ora por autoridades locais.
John Maynard Keynes (1883-1946), economista britânico na primeira metade do século XX, propôs o controle
estatal da demanda em uma economia de mercado com vista a assegurar alto nível de atividade econômica e o
pleno emprego. Estas propostas foram feitas por ocasião da Grande Depressão, que se estendeu por toda a década
de 1930 até o início da Segunda Guerra Mundial, e exerceram influência sobre o New Deal.
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Desta forma, cabe salientar que as propostas inovadoras do Estado de Bem Estar Social
de Keynes adentram um sistema capitalista, portanto, há a presença do contraditório e
da disputa pela hegemonia do sistema e dos interesses das classes dominantes. O
processo de acumulação do capital gera desigualdade social e crescimento
desenfreado da pobreza.
Se por um lado, o Estado é liberal, prega uma economia livre, onde se promove uma
pseudo ascensão entre as classes, por outro, a condição do trabalhador é vexatória, o
lucro proveniente do produto gerado é acumulado pelo detentor dos meios de
produção, o empresariado. Já que nem todos os homens conseguem se apropriar do
capital, há uma necessidade do Estado em atuar por meio de políticas públicas.
4 Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo social do iluminismo, pai da Economia Moderna e precursor de
teorias, entre as quais, a do crescimento econômico, a da mão invisível do mercado.
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Cabe lembrar que o auge do capitalismo ocorreu no século XIX, com a força das
potências econômicas. Neste período ocorreu a revolução industrial, o que deu à
classe operária melhores condições, mas também desenvolveu um capitalismo cada
vez mais selvagem. Neste período iniciam-se as conquistas pela classe operária inglesa
e ocorrem algumas lutas por parte do proletariado.
É preciso mencionar que na segunda metade do século XIX e início do século XXI, dois
fatores importantes marcaram o início das mudanças no cenário político-econômico: o
primeiro é o crescimento do movimento operário e o segundo é a concentração e
monopolização do capital. Esses dois fatores foram preponderantes para a competição
entre os países pelo acúmulo de capital, repercutindo em duas guerras mundiais.
americana, não uma bondade genuína, mas uma tentativa de retomar o crescimento
econômico.
No Brasil, o processo ocorreu de forma lenta, mas a nossa economia teve reflexos da
“Grande Recessão de 1929”. O Estado de São Paulo assumia nesse período, a liderança
da economia brasileira, pois exportava café para os EUA. Com a crise financeira
americana e a ausência de exportações a economia brasileira também entra em
colapso
Na Era Vargas, com a Constituição de 1934 ocorre a supressão dos direitos políticos e o
esboço de políticas assistencialistas. Em um segundo momento da Era Vargas, temos a
supressão dos direitos políticos e individuais e mudanças importantes no
relacionamento com os trabalhadores. Cria-se também órgãos de apoio e fiscalização
das relações de trabalho, como o Ministério do Trabalho.
A crise econômica circulava pelo mundo e também pelo Brasil. Neste período as
classes trabalhadoras, especialmente do Estado de São Paulo, promoveram grandes
manifestações, culminando com algumas reformas, uma resposta ao descontrole social
que já apontava no cenário paulista. Neste período, entre as ações dos militares
destacamos a previdência social, o direito a remuneração frente a um acidente de
trabalho e renda para idosos pobres, um esboço, talvez, do Benefício de Prestação
Continuada.
Em 1989 ocorreu a primeira eleição para presidente da república por meio de eleições
diretas. Na oportunidade, o conceito de seguridade social adentra o cenário público a
partir da Constituição de 1988, fruto de mobilização da sociedade civil organizada e as
políticas de previdência, saúde e assistência social passa a ganhar corpo.
Conclusão
No decorrer deste bloco conceituamos o Estado de Bem Estar Social na Europa e nos
Estados Unidos da América e apresentamos as principais características das políticas
públicas e sociais, imprescindíveis para a atuação do Assistente Social. Refletimos que
do cidadão aos seus direitos permite modificar a condição de vulnerabilidade e risco.
Para efeitos jurídicos, utilizamos a Constituição de 1988 como referência e marco legal
do tripé da seguridade.
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Referências
ENGELS, Friedrich; MARX, Karl. Manifesto Comunista. 1.ed. São Paulo: Boitempo,
1998.
PEREIRA, Potyara A.P. Política Social: temas e questões. São Paulo: Cortez, 2008.
SMITH, A. A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua natureza e suas causas. São
Paulo: Abril Cultural, 1982.
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Apresentação
SAIBA MAIS:
http://www.previdencia.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/historico/
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Uma das primeiras legislações previdenciárias, que podemos destacar, foi a Lei Eloy
Chaves, de 1923, que estabelecia a criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensão
(CAP), com direito a assistência médica, aposentadoria e pensões para os ferroviários e
seus dependentes.
Posteriormente a Lei Eloy Chaves, abriu-se o precedente para que o benefício fosse
estendido para outros setores como os portuários, telegráficos, servidores públicos e
mineradores. As caixas de aposentadoria, espécie de seguro social estruturado pelas
empresas e posteriormente unificado na Caixa Geral instituíram o direito de
estabilidade no emprego após dez anos de trabalho, como forma de garantir receita
previdenciária para o pagamento dos benefícios.
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Até 1966 o sistema dos IAPs vigorou por filiação de categorias profissionais. Posterior a
esse período, os militares unificaram o sistema, criando-se o INPS - Instituto Nacional
de Previdência Social, administrado pelo Estado. Com a administração estatal
estabelecem-se convênios, para atendimentos que tem por base a medicina
previdenciária.
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A previdência social tem seu marco inicial, no Brasil, com a Lei Nº. 3397/1988, que
autoriza o governo a abrir “caixas de socorros” para os trabalhadores das estradas de
ferro. As mudanças na demografia, no perfil da população evidenciadas na década de
1950 e 1960 evidenciaram a necessidade de uma nova legislação de amparo ao
trabalhador.
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o
bem-estar e a justiça social.
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Cabe considerar que a Previdência se organizava, desde a criação dos IAPS até os dias
atuais a partir de um sistema conhecido como “Pacto das Gerações”, que consistia na
mútua solidariedade entre as gerações, a grosso modo, os benefícios de uma geração
são garantidos pela contribuição da geração seguinte.
Em Salvador (2010) vemos que a Previdência Social, regida pela lógica do seguro social,
é a forma encontrada pelo capitalismo para garantir o mínimo de segurança social aos
trabalhadores “não proprietários”, ou seja, àqueles que só dispõem de sua força de
trabalho para viver. Mas essa lógica só se materializa se os trabalhadores estiverem
inseridos em relações de trabalho estáveis que assegurem o acesso aos direitos
previdenciários. Para os trabalhadores excluídos do acesso ao emprego e para aqueles
que não contribuíram para a Previdência se estabelece uma clivagem social: eles não
têm proteção previdenciária porque não contribuem e não tem acesso à assistência
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1. Empregado - são aqueles trabalhadores que têm carteira assinada, que prestam
serviço constante na empresa e recebem salário, trabalhadores temporários,
diretores-empregados, quem tem mandato eletivo, quem presta serviço a órgãos
públicos, cargos em comissão em geral, quem trabalha em empresas nacionais
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4. Contribuinte individual - são aquelas pessoas que trabalham por conta própria,
que não têm vínculo empregatício como empresário, autônomo, comerciante
ambulante, feirante, etc. O trabalhador deve obrigatoriamente se inscrever e pagar
mensalmente as contribuições ao órgão responsável pela arrecadação.
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Conclusão
Referências
SALVADOR, Evilasio. Fundo Público e Seguridade Social no Brasil. São Paulo: Cortez,
2010.
SILVEIRA, Daniel. Brasil tem recorde de trabalhadores sem carteira assinada, mostra
IBGE. G1 – Economia. 31 jan. 2019. Disponível em:
<https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2019/01/31/brasil-
tem-recorde-de-trabalhadores-sem-carteira-assinada-mostra-ibge.ghtml>. Acesso em:
7 abr. 2020.
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3 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
Apresentação
Justiça previdenciária, aposentadoria por idade, auxílio doença, pensão por morte,
auxílio reclusão, aposentadoria por tempo de contribuição, salário maternidade,
segurado, dependente e contribuição são termos utilizados com frequência no âmbito
da Política de Previdência Social.
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SAIBA MAIS:
4. Aposentadoria Especial
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5. Auxílio Doença
O auxílio-doença é um benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar por
doença ou acidente por mais de 15 dias consecutivos. O beneficiário deve
comprovar a sua incapacidade por meio de perícia médica. Para ter direito ao
benefício, o trabalhador tem de contribuir para a Previdência Social por, no
mínimo, 12 meses.
6. Auxílio Reclusão
O benefício é pago apenas aos dependentes do segurado do INSS durante o
período de reclusão ou detenção, devido apenas aos dependentes do segurado
preso em regime fechado, durante o período de reclusão ou detenção. O segurado
não pode estar recebendo salário, nem outro benefício do INSS.
Para que os dependentes tenham direito, é necessário que a média dos salários de
contribuição apurados no período de 12 meses anteriores ao mês do recolhimento
à prisão (ou seja, nos 12 meses antes de ser preso) esteja dentro do limite previsto
pela legislação.
Para ter direito, é necessário que o segurado tenha contribuído por pelo menos 24
meses, ou seja, tenha realizado 24 contribuições, antes de ser preso, para que sua
família possa então ter direito ao benefício do auxílio-reclusão.
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Para a concessão de pensão por morte, não há tempo mínimo de contribuição, mas
é necessário que o óbito tenha ocorrido enquanto o trabalhador estava na
qualidade de segurado.
8. Salário Maternidade
O benefício é devido a pessoa que se afasta de sua atividade por motivo de
nascimento de filho, aborto não criminoso, adoção ou guarda judicial para fins de
adoção. Cabe à empresa pagar o salário maternidade devido à empregada
gestante.
9. Salário Família
O benefício é pago ao empregado de baixa renda, inclusive o doméstico, e ao
trabalhador avulso, de acordo com o número de filhos ou equiparados que possua.
Filhos maiores de 14 anos não têm direito, exceto no caso dos inválidos (para
quem não há limite de idade).
de 907,77 a
A partir de Até 907,77 cota Portaria MF n° 9,
1.364,43 cota
1º/01/2019 46,54 de 15/01/2019
32,80
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3.2. Serviços
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O segurado para ter acesso aos benefícios e serviços deve contribuir mensalmente
para a Previdência Social.
Até R$ 1.751,81 8%
De R$ 1.751,82 a R$ 2.919,72 9%
Salário de
Contribuição Alíquota Valor
(R$)
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5% (não dá direito a
Aposentadoria por Tempo de
R$ 998,00 R$ 49,90
Contribuição e Certidão de
Tempo de Contribuição)*
Entre R$ 199,60
R$ 998,00 até (salário mínimo)
20%
R$ 5.839,45 e R$ 1.167,89
(teto)
c) Segurado Especial
No quadro abaixo, pode ser conferido qual a carência mínima, em número de
meses, exigida pelo INSS para que o cidadão tenha direito de receber um benefício.
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Carência (em
Benefício
meses)
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Carência (em
Benefício
meses)
Empregada Doméstica)
Conclusão
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Referências
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4 A POLÍTICA DE SAÚDE
Apresentação
Em 1995 o Banco Mundial lança uma cartilha com orientações para a Saúde, mas a
mercantilização da política se intensifica em 1996, com FHC, introduzindo OS –
Organizações de Saúde e novas formas de gestão para a saúde pública.
Nesse bloco, o objetivo é apresentar o SUS – Sistema Único de Saúde, a partir da Lei
Nº. 8.080/90; o movimento de Reforma Sanitária no Brasil; a saúde enquanto política
de seguridade social; as diretrizes e estratégias fundamentais do SUS no contexto
brasileiro, bem como, o trabalho do assistente social na Política de Saúde.
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A política de saúde vigente atendia a interesses divergentes dos usuários dos serviços,
sendo influenciado pela ação de grupos dedicados à mercantilização da saúde. O
modelo adotado nesse contexto se configurava como excludente, discriminatório e
centralizador.
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O Sistema Único de Saúde foi regulamentado pela Lei Nº. 8.080, de 19 de setembro de
1990; a lei dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e a recuperação da
saúde e sobre a organização e funcionamento dos serviços. Obviamente, a
implantação do sistema não ocorreu de forma uniforme, em decorrência das
características regionais.
A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os serviços de saúde.
Engloba atenção primária; de média e alta complexidade; os serviços de urgência e
emergência; atenção hospitalar; ações e serviços das vigilâncias epidemiológica,
sanitária e ambiental e a assistência farmacêutica.
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No que se refere aos objetivos do SUS, conforme o Art. 5º, da referida lei, destacamos:
O SUS está sob a gestão dos três entes federativos. No nível federal a gestão é de
responsabilidade do Ministro da Saúde, que determina regras e fluxos que são
referências para todo o Estado brasileiro. No nível estadual e municipal compete a
responsabilidade da gestão ao Secretário de Saúde que deve operacionalizar
localmente a política.
✓ Institutos de Pesquisa;
✓ Laboratórios farmacêuticos;
✓ Agências reguladoras;
✓ Escolas técnicas;
E ainda, o Sistema Único de Saúde deve garantir que suas ações e serviços públicos de
saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o SUS sejam
desenvolvidos de acordo com pros seguintes princípios:
No que se refere aos modelos de assistência à saúde, é preciso considerar que este, no
Brasil, ainda traz de forma marcante a ação individual e curativa, com ênfase ao
atendimento hospitalar.
No entanto, sabemos que a saúde deve ser pensada a partir de múltiplos fatores, de
ordem social, econômica, política, cultural, biológica, ambiental e até mesmo, fatores
comportamentais. Desta forma, a superar a dimensão clínico-assistencial, para as
questões relativas a saúde-doença, as inúmeras conferências da saúde já
demonstraram a necessidade de se pensar em saúde a partir de critérios mais
abrangentes.
SAIBA MAIS
Se você quer saber mais sobre as Conferências da Saúde Brasil afora, pesquise sobre a
Conferência de Alma-Ata (1978), Conferência de Otawa / Canadá (1986), Conferência
de Adelaide / Austrália (1988), Conferência de Sundsvall / Suécia (1991).
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Por muitos anos, a área da saúde foi a área que mais empregou assistentes sociais,
também influenciada pelas mudanças do conceito de saúde, que outrora não
contemplava os aspectos socioculturais, históricos e econômicos, como já dito.
O Serviço Social na Saúde assumiu um caráter educativo, por meio de ações higienistas
de Educação em Saúde, saneamento e organização da comunidade, sua intervenção
assumiu um caráter moralista, cuja pretensão era organizar, normatizar o modo de
vida da população, a fim de garantir desenvolvimento de comunidades, e também mão
de obra saudável para o mercado de trabalho.
Conclusão
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Referências
GOHN, M. G. Novas Teorias dos Movimentos Sociais. São Paulo: Loyola, 2008.
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SANTOS, B. S. Os novos movimentos sociais. In: Roberto Leher & Mariana Setúbal
(org.). Pensamento Crítico e Movimentos Sociais: Diálogos para uma nova práxis. São
Paulo: Cortez, 2005.
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Apresentação
No decorrer desse processo, perceberemos que por décadas a Assistência Social era
sinônimo de filantropia, benesse, caridade. E atualmente, a política pública, responde
a um sistema, SUAS, e uma legislação, LOAS, prevista na Constituição Federal de 1988.
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SAIBA MAIS:
O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS foi instituído pela Lei Orgânica da
Assistência Social – LOAS (Lei 8742, de 07 de dezembro de 1993), como órgão superior
de deliberação colegiada, vinculado à estrutura do órgão da Administração Pública
Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social
(atualmente, o Ministério do Desenvolvimento Social), cujos membros, nomeados pelo
Presidente da República, têm mandato de 2 (dois) anos, permitida uma única
recondução por igual período. As principais competências do Conselho Nacional de
Assistência Social são: aprovar a Política Nacional de Assistência Social; normatizar as
ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da
assistência social; zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de
assistência social; convocar ordinariamente a Conferência Nacional de Assistência
Social; apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser
encaminhada pelo órgão da Administração Pública Federal responsável pela
coordenação da Política Nacional de Assistência Social; divulgar, no Diário Oficial da
União, todas as suas decisões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência
Social (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos.
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Cabe salientar, que o Serviço Social se propõe a examinar, avaliar a assistência social
nos mais diversos contextos históricos a partir da teoria crítica do materialismo
histórico dialético. Desta forma, a proposta do elemento textual em consonância com
o Curso de Serviço Social e fazer uma abordagem marxista. Friedrich Engels5, parceiro
de Karl Marx6, em seu tratado de 1845 com base na condição da classe trabalhadora
na Inglaterra, aponta que as doações, seja por governos ou indivíduos, são
frequentemente vistas pelos doadores como um meio de esconder o sofrimento que é
desagradável de ver.
Engels (1845), de uma carta ao editor de um jornal inglês que reclama que:
5 Friedrich Engels (1820-1895), filósofo social e político alemão, papel central no desenvolvimento do
marxismo, companheiro e amigo de Karl Marx, completou os volumes II e III da obra "O Capital", após a
morte de Marx.
6 Karl Marx (1818–1883), filósofo, economista, e revolucionário socialista alemão, junto a Engels
elaborou uma teoria política que embasou o chamado socialismo científico que apresenta um novo
conceito de dialética a partir da produção material da humanidade, a categoria trabalho é uma das suas
principais categorias analíticas.
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No século XVIII as ordens religiosas estruturavam a coleta de doações, desta forma, “os
fiéis” podiam contribuir com as obras da Igreja e auxiliar os pobres e desafortunados
nas comunidades que frequentavam. Você deve se recordar das Santas Casas de
Misericórdia, instituições criadas pela Igreja Católica também no século XVIII para
atender a população carente.
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Cabe lembrar, que no final do século XIX com a migração da população rural para os
centros urbanos, no chamado “êxodo rural”, as condições de superlotação dos
domicílios urbanos, bem como a ausência de saneamento suscitavam surtos
epidêmicos agravados pela desnutrição que afetava grande parte da população das
cidades.
A partir do século XIX até o início do século XX, em decorrência das guerras que
assolavam a Europa, o Estado de São Paulo recebeu imigrantes de diversas origens
étnicas que, por não conseguirem auxílio econômico fora do país de origem, se
organizaram para criar sociedades de auxílio mútuo, a exemplo, temos o Hospital
Beneficência Portuguesa, inaugurado em 1859 por iniciativa de pequenos
comerciantes portugueses.
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apoiada pelas organizações sem fins lucrativos, permeadas pelo ranço original da
benemerência e da caridade, outrora mencionada.
No ano de 1947 cria-se a Legião Brasileira de Assistência – LBA cujo objetivo principal
era atender as famílias dos pracinhas combatentes da 2º Guerra Mundial, inicialmente
o atendimento se limitava às necessidades dos filhos dos combatentes,
posteriormente a instituição adaptou sua linha de trabalho às demandas provenientes
do desenvolvimento econômico e social do país, em particular, a população
pauperizada em decorrência da miséria crescente.
Para que a Assistência Social se consolide enquanto direito é preciso uma série de
legislações que garanta o seu financiamento e sua incorporação ao tripé da
seguridade. Na linha do tempo abaixo, apontamos a criação do Conselho Nacional do
Serviço Social – CNSS, bem como a normatização da rede de serviços socioassistenciais
nos anos de 2010 e 2011 em vigência até os dias atuais. No próximo item,
abordaremos de forma breve, as legislações que fundamentam a Política Pública
discutida nesse bloco.
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A Constituição Federal do Brasil em 19887, nos Arts. 203 e 204 apresenta a assistência
social como política pública que será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, possui como objetivo
primordial a proteção da família e seus segmentos (infância, adolescência, velhice), a
maternidade, a promoção do emprego e pessoas com deficiência.
7
Constituição Federal do Brasil, 1988
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
8
8 Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Nº. 8.742/1993
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm
49
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Avançando no ano de 1998, uma nova versão da NOB é aprimorada no que se refere
aos serviços, programas e projetos. Nessa versão, considera-se central a participação
de conselhos e comissões bipartite e tripartite.
O ano de 2004 foi um marco importante para a política pública. A Política Nacional da
Assistência Social – PNAS/200410 institui o Sistema Único de Assistência Social, um
sistema público que organiza os serviços de assistência social no Brasil, a partir de um
modelo de gestão participativa, articulando iniciativas nas três esferas de governo
50
,
A Norma Operacional Básica – NOB SUAS foi criada no ano de 2005 com o objetivo de
regulamentar a gestão pública da Política de Assistência em todo o país. Por meio dela,
foram aprimoradas e reafirmadas as diretrizes do SUAS. Na normativa aborda-se a
gestão, constituição dos planos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e as
características do pacto de aprimoramento do SUAS.
51
,
SAIBA MAIS
Se você tem interesse em saber mais, sobre a História da Assistência Social no Brasil,
acesse o vídeo produzido pelo MDS – Ministério Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, produzido no ano de 2010, em comemoração ao Dia do Assistente Social.
Conclusão
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Referências
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
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Apresentação
Nesse bloco, iniciaremos nossa trajetória de estudo sobre a Lei Orgânica da Assistência
Social – LOAS e o Sistema Único de Assistência Social no Brasil - SUAS, faremos um
breve histórico das origens, conceitos e eixos que estruturam a política. Abordaremos
as proteções afiançadas, a rede de serviços tipificados que integram o sistema de
gestão que opera a Política de Assistência Social no Brasil.
A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Nº. 8.742/1993 dispõe sobre a organização
da Política Nacional da Assistência Social – PNAS/2004 e regulamenta o previsto nos
artigos 203 e 204 da Constituição Federal /1988.
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De acordo com a LOAS, Capítulo II, Seção I, Artigo 4º., a Política de Assistência Social
rege-se pelos seguintes princípios:
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56
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O sistema se organiza por meio de proteções sociais afiançadas, ou seja, que recebem
financiamento para operar a Política de Assistência Social. A primeira das proteções é a
Proteção Social Básica, destinada à prevenção de riscos sociais e pessoais, por meio da
oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação
de vulnerabilidade social, cujos vínculos familiares estão fragilizados, mas não
rompidos. A segunda é a Proteção Social Especial, destinada a famílias e indivíduos que
já se encontram em situação de risco e que tiveram seus direitos violados por
ocorrência de abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso de drogas, entre outros
aspectos e que possuem vínculos familiares rompidos.
57
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✓ Matricialidade Sociofamiliar;
✓ Descentralização político-administrativa e Territorialização;
58
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A Política de Assistência Social e o seu Sistema Único de Gestão possui duas unidades
estatais para atendimentos das vulnerabilidades, o CRAS – Centros de Referência da
Política de Assistência Social executa serviço de proteção social básica, organiza e
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61
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SAIBA MAIS
Se você quiser saber mais, sobre os serviços tipificados no município de São Paulo –
Capital.
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Conclusão
Por fim, refletir sobre a Seguridade Social e a nossa profissão, nos remete a décadas de
luta dos profissionais e movimentos sociais pela efetivação das políticas públicas e
sociais no Brasil. No entanto, há que se considerar o ranço da caridade que impregna a
prática profissional, é preciso retomar cotidianamente o Projeto Ético Político da
profissão.
Cabe ressaltar, que assistentes sociais não são profissionais bonzinhos e bem
intencionados, são profissionais que possuem em sua formação um arcabouço de
conhecimentos teóricos-metodológicos, técnico-operativos e ético-políticos para atuar
em diversas políticas públicas promovendo acesso a direitos sociais.
Referências
TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
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