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Instrumentos e

técnicas do Serviço
Social
Profa. Alessandra Medeiros
BLOCO 4. A VISITA DOMICILIAR E INSTITUCIONAL

4 Apresentação
Neste item, abordaremos a utilização da visita domiciliar e institucional como técnicas
utilizadas no cotidiano profissional do assistente social. Além dos esclarecimentos
conceituais, também apontaremos as vantagens e desafios desses instrumentos. A
visita é bastante conhecida pela população usuária que já traz em seu imaginário a
figura do assistente social “investigando” se a pessoa está falando a verdade, abrindo
portas de armários, dentre outros exemplos equivocados sobre sua utilização.

Visita domiciliar:
A visita domiciliar é um instrumento técnico-metodológico que é empregada na práxis
da profissão, pois facilita a aproximação do profissional à realidade do usuário.
Fonte: ÂMBITO JURÍDICO.
Disponível em:
<http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14704>. Acesso em:
maio 2019.

Visita institucional:
É realizada nas instituições. Pode acontecer em diferentes ocasiões, como: para
verificar vaga na rede socioassistencial para transferência de algum usuário, visita de
fiscalização do serviço etc.

4.1 Concepções e procedimentos técnicos da visita domiciliar


A visita domiciliar é um instrumento técnico-operativo que Amaro (2003, p. 13) define
como “uma prática profissional, investigativa ou de atendimento, realizada por um ou
mais profissionais, junto ao indivíduo em seu próprio meio social ou familiar”. A visita
domiciliar é realizada pelo assistente social e precisa ser pautada pelos princípios
éticos.

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Geralmente, é utilizada quando existe a necessidade de se complementar alguma
informação no estudo social, já iniciado por entrevista ou ainda quando precisam ser
avaliadas condições de vida e a relação entre os membros da família, que dificilmente
daria para ser avaliada exclusivamente por entrevista.
Amaro (2003, p. 13) afirma que
A visita como técnica se organiza mediante o diálogo entre visitador e
visitado, no geral organizado em torno de relatos do indivíduo ou grupo
visitado.

A observação também é muito utilizada durante uma visita domiciliar, não no sentido
de “checagem” das informações, mas para auxílio na compreensão da dinâmica
familiar de maneira mais ampla.
É muito comum a dúvida sobre o que observar na visita domiciliar como: a limpeza e
organização, o que os membros da família estão fazendo no momento da visita etc.
Para respondermos ao que se torna relevante ser observado e considerado na visita
domiciliar, precisamos:
- resgatar o objetivo da visita;
- responder se a informação coletada implica diretamente a conquista do direito
pleiteado;
- existência de maus tratos e negligência.
É relevante observarmos se existe louça na pia para ser lavada? Da mesma forma, é
importante saber se algum membro da família encontra-se dormindo no momento da
visita? Tratam-se de assuntos que, analisados separadamente, não implicam a
finalidade principal de o assistente social estar na moradia.
Identificar a presença de maus tratos, ou negligência, pode ser muito mais importante
do que a mera descrição de como se encontra a moradia.
Qual o espaço que a criança ocupa na família? Em quais condições ela foi encontrada?
Essas respostas podem significar aspectos mais relevantes do que meramente
constatar a existência de limpeza ou equipamentos eletrodomésticos.
[...] é preciso ver fundo. Não é apenas especular, mas é descodificar, é
compreender as inter-relações causais. É ver fundo o singular sem desprezar
o geral, é aproximar-se da realidade observada para ver o aparente,
identificando, e ser capaz de ver além do que se apresenta, do que é dado

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ao observador, mediante o movimento do abstrato ao concreto.
(SARMENTO, 1994, p. 266)

4.2 Dimensões a serem observadas no contexto da visita domiciliar


A primeira dimensão que julgamos ser importante considerarmos no momento da
visita domiciliar é o fator tempo x local da visita.
Amaro (2003, p. 57) diz que não se deve ter
[...] a pretensão, portanto de realizar aquela visitinha rápida, de meia hora
ou até menos! Dificilmente, num tempo tão resumido, você terá chances de
perceber algo mais que a cor do móvel [...].

Ponderarmos com relação ao tempo utilizado para a visita é de suma importância.


Assim como a autora acima indicou a impossibilidade de realizarmos uma visita em
menos de trinta minutos, problematizamos que visitas longas também poderão ser
prejudiciais pela invasão e constrangimento que podem gerar na família.
Também devemos levar em consideração o local onde a visita será realizada e como o
assistente social chegará até o local, prevendo questões de segurança e também
colocando um horário limite para visitar determinados territórios que poderão contar
com fatores externos determinantes como: presença do tráfico etc.
A entrevista também será prejudicada pelo fator tempo, pois teve todo um
planejamento o qual possui um intermédio teórico-metodológico para condução da
mesma, que segundo Amaro (2003, p. 13) é
[...] guiada por uma finalidade específica, pode-se dizer que geralmente as
visitas domiciliares são entrevistas semiestruturadas, dado que orientadas
por um planejamento ou roteiro preliminar.

As dimensões a serem consideradas na visita requerem a utilização de um roteiro que


deverá compor o momento de planejamento da mesma. Além de considerar como o
assistente social chegará ao local e o tempo de deslocamento, por exemplo, torna-se
fundamental que ele tenha clareza das informações a serem coletadas e observadas
no momento da visita.

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4.3 A visita institucional
A visita institucional pode acontecer em diferentes situações, inclusive para discussão
de casos, em que vários profissionais se reúnem em um dos serviços para conversarem
e pactuarem estratégias de intervenção.
A visita institucional que trataremos aqui será a de cunho fiscalizatório, já que em
determinados campos de atuação o assistente social é convocado a se manifestar
sobre a adequação da prestação de serviços à população, visitando, em conjunto com
outros profissionais, serviços de acolhimento, dentre outros.
Para exemplificarmos esse tipo de visita, apresentamos no link o instrumental utilizado
pelo Ministério Público do Paraná, disponível em:
MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ. Disponível em:
<http://www.direito.mppr.mp.br/arquivos/File/Roteiro.pdf>. Acesso em: maio 2019.

4.4 Procedimentos técnicos da visita institucional


Inicialmente, destacamos que a visita institucional também precisa ser planejada.
Como estamos nos referindo a uma visita fiscalizatória, nesses casos, geralmente não
se avisa o local antecipadamente, já que assim poderemos ter um retrato mais
fidedigno do que acontece no cotidiano institucional.
Em todos os outros casos, convêm o agendamento para que os profissionais se
organizem para recebê-lo.
O primeiro ponto a ser considerado no planejamento dessa visita é o conhecimento
sobre o local a ser visitado e o estabelecimento de um parâmetro sobre o que é ideal
ser encontrado.
Vamos a um exemplo: caso você precise realizar uma visita institucional em um serviço
de acolhimento, é imprescindível que conheça o funcionamento deste, para que possa
comparar com o que encontrou no momento da visita.

Acesse o link e conheça orientações sobre o serviço de acolhimento:


MINISTÉRIO PÚBLICO DE RONDÔNIA. Disponível em:
<http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2013/07/15/13_24_37_815_Orientações_s
obre_Acolhimento_Institucional.pdf>. Acesso em: maio 2019.

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4.5 Avaliação situacional para utilização das visitas
Na prática, a escolha pela visita tanto domiciliar como institucional deverá preceder a
discussão sobre seus objetivos e finalidades, ou seja, por qual razão estou optando por
esse instrumento?
Com o objetivo claro, você pode traçar um planejamento para que possa atingi-lo e
problematizar as informações que seriam de relevância para seu estudo, inclusive
sobre o acesso que o usuário ou a família tem das políticas públicas no território, pois
nunca podemos nos esquecer que as famílias vivem a vulnerabilidade social de
diferentes maneiras, dependendo do território onde estiverem inseridas.

SAIBA MAIS
Leia o artigo disponível em:
Visita domiciliar, um instrumento que potencializa a atuação do assistente social.
De Diana Galone Somer e Reidy Rolim de Moura
Disponível em:
<http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14704>

Conclusão
A visita domiciliar e também a visita institucional são estratégias que poderão ser
utilizadas pelo assistente social, dependendo do objetivo que se quer atingir com o
estudo social a ser realizado.
Nesse sentido, precisam de um planejamento prévio para que tenham o êxito
esperado e possam, de fato, ser utilizadas em benefício da população atendida.

Referências
AMARO, Sarita. Visita domiciliar: guia para uma abordagem complexa. Porto Alegre:
AGE, 2003.
SARMENTO. Hélder Boska de Moraes. Instrumentais e técnicas em serviço social:
elementos para uma rediscussão. Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Programa

6
de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social, Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. São Paulo, 1994.
SOMER, Diana Galone e MOURA, Reidy Rolim de. Visita domiciliar, instrumento que
potencializa a atuação do Assistente Social. Disponível em: <http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14704>.

GLOSSÁRIO
Práxis: é uma palavra com origem no termo grego práxis, que significa conduta ou
ação.
Fonte: SIGNIFICADOS.COM. Disponível em:
<https://www.significados.com.br/praxis/>. Acesso em: maio 2019.

Vulnerabilidade social: a concepção de vulnerabilidade denota a multideterminação


de sua gênese não estritamente condicionada à ausência ou precariedade no acesso à
renda, mas atrelada também às fragilidades de vínculos afetivo-relacionais e
desigualdade de acesso a bens e serviços públicos.
Fonte: BRASIL. Secretaria Nacional de Assistência Social. Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução do Conselho Nacional de
Assistência Social – CNAS n. 145, de 15 de outubro de 2004. Aprova a Política
Nacional de Assistência Social – PNAS. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, 2009. Disponível em: <
http://www.mds.gov.br/cnas/legislacao/resolucoes/arquivos-2004/resolucoes-cnas-2004/>.
Acesso em: maio 2019.

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