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Pesquisa em Serviço Social

Entrevista e pesquisa documental

Nilma Angélica dos Santos


• Considerando a realidade multifacetada sobre a qual o
assistente social vai atuar, em que se manifestam diversas
expressões da questão social há a necessidade de uma
racionalidade, pautada pela razão dialética, no trabalho do
Serviço Social.

• Desse modo, o profissional poderá compreender as


demandas postas, numa perspectiva totalizante,
superando a aparência dos fatos e o exercício de ações
pragmáticas e imediatistas para apreender a essência dos
processos sociais.
• No caso da entrevista, esta pode ser usada
como instrumento mediador do
conhecimento, permitindo ao profissional, a
partir de uma leitura crítica da realidade,
ultrapassar a aparência dos fenômenos em
direção ao real, com vistas a intervenções
mais efetivas
⮚ O uso da entrevista como instrumento no cotidiano do
trabalho do assistente social é adotado desde a origem da
profissão em diversos espaços sócio-ocupacionais

⮚ Desde a gênese até meados da década de 1970, os


clássicos da literatura da área do Serviço Social
correspondentes a esse período apontam a utilização do
instrumento entrevista fundamentado em matrizes
conservadoras.

⮚ O Serviço Social tradicional/conservador apresenta a


entrevista como um momento de relacionamento entre
assistente social e cliente, podendo ser realizada em
clínicas, residências e outros lugares.
Nessa perspectiva a entrevista tinha como
principais objetivos:
1) obter informações do
sistema-cliente ou de 2) dar
outras pessoas informações a
relacionadas, direta ou essas mesmas
indiretamente, com a
situação-social-problema; pessoas;

; 3) conscientizar o
sistema-cliente 4) levar o cliente a
quanto à natureza tomar decisões e
da situação-social- executá-las
problema
⮚ Anos 70: Movimento de Renovação do
Serviço Social Brasileiro.

o uso da entrevista ganha nova finalidade –


afirmação de direitos sociais. Para o Serviço
Social crítico, a entrevista constitui-se

“[...] como um processo de diálogo


entre o assistente social e os seus
usuários, com o objetivo de intervir
na realidade social” (LAVORATTI
apud CRAVEIRO, 2018, p. 27).
• Para Sarmento (2012, p. 116):

“[...] a entrevista é o estabelecimento de um


diálogo que vai se realizando à medida que
vamos desvelando o real, o concreto, e
ampliando a consciência crítica ou reduzindo
a alienação dos entrevistados e do próprio
assistente social”.
• O diálogo, a ética, o respeito, a empatia e a escuta
sensível devem ser princípios primordiais durante
a realização da entrevista junto aos usuários que
buscam atendimento no Serviço Social.

• “A entrevista implica relacionamento profissional


em todos os sentidos: na postura atenta e
compreensiva, sem paternalismo; na delicadeza
do trato com o usuário do serviço, ouvindo-o,
compreendendo-o e, principalmente,
‘enxergando-o’ como um sujeito de direitos”
• Segundo Rodrigues (2014), numa perspectiva crítica,
não se deve pensar em modelos de entrevista ou em
perguntas prontas para serem feitas em cada caso
específico,

• mas é preciso ter objetivos predefinidos e com


sustentação teórica, tendo em mente as possíveis
mediações que esse instrumento pode proporcionar
como meio de passagem de informações que oscilam
entre o imediato e o mediato.
• A ENTRE VISTA NOS PERMITE APREENDER A
REALIDADE EM SUAS TRES DIMENSOES:
A – singularidade; B particularidade; C –
universalidade

ao nos depararmos com as situações fragmentadas


trazidas pelos usuários (singularidade), precisamos
abstraí-las, especificando suas determinações, por
meio da particularidade, a qual, ao captar as conexões
que estas situações estabelecem com uma
determinada totalidade (universalidade), permite
desvelar o real, alcançando a sua essência.
ETAPAS DA ENTREVISTA
• PLANEJAMENTO
• Após definir os objetivos da entrevista, é preciso
pensar nas etapas para a utilização desse
instrumento, que aqui apresentaremos segundo a
classificação de Craveiro (2018), conforme citado
anteriormente. O planejamento, a primeira das
etapas, é o momento em que precisamos ter claro
que informações serão necessárias coletar e para
quê. Ter um roteiro de entrevista ajuda bastante.
• EXECUÇAO
A próxima etapa da entrevista, que é a execução
propriamente dita, refere-se à coleta das
informações. Nesse momento, é necessário
um ambiente acolhedor, de forma que o
usuário se sinta à vontade para dialogar com o
profissional.
• REGISTRO E AVALIAÇÃO
Realizada a entrevista, seguimos para a etapa de
registro das informações colhidas, envolvendo
também a sua análise/avaliação.

Implica a construção de sínteses provisórias sobre


a totalidade das situações apresentadas. [...] Trata-
se do momento em que os objetivos da entrevista
são retomados e ressignificados e no qual são
apontadas as mediações construídas, avaliadas e
acordadas em conjunto com os usuários no intuito
de responder às suas necessidades sociais.
Documentação
• A utilização dos documentos nas pesquisas
serve como uma ferramenta para reforçar o
entendimento, situando relatos em um
contexto histórico

• livros, jornais, papéis oficiais, registros


estatísticos, fotos, discos, filmes e vídeos
também podem ser considerados fontes
documentais
• O uso da documentação facilita a
contextualização histórica e sociocultural

• Ou seja, compreendemos melhor a maturidade


ou de desenvolvimento de indivíduos, grupos,
conceitos, conhecimentos, comportamentos,
mentalidades, práticas, entre outros.
3 tipos de documentos
• registros cursivos, que são duráveis e
continuados;
• registros episódicos e privados, (documentos
pessoais e imagens visuais causadas pelos
meios de comunicação em massa)
• e dados encontrados, (compostos não apenas
por objetos materiais, mas também por
vestígios físicos causados por erosão ou
acumulação no meio ambiente)
• Entidades públicas mantêm bancos de dados;
verifica-se isso em hospitais, escolas, agências
de serviço social, entidades de classe e
repartições públicas;

• É preciso observar se o dado obtido é útil ou


inadequado
• As fontes de dados recolhidas através da mídia
devem ser abordadas com muito cuidado pelo
pesquisador.

• A pesquisa documental permite observar as


mudanças de comportamento social ao longo
do tempo
ANÁLISE DE CONTEÚDO

• Pré-análise: fase de organização, que se inicia


com os primeiros contatos com os documentos.
• Exploração do material: fase longa e fastidiosa,
cujo objetivo é administrar sistematicamente as
decisões tomadas na pré-análise.
• Tratamento dos dados, inferência e
interpretação: fase que objetiva tornar os
dados válidos e significativos é a de.
• Conhecer o passado nos permite compreender
o presente e planejar o futuro.

• Cuidados a se tomar no uso de documentos:


• O autor do documento conseguiu reproduzir
seguramente os acontecimentos?
• Ele demonstra mais as percepções de uma
fração particular da população?
• Entender o sentido da mensagem
Análise, Interpretação e Relatórios na
Pesquisa Social
⚫A análise de dados tem como objetivo
organizar e sumariar os dados;

⚫A interpretação de dados tem como objetivo a


procura do sentido mais amplo das respostas;

⚫Por fim se faz a redação do Relatório


• TRÊS ETAPAS DA PESQUISA SOCIAL:
1- estabelecimento de categorias
Categorias são palavras-chaves que guiam o
processo de pesquisa;

São facilmente obtidas através das hipóteses


• 2 - Tabulação é o processo de agrupar e contar
os casos que estão nas várias categorias de
análise
• Transformar os dados em tabelas, gráficos,
verificar a frequência e características mais
comuns entre os fatos
• 3- Análise qualitativa (etapas)
• a) A redução dos dados: abrange a seleção, a
focalização, a simplificação, a abstração e a
transformação dos dados originais em
sumários organizados de acordo com os temas
ou padrões definidos nos objetivos originais da
pesquisa.
• b) A exibição/apresentação: análise sistemática
das semelhanças e diferenças em seu inter-
relacionamento. Pode ser formada por textos,
diagramas, mapas ou matrizes

• c)A conclusão/verificação requer uma revisão


para analisar o significado dos dados, suas
regularidades, padrões e explicações
Redação do relatório
• Nenhum resultado obtido na pesquisa tem
valor se não puder ser notificado aos outros.
• Elementos do relatório:
• Problema; metodologia; resultados conclusões
• Na produção do relatório o pesquisador precisa
ter: impessoalidade, objetividade, clareza,
precisão e concisão.
• Elementos do relatório:
• preliminares :
• Capa.
• Folha de rosto.
• Dedicatória.
• Agradecimentos.
• Epígrafe.
• Apresentação ou Prefácio.
• Lista de ilustrações.
• Resumo.
• Abstract.
• Sumário.
• pós-textuais são:
• • Anexos ou apêndices.
• • Referências bibliográficas
REFERENCIA
• Danielle Coelho Alves, Erlenia Sobral do Vale,
Renata Albuquerque Camelo (Organizadoras).
INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DO SERVIÇO SOCIAL
DESAFIOS COTIDIANOS PARA UMA
INSTRUMENTALIDADE MEDIADA. Ed. UECE, 1ª
ediçao. Fortaleza - CE, 2021.

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