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III.

METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO

Este estudo adota uma abordagem metodológica de natureza qualitativa, ancorada no


paradigma interpretativista, que busca explorar a riqueza de significados subjacentes aos
fenômenos em análise. Nesse contexto, a aplicação do método comparativo será essencial
para examinar de maneira aprofundada as nuances presentes em diferentes contextos. A coleta
de dados será realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, permitindo uma
compreensão abrangente das perspectivas dos participantes. Além disso, a análise de conteúdo
será empregada como ferramenta para decodificar e interpretar os elementos essenciais
emergentes das entrevistas, contribuindo assim para uma investigação minuciosa e embasada.
Ao longo deste ponto, abordaremos detalhadamente a adoção do paradigma interpretativista
como base teórica, a implementação das entrevistas semiestruturadas como método de coleta
de dados, a aplicação do método comparativo como estratégia de análise, bem como a
importância da análise de conteúdo na extração de insights significativos, visando a uma
compreensão holística dos fenômenos em estudo.

3.1. Paradigmas de investigação

O projecto de pesquisa remete-nos a um estudo de paradigma interpretativista.

O Paradigma Interpretativista é uma abordagem da pesquisa em ciências sociais que busca


compreender os significados e interpretações dos indivíduos sobre a realidade social.
Conforme explicado por Denzin e Lincoln (2011), “a pesquisa interpretativa é orientada para
a descoberta e interpretação dos significados que os atores sociais dão às suas experiências”
(p. 4).

Os pesquisadores interpretativistas acreditam que o mundo social é construído através das


interações sociais, e que a subjetividade e a complexidade da experiência humana são
aspectos fundamentais a serem levados em consideração na pesquisa. Segundo Creswell
(2014), “a abordagem interpretativista enfatiza a importância dos sujeitos na pesquisa e busca
entender como eles interpretam e constroem a realidade” (p. 25).

Os métodos de pesquisa utilizados no Paradigma Interpretativista são predominantemente


qualitativos, como a observação participante, a entrevista em profundidade e a análise de
documentos. Através desses métodos, o pesquisador busca entender as experiências dos
indivíduos e como elas são construídas socialmente. De acordo com Denzin e Lincoln (2011),
“a pesquisa interpretativa é caracterizada por métodos qualitativos que buscam compreender e
interpretar as experiências dos participantes” (p. 5).

3.2. Tipo de estudo

3.2.1. Quanto a natureza

A pesquisa quanto ao tipo propõe-se a pesquisa descritiva.

“A pesquisa descritiva visa efectuar a descrição de processos, mecanismos e relacionamentos


existentes na realidade do fenómeno estudado, utilizando, portanto, um conjunto de categorias
ou tipos variados de classificações” (Santos, 2009).

A escolha deste tipo de pesquisa foi em função dos objectivos que se pretende alcançar, pois
busca-se a descrição do fenómeno tal igual como ele foi apresentado. A sua aplicação será em
função da análise categórica do fenómeno estudado, tendo em consideração a particularidade
de cada processo da tomada de decisão sob a base das habilidades e conhecimentos dos
líderes das equipes estudadas.

3.2.2. Quanto a abordagem

Esta pesquisa classifica-se como qualitativa em função do seu objectivo, pois, busca-se com o
estudo descrever qualitativamente e de forma como as lideranças alcançam os melhores
resultados nas organizações e comunidades em que estão inseridas.

De outra perspectiva, considerando também a qualidade das respostas provenientes desta


pesquisa, ela se enquadra no domínio qualitativo. Isso ocorre devido ao seu propósito de
desvelar os acontecimentos relacionados ao fenômeno sob investigação, proporcionando uma
visão embasada em sua qualidade. A pesquisa qualitativa constitui uma abordagem na
pesquisa social voltada para a descrição e a apreensão da complexidade e subjetividade
subjacentes aos fenômenos objeto de estudo. No âmbito da coleta de dados, a entrevista
emerge como uma técnica amplamente empregada na pesquisa qualitativa, dada a sua
capacidade de extrair informações abrangentes e minuciosas acerca das experiências e
perspectivas dos participantes.

Entende-se por pesquisa qualitativa “a que se fundamenta principalmente em análises


qualitativas, caracterizando-se, em princípio pela não utilização de instrumental estatístico na
análise dos dados”. Esse tipo de análise tem por base conhecimentos teóricos-empíricos que
permitem atribuir-lhe cientificidade (Martins & Theóphilo, 2009).

O uso dessa abordagem propicia o aprofundamento da investigação das questões relacionadas


ao fenómeno em estudo e das suas relações, mediante a máxima valorização do contacto
directo com a situação estudada, buscando-se o que era comum, mas permanecendo,
entretanto, aberta para perceber a individualidade e os significados múltiplos (Coutinho,
2009).

De acordo com Patton (2015), “a pesquisa qualitativa é uma abordagem para a pesquisa social
que se concentra na compreensão e interpretação dos significados dos fenômenos sociais com
base em uma perspectiva holística e subjetiva” (p. 2).

A escolha desta abordagem para o estudo desta temática, é em função de que ela se concentra
na compreensão e interpretação de fenómenos sociais complexos, como comportamentos,
atitudes, crenças e valores. E ainda pelo facto de ela se caracterizar pelo uso de métodos
descritivos, exploratórios e interpretativos, que ajudaram na busca do entendimento as
perspectiva, experiências e significados dos participantes que serão envolvidos neste estudo.

3.2.3. Quanto ao método

Trata-se de um estudo comparativo, que tem como pano de fundo o entendimento das
características semelhantes ou não de um determinado fenómeno social.

O método comparativo é uma técnica utilizada em diversos campos do conhecimento para


analisar semelhanças e diferenças entre diferentes objetos de estudo. Ele permite que sejam
feitas comparações entre elementos concretos ou abstratos, e pode ser utilizado tanto para
investigações diretas quanto indiretas.

Através do método comparativo, é possível identificar padrões, tendências e relações entre


diferentes fenômenos, o que pode ser muito útil para entender melhor como eles funcionam e
como podem ser aplicados em diferentes contextos. Além disso, a comparação também pode
ajudar a identificar lacunas no conhecimento e a gerar novas hipóteses para serem testadas em
futuras investigações. De acordo com Chizzotti (2006), “o método comparativo busca, no
confronto de realidades, descobrir o que há de comum e o que há de peculiar nas situações
observadas” (p. 60).
A escolha do mesmo, é devido a natureza e aos objectivos que se pretendem alcançar com a
pesquisa. Sendo que o principal foco, remete-nos a ideia de apresentar características
semelhantes ou a existência de diferenças nessas características que possam ajudam a deduzir
resultados mais palpáveis.

3.3. Participantes da pesquisa

Classifica-se como participantes um grupo de pessoas que estão ligados de forma directa a um
determinado estudo científico, sendo estes fornecedores de informação necessária e precisa
para a realização do estudo, (Coutinho, 2011).

Neste estudo classificam-se como participantes, todos os envolvidos de forma directa no


desenrolar do mesmo, sendo estes os atores diretos de liderança e não só, das organizações
que serão estudadas.

Portanto, os participantes deste estudo serão escolhidos por critério de conveniência, uma
abordagem que se amolda à necessidade prática do momento. Conforme os dados são
gradualmente acumulados, o tamanho total do grupo de participantes será determinado. É
importante ressaltar que, em pesquisas qualitativas, a determinação do número de
participantes não deve ser preestabelecida. Pelo contrário, a escolha do tamanho do grupo
ocorrerá em uma fase posterior do processo, influenciada pela riqueza e profundidade das
respostas coletadas. Como afirmam Maxwell e Miller (2008), “o número de participantes é
muitas vezes determinado pelo ponto de saturação teórica, onde a coleta adicional de dados
não produz mais insights significativos” (p. 156). Portanto, a medida que as respostas se
acumulam e as nuances do fenômeno emergem, o número apropriado de participantes será
delineado, garantindo uma compreensão abrangente e aprofundada do contexto estudado.

3.4. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

3.4.1. Técnicas de recolha de dados

A entrevista, tomada no sentido amplo de comunicação verbal, e no sentido restrito de colecta


de informações sobre determinado tema científico, é a estratégia mais usada no processo de
trabalho de campo. A entrevista é uma oportunidade de conversa face a face, utilizada para
“mapear e compreender o mundo da vida dos respondentes”, ou seja, ela fornece dados
básicos para “uma compreensão detalhada das crenças, atitudes, valores e motivações” em
relação aos atores sociais e contextos sociais específicos (Lakatos & Marconi, 2010).
No entender destas autoras com o uso da entrevista o pesquisador pode em função do seu
estudo conseguir do entrevistado: Averiguar factos ocorridos; conhecer o sentimento de
pessoas sobre o facto ou o seu significado para ela; descobrir quais foram, são ou seriam as
condutas das pessoas, sejam elas passadas, presentes ou futuras; conhecer a opinião das
pessoas sobre os factos; descobrir factores que influenciam os pensamentos e limitações de
uma entrevista (Lakatos & Marconi, 2010, p. 124).

Em função do que se pretende apurar, propõe-se o uso da entrevista semiestrutura, por um


lado em função do seu objectivo de estudo, um vez que se pretende a mensuração dos dados
colhidos qualitativamente, sem o uso de dados estatísticos como tal, e por outro lado pelas
características peculiares deste tipo de técnica, cuja execução embora de perguntas fechadas
geralmente concernente a identificação ou classificação, apresenta ainda perguntas abertas
como sua principal característica, dando assim ao entrevistado a possibilidade de tecer novos
comentários relacionados ao assunto.

A entrevista semiestruturada “é uma lista das informações que se deseja de cada entrevistado,
mas a forma de perguntar (estrutura da pergunta) e a ordem em que as questões são feitas
varia de acordo com as características de cada entrevistado” (Backes, 2011, p. 88).

Esta técnica tem como característicos questionamentos básicos, que a partir delas há uma
possibilidade de surgirem outras dúvidas relacionadas as respostas a serem dadas, dando
assim a oportunidade de formulação de outras perguntas intermediárias, assim, ela facilitará
no esclarecimento de dúvidas que forem surgindo no decorrer da entrevista. “A entrevista é
um encontro de duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de
determinado assunto” (Lakatos e Marconi, 2009).

Ainda, na mesma senda da recolha de dados, propõe-se o usos da análise documental.

A análise documental é uma técnica de coleta de dados muito utilizada em pesquisas


qualitativas. A escolha da mesma, é pelo facto de que ela consiste na análise de documentos
que possam fornecer informações relevantes para a pesquisa, como relatórios, diários, cartas,
fotografias, vídeos, entre outros.

De acordo com Bardin (2011),

“a análise documental é uma técnica que permite a exploração de conteúdos verbais


ou não-verbais que estejam disponíveis em diferentes tipos de documentos. A autora
ainda afirma que essa técnica pode ser aplicada tanto para documentos oficiais, como
leis e regulamentos, quanto para documentos pessoais, como diários e cartas”.

A análise documental requer uma leitura cuidadosa e sistemática dos documentos


selecionados, com o objetivo de identificar os aspectos relevantes para a pesquisa. A análise
pode ser feita de forma manual, por meio de marcações e anotações no próprio documento, ou
por meio de softwares especializados que auxiliam na identificação de padrões e temas
recorrentes.

Segundo Minayo (2014), destaca que:

“a análise documental é uma técnica que pode ser utilizada de forma complementar a
outras técnicas de coleta de dados, como entrevistas e observação. A autora destaca
que a análise documental permite uma análise mais aprofundada e abrangente dos
contextos e das práticas sociais, contribuindo para uma compreensão mais rica e
complexa dos fenômenos estudados” (p. 67).

Além disso, a análise documental é uma técnica que oferece vantagens em relação a outras
técnicas de coleta de dados, como a possibilidade de acesso a documentos antigos ou difíceis
de encontrar e a redução de custos e tempo de pesquisa (Flick, 2009).

É com base nessa abordagem que a autora, propõe o uso desta técnica, sendo que, a análise
documental é uma técnica importante em pesquisas qualitativas, permitindo a coleta de dados
complementares e contribuindo para uma compreensão mais abrangente dos fenômenos
sociais estudados.

3.4.2. Instrumentos de recolha de dados

A selecção dos instrumentos não só depende das questões de investigação, mas também da
situação de investigação concreta, isto é, do contexto, pois só a visão global permite
determinar o que será mais adequado e o que será capaz de fornecer os dados pretendidos.
Segundo Pardal e Lopes (2011), a escolha do instrumento de recolha de dados dependerá dos
objectivos que se pretende alcançar com a investigação e do universo a ser investigado (p.
67). Portanto, antes de se proceder à recolha de dados, deve-se seleccionar, elaborar e testar
cuidadosamente os instrumentos.

Usar-se-á o guião de entrevista como principal instrumento de recolha de dados, e para fazer
as anotações das informações que se achar pertinente para o trabalho, usar-se-á um bloco de
notas e um gravador, se os participantes permitiram que a investigadora use o instrumento no
momento das entrevistas.
De salientar que o principal instrumento de recolha de dados é o investigador, em função
desta ideia, a pesquisadora considera-se a principal fonte de recolha de dados no campo de
estudo, e para o seu suporte para além do guião de entrevista e o bloco de nota, contou ainda
com um gravador que possibilitara a captação de todos os detalhes da entrevista.

3.5. Técnicas de análise de dados

Para esta pesquisa propõe-se o uso da análise de conteúdo, com base na categorização para o
alcance dos objectivos propostos pelo estudo. A técnica de análise de conteúdo pode ser
definida pelo modo como é organizado o tratamento dos dados a fim de produzir
conhecimentos científicos (Santos, 2010).

No entender de Bardin (2009) a análise de conteúdo é uma técnica de tratamento de dados


colectados, que visa à interpretação de material de carácter qualitativo, assegurando uma
descrição objectiva, sistemática e com a riqueza manifesta no momento da colecta dos
mesmos. Análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicação, que
utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição de conteúdos de mensagem”
(Bardin, 2011).

No entanto, a análise de conteúdo que será empregue neste estudo, centra-se precisamente na
formulação de categorias relevantes para o estudo com vista ao alcance dos seus objectivos.
Categorizar é um instrumento de organização (Santos, 2010). A análise categorial consiste no
desmembramento do texto em categorias agrupadas analogicamente” (Bardin, 2011).

A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto


por diferenciação e em seguida por reagrupamento segundo o gênero (analogia) com os
critérios previamente estabelecidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um
conjunto de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título
genérico, agrupamento efectuado em razão dos caracteres comuns destes elementos. (Bardin,
2009, p.117)

A categorização será formulada a partir das questões de investigação do trabalho, sendo


suportadas pelo guião de entrevista. Far-se-á o uso das questões de pesquisa em função dos
objectivos do estudo, e diante delas, serão elaboradas as categorias e as subcategorias, que se
traduzira em uma melhor análise dos dados.
3.6. Caracterização do local de investigacao

Como já descrito anteriormente, a pesquisa será desenvolvida em duas organizações distintas,


sendo elas: Associação Coalização da Juventude Moçambicana – sob liderança masculina –
esta instituição localiza-se na cidade de Nampula, na Rua Mártires de Inhaminha Nº 16ª, 1º
Andar, Bairro de Muahivire.

Associação Ophenta – sob liderança feminina – situada na cidade de Nampula, na Av. Do


Trabalho Nº 3177, no Bairro Central.

3.7. Considerações éticas

A ética na pesquisa é um tema importante que deve ser considerado em todos os tipos de
estudos, incluindo a pesquisa qualitativa. Algumas das principais questões éticas que devem
ser consideradas incluem o consentimento informado, a privacidade e a confidencialidade dos
participantes, a preservação da dignidade dos participantes e a minimização dos riscos.

Segundo Minayo (2010), na pesquisa qualitativa, é importante que o pesquisador mantenha


uma postura ética, respeitando os participantes e assegurando que seus direitos sejam
protegidos. Isso inclui garantir que os participantes estejam cientes do propósito da pesquisa,
que possam participar ou não voluntariamente, que sejam respeitados em sua privacidade e
que não sejam expostos a riscos desnecessários.

Além disso, é fundamental que os pesquisadores garantam a confidencialidade dos dados


coletados e preservem a identidade dos participantes. Segundo Bardin (2011), isso pode ser
feito através da adoção de procedimentos que garantam o anonimato dos participantes, como
o uso de pseudônimos, e a segurança dos dados coletados, como o armazenamento em locais
seguros.

Tendo em princípio que a confidencialidade e o sigilo profissional são factores de lealdade e


confiança. O estudo será abordado tendo em conta os princípios e valores das organizações
objecto de estudo. As informações que serão colhidas são de uso somente académico, sendo
que não serão usadas para fins obscuros alheios ao propósito deste estudo.

A entrevista não terá indicações ou sugestões da divulgação dos nomes ou cargos dos
participantes, sendo que o seu preenchimento será por consentimento prévio das instituições e
dos seus colaboradores em função da sua importância para o estudo case seja necessário.

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