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Discentes:
Inocȇncia Matsinhe
Lili Malate
Marcela Sansão
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1. Introdução
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
1.1.2. Específicos
2. Inquérito
Para Almeida (2003:79), o inquérito é uma técnica que serve para recolher dados de forma
sistemática, através da aplicação de perguntas, organizadas num questionário, a um grupo de
pessoas. As perguntas que compõem o questionário são definidas de acordo com os objectivos
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para os quais foi decidido realizar o inquérito. Os dados recolhidos transformam-se em
informação quando sistematizados e, depois de analisados, produzem conhecimento, o qual
por sua vez permite tomar decisões relevantes, quando o objectivo do inquérito é fazer
monitoria, avaliação ou advocacia.
O inquérito pode ser usado em diferentes situações e para recolher uma grande variedade de
informações relacionadas, por exemplo, com atitudes, preferências e comportamentos. Um
dos seus usos mais frequentes é para conhecer a opinião dos cidadãos (a nível nacional, ou
local), quer seja em termos da sua avaliação e satisfação com a governação em geral, quer em
termos de avaliação de um programa ou política, ou, mais particularmente, para identificar o
seu grau de satisfação com serviços (Amado, 2014:87).
Segundo Coutinho (2011:23), o inquérito apresenta-se como uma técnica e/ou estratégia de
recolha de dados, amplamente difundida no Reflexões em torno de Metodologias de
Investigação: recolha de dados âmbito das Ciências Sociais e Humanas (CSH) e com
particular destaque na investigação em Educação.
Esta estratégia de recolha de dados visa, por meio de um conjunto sistematizado de questões
(administração direta3 ou indireta4), obter respostas de uma determinada população em
estudo com o recurso a técnicas de inquirição ou por inquérito sobre determinada realidade ou
fenómeno social (Morgado, 2013:72).
2. Questionário
Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa,
sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do
recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo
razoável (Marconi e Lakatos 2003:32).
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Recorremos, tal como assevera Coutinho (2011), ao inquérito por questionário quando
pretendemos inquirir um conjunto de indivíduos sobre uma determinada realidade ou
fenómeno social, tendo em vista a caracterização de traços/elementos identificadores de uma
população, com o objectivo de se proceder a inferências e a generalizações.
Isto é, sendo o inquérito por questionário uma técnica de recolha de dados, que se
situa no âmbito do método de medida ao incorporar “testes e escalas de atitudes e
opiniões, que visam aferir um certo tipo de comportamentos, reacções, e avaliar a
intensidade com que se dá determinada opinião ou atitude” o recurso ao questionário
permite ao investigador obter “dados comparáveis, generalizáveis e passíveis [quando
desejável] de análises quantitativas” quando associado a um método de amostragem
(Barbone, 2016:32)
Como explica Amado (2014), o inquérito por questionário é uma técnica de investigação que,
através de um conjunto de perguntas, visa suscitar uma série de discursos individuais,
interpretá-los e depois generalizá-los a conjuntos mais vastos. Trata-se de uma técnica de
observação não participante, uma vez que não exige a integração do investigador no meio, no
grupo ou nos processos sociais estudados. Sendo constituído por uma série de perguntas, mas
também podendo integrar outros instrumentos, como por exemplo, testes e escalas de atitudes
e opiniões que visam aferir um certo tipo de comportamentos e acções, e avaliar a intensidade
com que se dá determinada opinião ou atitude, as respostas assim obtidas vão constituir o
material, sobre o qual o investigador vai produzir interpretações e chegar a generalizações
(Babones, 2016:82).
Sendo uma técnica que se situa no âmbito do método de medida ou de análise extensiva, o
inquérito por questionário permite o estudo de populações vastas colocadas em situações
sociais concretas, possibilitando a generalização dos resultados alcançados, quando associado
a um método de amostragem. Extensão, estandardização do instrumento de recolha dos dados,
possibilidade de comparação dos resultados e sua generalização revelam-se, assim, como as
principais virtualidades do inquérito por questionário (Bogdan, 1994:43). No entanto, ao
ganhar-se em extensividade perde-se em intensidade e, deste modo, uma das suas
virtualidades pode transformar-se numa das suas limitações. Aliás, as suas principais
limitações serão progressivamente expostas, à medida que apresentamos os seus diversos
momentos de concepção e execução (Bell, 2008).
O inquérito por questionário, sendo mais comum a sua utilização em estudos de grande
escala, permite auscultar um número significativo de sujeitos face a um determinado
fenómeno social pela possibilidade de quantificar os dados obtidos e de se proceder a
Técnicas de recolha de dados em investigação inferências e a generalizações (Coutinho,
2011).
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3.1. Importância do Inquérito por Questionário
Revela-se como uma técnica extremamente útil no estudo de uma diversidade de situações e
comportamentos. Comportamentos que, ora por terem ocorrido no passado, ora porque a sua
observação directa exigiria muito tempo, ou ainda porque deontologicamente seria incorrecta,
uma vez que os mesmos poderiam dizer respeito à intimidade e privacidade dos indivíduos,
são mais facilmente apreendidos através das suas respostas (Bogdan, 1994). Por outro lado,
através da linguagem, e mais precisamente das suas respostas a um conjunto de questões, os
indivíduos não só atribuem significado aos fenómenos estudados, como nos dão a conhecer as
suas motivações, atitudes, opiniões, sistema de representações, etc.; isto é, toma-se possível a
captação de dimensões subjectivas que escapam à observação directa.
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Dias, M. I. C. (1994). O inquérito por questionário: problemas teóricos e metodológicos gerais. Universidade
do Porto.
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administração da prova; daí, a importância das análises comparativas, e do estabelecimento de
relações entre variáveis que permite2.
De acordo com a tipologia de Bogdan (1994) o questionário pode ser de três tipos:
(i) aberto;
(ii) fechado;
(iii) misto.
Nos dizeres de Brace (2008), esta tipologia está relacionada com as características das
perguntas. Um questionário aberto é constituído por perguntas abertas, cujas respostas
são construídas e escritas pelo próprio respondente. Um questionário fechado é
constituído por perguntas nas quais o respondente tem que escolher entre um conjunto
de opções de resposta alternativas fornecidas pelo autor do questionário. Um
questionário misto contempla perguntas de resposta aberta e fechada.
Questionário com Útil quando utilizado de forma conjunta com o inquérito por entrevista;
perguntas abertas importa ponderar factores como tempo e/ou custo de aplicação; adequado a
investigações cuja literatura existente relacionada é parcial ou insuficiente,
já que permite estudos preliminares para encontrar variáveis mais
importantes; permite obter informação qualitativa em vez de quantitativa.
Questionário com Útil quando a natureza das variáveis mais relevantes é conhecida; adequado
perguntas fechadas quando o investigador pretende criar uma “variável latente”; permite obter
informação quantitativa.
Questionário misto Útil quando o investigador pretende obter informação qualitativa que sirva,
por exemplo, como complemento ou elemento indicador do contexto da
informação quantitativa obtida.
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Coutinho, C. P. (2011). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: teoria e prática. Edições
Almedina, S.A.
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3.3. Fases do Inquérito por Questionário
a) Planeamento do Inquérito
Mas, é também neste momento que se deve definir a população a estudar, isto é, a população
a inquirir, o que nos reenvia para as diferentes técnicas de amostragem, entretanto já
leccionadas no âmbito do programa da disciplina. Como técnica que nos permite o estudo de
populações extensas, o inquérito por questionário pode exigir o recurso a diversos
procedimentos de amostragem, com vista a assegurar a representatividade dos resultados
obtidos. Ou seja, perante a dificuldade em termos do custo e do tempo necessário para se
abarcar toda a população ou universo estudado, a prática do inquérito exige, geralmente, a
construção de uma sua amostra representativa, de modo a que os resultados obtidos possam
ser generalizados à população total. E, para que uma amostra seja efectivamente
representativa, deve assegurar a todos os elementos da população, a mesma probabilidade de
virem a ser representados na amostra. Está-se aqui, no domínio das técnicas de amostragem
probabilística.
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relativos à formulação e redacção das questões, à ordem com que serão colocadas, à pré-
codificação, mas também à forma das respostas.
É nesta altura que o problema da articulação entre teoria e pesquisa empírica, bem como os
problemas lógicos decorrentes das relações entre variáveis, se fazem sentir com maior
acuidade. Com efeito, é nesta fase, e à medida que o investigador vai formulando as questões,
e definindo as variáveis a incluir no questionário, bem como a forma das respostas, que o
problema da validade da medida se volta a levantar. Ou seja, ao investigador coloca-se a
questão: até que ponto, com as variáveis seleccionadas e as questões formuladas, se estará, de
facto, a medir o que se pretende medir.
Trata-se aqui, não só da questão da adequação das variáveis aos conceitos que se pretendem
medir empiricamente, mas também da própria adequação conjunto de indicadores/técnica de
observação e medida utilizada. Ora, quando a construção do questionário, é acompanhada por
estas reflexões, todo o planeamento da pesquisa sai beneficiado, por ser possível maximizar as
complementaridades teóricas e técnico-metodológicas em causa; ou seja, é possível uma
reflexão alargada sobre a articulação das dimensões teóricas em causa, com o conjunto de
indicadores seleccionados e características do procedimento técnico de observação e medido
accionado". E, o inquérito por questionário não dispensa tal reflexão; aliás, esta é uma
condição indispensável à própria validade dos resultados obtidos.
Por outro lado, a definição das perguntas a incluir num questionário, deve permitir não só a
demonstração das hipóteses teóricas de partida, mas também a realização dos objectivos
gerais do inquérito. E, portanto, a sua inclusão no inquérito deve depender, da sua capacidade
em proporcionar informação necessária e pertinente para os objectivos da pesquisa.
c) O Trabalho no Terreno
Construído o questionário, há que avançar com a sua administração no terreno. Nesta fase, são
inúmeras as questões que se colocam ao investigador, nomeadamente a escolha dos lugares de
administração do inquérito (o que em parte depende também do tipo de amostragem que se
utilizou para seleccionar a população a inquirir), a selecção e formação dos entrevistadores, o
controle e supervisão do seu trabalho no terreno, e no caso dos inquéritos auto administrados
ou de administração directa, problemas de envio e devolução dos inquéritos, aspectos gráficos
do inquérito, tipo de contacto, etc.
Os lugares onde os inquéritos são realizados têm uma importância crucial na qualidade da
informação recolhida. Com efeito, as interferências de terceiros, alheios à situação de
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inquérito, os ruídos e barulhos de fundo, são factores que tomam os espaços públicos em
geral, pouco adequados para a administração de um inquérito por questionário. Apesar de as
pessoas serem facilmente acessíveis nestes espaços, não obstante o facto de elas, geralmente,
se encontrarem de passagem (como por exemplo, numa estação, num jardim, numa praça), faz
com que a sua capacidade de concentração seja menor, o que apenas toma viável a
administração nestes lugares, de inquéritos de curta duração.
O trabalho no terreno é assim crucial, para a própria execução e viabilidade do inquérito por
questionário. A qualidade da informação obtida, também, depende do maior ou menor
profissionalismo do entrevistador (saliente-se que na maior parte das vezes investigador e
entrevistador não são a mesma pessoa, daí a importância de se fornecer aos entrevistadores
uma formação adequada), o qual deve atenuar e minimizar a sua influência no inquirido.
Inquirido que, nalguns casos, acede à situação de inquérito pela necessidade de manter uma
boa relação com o entrevistador, e de dar uma imagem favorável de si, conforme com a
normalidade; mas também pela representação que faz da futura utilização das suas respostas,
o que o leva nalguns casos a adoptar respostas instrumentais, ou seja, respostas que visam
alcançar um fim exterior ao próprio inquérito por questionário.
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apresentação sob a forma de tabelas de frequências (simples e relativas), o passo seguinte é o
de tentar estabelecer relações entre duas ou mais respostas, ou seja, é o de tentar estabelecer
as relações entre duas (análise bivariada), ou mais variáveis (análise multivariada), com vista
a demonstrar as hipóteses teóricas subjacentes a todo o processo de pesquisa. Saliente-se que
a apresentação das relações entre variáveis faz-se sob a forma de tabelas de contingência, as
quais nos dão a frequência das combinações de respostas a duas ou mais questões.
Como toda técnica de colecta de dados, o questionário também apresenta uma série de
vantagens e desvantagens:
4.1. Vantagens
Para Corbin (2015), enquanto técnica de recolha de dados, o inquérito por questionário
apresenta várias vantagens. Em primeiro lugar importa salientar o facto de que, ao exigir uma
resposta por escrito às questões, faz com que seja ultrapassado o problema da inibição do
inquirido, que se encontra, por exemplo, na técnica de inquérito por entrevista. É, também, de
ter em conta que os dados recolhidos através de um inquérito por questionário podem ser
analisados através de técnicas de análise estatística e, desta forma, desocultar correlações
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entre fenómenos e estabelecer relações de influência (Corbin, 2015). Depois, as respostas às
questões colocadas, sobretudo quando são fechadas, não estarão tão sujeitas a enviesamentos
e interpretações duvidosas porquanto são pessoais. Pode ser aplicado a amostras de grande
dimensão, utilizando para o efeito ferramentas disponíveis online, num curto espaço de
tempo. Finalmente, dadas as suas características, implicam menores custos.
4.2. Desvantagens
A par das potencialidades acabadas de referir, o inquérito por questionário apresenta também
algumas desvantagens, entre elas destacamos os poucos recursos para motivar o inquirido a
responder. Esta é uma situação para a qual o investigador tem que estar preparado 3. Com
efeito, dado que a resposta a um inquérito por questionário é sempre voluntária, é necessário
que o investigador esteja acautelado para o facto de não obter o número de respostas
necessárias. Sempre que ocorrer esta situação, o investigador deve fazer novas tentativas para
garantir a obtenção de dados dos sujeitos que não responderam. Caso tenham ignorado duas
ou três tentativas, selecciona-se aleatoriamente 5 a 10% da população de sujeitos que não
responderam e tenta-se um contacto mais directo (por exemplo, via telefone).
Segundo Gaspar (1996), outra das desvantagens que podem ser referidas prende-se com a
possível superficialidade das respostas. Para que efectivamente possa cumprir os objectivos e
na medida em que a sua concepção se reveste de alguma complexidade, exige bastante
planeamento. É difícil motivar os inquiridos para responder a um questionário, o que
normalmente origina muitas ausências de resposta, em particular, quando o tipo de questões
não tem utilidade ou algum tipo de relação com o inquirido.
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Brito, L. (2012). Pequeno Guia de Inquérito por Questionário. IESE – Instituto de Estudos Sociais e
Económicos.
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5. Conclusão
Findo o trabalho, foi possível concluir que o inquérito por questionário é uma técnica de
recolha de dados que pode ser a solução por excelência nessas alturas. Com um
comportamento camaleónico, adaptável às diferentes metodologias, cujo nível de resultados
não depende de si mesmo, mas, sim, da forma como é construído pelo investigador, o
inquérito por questionário, enquanto instrumento de recolha de dados, tem como principal
factor atractivo o facto de gastar o mesmo tempo seja qual for o tamanho da amostra. De
carácter teórico e descritivo, baseado no estado da arte e nas impressões retiradas dos
trabalhos investigativos dos seus autores, este trabalho, que não tem qualquer tipo de
pretensões de exaustividade quer na descrição quer na reflexão efectuadas, tem como
objectivo contribuir para uma sistematização dos aspectos ligados à concepção de um
inquérito por questionário, especialmente orientado para o estudo de contextos educativos.
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6. Referência Bibliográfica
Severino, A. J. (2007), Metodologia do Trabalho Científico, 23ª Ed., Cortez Editora, São
Paulo.
Babones, S. (2016). Interpretive quantitative methods for the social sciences. Sociology,
50(3), 453–469.
Bogdan, R., & Biklen, S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Uma introdução à
teoria e aos métodos. Porto Editora.
Brace, I. (2008). Questionnaire design: How to plan, structure and write survey material for
effective market research. Market Research in Practice.
Edições Húmus.
Cervo, A. L., & Bervian, P. A. (1983). Metodologia Científica (3.ª ed.). McGraw-Hill do
Brasil.
Corbin, J. M., & Strauss, A. L. (2015). Basics of Qualitative Research. Sage Publications.
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7. Anexo
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