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Introdução

As relações China-África não são novas. Mas a partir de 2000, após o estabelecimento do
Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), essas relações se institucionalizaram e
dispararam tão rapidamente que a China se tornou o maior parceiro da África em muitos
domínios. Entre estes domínios, a infraestrutura, que tem sido um componente importante da
presença da China no continente desde a era Mao, é de particular importância. Trata-se de
uma agência intergovernamental criada em conjunto pela China e países africanos para
oferecer um plano de fortalecimento da cooperação bilateral entre a China e 50 países
africanos participantes. O surgimento do FOCAC pode ser interpretado mais precisamente
como parte de uma crescente institucionalização e intensificação das relações sino-africanas
numa época de aprofundamento das relações multilaterais, embora as críticas também tenham
se intensificado simultaneamente. Em 2013, o presidente Xi Jinping lançou a Belt and Road
Initiative (BRI), constituindo-se no grande planejamento da política externa da China,
utilizando a assistência externa chinesa com objetivo de financiar projetos de infraestrutura e
impulsionar maiores vínculos com outros países, sobretudo aqueles em desenvolvimento.
Assim, a África é sinalizada como uma região indispensável que se destaca na Belt and Road
Initiative da China, guiada ainda pela possibilidade dos países locais de possuírem auxílio
chinês para maior desenvolvimento da região, baseando-se em comércio, investimentos e
compartilhamento de ideias.

Problematização
A China se apresenta como uma via alternativa de investimentos estrangeiros diretos no
estrangeiro prometendo relações comerciais mais justas com menos imposições baseadas nos
chamados princípios de coexistência pacífica. Alguns destes princípios são: i) a não
interferência nos assuntos internos de outros Estados; ii) igualdade e cooperação em prol de
gerar benefícios mútuos; iii) respeito pela integridade territorial e da soberania dos países,
entre outros. Nesse sentido, as estratégias denominadas win-win, as quais promovem ganhos
mútuos entre as nações envolvidas são as principais bandeiras da política externa chinesa.
Destarte, as motivações que têm levado a China a investir em Moçambique estão baseadas na
busca de terras para o cultivo e em atividades extrativistas visando à obtenção de matérias-
primas que serão exportadas de volta para a China no uso de sua indústria. Uma relação
tipicamente “colonial”, mas com características diferentes do modelo clássico, devido às
particularidades do capitalismo atual. Diante do argumento acima exposto surge a seguinte
questão: Quais os o ganhos da Cooperação China Africa: caso de Moçambique China-área
de infraestruturas?
Objetivos
Geral
Refletir sobre a Cooperação China Africa: caso de Moçambique China-área de infraestruturas
Específicos
Falar da cooperação China-África
Apresentar as fases da cooperação China-África
Descrever os objectivos da cooperação Moçambique China
Falar da Cooperação Moçambique-China

Metodologia do Trabalho

Para a elaboração deste trabalho, utilizou-se os seguintes tipos de pesquisa: Quanto à forma
de Abordagem, qualitativa. Desta feita, ela permite a utilização de novas vertentes de análise
que se baseiam na busca de uma ampla interpretação e constituição dessas problemáticas
sociais. Para o trabalho esta abordagem foi útil na medida em que permitiu fazer
interpretações dos fenómenos ligados ao tema proporcionando ideias e percepções que foram
úteis para a realização da pesquisa. Quanta aos Procedimentos Técnicos foi usada a pesquisa
bibliográfica. Abrange todas as bibliografias encontradas em domínio público como: Livros,
revistas, monografias, teses, artigos de internet.

Cooperação China-África
A China tem construído muita da infraestrutura necessária na África, impactando
positivamente a produção de bens e serviços, apesar de alguns países ainda enfrentarem
desafios domésticos de governança e corrupção. A China investiu pesadamente no continente
para expandir o alcance de seu poder brando, influência diplomática e iniciativas de
infraestrutura para consolidar seus interesses e presença (Carriço, 2008). A China, no
entanto, não impôs seu modelo de governança a nenhum dos países da África com os quais
mantém relacionamento ativo.

Chichava (2010), apregoa que por meio desse processo, a China se tornou o maior parceiro
comercial da África, respondendo por mais de US$282 bilhões em comércio em 2022.
Aproximadamente 16% das importações totais de manufaturados da África vieram da China
em 2018, uma mudança em um continente que dependia substancialmente da Europa. Vinte e
cinco zonas de cooperação econômica e comercial foram criadas com a China em dezesseis
países africanos. Essas zonas, registradas no Ministério do Comércio da China, atraíram 623
empresas com um investimento total de US$7,35 bilhões até o final de 2020. Essas zonas de
cooperação impulsionaram a industrialização local em vários setores, incluindo recursos
naturais, agricultura, manufatura e comércio e logística. Um terço das empresas chinesas
concentrou-se na manufatura, um quarto nos serviços e cerca de um quinto no comércio,
construção e imóveis. Com tais iniciativas, a pegada chinesa cresceu para aproximadamente
12% da produção industrial da África – cerca de US$ 500 bilhões anualmente. Quanto ao
setor de infraestrutura, as empresas chinesas reivindicam quase 50% do mercado de
construção contratada da África (Fernando, 2021).

Assim, nos dizeres de Francisco (2010), os empréstimos chineses têm fornecido aos países
africanos o financiamento necessário para construir infraestrutura e promover o crescimento
econômico, principalmente por meio do comércio, preenchendo uma lacuna de financiamento
com a qual os países ocidentais não estavam dispostos a lidar. Os empréstimos chineses
foram usados principalmente para desenvolver a infraestrutura precária da África: cerca de
40% foram utilizados para geração e transmissão de energia e 30% para atualizar instalações
de transporte obsoletas. Os empréstimos chineses têm taxas de juros baixas e longos prazos
de pagamento. A China também anunciou que alguns países menos desenvolvidos seriam
isentos de dívidas pendentes.

Fases da Cooperação China-África


Bambo (2022), nas suas abordagens apresenta as seguintes fases:

PRIMEIRA FASE (1949-1980)

Nos primeiros anos após a fundação da RPC, a política externa do país estava voltada a
garantir a sobrevivência do novo Estado chinês, por meio da obtenção de reconhecimento e
legitimidade internacional, proteção contra uma potencial ameaça estadunidense e
desenvolvimento de relações amistosas com os países vizinhos.

SEGUNDA FASE (1980-1990)


A agenda política chinesa mudou de um aspecto ideológico-revolucionário para um prisma
voltado à construção de relações comerciais com as nações ocidentais. Então, gradualmente,
os laços sino-africanos foram perdendo fôlego no durante os anos 1980.

Terceira fase (1990-)

Essa tendência de enfraquecimento das relações político-econômicas entre o continente


africano e a China apenas foi rompida nos anos 1990. Os desdobramentos políticos
reacenderam o interesse e envolvimento chinês com o continente africano

Objectivos da Cooperação Moçambique-China


A China foi o primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique
independente, a 25 de Junho de 1975 – dia da independência nacional. A partir de então,
vários acordos foram assinados entre os dois países, no contexto da perspectiva chinesa de
win – win cooperation, em particular no domínio das infraestruturas, saúde, agricultura e
defesa (José, 2014).

A cooperação bilateral entre a China e Moçambique têm por base a reciprocidade e a ajuda
com benefícios mútuos, princípio que implica que haja uma troca dos principais recursos
disponíveis em Moçambique, que são a madeira, a agricultura, os recursos minerais e as
pescas, pelo financiamento e construção de infra-estruturas. A execução das obras fica a
cargo das empresas chinesas e de eventuais parcerias que se estabeleçam com empresas
locais (A imprensa que trata de assuntos relacionados com Moçambique tem
institucionalizado o discurso “infraestruturas em troca de madeira”, afirmando que a China
“tem se assumido como um parceiro económico de peso para Moçambique importando
matérias-primas, essencialmente madeira, e financiando o sector de infra-estruturas”. In
Macauhub – Primeiro-ministro de Moçambique na China para negociar financiamento de
dois mil milhões de dólares para infra-estruturas (Em linha). 18 Jun. 2010. (Consult. 18 Jun.
2010). Disponível em http://www.macauhub.com.mo/pt/news.php?ID=9620.).

Cooperação Moçambique-China
Em 1996-1997, a excursão afro-asiática do presidente chinês Jiang Zemin marcou a
renovação das relações sino-africanas como um elemento central dentro da agenda de política
externa de Pequim. Foi durante essa viagem que a proposta de lançamento do Fórum de
Cooperação China-África (FOCAC) foi anunciada. Nos anos 2000, ficou ainda mais aparente
que o lado ideológico das relações sino-africanas tinha dado lugar a uma abordagem mais
pragmática e econômica, graças as reformas estruturais realizadas na China. O Fórum da
cooperação China-África cuja sigla inglesa é FOCAC - Forum on China Africa Cooperation,
é uma plataforma inter governamental para o intercâmbio económico, social, cultural,
financeiro, comercial, intercâmbio na área de agricultura, medicina e saúde pública, científica
e tecnológica, educação e no desenvolvimento de recursos humanos, transporte, ambiente e
turismo e em muitas outras áreas afins, entre os governos chinês e africanos onde existem
interesses mútuos (Alden, 2012).

Segundo Massangaie (2017), em 2013 foi criada a nova Rota da Seda,um plano de
infraestrutura regional e global, lançado pela China. O Belt and Road Initiative (Iniciativa do
Cinturão e Rota), conhecido como O intuito do plano consiste em uma série de investimentos,
principalmente em infraestrutura e transporte. Os investimentos são não apenas terrestres,
mas também marítimos. O intuito é conectar a Europa, o Oriente Médio, a Ásia e a África —
regiões de grande importância geopolítica — quanto marítimos (Rota), passando pelo Oceano
Pacífico, atravessando o Oceano Índico e alcançando o mar Mediterrâneo.

O projeto também prevê investimentos em obras no setor energético, como oleodutos e


gasodutos ligando a Ásia à Europa. Além disso, o intuito é que o projeto se conecte com as
obras chinesas que estão sendo feitas no continente africano, abrindo portas para um modelo
parecido em outras regiões.

Fórum de Cooperação China-África (FOCAC)

FOCAC simboliza a materialização da importância do continente africano para o governo


chinês. Percebe-se então que os Estados africanos estavam ocupando um lugar de parceiros
estratégicos dentro da política externa chinesa.

Moçambique é sempre um apoiante firme, participante activo e contribuidor importante


do FOCAC. Nos últimos anos, sob a orientação estratégica dos dois Chefes de Estado e no
quadro de cooperação do FOCAC, a amizade e as históricas relações de cooperação China-
Moçambique têm se desenvolvido favorável e profundamente (Bambo, 2022)
Edifícios
Desde 2000 que se assistiu a um verdadeiro boom na participação de empresas chinesas em
projectos de construção civil na província e cidade de Maputo. Como já foi referido, Pequim
financiou e empresas chinesas construíram na totalidade o edifício e anexo para gabinetes da
Assembleia da República (em 1999, com um custo de 20 milhões de dólares), o Centro de
Conferências Joaquim Chissano (em 2003, orçado em 5 milhões de dólares), o Ministério dos
Negócios Estrangeiros (em 2004, com um custo de 12 milhões de dólares) e o bairro
residencial no subúrbio de Magoanine em Maputo para oficiais das FADM, ministério do
Turismo, da Juventude e Desporto e do extinto Ministério da Função Pública.

O novo centro comercial de Maputo foi construído maioritariamente por uma empresa
chinesa, apesar do investimento ser maioritariamente da diáspora empresarial indo-
moçambicana. O próximo grande projecto do governo em Maputo e financiado por Pequim
foi o do novo estádio nacional. Na cidade da Beira, empresas chinesas construíram a fábrica
de processamento de soja a qual pertence à empresa chinesa China Grains & Oil Group com
um custo total de 10 milhões de dólares, bem como um conjunto de viveiros e armazéns
frigoríficos para a exportação de marisco, orçados em 12 milhões de dólares.

A construção de infraestruturas educacionais entra como parte da cooperação bilateral entre


China e Moçambique e da responsabilidade empresarial chinesa em Moçambique, onde desde
2006, após o quarto congresso do FOCAC, verifica-se um aumento na construção de escolas
pelos chineses, como as Escolas secundárias em Niassa e Gaza e em escolas técnicas na
província de Nampula e na Cidade de Maputo, ao custo de US$700 mil cada (Bambo, 2022).

Estradas e Pontes

As empresas de construção chinesas desempenham um papel importante na reconstrução de


estradas nacionais: um terço de toda a construção de estradas, correspondendo a 600 km de
estradas em Moçambique, está a ser efectuada por empreiteiros chineses. O Grupo de
Cooperação Internacional China Henan, por exemplo, construiu uma estrada de 154
quilômetros entre Muxungwe e Inchope que proporciona um elo de ligação importante da
rede de transporte rodoviário entre o norte e o sul do país. Mais de 30 empresas de construção
chinesas têm, neste momento, representação em Maputo e normalmente oferecem melhores
preços que as companhias de construção sul-africanas e outras companhias estrangeiras, em
concursos públicos internacionais organizados pelo Governo ou pelo Banco Mundial
(Bambo, 2021).

Por outro lado, foi construída a Estrada Nacional Número Seis (EN6), que liga a cidade
portuária da Beira, província central de Sofala com a vila fronteiriça de Machipanda,
província de Manica, centro do país, inaugurada pelo embaixador acreditado em
Moçambique, Su Jia, onde garantiu que China está disposta a aprofundar a sua cooperação
com Moçambique, particularmente no que se refere à construção de infra-estruturas.

Salvagni (2022), afirma que em Dezembro de 2008, foi celebrado um contrato de reabilitação
e modernização de 96 km da estrada EN1, entre o Xai-Xai e Chissibuca, foi adjudicado ao
grupo China Henan International Cooperation Group (CHICO). Financiado pela Associação
Internacional de Desenvolvimento (AID), o projecto pertence ao Programa Integrado do
Sector das Estradas do Governo moçambicano, com um montante contratual de
1.269.447.739 meticais (40.557.400 de dólares). Esta foi concluído em Março de 2011, tendo
sido entregue à Administração Nacional de Estradas (ANE) no mês seguinte.

Outrossim, para Proença (2020), algumas das obras de envergadura no sector de estradas e
pontes inauguradas mais recentemente foram as da ponte sobre o rio Zambeze (em 2008),
baptizada com o nome do actual presidente da República, Armando Emílio Guebuza, a ponte
sobre o rio Rovuma que liga Moçambique à Tanzânia, construção de 200 km de rodovia entre
Chitima e Mágoé; construção de uma ponte de 300m sob o rio Incomáti, estimada em US$ 8
milhões; reconstrução do sistema hídrico de Maputo estimado em US$ 145 milhões; o projeto
foi capaz de expandir a capacidade de metros cúbicos por hora de 6,000 para 10,000 e o
acesso para 1,5 milhões de pessoas e finalização da Ponte da Unidade entre Moçambique e
Tanzânia, com comprimento de 720m.

Belt and Road Initiative ( Iniciativa Cinturão e Rota, BRI)

Em setembro de 2013, o presidente Xi Jinping anunciou, durante sua visita ao Cazaquistão, a


criação da estratégia Silk Road Economic Belt, referindo-se às rotas terrestres orientadas para
o transporte rodoviário e ferroviário, constituindo em uma reformulação da antiga Rota da
Seda, que interligava o território da China à Ásia Central, Oriente Médio e Europa. É uma
iniciativa com duas componentes: Cinturão Terrestre (auto estradas, Pontes e Linha férreas) e
Rotas Marítimas (portos) (Carlos, 2014).

Segundo Bambo (2022), a iniciativa Cinturão e Rota (em inglês: Belt and Road Initiative) é
uma estratégia de desenvolvimento adotada pelo governo chinês que fez crescer diversos
países parceiros projetando monumental de infraestruturas e de desenvolvimento económico
local. Na África particularmente, foi construída a maior ponte suspensa do continente
africano em Moçambique. O viaduto faz a ligação entre Maputo e Katembe e é a mais cara
obra pública do país depois da independência.

Aeroportos
Em 19 de Abril de 2017, o presidente Filipe Nyusi anunciou que um aeroporto seria
construído para servir a capital da província de Gaza. O aeroporto foi financiado e construído
pela China e foram investidos cerca de 70 milhões de USD. O documento que confirmou o
donativo para a construção foi assinado por representantes dos governos moçambicano e
chinês em 8 de Dezembro de 2021. A obra teve o seu início em 5 de Outubro de 2018
(Chichava, 2023).

O mundo da aviação civil faz mais uma exigência a Moçambique, a reabilitação da pista do
Aeroporto Internacional de Maputo com o financiamento de US$75 milhões pelo Eximbank.
Que consistiram ainda na instalação do novo sistema de sinalização e construção de uma
nova plana de estacionamento de aeronaves, no terminal de cargas.

Infraestruturas de energia

No sector da energia, o governo tem procurado atrair investimento para a construção das
infra-estruturas, com vista a expandir o potencial hidroeléctrico moçambicano. Para esta área
de desenvolvimento está projectada a expansão da capacidade de produção de Cahora Bassa,
com a construção da central norte de Cahora Bassa

Estão também previstos outros dois grandes projectos como a construção de uma termelétrica
a gás em Temane, província de Inhambane. A Central Termica de Temane, é um projecto de
450MW de potência alimentada a gás que está a ser desenvolvido na província de
Inhambane, em Moçambique. Um consórcio da Moz Power Invest (MPI) e da Sasol New
Energy está a desenvolver o projecto com um investimento estimado de aproximadamente
£542m ($760m) (Bambo, 2022).

O projecto de Mpanda Mkua é particularmente ilustrativo da forma como algumas


envolventes económicas, ambientais, sociais e técnicas foram subalternizadas, levando à
retirada de investidores internacionais como o Banco Mundial e ao assumir da totalidade do
financiamento pelo Banco de Importação e Exportação da China. A construção da barragem
adjudicada à empresa empresa chinesa Sinohydro, possui escritórios em Moçambique e tem
vindo a ganhar cada vez mais concursos como aconteceu, em 2005, num projecto de
tratamento de água em Licuari, Quelimane visará direccionar a maioria da sua produção
eléctrica para o Sul do país, a qual originará oscilações na corrente do rio de pelo menos duas
vezes ao dia, condicionando seriamente o modo de vida das pequenas comunidades
pesqueiras localizadas ao longo deste (Massangaie, 2017).

Infraestruturas de ferro-portuário

No setor ferroviário, o Grupo Ferroviário Internacional da China e Moçambique assinou, em


2018, um acordo que previa a construção de projetos como o porto de Cabotagem e a ligação
ferroviária ao corredor de Limpopo entre outros projetos em valor estimado de US$3 bilhões
Bambo (2022), ainda no setor ferroviário é importante ressaltar a importância deste para a
China em sua geoestratégia de Moçambique para se obter acesso aos outros países que
compõem a SADC. Como demonstrado por Fernando (2021) argumenta-se que a expansão
dos corredores de desenvolvimento de Maputo, Beira, Limpopo e Nacala ganham
importância devido a quase metade dos estados-membros da SADC se localizarem no interior
e requererem ligações regionais eficientes para terem acesso ao mar: “Com estas construções,
Moçambique poderia reforçar o seu potencial enquanto centro de operações de transportes
para toda a África Austral, podendo a China, simultaneamente, beneficiar com a facilitação
no acesso aos mercados dos países do hinterland e no escoamento de matérias-primas.

Em Outubro de 2019 foi Inaugurado o porto de pesca da Beira, em Sofala, uma infraestrutura
com capacidade para processar 70 mil toneladas anuais de pescado. O porto é um dos mais
modernos da região austral de África, tem capacidade de acostagem de 16 embarcações
industriais, o dobro da capacidade existente e dispõe ainda de seis câmaras frigoríficas para
1500 toneladas de gelo, segundo a direção da infraestrutura (Bambo, 2022). As obras de
ampliação e reconstrução custaram 120 milhões de dólares (108 milhões de euros). O porto é
um dos mais modernos da região austral de África, tem capacidade de acostagem de 16
embarcações industriais, o dobro da capacidade existente e dispõe ainda de seis câmaras
frigoríficas para 1500 toneladas de gelo, segundo a direção da infraestrutura.

Pontes

Na África, particularmente, através da iniciativa Cinturão e Rota foi construída a maior ponte
suspensa do continente africano em Moçambique. O viaduto faz a ligação entre Maputo e
Katembe e é a mais cara obra pública do país depois da independência, elaborada pela China
Road and Bridge Corporation, interligando a capital Maputo, na margem norte, com o distrito
de Katembe, na costa sul. É considerada a ponte de suspensão mais longa do continente
africano, e dispõe de um orçamento de cerca de US$725 milhões, com o financiamento
garantido através de um empréstimo de Moçambique do EximBank da China (Bambo, 2022).

A ponte Maputo-Katembe tem um tabuleiro suspenso de 700 metros e duas rampas com
pouco mais de um quilómetro cada, atravessando a baía a 60 metros de altura da água
suficiente para sob ela navegarem os cargueiros que passam pelo porto de Maputo. A ponte
foi inaugurada a 10 de novembro de 2018, ligando os lados sul e norte da Baía de Maputo,
capital do país. Na cerimónia de inauguração, o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse
que a ponte concretizou um sonho do seu povo de muitos anos.

Em suma:

Na questão da infraestrutura, se observa acelerada progressão de investimentos chineses em


Moçambique, beneficiando-se de seus preços mais competitivos em relação a concorrência
nos concursos de construção de infraestrutura pública, transportes e comunicação, possuindo
mão-de-obra de baixo custo e apoio político das autoridades Moçambicanas, como notado
por Correia (2019), além de demonstra exemplos de projetos de infraestruturas criados
consolidados por essas empreiteiras chinesas, Bambo (2022) apresenta um quadro-resumo de
alguns empreendimentos chineses na infraestrutura moçambicana ao longo do século XXI, no
setor da infraestrutura do transporte, conforme indicado na tabela abaixo.
Tabela 1 Projetos de infraestrutura seu ano de conclusão e a empresa chinesa encarregada da
construção

Em relação aos investimentos na infraestrutura de edifícios pública em artigo de Bambo


(2022) se demonstra alguns exemplos na tabela 2:

Vantagens e desvantagens da Cooperação China-África

Vantagens
No entanto, ao contrário dos governos ocidentais, a China: (i) não tem feito esforços
significativos para exportar seu modelo de governança; (ii) tem investido fortemente em
África; e (iii) não tem buscado a construção de uma rede de Estados obrigados a fornecer
recursos naturais e locais para bases militares. Os investimentos chineses têm, cada vez mais,
impactado profundamente o continente por meio de uma cooperação mutuamente benéfica,
sem interferência na política doméstica e nos assuntos internos.

Os investimentos no continente provavelmente aumentarão, já que a África é uma fronteira


essencial para o desenvolvimento. Assim que a situação global se estabilizar após a pandemia
do COVID-19 e a guerra na Ucrânia, o investimento chinês na África continuará a crescer.

Desvantagens
Na questão das empreiteiras/construção se observa também múltiplas situações adversas
enfrentadas pelos trabalhadores moçambicanos empregados pelos chineses, como exemplos,
baixos salários, longas jornadas de trabalho, abusos físicos e verbais, além de uma separação
entre os trabalhadores chineses e moçambicanos. Existe ainda uma preferência onde as
empresas por muitas vezes preferem exclusivamente trabalhar com os trabalhadores chineses
do que os locais, mesmo que os contratos estipulem que uma certa porcentagem de
trabalhadores a serem empregados precisam ser obrigatoriamente nativos.

Conclusão
Hoje, os resultados da cooperação China-África estão em todo o continente africano. As estradas, ferrovias, a
a construir podem ser vistos em todos os lugares", disse o embaixador chinês na Libéria Ren Yisheng em um
Entre 2000 e 2020, a China ajudou os países africanos a construir mais de 13.000 km de ferrovias, quase 1
usinas de energia de grande escala.
A partir dos anos 2000 e, sobretudo com a realização em 2006 do Fórum de Cooperação China – África (F
técnica e financeira da China em Moçambique, para além dos avultados investimentos em várias áreas. Com
capital Maputo; defesa e segurança; agricultura; construção; assinatura e implementação de vários acordos co
A ascensão da China mudou e a transformou em um player da geopolítica global. As potências ocidentais tra
ressurgimento no século XXI trouxe preocupações sobre a sua posição do cenário geopolítico global, com a a
China tomasse posturas cada vez mais agressivas.
A expansão da China fez esta financiar cada vez mais projetos ao redor do mundo. Um destes o Belt and R
simplesmente como a Nova Rota da Seda sendo um projeto ambicioso de Rotas comerciais por estradas e fe
Canal de Suez até adentrar o Mediterrâneo e chegar na Europa.
Considerando-se estes fatores, observa-se uma China focada na África em interesses econômicos a fim de
nacional, além de utilizar-se da posição geoestratégica de Moçambique para ter um alcance aos outros países
corredores para o escoamento das matérias primas em direção a China, enquanto a China as utiliza para a exp

Recomendações

● Pode-se dizer que o sucesso da cooperação China-África depende basicamente das prioridades qu
facilidades que o apoio que a China oferece sem olharem para vantagens a médio ou longo prazo,
sentindo em relação à cooperação com o ocidente.
● A China é uma alternativa porque não impõe condições na cooperação tal como o ocidente o faz, mas
para poder tirar vantagens de modo que o mesmo não fracasse tal como vem acontecendo na coopera
chineses em infraestruturas sejam direcionados para aquelas infraestruturas que garantem o desenvolv
● Outro elemento é que, embora possam não estar explicitamente visando provocar a ruína do ambiente
estrangeiros) devem pesar cuidadosamente os benefícios da aplicação de recursos – com a criaçã
investimentos são desesperadamente necessários – contra seus custos políticos.
● Há evidências empíricas bem documentadas que mostram que a maioria das empresas construtoras c
do previsto pelo Ministério do Trabalho. Este fato limita as oportunidades de acesso de emprego c
ressentimentos dos moçambicanos, que esperavam que o aumento dos investimentos no setor de infra
do Trabalho um controle rígido dessa prática com vista a se ter mais inclusão dos moçambicanos.

Referências

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Anexo

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