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A Integração na África – Menezes e Penna Filho

Ecowas e Sadc – África Ocidental e Austral: Integração Econômica Regional e Instabilidade Política

O continente Africano é tido, geralmente, como caso perdido para a humanidade. “Cemitério de países e
terra se esperança” são algumas expressões mais utilizadas para caracterizar a região. Mesmo com
alguns passos positivos (superação da queda aguda de qualidade social e de guerra civil – superação do
Aparthaid), o continente vem sendo abordado de forma negativa.

A crise que assola o continente não é apenas exclusividade deles. Mas, é naquela população em que
existe os maiores níveis de desigualdade social, miserabilidade, falta de perspectiva, desestruturação
econômica, fome e etc. Segundo o Relatório da ONU sobre Desenvolvimento Humano, referente ao ano
de 1998, por exemplo, os últimos países que apresentaram os piores índices são africanos.

A história do continente africano nos últimos 500 anos pode ser considerada, em múltiplos aspectos,
dramática. A chegada dos europeus marcou tanto uma intensificação dos contatos entre as civilizações
da Europa e da áfrica quanto uma desestruturação dessas sociedades autóctones, incluindo aspectos de
escravidão.

O processo de descolonização, acentuado após a IIGM, coroou um longo processo de resistência e fez do
continente como um todo entrar em um efervescente período de atividade política. Isso ajudou na
promoção do bem-estar e com o começo do processo de independência, os Estados africanos
fortaleceram seus laços entraram num processo de integração regional, caracterizada pela associação
formal de países geograficamente próximos e com forte tendência a aproveitar o legado do deixado pela
era colonial. Esse processo integracional do continente baseia-se na criação da ECOWAS e da SADEC.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas)

A Comunidade foi resultado de esforços de integração regional iniciados na década de 1960. Na gênese
da Comunidade, estariam envolvidas algumas tentativas:

A iniciativa na Liberia, em 1964, foi a que consubstanciou a ideia de promover a comunidade econômica
entre os países da África Ocidental. Como deslocamento dessa tentativa, houve em 1968 a Conferencia
dos Chefes de Estado e Governo dos países da região. Nessa ocasião se discutiu a necessidade de maior
cooperação entre os Estados da região e promover a integração econômica com bases na criação de um
bloco econmico. Assim, um protocolo foi estabelecido na Conferencia de Monróvia para a formação de
uma integração regional, cujo intuito básico era promover a cooperação regional em varios cantos.
Apesar de todos esses esforços, alguns países, como: Costa do Marfim (principalmente esse país por
causa da sua importância como segunda economia mais influente na região), Togo, Daomé e Niger, não
participaram inicialmente dessa empreitada para fornecer equilíbrio ao continente.

A harmonização necessária não foi alcançada entre os países francófonos e anglófonos, sobretudo por
causa das resistências da Costa do Marfim a uma aproximação com os países francófonos. Alem disso,
nos governos militares da região, os assuntos domésticos acabaram ganhando predominância sobre os
assuntos regionais, o que também ajudou a conter possíveis avanços no processo de integração. Porém,
os entendimentos entre Nigéria e Togo deram um novo rumo para o amadurecimento de propostas no
sentido de aprofundar a cooperação econômica na nova fase histórica da Ecowas.

Em 1973, representantes de Estado se uniram para a criação do esboço do Tratado da Ecowas. Em 1975,
após novas rodadas, o Tratado de Lagos foi finalmente acordado. Entre às principais atribuições
conferidas à Comunidade, estava o objetivo de promover a integração econômica em diversos campos,
tais como: industria, transportes, telecomunicações, agricultura, recursos naturais, comercio, assuntos
financeiros e monetários, e questões sociais e ambientais.

Do ponto de vista institucional, a organização da Comunidade estruturou-se de uma maneira a tentar


dinamizar os projetos, adotando a distribuição das funções de varios cargos, cujo os mais importantes
foram: o Conselho dos Chefes de Gabinete do Estado e de Governo; o Fundo para Cooperação,
Compensação e Desenvolvimento e a Secretaria Executiva.

O Conselho é o mais elevado órgão no processo decisório e o que dá a ultima palavra nas questões mais
importantes atinentes ao futuro da Comunidade, como a determinação de implementar políticas
comuns.

O Fundo é o responsável pela elaboração de políticas comuns nas áreas mais sensíveis ao conjunto dos
países e pelo desenvolvimento de projetos envolvendo países membros. Com o apoio da Secretaria, o
Fundo é encarregado de perseguir, portanto, objetivos de extrema importância para a economia da
região (construção de estradas e desenvolvimento do setor de informática)

Os projetos de cooperação econômica e desenvolvimento da infraestrutura em andamento no âmbito da


Ecowas têm em vista atingir o ultimo objetivo da Comunidade, ou seja, o estabelecimento da União
Econômica e Monetária entre os membros do bloco. Além dos investimentos em infra-estrutura e
informatização, já foram iniciados os debates para promover a harmonização das políticas
macroeconômicas adotadas pelos países da África Ocidental.

Os principais parâmetros econômicos estabelecidos para os membros são os seguintes: a) déficit


orçamentário menor que 5%, b) taxa de inflação atual ate de 10%, c) limite para a flutuação cambial de
até 5%. Trata-se, acima de tudo, de objetivos amplos e ambiciosos, ainda mais que nas regiões
envolvidas existem varios desníveis entre as economias nacionais e graves problemas de origem política
e étnica, provocando consequências negativas. Soma-se a isso o fato de as industrias dos países, de fraca
expressão, de não fabricar produtos de alto valor agregado e o setor mais importante continuar sendo o
primário. Segundo estimativas do governo norte-americano, o baixo nível econômico atingido na época
era de 11%.

No geral, essas fragilidades valiam para todo o continente africano, cujo continuavam presos ao
esquema tradicional de produzir para o mercado externo, geralmente com pauta de exportações
reduzida e dirigida para os mercados da Europa, onde se importam bens industrializados. Portanto, não
há grau satisfatório de complementaridade entre as economias da região, o que indubitavelmente
dificulta o avanço da integração econômica regional. Numa perspectiva mais ampla, a Comunidade
atravessou um longo período de indefinições e parcos resultados. Os objetivos, estabelecidos no Tratado
de Lagos, muito embora tenham sido mantidos, não tiveram a concretização esperada inicialmente.

Em 1990, o bloco teve sua força realimentada por causa da intensidade dos processos de integração
regional na época, regida por um processo de globalização. Dessa forma, em 1993, houve a revisão do
Tratado de Lagos, resultando na assinatura de outro Tratado. Esse novo Tratado manteve a intenção de
integração regional e desenvolvimento da cooperação, mas também da reafirmação da região conseguir
atingir uma zona de livre comercio, promover a união aduaneira e alcançar a união econômica e
monetária com um cronograma previamnete definido. Logo, há de se considerar que o processo, por
natureza, requer um tempo que geralmente vai muito além do idealizado para a sua plena consecução, e
que eles deveriam se adaptar a realidade objetiva.

Na ecowas, há uma grande diferença quando se comparam os objetivos estipulados e a realidade dos
fatos. Na teoria, os membros acordaram em promover barreiras tarifarias e não tarifarias para a
promoção da zona do livre comercio. Na pratica, porem, as barreiras persistem, sobretudo em
decorrência da fragilidade econômica dos Estados membros, uma vez que temem perder as principais
fontes de recursos.

Varias iniciativas da Comunidade indicam claramente a tentativa de garantir a democracia nos Estados
membros, inclusive utilizando-se de uma força militar mantendo a paz, com poderes de intervenção 🡪
ECOMOG 🡪 força militar que já entrou 3x em ação em casos de agitação, distúrbio e golpes de Estado em
países da região com o objetivo de socorrer os governos desestabilizados pela força de golpes militares
ou rebeliões civis que visavam à tomada do poder. Porem, a ECOMOG foi muito criticada pela sua
brutalidade durante os acontecimentos na Liberia – esse acontecimento demonstrou que havia uma
grande dificuldade de implementar uma política de segurança regional eficaz. Esse comportamento
colocou sob suspeita, dentro da sociedade internacional, que a Ecowas ia de contra os direitos humanos.
De qualquer maneira, para os EUA e alguns países europeus, e existência de uma capacidade regional
para manter algum nível de estabilidade, mesmo que custe algum desrespeito aos DH, ainda é mais
importante do que a anarquia geral e a falência do Estado – nação.

A Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral: SADEC

A iniciativa da formação de um bloco regional na Africa Austral esteve intimamente relacionada a fatores
específicos vinculados à questão da Republica da Africa do Sul que adotou, ate bem pouco tempo, uma
política baseada num aparthaid e que significava ameaça real para Estados africanos geograficamente
mais próximos. Além disso, Angola e Moçambique conseguiram sua independência de conflitos internos.

O cenário da Africa Austral, portanto, foi marcado por grande instabilidade durante pelo menos 30 anos,
de 1960 ao final dos anos 80. Esse período coincide com a Guerra Fria e certamente as ingerências da
bipolaridade exerceram influencias no rumo político da região. Contudo, o fator mais importante de
desestabilização regional certamente se encontrava na própria Africa Austral. Sem embargo, a Republica
da Africa do Sul, sob maioria branca, foi o principal investigador e financiador dos conflitos internos
existentes, como Moçambique, Zimbabue e Angola.
Os sul africanos sentiam-se cada vez mais cercados por Estados governados pelos próprios africanos que
haviam feito a opção pelo alinhamento com o bloco socialista. A maneira encontrada pela Africa do Sul
foi promover a desestabilização desses países, praticamente inviabilizando esses novos governos.
Forneceu armas e deu suporte financeiro, por exemplo, ao movimento guerrilheiro de Resistencia
Nacional de Moçambique (RENAMO) e à Uniao Nacional de Independencia Total da Angola (UNTA).

Uma das medidas tomadas pelos países da Africa Austral, para fazer frente a essa estratégia utilizada por
sul africanos, foi a criação da SADCC. Em abril de 1980, os Estados da linha de Frente, assinaram a
Declaração de Lusaka que instituía um bloco regional. Os objetivos desse bloco eram: maior autonomia
face à Africa do Sul, liberação econômica e desenvolvimento integrado das economias nacionais. A união
de forças dos Estados próximos a Afrca do Sul era imprescindível para superar esse quadro histórico de
dependência com relação à essa economia forte. Dessa forma, os fundadores da SADCC, focaram em
varias áreas econômicas, desde agricultura até recursos humanos – a prioridade era o desenvolvimento
de transportes e comunicações pelo fato de existir um grau de dependência acentuado. Porém, ao longo
da década de 1980, a SADCC pouco pôde fazer para superar a dependência dos Estados de Linha de
Frente vis-à-vis a Africa do Sul. O conflito em Angola, Moçambique e Zimbabue continuaram crescendo.
Logo, o quadro econômico da região sul africana, que dava sinal de desgastes, só apresentaria alguma
melhora quando a conjuntura política sofresse uma alteração.

Diante disso, os chefes de Estado dos países membros da SADCC elaboraram um memorando de
Entendimento visando à assinatura do novo instrumento diplomático entre os paisses da região. Em
1992 assinou-se o Tratado para a criação da SADEC.

No que tange os assuntos econômicos, os princípios da SADEC pregam muito mais a cooperação entre os
Estados membros do que, por exemplo, a criação do Mercado Comum ou da União Aduaneira, como
visto no caso da Ecowas que institucionalizou essa proposta no âmbito do Tratado. É verdade, no
entanto, que os países da região almejam a formação de uma zona de livre comercio, para ampliar sua
capacidade de investimento, que entraria em vigor em 2004, mas de fato não entrou.

Há uma tremenda diferença econômica entre os países da Africa do Sul e as demais regiões africanas;
havia temor com a questão do aprofundamento de dependência econômica; e os líderes tradicionais dos
países da Africa Austral estavam sentindo-se ofuscados com a presença de Nelson Mandela.

Uma das estratégias adotadas pelos países menos desenvolvidos para contornar tal temor foi a
estruturação da SADEC com um esquema de que cada país se responsabilizaria por determinada
coordenação setorial, como transportes, telecomunicações e etc. Porém esssa medida, mesmo que
trouxesse um sentimento de igualdade perante as regiões, dificultou e fez com que o processo de
integração do bloco atingisse seus objetivos de maneira muito mais lenta.

No plano político é que se localizam os problemas mais frequentes da integração regional através do
grave dilema na Republica Dominicana do Congo 🡪 rebeldes liderados por Laurent Kabila derrubaram o
ditador Mobuto Sese Seko, fazendo com que o conflito extrapolasse as fronteiras internas e colocando o
governo de varias regiões em cheque 🡪 venda de armas para UNITAD. 🡪 presença de grupos mercenários,
vindos da Africa do Sul, na região. Logo, nesses termos políticos, a SADEC é vista como um bloco
fragmentado e dividido com relação a certos aspectos, principalmente com relação a alguns conflitos e
ao papel de lideranças polemicas, como a do presidente do Zimbabue. Ao mesmo tempo que se deseja
um aprofundamento da integração econômica regional, os fatores políticos indicam um rumo contrario,
por causa da instabilidade e possibilidade de fragmentação territorial em alguns países.

“African Union in a World Dominated by Forces of Integration: a Comparative Analysis of African


Integration and Other Regional Bodies” - Ndeh Martin Sango and John W. Forje

Atualmente existem mais organizações regionais na África do que em qualquer outro continente e
muitos países estão envolvidos em mais de uma iniciativa de integração regional. Foi exatamente entre
as décadas de 1960 e 1980 que mais 200 organizações intergovernamentais de cooperação econômica
surgiram no continente africano oportunizando o surgimento de mercados regionais, que podem
alcançar economias de escala
e manter sistemas de produção e mercados ao mesmo tempo em que reforça a competitividade da
África.

Merece destaque também, o compromisso com o regionalismo era parte complementar de uma ampla
ambição de integração continental, que tem suas raízes no Pan-Africanismo. Este movimento
reivindicava princípios comuns de autossuficiência coletiva e independência política, baseados na defesa
dos direitos dos africanos e a unidade da África sob um único Estado soberano, para todos os africanos,
tanto os que vivem no continente como os que estão nas diásporas africanas.

È importante considerar o processo de descolonização na década de 1960 e o estabelecimento de


comunidades econômicas sub-regionais foi significativamente importante na estratégia de
desenvolvimento da África. Surgem então os acordos patrocinados por organizações de fomento
econômico, criadas com o objetivo de promover a cooperação técnica e econômica. Estes acordos
regionais na África em geral, procuravam ampliar o crescimento do comércio inter-regional através da
eliminação de barreiras tarifárias.

Além disso, a intenção era o desenvolvimento regional, através da promoção de diversos setores
econômicos, melhoria da infraestrutura no continente e a execução de projetos de produção em larga
escala. E por fim, promover a cooperação monetária.

Durante este período, muitos países africanos implementaram regimes de comércio altamente
intervencionista e protecionista, motivados por diversas inquietações, entre as quais podem ser citadas a
preocupação fiscal, a proteção da indústria nacional, e principalmente o temor da substituição do
precário parque industrial pela política de importação.

O Plano de Ação de Lagos (PAL), aprovado em abril de 1980, em resposta à deterioração da situação
econômica na África, propôs uma estratégia para o continente africano em busca de seu
desenvolvimento sustentável. O PAL incentiva a busca de três objetivos: (a) elevado e sustentado
crescimento econômico, (b) a transformação das estruturas econômicas e sociais, e (c) manutenção de
uma base sustentável dos recursos. Assim, a integração regional se constitui o principal impulso para a
reestruturação do fragmentado continente africano.
Mas ao longo deste tempo, a política comercial e a estratégia de desenvolvimento econômico da África
tiveram duas tendências contrastantes. Embora, no conjunto, os países africanos iniciaram uma “tática”
regional introspectiva, em meados da década de 1980, individualmente, os Estados começaram um
processo de racionalização e liberalização de seu regime de comércio com terceiros países. Essa nova
postura se adequou ao ajustamento estrutural dos programas do Banco Mundial e do Fundo Monetário
Internacional, objetivando uma maior integração da África na economia mundial.

Durante este período, pode-se dizer que houve uma parada efetiva das ações de vários grupos regionais
na África, pois a atenção dos formuladores das políticas africanas se desviou da integração regional para
a implementação do ajuste estrutural e os programas de liberalização econômica.

No entanto, a abordagem regional continuou sendo considerada como a melhor ferramenta para o
desenvolvimento do continente africano. E um novo capítulo na história da África é iniciado com a
instituição da African Economic Community -AEC em Abuja, na Nigéria, em junho de 1991. O foco as
ações da AEC é a integração econômica regional.onde desafios foram estabelecidos como a circulação de
moeda comum até 2027, a plena mobilidade dos fatores de produção e a livre negociação de bens e
serviços entre os países africanos.

O ano de 2001 registrou uma aceleração das discussões políticas sobre a integração regional com o
estabelecimento da União Africano (UA) e do lançamento da Nova Parceria para o Africano
Desenvolvimento da África (NEPAD). As ações da NEPAD se centram na racionalização do aparelho
estatal em busca do desenvolvimento econômico regional, através da identificação de projetos comuns
compatíveis com as demandas e as afinidades dos diversos países.

Assim, dentre os objetivos da NEPAD constam a prestação de essencial bens públicos (tais como
transporte, energia, água, informação, comunicação e tecnologia, erradicação da doença e preservação
ambiental), bem como a promoção do comércio interafricano e atração de investimentos externos.

Uma característica notável de integração regional na África pode ser percebida através da participação
dos estados africanos em vários acordos comerciais regionais. Atualmente, dos 54 países, 27 são
membros de duas organizações regionais,18 pertencem a três, um país participa de quatro entidades.
Para fechar a conta, sete países mantiveram participação em apenas um bloco.

Ressalte-se que na busca pela unidade e pela estratégia de desenvolvimento coletivo, algumas nações
vem estabelecendo uma série de parcerias externas, que o continente tem se esforçado para enfrentar
coletivamente.

Entre essas parcerias externas podemos citar a entrada de diversos países na Organização Mundial do
Comércio, os acordos com o Caribe e o Pacífico, e as ações com a União Europeia. Não podemos deixar
de lado os laços comerciais já estabelecidos com grandes parceiros como Estados Unidos, Brasil, Índia e
principalmente a China.

• O objetivo do capítulo é analisar a abordagem adotada pela África em direção à integração e


examinar quando essa abordagem em comparação com outras adotadas em outros
locais/regiões é viável em face da globalização e os desafios do regionalismo;

• O conceito de integração regional não é novo para a África, mas tem tomado novas dimensões
nas últimas décadas;
• Sobreposição de membros: primeira das dificuldades;

• África precisa repensar uma estratégia para estabelecer uma organização política e econômica
comum – processos de integração ao redor do mundo;

• Para a África, a integração regional é mais relevante;

• “ Era da integração”- duas grandes ondas:

- Primeira onda: Comunidade Econômica Europeia , década de 1960

-Diferenças ideológicas entre líderes- orientações conservadoras, moderadas ou radicais.

-Quatro variações de integração regional: regionalismo abeto, (mercado como a chave para a
direção do regionalismo) globalização- neo-liberal, novo regionalismo (focando na sociedade civil),
External Guarantor’s Model (EGM).

- Segunda Onda : NAFTA, modernização da EU, década de 1990;

- África se vê motivada em estabelecer acordos com outros blocos regionais;

- Os Estados africanos não possuem capacidade de negociar como entidades separadas parcerias
efetivas com blocos mais complexos dos países mais desenvolvidos;

A busca por Uma África unificada

- Características peculiares

• heterogeneidade econômica e política

• diferenças étnicas

• colonialismo e suas consequências

• diferenças linguísticas

• globalização – Language of Action for African Development

• evolução das organizações

- População deve ser objetivo central – se desenvolver sustentavelmente

-Objetivos de Integração são diferentes dos países desenvolvidos

- UA criada em 2002 – três fases

- Apenas debates teóricos, o que preocupa estudiosos.

Processo de Integração Regional na África têm sido incoerente


- A liberalização dos mercados deixa a desejar

- Carência de mecanismos institucionais para garantir a integração

- Comprometimento da UA, em termos políticos e econômicos, semelhantes a UE

- Opção pelo desenvolvimento sustentável em nome da unidade e do bem comum

- A principal função da integração é a tentativa de mitigar a vulnerabilidade do continente

Falhas nas estruturas

Corrupcao; inercia e gerenciamento deficiente

- Redes de transportes e comunicação bem desenvolvidas são pré-requisitos

- Registros sobre segurança não são bons

- Falta de efetivos investimentos em comunicação e infra estrutura

- Estas deficiências implicam em falta de crédito dos cidadãos à possível unidade política

- Um Legítimo Governo da União Africana é necessário e urgente

- Ampla gama de valores e costumes compartilhados no continente

Comércio regional é prejudicado pela ausência de infra estrutura

- Estados já integrados economicamente em alguma região negligenciam a UA

- Diversificar a economia é imprescindível, bem como:

*estabelecer boas conexões de comunicação

*infra estrutura para o transporte de mercadorias e serviços

- Incentivar o mercado interno para estimular a autossuficiência nacional, regional e continental

- Evitar a expropriação de exorbitantes montantes de matérias-primas e capital humano

Instituições nacionais fracas no quesito da integração regional do continente

- Faltam instituições nacionais especialmente voltadas para o objetivo da integração

- Negligenciam a conscientização do cidadão comum sobre a integração

- Conflitos com os interesses nacionais

- Facilitar a promoção e implementação de políticas voltadas para a UA em nível nacional


- Participação em massa da população que atualmente deixa a desejar

- O que evidenciamos são as elites políticas e burocráticas, ao lado dos representantes dos
interesses externos

- Ainda não é hora de chutar o balde

A intelectualidade africana deve agir; é agora ou nunca

- A definição dos objetivos da integração está nas mãos exclusivamente dos políticos

- O intelligentsia club deve desafiar o discurso eurocêntrico sobre a produção intelectual africana

- Chamada para atuar em prol do desenvolvimento da União Africana

- É preciso massiva participação das classes econômicas, intelectuais e sociais da sociedade


africana

Considerações finais

- A integração nas diversas partes do mundo é sinônimo de desenvolvimento

- Fatores internos e externos que causam lentidão no processo integracionista

- O intelligentsia club deve buscar diálogo com as classes trabalhadoras, principalmente

- Participação popular para uma real governança a nível continental

- Democracia´, não como panaceia, mas como diretriz indispensável

- Foco na criação de um governo realmente pautado nos desejos, anseios e aspirações das
gerações africanas do presente e do futuro

As Relações China-ASEAN e a construção da liderança sub-regional chinesa: economia e diplomacia


(1997-2010) – Danielly Becard e Aline Conti Castro

A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) surgiu em 19671 e, à época, sob o contexto da
Guerra Fria, os objetivos centrais do bloco consistiam em cooperação política, preservação da segurança
dos países (diante da ameaça comunista) e busca da cooperação para o desenvolvimento. Desde esta
primeira fase, em função da heterogeneidade dos países envolvidos no bloco, foi adotado o princípio de
não intervenção em assuntos internos.

Findados os anos 1990, a ASEAN tornou-se um dos grupos com mais rápido crescimento econômico no
âmbito internacional. Atualmente, o bloco é composto por economias em variados graus de
desenvolvimento. Ex: Cingapura, Malásia, Indonésia e Vietnã.
Ainda nos anos 1990, iniciou-se um profundo processo de integração econômica regional entre os países
da ASEAN com a promoção de uma área de livre comércio. Tal processo tem se expandido com o
desenvolvimento de parcerias extra-bloco. Com a ascensão econômica chinesa e seu papel na crise
financeira asiática (1997-98), ademais, intensificou-se o processo de aproximação entre a ASEAN e a
China.

Na relação com a ASEAN, a China tem procurado estabelecer, nos últimos anos, uma posição de
liderança. Neste trabalho, entende-se por liderança uma ação efetiva – relacionada com determinadas
formas de autoridade (poder exercido consciente e intencionalmente e aceito e reconhecido
espontaneamente) – que encontra legitimação na sua correspondência às expectativas do grupo (há
acordo acerca dos objetivos). Considera-se que há uma relação de influência recíproca entre líderes e
liderados, e estes funcionam como colaboradores nesta relação (BOBBIO, 1998). Em relação à
legitimidade, no âmbito internacional, entende-se que sua evidência é a observância (não coerciva), e
sua prática significa um processo de empoderamento consensual (CLARK, 2005).

Considera-se que há relação de liderança, pois tem havido ação efetiva do líder, espontaneidade por
parte dos liderados e acordo acerca dos objetivos. Os países da ASEAN têm se colocado como
colaboradores nas iniciativas de Pequim, contribuindo para o processo de empoderamento consensual
chinês. Assim, entende-se que os objetivos chineses, em especial o alcance do desenvolvimentismo e do
pacifismo por meio do exercício da liderança sub-regional, têm sido atingidos por meio de sua atuação
estratégica.

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